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Abrir portas onde se erguem muros
mu
m uros Director: Manuel Carvalho Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022 • Ano XXXIII • n.º 11.926 • Diário • Ed. Porto • Assinaturas 808 200 095 • 2€
Direc

Jo
Jogos Olímpicos Novas variantes podem surgir
Quais são os riscos da explosão
H
Homens passam de covid-19 na China para
o resto do mundo?
a competir Ciência, 26/27
n
na modalidade Creches
d
de natação Ter irmãos no privado será
uma vantagem no novo regime
aartística alargado de gratuitidade
Desporto, 36
De Sociedade, 16

Incentivos
a hospitais
ajudam SNS
a bater recorde
de cirurgias
Incentivos à produção e mais doentes
referenciados explicam a média mensal
mais alta da década: 55 mil Sociedade, 14

Quebra histórica Novo regime

Procura de Estágios
casas para passam a ter
arrendar cai nas de ser sempre
grandes cidades remunerados
No terceiro trimestre foram celebra- Medida abrange todas as proÆssões
dos 22.138 contratos, o que represen- reguladas por ordens proÆssionais,
ta a maior redução homóloga desde nomeadamente advogados e conta-
que há registo Destaque, 2/3 bilistas Política, 10

Acordo anunciado
“Bibi” prepara Hoje Biblioteca
o governo mais da Censura (Vol. 9)
extremista da Sete Odes do Canto
história de Israel Comum, de Orlando
Antigo primeiro-ministro Benjamin da Costa
Netanyahu prepara executivo de coli- Por+
gação com partidos ultra-ortodoxos
e de extrema-direita Mundo, 20/21
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2 • Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022

Destaque Arrendamento

Procura de casas
cai nas grandes
cidades e cresce
no interior do país
O aumento das rendas e a escassez de oferta têm desviado
a procura de casas para arrendar para regiões do interior. Mas
a tendência pode inverter-se, se o mercado de venda cair
E esta queda de novos contratos, Em várias destas cidades, a con-
Rafaela Burd Relvas
mostram ainda os dados do INE, Æca tracção do mercado de arrendamen-

N
uma altura em que as rendas
continuam a aumentar a
ritmo acelerado nos maiores
centros urbanos, e em que a
oferta permanece escassa
para dar resposta à procura,
o mercado de arrendamento está a
sofrer uma forte contracção nas gran-
des cidades, onde as casas são mais
caras, ao mesmo tempo que está a
crescer signiÆcativamente nas regiões
do centro e do Norte do país.
Os dados, divulgados ontem, são
do Instituto Nacional de Estatística
(INE), que deu conta de uma estabili-
zação dos valores das rendas a nível
nacional no terceiro trimestre deste
a dever-se, sobretudo, ao desempe-
nho do mercado nas grandes cidades,
onde, ao mesmo tempo, o aumento
das rendas foi superior ao que acon-
teceu no resto do país.
No conjunto dos 24 municípios
com mais de 100 mil habitantes,
foram celebrados 11.956 novos con-
tratos de arrendamento durante o
terceiro trimestre deste ano: é o equi-
valente a mais de metade dos contra-
tos celebrados em todo o país neste
período, mas representa também
uma queda de quase 9% em relação
a igual período do ano passado.
to é ainda maior e chega a ultrapassar
os dois dígitos. É o caso de Vila Nova
de Gaia, onde o número de novos
contratos celebrados caiu 20% em
relação ao ano passado, ou de Lisboa,
Loures e Odivelas, onde se registam
quedas superiores a 10%.
Isto, enquanto os preços continua-
ram a crescer a ritmo acelerado nas
grandes cidades. No conjunto dos
maiores municípios, o valor mediano
das rendas Æxou-se em 8,82 euros por
metro quadrado, número que Æca
quase 35% acima da mediana nacio-
nal e que representa um aumento
superior a 10% em relação a igual
período do ano passado, um cresci-

ano, um fenómeno que, contudo, não
foi transversal a todo o país. No perío-
do em análise, o valor mediano das
rendas Æxou-se em 6,55 euros por
metro quadrado, número que repre-
senta um aumento de 7,6% em rela-
ção a igual período do ano passado,
mas que é igual ao que já tinha sido
registado no segundo trimestre deste
ano. Foi a primeira vez desde o início
de 2020 que não se veriÆcou um
aumento das rendas em termos tri-
mestrais.
7,6%
No terceiro trimestre, o valor
mediano das rendas fixou-se em
6,55 euros por metro quadrado,
um aumento de 7,6%
mento igualmente acima daquele que
se veriÆca a nível nacional.
Também no que diz respeito aos
preços, há grandes cidades com
aumentos bem mais acentuados. O
maior aumento, superior a 25%, regis-
ta-se em Barcelos, mas também em
Cascais (que já é o município mais
caro do país para arrendar casa, com
uma renda mediana de 13,63 euros
por metro quadrado) e no Funchal se
veriÆcaram aumentos superiores a
20%. Já em Lisboa, as rendas aumen-

