Você está na página 1de 28

Jornal

ABIM | REGISTRO Nº 083-J


O CONFRADE
ÓRGÃO DA ACADEMIA GOIANA MAÇÔNICA DE LETRAS
ANO 3 – NÚMERO 8 JULHO / AGOSTO 2021 GOIÂNIA-GO

editorial
A CONFRARIA MAÇÔNICA EM EFERVESCÊNCIA
Celebramos um momento ímpar de alto valor para nós, serviço não falta. Nosso jornal, O Confra-
institucional, simbólico e visceral. Assim como nos de, se encontra na oitava edição, circulando em todo
ensina a mãe natureza, é preciso renovar permanen- o território nacional, bem como na Alemanha e em
temente os ciclos da vida, no espetacular palco da Portugal. Recentemente, nossa Academia editou 56
criação, em seu abençoado vir a ser. Estamos colocan- antologias, tanto de nossos confrades, quanto de
do nossos pés no coração desse rito. nossos colaboradores, devidamente registradas com
Recebemos, nestes últimos três anos, a terra das ISBN, em todos os gêneros literários, contemplando
letras e das artes como tarefa. De pé e à ordem, coloca- também o tempo de estudos, a fim de atender espe-
mos as mãos no arado, fertilizamos o campo, selecio- cificamente nossas lojas. Notícias nos chegam de que
namos as sementes e fecundamos o chão. Sabendo que várias consultas, sobre essas antologias, estão sendo
a caneta e a enxada são protagonistas sublimes, em feitas em diversas partes do mundo. Mostras de nossa
igualdade de condições na colheita do fruto bendito. produção, concursos, saraus literários, participação
Agora, assumindo a força alegórica da grande em lives, estímulo à vida cultural maçônica e demais
mãe, essa oficina da sensibilidade convida à luz os iniciativas de nossa sociedade estão na pauta diária
seus novos filhos. de nossas atividades. Tendo sempre em mente a pre-
Enfatizo, portanto, que para nossa sobrevivên- sença da família maçônica como uma de nossas prio-
cia e o cumprimento das nossas responsabilidades, ridades: cunhadas, sobrinhos, sobrinhas e organiza-
reproduzir os ciclos da vida nos vincula aos valores ções paramaçônicas se apresentam como destaques e
inarredáveis da nossa augusta ordem: somos guiados metas em nossas iniciativas. Assim sendo, para con-
pela razão, soldados da ética, inimigos do preconcei- tinuidade desses projetos e muitos outros contamos
to, do ódio e da intolerância, nos alimentamos da li- assertivamente com todos vocês.
berdade de consciência e do amor à verdade. Se a arte Queridos confrades, candidatos, cunhadas, sobri-
imita da vida ou a vida imita a arte não sabemos, mas nhos, sobrinhas e convidados. Vivemos tempos estra-
tanto na vida quanto na arte, só tem sentido nossa nhos, para dizer o mínimo. A pandemia, essa escola
presença nesta academia se a obra de nossos pensa- poderosa, nos trouxe dores, e distanciamentos, mas
mentos, atos e palavras confirmarem esse desiderato. também lições desafiadoras para e sobre nós mesmos,
Vocês aceitaram o convite que lhes foi dirigido, tudo isso ainda nos inspira muitos cuidados e respon-
disseram sim. Comprometendo-se com a generosi- sabilidades sobre nossos atos. Além dessa conjuntura
dade do seu tempo e a alegria da sua dedicação. Em que nos coloca em uma crise sanitária jamais vista,
semelhança, os recebemos no mesmo ritmo e com- outros sinais no horizonte também nos preocupam
passo, como as vogais que se abraçam às consoantes em demasia. Quando o estímulo à posse de armas é
no desenho lúdico da prosa e da poesia. Partilhamos visto com mais naturalidade do que a aquisição de
convosco os deveres e os júbilos de nos colocarmos livros e produções culturais, um sinal de alerta preci-
como instrumentos de um diálogo virtuoso com nos- sa nos mobilizar. Quando as falsas notícias são mais
sos irmãos e com toda a sociedade. Sem nenhum tipo celebradas do que fatos e evidências, nos precipita-
de acepção ou discriminação. mos rumo a uma inversão de valores muito perigosa.
No mundo das letras e das artes, não existem Quando a ciência em sua missão de sepultar o obs-
profanos, marcos divisórios, bandeiras separatistas e curantismo, é tratada como inimiga, todas as luzes
linhas de interdição. O espaço que ora habitamos é precisam ser acesas para nos proteger da loucura da
maior do que todos nós. Opiniões e crenças indivi- ignorância. Diante desse cenário, essa academia não
dualistas não devem jamais se sobrepor ao comando pode e não deve recuar ou tergiversar. O compromis-
da reflexão, à pedagogia da crítica e à lógica dos ar- so com as letras e as artes não nos permite o silêncio,
gumentos. Aqui, nomes e sobrenomes dão lugar ao nossa filiação maçônica precisa nos imunizar e defen-
vigor do trabalho intelectual, à irreverência da criati- der contra o vírus da cegueira e da violência. Nossa
vidade e à consciência oceânica da imaginação. Nes- história fala por nós. É preciso honrá-la e preservá-la.
tes pressupostos estão ancoradas a nossa identidade, Queridos e queridas, gostaríamos de recebê-los e
nossa qualidade e nossa independência. recebê-las com a tradicional e descontraída fraterni-
Para contextualizarmos o passado recente que dade maçônica. Uma grande e memorável festa. No
precede a presença de cada um de vocês, rememo- entanto, dentro do possível e do permitido, recebam o
ramos que a Academia Goiana Maçônica de Letras, nosso mais caloroso abraço. Sejam todos e todas mui-
foi reaberta, novamente fundada, em 25 de outubro to bem-vindos. Muito obrigado.
de 2018, após longo período de adormecimento. Hoje, Equipe editoral

Especialistas em morar
+55 62 3238-2300 +55 62 99968-7815
Rua 132 nº 45, Setor Sul – Goiânia-GO
CEP 74093-210 | +55 62 3238-2321
2 JORNAL DA AGML JULHO / AGOSTO – 2021

reflexão
O GRANDE ORIENTE DO BRASIL A defesa da necessária pacificação
Múcio Bonifácio Guimarães | Cadeira nº 30 e estabilidade institucional no Brasil

V
ivemos momentos extremamente conturba- Judiciário por parte do Executivo são imprescindíveis estão causando a perda de investimentos e oportuni-
dos no Brasil, tempos de pandemia, com qua- para a proteção da República e da população. Por sua dades de geração da riqueza e de desenvolvimento de
se 600.000 filhos, pais e mães que perderam vez, aqueles devem respeitar e assegurar, dentro das que tanto necessitamos.
suas vidas. Infelizmente, ainda temos esse perigo da linhas da Constituição, as prerrogativas do Executivo A Maçonaria, atenta a esses arroubos na Federação
Covid-19 rondando as famílias brasileiras e, se não é para bem governar, prestigiando o mandato popular a Brasileira, deve por meio de seu relacionamento insti-
propriamente o perigo de se infectar e perder a vida este outorgado pelo voto. tucional nas esferas governamentais, dos três Poderes,
por causa da doença, temos as suas consequências Os ataques pessoais que vemos entre os agentes buscar junto a estes líderes do Executivo, Legislativo e
e sequelas na saúde e economia, mudando as condi- responsáveis pelos três Poderes da República Federa- Judiciário, um pacto de pacificação e principalmente,
ções sociais de milhões de cidadãos. Apesar disso, en- tiva do Brasil, colocando toda Democracia em risco e de respeito ao Cidadão. Que esses homens eleitos e es-
quanto sofremos esses reflexos, já gravíssimos em si, principalmente violando, através de palavras e atos, o colhidos para proteger nossos interesses, nossas vidas
assistimos os Poderes Constituídos do Brasil dando princípio do respeito mútuo, chega a ser vergonhoso e nossa liberdade, possam dentro e somente nos limi-
demostrações de puro desrespeito entre si e por conse- para uma nação que tem Deus, na maioria absoluta, tes de suas esferas de atuação, tomarem as melhores
quência aos brasileiros e à própria Nação. dentro dos seus lares. Somos uma nação que lutou por decisões para a população.
Temos visto péssimos exemplos de condução da sua democracia e liberdade, uma nação que escolheu É imprescindível que não usem a população para
harmonia e respeito aos Poderes Constituídos da Re- o modelo federativo e tripartite de freios e contrape- picuinhas ideológicas e para, de forma egoísta, demos-
pública. Chegou-de ao ponto de cada um destes po- sos em seu sistema de governo, exatamente para poder trar suas forças uns aos outros, sejam essas por amea-
deres esticarem a corda entre si e mandarem seus proteger seus interesses e hoje vemos os três Poderes ças veladas de fechamentos, de prisões arbitrárias,
recados ao outro, prejudicando o povo brasileiro e a tentando intencionalmente ou fazendo de forma não provocações fora de propósitos, ou de uso indevido do
sociedade. Infelizmente, nenhum dos Poderes está tra- intencional, tomar parte ou totalmente, o poder do parlamento para ações não aprovadas pela população.
balhando com seriedade em suas atribuições e respei- outro. Nós, da Maçonaria, não temos partidos ou lados políti-
tando exatamente os limites de suas atribuições consti- Tal se agrava ainda mais no atual momento econô- cos, pois sempre teremos apenas um lado, o do Brasil,
tucionais. Somos uma República, não uma monarquia, mico-social pelo qual o país está passando na ressaca para que seja alcançado o melhor para o seu povo – e
de forma que respeitar as decisões do Legislativo e do pandêmica, pois estas instabilidades institucionais já para tanto exigimos respeito à República e ao seu Povo!

sinalização No campo político, a maçonaria brasileira tem


acompanhado de perto, atentamente e com preocu-
pação as rusgas frequentes entre as mais altas autori-

DIA DO MAÇOM Grão-Mestre da Grande


dades do país, colocando em risco a necessária inde-
pendência e harmonia entre os Poderes constituídos.
A Ordem maçônica não aceita nem compactua com
Tito Souza do Amaral | Colaborador Loja do Estado de Goiás qualquer ataque ao Estado de Direito. Qualquer amea-
ça de ruptura com os sagrados preceitos democráticos
“O Brasil, no meio das nações independentes, e que falam com exemplo de felicidade, não pode conservar-se colo- receberá a sua imediata reprovação. As lideranças
nialmente sujeito a uma nação remota e pequena, sem forças para defendê-lo e ainda para conquistá-lo. As nações do maçônicas estão tendo interlocução constante com as
Universo têm os olhos sobre nós, brasileiros, e sobre ti, Príncipe!” (Gonçalves Ledo, exortando Pedro I a proclamar a autoridades dos três Poderes no sentido de não haver
independência do Brasil, em discurso proferido no dia 20 de agosto de 1822). desvios no caminho do pacto federativo.

N
Presente em todos os recantos da terra, sem distin-
o dia 20 de agosto comemoramos no Brasil o ção de fronteiras ou de raças, a maçonaria tem como
dia do Maçom. A data foi instituída no mês objetivo principal o combate à tirania, à ignorância e
de junho de 1957, quando da realização, em ao preconceito através da busca da justiça, da perfeição
Belém do Pará, da 5ª Mesa Redonda das Grandes Lo- e da verdade, como forma de promover o bem estar e
jas do Brasil. Essas “mesas redondas”, iniciadas no a felicidade de todos. Não é uma instituição religiosa,
ano de 1952, se transformaram, em 1965, na Confe- mas iniciática e filosófica, discreta, e não secreta como
deração da Maçonaria Simbólica do Brasil (CMSB), muitos imaginam, que exige dos seus iniciados que cul-
que confedera as 27 Grandes Lojas brasileiras. A tuem a fé em um princípio criador, Deus, a quem chama
data, 20 de agosto, foi escolhida para homenagear de Grande Arquiteto do Universo. Prega o amor, o aper-
um fato importante ocorrido por ocasião da Inde- feiçoamento dos costumes, a tolerância, a igualdade, o
pendência do Brasil, que teve como protagonista respeito à crença e à opinião política de cada um.
a Maçonaria. Contam os historiadores que em 20 Neste momento, em que comemoramos o dia do
de agosto de 1822 realizou-se uma sessão conjunta maçom, mesmo vivendo tempos de muitas dificul-
das lojas maçônicas "Comércio e Artes" e "União e dades, principalmente as causadas pela terrível pan-
Tranquilidade", na cidade do Rio de Janeiro, onde demia da Covid-19 que assola o mundo e ceifou e
o maçom Joaquim Gonçalves Ledo, jornalista e po- continua a ceifar a vida de milhares de brasileiros e
lítico brasileiro, que presidia a sessão, proferiu um brasileiras, temos que festejar. Festejar sem descuidar
discurso emocionante e inspirador, pedindo a Inde- do retrovisor da história, mas com olhar atento no pa-
pendência do Brasil ainda naquele ano. ra-brisa do futuro, reafirmando nossos compromissos
Há controvérsias sobre a data exata da sessão. Para maçônicos de espalhar a paz, a harmonia, a fraternida-
muitos, na verdade, ela ocorrera no dia 9 de setembro, de e a igualdade entre todos os seres humanos. Para-
vez que a maçonaria brasileira adotava o calendário fraseando e adaptando Gonçalves Ledo, “...As nações
hebraico religioso, em que o ano começa no dia 21 de do Universo têm os olhos sobre nós, brasileiros, e sobre
março. Assim, o célebre discurso de Ledo teria sido ti, maçom!”. Parabéns a todos vocês, meus estimados
proferido em 9 de setembro e não em 20 de agosto e, irmãos, pelo nosso dia.
portanto, após já proclamada a Independência do Bra- nifestações contra a corrupção endêmica que assola
sil, por Dom Pedro I, dois dias antes. nosso país.
Mas a controvérsia de datas não tira a importân- Agora, diante dessa pandemia que assusta a todos Jornal O CONFRADE
cia das palavras do irmão Gonçalves Ledo, ainda que e deixa até mesmo a ciência em dúvidas sobre como ÓRGÃO OFICIAL DA ACADEMIA GOIANA MAÇÔNICA DE LETRAS
Dom Pedro tenha dado o Grito do Ipiranga sem, possi- proceder, a maçonaria se agigantou ainda mais e, na Registro na ABIN nº 083-J
velmente, delas ter tomado conhecimento. discrição dos seus trabalhos, desenvolveu grandes Palácio Maçônico “Násseri Gabriel” – GOB-GO
A maçonaria não se limitou a apenas participar campanhas de auxílio aos mais necessitados. Foram Goiânia-Goiás – Fone: (62) 3211-1010
expediente

da independência da nossa pátria. Esteve presente em arrecadados alimentos, cobertores, fraldas, roupas e Presidente: João Batista Fagundes – Cadeira nº 16
todos os grandes momentos de transformação pelos calçados e distribuídos à população carente. Em todo o Editor/design: José Mariano L. Fonseca – Cadeira nº 06
Colaboradores: Absai Gomes Brito / Guilherme Freire Fonseca
quais passou a humanidade e, em especial, o Brasil. Brasil. Em Goiás, tanto a Grande Loja quanto o Grande Conselho Editorial: Anderson Lima da Silveira
Luiz Antônio Signates Freitas
Os maçons, em sua esmagadora maioria, lutaram Oriente, através de todas as suas lojas filiadas, arrega- Programação/editoração: Adriana Almeida
bravamente para extirpar do Brasil uma das páginas çaram as mangas e partiram para o trabalho. A Gran- Coordenação gráfica: Gráfica Poder – 62. 98190-5857
Tiragem desta edição: 500 exemplares
mais vergonhosas da sua história, qual seja, a escravi- de Loja estabeleceu parcerias com importantes insti- Divulgação: Físico / Digital [http://agml.com.br/]
dão de um semelhante. Estiveram presentes também tuições sociais, a exemplo do Hospital do Câncer de A direção do Jornal não se responsabiliza
por conceitos emitidos em matérias publicadas.
na proclamação da República e, recentemente, nas ma- Goiás, que está sendo edificado na cidade de Inhumas.
JULHO / AGOSTO – 2021 JORNAL DA AGML 3

sensibilização
O MAÇOM NÃO É UM SER PERFEITO
Mauro Marcondes | Cadeira nº 19
Sua mente esclarecida e sua predisposição rofonte que, além do conhecimento minis-
ao aperfeiçoamento moral e social da huma- trado, realizará obras neste planeta/escola,
nidade lhe dá condições de ser um transdutor permitindo que a liberdade de pensamento,
das Energias Divinas: “o maçom não é um ser a igualdade nas ações e a fraternidade deve
perfeito”. sempre imperar continuamente, sendo máxi-
Desta forma, o Maçom está condicionado mas ditadas pelo Grande Arquiteto do Uni-
e respaldado no amor e nas boas novas trazi- verso. Somos e seremos sempre um constuto
das pelo Mestre Jesus, tornando-se um hie- que existe.

do-lhe a mão; Pedro ficou sozinho, por em todos os corações o fogo da virtude.
artigo duas vezes levou a mão aos olhos como Divide tua felicidade com o teu próximo
se quisesse desvendá-los. Desistiu! e que a inveja não perturbe, jamais, esse
Sentia medo e curiosidade pelo que prazer puro. Perdoa o teu inimigo; não
LEON TOLSTOI E A MAÇONARIA estava para lhe acontecer e pelo que lhe
seria revelado, mas sentia-se ainda mais
te vingues nunca, a não ser refazendo o
bem. Cumprindo assim a lei suprema,
Hélio Moreira | Cadeira nº 27 alegre por ter, finalmente, chegado o
momento de entrar no caminho da re-
encontrará os traços da grandeza antiga
que tinhas perdido.
novação da vida ativa, virtuosa, com a Como alguns leitores podem perce-
Hélio Junior, meu filho, falou-me ajuda em Petersburgo, entregue este
qual não cessava de sonhar desde seu ber, Tolstoi coloca na boca destes seus
neste final de semana de um livro que bilhete ao Conde Villarsky, quando o
encontro com Ossip Alexievixch. personagens uma possível cerimônia
ele está lendo (Tolstoi – A força do Pa- encontrar.
Fortes pancadas se fizeram ouvir na maçônica, no entanto, até quanto tem
raíso, Pavel Bassinsky) no qual o au- Uma semana após a sua chegada a
porta, Pedro tirou a venda e olhou em sido investigado, ele não era maçom,
tor fala dos últimos tempos de vida Petersburgo, o jovem Conde polonês
volta de si, a peça estava escura, havia constando inclusive, que ele teria sido
de Léon Tolstoi; chamou a atenção de Villarsky, que Pedro já conhecia de
apenas um ponto luminoso colocado excomungado pela Igreja Ortodoxa rus-
Hélio Junior uma “crise de misticismo” vista, por tê-lo encontrado na socieda-
sobre uma mesa , havia ali, também um sa por ser ateu, o que lhe impediria de
enfrentada por aquele que foi um dos de, veio visitá-lo e após fechar a porta,
livro aberto. Era o Evangelho, no qual ser membro desta Instituição, pois é lei
grandes mestres da literatura russa do falou-lhe:
Pedro leu – No começo era o Verbo e o pétrea da Ordem – "Um maçom nunca
século XIX.
Verbo estava com Deus! será um ateu estúpido, tampouco um
Aqui na tranquila Santa Tereza, lem-
A porta se abriu, entrou um homem libertino religioso, deve acreditar em
brei-me de um dos capítulos de "Guerra
de avental, aproximou-se e perguntou a Deus e na imortalidade da alma".
e Paz" que ficou gravado nas minhas re-
Pedro; Alguns historiadores lembram que
miniscências, voltei a folhear aquele li-
– Por que estas aqui? O que quer de na época em que Tolstoi escreveu este
vro e encontrei o trecho a que estou me
nós? A sabedoria? A virtude? A luz? romance (iniciado em 1805) a maçonaria
referindo, transcrevo, resumidamente,
Aproximando-se do encarregado da ce- atraia a atenção e a curiosidade de mui-
os acontecimentos vividos por um dos
rimônia, Pedro o reconheceu e disse – Eu tos intelectuais na Rússia, portanto...
personagens do citado livro (Conde Pe-
quero a renovação! Você tem ideia dos Uma outra possível explicação para
dro Bezukhov).
meios pelos quais nossa Ordem poderá ele ter conseguido estes diálogos que
Segundo o enredo as duas princi-
ajudá-lo a atingir essa finalidade? Que colocou no texto que, embora de manei-
pais famílias retratadas – Rostov e Bo-
ideia você faz da Ordem dos pedreiros ra imprecisa, lembram bastante uma so-
konski, representam as famílias de Tos-
livres? – Acho, respondeu Pedro, que é a lenidade maçônica de antigamente, nos
toi e Volonski.
fraternidade e a igualdade dos homens, leva à história da maçonaria na Rússia
Como sabemos das guerras entre o
com uma finalidade virtuosa. daquela época, quando, em 1822, o Czar
Imperador Napoleão e as principais mo-
Logo em seguida Villarsky veio bus- Alexandre I teria mandado a polícia fe-
narquias da Europa.
cá-lo, voltou a vedar-lhe os olhos, desco- char e confiscar todos os documentos
Segundo o enredo, O Conde Pedro,
briu lhe o peito e encostou ali a lamina da Instituição; por ser pessoa influente
em viagem de Moscou para San Peters- – Conde Pedro Bezukhov, vim pro-
de uma espada, depois caminharam por (era Conde) ele teria tido acesso a esta
burgo, parou em uma hospedaria de curá-lo com uma missão e uma propos-
corredores, num andar desigual, um pé documentação?
beira de estrada, onde conheceu outro ta, uma pessoa altamente colocada na
calçado e outro descalço, caminhando De qualquer maneira, a Ordem dá
viajante (Ossip Alexievitch) que ali es- irmandade quer que o senhor seja re-
para frente e para trás, até chegar à uma mostras, mais uma vez, da sua força;
tava hospedado; observou, também que cebido em nossa Ordem e pede-me que
porta; após permissão, adentrou, depois estar inserida, embora palidamente, no
aquele ostentava um anel que tinha um eu me responda pelo senhor. – Deseja o
de ouvir várias preleções, puseram-lhe contexto da monumental obra literária
símbolo estranho e lia um livro que, a senhor entrar na Irmandade dos livres
um avental, igual ao que os outros ho- de Léon Tolstoi – Guerra e Paz – é moti-
Pedro, parecia ser sobre religião; en- sob minha responsabilidade?
mens usavam, mandaram-lhe segurar vo de muito orgulho!
tabularam conversação, iniciada pelo Sim, desejo!
uma pá e três pares de luvas, em segui-
viajante: Mais uma pergunta, da qual preciso
da aquele que comandava a cerimônia
– Tenho o prazer de falar com o Con- de absoluta franqueza, não como pre-
lhe disse:
de Pedro Bezukhov? Ouvi falar no se- tendente à Ordem, mas como cavalhei-
– Esforce-se para não macular a
nhor! Gostaria de auxiliá-lo. ro: – Crê em Deus?Sim... Sim... creio em
brancura deste avental, use a pá para
– O senhor pertence a alguma reli- Deus!
trabalhar na purificação de sua alma,
gião? Perguntou-lhe Pedro Neste caso podemos ir; durante todo
quanto aos pares de luvas, use-as nas
– Sim pertenço à comunidade dos o percurso Villarsky permaneceu cala-
nossas assembleias, sendo que uma de-
pedreiros livres, e em meu nome e no do; entraram em uma casa e subiram
las, você deve dar a mulher que mais
deles, estendo-lhe minha mão fraterna. por uma escada sombria, entraram em
respeita, a que escolher como sua digna
Depois de muito conversarem, prin- um vestíbulo e daí para outra sala, um
companheira.
cipalmente sobre a presença de Deus homem estranhamente vestido vigiava
Antes de encerrar a cerimônia, o Co-
em todas as coisas, o viajante disse: a porta de entrada; com um lenço, veda-
mandante da sessão lhe disse:
– Não ousaria, nunca afirmar que co- ram-lhe a visão, em seguida Villarsky
– Em nossos templos, não conhe-
nheço a verdade, um indivíduo só pode abraçou-o e o conduziu para outro lu-
cemos outros graus salvo os que estão
alcançar a verdade com a participação gar, após 10 passos, pararam e ele ouviu:
entre o vício e a virtude. Cuida em não
de todos, pelo trabalho de milhões de – Aconteça o que acontecer, se você
criar uma diferença que possa pertur-
gerações, desde o antepassado Adão até está firmemente decidido a entrar para
bar a igualdade. Socorre aos irmãos,
nossos dias, é pedra por pedra que se nossa corporação, deve suportar tudo
quaisquer que eles sejam. Levanta o que
constrói o templo do Todo Poderoso. com coragem; quando ouvir baterem a
cair e não alimenta jamais algum senti-
Na despedida, Ossip Alexievitch porta, tire a venda dos olhos; coragem
mento de cólera ou de ódio contra um
lhe disse: – Nossa Ordem pode dar-lhe e felicidades, disse Villarsky, apertan-
irmão. Sê benevolente e afável; provoca
4 JORNAL DA AGML JULHO / AGOSTO – 2021

artigo para lá, de firmas das quais ele era


contador.
Em Leopoldo de Bulhões exerceu
MAÇONS QUE FIZERAM A HISTÓRIA os cargos de Contador, Juiz Municipal
e Prefeito Municipal, até o ano de 1938.
DA MAÇONARIA EM GOIÁS No ano de 1939 foi nomeado Ins-
petor de Rendas do Estado, cargo hoje
João Batista Fagundes | Cadeira nº 16 equivalente ao de Fiscal de Rendas,
prestando serviço nas regiões de Jataí

L
e Mineiros.Foi nomeado Prefeito da ci-
afayette Teixeira França, era filho cém-fundada Grande Loja, Lafayette Loja Adonhiram n° 11 (Ato n° 10, de 31 dade de Jataí, permanecendo no cargo
de Antônio Teixeira França e Lui- foi reeleito Grão-Mestre, para o triênio de julho de 1956). por dois anos.
za Cândida Rezende, nasceu na imediato, 1954/1957. Benedito Barreira O Grão-Mestre Lafayette Teixeira Galgou o ápice da carreira maçôni-
cidade de Araxá-MG, no dia 19 de abril de Morais foi nomeado Deputado do França fez uma administração de gran- ca, Grau 33, passando a fazer parte do
de 1890. Aos 23 anos de idade mudou-se Grão-Mestre. Mais tarde foi substituído de proveito, promovendo a elevação do Supremo Conselho no cargo de Delega-
para o Estado de Goiás. Na cidade de por Gabriel Elias Neto. prestígio da maçonaria goiana peran- do do Soberano Grande Comendador,
Orizona exerceu a profissão de constru- O Grão-Mestre Lafayette Teixeira te os corpos maçônicos do Brasil e do para o vale de Goiânia. Em setembro
tor, construindo vários prédios que até França baixou o Ato n° 32, dividindo o exterior. de 1956 foi nomeado Inspetor Litúrgico
hoje, abrigam cidadãos Orizonenses. território da jurisdição da Grande Loja para a Região de Goiás.
Casado com Minervina Silva, de tra- do Estado de Goiás, em oito distritos Recebeu o Título de cidadão Goia-
dicional família mineira radicada na ci- maçônicos, para melhor controle da niense em 28/09/1972, proposta do ve-
dade de Orizona. Após o enlace, foram administração e maior expansão dos reador José Antônio Santana Galvão de
morar na cidade de Vianópolis. O casal princípios da maçonaria, nos termos do Castro. Pedro Xavier Teixeira era o Pre-
não teve filhos, mas adotou cinco. artigo 5° da Constituição em vigor. sidente da Câmara Municipal.
Lafayette foi iniciado na Loja Asilo Pelo o Ato n° 34, de três de janeiro
da Razão, do Grande Oriente, no dia 23 de 1953 o irmão Absalão Mendonça Lo- “E S C A L A E VOLU T I VA”
de maio de 1921, na antiga capital do Es- pes do quadro da Loja Roosevelt n° 1 ao Encontrava-se na cidade de Alto
tado de Goiás. oriente de Anápolis, foi nomeado Dele- Paraiso, nordeste do Estado de Goiás,
A convite de Manoel Guilhermino gado do 2° Distrito Maçônico da citada na instituição filantrópica denominada
dos Santos filiou-se na Loja Adonhiram região e o irmão Vasco da Cruz Couti- “Bonus Espero” (Boa Esperança), quan-
n° 44, no dia 07 de julho de 1949. nho, do Quadro da Loja “28 de Julho” ao do uma criança passou mal e necessitou
Juntamente com outros irmãos fun- oriente de Jataí foi nomeado pelo Ato n° ser transferida para Goiânia.
daram a Loja Educação e Moral, sendo 37, de três de janeiro de 1953, para o car- Lafaiete veio acompanhando essa
seu primeiro Venerável Mestre. go de Delegado do 5° Distrito Maçônico criança, em um Jeep Toyota. No cami-
Aposentou-se no cargo de Coletor da jurisdição. nho o Jeep estragou e Lafaiete auxiliou
Fiscal do Estado de Goiás. Um dos ma- Lafayette enfrentou neste curto pe- a carregar essa criança até encontrar
çons de Goiás mais homenageado após ríodo de administração, grandes pro- um veículo que pudesse transportá-la
sua morte. Tem Loja Maçônica com seu blemas no seio da instituição, todavia, ate Goiânia.
nome, no oriente de São Simão. Tem loja pela sua maneira amável e fraterna, Lafaiete tinha retenção urinária e
de Perfeição com seu nome, em Anápo- soube dominar todas as situações res- quando necessitava urinar ele mesmo
lis. A sede o Palácio Maçônico da Grande tabelecendo a paz e a concórdia no seio passava uma sonda e soltava a urina.
Loja, com justiça, recebeu o seu nome. da recém-criada potência maçônica do Com isso, ele chegou a Goiânia com
Sempre empolgado com a Maçona- Estado de Goiás. infecção urinária, sendo internado no
ria participou ativamente da fundação hospital Santa Lúcia, em Campinas. Já
da Grande Loja Maçônica do Estado de O C A RG O DE GR ÃO M E ST R E hospitalizado ele teve um AVC. O irmão
Goiás, no dia 09 de junho de 1951, nclu- Em face do especial trabalho reali- Lafayette Teixeira França foi o segundo Lafaiete foi acolhido no Seio do nosso
sive para a eleição de Luiz Caiado de zado a frente da Grande Loja, Lafayette Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Divino Pai para prosseguir sua jornada
Godoy para ocupar o cargo de primeiro Teixeira França foi reeleito Grão-Mestre, Estado de Goiás na eterna escala evolutiva no dia 23 de
Grão-Mestre. Lafayette foi eleito Grande no dia 20 de junho de 1954, para o perío- Dedicou-se também à música. Toca- outubro de 1974, aos 84 anos de idade.
1° Vigilante e Benedito Barreira de Mo- do administrativo de 1954 a 1957. va com perfeição, Bombardine, Flauta Por fim, fica o marco eterno de um
rais Grande 2° Vigilante. O Ato n° 11 de 09/09/56 nomeia Ga- e Trombone, inclusive foi maestro da grande maçom que dedicou sua vida
No dia 29 de setembro de 1952, o briel Elias Neto para o cargo de Depu- Banda de Música da cidade de Orizona. para a construção da Maçonaria em
Grão-Mestre Luiz Caiado de Godoy tado do Grão-Mestre. Waldemir Borges, Lafaiete inda era piloto de avião mono- Goiás, bem como suas ações realizadas
renuncia ao cargo, sendo Lafayette Tei- da Loja Educação e Moral, foi nomeado motor, devidamente brevetado pelo ór- em prol da beneficiência, fraternida-
xeira França eleito Grão-Mestre, para Grande Secretário Chanceler Guarda- gãos competentes. de, são disseminadas no seio maçôni-
um mandato tampão, para o período -Selos. Foi criado pelo Decreto n° 15, Em 1931, mudou-se para Leopoldo co e em toda a sociedade goianiense.
1952/1954. o “Círculo de Estudos” com sede no de Bulhões que, na época, estava em A HISTÓRIA DE UM BOM MAÇOM
Por haver realizado grande admi- oriente de Goiânia e nomeado diretor franco desenvolvimento dado o avan- NUNCA TERMINA, ELA É SEMPRE
nistração em prol do progresso da re- Genésio Barreto de Lima do quadro da ço da estrada de ferro e transferência RECONTADA.

tempo de estudo
LUZEIROS DA COMUNIDADE
Absaí Gomes Brito | Cadeira nº 18

B
aseados nesses principios, é que as Lojas Maçô- tros, dentro dos postulados que nos regem, deitan- tivos municipais ou nas Repartições Públicas, nos
nicas, como luzeiros da comunidade, buscam do por terra as barreiras que dividem os homens, Consultórios Médicos ou nos Tribunais, nas Esco-
através da atuação de seus membros, pra ticar como o orgulho, a inveja, a ambição, a avareza e las ou no Comércio, enfim, onde quer que ele se
os atos necessários, para que a justiça social seja fato outros males, buscando legar aos nossos pósteros, apresente, aí estará o pregoeiro da paz e da Justiça
pre sente e constante em nossas atividades, pelo tra- exemplos dígnos de imitação. Social, através do exemplo, do trabalho, da morali-
balho desinteressa do de seus iniciados. A Maçonaria E isso temos feito. Escolas são erguidas e sus- dade no trato da coisa pública e da preservação dos
hoje, mais evoluida e cristianizada – resume sua filo- tentadas. Abrigos para amparo da velhice; Asilos bons costumes.
sofia na tríade sublime: VERDADE, BELEZA E BON- para alienados; Lar para meninas e Institutos para Pelas razões expostas, dizemos que a Maço-
DADE; seu ideal político, nas palavras: LIBERDADE, meninos, são obras diversas mantidas por Maçons, naria é símbolo de justiça, de defesa dos sagrados
IGUALDADE E FRATERNIDADE, en globando tudo, buscando auxiliar as instituições públicas, na ele- princípios norteadores da família e sobretudo,
enfim, em: DEUS, VIRTUDE E CIÊNCIA. vação do conceito moral da família e na justa com- escola forjadora de moralidade e bons costu-
Assim é que conhecendo a origem igual de to- preensão de que apesar de tudo, ainda existe “Jus- mes, e que busca, incessantemente, implantar a
dos nós, da necessidade de nos congregarmos em tiça Social”. paz, a harmonia e a concórdia, para a grandeza
comunidade, para aproximação sincera e justa, Onde houver um Maçom, seja no Congresso e prosperidade da Nação, da qual somos parte
urge que sejamos unidos, assistindo uns aos ou- Nacional ou nas Câmaras Estaduais, nos Legisla- integrante.
JULHO / AGOSTO – 2021 JORNAL DA AGML 5

“Se vos ocorrer um grave perigo, em quem depositareis


artigo vossa confiança?”