Este movimento foi registado num
período em que foram celebrados
22.138 novos contratos de arrenda-
mento em Portugal, uma queda de
5,5% em relação ao terceiro trimestre
do ano passado, naquela que é a
maior redução homóloga no número
de novos contratos de que há registo
desde que o INE começou a divulgar
estes dados.
5,5%
Foram celebrados 22.138 novos
contratos de arrendamento,
uma queda de 5,5% em relação
ao terceiro trimestre de 2021
taram 13% e ultrapassaram a fasquia
dos 13 euros por metro quadrado,
enquanto no Porto o aumento homó-
logo foi de 10%, para 10,08 euros por
metro quadrado.
Ciclo pode inverter-se
O fenómeno de contracção do mer-
cado de arrendamento nas grandes
cidades não é novo e é explicado
pelas suas duas partes: oferta e pro-
cura. “Também veriÆcamos esta ten-
dência, sobretudo em Lisboa e no
Porto. Por um lado, podemos atribuir
isto ao aumento das rendas que se
tem observado, que condiciona a pro-
cura e acaba por afastá-la para outras
geograÆas. Mas também é verdade
que esta dinâmica é acompanhada
por uma redução da oferta”, explica
Ricardo Guimarães, director da Con-
Ædencial Imobiliário, ao PÚBLICO.
Esta tendência, acrescenta, já se
veriÆca desde meados de 2021, quan-
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FABIO AUGUSTO
Em Lisboa, as rendas subiram
13% e ultrapassaram
os 13 euros por metro quadrado,
enquanto no Porto o aumento
foi de 10%, para 10,08 euros
Valor mediano das rendas de novos contratos de
arrendamento
Euros/m2
10
8
6 Portugal
4
1.0 T. 2.0 T. 3.0 T. 4.0 T.
2020
Novos contratos de arrendamento de alojamentos familiares
Grandes cidades
25.000
20.000
15.000
10.000
5000
0 O Porta 65, programa através do
1.0 T. 2.0 T. 3.0 T. 4.0 T. 1.0 T. 2.0 T. 3.0 T. 4.0 T. 1.0 T. 2.0 T. 3.0 T.
2020
Fonte: INE
do o mercado de venda começou a
acelerar, levando, por outro lado, à
desaceleração do mercado de arren-
damento. Com o actual contexto de
perda de rendimento disponível e
aumento dos juros, que diÆcultam a
compra de casa, o responsável admi-
te que a tendência poderá voltar a
inverter-se. “É natural que um ciclo
de redução do número de vendas de
casas possa contribuir para um
aumento tanto na procura, como na
oferta de casas para arrendar, uma
vez que os proprietários também pre-
ferem colocar as casas no mercado de
arrendamento do que vender a preço
de desconto”, considera Ricardo Gui-
marães.
No primeiro semestre deste ano, de
acordo com os dados mais recentes
já disponibilizados pelo INE, foram
vendidas 87.151 casas em Portugal,
por um montante total superior a
16.369 milhões de euros, números
que correspondem a aumentos de
14% e 30%, respectivamente. Mas as
consultoras imobiliárias já admitem,
há vários meses, que o mercado
poderá registar um abrandamento no
próximo ano, não só pelo aumento
do custo de aquisição e redução do
rendimento disponível das famílias,
como pela cada vez mais evidente
escassez de oferta.
Seja como for, para já, é notório o
desvio da procura de casas para
arrendar em regiões do interior do
país, onde os preços também aumen-
tam, mas permanecem mais baixos
do que nas grandes cidades.
8,82
Grandes cidades
6,55
1.0 T. 2.0 T. 3.0 T. 4.0 T. 1.0 T. 2.0 T. 3.0 T.
2021 2022
22.138
Portugal
11.956
2021 2022
PÚBLICO
O crescimento do mercado veriÆ#
ca-se, sobretudo, em sub-regiões do
Norte e do centro do país, mas tam-
bém em algumas zonas do Alentejo.
Entre as oito sub-regiões que com-
põem a região norte, o número de
novos contratos aumentou em quase
todas — a excepção foi a Área Metro-
politana do Porto, que, simultanea-
mente, reúne uma parte signiÆcativa
das grandes cidades. Já no centro o
mercado cresceu em cinco das oito
sub-regiões, registando-se uma con-
tracção no Oeste, Aveiro e Médio
Tejo.
Os maiores aumentos homólogos
no número de novos contratos de
arrendamento, superiores a 20%,
veriÆcam-se em Terras de Trás-os-
Montes, no Norte, e Beira Baixa, no
centro, que, ainda assim, continuam
a ser duas das zonas com menor
número de novos contratos celebra-
dos. Em sentido contrário, zonas
como a Área Metropolitana de Lisboa,
o Algarve ou o Alentejo litoral regis-
tam quebras a dois dígitos.
Este crescimento dá-se, enquanto
os preços nestas regiões continuam
muito abaixo do resto do país, che-
gando mesmo a cair nas zonas mais
procuradas. Nas regiões de Terras de
Trás-os-Montes e Beira Baixa, onde o
crescimento do número de novos
contratos de arrendamento foi mais
acentuado, as rendas caíram 7% e 6%,