Ao que o candidato responde: “Em Deus”.


FRAGMENTOS DA SUBLIME ORDEM – I E mais. Por ocasião da exaltação, está posto pelo
Respeitabilíssimo Irmão Orador:
Isaias Costa Dias | Cadeira nº 24 “E o pó volte a terra, como o era, e o espirito volte a
Deus, que o deu. Vaidade de vaidades, diz o pregador,

A
tudo é vaidade”.
Maçonaria é uma das mais seculares socie- em suas fileiras, que o mesmo professe sua crença num É certo que, a nosso sentir, a Maçonaria orienta os
dades de que se tem notícia. Com efeito, qua- Ente Criador como, por exemplo, Deus, Alah, Júpiter, Maçons a seguir quatro princípios cardeais: Fraterni-
lifica-se a Maçonaria como uma sociedade de Krisma, Odin, Buda, Brahma, Maomé, Osiris, Zambi, dade; Solidariedade; Igualdade e Fidelidade.
homens. Homens dotados de princípios e valores mo- Jesus, Jehovah, etc. Portanto, seja que nome for que se Fraternidade  é um termo oriundo do latim frater,
rais e espirituais. Como um sem números de Agrupa- queira designar, nos quadros da Maçonaria, o Ente Su- que significa "irmão". Por esse motivo, a expressão
mentos Civis, é uma Entidade Progressista, porquanto premo, será sempre reconhecido como G.A.D.U (Gran- “fraternidade” significa parentesco entre  irmãos, ao
acredita que o Progresso do Homem, ou seja, significa de Arquiteto do Universo). passo que fraternidade universal vem designar a boa
um direito inalienável, individualmente, como tam- Falando de outro modo, não constitui a Maçonaria relação que deve reinar entre os homens, sejam ou
bém de toda a humanidade, estabelecendo a Igualdade uma religião, nem tampouco procura substituir os dog- não entre os irmãos de sangue. Por isso, a fraternida-
como um princípio básico para que ocorra em todas as mas de fé que o maçon seja adepto. Aliás, a Maçonaria de apresenta via dupla, nela mesma o pressuposto da
vertentes o Progresso do homem. está sempre de portas abertas para quaisquer dos cida- reciprocidade.
Noutro falar, semelhantemente a outras Entidades dãos – homens livres e de bons costumes -, que tenham Do ponto de vista do conceito filosófico, segundo
Civis, a Maçonaria é, de fato, uma Entidade Filosófica, interesse de ingressar e conhecer os sublimes mistérios a melhor literatura, a fraternidade informa os ideais
haja vista defender, pela base ôntica, o pleno exercí- da Ordem. Cabe observar, no nosso mundo judaico-cris- humanitários que devem ligar entre si os homens em
cio da Razão, que por sua vez realça os parâmetros de tão, usamos a Bíblia Sagrada como fonte de Luz e de Ins- sua amplitude como outros princípios fundamentais.
comportamentos morais e éticos. Por isso, abdica desde piração para o desenvolver dos trabalhos maçônicos. Por conseguinte, a fraternidade pode ser quali-
logo dos dogmas e preceitos que não se justificam pelo Prova disso, ao iniciar a Sessões Maçônica, segun- ficada como um traço-de-união entre os homens de
raciocínio lógico, e portanto, isento de influências que do a ritualística, incumbe ao Irmão Orador fazer a bem, fundados no respeito e na igualdade de trata-
toldem ou possam tisnar a Liberdade de Pensamento. leitura do Livro da Lei – a Bíblia Sagrada -, o Salmo mento, de que faz certo o sentimento de amizade,
Frise-se, a Educação, a Filantropia, a Filosofia e o 133, a saber: companheirismo, camaradagem e outros, levados a
Progresso do homem são muito caros para a Maçona- “OH! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam termo pelos homens livres e de bons costumes. Já
ria. Todavia, importa registrar com tintas fortes, a Ma- em união. É como o óleo precioso sobre a cabeça, que sob a ótica maçônica, pode ser traduzida como o su-
çonaria não é uma religião, muito embora reconheça desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla premo Objetivo da Sociedade, entre os quais, no for-
a prevalência do espirito sobre a matéria. Mas é certo, das suas vestes. Como o orvalho de Hermon, e como o te ideal de suplantar a Ambição desmedida, o Egois-
a Maçonaria defende o direito de cada indivíduo de que desce sobre os montes de Sião, porque ali o Senhor mo e a Prepotência, que em tese, são caracterizadas
ter, ou não, uma Religião, qualquer que seja a origem, ordena a benção e a vida para sempre.”. como verdadeiras aberrações dos Vícios a produzir
estrutura ou denominação. Ainda para realçar o princípio da crença no desajustes os mais diversos no tecido social.
Vale acentuar, entretanto, a Maçonaria determina, G.A.D.U, basta assentar que no ato de iniciação do pro-
com pré-requisito básico para o ingresso do profano fano, o Venerável pergunta: (continua na próxima edição)

crônica
A CURA DA COVID-19
Breno Boss Cachapuz Caiado | Cadeira nº 04

E
u vinha me esquivando bravamente do coronaví- Eu sabia que no país do futebol, cada brasileiro é – Mas com eles é diferente...
rus. Passei incólume a primeira onda de 2.020. Na um técnico, mas, não sabia que além de treinador vo- Meu outro irmão, Murilo, disse que nosso amigo
segunda onda, em 2.021, reforcei as precauções, luntário da CBF, tinha feito também especialização em comum Juarez receitava chá de cipó são caetano e o ou-
vindo a tomar a 1ª. dose da vacina da Pfizer (que dizem virologia e pneumologia. tro amigo Renato Pereira prescrevia chá de assapeixe.
ter uma excelente eficácia!) no mês de maio. Sabe aquele ditado que “de médico e louco todo mundo Parece que os dois disputavam sobre qual tinha maior
Mas, voltando de uma viagem de trabalho em ju- tem um pouco”? Na pandemia, a loucura e a medicina poder de cura.
nho, tive a infelicidade de perder o vôo, precisando em cada brasileiro ficaram ainda mais afloradas. No final do meu período de isolamento, com o pul-
remarcar a passagem para o mesmo dia, o que me fez Tudo começou quando meu irmão Emival insistiu mão limpo e sem maiores intercorrências, fui para mi-
permanecer horas e horas no aeroporto. Chegando à para eu não fazer o exame PCR para a detecção da CO- nha fazenda, onde, dois meses atrás, onze pessoas de
Brasília, em um avião lotado, ainda fiquei muito tem- VID 19, dizendo que era certeza que eu havia contraído lá tinham contraído e curado a doença.
po no desembarque, até retirar as malas e pegar meu a doença, mas “que esses exames não servem para nada” e A sra. Nara, esposa do meu gerente, garantiu a efi-
carro, que estava aos cuidados de um amigo da cidade. que deveria imediatamente iniciar o tratamento toman- cácia do ovo cozido no tratamento.
Cheguei à Goiânia bem tarde, no início da madrugada. do os remédios do “protocolo”, afinal, na sua empresa Outro deles, ajudante de vaqueiro, com apelido de
No outro dia cedo, levantei um pouco indisposto, ele teve diversos casos e “sabia melhor do que ninguém Branco, veio até mim passando uma receita infalível:
mas, imaginei ser o cansaço da viagem do dia anterior, como tratar disso”! Obviamente que fiz o exame PCR. pedaço de pão com 3 gotas de creolina. Ele jurou que
todavia, no final do dia, tive febre e grande fraqueza, A cunhada Priscila fez-me assistir uma live sobre no “mesmo dia você levanta e no dia seguinte vai trabalhar!”
que somadas às dores no corpo e na cabeça, deram-me o chá da Cláudia Raia, no YouTube, que era compos- Perguntei se ele tinha tomado, mas, afirmou um pouco
a certeza que tinha contraído a terrível peste do século. to por água, gengibre, cúrcuma, pimenta do reino decepcionado, que só ficou sabendo do milagroso re-
Afinal, estou curado, com saúde, quase sem se- preta e manjericão. Eu até gosto desses temperos nas médio depois que havia sarado.
quelas (apenas o olfato que teima em não se recuperar carnes e nas saladas, mas, não sabia dos seus super Mas, a melhor de todas, foi a dica do meu querido
completamente), mas, durante a enfermidade, conse- poderes medicinais. A artista garantiu na live que amigo Osvaldo de Cavalcante-GO, conhecido como
gui receitas infalíveis contra a COVID 19. “não precisa tomar nada, apenas isso!” e a Adiane Ga- Dal, que garantiu que raiz de fedegoso, com casca de
Fiquei impressionado com a quantidade de especia- listeu concordou, falando que iria seguir à risca o laranja, junto com alho queimado na pinga, dava exce-
listas no assunto (mesmo aqueles que nunca frequenta- tratamento aconselhado! lentes resultados:
ram uma faculdade de medicina e têm pavor de agulha!). Um fazendeiro amigo meu, Albano Maia, tem cer- – Bastam umas goladas, três ou quatro vezes, para você
Aliás, até entre os médicos existe hoje grande teza que suco de laranja com inhame é suficiente, bas- recuperar completamente. Mesmo curado, caso venha até
divergência entre as formas de tratamento: alguns ta bater tudo no liquidificador: “eu usei e sarei depois aqui, vou fazer para você tomar, para prevenir, é tiro e queda!
seguem um “protocolo” com vitaminas A e C, zinco, de 14 dias”! Só se for a queda do meu estômago, que não supor-
hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina, ou- Naquela semana, tive de ligar para a veterinária tava quase nada na época, imagine comer uma gororo-
tros preferem passar xaropes para tosse e dipirona Thalita sobre o ferimento do meu cachorro e recebi ba dessas. Vou ficar um bom tempo sem ir a Cavalcan-
para febre, alegando que o “protocolo” está supera- gratuitamente uma consulta minuciosa e detalhada de te por precaução!
do e não adianta. Na dúvida, tomei o “protocolo”, o quase 40 minutos, que incluía tomar probiótico 20 Bi, E sabem de uma coisa, acredito que não tive
xarope e a dipirona! mel com açafrão e inhame com batata doce, “mas tem maiores problemas porque havia tomado a 1ª. dose
Bastava alguém me telefonar e descobrir que es- de tomar tudo junto”. Eu perguntei se havia tomado a da vacina um mês antes, tendo meu organismo au-
tava doente, para ministrar uma longa aula sobre o vacina contra a COVID 19 e ela estranhou: mentado sua resistência em virtude do aumento dos
assunto, dissertando professoralmente sobre casos de – Claro que não! Não coloco qualquer coisa no meu anticorpos.
pessoas que adoeceram e receitar os mais diversos tra- corpo. Mas, caso alguém precise de boas receitas e remé-
tamentos e remédios. – Ué, mas você não aplica vacina nos cachorros? dios milagrosos, ficam aqui excelentes dicas!
6 JORNAL DA AGML JULHO / AGOSTO – 2021

reflexão
Delegado Litúrgico
POR QUE NOS REUNIMOS AQUI e Membro Efetivo do Supremo
Conselho do Brasil do Grau 33
Antônio Leite | Colaborador para o Rito Escocês Antigo e Aceito

M
uitas vezes somos questionados sobre o que dos assuntos públicos da Ordem, tomando o caminho o alto funcionário público e o chacareiro. Entre nós, não
fazemos em nossas Lojas, ou o que se faz em dos assuntos de Estado. Por ser uma escola de vida, civis- são as posições, social, financeira ou os galardões que nos
uma sessão maçônica. Esta curiosidade, cor- mo, filosofia, artes, cultura e humanismo, são inúmeras, separam, mas sim, nossa dedicação a nosso dever e nosso
riqueira e natural, sempre fez parte das perguntas que como dissemos, as possibilidades que a Ordem Maçônica trabalho em prol da causa da Ordem e da humanidade.
ouço sobre maçonaria. Há algum tempo, ocorreu-me o nos oferece de crescer, servir e dedicar a causas sérias e Creio ser esta, como já disse, uma das razões mais im-
inverso. Por que nos reunimos em Lojas Maçônicas? O de notável utilidade. portantes de termos conseguido chegar até aqui. Mais de
que mantém nossos laços unidos e nossa fraternidade Entretanto, há uma característica em nossa fraterni- 300 anos se passaram desde a fundação da Grande Loja
forte? Seguem abaixo, algumas reflexões pessoais sobre dade que julgo se peculiar e muito forte. É, a meu ver, a Unida da Inglaterra, que deu origem à maçonaria como
estas indagações razão da força que nos mantém unidos, fortes e respeita- conhecemos hoje. Somos uma das poucas instituições
Nós, maçons, fazemos parte de uma sociedade cen- dos aos olhos do mundo externo, apesar das dificulda- que sobreviveram a tantas e tão profundas mudanças
tenária, que tem suas raízes em histórias, lendas e ins- des que enfrentamos intramuros. Essa marca que nos é ocorridas no mundo.
pirações ancestrais. Praticada em múltiplos ritos e sob as peculiar é a capacidade de transformar relações sociais Neste mundo em transformação (e elas ocorrem cada
mais diversas realidades, está presente em praticamente maçônicas em firmes laços de amizade e irmandade en- vez mais rápidas e mais intensas), o acolhimento, a se-
todos os países do mundo (as ditaduras, tanto de esquer- tre pessoas que, não fosse a Ordem Maçônica, não teriam gurança e acima de tudo, a sensação de pertencer a uma
da, quanto de direita, não convivem bem com o espírito sido postas em contato. instituição que prima pela busca incessante da paz, da
e os ideais maçônicos) e congregando homens das mais Desta aproximação, surgem relações de amizade, harmonia e da concórdia, com suas bases fincadas sobre
diversas religiões, formação cultural, estrato social e eco- pautadas pela sinceridade, pela confiança e acima de a filosofia e buscando o aperfeiçoamento da humanida-
nômico, a maçonaria universal tem, entre muitos, um tudo, pelo idealismo e também pela descoberta de afini- de, permitem, a cada um de nós, vislumbrar, nos contur-
traço que a torna única. dades interpessoais. Somos um grupo muito heterogê- bados tempos atuais, um ponto de encontro com pessoas
Após o ingresso em suas hostes, abrem-se várias neo. Nossos quadros são compostos por representantes que, a despeito das divergências que naturalmente exis-
oportunidades de se desenvolverem aptidões ou desper- dos mais diversos segmentos da sociedade. Em nossas tem entre um e outro, que nos faz ter esperança. Acredi-
tarem habilidades. Desde a filantropia mais pura, até o lojas convivem, nivelados em condição de igualdade, ho- tar no homem, no presente e, acima de tudo, no futuro,
conhecimento e o estudo de altos temas filosóficos ine- mens dos mais diversos extratos. Tomam assento, lado faz renovar a fé na humanidade em sua marcha incessan-
rentes à condição humana, passando pela administração a lado, o empresário e o operário, o soldado e o oficial, te rumo ao aprimoramento e a dias melhores.

artigo mais combatia, prendia, punha para fugir


ou matava os marginais, mais ia ficando
sinarem outro “tratado de paz”. Após a
assinatura, James Manning provoca Stou-
sem amigos e apoiadores. Ficar amigo do denmire, o proprietário do saloon, tenta
DALLLAS STOUDENMIRE delegado era ficar inimigo dos criminosos
e comerciantes em atividade ilegais. Ele ti-
impedir o duelo, empurrando os dois, Stou-
denmire perde o equilíbrio e Doc acerta seu
nha que se defender sozinho. A população braço esquerdo, ele saca sua arma, atira,
Jefferson Soares de Carvalho | Cadeira nº 15 de bem, temerosa, preferem se abster. Stou- atingindo Doc que se atraca com ele, nis-

H
denmire gosta da cidade, estava pensando so, James Manning aparece pelas costas de
ábil com uma arma, atira bem Campbel e atira em Kempkau, acertando-o em se casar e nela constituir família. Procu- Stoudenmire e dispara 2 tiros. Acertando-
com ambas as mãos e sempre usa no peito. rando ser melhor aceito e se entrosar na co- -o por trás da orelha esquerda, saindo pela
dois revolveres. Um no coldre Hale se esconde atrás de um poste munidade, em outubro\1881, apresenta um mandíbula direita.
direito e outro, de cano cerrado, enfiado em frente ao saloon, ao mesmo tempo pedido de ingresso na Loja Maçônica nº 130. A Loja Maçônica nº 130, providenciou
na cintura, com o cabo virado para a es- Stoudenmire, do outro lado da rua, ao Nesse mesmo mês é Iniciado, em novembro um funeral digno, arcando com todas des-
querda. Com a mão direita sacava a arma ouvir o tiroteio, vêm correndo com suas é Elevado e em 7\1\1882, é Exaltado. Na noi- pesas e o foi velado na sala da Loja. Pro-
do coldre ao mesmo tempo em que, com pistolas em punho e dispara contra Hale, te de 14\2\1882, Stoudenmire não está na ci- videnciou o translado do corpo para Co-
a esquerda a da cintura. Em 1877, delega- mas acerta um mexicano que correra pela dade, Doc fazendo a ronda, se encontra com lumbus, onde foi enterrado no Cemitério
do em Socorro, Novo México, onde seu linha de tiro. Hale tenta ver o que está James Manning, juntos vão tomar uma be- Alleyton. O obituário no Colorado Citizen
cunhado Stanley Doc Cummings, o con- acontecendo e Staudenmire acerta-o entre bida. No saloon, começam a discutir. Man- constava que era “um oficial corajoso e efi-
vence a ser delegado em El Paso, Texas; os olhos. Campbell, sai do saloon, Krem- ning sai, mas volta sem que Doc note que é ciente e muito pacífico quando sóbrio”. Seu
uma cidade selvagem, sem lei, violenta, pkau, já morrendo, atira em Campbell atingido por 2 balas. Manning é absolvido substituto foi o famoso ex-Texas Ranger
antro de bandidos e ladrões de gado. O que, ferido, pega sua arma novamente, pelos moradores seus amigos. James Buchanan Gillett, mais tarde inicia-
cargo de delegado é tão perigoso que nos Stoudenmire, instintivamente, gira e acer- A morte de Doc, abala profundamente do na Loja Maçônica nº 596, que admirava
últimos 8 meses a cidade já havia tido 5 ta 3 balas no estomago de Campbell. Este Stoudenmire, acredita que fora covarde- Stoudenmire e sustentava que a causa de
delegados. Assim que chega, Stouden- foi um dos mais espetaculares tiroteios do mente emboscado. Começa a confrontar seu desregramento com a bebida, foi a an-
mire procura Bill Johnson, para pegar Velho Oeste, conhecido como o lendário publicamente os responsáveis pela absolvi- siedade caudada pela expectativa constante
as chaves da delegacia. Johnson, além de “Quatro Mortos em Cinco Segundos”. ção, permanece o dia todo bêbado e negli- de ser vítima de uma emboscada.
delegado, era o bêbado oficial da cidade, Apenas 3 dias depois, em 17 de abril, gencia seus deveres de delegado. Era como Stoudenmire não tinha muitos dos
por isso sobrevivera até agora. Johnson os irmãos Mannings, vendo que Stouden- se quisesse punir a cidade por tê-lo rejeita- atributos exigidos para um Maçom e mui-
demonstra má vontade e desprezo por mre prejudicaria seus negócios ilegais, do, tratando-o sempre como um forasteiro to de seus hábitos pessoais eram repreen-
Stoudenmire. Diante dessa, Stoudenmire convencem Bill Johnson, ressentido e hu- e, por fim, por terem absolvido James Man- síveis, mas temos que ter em mente tanto
agarra-o e vira-o de cabeça para baixo, as milhado, a matar Stoudenmire. Johnson, ning. Achava que os morados de El Paso o tempo, quanto o lugar em que nasceu
chaves caem do bolso de Johnson que é armado com uma espingarda de cano eram um bando de covardes e ele despre- e viveu. Era um tempo onde só os mais
jogado no chão. Dallas Stoudenmire mos- duplo, se posta atrás de uma pilha de ti- zava covardia. Demonstra desprezo por to- fortes sobreviviam, a violência era insti-
trara a que viera. jolos, às 22:00 hs, Stoudenmire vem acom- dos, a todos trata com grosseria e nenhuma tucionalizada, a insegurança geral, a lei e
No domingo, 14\4\1881, 3 dias após a panhado de Doc Cummings. Johnson se consideração. Quando faz a ronda noturna, a ilegalidade se misturavam como forma
sua chegada à cidade, 75 vaqueiros mexica- levanta e mira, mas está tão bêbado, que usa o sino da Igreja para praticar tiro ao de sobrevivência. As armas falavam mais
nos entram em El Paso, em busca de 2 ho- cai para trás disparando a espingarda no alvo. O editor do El Paso Times, diz que “a alto e davam a última palavra. A justiça era
mens desaparecidos, que são encontrados ar. Stoudenmire saca suas armas e dispa- criminalidade na cidade cai inversamente exercida pelas próprias mãos. O judiciário
mortos. Dois vaqueiros são presos por se ra, acerta 8 tiros em Johnson. com a sobriedade do seu delegado”. O con- ainda estava se estruturando e se apare-
gabarem de terem matado os mexicanos. Stoudenmire era honesto, sincero, tra- selho da cidade se reúne para demiti-lo. Ele, lhando para se impor institucionalmente.
Um inquérito é realizado, uma grande mul- balhador, fiel aos amigos, totalmente des- bêbado, invade a reunião e desafia a que ti- Era uma região de infindáveis confrontos
tidão se forma. Constable Gus Krempkau, temido, com um profundo sentimento do rem o seu emprego. Os conselheiros, aterro- entre americanos e mexicanos. Lugar ideal
que falava bem espanhol, é escolhido intér- certo e errado, de temperamento explosivo rizados, conseguem acalmá-lo e o mantém para refúgio dos mais violentos bandidos,
prete para o juiz. Aos poucos a animosida- estava sempre pronto para brigar e bebia no cargo. Em 29\5\1882, renuncia ao cargo facínoras e ladrões de gado. Muitos contra-
de entre os americanos e mexicanos vai au- muito. Implementa uma linha dura na cida- e pede desculpas “se ele tinha ofendido al- tados e protegidos pelos fazendeiros, co-
mentando. O juiz, vendo que poderia haver de, é temido, faz muitos inimigos e poucos guém”. É nomeado vice delegado dos Esta- merciantes e empresas da região. Fruto da
um conflito, decide adiar o julgamento e a gostam dele. Mata outros 6 homens em ti- dos Unidos para o oeste do Texas e o Novo lenda, até hoje ele é visto por alguns como
multidão se dispersa. Constable Krempkau roteios, as prisões e taxa de criminalidade México. Consegue limpar e trazer seguran- um pistoleiro assassino já, por outros,
vai ao saloon, pegar suas armas. George W. da cidade cai drasticamente. Sua reputa- ça na região sobre sua autoridade. como um homem da lei violento, mas justo.
Campbell, já bêbado, começa a provocá-lo, ção como homem da lei e exímio atirador Em 18\9\1882, os Mennings e Stou- Um remédio amargo, mas necessário, para
John Hale, se aproxima, pega a arma de já começava a torná-lo uma lenda. Quanto denmire se reúnem num saloon, para as- o mal que se alastrava por El Paso.
JULHO / AGOSTO – 2021 JORNAL DA AGML 7

sensibilização
EXERCÍCIO DE REFLEXÃO Dedicado aos antigos maçons
Heitor Rosa | Cadeira nº 28

A
vida passa pela gente e não percebemos os gância de dizerem “no meu tempo”; que não tenho nero, têm apenas um lugar ao sol, como a área de sol
momentos vividos, até chegar a uma idade mais receio de opinar; que por mais forte e disposto de prisioneiros. Meus livros, os personagens e eu,
de número cabalístico, que parece um divisor que me sinta, sou separado do rebanho jovem; que o somos uma família interessante. Nossos diálogos,
das águas entre a vida e morte: setenta, oitenta anos. meu espírito pode ser forte, mas todos reconhecem comentários e mesmo desavenças fazem-nos cada
Não há unanimidade de como nos catalogar, se ido- como natural o meu direito à preferência nas filas ou vez mais vivos e unidos. Já escrevi sobre nossos en-
sos ou velhos. Não é mais meia– idade, pois estamos nas vagas; que não adianta gritar: parem, parem! Eu contros nos quais todos querem ter sua própria vida
além do meio, acima da metade, e a vida teima em não sou o velho que vocês pensam. e acham que sou apenas um instrumento de suas
correr levando-nos pela mão; corre célere como se O que pesa mais? A angústia do que não fiz ou vontades; não sei como começar ou terminar a histó-
tivéssemos pressa em chegar ao destino final. do pouco que me resta a fazer? Como elaborar uma ria, eles, sim, é que me dirigem. Os personagens de
Quantos momentos sociais ou políticos vividos, lista de prioridades e para qual período de tempo? Pirandelo buscavam um autor; eu me busco através
sem saber que éramos parte deles ou da época. A Não me restam grandes coisas a fazer, consegui- das minhas(??!) criaturas. Será mesmo? Nem sempre
memória é mais duradoura do que o corpo, desde rei fazê-las pequenas e com grandeza? A partir de autoanálise funciona.
que a mente não nos abandone. Há diferença entre quando serei dispensado de aconselhar ou não mais Bem, falemos do agora. O mundo hoje é um
ver e viver: coisas que a gente viu e não enxergou; serei lido e ouvido? imensurável campo de concentração, no qual a hu-
e outras que vivemos, sem perceber historicamente Centenas de gravações zelosamente guardadas: manidade é mantida como refém de seres sub– mi-
que fazíamos parte daquilo que chamamos de perío- quanta música ainda não ouvi ; quantos livros en- croscópicos ditos covidianos. Somos os elos de uma
do ou época. Bem diz Cioran, “não se vive no tem- fileirados e que ainda não os li; quantas mulheres corrente epi(pan)dêmica que cumpre seu inexorá-
po,mas paralelamente ao tempo”. passaram e só as vi; quantas ideias tive e não as es- vel papel através dos séculos, com uma regulari-
Bomba atômica, fim do getulismo, calças jeans, crevi; quantos lugares que não conheci. Que horror, dade cósmica. Até onde podemos registrar, viemos
anticoncepcionais, Beatles, bossa nova, dezesseis quantos verbos rimados, meu Deus, e nem é solu- de uma Praga de Atenas (430 aC) rendid os pela
Copas do Mundo, seis papas, AI5, nascimento de ção, como disse nosso poeta. Pior do que isso é rimar febre tifoide, Praga Antonina no império romano
uma universidade, mudança do clima– vivências Brasil, anil, varonil, entre outras mil... (166 aD) submetidos à varíola, Peste Negra (1343)
pessoais ou de uma geração– e muito mais coisas, Mas por que resistir à inexorável senectude e com morte avassaladora na Eurásia; Varíola, Gri-
porém sem nos darmos conta da importância do que me preocupar com o futuro breve e incerto, com as pe Espanhola, Aids, todos cumpriram seus papéis
acontecia. Participamos ou assistimos, mas só enten- coisas que penso que devo ou deveria ainda fazer? de espalhar a morte e o terror; nos intervalos de
deremos o significado quando chegar o período de Devo apressar-me em ouvir, ler e escrever? Estabele- paz sanitária sempre temos as guerras, revoluções,
reflexão. cerei um rígido cronograma vital, com horários es- ameaças catastróficas até levantes domésticos. To-
Só agora percebo que chegou esse momento e tabelecidos para atender a todas as desnecessidades dos os eventos em função da arte de bem matar,
que o passado é o que pensamos ser o presente , as- do espírito? Tudo o que fiz ou produzi na vida se- porém o homem está condenado a não desapare-
sim vivemos no futuro sem que o notemos. Mário de quer foi planejado com rigor, mas foram momentos cer e cada geração enfrentar as armadilhas de seu
Andrade disse uma frase que nos trespassa: “tenho percebidos e ocasiões aproveitadas. Não sei o que tempo!
muito mais passado do que futuro”. ainda vou construir, mas espero fazer com as forças O carrasco da vez é a COVID-19. Só o tempo dirá
Agora percebo a flacidez e elasticidade da pele, a combinadas do espírito e o corpo. como a maçonaria brasileira vai se comportar e se
diferença entre uma calvície precoce e os cabelos ar- Meus romances e contos – eu os amo, agora como adaptar aos novos tempos, após o massacre físico
rancados pelo tempo; que não mais me escandalizo filhos adultos que experimentaram as provas da crí- e moral deixado pela nova pandemia. Nunc hic dies
dizendo “no meu tempo”, mas transformo a crítica tica e souberam resistir – continuam mantendo a so- aliam vitam defert, alios mores postulat (Agora este dia
num conselho; que só os jovens têm a ingênua arro- lidez literária, porém como milhares de mesmo gê- traz um nova vida, requer novos costumes).

tempo de estudo timidez; Redondas – representam as emoções,


a totalidade. Devem ser utilizadas para fortale-

POR QUE OS RITUAIS TEM VELAS? cimento espiritual e emocional. Liberam senti-
mentos; Cilíndricas – concretizam situações. De-
ve-se utilizá-las para obter sucesso em pedidos
Michael Winetzki | Colaborador difíceis; Triangulares e cônicas – simbolizam

A
o equilíbrio, a Santíssima Trindade, os aspec-
s escrituras bíblicas fazem muitas alusões AS CORES tos físicos, espirituais e emocionais do homem.
ao uso das velas.. Confeccionadas, na épo- A cromoterapia – energia curativa através das O cone voltado para cima está ligado ao desejo
ca, com madeiras resinosas ou cascas e ga- cores – utiliza-se da vela como recurso adicional de da transcendência. Usar em rituais de proteção;
lhos de árvores embebidos em gordura animal, elas vibração, energia e luz: Vermelho – a cor mais densa Estrela de cinco pontas – a manifestação do ho-
desprendiam um odor desagradável. Sua fabricação do espectro, relaciona-se com a energia física, tradu- mem enquanto matéria, o seu carma. Seu uso
evoluiu através dos séculos, ganhando novas for- zindo-se em sexualidade; Laranja – emite vibrações traz coragem para enfrentar desafios; Piramidais
mas, cores e fragrâncias. de criatividade, alegria e força mental; Amarelo – – recomposição geral do equilíbrio físico e am-
Todas as tradições religiosas utilizam-se das ve- energia espiritual, otimismo e vitalidade. Na ma- biental, através da revitalização da mente e das
las em seus rituais litúrgicos, como pontos catalisa- téria, ativa o poder e a luz pessoal e social; Verde funções cerebrais. Utilizar para proteção e cap-
dores de luz ativados pela oração, intenção e desejo. – energia de equilíbrio, saúde física e estabilidade; tação de energias; Espirais – de atuação constan-
Ao enfocarmos o lado místico e esotérico das velas, Rosa – energia angélica, amor incondicional e cal- te, possuem as mesmas propriedades das velas
penetramos num universo ilimitado de símbolos ma; Azul – energia da comunicação interna e exter- piramidais, triangulares, cônicas e estrela, com
e arquétipos, onde notamos a presença dos quatro na, intuição, sensibilidade, identificação de oportu- a função adicional de dissolver ou precipitar si-
elementos básicos da natureza: a parafina e os ele- nidades e expressão de talentos; Marrom – energia tuações; Curtas – ajudam a energizar o ambien-
mentos sólidos representam a terra; o pavio, ao en- da terra e dos bens materiais; Branca – vibrações de te, eliminando lembranças negativas do passado;
trar em combustão, evidencia o elemento fogo que paz, harmonia, purificação e unificação. Longas – busca da sabedoria e bênçãos divinas.
se manifesta também pela ação do ar; ao tornar-se AS FORMAS OS AROMAS
líquida, a vela então é água que se manifesta, com Atualmente, além da função original de ilumi- Na utilização das velas para efeitos terapêuticos
sua fluidez e maleabilidade. nar, as velas andaram ganhando novas formas e e de harmonização podemos recorrer à prática dos
Podemos, também relacionar as velas ao pró- associando-se à radiônica. Assim, podemos utilizar conceitos da aromaterapia, através do uso de óleos
prio homem, com a parte sólida relacionando-se ao da energia sutil emanada pelas figuras geométricas essenciais: Felicidade no amor – almíscar, cravo,
corpo físico; a parafina líquida ao sangue e aos ele- para a harmonização de ambientes e para a mudan- rosa, jasmim, sândalo, canela; Sexualidade em alta
mentos líquidos do corpo; e o fogo caracterizando o ça ou manutenção de condições físicas, emocionais – patchuli, ópium, dama da noite, maçã, canela;
espírito, com a função específica de manter a união ou espirituais: Meditação – rosa, violeta; Limpeza do ambiente –
dos corpos físico, mental e astral. Quadradas – representa a terra, a estabilida- eucalipto, arruda, cravo, canela; Fortalecer a espi-
O mistério e a devoção estão sempre presentes de da matéria, a intimidade, o lado oculto. Seus ritualidade – rosa, violeta, alfazema, cedro; Ajudar
no ato de acender velas, iluminando os cantos “es- quatro lados associam-se aos elementos básicos: nos estudos e no trabalho – jasmim, mirra, lavanda,
curos da nossa vida”... terra, fogo, água e ar. Utilizadas para afastar a sândalo; Relaxar o corpo – alfazema, flor de maçã.
8 JORNAL DA AGML JULHO / AGOSTO – 2021

tempo de estudo
MAÇONARIA E O ISLAMISMO – II Abertura dos trabalhos em
Lojas Simbólicas no Alcorão
Glaicon Guimarães Portilho | Colaborador
Peregrinação – Uma vez na vida, deve-se ir a ci- A organização atrai membros com base na presta- Dado que a Maçonaria se envolve em atividades
dade de Meca (cidade Santa), fazer a visitação a Pedra ção de benefícios pessoais. Ela vincula os homens a ser perigosas e é um grande perigo, com objetivos perver-
Negra (Caaba ou Kaaba). Isso para quem tem condi- politicamente ativo, e os seus objetivos são injustos. sos, o Sínodo Jurisdicional determina que a Maçonaria
ções financeiras. Se for pobre, deveria um muçulmano Novos membros participam de cerimônias de di- é uma organização perigosa e destrutiva. Todo mu-
com condições financeiras, propiciar esta viagem para ferentes nomes e símbolos e são ameaçados no caso de çulmano que se filiar a ela, conhecendo a verdade dos
o menos afortunado. desobedecer seus regulamentos e ordens. seus objetivos, é um INFIEL AO ISLÃ.
LIV ROS SAGR ADOS Os membros são livres para praticar sua religião, Fazendo uma análise cronológica, 1978, correspon-
– ALCOR ÃO OU COR ÃO mas apenas membros que são ateus são promovidos de ao momento histórico da revolta do Oriente contra
Suna – 2º livro sagrado. Significa “caminho trilha- aos seus graus superiores, com base em quanto eles o Ocidente. Com a Revolução Islâmica no Irã, com as-
do”. É uma coleção de fatos da vida de Mohamed, o estão dispostos para servir seus princípios e planos censão do Aiatolá Khomeini. Implantação de uma Teo-
que ele fez, como e porque. perigosos. cracia com ideologia conservadora e anti-ocidental.
Radis ou Hadith – compêndio com relatos (por pes- Ela é uma organização política. Ela tem servido a Invasão embaixada americana, tentativa de “expor-
soas que conviveram com Mohamed) sobre tudo que todas as revoluções, transformações políticas e milita- tar” a Revolução Islâmica para países árabes (Guerra
ele disse e/ou viveu. Leva-se em conta a idoneidade res. Em todas as mudanças perigosas uma relação com Irã x Iraque). Condenação a todos que opusessem aos
do autor, não sendo considerado neste livro, relatos de esta organização aparece exposta ou velada. ensinamentos ou fizessem críticas. Ex: Condenação a
pessoas que não tenham credibilidade moral. Existem Ela é uma organização judaica em suas raízes. Seu morte do escritor Salman Rushdie pelo livro “Versos
vários Hadiths. conselho administrativo internacional secreto mais Satânicos”.
SURA: Correspondente na Bíblia aos capítulos. O alto é composto por judeus e promove atividades O que o islã ensina sobre a caridade?
Alcorão é dividido em 114 suras, subdivididos em ver- sionistas. É ato muito nobre, ponto máximo da virtude huma-
sículos (Ayat). As suras não encontram-se ordenadas Seus objetivos principais são o desvio de todas as na, mas faça caridade com o que você tiver de melhor:
por ordem cronológica de revelação. religiões e ela desvia os muçulmanos do Islamismo. “jamais alcançareis a virtude, até que façais caridade
Rejeição do islamismo a maçonaria– Apesar da Ela tenta recrutar pessoas influentes financeiras, com aquilo que mais apreciardes. E sabeis que, toda
filosofia de caridade, do amor; a intolerância e o fun- política, sociais ou científicas para as utilizar. Ela não caridade que fazeis, Deus bem o sabe”(Alcorão 3:92)
damentalismo foram preponderantes na restrição do considera candidatos que não pode utilizar. Ela recru- “Ó fieis, contribuí como que de melhor tiverdes ad-
Islamismo à Maçonaria. ta reis, primeiros ministros, altos funcionários do go- quirido, assim como com o que vos temos feito brotar
O Colégio Islâmico Jurisdicional (IJC), emitiu em verno e indivíduos semelhantes. da terra, e não escolheis o pior para fazerdes caridade,
15 de julho de 1978, um parecer sobre a “A Organiza- Ela tem ramificações sob diferentes nomes, como sendo que vós não aceitaríeis para vós mesmos, a não
ção dos Maçons”. Declarou : “Depois de uma pesquisa camuflagem, para que as pessoas não possam rastrear ser com os olhos fechados. Sbeis que Deus é, por Si,
completa sobre essa organização, com base nos relatos suas atividades, especialmente se o nome de “Maço- Opulento, Laudabilíssimo “. (Alcorão 2:267)
escritos de muitas fontes, determinamos que:” naria” sofre oposição. Estes ramos ocultos são conhe- Todo ato de bondade será retribuído por Deus.
A Maçonaria é uma organização clandestina, que cidos como LIONS, ROTARY e outros. Eles tem maus Faça caridade e seja bom, uma caridade seguida de
esconde ou revela seu sistema, dependendo das cir- princípios que contradizem completamente as regras maldade não é benéfico.
cunstâncias. Seus princípios reais são escondidos dos do Islã. Há uma clara relação entre a Maçonaria, o Ju- Faça caridade, mas, cuidado para não doar excessi-
membros, exceto para membros escolhidos de seus daísmo e o sionismo internacional. Ela vem controlan- vamente e passar necessidade.
graus mais elevados. do as atividades de altos funcionários árabes no pro- “Um árabe não é superior a um não árabe, nem um não
Os membros da organização, em nível mundial, blema palestino. Ela limitou suas funções, obrigações árabe tem qualquer superioridade sobre um árabe; o
são escolhidos entre homens sem preferência por sua e atividades em benefício do judaísmo e do sionismo branco não tem superioridade sobre o negro, nem o ne-
fé, religião ou seita. internacional. gro é superior ao branco.”
(continua na próxima edição)

artigo
A MAÇONARIA QUE NOS ESPERA NO CORRER DESSE SÉCULO XXI
Hélmiton Prateado | Colaborador

A
Ordem Maçônica vive um dos mais desafiado- Exteriores. Tive o privilégio de participar de plenárias Pensar e formular são tarefas difíceis, que exigem
res dilemas de sua história. O embate vivido dos Grandes Secretários e de palestras muito edifican- estudo, busca pelo conhecimento, meditação, avalia-
entre as gerações de obreiros que a integram e tes que trouxeram luz para questionamentos que estão ção e validação com base em preceitos éticos. Quem
que encaram sua participação por prismas distintos, colocados e que trago a lume nessa análise. não cumpre essas etapas não elabora qualquer pen-
acirrando o debate sobre sua participação na história, É visível esse conflito entre o que existe e o que virá samento inteligível e é por demais doloroso sair da
a nebulosa que permeia a humanidade nesses tempos na maçonaria, com maior radicalização entre os que não zona de conforto, principalmente para maçons que
estranhos que vivemos e os rumos que poderão ser tri- aceitam a premissa de que o universo está em constante se acostumaram a sentar sobre o passado e não que-
lhados em futuro próximo. evolução e que nossa Sublime Ordem precisa igualmen- rem imaginar o que poderá acontecer com o futuro da
O dilema estabelecido entre maçons que foram te cumprir seu desiderato de ser a “luz das gentes”. maçonaria.
iniciados nas décadas passadas e os que estão come- Há, de igual forma uma parcela de modernistas No Brasil estamos ambientados a relembrar gló-
çando sua caminhada agora quase passa despercebido que anseiam mudanças mais céleres, porém desprovi- rias do passado, como o processo de independên-
e só pode ser detalhado por observadores mais aten- das de conteúdo teórico que sustentem esses anseios cia, um imperador irmão, a construção da abolição
tos. Desde o início da pandemia do Covid-19, todavia, mudancistas, demonstrando total desapreço pelo mé- da escravatura que sempre permeou os debates nas
essas diferenças se avolumaram com o maior uso das todo científico de encaminhar os processos históricos. oficinas, a Proclamação da República que foi um dos
redes sociais e do recrudescimento do debate político Um maçom de grande visão e que revolucionou o mé- pontos altos da intervenção dos maçons, os gover-
altamente polarizado no Brasil. todo de pensamento e o modo de encarar o mundo nos republicanos e todos os momentos altos de nos-
Sem saber ao certo detalhes do passado e sem foco desde sua passagem nos legou um ensinamento valio- sa história. Sabemos o que praticamos hoje e há um
para o futuro resta especular e formular sem base teó- síssimo. Esse irmão, iniciado em uma loja de Bruxelas arcabouço consistente que justifique uma tomada de
rica consistente, colocando o empirismo como fonte ensinou-nos o seguinte: não se suprime etapas, porque fôlego para projetar o futuro.
primária da construção dessa maçonaria que será re- o curso natural precisa ser respeitado. As medidas para esse projeto conhecemos bem. To-
tomada agora nesse novo normal. Renovar, recriar e reformular: esse é o primado do lerância, abertura ao diálogo, disposição para debates
No início do mês de julho aconteceu em Aracaju, que precisa ser encarado pela maçonaria, ainda que edificadores e vontade de progredir em todos os senti-
no belo estado de Sergipe, a 50ª Assembleia Geral Or- muitos rejeitem a evolução histórica como inevitável dos. As premissas para elaborar um pensamento salutar
dinária da CMSB (Confederação da Maçonaria Simbó- caminho que trilhemos. A maçonaria sempre foi um e vivificante passam obrigatoriamente pelo conceito de
lica do Brasil), entidade que congrega as Grandes Lojas organismo pensante e de vanguarda, caminhando lógica: tese, antítese e síntese. Precisamos conceber que
estaduais e do Distrito Federal. Foi realizada no for- sempre adiante de seu tempo. É difícil para alguns ninguém é dono da verdade nem podemos ser reféns
mato híbrido, com participações presenciais e virtuais irmãos aceitarem isso, posto que preferem manter o de preconceitos e erros. O que não será aceito de modo
de alguns Grão-Mestres que não puderam se fazer status quo por ser mais cômodo e não exigir que fa- algum é maçom que cultua o arbítrio, a intolerância e
presentes. Com muita honra integrei a delegação de çam qualquer esforço para prosseguir na senda da a mentira. Contra esses não haverá perdão na história.
Goiás, na condição de Grande Secretário de Relações evolução. Voltarei a esse tema na próxima edição.
JULHO / AGOSTO – 2021 JORNAL DA AGML 9

política
A POLÍTICA PROFANA NO COTIDIANO DAS LOJAS MAÇÔNICAS E SEUS EFEITOS
DELETÉRIOS NA HARMONIA DO GRUPO CORROBORADO PELAS REDES SOCIAIS
Adegmar José Ferreira | Cadeira nº 21

A
elaboração deste modesto texto decorre de uma As fake news, (digamos, no português claro: as Portanto, não é difícil compreender que é através da
palestra proferida pelo seu autor em comemo- mentiras e falsidades) estão graçando a Sociedade Ci- política que o ser humano se realiza enquanto indiví-
ração ao aniversário de setenta e dois anos da vil, e pelo que se percebe, está cada vez mais arraigada duo em si, e enquanto sujeito sociável. Neste sentido
Augusta Benemérita Loja Simbólica Bandeirante do na Sociedade Política – o Estado brasileiro – inclusive, não paira dúvida de que a Maçonaria ao longo de sua
URU Nº.3, do Oriente de Uruana, jurisdicionada à entrando em nossas casas, ou melhor, em nossos celu- história nunca discordou desse entendimento, ou seja,
Grande Loja Maçônica do Estado Goiás – GLEG, a con- lares e computadores, e, pelo que se vê, infelizmente, da política enquanto ciência.
vite de seu Venerável Mestre, o estimado irmão Ronal- entrando em nossas Lojas Maçônicas, por certo, com Mas, e sobre a questão partidária posta? Como a
do Cardoso de Melo. consequências imprevisíveis. Maçonaria tem orientado seus membros? Particular-
Naquela oportunidade fiquei deveras honrado com Quando o assunto é "política partidária" o quadro mente em Goiás? Vejamos o preâmbulo da Constitui-
o convite, e ao dialogar com os irmãos. discorri sobre conflituoso deita seus efeitos negativos na Sublime Or- ção da GLEG:
o tema: "EFEITOS DA POLÍTICA PROFANA NA MA- dem e de forma direta na harmonia das Lojas. Portan- "A muito respeitável GRANDE LOJA MAÇÔNICA
ÇONARIA", acatando, naturalmente, sugestões dos ir- to, conclamo aqui nossos Sereníssimos Grão Mestres de DO ESTADO DE GOIÁS, Potência Maçônica Simbólica
mãos daquela prestimosa Oficina, por demonstrarem todas as Potências Maçônicas a refletirmos juntos sobre Universal, fundada em 9 de junho de 1951, declarada
preocupação com o momento em que vivemos, mor- este angustiante problema, que sem sombra de dúvida, de utilidade pública pela lei estadual nº.7522, de 29 de
mente com a recorrente questão política partidária se nos afeta a todos os Maçons e clama por imediata solução. junho de 1972, publicada no Diário Oficial do Estado
infiltrando cada vez mais no ambiente cotidiano das Quando se fala em política, é natural que de ime- nº.11.574, de 21 de junho de 1972, define-se pela seguin-
Lojas, e consequentemente, provocando sizânea na diato nos vem à mente os nomes de grandes filósofos te DECLARAÇÃO DE PRINCÍPIOS: 1º ao 7º, (omissis);
unidade de seus obreiros. Senti que por tudo isto, e a precursores dessas ideas e pensamentos e, dentre eles, 8º.Proibe, expressamente, toda e qualquer controvérsia
considerar os úlltimos acontecimentos, dentro e fora sobresaem Aristóteles, Platão, Sócrates, Emanuel Kant, sectária, política ou religiosa, dentro de seus templos,
da Ordem, este texto pudesse contribuir para o debate, Rosseau, Montesquieu, Hobes e outros. Todavia, não ou fora deles. em seu nome".
e quem sabe, até mesmo para tomada de alguma provi- é da política concebida por estes grandes pensadores O preceito constitucional maçônico acima transcri-
dência por parte de quem compete fazê-lo. que adotamos aqui como objeto da discussão e nem to é de clareza meridiana: proibe, expressamente, toda
Diante da situação exposta, não é dificil perceber tampouco, foi dela que falamos aos estimados irmãos e qualquer controvérsia sectária, política ou religiosa,
que tais práticas são facilitadas pelo acesso de seus da Bandeirante do Uru nº.3. dentro de seus templos, ou fora deles, em seu nome.
protagonistas às redes sociais, especificamente aos de- Aqui estamos a falar da política partidária, de suas Portanto, diante de tal regramento constitucional ma-
nominados grupos de "irmãos maçons" e muitos deles, práticas (verdades, mentiras, e as "modernas fakes çônico, não vejo qualquer dificuldade em fazer cum-
ostentam inclusive, os nomes das próprias Lojas Maçô- news") suas narrativas e vicissitudes, bem assim, os prir esse preceito, desde que cada Loja seja respaldada
nicas das quais os irmãos fazem parte, a ponto de al- efeitos deletérios de sua presença no seio da maçonaria pela cúpula de sua Potência e, se for o caso, em última
guns deles serem confundidos nas suas práticas, com e particularmente no cotidiano das Lojas. instância, do seu respectivo Tribunal Maçônico.
blogues a "serviço" ou em "defesa" do partido político Todo maçom tem a devida ciência de que a Maço- Finalmente, penso que a questão é realmente
"A" ou "B" e ali travam discussões totalmente alheias naria não defende e nunca defendeu posições políti- preocupante e em razão do momento, devemos agir
aos interesses e princípios que nos regem. co-partidárias e religiosas, mas, por outro lado, nunca para evitarmos desarmonia no conjunto das Lojas e
Veja caro leitor, que diante desta nova realidade deixou de reconhecer que não se pode separar a polí- dos irmãos orientando-os a não se utilizarem de re-
secundada pela denominada "modernidade", "revo- tica da sua filosofia e até mesmo das convicções reli- des sociais, falando e opinando partidariamente e às
lução cibernética e tecnológica", como fica o exercício giosas. Neste ponto, caro leitor, me refiro à política en- vezes, se colocando na condição de verdadeiros blo-
das relações humanas e particularmente das relações quanto ciência, estudada, idealizada e defendida pelos queiros "garotos propaganda" de certas agremiações
"maçom, maçonaria e política"? Esta é uma pergunta filósofos acima referidos, entre outros. políticas partidárias e, por vezes, até dissiminando
que ao meu ver clama por resposta urgente da nossa Veja que Platão sempre defendeu o estudo da po- fake news, o que é lamentável e punível sob a ótica
Sublime Ordem, antes que seja tarde! lítica para melhor entender as necessidades sociais. dos preceitos maçônicos.

ciência & medicina


EMERGÊNCIA MUNDIAL Alerta para o aumento de casos
de AVC em pacientes jovens
Rogério Safatle | Cadeira nº 34

D
oença que atinge grande parcela da população rede dos vasos sanguíneos). O tratamento preventivo de intervenção cirúrgica. A agilidade no atendimento do
idosa tem aumentado também entre o público engloba o controle de vários fatores de risco, além da AVC é essencial. Quanto mais rápido for diagnosticado
mais jovem; entre os motivos, destacam-se ex- necessidade de não fumar, ter uma alimentação saudá- e tratado, menor é a sua extensão e consequentemente
posição precoce a fatores de risco como sedentarismo, vel e praticar exercícios físicos. menores são as sequelas do paciente.
pressão arterial elevada, diabetes, tabagismo, coleste- Os sintomas do AVC em jovens não diferem muito Tão importante quanto o tratamento são os cui-
rol alto e obesidade, além do uso de drogas ilícitas de outras faixas etárias. Os mais frequentes são a di- dados pós-AVC. A reabilitação motora deve ter início
Apesar do acidente vascular cerebral (AVC), popu- minuição ou a perda súbita da força na face, braço ou precoce e ser conduzida por uma equipe multidisci-
larmente conhecido como derrame cerebral, ser uma perna de um lado do corpo; alteração súbita da sensi- plinar. Os pacientes podem apresentar boa resposta à
doença tradicionalmente associada a pessoas mais bilidade, com sensação de formigamento na face, braço reabilitação quando esta é realizada de forma precoce
idosas, um novo estudo publicado na revista The Lan- ou perna de um lado do corpo; alteração aguda da fala, e eficaz. Diminuindo as sequelas e deformidades.
cet revelou que o AVC está afetando cada vez mais pes- incluindo dificuldade para articular e para entender; O acidente vascular cerebral em jovens é preocu-
soas jovens e de meia-idade. Dados do Ministério da dor de cabeça súbita e intensa sem causa aparente. pante porque decorre de alterações cardíacas, doenças
Saúde mostram que 62 mil pessoas abaixo dos 45 anos O diagnóstico é feito por meio de exames de ima- hematológicas, dissecção de artérias do pescoço e, cada
morreram no Brasil entre os anos 2000 e 2010. gem, como a tomografia e a ressonância magnética, vez mais, do estilo de vida adotado, como o hábito ali-
No entanto, o cenário é ainda pior: jovens, adolescen- que permitem identificar a área do cérebro afetada mentar irregular, o tabagismo e o consumo de drogas.
tes e até crianças passaram a entrar na lista. Estatísticas e o tipo do derrame cerebral, que podem ser de dois
mostram que, em 2012, quatro mil pessoas entre 15 e 34 principais tipos: isquêmico (85% dos casos), quando Tratamento do AVC em jovens:
anos foram internadas por causa do problema no país. As há parada do sangue que chega ao cérebro, provocado Nos pacientes jovens, é necessário um tratamento
justificativas para o quadro vão desde hábitos pouco sau- pela obstrução dos vasos sanguíneos e o hemorrágico, multidisciplinar, com fisioterapia e acompanhamento
dáveis até os métodos atuais de diagnósticos mais pre- caracterizado por sangramento dentro do tecido cere- psicológico, pois o jovem que sofre um AVC costuma
cisos, o que contribuiria para o aumento dos números. bral (coagulo ou hematoma ). desenvolver depressão muito facilmente.
Os jovens estão expostos mais precocemente a fatores de O tratamento de um paciente com a doença, seja ele Fatores de risco:
risco como sedentarismo, pressão arterial elevada, diabe- adulto ou jovem, vai depender do tipo de AVC. Nos ca- Os fatores tradicionalmente considerados de risco
tes, tabagismo, colesterol alto e obesidade. sos de isquemia cerebral, há a possibilidade de utilizar para a ocorrência do AVC são obesidade, hipertensão
O índice de AVC em jovens está crescendo por cau- medicações que podem desobstruir os vasos sanguí- arterial, tabagismo, consumo de álcool e drogas, dia-
sa do aumento da aterosclerose (doença crônica carac- neos. Além de medicações, tanto nos casos de isquemia betes e sedentarismo.
terizada pela formação de placas de gorduras na pa- quanto de hemorragia, devemos avaliar a necessidade
10 JORNAL DA AGML JULHO / AGOSTO – 2021

artigo O venerável mestre e diretoria, devem proceder


como embaixadores e empreendedores da alegria,
da felicidade, da paz, da harmonia, da sabedoria e
MAÇONARIA... PILARES E GARGALOS – I da benevolência. Todos os membros da loja, deverão
serem afáveis, simpáticos, calmos, elegantes, amigos,
transparentes, moderados, corteses, tolerantes, líderes,
Cristiano Leandro de Souza | Colaborador perspicazes, audazes, comedidos, cautelosos, astu-

E
tos, serenos e éticos. Estarem comprometidos com os
m loja, meus irmãos! Qual é o dever de um ve- na filantropia, no comprometimento, com comemora- Landmarks e com a loja e os compromissos assumidos.
nerável mestre e diretoria? Qual é o dever com- ções das datas de acontecimentos históricos e cívicos, Mesmo sabendo que os cargos em loja, não são re-
portamental dos membros de uma loja, meus ir- mostrando a ¨cara¨ da Maçonaria para a sociedade. munerados e nem trampolim pessoal, e que a loja não é
mãos? Tantas perguntas, tantas respostas... Realizando rotineiramente ¨Sessões Públicas¨, com a uma empresa e nem tampouco clube de serviço, agre-
A maçonaria, enquanto instituição iniciática, é presença de autoridades civis, militares , eclesiásticas miação esportiva, política, ou propriedade; entretanto,
também um sistema ético e moral, que transmite, por e pessoas de destaque na sociedade, apresentando te- deve ser comandada com sabedoria , punhos de aço e
ensinamentos esotéricos, místicos, científicos, filosófi- mas apropriados e alusivos. permitir assuntos, que conjuminam com os princípios
cos, sociológicos, psicológicos, numa forma peculiar A loja deve instituir o calendário de eventos, o qual, da instituição.
de natureza simbólica. proporcionará mais união à família maçônica,utiliza- A loja, mesmo não sendo empresa, mas no aspecto
A função primaz da maçonaria é uma fonte gera- do em caráter uníssono, induzindo a pratica do amor administrativo e organizacional, deve ser gerida como
triz de maçons, garimpar pérolas,na sociedade, reve- fraterno , ágape,philia, que por sua vez, consolidam o tal, adotando sempre o “planejamento estratégico”,
lar e descobrir talentos e líderes, convertendo – os, a trabalho “das formiguinhas”. (abelhas, como queiram), acompanhado dos seguintes pilares da administração:
modificar, a índole, o caráter, edificando e polindo o em favor da ordem e da sociedade e dos trabalhos da Diagnosticar, planejar, organizar, executar,controlar
comportamento, lapidando-o, e construindo um novo loja, em epígrafe. e avaliar. Definir metas e calendário de atividades e
interior dos Maçons, tornando-os benfeitores para si Os irmãos devem ser criativos, elegantes, diploma- eventos, com objetivos claros e definidos.
mesmos, para a família e para a sociedade. tas,eloquentes, e cordiais no trato com os irmãos e pro- A visibilidade, a transparência, a coerência, a di-
Existem equívocos e modos interpretativos errô- fanos; serem impecáveis na convivência com a família. plomacia, são paradigmas protagonistas para uma
neos,ao entenderem o filosofismo e a doutrina maçôni- Estabelecer na ordem, a harmonia, a concórdia, bem sucedida loja.
ca, ou mesmo a própria dinâmica, e sua riquíssima his- que são pilares que interagem, para a pratica do bem, No âmbito social, para o bem da família maçônica e
tória, que as vezes são deturpados e não assimilados. da paz, do amor, que é o foco que transcende para con- da ordem, a presença constante nos acontecimentos da
Entretanto, esta peça não é sofisma. .Tem a finali- solidação de uma boa egrégora em loja. loja, das cunhadas, sobrinhos, sobrinhas, demoleys, fi-
dade precípua de alertar e elucidar algumas dúvidas A propósito, outro ponto importante a ponderar lhas de Jó, APJS, são preponderantes e imprescindíveis.
,inerentes à posturas, acrescentar e despertar interesse é que, visualizamos em lojas, que a preservação das A fraternidade feminina, através da presidente e
para os ensinamentos para a boa prática da doutrina, tradições são imprescindíveis; mas nunca deveremos diretoria, terão função relevantes, devendo serem par-
da filosofia,da ritualística e materializar o que deve- omitir, dispensar, as inovações,do moderno. Havere- ticipativas, dinâmicas, assíduas, motivadas e sendo
mos conceber e praticar com veemência em loja e no mos de buscar auxílio cibernético e o apoio da internet, prioridade da loja; terem apoio irrestrito, incondicio-
cotidiano da vida. são exemplos exequíveis e possíveis de serem adota- nal e serem enaltecidas pela direção.
É claro que não queremos ensinar o Padre Nosso dos, mas com cautela e bom senso. Lembrando também, que parte do pecúneo do povo
para vigário. E nem tampouco, não é uma receita de Em um veneralato, a diretoria deverá estar imbuí- maçônico, deve circular no meio maçônico. E que irmão
bolo. Entendemos que deveremo-nos , converter ple- da de muito amor, de modo que toda a loja conceba, e compra de irmão, irmão contrata irmão, irmão vota em
namente para a ordem e atentar para o nosso Ritual, seja apologista desta dádiva de Deus e que os mem- irmão, irmão indica irmão, irmão defende irmão, irmão
para Regulamento Geral, para a Constituição e o Re- bros, abram seus corações e a porta de seus lares a to- enaltece irmão e protege irmão; se justos forem.
gimento Interno: que são ferramentas dos Landmarks dos os irmãos. Não é utopia, mas é possível . Os maçons não devem deixar de lutar pela liberda-
que devem ser instrumentos inseparáveis dos bons A loja deve funcionar como orquestra . Todos os de, o maior bem do homem, “O homem é um animal
maçons e que complementam todos os pilares e garga- trabalhos devem ser adredemente e teatralmente pre- social, como disse Aristóteles” há muitos séculos:“O
los de loja, os quais, reputo de imprescindíveis, à todos parados, ensaiados e apresentados com desenvoltura, interesse particular não pode , em hipótese alguma,
os membros da Soberana Instituição. elegância e galhardia. sobrepujar ao coletivo; se isto acontecer, declina-se do
Entretanto, convergindo para dentro de loja, anali- O venerável mestre é o maestro com a batuta e mági- direito à liberdade em favor do paternalismo; por outro
sando em trabalho de oficina, como laboratório de pes- co ao mesmo tempo,com sua vara de condão e a bola de lado, se o individualismo impera, sem dar importância
quisa, com o finco de filtrar as profícuas lides de lojas, cristal; criando empatia entre os membros em trabalho as necessidades sociais, o resultado, será a anarquia.
concluímos que uma gestão notabiliza-se com o foco uníssono, sincronizado e com metodologia apropriada. (continua na próxima edição)

opinião
DAS GUILDAS DE OFÍCIO DE CONSTRORES
ÀS CONSTRUÇÕES VERNACULARES DA ATUALIDADE
Luís Gustavo Sousa Costa | Colaborador

É
de conhecimento geral que a Maçonaria traz em Entretanto, sabendo de nossas origens e nossa re- para situações de melhoria tecnológica, nos ancoramos
sua origem uma relação direta com Guildas de lação direta com as Guildas de Ofício de Construtores, ao que erroneamente chamamos de tradicional. Em
Ofícios de Construtores dos séculos que antece- podemos afirmar que hoje ainda temos alguma rela- contrapartida vemos situações inversamente opostas
deram sua criação do modo como hoje a conhecemos. ção direta com a Maçonaria Operativa ou estivemos, ao que fora supra citado, situações onde Lojas fazem
No início, eram passadas as instruções e conhecimen- por diversas razões distantes, podendo apenas afirmar o bom uso do planejamento e execução de novos edi-
tos pertinentes ao planejamento, concepção e execu- nossa relação com a Maçonaria Especulativa? Para ter- fícios com o que há de mais novo na construção civil
ção de edifícios apenas àqueles que, por mérito, se mos essa resposta, voltemos nossa atenção para o que com empreendimentos modernos, sem deixar de lado
mostrassem dignos para recebê-los, assim, através do está, hoje, ao nosso alcance, no caso as instalações físi- a tradição que deve ser preservada.
compartilhamento de conhecimentos que eram pas- cas de nossas Lojas. Pode-se afirmar que os construto- Levando em consideração esses aspectos, sem
sados em sigilo de acordo com o mérito individual, res antigos tinham pleno domínio das tecnologias re- deixar de lado a particularidade de cada caso e os
em determinado momento da história da Maçona- lacionadas à construção, isso é evidente, inclusive, na respectivos recursos disponíveis, podemos lidar com
ria, os Maçons Operativos passaram a aceitar em seu contemporaneidade, pois exige pleno domínio de to- essa situação fazendo um bom planejamento de nos-
seio pessoas que nenhuma relação com a construção das as etapas que envolviam a construção de uma edi- so empreendimento, de modo a dividir o projeto em
tinham, porém podiam contribuir de outras manei- ficação. Atualmente, devido a razões diversas, vemos etapas que serão executadas ao longo de um tempo
ras. Pois bem, cá estamos hoje, compartilhando entre que a tecnologia construtiva de nossa estrutura física, pré-determinado, onde cada etapa ao ser concluída se
nossas colunas ferramentas de aprimoramento moral, em sua maioria, tratam-se de edificações vernaculares, encaixe perfeitamente ao que já estava construído an-
cultural, entre outras, impactando o indivíduo e, por se limitando à materialidade e recursos locais e sem teriormente sem passar a impressão de obra inacaba-
conseguinte, refletindo na sociedade em caráter cole- supervisão de profissionais com domínio no assunto. da, pois cada etapa foi pensada de maneira conjunta,
tivo. Portanto ainda entre nós, Maçons Especulativos, Pode-se afirmar que, em razão principalmente da permitindo assim, termos ambientes que de fato aten-
temos intimidade com vários elementos outrora usa- escassez de recursos financeiros para sua execução dam as expectativas coletiva daqueles que farão uso
dos de maneira prática, como o malho, o cinzel, nível, plena, da forma como os obreiros destas Lojas vislum- daquele espaço.
o prumo e a geometria, embora extraindo de seu uso bram, é comum vermos Lojas Maçônicas que, como um Dessa forma podemos nos reconectar e fazermos
prático, a utilização de tais elementos a nível subjetivo, verdadeiro complexo de “puxadinhos”, que em algum parte de algo na prática, de conhecimentos que temos
conferindo a eles usos morais, auxiliando na constru- momento, de maneira orgânica foram se unindo, além apenas na teoria. Poderemos discorrer de forma mais
ção de nosso templo interior. de situações onde viramos as costas completamente profunda sobre o tema em um futuro próximo.
JULHO / AGOSTO – 2021 JORNAL DA AGML 11

tecnologia & educação


Atuação do Poder Público na educação remota em tempos da Covid-19 – II
José Mariano Lopes Fonseca | Cadeira nº 06
Já o Modelo FLEX, recomenda que o planeja- cional impostos pela COVID 19, pois requer os ainda pela falta de interesse em estudar, cabe aos
mento realizado pelo educador necessita priorizar pais tenham conhecimento e domínio tecnológi- pais demonstrar aos filhos que eles precisam con-
as atividades on-line voltada para aprendizagem co, mas muitos deles não tiveram uma educação versas sobre suas emoções ou sentimentos, para
em casa pelo aluno. Deste modo, vale ressaltar escola que os preparou para a utilização de tec- alcançar o equilíbrio emoção tão importante para
que o professor fica à disposição dos educandos nologias de ensino disponíveis para realização o processo de ensino e aprendizagem. Pois, afeti-
para sanar quaisquer dúvidas que surjam duran- das atividades dos seus filhos. Além disso, uma vidade, auto-estima, bem estar e confiança são fa-
te as atividades proposta pelos alunos. parcela expressiva destes alunos, entendem que a tores que adquiriram uma relevância fundamen-
Por sua vez, o Modelo à LA CORTE dá liberdade condições financeira dos seus pais são impecílios tal na pandemia do COVID 19, para que os alunos
para o professor e o pupilo, tanto para organizar quan- para segurar a eles uma educação de qualidade. sintam que eles não estão sozinhos, que poderá
to determinar os prazos, esse modelo impõe ao profes- Nesse sentido, as instituições escolares pos- com o apoio, compreensão, carinho e amor dos
sor, que pelo menos durante um semestre seja realiza- suem um papel fundamental para modificação pais em um tempo de muitas dificuldades para
do de forma virtual em sala de aula ou em domicílio do dessa realidade, além de tornar as famílias um eles. Desta forma, entende-se porquê, que para os
estudante. instrumento concreto de sua aprendizagem Ma- filhos, uma excelente convivência com os pais ou
Já o Modelo virtual, estabelece que as atividades chado (2020, p.9) argumenta que familiares, proporcionará aos mesmo uma sen-
virtual e on-line seja uma atribuição do professor e ainda Como muitos pais alegam não terem didática para sação de apoio e que eles não estão só nesse mo-
cabe a ele estabelecer a harmonia durante o processo de ensinar. Faz-se necessário que a escola auxilia os mento tão turbulento. Desse modo Guilherme et
ensino e aprendizagem. Assim de acordo com Lopes et al responsáveis, ajudando-os aprender a ensinar, al (2000, p.27), acreditam que é “importante criar
(2020, p.122), através de tutorias, vídeos explicativos, vídeo atividades conjuntas que proporcionem a expres-
todos esses modelos podem ser aplicados e desenvolvidos conferência, até mesmo materiais impressos com são da ideia e sentimentos e que possam ter a
de acordo com a necessidade de cada realidade educacio- o intuto de “preparar” os mesmos, para assumir o construção de situações de acolhimentos”.
nal. As informações disponíveis na internet, quanto bem papel de tutores, auxiliadores dos professores na Vale frisar que enquanto o isolamento social, o
utilizadas, auxiliam a ação pedagógica. Destaca-se que são tarefa de educar seus filhos. Muitos pais querem fechamento das escolas, a tendencia que uma par-
novas formas de aprender e de ensinar, sendo fundamental ajudar nesse processo, mas não sabem por onde cela expressiva dos alunos terá seu aprendizado
a reflexão e a mediação docente diante do volume de infor- começar. Então esta capacitação “expressa” e, é de comprometido, uma vez que, um grupo significa-
mações que circulam diariamente. muita importância para a implantação dessa for- tivo dos pais não encontram preparados para en-
Pelo exposto, pode-se se afirma que a utilização das ma de ensino. frentar esses novos desafios, em razão da falta de
tecnologias não seja um fato novo, já que as mesmas eram Portanto, a educação remota exige que os pais apoio, de conhecimentos teóricos e pedagógicos e
utilizadas na educação de crianças, jovens e adultos em dos estudantes busquem se adaptar a essa nova ainda por não possuir controle emocional. Dessa
todos níveis de escolaridade, entretanto, com o advento realidade decorrente da crise sanitária, no entan- forma, é natural que seus filhos tenham seu de-
da pandemia tornou-se primordiais aos professores fazer to, muitos não estão conseguindo, pois, precisam sempenho escolar comprometido. De acordo com
uso das novas tecnologias de ensino. Neste contexto, Lo- trabalhar para conseguir o pão de cada dia, não Bruening apud Simão (2000, p.10),
pes et al (2020, p113) possibilitando a eles tempo dedica à educação de “se o aluno tem aprendizado em habilidades socioemocio-
O ensino e aprendizagem com uso de alguns artefatos tec- seus filhos e de buscar a aprimorar-se para essa nais na escola, ele é capaz de compreender melhor algumas
nológico sem a presença física do professor e estudantes finalidade. questões que podem surgir em sua casa. Ele apreende a
não é um fenômeno novo. Contudo, foi revigorado e ex- Embora, uma parcela significativa dos pais ter boas relações com os colegas, professores e mentores”.
pandido a partir do final do século XX, a partir do uso de reconheça que não estão qualificados para essa É significativo ressaltar que uma pesquisa de-
computadores conectados à internet. Atualmente, com a incumbência. Deste modo não seja surpreenden- senvolvida pela revista nova escola (2000) que a
pandemia do Coronavírus iniciada em dezembro de 2019 te que os pais reconheçam a importância da aula participação dos familiares na educação remota
na China, a necessidade e urgência de uma educação a dis- presencial para garantir o ensino e aprendizagem. dos filhos ocorre sobretudo na educação infantil,
tância foi instaurada no Brasil, e com o passar dos meses Além disso, muitos deles passaram a reconhecer chegando a 35% conforme os professores. Essa
tem se tornado uma necessidade mundial, devido ao alto a relevância do professor, como instrumento pri- participação dos pais no ensino online, é maior
grau de isolamento social vivenciado pela população ao re- mordial de aprendizagem. Desse modo, Cordeiro na rede privada (58%) do que nas escolas públi-
dor do mundo. (2020, p.3), afirma que cas (36%), como se ver os responsáveis pelos es-
Enfim, a educação remota ainda é um dos únicos re- O interessante é que muitos pais estão acompanhando os tudantes deixa de ter uma participação ativa da
cursos disponíveis em tem da pandemia do COVID 19 filhos nesse momento de pandemia. Tem nas mãos a possi- educação remota dos seus filhos. Assim não é sur-
que o educador possui para ensinar seus alunos, mas bilidade de compreender a importância do seu pai na edu- preendente observar que as famílias com maior
essa educação requer interação de todos, domínios técni- cação deles, e ainda de valorizar o professor que não mede poder aquisitivo e níveis de escolaridades estão
cos, vontade política, mas uma coisa continua da mesma esforços no sentido de colaborar de forma entusiástica para com maior participação e acompanhamento dos
forma, o compromisso do envolvidos nessa educação que que as crianças as crianças a serem motivas para não desis- mesmos, e desse modo é natural que os alunos fa-
garantira que o ensino e aprendizagem ocorra com criti- tirem dos seus estudos. vorecidos possuem aproveitamento melhores. No
cidade, inovadora e inclusiva. No entanto, uma grande barreira sem dúvida nenhu- entanto, o maior dos pais também em todos níveis
A importância da família na educação remota ma é a preparação dos filhos para o retorno as aulas pre- educacionais da educação básica é maior em es-
dos filhos senciais, é preciso que os pais tenham um diálogo aberto colas privadas do que em escolas públicas. Neste
A família sempre teve um papel fundamental com eles sobre os cuidados para o retorno das aulas. Des- aspecto Claro (2000, p.3) argumenta que
na educação dos seus filhos, contudo no contex- se modo é primordial os pais ouvirem seus filhos, seus re- Os pais não estão preparados para a educação a
to da pandemia, esse papel tornou-se ainda mais ceios e medos, mostrando que o retorno das aulas presen- distância no lar: quando as escolas fecham, fre-
relevante, entretanto os pais possui um aparcela ciais não vai representam nenhum perigo se eles tomarem quentemente se pede aos pais que facilitem a
significativa dos mesmos, no entanto, não estão toda recomendação contida no protocolo de saúde, pelos aprendizagem das crianças no lar, e eles podem
preparados para essa imensa responsabilidade, pais, secretarias de educação, ministério da saúde entre ter dificuldades para realizar essa tarefa. Princi-
motivado pela própria condição socioeconômica, outros, assegura Guilherme et al, (2000, p.26). palmente no caso de pais com educação e recursos
muitos deles não possuem condições de propor- É necessário reafirmar sempre ao filho que a escola é um limitados. Acesso desigual aos portais de apren-
cionar aos seus filhos o acesso ao internet de qua- lugar seguro, e que ele confie nos professores e demais pro- dizagem digital: a falta de acesso à tecnologia ou a
lidade, computadores, celulares, o que certamente fissionais. É importante dar alguns conselhos, tais como: uma boa conexão de internet é um obstáculo para
dificulta e muito, o processo de ensino e apren- que ele pode conviver com os colegas, e não temer o contato a aprendizagem contínua, principalmente para os
dizagem Assim,  entende porque Machado(2020, físico com os demais colegas. Porém, lembrar dos cuidados estudantes de famílias desfavorecidas. Lacunas
p.18), necessários para prevenir quaisquer doenças. Nesse sen- no cuidado das crianças: na falta de opções alter-
 Estes no que lhes concerne, assim como os professores, tido, lembrar as boas práticas, como: lavar bem as mãos, nativas, os pais que trabalham costumam deixar
estão se sentindo sobre carregados. Os responsáveis além cobrir a boca com o braço ou um lenço descartável ao es- seus filhos sozinhos quando as escolas fecham, o
das responsabilidades domesticas,  “homeossfice”, estão pirrar ou a tossir. que pode levar a condutas de risco, incluindo uma
acumulando também o papel de professores dos seus filhos. Também é fundamental os pais buscar infor- maior influência da pressão dos colegas e o abuso
Muitos não estão conseguindo acompanhar o volume de ati- mar se a instituição escolar está de fato adotando de substâncias.
vidades educacionais proposta pela a escola, outros, não todos os procedimentos conforme adotados pelas Assim, fica explicito que os pais possuem
conseguem se adaptar as tecnologias dos meios digitais. instituições de saúde e educacionais. É primor- um papel importantíssimo na educação remota
Neste contexto, pode afirmar que os mais pre- dial ficar atento e observar o equilibro emocional, dos seus filhos, no processo de desenvolvimen-
judicados durante esse processo educacional são pois, esses podem ser também vítimas de stress, to escolar, mediando, assistindo-os sempre que
os alunos, que percebem que seus pais não estão desmotivando o interesse pelas aulas remotas, em necessitarem de respaldos durante o processo de
qualificados para enfrentas esse desafio educa- consequência do desânimo, do isolamento social e aprendizagem.
(continua na próxima edição)
12 JORNAL DA AGML JULHO / AGOSTO – 2021

de Jesus: “Afasta-te de mim, Sata- instante e nos deixam azedos e intra-


crônica nás ...”
Por isto, Pedro andava pelos can-
táveis, para considerarmos o univer-
so complexo que é cada pessoa com
tos, cabisbaixo e naquele dia, especial- quem nos encontramos, que merece o
A FORÇA DO SORRISO mente, estava na ponta do barco, as-
sentado e contrafeito. Foi quando João,
nosso sorriso de paz e de fraternidade.
Não é a gargalhada debochada e
o discípulo do Amor, aproximando-se às vezes imprópria para o lugar onde
Getúlio Targino Lima | Cadeira nº 13 do velho pescador, esclareceu-lhe as nos encontramos, mas o sorriso suave

C
dúvidas e espancou-lhe as angústias. e poderoso que transmite gentileza,
onta a tradição cristã que Pedro, E ante a insistência de Jesus sobre Pedro, não te entristeças. Quando confiança e esperança do melhor.
o grande discípulo do Mestre o que pensavam os próprios discípu- Jesus te chamou de rocha de fé, falou Se cumprimentamos alguém mas
divino, andava meio amofina- los a respeito de quem era o Filho do n’Ele a Sabedoria divina, mas quando com o semblante fechado, nublado
do, talvez desconfiado de que Jesus homem, ele, Pedro se adiantara aos te disse “ Afasta-te de mim, Satanás...” pelas preocupações e escurecido pela
não tivesse mais nele a confiança que outros, proclamando: Tu és o Cristo, o falou n’Ele o Amor divino, que traba- revolta ou desgosto, não transmitimos
inicialmente depositara. Filho do Deus vivo. lhava em teu favor, impedindo o teu nada de bom a ele. É como apontar-
Recordava-se de que, no começo, Recordava-se de que esta esplêndi- mal... mos um duro e intragável pedaço pão
Jesus o vira, juntamente com seu ir- da confissão de fé lhe valera uma de- É que os elogios seguidos esta- seco de uma semana para alguém que,
mão André, lançando as redes no mar claração de bem aventurança e Jesus vam fazendo crescer em teu coração sem dentes, suplica por um alimento.
da Galileia, pois eram pescadores, e acabara por dizer-lhe: “Tu és Pedro e o joio da vaidade e sufocando o trigo O sorriso que orna o cumprimento
a eles dirigiu um convite fraterno e sobre esta pedra edificarei a minha da humildade...Por isto o Seu Amor te advém da bênção de havermos acorda-
com forte dose de estímulo: “ Vinde igreja...” repreendeu. do, de podermos usar o ar, de termos
após mim e eu vos farei pescadores de Estas coisas todas lhe passavam Jesus apenas, amorosamente, te o sol, de termos a chuva, o calor e o
homens”. pela cabeça como, se fosse hoje, um fez relembrar a tua condição humana. frio, de estarmos caminhando, de po-
Lembrava-se de que obedeceram filme, mas mesmo assim se manifesta- Na verdade, Pedro, Ele te ama inte- dermos contemplar as árvores, a água,
imediatamente e largando as redes e va acabrunhado. É que, ultimamente, gralmente e te abraça, como a todos a natureza e estas infinitas bênçãos de
tudo mais O seguiram. E foram os pri- Jesus lhe houvera passado umas repri- nós, do jeito que somos...Olha para Deus que nascem a cada manhã.
meiros nesta atitude! mendas duras, pesadas e públicas. Ele. Está na proa do barco...Olha! Este sorriso tem força, este sorriso
Recordava-se também de que, cer- Segundo Pedro se lembrava, basta- Consta que Pedro olhou para Je- tem poder e tudo direcionado ao bem.
ta feita, Jesus interrogou os seus discí- va ele abrir a boca para receber, de cer- sus e este esboçou um leve sorriso de Substituir sempre a gargalhada de
pulos sobre o que as pessoas diziam ta maneira, uma corrigenda do Mestre amor verdadeiro...Foi o suficiente para mofa ou crítica destruidora pelo sorri-
d’Ele, considerando que os discípulos amado. inundar o coração do discípulo de so de gentileza, de esperança e carinho,
estavam sempre no meio do povo. E Culminou com uma cena que paz, de confiança e de fé. alimentos tão necessários no nosso co-
as respostas vieram rápidas da boca ficara marcada, quando, após ou- Pois é, o sorriso é e tem esta força. tidiano. E com mais este adendo: são
dos discípulos: Uns dizem ser Elias, vir de Jesus que o fim do Filho do Precisamos nos dissociar um pou- alimentos que não engordam, nem fa-
outros João Batista e outros Jeremias homem estava próximo, Pedro se co das mazelas do mundo que nos zem mal.
ou algum dos profetas... opôs a isto veementemente e ouviu entram pelos olhos e ouvidos a todo Sorria, amigo! A vida agradece...

tempo de estudo
O QUE REPRESENTAM OS DIAS 22 DE FEVEREIRO E
24 DE JUNHO PARA OS MAÇONS
Anestor Porfírio da Silva | Cadeira nº 32

H
á três séculos atrás, mais precisamente em 24 ciaram grande celebração com duração de vários dias, o demonstrações de consideração, disposição para o tra-
de junho de 1.717, surgia na Inglaterra a cha- que, de fato, aconteceu com a presença de autoridades balho maçônico e fidelidade à Sublime Ordem.
mada maçonaria especulativa. De lá para cá, e membros da maçonaria local acompanhados dos res- É oportuno, no entanto, destacar que encontros
o transcurso do tempo não parece ter sido tão veloz, pectivos familiares, e de maçons convidados, oriundos maçônicos do nível do que foi realizado na Inglaterra
mas foi o suficiente para nos provar que a maçonaria já de vários países, inclusive de outros continentes. deveriam, de tempo em tempo, fazer parte das nossas
alcançou seus trezentos anos de existência, fato que se Dos festejos, constou extensa programação cultu- atividades. Os congressos maçônicos são instrumen-
consumou exatamente no dia 24 de junho de 2.017, com ral, algumas restritas, outras abertas ao público não tos valiosos para universalizar procedimentos e para
a referida instituição se tornando o orgulho de seus maçom, que destacou nomes de famosos maçons já não deixar que a maçonaria perca a sua identidade.
filiados pela extensa história que construiu, de bons falecidos e outros assuntos da atualidade adaptados Muito se comenta sobre a monotonia e a enfadonha
serviços prestados à coletividade do mundo inteiro. para o teatro, em peças que foram exibidas ao grande rotina das nossas sessões e, por falta de resposta a tais
Referida data, por uma questão lógica, deveria ter público presente. indagações, incontáveis iniciados perdem o entusias-
sido eleita como sendo o “dia internacional do maçom”, Palestras sobre temas filosóficos maçônicos e sobre mo e acabam abandonando a maçonaria. O motivo é
pois foi nela que se deu o surgimento de uma nova ma- a atuação da maçonaria frente aos desafios impostos que, quase por unanimidade, os obreiros gostariam de
çonaria. Porém, durante muito tempo ninguém da Or- à humanidade também constaram da programação contar, além da repetitiva ritualística, com algo atraen-
dem Maçônica teve a ideia de apresentar essa sugestão à tendo merecido destaque o histórico da Ordem Ma- te e motivador dentro dos templos maçônicos.
sessão plenária de tantos congressos e encontros maçô- çônica, sua trajetória ao longo de todos esses anos e Tomando-se por exemplo um tema como o acima ex-
nicos internacionais que, como de costume, de ano em como deve ser o seu comportamento nos dias atuais posto, que já se encontra com seus efeitos lastreados no ín-
ano, sempre se realizaram, até que, num desses encon- diante de inúmeros desafios, dentre eles, um surgido timo da maçonaria, compreenderíamos melhor a utilidade
tros, desta feita, nos Estados Unidos, o então Grão-Mes- em suas próprias entranhas, qual seja, boa disposição desses encontros uma vez que, é em tais ocasiões que as
tre da Grande Loja de Portugal, irmão Fernando Paes à aprovação de ideias e projetos de novas realizações e ideias e teses, quando procedentes, oportunizam-se como
Coelho Teixeira teve a iniciativa de propor a instituição a quase sempre pífia participação de seus obreiros na instrumentos de aperfeiçoamento da instituição.
do “dia internacional do maçom” a ser comemorado consecução das metas planejadas. E enquanto a situação permanece como está é opor-
em 22 de fevereiro, data em que nasceu o irmão Geor- Por conta dessa dita verdade, no resto do mundo, tuno que se esclareça a que fim se destina um templo
ge Washington, renomado estadista que como muitos as comemorações se deram de maneira um tanto tími- maçônico. Lá é o lugar onde devem nascer as ideias,
sabem, foi um dos mais ilustres políticos dos Estados da, com muitas lojas e muitos de seus membros mani- onde devem ser realizados os estudos, a prática ritua-
Unidos e também, como maçom, um iniciado que muito festando-se de forma apenas contemplativa, mas com lística, as instruções dos respectivos graus simbólicos,
honrou e dignificou o nome da maçonaria com o seu aflorado sentimento de dignidade pessoal, relembrando os trabalhos intelectuais, as reflexões, o planejamen-
trabalho e a sua dedicação. A proposta apresentada foi os marcantes feitos alcançados pela maçonaria desde o to das ações etc., e isso é imutável, ou seja, não pode
aprovada por unanimidade pelos membros das cúpu- seu surgimento até os dias de hoje, enfatizando sobre- ser alterado ou suprimido, enquanto que a atividade
las da maçonaria europeia e das américas, quando se tudo o dever dos maçons em trabalharem sem descanso maçônica que efetivamente devemos exercer torna-se
encontravam compondo a reunião acima mencionada. pelo bem estar da humanidade, por um mundo melhor mais importante e indispensável quando praticada ex-
Agora, quando há poucos anos atrás, no dia em que e mais fraterno, por justiça, por igualdade, por liberda- tra loja, no ambiente onde nós nos encontramos convi-
a nossa Ordem alcançou o seu tricentésimo aniversá- de, enfim, por infinitas razões, mas absolutamente nada vendo com outras pessoas em nosso dia a dia e onde
rio, o fato foi lembrado pelos maçons da Inglaterra com além disso se vislumbrou, em tais manifestações, que temos a oportunidade de agirmos inspirados na virtu-
belíssima festa comemorativa à altura das tradições da pudesse satisfazer plenamente o ego dos maçons que de, tal como ela se nos apresenta segundo ensinamen-
maçonaria. Os preparativos para realização do pompo- não vivem na Inglaterra, pois para estes a data trans- tos maçônicos, ou seja, como uma disposição da alma
so e marcante evento começaram bem antes e prenun- correu sem festividades, apenas, como já se disse, com que nos induz a estarmos sempre praticando o bem.
JULHO / AGOSTO – 2021 JORNAL DA AGML 13

o presidente declarar a abertura da Solenidade de


registro Posse de Novos Acadêmicos. Após cumprimentar os
presentes, o presidente informou que estávamos ali re-
unidos para a Solenidade de Posse de Novos Membros
SOLENIDADE DE POSSE DE NOVOS ACADÊMICOS da Academia Goiana Maçônica de Letras, os quais
comporão o quadro de acadêmicos permanentes e
NO DIA 15 DE JULHO DE 2021 imortais da Academia. Na Solenidade tomaram posse
dez novas personalidades científicas com relevantíssi-
mos serviços prestados para a difusão do conhecimen-
Secretaria AGML to intelectual em nosso país e internacionalmente.
Esclareceu que a Academia Goiana Maçônica de Le-
tras reativada e registrada em 26 de outubro de 2018 en-
contra-se embrionária, mas com muita força e vigor, com
seus membros reunindo-se todos, de dois em dois meses,
para dialogar sobre ações governamentais, pesquisas
científicas, cultura, arte dentre outros assuntos de cunho
sociais de diferente natureza, além da produção intelec-
tual, cujo objetivo precípuo será a congregação com as
diferentes áreas do conhecimento científico que propicie
o engrandecimento da maçonaria e do Estado de Goiás e
muito mais transcendendo pelo país a fora.
Também ressaltou que, quanto a vacância no qua-
dro permanente da Academia, a vaga é preenchida pela
seleção de novos membros, de acordo com o que esta-
belece seu Estatuto, bem como pela análise e avaliação
dos perfis e currículos Lattes dos candidatos e pelas
contribuições científicas, tecnológicas e de formação de
recursos humanos, além da produção intelectual.
Por fim, é o reconhecimento dos frutos desse traba-
Confrades em noite de posse dos novos acadêmicos da AGML 2021 lho silencioso do intelectual, enaltecido, especialmente,

A
por ser declarado pelos seus pares na confraria estabe-
pós desejar as boas Vindas aos presentes, o Goiana Maçônica de Letras, João Batista Fagundes, lecendo, sobretudo, a imortalidade e a nobreza do gesto
Secretário José Mariano L. Fonseca da Aca- confrades presentes e demais autoridades para to- de reconhecimento e honraria conferida ao ser empos-
demia, convidou o Presidente da Academia mar acento as suas cadeiras e, passou a palavra para sado nesse seleto Grupo dos imortais.

combativa em defesa do mais fraco, dos direitos do ci-


opinião dadão, da beneficência plena, além do acesso à justiça
em todos os níveis, ao trabalho, à saúde e alimentação,
sustentáculos de dignidade e de qualidade de vida de
DO SONHO PARA A HISTÓRIA qualquer povo.
Parabéns, Grande Loja Maçônica do Estado de
Adolfo Ribeiro Valadares | Cadeira nº 07 Goiás! Congratulo-me com todos os Irmãos que a
compõem por esta data tão significativa e bela; com
“Dentre todas as sociedades, nenhuma há, mais nobre que o sentimento de coesão e de organização evoluiu as Cunhadas das Colmeias; os Sobrinhos e Sobri-
e mais estável, que aquela em que os homens estejam do simples laço sanguíneo para o sentimento de per- nhas De Molays e Filhas de Jó, verdadeiras colunas
unidos pelo amor”. – Cícero tencimento ao mesmo local. Assim nasceu a Grande de apoio aos maçons, sempre solícitas e atentas em
auxiliar a vocação da Maçonaria em iluminar co-

O
Loja Maçônica do Estado de Goiás, superou grandes
dia 9 de junho é a data em que comemoramos e incontáveis obstáculos, para dar-nos o exemplo da rações e fortalecer a família, como célula máter da
a fundação de nossa Grande Loja Maçônica do grande pujança em seus 70 anos de fundação. sociedade.
Estado de Goiás. Fruto de sonhos perseguidos Evidentemente, hoje temos o resultado do digno, O que nos motiva a continuar trilhando por esse
por maçons de relevante papel na história de Goiás, brilhante e valente trabalho dos respeitáveis e valoro- caminho é a certeza de que na Maçonaria não existe
idealizada por aqueles que buscavam construir tem- sos Irmãos. Efetivado com galhardia há quase um sé- o impossível, pois impossível, é viver sem os olhares
plos para o engrandecimento da virtude e edificada na culo, apesar do trabalho árduo, mas compensador, con- e a proteção do G.A.D.U. Que a cada dia se renove em
certeza de que os ensinamentos ministrados em nos- tinuaram firmes e unidos nos propósitos da decência, cada um de nós a alegria e o compromisso maçôni-
sos templos se fundiriam com os mais sublimes des- do Justo e do Belo, cujos resultados se transformaram co com a reforma íntima perene, com a convivência
tinos de Goiás, concretizou-se, em Assembleia Geral em solidariedade, alegria, firmeza, com ênfase para a harmoniosa do amor, pois “Como é bom e agradável
realizada em 9 de junho de 1951, a mais nova Potência contínua busca da Verdade que liberta da ignorância. quando os irmãos convivem em união!”.
Maçônica no Brasil. É por isso que sempre devemos graças ao G.A.D.U
A história perpetuou nomes como Luiz Caiado de pela oportunidade que nos foi concedida ao pertencer
Godoy, Manoel Guilhermino dos Santos e Lafayette à Ordem. Honra-nos o seu perfil histórico em defesa
Teixeira França, figuras proeminentes e comprometi- de uma sociedade mais justa, com inequívoca postura
das com a edificação de uma fraternidade que congre-
gasse os melhores homens para a condução dos desti-
nos da recém-criada Grande Loja Maçônica do Estado.
E se hoje vivenciamos tempos de colheita, certa-
mente devemos render graças ainda a esses maçons
corajosos e pioneiros, assim como aos que lhes suce-
deram, como os Ex-Grão-Mestres Gabriel Elias Neto,
Benedito Barreira Morais, Laerte Ferreira de Araújo,
João Gonçalves Borges, Carlos Vieira da Silva, Roland
Martin, Licínio Leal Barbosa, Urias de Oliveira Filho,
Antonio Batista Xavier, Diógenes Mortosa da Cunha,
Sebastião Elias Campos, Ruy Rocha de Macedo, José
Alvarenga dos Santos, João Batista Fagundes e Adolfo
Ribeiro Valadares.
As organizações sofrem inúmeras modificações
ao longo do tempo. Com a maçonaria não poderia
ser diferente. De acordo com a definição adotada pelo
antropólogo franco-belga Claude Lévi-Strauss, a or-
ganização social é um complexo conjunto de fatores
que constitui as sociedades em suas facetas política,
econômica e moral. Com elas vieram o sentimento de
pertencimento nacional e patriótico com base na ori-
gem e na terra onde os cidadãos nascem. Percebemos
14 JORNAL DA AGML JULHO / AGOSTO – 2021

galeria poética DO MAÇON,


DA BELEZA
João Batista da Silva Paiva
Colaborador

E doira sobre ... o Compasso


No Esquadro que traspasso
OSSO DURO E, sobre um Livro dormente
Dois instrumentos somente
Anderson Lima da Silveira
Cadeira nº 02 Juntos a outros é o reflexo
De uma Grande Arquitetura
Vi longe, dançando, uma luz diferente. Saudades sentimos num suspiro ascendente. Que se interpreta um nexo
Se ia ou se vinha, perguntei de repente. Calamos o choro em nó descendente. A ser admirado em alto tom
Não indague, dizia, minha alma inocente. Se o riso irrompe, vencendo a corrente. Nos detalhes e as sutilezas
Vez que a luz aquece seu dia carente. Trancamos o lábio, não seja indecente! Que se reconhece o Maçon
Às cegas andamos, em passo indolente. Seguimos trombando, por trás ou de frente. Dentro da sua Fraternidade
Sem brilho nem lustro, em marcha doente. É luta, peleja, é dente por dente. Ao ostentar, vê-se a Beleza
Olá! Como vai? inquere o presente. no sol e na chuva, alvorada ou poente. Dos bons trabalhos medidos
O passado resmunga, nem frio nem quente. Comprei essa sina, dei fé permanente. Pelas suas Ações retílineas
Às voltas de tão comedidas
O peito resiste, falando insistente. De quão ponderadas linhas...
Estrada tem curva, esteja presente. A qualquer ângulo de conduta
Descansa na esquina, dê força na mente. Em que aceito na Sociedade
O certo, te digo, é ser bem contente. Sempre exemplo de toda luta
No que se faz pela Liberdade
Pelos direitos em Igualdades
crônica Ao cuidar-se da moral e ética
Ressalte aquí a visão poética
FLORES DO CERRADO
Aidenor Aires | Cadeira nº 03
Vida breve. Emoção roubada aos deuses. Pade- estraçalha em ouro o ar pesado, o céu plúmbeo, ar do alvura, inconcebível em terra tão sáfara de homens
cem da dor imensurável da eternidade, eles. Nós, escaldado agosto. São apenas exemplares de luz so- tão duros e amargos. Somente aí se esgota nossa sede
os que vamos morrer, podemos saudar esses lampe- breviventes, escapos aos machados, às motosserras, de beleza e encantamento. Seria necessário, para não
jos, esses retalhos da permanência. Felizes de quase aos tratores. Gritam suas flores sobre tocos, leirões esquecer, olhar apenas o chão de avermelhado cor-
nada. Não digo do poeta, faminto de dias e horizon- e arados, na ânsia de logo espalhar sementes que as- po, de desolada pele, de desertificado coração. Mas as
tes. Paro e contemplo a natureza generosa que gol- pirarão iludir a morte e germinar para improváveis árvores que amam a morte, porque sangram, partu-
peia sem saber o rio do tempo, acendendo reflexos, florestas do futuro. E mais que acenos agitados pelo rientes, para o advento das sementes, e não confiam
cascatas, sombras, corpos boiando e retalhados re- vento geral, a intensidade amarela dessa florada, nas promessas dos verões e das primaveras, expõem
flexos de céu e sol. Vaga permanência. Na sequidão especialmente, são gritos, esgares que mancham o suas estratégias vitais. Somente quem acompanhou o
extensa do planalto, venham ver a sangria lumino- cerrado numa agonia anunciada. Fraquejo. Com toda clamor dessas árvores cerratenses pode sentir, como
sa e exasperada da floração. Nem meus olhos, nem minha escolaridade de pena e sofrimento coloco-me um epílogo cantante da sinfonia vegetal, o estuar si-
meus sentimentos, nem meu possível coração e seus de joelhos frente a esta divindade singela. Deploro e multâneo da flor carmim do cega-machado e aquelas
estigmas pode suportar a abundância da beleza der- me ponho a carpir, não os que hoje florescem, mas desenhadas em cabeleiras de amarelo sépia do feijão
ramada na luminosa paleta do cerrado. Chega a ser aqueles que não nascerão e não serão admitidos no cru. Desapercebidas entre outras árvores, insignifi-
injustiça, ou divina covardia. Como suportar o ipê dia possível de florescer. Bastaria minha lágrima, cantes durante todo o ano na paisagem, num repen-
roxo, de mística chaga, estender o seu quaresmal pá- meu suspirar de pobre palavra e muita pena, não te, exibem seu estandarte de flores, num ritual que
lio sobre a mata decídua? Quer doer para além dos fosse a sucessão alvinitente das copas nevadas dos nasce e corre pelas seivas, desde as profundas raí-
olhos. Pobre e estreito olhar. Quer ficar, passageiro, ipês brancos. Benzem, angelicais e núbeis, cerros ás- zes. Nelas não são galhos, mais subterrâneos nervos
denso na lembrança. E quando vai espalhando no peros, cerrados avermelhados, chãos calcinados de e raízes que florescem. Pondero que essas flores são
vento suas últimas pétalas bailarinas, parece pro- concreto e alcatrão. Apenas genuflexo, rente à terá, milagres fugidios. Ambicioso, talvez egoísta, anseio
vocação, um desafio ao irmão de juba amarela que pode-se olhar, chamar e recolher este esplendor de estar aqui ainda no próximo agosto, contradizendo a
vocação de morte que escurece o mundo. Virei para
celebrar esse milagre estupendo que, descuidados,
ímpios deuses deixaram, perdulários, se espalhar em
desperdício de luz pelo cerrado.
JULHO / AGOSTO – 2021 JORNAL DA AGML 15

galeria poética

BRASEIRO,
CANTEIRO!
Adilson Zotovici | Colaborador

Isolada a brasa ardendo


Das afins do fogareiro
Vai sua chama enfraquecendo As demais então fervendo
Carvão frio, enfim, ligeiro ! Em comunhão, mais braseiro, ÁGUA
Da união fulcral sustendo Getulio Targino Lima
Cadeira nº 13
Calor vital rotineiro
Seres humanos Se poluís o ar
Aviva a brasa fenecendo Vós sois feitos Com todo tipo
O responsável fogueiro De dois terços de água. De gases e fumaça,
Furtiva, reascendendo E o vosso planeta Lembrai-vos, por favor,
Também. Que o tempo passa,
Vigilante ao livre pedreiro Vê-se que sou essência, Reservatório seca,
Bom Venerável prevendo Não apenas complemento A fruta peca.
Torna o hesitante ao canteiro! Do momento,
Muito aquém, Sou do céu,
Muito além... Sou da terra,
Mas não me conservais.
Sou uma gota Sabei que, um dia,
Ou sou um vagalhão. Eu já não serei mais.
Sou a chuva mansa E buscareis
Ou sou a tempestade, Da poeira no turbilhão
À vossa mão. A gota
À BEIRA DO LAGO Sou a v ida Reluzente
Castro Filho | Cadeira nº 14 Ou a morte. Que tivestes à mão,
A desventura ou sorte: À vida inteira!
Trago versos livres, soltos, De canoa ou até no braço, Só depende de vós.
Alguns, nem mesmo são rimados, O que eu não posso é esperar. Sou a vida
Outros, de sete, oito sílabas, Do outro lado, está meu bem, Se desvestis da terra E a morte,
Em regra, sempre alternados, Olhos verdes, boca pequena, O manto sagrado A perdição
Das florestas Ou o norte.
Vem até metrificados. Lindo sorriso também. E das margens Se me expulsais,
Quero ver a minha querida, Perder tempo é o que eu não quero, Das correntes Com vossas atitudes,
De olhar brilhante, não vago, Preciso já atravessar, As árvores frondosas, Eu irei
Que reside do outro lado Senão logo me desespero. Que quereis? E ficareis a sós...
Vou– me embora. E o deserto será
Deste belo, lindo lago. Perder a calma, isso não!... Vosso sinal
Por isso, é que aqui estou, Ah, enfim, chegou o canoeiro, De que o bem
Firme, é a coragem que trago, Toda angústia foi em vão, Foi vencido pelo mal!
Já pronto para atravessar Enfim, eis aí a condução!
16 JORNAL DA AGML JULHO / AGOSTO – 2021

artigo
Membro fundador da Academia Cearense
RUMO AO BICENTENÁRIO de Literatura Popular, e correspondente das
Academias Maçonicas de Letras da Bahia
DA INDEPENDÊNCIA E DO GOB e de Mogi das Cruzes

Hélio Pereira Leite | Colaborador

O
ano de 2022 será um ano que marcará o fim de general Joaquim Xavier Curado, o coronel Luís Pereira Geral, Soberano Irmão Múcio Bonifácio Guimarães,
um tempo, um tempo de 200 anos e o início de da Nobrega de Sousa Coutinho e o Brigadeiro Joaquim que vem em sua gestão demonstrando ser um esta-
um novo tempo, um novo centenário, que será de Oliveira Alves, convocaram seus subordinados dista e acima de tudo um pacificador, em face de suas
iniciado no Grande Oriente do Brasil e em nosso país para apoiarem o Príncipe Regente. atitudes na busca de uma união maior entre as Potên-
como Estado independente. Será um ano de grandes [...] cias Maçônicas sediadas em nosso país, consideradas
comemorações, tanto no âmbito maçônico como na so- No livro Maçônico do Centenário, lançado pelo Gran- e reconhecidas pela Grande Loja Unida da Inglaterra
ciedade brasileira. O Grande Oriente do Brasil surgiu de Oriente do Brasil, em 1922, em comemoração ao seu – a Loja Mãe da maçonaria Universal, e também por
no dia 17 de junho de 1882, fundado por três Lojas: a primeiro centenário, consta uma lista de Maçons Notá- várias outras Grandes Lojas estrangeiras.
Loja Comércio e Artes, União e Tranquilidade e Espe- veis que foram maçons, os quais exerceram posições de No âmbito interno o nosso soberano Irmão Múcio
rança de Niterói, com sede na cidade do Rio de Janeiro, relevo na história do Brasil, com destaque para os maçons Bonifácio vem desenvolvendo ações de longo alcance
então capital do Brasil. militares, tais como: – Amynthas José Jorge – Almirante; nas diversas áreas de atividades de nossa Federação
A Loja Comércio e Artes, simbolizando a Idade do Eduardo Wandenkolk – Almirante, chefe do Estado maçônica, com destaque para as áreas da Educação e
Ouro. A Loja União e Tranquilidade, representando as Maior da Armada; – Eduardo Ernesto Midosi – Almi- Cultura, da comunicação social, do planejamento, no
palavras de D. Pedro à varanda do paço, em 9 de janei- rante; – Francisco José Cardoso Junior – Marechal; – apoio constante aos Grão-Mestrados Estaduais e do
ro de 1822 e a Loja Esperança de Niterói, simbolizando Gregório Thaumaturgo de Azevedo – General; – Gomes Distrito Federal, bem como no bom relacionamento
a projetada emancipação do reino americano. Carneiro – General; – Henrique Valladares – General; com os poderes Legislativo e Judiciário do GOB, e com
As três primeiras diretorias destas Lojas contaram – Hermes Rodrigues da Fonseca – Marechal, 8º Presi- grande ênfase para as ações paramaçônicas – Fraterni-
com a participação de maçons militares, entre eles o dente do Brasil; – Innocencio Serzedelho Corrêa – Ge- dade Feminina Cruzeiro do Sul, Ação Paramaçônica
brigadeiro Domingos Alves Branco Muniz Barreto, neral; – José de Barros Lima – capitão; – José Mariano de Juvenil, De Molays.
João Mendes Viana, Pedro José da Costa Barros. Albuquerque – Tenente; – Joaquim José Ignácio – Almi- No âmbito externo nacional, nosso atual Grão Mes-
Na Loja Comércio e Artes, o brigadeiro Domingos rante; – José Pedro da Costa Barros – Coronel; – José Pro- tre Geral tem dedicado especial atenção as nossas re-
Alves Branco Muniz Barreto foi eleito Secretário. Este cópio Menna Barreto – General; – Lauro Sodré – gene- lações com Potências Maçônicas regulares nacionais,
irmão ao ser iniciado adotou o nome simbólico de “Só- ral; – Lauro Severino Muller – General; – Luiz Alves de ampliando e celebrando tratados de reconhecimento
lon”. Ele aparece no cenário maçônico como sendo o Lima e Silva – Duque de Caxias; – Manoel Deodoro da e amizade com Grandes Lojas Estaduais e com Gran-
autor da proposta, apresentada numa reunião da Loja Fonseca – Generalíssimo; – Manoel Luiz Osório – Gene- des Orientes confederados, que permitiram a volta
Comércio e Artes, em 1822, oferecendo a D. Pedro o ral; – Ticiano Daemon – coronel do Exército; – Thomaz plena da intervisitação de irmãos dessas potências as
título de “Defensor Perpétuo do Brasil”. Cavalvante de Albuquerque – General; – Verissimo José nossas Lojas federadas ao GOB, restabelecendo com
[...] da Costa – Almirante; – Augusto Leverger – Barão de isso o direito de visitação, previsto em um de nossos
A Carta Régia de 15 de abril de 1801, assinada pelo Melgaço – Oficial de Marinha e geógrafo; – Benjamin Landmarks.
príncipe Regente D. João, criou a Cadeira de Metalurgia Constant Botelho Magalhães – general. Nas Relações Exteriores, vem ele ampliando a
na Universidade de Coimbra para entregá-la a José Bo- participação do GOB junto a potências maçônicas es-
nifácio e quase que simultaneamente foi nomeado para trangeiras, bem como junto a CMI, além de estar cons-
outros cargos – o de Intendente Geral das Minas e dos tantemente nomeando seus Grandes Representantes
Metais do Reino, o de Administrador das Minas de Car- junto as potências sediadas em outros países, com
vão e Pedras de Buarcos, o de Administrador das antigas quem mantém o GOB tratados de reconhecimento e de
fundições de ferro de Figueiró dos Vinhos e Avellar, o de amizade, bem como aceitando e credenciando Gran-
Diretor do Real Laboratório da Casa da Moeda de Lisboa. des Representantes de potências amigas devidamente
Sua fama atravessaria as fronteiras de Portugal. acreditados entre nós.
Convidado pelo Príncipe Real da Dinamarca para Tudo isso nos leva a crê que é chegado o momento
exercer o cargo de Inspetor das Minas da Noruega, do nosso Grão-Mestre Geral, soberano irmão Bonifá-
preferiu ficar em Portugal para lutar contras as tropas cio estreitar e fortalecer os laços que unem o Grande
francesas. Assume então o posto de major, logo depois Oriente do Brasil e as nossas Forças Armadas, em par-
Tenente Coronel e comandante do animoso e devotado ticular com o nosso Exército Nacional, notadamente na
batalhão, conforme informa Latino Coelho. Ou seja, o preparação para os festejos de nosso bicentenário e do
nosso primeiro Grão-Mestre Geral em determinado bicentenário de nossa Independência.
momento de sua brilhante trajetória como cientista e Também é chegada a hora do Grande Oriente do
político exerceu funções militares. Brasil ser reconhecido oficialmente pelas nossas Forças
D. Pedro I, nosso segundo Grão-Mestre Geral, em- Armadas, pelos Poderes da República Brasileira, como
bora por curto período, uma vez que foi aclamado e a instituição que foi criada com o objetivo maior de
aprovado para este cargo em sessão do GOB realizada lutar pela Independência do Brasil, a qual foi forjada
em 22 de agosto, porém só tomou posse em 4 de outu- no interior de seus Templos; que lutou pela libertação
bro e até 25 do mesmo mês do ano de 1822, quando de- da escravatura e pela Proclamação da República, e
terminou o fechamento do Grande Oriente do Brasil, que desde 1822 e até os dias atuais vem trabalhando
que só retornou as suas atividades em 23 de novembro em prol do progresso de nosso país, por intermédio
de 1831 tendo a frente José Bonifácio de Andrade e Sil- de suas lojas federadas, espalhadas pelo território na-
va, foi o criador de nossas forças armadas. Vale registrar que o Brasil foi presidido pelos se- cional, onde militam cidadãos de bem, com destaque
O Príncipe Regente D. Pedro resolveu ficar no guintes maçons: – Manoel Deodoro da Fonseca – 1º social em várias áreas daz atividades civil e militar.
Brasil, decisão esta tomada no dia 9 de janeiro de Presidente da República do Brasil; – Floriano Vieira Portanto, é tempo de construir um novo tempo, en-
1822, que ficou chamado historicamente o Dia do Peixoto – 2º Presidente da República do Brasil; – Pru- tre o Grande Oriente do Brasil e o nosso Exército Na-
Fico. Porém o general Jorge Avilez, comandante da dente José de Moraes Barros – 3º Presidente da Re- cional, que tem como Patrono Duque de Caxias, con-
Divisão Auxiliadora – formada pelos 11º e 15º Bata- pública do Brasil; – Campos Sales – 4º Presidente da siderado o Pacificador, reconhecido como Grão-Mestre
lhões de Infantaria, o 3º de Caçadores e o 4º de Infan- República do Brasil; – Nilo Procópio Peçanha – 7º Pre- Geral Honorário do Grande Oriente do Brasil, maçom
taria, sediados no Rio de Janeiro se insurgiu contra sidente da República do Brasil; – Hermes Rodrigues da este que conduziu outros maçons militares na luta pela
esta decisão do príncipe, apresentando com apoio Fonseca – 8º Presidente da República do Brasil; – Wen- manutenção de nossa unidade territorial, tanto nas ba-
dos oficiais da Divisão Auxiliadora, ao príncipe, uma ceslau Bras Pereira Gomes – 9º Presidente da República talhas internas, como nas guerras em que o Brasil se viu
representação requerendo a qualificação daqueles do Brasil; – Delfim Moreira – 10ª Presidente da Repú- envolvido com países vizinhos, no século XIX, que per-
que solicitavam sua permanência no Brasil. Porém blica do Brasil; – Washington Luís Pereira de Souza – mitiram manter preservado o nosso Brasil continental.
o príncipe recusou a solicitação do Comandante de 13º Presidente da República do Brasil; – João Fernandes Em nosso passado D. Pedro I deu o Grito de Ypiran-
Armas da Corte e da Província. Campos Café Filho – 21º Presidente da República do ga, Marechal Deodoro da Fonseca proclamou a Repúbli-
Jorge Avilez pediu demissão do cargo que ocupa- Brasil; – Nereu de Oliveira Ramos – 23º Presidente da ca, o nosso Soberano Irmão Múcio Bonifácio Guimarães
va, em 11 de janeiro de 1822, ocasionando com isso República do Brasil; – Jânio da Silva Quadros – 25º Pre- sancionou a pacificação na Maçonaria Brasileira, e nós
uma grande agitação no Rio de Janeiro, o que já era sidente da República do Brasil; e – Michel Temer – 37º maçons – civis e militares – devemos , por oportuno,
esperado, razão porque o príncipe e as forças que lhe Presidente da República do Brasil. gritar a plenos pulmões: LIBERDADE – LIBERDADE –
eram leais foram imediatamente mobilizadas, tendo a [...] LIBERDADE, na expressão maior da palavra e em todos
frente o general Xavier Curado. O Grande Oriente do Brasil, chega, portanto, as os seus sentidos, por um Brasil forte e soberano.
Não satisfeito, o general Avilez arquitetou um au- portas das comemorações de seu bicentenário, condu- (Excerto de texto adaptado da Revista CMI, Julho 2021,
dacioso plano de sequestro de Dom Pedro. Contudo, o zido por um maçom conservador – nosso Grão-Mestre cujo conteúdo completo é encontrado no site: http://agml.com.br/).
JULHO / AGOSTO – 2021 JORNAL DA AGML 17

reflexão Participar e viver estes momentos para os quais


somos chamados principalmente em Família e cons-
cientes que está é à base de uma sociedade que muda-
O CANDIDATO MAÇOM rá somente com o envolvimento de pessoas melhores
e que por isto vivemos e trabalhamos. Acompanhan-
do os filhos, os netos, na escola de ensino fundamen-
Hamilton Rios de Araújo | Cadeira nº 37 tal, médio ou superior é uma missão Divina, dando-
-lhes o exemplo para que espelhem em nós, são eles
“Estamos aqui para fazer alguma diferença no univer- nossos reflexos na sociedade, temos que ensiná-los,
so. Se não, por que estar aqui?” Steve Jobs. educá-los, prepará-los para a vida, ensinando-os a

C
respeitar a vida, o meio ambiente, o direito de todos,
erto domingo numa manha ensolarada de céu em especial, devemos ensiná-los a honestidade, a no-
azul, andando com meu neto Felipe no auge dos ção do certo e errado, não apenas com palavras, mas
seus treze para quatorze anos de idade, num dos com atos e exemplos.
lugares mais lindo dessa encantadora cidade de Goiâ- A verdadeira beleza está nos atos que praticamos
nia, “Parque Vaca Brava”, Felipe pré-adolescente irra- durante a caminhada para a busca das coisas que de-
diante pelo momento harmônico de vida, esperançoso sejamos alcançar. Todos os nossos atos devem ter uma
e confiante na busca de um futuro, indefinido, mas Posteriormente refletindo na proposta, me pergun- significativa dose de beleza, porque só assim estare-
cheio de oportunidades, lançou-me um desafio que tei: Eu espelho para meu neto? Por quê? O que fiz para mos cumprindo nossa missão existencial. Em nos-
muito me sensibilizou e encantou meu coração. merecer imensa honra? sa existência, a beleza está em conjugarmos todos os
Disse-me Ele com toda firmeza: Vovô! Vou passar no Esta reflexão me remeteu ao passado e em especial verbos na primeira pessoal do plural, “nós”, porque a
vestibular da primeira vez e quero que você rape o cabelo à minha decisão de buscar a jornada de crescimento primeira pessoa do singular apenas divide o grupo, a
ficando careca junto comigo neste momento importante individual e interior através da Ordem Maçônica com loja, a família.
da minha vida, pois você e meu pai são o meu espelho a difícil missão de melhorar o mundo, ser feliz tornan- Então, Eu Candidato a esta maravilhosa Ordem
de vida. Pai de Felipe, Ronaldo Gardon, escolhido por do todos felizes, porque todos felizes o mundo será um tomei a decisão com firmeza e na certeza que queria
minha filha Tatiana através do amor, também é maçom. paraíso e isto só depende de nós. Aceitei o convite para ser maçom. Hoje reconheço e tenho a honra de afir-
Dê imediato aceitei o desafio do meu neto primogê- ingressar em nossa maravilhosa Ordem Maçônico mar que sou um aprendiz melhorado, tenho muito
nito, vi naquele momento a grandeza da proposta e a convicto de que seria uma oportunidade que por mim, que crescer e evoluir, mas todos os dias rogo ao Gran-
satisfação da realização de uma prova desafiadora, por bem trabalhada, todos deveriam ser favorecidos, mi- de Arquiteto do Universo que me mostre o caminho,
ele proposta, com realizações pessoas que muito nos nha família, meus amigos e principalmente as pessoas dando-me a oportunidade de exercitar a paciência, a
engrandece e nos realiza, ou melhor, todos ganhariam que entrassem no meu conviveu buscando em mim, humildade, a tolerância, e principalmente o amor ao
com o êxito naquele objetivo alcançado. resultados que fossem bons para todos. próximo.

ciência & saúde e o deixa vulnerável para doenças neurodegenerati-


vas, como o Alzheimer.
Tendo esta preocupação, a literatura traz boas es-
DORMIR POUCO PODE LEVAR À DEMÊNCIA tratégias que podem favorecer um sono mais tranqui-
lo. Hábitos podem ser introduzimos à rotina notur-
na, conheça alguns deles: • Mantenha uma rotina de
Bráulio Brasil | Colaborador, Fisioterapeuta Intensivista sono e vá para a cama na mesma hora todas as noites,

A
incluindo fins de semana; • Evitar televisão, telefo-
insônia, a perambulação noturna, a sonolên- em comparação com indivíduos que dormiam pelo ne, computador e aparelhos eletrônicos pelo menos
cia e lentidão no raciocínio diurna são comuns menos sete horas por noite. meia hora antes de nos deitarmos; • Pratique leitura
em pessoas portadoras do mal de Alzheimer, Outro ponto de discussão, é a curta duração do antes de dormir; • Não fazer refeição pesada na hora
bem como outros distúrbios cognitivos. Segundo a sono persistente em pessoas entre 50, 60 e 70 anos do jantar; • Praticar atividades físicas durante o dia;
Revista Nature Communications deste ano, se você também foi associada a um risco maior de demên- •Evitar ingerir alimentos ou bebidas que contenham
dorme cerca de seis horas ou menos por noite, está cia em 30%, independentemente de fatores de saúde cafeínas ou estimulantes.
preparando seu cérebro para falhas no futuro. mental e a depressão. Muito importante o sono ser reparador, seu dia
Neste estudo foi acompanhado quase 8 (oito) Fica o alerta para os distúrbios do sono neste ganha força e vigor. Evitando assim, riscos de doen-
mil pessoas por 25 anos, onde encontrou um risco mundo em que vivemos, talvez seja simplesmente ças como hipertensão arterial, obesidade e depres-
maior de demência em pessoas que tinham duração um sinal precoce da demência que está por vir, mas são, além de proteger contra o declínio cognitivo
do sono de seis horas ou menos aos 50 e 60 anos, o um sono insatisfatório não seja bom para o cérebro relacionado às demências. Cuide-se!

urgentemente com um plano consistente de ações


opinião efetivas, mesmo que micro, para serem realizadas
no pós-pandemia, isso é mais que um compromisso
de solidariedade entre nós, para o fortalecimento da
A RETOMADA instituição.
Para fazer frente a esse desafio, consideramos que
tais iniciativas sejam novamente ressignificadas e, ga-
Guilherme Freire Fonseca | Colaborador nham forças e vigor, porque possuímos uma capaci-
dade imensurável de realizar ações sociais concretas,
O que é uma retomada? ... voltar a tomar; resgatar, read- realidade que ultrapassa todas as convicções e possí- dentre outras, que unam todos os setores, tanto públi-
quirir ou voltar a ter; prosseguir, seguir ou dar segui- veis complexidades, ou seja, urge na maçonaria uma cos quanto privados, em prol de pessoas com vulnera-
mento a algo que foi interrompido; realizar ou praticar ressignificação dos processos e procedimentos quanto bilidade social. Somos formadores de opinião, além de
outra vez; reassumir ou voltar a ocupar uma posição; ao enfrentamento para que voltemos às atividades e, termos a oportunidade de propormos articulações que
regressar à condição ou ao padrão anterior... tomem força e vigor, além, de ganhar o reconhecimen- vão ao encontro de políticas sociais.
to da sociedade, daquele homem forte, que busca sem- Por fim, não podemos permanecer na inércia, fi-
A “Retomada” é a ação de recomeçar ou tomar algo pre ouvir os ensinamentos harmoniosos de superação carmos meio que de braços cruzados observando o
de volta com dinamicidade, mesmo diante de cenários que suplantam toda confusão, em virtude da necessi- tempo passar. Afinal precisamos sim, olhar com cui-
imprecisos, instáveis em tempos pandêmicos, a Reto- dade de reavivar a sociedade maçônica com energias dado para o que a realidade apresenta e, convergir
mada na Maçonaria passa ser um período de enfrenta- benfazejas, para iluminar e proteger cada espaço na com segurança, serenidade para adequar o mais rá-
mentos que necessitamos de fazer pontes para estreitar maçonaria. pido possível os espaços maçônicos e fazer essa Reto-
os distanciamentos que, por ventura, ainda existam no Nessa perspectiva, está mais do que na hora de mada urgente em alto estilo, com brilhantismo de um
seio maçônico. Por isso, todo cuidado é pouco, porém, evidarmos esforços na maçonaria para a construção Grande Maçon.
é uma trajetória que necessitamos percorrer para nos coletiva de estratégias, que viabilizem a retomada A Retomada marca o retorno, depois de quase dois
reafirmamos ou é, uma reafirmação que paulatina- com maior efetividade das atividades no meio maçô- anos de distanciamento silencioso e com viés virtual.
mente iremos reconquistando em cada superação dos nico, bem como, aquelas atividades desenvolvidas e Precisamos romper, pois o tempo não parou. Porque a
desafios que, por ventura ocorrerão. promovidas pelas Lojas com a participação de toda Retomada vai nos transportar para o nosso verdadeiro
Embora, como em todo mundo, em infinitas ins- família maçônica, que possuem alcance para além mundo de encontros, que nos lapida todos os dias, aco-
tituições governamentais e não governamentais exis- da maçonaria, chegando às comunidades mais vul- lhe do jeito que somos, dotados de liberdade, igualda-
tentes, a retomada pós-pandemia na maçonaria é uma neráveis da sociedade, ou seja, precisamos retomar de e fraternidade com responsabilidade e segurança.
18 JORNAL DA AGML JULHO / AGOSTO – 2021

política
POLÍTICA DO CONVENCIMENTO Extremos
que desconstroem
Marcus David Cavalcante | Colaborador
Para todos que acham que devemos evitar o assunto e feio, de sagrado e profano e por aí em diante. Nesse sitórias, e nesse ponto não há a necessidade de uma
política, na verdade devemos ampliar nossos entendi- tempo de formação, não deveria mas acontece muito, transformação de todo o entendimento das vivências
mentos e percepções. a pluralidade é vendida muito como conceito e pouco de um indivíduo, de ressignificação, o convencimento

O
como cultura, o que explica o fato de muitas pessoas se dá em espaço de tempo e envolvimento menores e
assunto é política, mais precisamente a pola- entenderem-se como pluralistas mas se comportarem mais simplórios. O convencimento é uma tentativa me-
rização doentia que tem tomado de conta dos como sectaristas, e o pior de tudo, pautando seu secta- nos elaborada que a conversão, esta segunda demanda
discursos em todo o Brasil, um comportamento rismo como o verdadeiro pluralismo e entendendo o maior conhecimento de aspectos diferentes da vida do
temeroso e infelizmente recorrente e que tem toma- plural e diverso como variante mentirosa e enganosa indivíduo, enquanto o convencer só exige um poder
do força bilateralmente para prejuízo da democracia. daqueles que não compactuam com seu modo de en- de argumentação mais convincente e adequado para
Adianto que para formular meu pensamento faço um xergar o mundo e a vida. cada caso. Exatamente, melhor formulando podemos
passeio também sobre o comportamento do homem A religião é em síntese a ligação entre o homem e afirmar que o argumento convence mas não converte,
com relação às muitas e diferentes religiões do mun- uma entidade sobre-humana, uma divindade podero- para haver uma conversão é necessário o abandono do
do, campeando os entendimentos sobre o convencer e sa que atua desde a criação do homem, e que cuja cria- argumento puro e simples para o assumir a postura de
o converter para explicar o cancro comportamental-i- ção deve para consigo, em forma de reconhecimento e envolvimento do todo da vida daquele a quem se quer
deo-emocional que tem afligido nossa nação. gratidão, seja pelos feitos mais primitivos e originários converter, e assim através do respeito às experiências
Os pensamentos políticos no Brasil são os mais di- ou por benesses vindouras, adoração e culto durante de vida deste, aos poucos inserir novas percepções e
versos possíveis, e seguem uma tendência secular de toda sua existência na condição de humano, para então posturas diante da vida.
delimitação do ideal político, uma forma de dar nome poder fazer jus ao regalo do que essa divindade pode Para convencer alguém existem técnicas que en-
ao estilo de pensamento no sentido de fortalecer essa lhe oferecer na vida após morte. Essa relação entre ho- sinam as pessoas na prática da persuasão, modelos
ou aquela corrente de ideias. As denominações es- mem e deuses é uma necessidade primitiva da vida de construção dos argumentos e formas de encaixe e
querda e direita não traduzem limitações específicas humana, posto que não temos de fato uma explicação utilização do argumento no discurso, de maneira que
do pensamento político, elas tentam cercar modelos tácita e definitiva para questões como a origem da o interlocutor se envolve em um jogo de confiança e
e posturas de certos indivíduos mais não conseguem vida, ou mesmo de seu sentido maior. É fácil, mesmo observação a respeito do tema abordado. Agora caro
abarcar o todo da formação e do ideário político deste para um cristão como eu, entender que as religiões são leitor, peço especial atenção, para converter alguém,
mesmo ser. É possível, por exemplo, uma pessoa ter muitas e cada qual obedece às construções culturais seja no campo religioso ou político é demandado um
uma orientação política de direita em alguns temas e dos espaços aonde elas estão inseridas, e os deuses, cuidado, zelo e até amor maior ao objeto de sua aspira-
em outros ter sua visão mais próxima das demandas mesmo que com histórias um tanto diferentes em al- ção. Não se converte pelo convencimento, se converte
conceituais de esquerda. Um conservador pode muito guns aspectos, muito parecidas em outros, terminam pela transformação, pelo exemplo de vida que instiga
bem, sem abrir mão de seu ideal de defesa das institui- por serem também elaborações que partem do imagi- o desejo do outro em ser igual, e para transformar, con-
ções, ser adepto de programas sociais que contemplem nário oral e ou literário dos religiosos incumbidos de verter, é necessário que o seu interlocutor perceba em
minorias de maneira justa e visando uma construção proliferar suas crenças pelo espaço de terra mais lon- você alguém de extrema confiança e cuja postura de
positiva de políticas mais coletivas e duradouras, as- gínquo possível. Sim, estes deuses, acreditamos nós os vida seja almejada e aceita. Para converter é necessá-
sim como um democrata pode aceitar, sem lançar fora submissos a qualquer um deles, nos proporcionam ex- rio também aceitar, é mister que os envolvidos estejam
sua convicção, o entendimento da importância de ma- periências metafísicas que justificam a nossa adoração, dispostos a compartilhar e convergir pensamentos,
nutenção das instituições pilares de uma sociedade a nossa devoção, louvor e respeito no campo do sagra- é uma relação de troca de experiências no ouvir, no
para um progresso mais consolidado e forte. do, e assim nos impelem a querer que outras pessoas ver e no falar, é uma verdadeira compreensão das con-
A formação religiosa de uma pessoa passa por a quem queremos bem tenham o mesmo nível de ex- dições do outro e o entendimento de que ele pode se
inúmeras circunstâncias que não são necessariamente periência que temos dentro de nossas religiões, e nes- adequar ao modelo de pensamento que é característico
religiosas, mas que interferem na formação dos indi- se momento esquecemos um pouco dos aspectos de seu. Para converter é importante entender que, mais
víduos. A história de vida de uma pessoa religiosa ex- formação do indivíduo que explica o porquê de outras que necessário, condição sine qua non é o amor amigo,
plica muito bem as suas convicções religiosas e mostra pessoas dedicarem suas existências a deuses diferen- a presença de espírito que permita fluir entre ambos a
que ela é o resultado de um apanhado de acontecimen- tes do nosso. Uma das aspirações religiosas é a difusão transformação por completa de um em razão de todo o
tos que convergiram naquele modelo de pensamento, e da fé para a redenção do maior número de humanos processo trabalhado pelo outro.
que ao se adequar ela deu demonstrações de conformi- que se puder alcançar, e para isso se faz necessário um Entre o convencer e o converter há uma distância
dade com aquele estilo de construção religiosa. trabalho de conversão e posterior educação dos neófi- que justifica a doentia e constante relação dos indiví-
Cada pessoa desenvolve ao longo de seu cresci- tos dentro da doutrina religiosa. A conversão é em sua duos com a política nos dias atuais, no convencimento
mento uma personalidade, e esta conta com interferên- essência uma mudança completa de posicionamento, não existe sinergia e sim uma tentativa desesperada de
cias de outras pessoas que, em sua maioria mas não tomada de sentido oposto, transformação completa de se mostrar na razão, e ambos os lados trabalham com
todas, estão imbuídas na missão de educar, trabalhar todo um ideário, é uma troca consciente e voluntária a mesma força e intenção, gerando um conflito certo e
modelos de elaboração do caráter do indivíduo a partir de perspectivas e do próprio direcionamento de ideias. doloroso que faz sangrar em fluxo contínuo a nossa de-
de suas próprias experiências, tentando formar novos Na religião como na política o processo de conquis- mocracia. Não me convenço dos argumentos raivosos
seres pensantes que trabalhem dentro de seus mesmos ta de novos adeptos se dá pelo mesmo meio, e não há dos insanos, não me converto pois tenho, tanto minha
modelos para a construção de um ambiente salutar como ser diferente, o que explica um tanto dos males fé em Cristo como minha convicção política conserva-
ao coletivo do qual eles fazem parte. No tocante ao que tem atingido nossa sociedade no campo das ideias dora, bem consolidados e fundamentados, porém amo
convívio social é saudável pensar que a pluralidade é políticas, uma avalanche de tentativas e erros de con- o meu igual budista, hinduísta, umbandista, candom-
uma realidade, tendo em vista que as circunstâncias vencimento que alimentam a raiva temporária como blecista, espiritualista, de esquerda convergente ou
de construção de vida de um indivíduo podem dife- reação a um fato ao ponto de a raiva se transformar em não, direita divergente ou partícipe de minha visão,
rir bastante das circunstâncias de construção de vida um ódio cabal decorrente de inúmeras e repetidas ten- de centro, negro, branco, índio ou pardo, homo, hetero
de outro que não teve os mesmos modelos durante a tativas e erros de convencimento. Convencer é tentar ou trans todo e qualquer ser que respeite e labute pelo
formação de sua personalidade, de seu pensamento persuadir alguém a aceitar algo, uma atitude muito co- bem da humanidade, e em meu amor está o respeito
crítico, de suas percepções de certo e errado, de belo mum em situações de convivência mais simples e tran- pela forma destes de pensar...

Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve
comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas
vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de
que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida.
Foi o apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você es-
perava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer
é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também.
Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso.
CLARICE LISPECTOR
JULHO / AGOSTO – 2021 JORNAL DA AGML 19

reflexão
A MÃO INVISÍVEL Presidente da Poderosa Assembleia Legislativa
Maçônica do do Grande Oriente do Brasil-Goiás
Wagner Luiz de Oliveira Filho | Colaborador

D
izem os mais sábios que o Templo é apenas bilidade e seguimos em frente, mesmo tendo que es- Uma Loja Maçônica não é só cargo, colar e aven-
um amontoado de tijolos que, se não cuida- culpir nossas falhas pessoais. tal, ela é o trabalho conjunto dos Irmãos, que unidos
do, o tempo vai desgastá-lo e consumi-lo, A evolução do mundo nos permitiu reunirmos em edificaram milhares de asilos e creches, providenciou
que o verdadeiro templo é edificado no iniciado lojas, onde o convívio direto com virtudes e defeitos nos e lutou por amparo a doentes, construiu casa para de-
quandoeste busca a prevalência do espírito sobre obriga a crescer e a ajudar no crescimento de outrem. A sabrigados, que alimentou milhares de desamparados
a matéria. Loja nos propicia um ambiente único onde a verdade e auxiliou inúmeros irmãos e famílias.
O Homem que é reconhecido maçom busca o aper- prospera e a intolerância e indiferença são sepultadas O quão órfão estão nossas cidades por falta da nos-
feiçoamento moral, intelectual e social da humanidade em todo nosso aprendizado e aperfeiçoamento. sa fiscalização ou apoio, nossas crianças e velhos, por
por meio do cumprimento inflexível do dever, da pra- Mas estamos em retrocesso, não há mais Loja e o falta de cuidado e em nossos próprios Irmãos, que sem
tica desinteressada da beneficência e da investigação templo que em nós é edificado, por meio do malho nossa união se fragilizam, sozinhos e sem aparo.
constante da verdade. que fere nossa imperfeição, está escondido no medo A Loja é a mão invisível de nossa sociedade, que
São estes os primeiros ensinamentos de nossa lei e na indiferença que reluta em existir. Escondidos sem alarde ou propaganda, sem exigir reconhecimen-
maior, os quais alguns ainda não conseguiram assimi- não podem mais aprender, pois perde-se o exemplo, to e sem impor conceitos ou dogmas está lutando em
lar, mas que fomos obrigados a conhecer antes mesmo a iniciativa, não há trabalho e aos poucos se apaga a todos os lugares pela dignidade, pela Liberdade e pela
de sermos recebidos, quando aceitamos esta responsa- fraternidade. Igualdade através da Fraternidade.

para organizar o trabalho agrícola. Surgem os cultos


tempo de estudo solares, sendo o Sol proclamado fonte de calor e luz, rei
dos céus e soberano dos mundos, com influência mar-
cante sobre as regiões e crenças posteriores da huma-
SÃO JOÃO, NOSSO PADROEIRO nidade. Antigas civilizações imaginavam os solstícios
como aberturas opostas do céu, como portas, onde o
sol entrava e saía. No panteão romano, o deus Janus
Airton Batista de Andrade | Cadeira nº 26 personificou esse conceito. Esse deus presidia todos
os começos, as iniciações, e em particular o ingresso
“O pensamento que vem dos olhos fecha o entendimento, mas o pensamento que vem do entendi- do sol nos hemisférios celestes. Guardava as portas do
mento abre os olhos!” céu. Seu próprio nome deriva de Janua, palavra latina

N
que significa porta. Janus era um deus bicéfalo, com
a abertura e fechamento dos trabalhos maçôni- As festas mais importantes do mitraismo tinham, faces opostas, simbolizando a tradição de olhar para o
cos é evocado o nome de São João, onde o Ven.: geralmente, a duração de 3 dias e a comemoração sols- passado e para o futuro. Tradicionalmente, tanto para
M.: no Oriente, após cumpridas as formalidade ticial de inverno no hemisfério norte, e dedicada a São os ocidentais como para os orientais, o solstício de
de praxe,... “em honra a São João, nosso padroeiro”... João Evangelista, culminava no dia 27, passando des- Câncer, alusivo a São João Batista é a porta cruzada
declara aberta a Loja a qual preside, e no encerramento, sa forma pela data do nascimento de Cristo a 25 de pelas almas mortais, e por isso, chamada de “Portas
o 1° Vig.:, no Ocidente, também o evoca pronunciando dezembro. Assim, enquanto os pagãos festejam seus dos Homens”, enquanto o solstício de Capricórnio,
a frase... “em nome do G.: A.: D.: U.: e de São João, deuses , os cristãos festejam os seus santos, e as datas alusivo a São João Evangelista, é a porta cruzada pe-
nosso padroeiro, está fechada esta Loja...” solsticiais 24 de junho e 27 de dezembro, respectiva- las almas imortais, e por isso denominada “Porta dos
A referência é padroeiro e não patrono, o que se- mente, são consagradas a São João Batista (solstício Deuses”. Para os egípcios essas passagens eram consa-
gundo Di Lorenzzo a etimologia dos termos se equiva- de inverno no hemisfério sul) e a São João Evange- gradas aos Deuses Anúbis e Hermes, encarregados de
lem “tudo vem de pai, protetor, defensor, mas sabe-se, lista (solstício de verão no hemisfério sul), receben- conduzir as almas ao mundo extraterreno.
o padroeiro é o pai espiritual, que nos assiste do alto, do da Maçonaria apenas o nome de São João — “em São João Batista, teve tão grande poder em vida,
enquanto que patrono é apenas o modelo, que nos dei- nome de São João, nosso padroeiro...” Então, para os que Jesus Cristo fez questão de ser batizado por ele. Foi
xou exemplo a seguir e encarnou as virtudes de uma maçons, as festas solsticiais passaram a ser designa- exemplo de sacrifício em nome de um ideal. Instruía
classe”. Vai mais além, “para ser padroeiro é preciso das de “Festa de São João”, onde essas solenidades são todos que o procuravam e mergulhava-os nas águas
ser santo, mas para patrono não”. consagradas, a primeira, ao reconhecimento e à grati- do Rio Jordão, “batizava as pessoas, derramando-lhes
Os regulamentos maçônicos recomendam a co- dão” e a segunda, à “esperança”. água sobre as cabeças, assim limpando-as espiritual-
memoração de datas festivas em 24 de junho e 27 de A prática de comemoração dos solstícios chegou à mente. “A imersão em água simbolizava mudança in-
dezembro e as consagram a São João, dado ao funda- maçonaria Moderna, já temperada pela influência da terior de vida”. Tinha seguidores, mas se dizia “Pre-
mento esotérico, do culto maçônico. Historicamente, Igreja sobre as corporações operativas. Como as datas cursor de Alguém Maior” que ele, “e de quem não era
os povos romanos praticavam o Mitraismo — Culto dos solstícios são 21 de junho e 21 de dezembro, muito digno sequer de lhe desatar as sandálias”. Os maçons
ao Sol, o mesmo acontecendo na Grécia, Egito, Índia próximas das datas comemorativas de São João Batista imitam seu patrono ao acolher os profanos na ordem.
e outras regiões. As religiões de todos os tempos e de (24 de junho) e São João Evangelista (24 de dezembro), Antes de conceder a luz da iniciação aos candidatos,
todos os povos sempre cultuavam o invisível através elas acabaram por se confundir com estas, entre os eles o purificam, mostrando-lhes os funestos efeitos
do visível, e o sol foi sempre, considerado a sublime operativos, chegando à atualidade. da ignorância, preconceito, fanatismo, erros e ambição,
manifestação do Criador Invisível, recebendo delas José Castellani, em seu livro Maçonaria e Astrologia, visando converter a humanidade ao bem. Daí sua pre-
inúmeras designações. Com a evolução do Cristia- comenta que em sua marcha em torno do sol, a Terra, sença emblemática no decorrer da cerimônia de inicia-
nismo, o Império Romano, para garantir sua sobrevi- descrevendo uma elipse ficará mais próxima ou mais ção. São João Batista pregava vigorosamente contra os
vência, viu-se obrigado a aceitar o CRISTO, em lugar afastada do astro da luz. O ponto mais próximo é o pe- vícios. Sua censura não poupava os grandes e podero-
de Mitra, atribuindo-lhe a expressão substitutiva “Eu riélio (147 milhões de quilômetros) e o mais distante é sos. Pregava a não violência, o arrependimento e o per-
sou a luz do mundo”, adotando assim, para as come- o afélio (152 milhões de quilômetros). A primeira data dão. Pedia que os abastados dividissem seus pertences
morações festivas do paganismo, os nomes de seus marca a passagem do sol pelo primeiro ponto do trópico com os mais pobres; os fortes amparassem os mais
santos, já que não podiam extinguir os festejos pa- de Câncer, enquanto que a segunda é a passagem do sol fracos; os sábios instruíssem os ignorantes; os patrões
gãos, consagrados pelo povo aos seus deuses. Dessa pelo primeiro ponto do trópico de Capricórnio, estando fossem mais humanos com os empregados; os filhos
forma, as comemorações pagãs iam sendo substituí- consequentemente em afélio, e sendo solstício de inver- respeitassem os pais, os pais encaminhassem os filhos
das pelas cristãs, colocando naquelas datas festivas os no no hemisfério sul, e em periélio, sendo solstício de para os caminhos do bem; os cobradores de impostos
santos da igreja. verão no hemisfério sul. Assim, nos momentos em que não exigissem mais do que era devido; os soldados não
Os solstícios eram tidos como as “portas dos céus o Sol atinge sua maior distância angular do Equador praticassem a violência e se contentassem com o soldo
— janus coeli”, por onde entrava o sol em sua mar- terrestre, ou seja, quando é máximo o valor de sua de- recebido... Herodes, tetrarca da Galileia, foi repreendi-
cha pelo zodíaco, determinando as estações do ano. clinação, ocorrem os solstícios, designado como o “Sol do por João, por causa da vida imoral que levava com
A ordem iniciática, considerava o andamento dos tra- parado” em cada um desses 2 pontos. Então, “o solstício Herodíades, mulher do seu próprio irmão e também
balhos maçônicos como a marcha do universo, onde a de verão no hemisfério norte e de inverno no hemisfério por outros males que vinha causando a Israel. Este, ce-
comemoração dos solstícios não era uma adoração ao sul, ocorre quando o sol está em sua posição boreal (nor- dendo à sedução de Herodíades, sua amante e mulher
sol, mas o reconhecimento ao G.: A.: D.: U.: pela mara- te), enquanto que o solstício de verão no hemisfério sul e impudorosa, mandou encarcerar e matar João Batista,
vilhosa obra, onde o nascer e o por do sol, sintetizam a de inverno no hemisfério norte, ocorre quando o sol está oferecendo-lhe a cabeça ensanguentada do precursor
sua marcha pelo zodíaco através do Nascer — Fulgu- em sua posição mais austral (sul)”. do Cristo, como prêmio à devassidão.
rar — Morrer e Renascer depois. A cada movimento e O homem primitivo distinguia a diferença entre 2 (Excerto de texto, cujo conteúdo completo
posição dos astros são atribuídos influências e poderes. épocas, uma de frio e outra de calor, servindo de base é encontrado no site: http://agml.com.br/)
20 JORNAL DA AGML JULHO / AGOSTO – 2021

opinião
SANGRA O DIREITO DE 3ª GERAÇÃO Delegado do 4º Distrito Maçônico da GLEG,
Ex VM mais moderno de Mahtma João Racy 28
Carlos Roberto Neri Matos | Cadeira nº 35

T
emos visto que a cada dia as chuvas, tempesta- uma fagulha pode causar um grande incêndio flores- tidas. Não se omita! Você é maçom! Você tem o privilégio
des, vendavais, furações e eventos da natureza tal matando nossa flora e fauna? de ter ferramentas nas suas mãos para poder tornar feliz
estão se tornando mais severos, invariavelmen- Poderia ficar aqui fazendo outras tantas indagações a humanidade, pelo amor, pelo aperfeiçoamento dos cos-
te acarretando muito prejuízo material e tem coloca- de situações reprováveis praticadas. Toda essa atuação tumes e outras determinações.
do o homem em situação de desabrigo e até mesmo irresponsável do homem na sua megalomaníaca busca A falta desses cuidados ambientais e sustentáveis
de morte. Você não pensa que ao jogar ou abandonar pelo seu interesse próprio, não lembrando do próxi- ferem os direitos fundamentais de 3ª geração, que são
lixo nas vias públicas, material pela janela do carro, mo ou da natureza, podem muito bem ser enquadrada direitos transindividuais, isto é, direitos que são de vá-
eles podem com o acúmulo de outros tantos serem como falta ética, pois ela está atrelada à educação, à rias pessoas e não pertencem a ninguém isoladamente.
arrastados pela força das águas, entupir bueiros e responsabilidade, ao cuidado para si e com os outros, Transcendem o indivíduo isoladamente considerado.
provocar enchentes? enfim, a ética deve ser buscada não somente quando os São também conhecidos como direitos metaindivi-
Temos visto anos após anos, que nossas reservas de outros estão vendo ou nos observando, ela tem de ser duais (estão além do indivíduo) ou supraindividuais
água têm passado por reduções cada vez mais rígidas, exaltada sobretudo naqueles atos individuais onde só (estão acima do indivíduo isoladamente considerado).
em função de períodos de chuvas muito esparsos e ir- temos nossa consciência como testemunha. Por que estou tratando de assunto um tanto diver-
regulares. Você não pensa que ao assorear os cursos Dá próxima vez que for deixar ou ver lixo na rua; jo- so do nosso meio maçônico? Será mesmo? Os direitos
d’água, despejar detritos industriais nos lagos, lagoas e gar ou ver detritos em terrenos baldios; acomodar ou ver de 3ª geração, conforme doutrinariamente estudados,
rios, somando-se a outras tantas degradações, que isso abandonadas lâmpadas, baterias e demais objetos noci- são ligados a valores que nós maçons conhecemos
pode matar aos poucos nossas bacias hidrográficas e vos à natureza e ao homem; na hora da falta de cuidado muito bem como a fraternidade e a solidariedade. Têm
diminuir nossas reservas de água doce? ou ver recipientes que possam acumular água e propiciar em vista o cuidado e preservação do meio ambiente;
Temos visto que as queimadas espontâneas ou a proliferação do Aedes Aegypti etc; pare e pense um se- progresso e o desenvolvimento; e os direitos de pro-
criminosas vem apresentando índices cada vez mais gundo o que esse gesto impensado pode causar ao meio priedade aos patrimônios da humanidade e de comu-
alarmantes. Você não pensa que ao fazer uma pequena ambiente e às gerações presentes e futuras. Então, ou não nicação. Ou seja, são os interesses coletivos sobrepu-
queimada do seu lixo, bem como dá mesma forma que faça ou aja deste modo, ou cobre e denuncie a quem de jando-se aos individuais. Se ajude, ajude ao próximo,
ao jogar um resto de cigarro pela janela do seu carro direito para que essas coisas não ocorram ou sejam con- ajude o mundo. SFU

reflexão lo XVII com o mesmo propósito indicado por Antoine


Arnauld, em 1644, que propôs a tradução do “De mori-
bus ecclesiae catholicae” de Santo Agostinho, “no qual
PRINCÍPIOS MAÇÔNICOS se lê “que a igreja reúne os homens em fraternidade,
que os religiosos vivem a igualdade por não terem pro-
priedades, que os fieis vivem na caridade, na santidade
Gesmar José Vieira | Cadeira nº 20 e na liberdade cristã”.

I
Cita-se num trecho de uma pesquisa eletrônica,
gualdade, Liberdade e Fraternidade, palavras tra- cada um tem a verdadeira necessidade de decidir o seu que muito mais tarde, em Maio de 1791, num discur-
duzidas em princípios ou paradigmas que tiveram caminho, de forma livre e desimpedida. O maçom é so inflamado de René Louis de Girardin, marquês de
origem prática numa época conturbada, a da Revo- um homem livre e de bons costumes, que no seu cami- Vauvray, dirigido aos membros do Clube dos Corde-
lução Francesa, nos meados do século XVII. Estas pa- nhar defende a liberdade como uma condição obriga- liers, no qual, pela primeira vez, foi proposta o prin-
lavras foram utilizadas para uma causa muito especial tória. A Fraternidade trata-se de uma prática que tem cípio de “Liberdade, igualdade, fraternidade”, que a
e seu significado mostrou a verdadeira razão de sua sua origem tanto na Igualdade, quanto na Liberdade: partir daí se tornaria a da República Francesa e por
significância para a consciência do ser humano. é derivada das duas. Como bem conceitua o Ministro "simpatia" ou "incorporação" o da francomaçonaria
Sob o prisma maçônico estas palavras possuem Ayres Brito, é o “ponto de unidade a que se chega pela que a apoiava.
uma razão social, política e filosófica muito especial. A conciliação possível entre os extremos da liberdade, A Maçonaria, na sua forma reduzida e usual de
igualdade deriva da necessidade de que todos devem de um lado e, de outro, da igualdade”. Para se tor- francomaçonaria, segundo seus ritos, se define como
estar em convívio, o que se torna necessário para que nar fraternos os indivíduos devem se sentir iguais, o uma sociedade discreta que não pode ser considera-
a humildade seja a linha mediadora do bom entendi- que justifica de forma bem clara que na maçonaria da senão como tal, de caráter universal, em que seus
mento. Na maçonaria os irmãos se apresentam numa não deve existir grandeza, caso contrário não teria membros cultivam o aclassismo e humanidade, que na
mesma dimensão, não existe diferenças pessoais, to- sentido a busca incessante da verdade consentida ou sua essência se refere à liberdade, igualdade e fraterni-
dos são plenamente iguais, independentemente de tolerada, que para o maçom se torna obrigatoriamen- dade, princípios estes que no conjunto retrata o aper-
suas propriedades. te um direito. feiçoamento intelectual e filosófico que a torna uma
Quanto à Liberdade, entende-se que todo o maçom Esses três princípios, como podem ser definidos associação iniciática, filosófica, progressista e filantró-
ou cidadão deve ter sua própria identidade cultural e são encontrados em alguns autores católicos do sécu- pica”. Seu adjetivo é o maçônico e maçônica.

Cadeira Membros E-mail Cadeira Membros E-mail


MEMBROS DA 10 Carlos André Pereira Nunes carlosandre@carlosandre.com.br 24 Isaias Costa Dias isaiascdmc@hotmail.com
ACADEMIA GOIANA 11 Aníbal Silva arcell@bol.com.br 25 Paranahyba Santana paranasan@gmail.com

MAÇÔNICA DE LETRAS 12 Alexandre A. Giffoni Júnior agiffoni@outlook.com 26 Aírton Batista de Andrade airtonbandrade@gmail.com

13 Getúlio Targino Lima gv@hotmail.com 27 Hélio Moreira drhmoreira@gmail.com

Cadeira Membros E-mail 14 Sebastião de O. Castro Filho castrofilho.o@gmail.com 28 Heitor Rosa heitorrosas@gmail.com

01 Lícínio Leal Barbosa liciniobarbosa@uol.com.br 15 Jefferson Soares de Carvalho Jcarv57@yhroo.com.br 29 Joás de Franca Barros quintinobocaiuva@hotmail.com

02 Anderson Lima Silveira Professoranderson.pucgo@gmail.com 16 João Batista Fagundes fagundesadv@hotmail.com 30 Mucio Bonifácio Guimaraes

03 Aidenor Aires Pereira literjur@terra.com.br 17 Paulo Roberto Marra marra.paulo@gmail.com 31 Aparecido José dos Santos ajsaparecido09 @homail.com

04 Breno Boss Cachapuz Caiado brenocaiado@hotmail.com 18 Absai Gomes Brito brito.absai@gmail.com 32 Anestor Porfirio Da Silva silvanaestor001@gmail.com

05 Luís Carlos de Castro Coelho Luiscoelho.adv20@gmail.com 19 Mauro Marcondes da Costa mauromarcondes.costa@gmail.com 33 Carlos A. Barros de Castro barros@polipar.com.br

06 José Mariano Lopes Fonseca josemarianolopesfonseca@hotmail.com 20 Gesmar José Vieira gesmarjv@uol.com.br 34 Rogério Safatle Barros rogeriosafatle@uol.com.br

07 Adolfo Ribeiro Valadares adolfovaladares@gmail.com 21 Adegmar José Ferreira adegmarjferreira@uol.com.br 35 Carlos Roberto Neri Matos carlosrnerim@gmail.com

08 Filadelfo Borges de Lima filadelfoborgesdelima@gmail.com 22 Joveny S. C. de Oliveira jaqueline5oficio@gmail.com 37 Hamilton Rios de Araújo relacoesinteriores@gleg.com.br

09 Luiz Antônio Signates Freitas signates@gmail.com 23 Genserico Barbo de Siqueira irtd.anapolis@gmail.com 39 Charles W. de Matos Pinheiro charleswellingtonpinheiro@yahoo.com.br
JULHO / AGOSTO – 2021 JORNAL DA AGML 21

artigo
SOMOS AS FERRAMENTAS Grande Bibliotecário do Supremo
Conselho do Grau 33 do REAA da Maçonaria
PARA A GRANDE OBRA para a República Federativa do Brasil

Francisco Feitosa | Colaborador

S
ecular e cosmopolita é a nossa Ordem, perden- No aspecto esotérico, também, temos como objeti- da um abismo, certificando-o que voltar representa
do-se nos anais dos tempos a sua origem. E, vo a transformação do mundo, mas, agora, não mais uma queda evolucional.
como as demais Escolas de Iniciação, tem suas atuando de fora para dentro e sim de dentro para fora, “O Mestre aponta o caminho, o discípulo segue sozinho,
peculiaridades que devem ser observadas e refleti- pois, para transformar o mundo, mister se faz nos até encontrar novamente o Mestre, mas agora, dentro de si
das durante a nossa ousada e solitária vereda nos transformarmos. E é, justamente, dentro desse aspec- mesmo”. Palavras do Mestre JHS.
caminhos da iniciação maçônica. Antes de aborda- to, o esotérico, que eu gostaria de, apenas, lembrar, já Cabe, também, ter a consciência de si mesmo, estu-
-las em detalhes, permitam-me uma breve definição: que não é novidade, o papel importante que o iniciado dar, colocar esses ensinamentos em prática, no teatro
a palavra “iniciação” se define como o ato ou a ação tem dentro da doutrina que ousa seguir. da vida e repassa-los quando a oportunidade lhe apa-
de iniciar; de iniciar uma ação; de sair do estado de Palavras de um Mestre a um postulante à inicia- recer, buscando sempre atingir a compreensão daque-
inércia; de se iniciar nos Mistérios de uma determi- ção: “Se souberes das responsabilidades do caminho, talvez, le que, sedento de Luz, pede-lhe auxílio.
nada doutrina. jamais ousarias segui-lo”. Por uma questão de equilíbrio e polaridade, nos-
Não é por casualidade que é chegado o momento A milenar egrégora maçônica, alimentada e sa caminhada deve ser exotérica e esotérica, aliviando
em nossas vidas, em que deparamos com perguntas manutenida pelas nossas vibrações mentais, é um o carma do passado e adquirindo consciência para o
sobre a origem do homem, o seu destino e quais os ob- poderosíssimo vórtice energético, quando evoca- futuro. Uma atuação exotérica, horizontal, no plano
jetivos a serem alcançados neste plano físico. Quando da conscientemente em nossas reuniões, atuando material e outra esotérica, vertical, no plano espiri-
despertamos nossa atenção para esses questionamen- através dos nossos centros de força – os chacras, tual. Formando a Cruz, o iniciado se posiciona em seu
tos, quando não mais encontramos contentamento na despertando valores latentes e nos condicionando eixo, como a Rosa na Cruz, o Cristo na Cruz. E aí, por
“fé cega”, naquilo que tentam nos fazer acreditar como à percepção, cada vez maior, de seus Arcanos. Se, analogia, poderíamos citar as suas palavras: “Eu sou o
verdade, é nesse incômodo momento de busca dessas apenas, este singelo parágrafo for entendido herme- Caminho, a Verdade e a Vida, ninguém vai ao Pai se não por
respostas que, por causalidade, somos levados aos Por- neuticamente, nem se faz necessário a compreensão Mim”. Jeoshua Bem Pandira – Jesus, o Cristo.
tais de uma Escola de Iniciação. do restante deste texto. Seria esse o Caminho, e não outro, o da iniciação!
Ao longo da história da humanidade, um sem Como dissemos anteriormente, tudo está medido, A Verdade é a qualidade “Ver”, a capacidade de con-
número de Ordens de Mistérios surgiram na face da contado e pesado. Em nossos rituais, mais do que as templar e decifrar os Mistérios, através dos arquétipos.
Terra, sempre com o objetivo de acolher e preparar, instruções relativas ao grau, ocultam-se verdadeiras O iniciado se transforma por esforços próprios.
aqueles que por mérito cármico alcançaram na sua “chaves do conhecimento iniciático”, que se forem A centelha Divina que habita em nós e, também, em
trajetória evolucional, grau de consciência para sorver bem utilizadas nos permitirão abrir os nossos “por- todas as criaturas, tem que se transformar em Luz. O
os seus excelsos ensinamentos. Essas Ordens, e aqui tais internos”. Os ensinamentos ali contidos, oriundos despertar do fogo serpentino de Kundalini, irá gra-
falo das verdadeiras Ordens de Iniciação, estão ligadas de grandes Escolas da Antiguidade, têm o nome de dual e ascendentemente, perpassando nossos canais
à Grande Fraternidade Branca, ao Governo Espiritual “Ciência Iniciática das Idades”, que através dos tempos etéricos ao longo da nossa coluna vertebral, (com
do Mundo. Cada uma tem, em sua época, seu campo nos chegam trazidos pelos Avataras cíclicos, portado- suas 33 vértebras, os mesmos 33 graus do REAA,
de atuação, seus objetivos, conforme os desígnios do res dos conhecimentos futuros, em prol da evolução da como, também, a idade do Cristo), acendendo os 7
G∴A∴D∴U∴. espécie humana, adotando em cada época um rótulo, candelabros místicos, mayavicamente citados no li-
O postulante à iniciação “baterá às portas”, intuiti- como Gnose; Gupta-Vidya; Teosofia; Eubiose; Brahma- vro Apocalipse, que nada mais são do que os nossos
vamente, da Escola relativa ao seu grau de consciência, -Vidya; Caibalion e tantos outros. centros de força, ou chacras para os orientais, até
pois tudo está medido, contado e pesado nos planos da Além dos nossos rituais, também encontramos es- chegar ao topo da cabeça (coronal) mostrando-se, ao
Divindade. sas “chaves”, arquetipicamente, na ornamentação do olhar clarividente, uma auréola de Luz dourada, que
Nossa Ordem, no aspecto exotérico, tem sua atua- nosso Templo, esperando-nos para serem decifradas e é a própria Iluminação.
ção no campo sócio-político. As campanhas filantrópi- empregadas, assim como na Esfinge de Tebas: “Decifra- Nós, Iniciados Maçons, fomos intuitivamente es-
cas, ações emergenciais de ajuda aos flagelados, etc. O -me ou te devoro”. colhidos por nossos padrinhos para participarmos
trabalho exercido por nossas Cunhadas e Sobrinhos, Essa Esfinge somos nós próprios e a frase de Sócra- da Grande Obra do Eterno na face da Terra. Pautando
junto à sociedade, em ajuda aos mais necessitados, é o tes poderá melhor nos fazer entender: “Homem, conhe- nossas ações nos ensinamentos da doutrina maçônica,
mais fiel retrato disso. ça-te a ti mesmo”. fomos transformados em verdadeiras ferramentas que
O trabalho filantrópico é fantástico e muito neces- Assim como as Catedrais da Idade Média são con- o Grande Construtor se utilizará em sua construção, e
sário, alivia a dor, a fome e a sede daqueles nossos ir- sideradas verdadeiros “Livros de Pedra”, nossos Tem- para isso, precisamos estar aferidos, afiados, ajustados
mãozinhos desafortunados. Isso, não deixa de ser um plos também os são. Um grande livro aberto à nossa e calibrados, conforme os ditames do Grande Mestre,
resgate cármico do passado. A fiscalização dos nossos percepção, desde que saibamos nos enveredar por O Senhor dos Mundos, para que “exo e esotericamen-
políticos é o nosso papel de cidadão e a Democracia suas entrelinhas. te” possamos executar a parte que nos cabe dentro do
Participativa nos organizará para a excelência do exer- Ao iniciado cabe seguir, sempre, em frente. E as- plano traçado em sua Sacrossanta Prancheta.
cício da cidadania. sim, a cada passo galgado, abrir-se-á em sua retaguar- Ficamos por aqui!

crônica
ESPELHO DE BOLSO E RAPÉ
Filadelfo Borges de Lima | Cadeira nº 08

N
asci em Jataí, a “Cidade do Mel”, mel da abelha vuras de uma santa(não me lembro a qual) ou de uma
que lhe empresta o nome, na manhã de 31 de ju- mulher pelada, sendo estes os preferidos pelos consu-
lho de 1944. Passaram-se, portanto, 76 janeiros( midores. O espelho de bolso saiu do mercado, pelo que
escrevo esta crônica no dia 29 de maio do ano de 2021) me parece, na década de 1960.
e muita água, sob as pontes, correram. Afinal, a vida é Falei, em linhas acima, na caixinha( era de metal)
renovação constante. Muitas coisas deixam de existir. para guardar rapé. Ao contrário do espelho de bolso,
Uma das coisas que não mais existem é o espelho de seus compradores eram, imagino, homens de 40 anos
bolso que os homens, jovens principalmente, usavam. para cima. O visitante, depois dos cumprimentos de mais ou menos meio século. Raramente se vê alguém
Meu pai, que era comerciante, o vendia na nossa loja. praxe e de ser convidado pelo anfitrião para sentar- aspirar rapé. Machado de Assis registra, pelo menos
Eram quase todos redondos(havia os de formato oval) -se, tirava do bolsinho da calça ou do bolso externo em uma de suas muito valiosas obras, essa prática. O
e conduzidos em um dos bolsinhos situados nas late- do paletó a referida caixinha e abrindo-a, oferecia ao fumo é moído e nele se agregam ou não produtos que
rais das calças, perto das presilhas. Se não me trai a dono casa que dispensava ou aceitava a delicadeza. Se o tornam mais agradável. Ignoro a origem da palavra.
memória, dois bolsinhos. Um de cada lado. Neles se aceitasse, com as pontas do indicador e do polegar re- Talvez indígena. Vou pesquisar depois. Termino por
transportavam moedas ou caixinha de rapé ou relógio tirava o fumo em pó(rapé) e o levava às narinas para aqui lembrando que o recipiente que o contém aparece
de bolso ou isqueiro. Esses espelhos vinham da fábri- aspirá-lo e espirrar “Atché!” e a esse “atché” o visitante em dicionários com a denominação boceta de rapé.
ca protegidos por invólucros semelhantes às capinhas exclamava “Saúde!’, recebia de volta a caixinha e fazia Em outra oportunidade talvez fale sobre o relógio
dos celulares. Alguns desses invólucros traziam gra- do mesmo jeito. Esse costume se viu abandonado há de bolso, produto que não desapareceu.
22 JORNAL DA AGML JULHO / AGOSTO – 2021

Para resumir: “a Moral é a ciência dos deveres e das


reflexão virtudes, – a ciência da felicidade (ou o fim da ativida-
de humana) a ciência do destino humano” (in “Curso
de Filosofia”, trad. de Eduardo Prado de Mendonça,
COINCIDÊNCIAS Ed: AGIR, 10.a ed., p. 348/349).
NELCI SILVÉRIO DE OLIVEI RA ensina:
Licínio Leal Barbosa | Cadeira nº 01 “Etimologicamente, loral provém do vocábulo la tino.
mos, moris, significando costume.
“(...)”
... Seria mera coincidência, tantos episódios culmi- em ação feita para dominar os corações mais rebeldes
“(Mas) a Moral tem um alcance muito maior, por quan-
nantes, na história da humanidade, terem sido prota- e mais inclinados ao mal. Moral, em uma só palavra,
to disciplina os costumes, estabelecendo modos e for-
gonizados, e ainda o serem, por Maçons? que dá a cada um na proporção de seus deveres”. É a
mas para a realização da conduta humana, segundo
Não acredito em coincidências fortuitas. transposição, no plano iniciático, da parêmia latina, –
um padrão de “hominidade’, segundo os princípios do
Pois que creio em Deus e numa vida futura; e por- o suum cuique tribuere.
­dever-ser que são eternos e imutáveis”.
que a essência divina, que é o grande Arquiteto do A força moral tem sido adequadamente valorada
E sintetiza em que consiste a virtude moral:
Universo, pressupõe Sua onisciência e onipresença, pelos maiores expoentes do pensamento universal,
“1 – A quem nos fez o bem, — Gratidão; “2 – A quem não
impossível supor que o guia Supremo do universo dei- dentre estes Maçons de expressão.
nos fez nem o bem nem o mal; – Justiça; e 3 – A quem nos
xasse a nau planetária à deriva, a navegar sem rumo ALBERT PIKE pontifica: “A Moralidade é uma for-
fez o mal, – Generosidade” (in “Estudos de Moral, Civis-
ao sabor do acaso. ça. “Ela é a atração magnética do coração para a Ver-
mo e Problemas Brasileiros”, Ed. do Brasil, sp, s/d, p. 12).
Os Maçons que foram chamados a dar seu contri- dade e a Virtude.
buto à pátria e à Humanidade, em momentos cruciais “A agulha, dotada desta propriedade mistica, aponta, in-
Por fim, JOSÉ NORMANHA DE OLIVEIRA prele-
de sua história, estavam e estão imbuídos dos subli- falivelmente, para o Norte, e conduz o navegante em se-
ciona: “Seja qual for a conceituação de Moral cria da pela
mes princípios maçônicos. gurança pelo ínvio oceano, por tempestades é escuridão
filosofia prática ou especulativa, nenhuma, creio, dará a
Pois a Maçonaria é um rico escrinio de elevados en- até que seus olhos, alegres, contemplem os faróis benéfi-
chave da ideal convivência humana, se não formos além da
sinamentos ético-morais ministrados desde o primeiro cos que lhe dão as boas-vindas ao hospitaleiro porto-se-
essência, das causas material e formal, se o homem não se
contato iniciático. Portanto, ela se proclama “a associa- guro” (in “Morals and Dogmas”, House of the Temple,
auto-afirmar no sentido de uma visão clara do bem, como
ção mais propícia à obtenção do aperfeiçoamento so- Washington, D.C., 1969, p. 89. Tradução do autor).
fundamento e inspiração nobre de moralidade e amor cau-
cial, pois o homem material desaparece diante do ho- REGIS JOLIVET conceitua a Moral como “a ciên-
sa fi nal e fim último dos atos humanos” (in “O Conceito
mem moral”. ‘E, “ para evitar que seus adeptos sejam cia que define as leis da atividade livre do homem”, ou
Maçônico de Moral”, Goiânia, 1977, p.15).
o joguete de suas próprias intemperanças e de seus seja, “é a ciência que trata do uso que o homem deve
(Excerto de texto adaptado, 2021)
desregramentos, a Maçonaria instituiu uma moral fazer de sua liberdade, para atingir seu fim último.”.

artigo
OS QUATRO ELEMENTOS PRIMORDIAIS – II Uma abordagem filosófica
Paulo Marra | Cadeira nº 17 e maçônica

I
mportante lembrar que, existem pequenas diferen- As três viagens e os Quatro Elementos o choque de interesses diversos, a dificuldade dos em-
ças de decoração, entre os diversos ritos, uma câmara Os mais antigos rituais maçônicos levam em conta preendimentos, os obstáculos que os concorrentes in-
contém basicamente: um esqueleto humano, a mos- a purificação pelos quatro elementos, provavelmente teressados em nos prejudicar e sempre dispostos a nos
trar que todos os homens ficam reduzidos à mesma con- por simbolizar o desenvolvimento da vida, com a aju- desencorajar multiplicam sob nossos passos, tudo isso
dição após a morte; uma ampulheta ou relógio de areia, da e através dessas entidades elementares. é figurado pela irregularidade do caminho que o can-
que, por registrar pequenos espaços de tempo, mostra O primeiro elemento é a Terra, o domínio subterrâ- didato percorreu e pelo ruído que se fez a seu redor.
que a vida é efêmera e deve ser usada na concretização neo onde se desenvolvem germes e as sementes, sendo “Para devolver ao candidato sua segurança, sub-
das grandes obras do espírito humano; sal, enxofre e representada pela Câmara de Reflexões onde está en- metem-no à purificação pela Água. Trata-se de uma es-
mercúrio, os três elementos necessários à Grande Obra cerrado o candidato. pécie de batismo filosófico, que lava toda a impureza.
da Alquimia – ou Obra do Sol da Alquimia, é a trans- A primeira viagem refere-se ao Ar, a segunda a Ao ruido ensurdecedor da primeira viagem seguiu-se
mutação dos metais inferiores em ouro; é chamada tam- Água, a terceira o Fogo. um tinido de armas, emblema dos combates que o ho-
bém de Arte Real, graças a lenda segundo a qual o rei mem constantemente é forçado a travar”.
Midas teria recebido do deus grego Dionísio (Baco para “Para contemplar a Rainha dos Infernos, isto é, a
os romanos), o poder de transformar em ouro tudo o verdade que se esconde dentro dele mesmo, o inician-
que tocasse; um pedaço de pão de trigo – simbolicamen- do permanece no meio das chamas (paixões ambien-
te, o alimento do corpo, porque é um símbolo da fertili- tes) sem ser queimado, mas ele se deixa penetrar pelo
dade da terra fecundada pelo sol; e uma bilha de água calor benfazejo que dele emana”
– simbolicamente o alimento do espírito, por ser o sím- Alguns autores maçônicos costumam fazer corres-
bolo da purificação, mostrando que, se é tão importante ponder os períodos da vida humana – infância, ado-
o nutrimento do corpo, o do espírito é tão importante lescência, idade madura e velhice, correspondendo aos
quanto ele, ou até mais; um galo em posição de canto, quatro elementos.
saudando a nova aurora, o renascer do candidato para Entretanto, penso ser mais plausível que as filo-
uma nova existência; uma taça de líquido doce e uma de sofias falam da razão, as religiões tocam o coração; a
líquido amargo, a mostrar que a vida é feita de altos e iniciação excita a parte espiritual do ser e permite o
baixos, de bons e maus momentos e que o homem deve acesso à mais elevada compreensão metafísica do sen-
acatar a sua sorte, resignadamente; a palavra VITRIOL tido da vida.
que é a sigla de uma máxima alquímica – Visita Interio- Portanto, pode se admitir que o homem se compõe
re Terrae Rectificando que Inenies Ocultum Lapidem, não só de um corpo e de uma alma, mas de quatro par-
ou seja – (Visita ao interior da terra e, seguindo em linha tes distintas as quais são designadas por nomes lati-
reta, encontrarás a pedra oculta), a qual alude à procura nos: Spiritus – fogo – iniciação; Animus (alma) – água
da pedra filosofal da Alquimia. – religião; Mens (mente) – ar – filosofia; Corpus (corpo)
Para a Grande Obra é a transmutação do quater- – vida material.
nário humano, inferior, no ternário divino, os quais, Assim, na iniciação maçônica o Recipiendário pri-
quando se unem, acabam constituindo um só. Os pla- meiro sai da Terra. Em seguida, sucessivamente é pu-
nos da existência humana, ESPIRITUAL, MENTAL, Uma possível explicação dessas viagens é que rificado pelo Ar, pela Água e pelo Fogo. Ele se liberta
PSÍQUICO E FÍSICO, comparam-se na Alquimia ocul- simbolizam as viagens feitas pelos antigos filósofos, então, por etapas da Vida Material, da Filosofia e da
ta, dos quatro elementos _ o fogo, o ar, a água e a terra, fundadores de mistérios, para adquirir novos conhe- Religião e, chega, enfim, à Iniciação pura.
cada um deles é capaz de uma tríplice constituição, cimentos. O número três indica os lugares em que as Por fim, o Recipiendário não realiza três viagens,
ou seja: fixa, instável e volátil. A Grande Obra para a ciências foram cultivadas primitivamente; os sábios de mas quatro viagens. A primeira é aquela que o leva
Alquimia Oculta, consiste no constante renascer, para todos os países viajavam até eles para estudá-los. Es- à Câmara de Reflexões à Porta do Templo. Ao chegar
que o iniciado percorra o caminho do conhecimento ses lugares eram a Pérsia (Iram), a Fenícia (Líbano) e o a essa porta ele, virtualmente nasceu duas vezes. Ao
e do aperfeiçoamento, até chegar à comunhão com a Egito. As purificações que acompanham tais viagens sair do Templo, estará ele verdadeiramente de posse
divindade. Dessa forma, os metais inferiores simboli- lembram que o homem nunca é suficientemente puro desse novo nascimento simbólico? Só o Recipiendário
zam as paixões humanas e os vícios, que devem ser para chegar ao templo da filosofia. é capaz de responder a essa pergunta, porque só ele é
combatidos e transformados em ouro do espírito, que Simbolismo das três viagens – a primeira viagem capaz de responder a essa pergunta, porque só ele é
é o objetivo da Grande Obra ou Arte Real. é o emblema da vida humana. O tumulto das paixões, capaz de “desejar” sinceramente que isso ocorra.
JULHO / AGOSTO – 2021 JORNAL DA AGML 23

crônica E, pousadamente, para não deixar dúvida, perguntou


se os amigos do Rodolfo estavam presentes e, se esti-
A MISSA – II vessem, se colocassem de pé. Com o barulho carac-
terístico, todos nós nos levantamos e nos colocamos
conforme o determinado. Em seguida, o leitor atento
Paranahyba Santana | Cadeira nº 25 do jornal, agora celebrante, nos chamou para ocupar-

D
mos o altar. Lá vai aquela fila de, agora, idosos. Aque-
ada a ideia, lá fui eu para fazer o agendamento o mais importante, binóculos. Cada garoto tinha o seu. les que não ficaram carecas, adornavam suas cabeças
da missa de sétimo dia do Rodolfo. Interessante Alguns mais possantes outros menos. Mas todos equi- com vistosas cabeleiras grisalhas. Nos colocamos de
observar que a família dele era toda evangélica. pados. A subida para o alto da torre, com a luz do sol frente aos fiéis e o padre começou a contar que estava
Inclusive o próprio. Mas, e daí? Nós éramos cristãos e era tranquila, mas com cuidados por conta da escada na Secretaria, quando um dos amigos do pranteado
o Jesus adorado era o mesmo. Bola pra frente. Cheguei em cimento bruto e alguns pregos que ainda não ha- Rodolfo lá esteve para agendar aquela missa. Meu es-
à Secretaria da Catedral e fui recebido por uma moça víamos catado. O retorno da travessa do cruxifixo até tômago deu voltas e tive vontade de cair fora dali. O
com toda a educação e voz apropriadas a uma Igreja. Goiânia era mais complicado. No breu! Não podíamos padre tirou, não sei de onde, um pedaço pequeno de
Gestos pausados e voz meiga. Aquele atendimento já nem acender um fósforo, pois o Palácio Episcopal, que papel e leu-o quase que com a mesma atenção dada ao
te dá uma enquadrada. Você também passa a falar com vem a ser a residência do Bispo, era esquina das Ruas jornal. “Qual de vocês é o Santana?” Pensei cá comigo,
mais jeito. Gentileza gera gentileza. Naquela Secreta- 14 com a 20, que é ao lado da Igreja. Não era brinca- lascou-se! Num flash passou pela minha lembrança as
ria, de um bom espaço físico, além da mesa ocupada deira. A escada, íngreme, em cimento bruto da cons- coisas que havia dito na Secretaria. Pesei e sopesei.
pela Secretária, haviam duas cadeiras de interlocução, trução, não ajudava em nada. O engraçado é que não Era ruim para o momento!!! O danado do padre fez
um conjunto de armários e arquivos antevendo que temos notícia de algum de nós haver caído ali. Graças um sinal para o coroinha e esse, andou em meu rumo,
muitos papéis e documentos eram ali arquivados, gela- a Deus. E lá fui contando essas besteiras para a Secre- portando com segurança um microfone que mo entre-
deira, bebedouro, pequena mesa de suporte de garrafa tária da Catedral Metropolitana e, por conseguinte, ao gou. Não acredito que alguém pudesse ter aumentado
de café e xícaras, e um jogo de sofá e duas poltronas em velho senhor leitor atento do jornal. o volume do microfone do sacerdote, mas sua voz veio
couro. Naquele ambiente, havia ainda mais um perso- Beirando sete da noite, horário da missa. Começam alta aos meus ouvidos quando ele pediu-me, mas com
nagem. Um senhor de roupas claras, com a impressão a chegar os amigos de infância. Foram se acomodando voz de padre professor em prova oral, incisiva e sem
de mais de 80 anos de idade, lia com tranquilidade o na parte dos fundos da Catedral. Vai chegando gente. direito a outra obediência, para que eu levasse aos
jornal, que imagino ser do dia, dada sua atenção. De Dia de semana e Igreja com um bom número de fiéis. fiéis como a torre da Catedral, quando em construção,
qualquer modo, não dei muita bola para ele. Também, Naquele momento em que antecede a missa e já com serviu de parque de diversão para a maioria daqueles
nem me cumprimentou quando cheguei. Tava lendo e o nosso grupo praticamente formado (facilidades de “coroas” que estavam ali presentes. Imaginem vocês
lendo ficou. Então, fica lá. comunicação da Internet), contei ao pessoal das boba- que naquele grupo estavam presentes juízes de direi-
Qualificado o Rodolfo, que assinava sobrenome gens e como foi o agendamento da missa. Matamos a to da ativa e aposentados, promotores de justiça idem,
grego e a moça teve dificuldade em reproduzir, fiquei saudade em nossas imaginações, matutamos onde fo- jornalistas, engenheiros, médicos e um sem número
ali de prosa enquanto ela preenchia os dados. Daí que, ram parar aquelas moças tão observadas de antanho, de profissionais bem-sucedidos que haviam deixado
em uma boca que não cabe mais do que a própria lín- risos contidos… ruído do microfone e uma senhora fez o conforto dos seus lares para as homenagens ao Ro-
gua e dada a falar asneiras, passei a contar a ela o mo- os anúncios de mister e, aparaceu o padre celebrante. dolfo. Todos voltaram seus olhos para mim. E eu de
tivo da missa e, que parte de nossa juventude havia Adivinha se não era o velho leitor atento do jornal? microfone na mão, querendo explodir por dentro de
sido passada nas obras da torre da Catedral. Explico! Toca missa para diante! Após a leitura do Testa- vergonha e constrangimento, com um fiapo de voz
Nas ruas 19 e 95 havia uma boa quantidade de pen- mento, o idoso padre partiu para a homilia. Pregou a expliquei a parte de que subíamos à torre para jogar
sionatos para moças. Um deles, o maior, das freiras, aceitação do Cristo, do encontro com Deus e foi para truco e sete e meio. Fiquei por ai. O padre inquisidor
continua no mesmo lugar e hospedando moças. Então, um tom mais coloquial para explicar sobre a verdadei- disse que ainda havia mais. Mas não houve. Na hora,
aquela turma lá do começo dessas linhas, subia quase ra amizade e sua importância. Que aquela missa as- imaginei que algumas daquelas senhoras presentes
todas as tardes até a travessa do imenso crucifixo que sumia um papel maior diante da homenagem que um poderiam ser uma daquelas moças que nós vigiáva-
compõe a torre, munida de baralho, tentos, trocados e, grupo de amigos fazia a um deles que havia falecido. mos com tanta dedicação. E nada mais disse!!!

opinião
O AUTO DA EXCELENTÍSSIMA IGNORÂNCIA DOS TOPÍSSIMOS IMBECIS
Carlos André Pereira Nunes | Cadeira nº 10

A
riano Suassuna faz falta!! Sim!! Como faz fal- co do adjetivo, ou seja, para demonstrar que não existe simos!! Governadores, prefeitos, presidentes de as-
ta!! Aliás, que nome, hein! Ariano!! Parece que possibilidade de intensificação maior no qualificador. sembleias legislativas, ministros e desembargadores
essa alcunha germânica é mais uma daquelas Vou traduzir para que os famigerados usuários do to- presidentes de colegiados e chefes no Ministério Pú-
ironias construídas pelo destino! Como pode um Aria- píssimo entendam: “é tipo o mais top; o top das galá- blico são excelentíssimos!! É importante ratificar que
no ser tão competente porta-voz das mazelas por que xias!” (Se é que você me entende, leitor!). presidente da República, infelizmente, não é mais ex-
passam tantos não arianos? Como pode ele traduzir – Dessarte, aquele que é muito amigo é amicíssimo; cetíssimo, em razão de um decreto populista e desa-
por seus chicós e por seus joões grilos – tanta injustiça aquele que é muito é gentil é gentilíssimo; aquele que é jeitado do atual presidente, mas...isso é assunto para
nas relações sociais?  excelente é excelentíssimo, e aí por diante… outro texto...
Ler ariano é ler a alma de um povo oprimido por Pois é! Ariano ficaria transtornado ao saber Eu não precisaria dizer que o tratamento não é
esse Estado de Não Direito; é ver o quanto o Leviatã se que o mau uso das palavras já cruzou a linha dos ad- destinado à pessoa, mas sim ao cargo que o agente
tornou o nosso algoz na contemporaneidade... jetivos e já está nas locuções de tratamento… É! Além público ocupa na República Brasileira; e que obedece
Noutro dia, ao ver um vídeo de uma das inesque- do topíssimo, a moda agora é excelentíssimo! É exce- ao que dispõe o artigo 37 da Carta Magna Brasileira,
cíveis palestras de Ariano, ouvia-o reclamar da falta lentíssimo para cá… excelentíssimo para lá… Parece acerca do princípio da impessoalidade. Aliás, ser con-
de propriedade vocabular de um jornalista, que qua- que a galera tem curtido o funk (ou o sertanejo uni- tra tratamento impessoal é coisa de homem cordial,
lificou um guitarrista popular (cujo nome não citarei versitário) do excelentíssimo. Verdade, leitor! Já há até catalisador do patrimonialismo, do assistencialismo,
aqui) como “gênio”! Ariano não digeriu o adjetivo e perfil no Instagram (com muitos seguidores, likes e da corrupção e outras mazelas do país...! Aí não!! Não
logo vaticinou: “Ora, se esse guitarrista é um ‘gê- tudo…). é, leitor?! Afinal, somos homens e mulheres de Estado
nio’, o que dizer de Beethoven?” É lamentável a falta de zelo com a palavra no Brasil! de Direito.
Essa fala de Ariano é muito mais do que um mero A palavra é o mais eloquente mecanismo comunicati- Enfim, aos cargos de chefes de poder e de alguns
ressentimento ao péssimo uso que fazemos dos adjeti- vo de um povo! Não se pode mais aceitar que sejamos colegiados, usa-se o tratamento excelentíssimo. A nin-
vos. É um aviso de que estamos perdendo a noção das papagaios do pensamento; que repita o excelentíssimo guém mais!! Ouviu, leitor?! A ninguém mais!! 
palavras; de que estamos nos desensapientizan- (e o topíssimo também…) sem pensar no que isso re- Vereador não é excelentíssimo. Senador não é ex-
do! O fato é que estamos ficando mais burros mesmo! presenta linguisticamente.  celentíssimo. Delegado não é excelentíssimo. Fiscal
Estamos era de péssimo vocabulário, em que o adjeti- Espantado leitor, basta ler o Manual da Presidência não é excelentíssimo. Procurador não é excelentíssi-
vo é usado apenas por meio de um signo linguístico: a da República e as legislações sobre etiqueta, para que mo. O síndico do seu prédio não é excelentíssimo…
palavra top (com as devidas variações, é claro: topíssi- se chegue à óbvia conclusão de que “excelentíssimo Sapentíssimo leitor, em memória à inteligência de
mo, topérrimo, topezeira). senhor” é tratamento cerimonioso, adequado exclusi- Ariano, é preciso que respeitemos  o  significado das
Sobre esse topíssimo, quero aqui externar minha vamente (repito, exclusivamente) aos Chefes de Poder palavras. É preciso que olhemos, de vez em quando,
indignação ao (des)serviço que algumas colegas têm e a alguns presidentes de colegiados dos Poderes da os dicionários e os manuais de etiqueta linguística.
feito em relação ao uso do sufixo -íssimo! República e de Funções Essenciais à Justiça!  Do contrário, nós assumiremos o papel protagonis-
Em Língua Portuguesa culta padrão, esse o sufixo Assim, presidente do Congresso é excelentíssimo; ta de topíssimos imbecis no Auto da Excelentíssima
-issimo é utilizado para indicar o grau absoluto sintéti- presidentes dos Tribunais Superiores são excelentís- Ignorância.
24 JORNAL DA AGML JULHO / AGOSTO – 2021

reflexão
NOLUMUS EST LEGES Uma reflexão necessária
MUTARI LANDMARKS – II
Charles Wellington de Matos Pinheiro | Cadeira nº 39

U
m braço que é menor? Uma prótese no lugar de
um olho? Uma pessoa com nanismo? Alguém prescindível para as lojas desenvolverem seus traba- brar que o irmão Mackey viveu em um mundo bem
que perdeu um membro num acidente? Qual- lhos, sobretudo na área de assistência, aliás isso tam- diferente do nosso, e vejo que o XVIII, em especial, ou
quer um desses “defeitos ou mutilações” descritos im- bém é um modernismo não ocorrente nos tempos de precisaria ser melhor explicado ou efetivamente mo-
possibilitaria a pessoa de se tornar maçom por qual Albert Mackey, e existente hoje sobretudo na maçona- dificado em função dos termos usados que são inclu-
razão? Vejam que o texto não deixa claro quanto ao ria brasileira, que aceitamos com a maior naturalidade, sive “politicamente” inadequados para o nosso tempo
tipo de mutilação ou “defeito”. E depois de iniciado, se além do fato de que o cidadão só iniciará se sua esposa e sociedade. Mas nesse caso quem deveria propor ou
acaso o irmão sofre algum acidente e ficar mutilado, assim o concordar. alterar esse Landmark se o último não define essa pos-
tornar-se-ia incapaz ou a regra deve valer apenas para Por outro lado, os Landmarks tem garantido uma sibilidade? É aí que reside o problema! Talvez coubesse
o ingresso mesmo? unicidade na maçonaria, como exemplo cito o II: “A di- as autoridades representativas da maçonaria mundial,
visão da maçonaria simbólica em três graus – Apren- como CMI e suas similares, proporem essa discussão
Com certeza, o defeito moral, a mutilação do ca- diz, Companheiro e Mestre – é um Landmark que, para análise.
ráter e a escravidão do ego são muito mais pernicio- mais que qualquer outro, tem sido preservado de alte- Sem dúvida propor uma reflexão para um tema tão
sos para nossa instituição do que o fato da pessoa ter rações apesar dos esforços feitos pelo daninho espírito singular não é fácil, teríamos verdadeiramente que nos
perdido um pé, uma perna, um braço ou um olho que inovador.” Assim como o III, que estabelece a lenda do debruçarmos sobre questões históricas, legais, filosó-
são perfeitamente substituídos por próteses. Mas infe- terceiro grau e o XIV que garante o “sagrado direito à ficas e sociológicas, aceitar que sempre é necessário
lizmente não existem próteses para esses verdadeiros visitação”, Landmark este que permite aos irmãos se estudar e que quanto mais o fazemos, mais somos im-
mutilados do caráter e da verdade, que infelizmente, conhecerem e se reconhecerem. pelidos a continuar em maior grau.
apesar do processo para iniciação em nossos mistérios Faço aqui também uma referência ao Landmark A maçonaria como instituição é uma escola de al-
existirem, eles ainda perfuram o véu da confiança ma- XXII que estabelece que: “Todos os maçons são ab- tos estudos, e precisamos, sem preconceitos, temores
çônica e adentram em nossos templos sob a pele de ir- solutamente iguais dentro da Loja, sem distinção de e paixões pessoais, estudar suas leis e caso necessário
mãos e as vezes até decorados com comendas, colares prerrogativas profanas, de privilégios que a sociedade estar com a mente e a razão aberta e apta ao que neces-
e honrarias. Esses são os verdadeiros mutilados que confere. A maçonaria a todos nivela nas reuniões maçô- sário for para que ela, a legislação, não seja tão obscura
devemos evitar a todo custo que se iniciem em nossos nicas.” Pessoalmente vejo aqui um sábio Landmark que num lugar que cultuamos a luz.
mistérios, esses são os verdadeiros “aleijados” que de- nem sempre é observado, pois não é incomum vermos Somos instruídos que o maçom é um investigador
vemos combater, não aqueles que pelo decorrer ou in- irmãos se referindo a outros pelos seus títulos profissio- da verdade, um filósofo de si e do seu tempo, um cora-
fortúnio da vida foram marcados com a cicatriz física nais ou profanos, se esquecendo de que ali no templo joso que com responsabilidade busca o bem para si e
de uma infeliz ocorrência. a Igualdade deve imperar como forma de ensinar que para a humanidade, e assim ele tem a ordem maçônica
Quanto as mulheres não tecerei comentários sim- apenas as posições de hierarquia nos cargos de diretoria como meio de fazê-lo. Então que possamos de forma e
plesmente pelo fato de que nossa ordem não é fecha- das lojas são importantes para as nossas sessões. atitude maçônica pensar, analisar e, sem medo, refletir
da a elas, simplesmente não as recebe como iniciadas, Reitero que não questiono a legitimidade ou a inal- com a clareza de quem tem a luz como guia e a razão
mas elas possuem uma função social que hoje é im- terabilidade de um Landmark, mas é necessário lem- como bússola.

artigo
A contribuição do educador universitário do Século XXI à sociedade
brasileira, por meio da inserção de valores em sua disciplina – III
Carlos Augusto F. de Viveiros | In memoriam (Texto escrito em dezembro de 2020)

D
e acordo com Diniz (2018, p. 50), “a educação Resgate dos valores por meio da educação potencialidades infinitas necessárias para cada mo-
tem papel determinante neste contexto, visto Através do processo educacional pode haver uma mento – os valores reais da vida humana.
que é de sua responsabilidade o processo pe- contribuição significante para o resgate dos valores que Brych (2007) também reconhece o papel importan-
dagógico de informar comportamentos éticos e morais estão sendo cada dia mais renegados pela nossa socieda- te que a educação pode exercer nesse cenário que esta-
para futuros cidadãos.” de e nos últimos tempos tem se pensado, mais, no “ter” mos passando.
Portanto, os valores éticos são em conseqüência e não no “ser” e é neste processo, que entendemos que o É necessária a educação, para proporcionar o cresci-
do comportamento efetivo que o indivíduo recebe do professor universitário do século XXI exerce papel fun- mento do ser “como luzes para si mesmos”, e que gerem
grupo social em que está inserido, pautando as suas damental para a mudança de paradigma social, visando a luz para os demais como mensageiros para um mundo
ações de forma a enfrentar seus problemas e tomando contribuir para uma sociedade em que o homem pode mais digno. Temos esta como sendo finalidade de mol-
decisões em prol do bem comum. pensar e realizar seu próprio desenvolvimento pessoal e dar o caráter do homem, enquanto cidadão, membro da
Assim, parafraseando Bittar (2019) na significação social de forma sustentável com uma perspectiva de as- sociedade. O fim último da educação consiste em plan-
da ética: “a ética corresponde ao exercício social de pectos morais, éticos, educacionais, financeiros, econômi- tar nele as potencialidades infinitas necessárias para
reciprocidade, respeito e responsabilidade. A ética, cos, políticos, de direitos e deveres e por fim, da própria cada momento – os valores reais da vida humana.
enquanto exercício de humanidade, nos confirma em cidadania, nessa sociedade em constante transformação. O senhor de todas as mudanças que ocorre em
nossa condição de seres que vivenciam, aprendem e Para Bruch (2007, p.3), a educação poderá contri- uma sociedade é o ser humano que recebeu e, ain-
trocam valores.” buir para reverter essa situação que se encontra a nos- da, continua recebendo informações e conhecimentos
Dessa forma, a vida em sociedade é baseada em sa sociedade. de seus professores/educadores, pois o homem tem a
valores e as pessoas devem distinguir o que é certo ou Temos esta como sendo finalidade de moldar o caráter necessidade de se atualizar constantemente, vivendo
errado na busca de um bem comum por eles para con- do homem, enquanto cidadão, membro da sociedade. em constante construção de sua identidade. (PETRA-
vivência em sociedade. O fim último da educação consiste em plantar nele as GLIA, 2011).
(continua na próxima edição)
JULHO / AGOSTO – 2021 JORNAL DA AGML 25

artigo Da fenomenologia do justo e


perfeito à contribuição do maçom
MAÇONARIA E SUSTENTABILIDADE – II para o alcance dos objetivos de
desenvolvimento sustentável
José Eduardo Miranda | Colaborador definidos pela ONU

A
título de ilustração, destaca-se em KANT que Observe-se que a confluência do amar, no exercício ter, ou que eram capazes de alcançar. Naturalmente,
“no reino dos fins tudo tem ou um preço ou de vida em sociedade, amplia situações de benevolên- gerou-se o estigma de que a qualidade de vida estava
uma dignidade. Quando uma coisa tem um cia que deflagram, espontaneamente, cláusulas subje- sub-rogada ao grau maior ou menor de riqueza, de li-
preço, pode-se pôr em vez dela qualquer outra como tivas de empatia, maximizadoras da inquietação pela quidez financeira, e de possibilidades econômicas. A
equivalente; mas quando uma coisa está acima de todo busca de um mundo melhor. É por isto que se advoga egolatria, e a individualidade exacerbada, e quase sem
o preço, e, portanto, não permite equivalente, então no sentido de que os parâmetros do desenvolvimento controle, corrompeu a consciência sobre a dignidade
tem ela dignidade” (1986, p. 77). Como a Maçonaria sustentável estão conectos com a essência da Maçona- alheia, sepultando naturalmente a preocupação sobre
atua no ambiente moral do indivíduo, convertendo ria, pois, se aquele é condição principal para o alcance a importância do meio ambiente natural.
sua atitude ética, seu vínculo institucional está diame- da dignidade da pessoa humana, esta tem como fim A bem da verdade, este ideário, congênere com a
tralmente fundido com a dignidade humana, pois sua a felicidade do homem, indiscutivelmente o primeiro exploração dos recursos naturais não renováveis, pas-
finalidade jamais estará desassociada da felicidade e alicerce que dá sentido à vida digna. sou a ser combatido paulatinamente, haja vista o enten-
do bem. Sem qualquer intuito pela identificação da fórmu- dimento gradual de que a preservação e conservação
Ao facultar o aprimoramento do homem, a Ma- la que permita compreender se a dignidade está para do meio ambiente mostravam-se precípuos à melhoria
çonaria propicia o seu desvencilhamento dos víncu- felicidade, ou se a felicidade está para a dignidade, ob- das condições de vida humana. Foi, por conseguinte,
los de materialidade, libertando-o das paixões, ten- jetiva-se demarcar que a Maçonaria é peça chave para que o desenvolvimento sustentável ingressou na agen-
tações e preconceitos que o afastam, consciente ou o alcance do desenvolvimento sustentável, inerente à da política internacional, e passou a figurar como tema
inconscientemente, das premissas que dignificam forma pela qual o homem se relaciona com o ambiente, central de diferentes movimentos socio-humanitários
sua relação com o alheio e com o ambiente. Uma vez com seus comuns, com os meios de produção, com as desenvolvidos a partir da década de 70. Em 1972, na
livre dos vícios que desviam o seu olhar do que é políticas econômicas, e com a própria sociedade. primeira Conferência da ONU sobre meio ambiente
Justo e Perfeito, o Maçom sobreleva a importância de Adverte-se, portanto, que a percepção da susten- e desenvolvimento, realizada em Estocolmo, na Sué-
todas as pessoas que com ele dividem o seu respec- tabilidade no desenvolvimento da sociedade organi- cia, adotou-se a expressão ecodesenvolvimento, para
tivo espaço de existência humana, conferindo valor zada, colide com a ideia liberal de não intervenção do simbolizar as estratégias desenvolvimentistas que não
a tudo que eleva a qualidade de vida de cada indiví- Estado na economia, determinante do prenúncio que afetassem a integridade do meio ambiente, provocan-
duo, sem distinção. enquadrou o desenvolvimento econômico como sinô- do quaisquer prejuízos para o homem.
Por isto, é basilar referendar-se que a Moral Maçô- nimo de investimento na tecnologia produzida pelo
nica consiste no amor ao Supremo Senhor da Vida e da homem, para “criar formas de substituir o que é ofe-
Existência, o G A. ̇. D. ̇. U. ̇., e no incondicional amor recido pela natureza, com vistas, na maior forma das
ao próximo. Afirma-se, sem temor ao erro, que o dever vezes, à obtenção de lucro em forma de dinheiro” (DA
primeiro do Maçom é a prática perseverante, irrestrita SILVA, 2004, p. 25).
e irrenunciável, de honrar e venerar o G. ̇. A. ̇. D. ̇. Levando-se em conta que a especulação econômica
U. ̇., cumprir com boas ações para todos os homens, foi a bússola que orientou os passos da humanidade
amando-os como seus iguais, sem qualquer tipo de dis- ao longo de sua evolução, as pessoas materializaram
tinção, retaliação ou preconceito. o sentido da felicidade, equacionando o significado do
A Maçonaria prega o amor; o Maçom, ama... ser feliz em razão daquilo que tinham, que mostravam
(continua na próxima edição)

opinião
O CAMINHO MAÇÔNICO DE COMPOSTELA
Joás de França Barros | Cadeira nº 29

N
unca é demais relembrar a sábia Quando o experenciar é o mais im- Após mais algum tempo, novamen- do nossa humanidade no que ela tem de
reflexão editada no “Prumo nº portante, os meios passam a ter valor te a rotina se instala e passamos a dese- melhor e de pior.
172 – março/abril de 2007, com- em si mesmos. O tempo passa a ser se- jar sermos Mestres. Aí, sim, a Maçona- Dizem os místicos que “quando o
parando o caminho de Compostela com cundário, pois cada passo é um chegar. ria seria desvendada e encontraríamos discípulo está pronto o Mestre aparece”.
a caminhada maçônica de Aprendiz a Cada pequena experiência se soma à o pote de ouro no fim do arco-íris. Para que isso aconteça é necessário que
Mestre. grande experiência que é o caminhar. Creio que essa pressa é normal. o discípulo esteja pronto, quer dizer,
O caminho de Compostela, na Es- Estar lá é fundamental. Afinal, vivemos uma época onde o im- esteja lá e esteja atento. Não façamos,
panha, ficou famoso como sinônimo de Se vamos a Compostela por avião, portante é chegar. Muitas vezes até de meus Irmãos, como as dez virgens da
caminho e peregrinação. as esquinas do caminho, as árvores flo- forma escusa, arrancando de forma parábola evangélica, que, quando o noi-
O autor destaca algumas lições. ridas, os córregos frescos, o canto dos ilegítima as “palavras de passe”, os “si- vo chegou, estavam dormindo e não ti-
A ideia não é de sacrifício, mas de pássaros, o entardecer e o amanhecer nais”, os “toques” e as “palavras” de nha mais azeite em suas lâmpadas.
experienciar aquilo que se faz. continuarão lá. Mas não farão parte de cada posição social. É estando presentes que veremos
Ir a Compostela de avião ou num nós. Não farão parte da nossa bagagem. Mas que valor, então, teve o nosso quando o verdadeiro tesouro da Ma-
carro de luxo, nos mostra o resultado Quando, ao entardecer dos anos, nos caminhar? çonaria nos é dado, sim, mas não na
final, o ponto de chegada, mas não nos sentarmos à frente da lareira, exami- Nós, meus Irmãos, estivemos lá. Es- chegada. A cada sessão nos é dada uma
permite incorporar – e incorporar signi- nando em silêncio a bagagem de nossa tivemos presentes em cada passo, ver- moeda. Jogamo-la na bolsa sem muita
fica tomar parte de nosso corpo – cada vida, essas coisas não estarão lá. Estare- temos cada gota de suor, paramos em consideração. Um dia, meus Irmãos – e
passo, cada gota de suor, cada esquina mos, incontestavelmente, mais pobres. cada esquina do caminho, admiramos isso tantos Irmãos mais vividos nos têm
do caminho, cada árvore florida, cada Há alguns anos, eu e os Mestres que cada árvore florida, bebemos em cada testemunhado -, acordamos e descobri-
córrego fresco, cada canto de pássaro, me leem éramos Aprendizes. Curiosos e córrego fresco, ouvimos cada canto de mos, entre espantados e extasiados, que
cada entardecer ou cada amanhecer. apressados como todos os Aprendizes. pássaro, admiramos cada entardecer e temos um tesouro acumulado.
Chegamos a Compostela, mas ela Após algum tempo, começamos a cada amanhecer. Estivemos presentes Nesse dia, cada vez que declaramos:
não fará parte de nós. achar que não havia nada no grau de a cada sessão. Ouvimos cada palavra, “Ó! Quão bom e quão suave é que os Ir-
Se o caminho é tão importante quan- Aprendiz que correspondesse àque- as boas e as más, as inspiradas e as mãos vivam em união! É como o óleo
to o ponto de chegada, o tempo deixa de la expectativa que tínhamos quando cansativas. precioso sobre a cabeça, que desce sobre a
ser importante. fomos iniciados. Púnhamos, então, Hoje o caminho faz parte de cada barba, a barba de Arão, e que desce à orla
Quando temos pressa de chegar, o nossas esperanças no grau de Com- um de nós. Cada experiência está em das suas vestes. Como o orvalho do Her-
caminho não tem a menor importân- panheiro. Quando fôssemos elevados, nossa bagagem. Somos mais ricos. E mon, que desce sobre os montes de Sião;
cia. O tempo, sim. Os veículos tam- os segredos nos seriam revelados e o descobrimos que o grande segredo da porque ali o SENHOR ordena a bênção e a
bém. Nesse caso, os fins justificam os que tínhamos vindo buscar nos seria Maçonaria não está aonde se chega, vida para sempre.”, as palavras nos farão
meios. entregue. mas no caminhar juntos, compartilhan- sentido e nossas almas exultarão.
26 JORNAL DA AGML JULHO / AGOSTO – 2021

artigo
BEM PARA ALÉM DA DIREITA
E DA ESQUERDA FRATERNALMENTE Somos iguais e diferentes
Alexandre Avelino Giffoni Júnior | Cadeira nº 12
“O paradoxo trágico da via eleitoral para o autoritaris- vivendo hoje, sem o devido cuidado das autoridades, ro está vivenciando, como as questões da vacina e com
mo é que os assassinos da democracia usam as próprias dos mandatários, dos donos do poder. a exploração política da vacina do Covid 19.
instituições da democracia – gradual, sutil e mesmo Se recordamos bem a história, os valores revolu- Sem aprofundar, aqui, questões importantes que
legalmente – para matá-la.” LEVITSKY, Steven (2018, cionários não foram uma conquista fácil. A guilhotina envolvem os fatos históricos mencionados acima, e
p. 19). lá estava, as torturas, e todo o sofrimento que a Re- outros não menos graves, voltamos a refletir que a

N
volução e a Contrarrevolução causaram, para que nós dicotomia esquerda versus direita (GIDDENS, 1996)
o dia 15 de julho último, tive a honra de re- tivéssemos esses valores no dia a dia das nossas insti- não tem conseguido avançar na resolução dos graves
presentar os Confrades que tomaram posse tuições, os quais nós, Maçons, prezamos tanto. e históricos problemas do nosso país e da humani-
na Academia Goiana Maçônica de Letras – À frente do movimento revolucionário estavam dade global. Direita, esquerda... Que Liberdade? Que
AGML, em noite memorável, que contou com a pre- inúmeros Maçons, Irmãos nossos e seus familiares. Democracia?
sença do Soberano Grão Mestre do Grande Oriente do No terra a terra, no chão, no dia a dia lá estavam eles, Direita... esquerda... conservadores... progressis-
Brasil – GOB, Ir.: Múcio Bonifácio, do Eminente Grão naqueles embates que levaram a conquistas vagarosas. tas... São palavras que existem e estão no nosso coti-
Mestre do Grande Oriente do Brasil – Goiás GOB GO, Conquistas estas que já julgávamos estar consoli- diano e no vocabulário dos políticos (BOBBIO, 2011).
diversas autoridades maçônicas, representantes das dadas: Liberdade, Igualdade, Fraternidade. A Maçona- Mas como é que nós podemos acreditar em uma
Grandes Lojas, Irmãos e Cunhadas de diversas Lojas, ria tinha, então, uma agenda de liderança e avançava à mídia que nos apresenta a China como um país comu-
a que representavam, familiares e amigos dos novos frente das demais Instituições e junto com outras, ten- nista? Autoritário, sim, mas será que a China ainda
Acadêmicos. tando conquistar uma nova humanidade, fazer uma é um país comunista? Um país aberto ao capital, que
Na oportunidade, recordei que, no dia anterior, a nova história, construir o novo. está na mão de tão poucos pessoas e instituições, pa-
França e o mundo comemoraram a queda da Bastilha, A partir das tradições maçônicas, no passado, nós recendo muito com a União Soviética, em que os bene-
acontecida no dia 14 de julho de 1789, que iniciou o mo- construímos o novo, enquanto povo maçônico. Demos o ficiários do “desenvolvimento”, que podiam desfrutar
vimento da Revolução Francesa e inaugurou em todo exemplo! À escuridão que reinava, do poder autoritário das riquezas, eram os burocratas no poder. E agora,
o planeta novas formas de relações de poder político dos reis, dos papas da época, nós demos o exemplo das presente, uma pandemia a ceifar tantas vidas no mun-
e econômico, bem como diferentes modos transforma- luzes, com muito suor, muita lágrima e muito sangue. do e no Brasil.
dores de se ver a realidade. Mas que Liberdade é essa? Que Igualdade é essa? Direita, esquerda... Que Liberdade é essa vinda de
Para a Maçonaria mundial, a Revolução Francesa Que Fraternidade é essa? Nós comemorávamos ontem países considerados liberais? Que Igualdade é essa que
possui um sentido especial, por inaugurar uma era de as enormes e inúmeras conquistas a partir da Revolu- vem de países considerados socialistas e comunistas?
Democracia para a humanidade. Apesar de uma con- ção Francesa. Mas ao mesmo tempo assistimos estarre- A Democracia preza as diferenças. Nós somos di-
trovérsia histórica existir, pelo fato de não se saber se o cidos, nestes tempos de pandemia, o poder autoritário ferentes em inúmeros aspectos. Mas nós também so-
lema “Liberdade, Igualdade, Fraternidade” da Revolu- governando o Planeta, com poucas exceções. mos iguais em diversas características humanas. Nós
ção foi inspirado por Maçons revolucionários ou se foi Até bem pouco tempo, por exemplo, nos Estados somos pessoas, povo, iguais e diferentes. Nós precisa-
a Maçonaria que o incorporou em seu corpo simbólico Unidos da América, que é o baluarte e deveria ser o mos nos respeitar por isso.
e em seus ideais, a Ordem Maçônica passou a defender país mais democrático e republicano do mundo, nós Enquanto povo maçônico, precisamos tomar no-
os princípios democráticos que inspiraram novos Go- presenciamos a quase emergência do autoritarismo, vamente aquela posição de liderança, de vanguarda.
vernos e novas Constituições. em função das trevas impostas pelo cultivo da igno- A Maçonaria, precisa resgatar a posição de que existe
Com a Revolução Francesa, conseguimos avanços rância, pela manipulação das informações dentro e uma possibilidade para além da esquerda e da direita,
importantíssimos em nosso estado de ser humanos. fora das mídias, nos campos da política, da saúde e da bem para além da esquerda e da direita. Tal é a nossa
Nós aprendemos os valores vivenciados da Democra- economia. condição de fraternidade, de amorização, da condição
cia, os valores da República, em oposição a atitudes Em nosso país, quando acreditávamos que está- de relações de amizade, de sermos amigos mesmo nas
autoritárias, antidemocráticas, dos Reis e dos donos vamos nos livrando de possíveis manipulações da diferenças: mesmo nas diferentes crenças, mesmo nas
do poder na época, uma verdadeira casta de podero- informação e da comunicação, nos levando a crer que diferentes tradições.
sos que exercia exploração e sofrimento às pessoas, às estávamos nos libertando de uma situação política que A tradição maçônica deve ser a base para a renova-
comunidades. trazia a corrupção e o mal, que deixava de atender à ção, visando a construção de uma nova humanidade,
O resultado dessa opressão era a miséria, a fome, Saúde, a Educação etc. No entanto, assistimos a esses para uma humanidade mais humana. Iguais e diferen-
as doenças, epidemias semelhantes a esta que estamos mesmos problemas se repetirem e que o povo brasilei- tes, fraternalmente.

falando francamente mãos, os EXALTADOS. Qual o nosso PAPEL? Como


arquitetos, nós nos reunimos aqui física e mistica-
mente para darmos, continuadamente, um pouco
COMO ACONTECE O APERFEIÇOAMENTO mais de Luz, um pouco mais de Razão, um pouco
mais de Paz à humanidade, através do nosso reflexo
DO HOMEM MAÇON? no mundo profano. O nosso Papel é tornar Feliz a
Humanidade, na permanente e incessante busca da
“Palavra Perdida” ,ou seja, “ A Verdade”.
Aparecido José dos Santos | Cadeira nº 31 Eis a questão: Será que em pleno século XXI,
nós estamos exercendo o nosso Papel com a devida
A INICIAÇÃO é primeira grande transforma- tada. Pois o companheiro ainda não é um Cavalei- Serenidade que ele merece? Será que nós estamos
ção do homem. Representa o abandono do homem ro, mas acompanha, auxilia o seu Venerável Irmão preparados para honrar esse Título de “Mestre,
profano para o nascimento do homem livre e limpo, no combate aos maiores inimigos da humanidade, Venerável”? Será como estará sendo apreciada a
purificado pelo fogo e pela água “para que nada de quais são: a Ignorância, Os Preconceitos e Os Erros. nossa imagem junto à comunidade profana e entre
profano lhe permaneça”. Nessa proporção o MESTRE busca a Transcen- nós mesmo? Será que dentre nós, consideramo-nos
Enquanto o APRENDIZ procura desbastar da dência, a Ressureição, os cinco Pontos de Perfeição. como verdadeiros Veneráveis Irmãos? Ou será que
pedra bruta e o livramento das asperezas do espíri- O Desprendimento da carne para ser a LUZ. Neste isto é apenas uma formalidade Ritualística?
to e a busca do autoconhecimento. Neste estágio, o ponto, o homem chega a Venerável, o Respeitado, Na verdade, caríssimos Irmãos, eu sou um da-
homem ainda não é Luz, mas a Luz já lhe foi dada. o Acatado, o Honrado. Aquele em que todos os queles que reconhecem que o Título de “Irmão” é
O aprendiz vê a Luz em seu Mestre, em quem ele demais homens têm por ele o mais profundo Res- honroso demais, é pesado demais, é difícil demais
acredita, confia venera e honra. peito, Reverência e Honra, seja profano, iniciado de carregar.
Ao passo que o COMPANHEIRO estabelece um aprendiz, elevado companheiro, como também pe- Precisamos rogar ao GADU que tenha misericór-
estágio de compartilhamento com o Mestre, na Obra los demais homens, os Exaltados. dia de nós e que continue nos dando Força e Vigor,
do Bem, ou seja, o companheiro ainda não tem a Es- Afinal quem é esse HOMEM? Este é o Homem é mais sabedoria e tolerância para que possamos con-
pada, mas a Espada Flamejante já lhe foi apresen- o Mestre, é você, sou eu, somos nós, Veneráveis Ir- tinuar com o nosso trabalho, com a nossa Missão de
“Tornar Feliz a Humanidade”, na busca incessante e
permanente da Verdade. (“A Palavra Perdida.”).
JULHO / AGOSTO – 2021 E-books disponíveisJORNAL
no portal da AGML. Acesse pelo link:
DA AGML 27
https://agml.com.br ou pelo aplicativo do QR Code

R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS

CADEIRA Nº 1 CADEIRA Nº 2 CADEIRA Nº 3 CADEIRA Nº 4 1 CADEIRA Nº 5 1 CADEIRA Nº 6 1 CADEIRA Nº 7 1 CADEIRA Nº 8 1 CADEIRA Nº 9 1

Licínio Leal Barbosa Anderson Lima Silveira Aidenor Aires Pereira Breno Boss Cachapuz Caiado Luís Carlos de Castro Coelho José Mariano Lopes Fonseca Adolfo Ribeiro Valadares Filadelfo Borges de Lima Luiz Antônio Signates Freit″as

R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS

CADEIRA Nº 10 1 CADEIRA Nº 13 1 CADEIRA Nº 14 1 CADEIRA Nº 15 1 CADEIRA Nº 16 1 CADEIRA Nº 18 1 CADEIRA Nº 19 1 CADEIRA Nº 21 1 CADEIRA Nº 23 1

Carlos André Pereira Nunes Getúlio Targino Lima Castro Filho Jefferson Soares de Carvalho João Batista Fagundes Absaí Gomes Brito Mauro Marcondes da Costa Adegmar José Ferreira Genserico Barbo de Siqueira

R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS

CADEIRA Nº 25 1 CADEIRA Nº 26 1 CADEIRA Nº 27 1 CADEIRA Nº 28 1 CADEIRA Nº 29 1 CADEIRA Nº 30 1 CADEIRA Nº 31 1 I N M E MOR IA M CADEIRA Nº 24 1

Paranahyba Santana Airton Batista de Andrade Hélio Moreira Heitor Rosa Joás de Franca Barros Múcio Bonifácio Guimarães Aparecido José dos Santos João Asmar Carlos Augusto F. Viveiros

[ Publicações In memoriam ]

opinião
HIRAM ABIFF, O MAÇOM ÍCONE E SEU TEMPLO
Igor Junqueira Cabral | Colaborador

P
ara compreendermos a maçonaria de- vras sobre Deus e outras mais sobre lições O templo de Salomão esta presente na
vemos nos remeter as sociedades de diárias. maçonaria através das características in-
pedreiros medievais. Ao analisarmos a A figura lendária de Hiram e o templo ternas das lojas. Sua representação deve se
maçonaria vamos observar que seu passado de Salomão, descrito na bíblia, apontam tornar a mais autêntica possível a do templo
se mistura a antigas construções. Para os ma- para uma ligação religiosa em sua origem e original, eu minha pesquisa não consegui en-
çons a maçonaria que se tem hoje é resultado são esses dois elementos que dão sentidos a contrar quaisquer templos em que a presença
de ordens de construtores, das quais um pe- vida maçônica seja para explicar sua origem, de ouro e madeira de acácia fosse abundante,
dreiro de nome Hiram Abiff, pertenceu, esta seja para dar significado a seus rituais e tra- mas pude notar que em que a grande maioria
é uma das figuras simbólicas mais presentes balhos cujo objetivo é de melhorar o homem das lojas principalmente as existentes no Bra-
na ordem maçônica atual. As ferramentas enquanto ser criado a partir da reflexão das sil, tentam recriar um ambiente semelhante
utilizadas na maçonaria como cinzel, o es- atividades diárias. ao do templo original, uma réplica do descri-
quadro e que coincidentemente ou não foram to na Bíblia.
utilizados na morte de Hiram. São instru- A indumentária maçônica também lem-
Fonte: Domínio público. Imagem retirada de Google, ago. 2021

mentos de trabalho em loja para os maçons. bra aos pedreiros livre, o avental como sendo
Uma das frases mais marcantes também uti- a principal alegoria maçônica seus ornamen-
lizadas pelos maçons fora a mesma utilizada tos lembram o templo de Salomão e outras
pelo antigo mestre construtor. passagens contidas na bíblia, ou então seus
Poucas são as evidências das reais origens elementos contém símbolos que carregam
do construtor Hiram Abiff e seu templo, tan- elementos que lembram a morte ou os cami-
to biblicamente como do ponto de vista da nhos obscuros de uma vida.
ciência histórica. No entanto existem mais de Não é possível aos historiadores afirmar
30.000 lojas maçônicas esparsas ao redor do com maior clareza sobre a possível exis-
mundo e todas são construídas seguindo as tência de um maçom ícone como o caso de
descrições bíblicas do templo de Salomão. Hiram Abiff. Sendo lenda ou não a história
Ao analisar o tempo de Hiram Abif e se misteriosa sobre a vida de mestre construtor
compararmos aos atuais eventos que a maço- Hiram bem como sua morte é responsável
naria busca defender nota-se que os objetivos por narrar os rumos da maçonaria dentro
são basicamente os mesmo desde tal período, dos seus principais ritos ainda praticados
os interesses são baseados nas liberdades de sendo os de maior evidencia o rito de YORK
expressão e direitos. e o REAA, sem este processo a formação da
Praticamente em todas as grandes cons- vida maçônica de um indivíduo dentro das
truções medievais de pedra existia um lu- perspectivas impostas pelos rituais seriam
gar ao centro que era onde os pedreiros se totalmente em vão. Não faria sentido algum
reuniam para fazer suas orações e alimen- a permanente prática de um ritual dentro da
tar-se, esse salão muitas das vezes situado maçonaria se não ter por objetivo praticar os
ao centro da construção era denominado de atos de Hiram, baseados na tolerância, leve-
loja, ali um novo jovem era então iniciado ao za, força e equilíbrio além de ser um ícone
oficio de construtor, possuíam uma espécie como já citado possuindo as liberdades ne-
de ritual o qual mostrava ao iniciado pala- cessárias para um homem
28 JORNAL DA AGML JULHO / AGOSTO – 2021

GALERIA

registro ABIN confraria celestial


Mas – o que é um pormenor de ausência. Faz diferença?
“Choras os que não devias chorar. O homem desperto
nem pelos mortos nem pelos vivos se enluta" – KRISHNA
instrui Arjuna, no Bhágavad Gita. A gente morre é para
provar que viveu. Só o epitáfio é fórmula lapidar.
(...) Alegremo-nos, suspensas ingentes lâmpadas.
E: “Sobe a luz sobre o justo e dá-se ao teso coração
alegria!” – desfere então o salmo. As pessoas não
morrem, ficam encantadas. GUIMARÃES ROSA

Você também pode gostar