respectivamente. O valor mediano do
metro quadrado Æcou em 2,67 euros
em Terras de Trás-os-Montes e 3,32
euros na Beira Baixa.
Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022 • 3
Conselho de Ministros
Governo quer aprovar
todas as candidaturas
ao Porta 65 em 2023
Rafaela Burd Relvas
O
Governo aprovou ontem, em
Conselho de Ministros, o
diploma que virá aumentar
os limites das rendas máxi-
mas admitidas no Porta 65 e
que, desta forma, vai permi-
tir alargar o universo de beneÆciários
deste programa de apoio ao arrenda-
mento jovem. Com esta alteração, a
que se junta um reforço orçamental,
o objectivo é conseguir aprovar todas
as candidaturas ao programa, uma
meta que nunca foi conseguida. Este
ano, já foram aprovados quase 11 mil
apoios, mas muitas das candidaturas
acabam rejeitadas por corresponde-
rem a rendas que ultrapassam os
limites deÆnidos no programa.
qual os inquilinos até aos 35 anos
podem receber apoios correspon-
dentes a uma percentagem do valor
da renda, por via de uma subvenção
mensal, tem montantes de renda
máxima admitidos, que variam con-
soante o concelho e tipologia da
casa. Estabelecidos em 2010, esses
montantes são ajustados anualmen-
te de acordo com o coeÆciente Æxa-
do todos os anos para a actualização
das rendas habitacionais, mas nunca
foi feita uma actualização dos valo-
res de base, razão pela qual, hoje, os
limites de rendas admitidas no pro-
grama estão longe da realidade do
mercado.
Para dar resposta a este desfasa-
mento da realidade, o Governo intro-
duziu, no Orçamento do Estado para
2022, uma autorização legislativa
para compatibilizar as regras do Por-
ta 65 com as do Programa de Arren-
damento Acessível — que, entretanto,
também sofreu alterações aprovadas
neste último Conselho de Ministros e
passa, agora, a chamar-se Programa
de Apoio ao Arrendamento —, uma
iniciativa mais recente e com valores
máximos de renda admitida mais ele-
vados. A utilização desta autorização
legislativa foi sendo adiada durante
Este ano, já foram
aprovados
quase 11 mil apoios,
mas muitas
das candidaturas
acabam
rejeitadas
todo o ano e só agora, no Conselho de
Ministros que decorreu ontem, o
Governo fez uso dela.
Assim, tal como o PÚBLICO já tinha
noticiado, os novos limites às rendas
admitidas no Porta 65 entrarão em
vigor a partir de 1 de Janeiro de 2023.
Antes disso, decorrerá um último
concurso ao programa, ainda com as
rendas máximas não actualizadas. O
período de candidaturas a este con-
curso decorre desde o passado dia 13
de Dezembro e vai até 2 de Janeiro.
Para além do alargamento dos limi-
tes das rendas admitidas no progra-
ma, a dotação orçamental do Porta
65 será aumentada em cerca de 26%
em 2023, para um total de 31,3
milhões de euros. Com estas duas
medidas, diz Pedro Nuno Santos, o
Governo espera aprovar todas as can-
didaturas que sejam feitas ao progra-
ma no próximo ano.
“No Orçamento do Estado para
2023, o Porta 65 tem o maior reforço
de sempre, aumenta quase 30%. Este
reforço vai ter de acomodar dois fenó-
menos: o aumento das rendas e, tam-
bém, o aumento do número de can-
didatos ao programa. A nossa ambi-
ção é dar resposta a todos os jovens
que se candidatam”, disse o ministro
durante a conferência de imprensa
que se seguiu ao Conselho de Minis-
tros de ontem, acrescentando ainda
que, em 2022, até Setembro, foi pos-
sível “absorver todas as candidaturas”
feitas ao Porta 65. “Preparamo-nos
para, em 2023, ter maior resposta”,
sintetizou o ministro.
Segundo os dados enviados ao
PÚBLICO pelo Ministério das Infra-
Estruturas e da Habitação, foram
aprovadas 10.835 candidaturas ao
Porta 65 em 2022 (não incluindo os
dados do concurso de Dezembro, que
ainda decorre). Este número corres-
ponde a todas as candidaturas elegí-
veis, diz o ministério, sem esclarecer
quantas candidaturas, incluindo as
não elegíveis, foram submetidas no
total. Mas uma “grande parte” das
que foram consideradas não elegíveis
explica-se, precisamente, pelo facto
de os limites às rendas máximas admi-
tidas no programa serem demasiado
baixos tendo em conta a realidade do
programa, esclarece fonte oÆcial do
Governo.
Até agora, uma grande percenta-
gem dos jovens que procuraram ace-
der ao Porta 65 foram rejeitados. Em
2020, foram submetidas 19.820 can-
didaturas, das quais 11.094 foram
aprovadas; já em 2021, foram aprova-
das 11.052 das 19.651 candidaturas.
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4 • Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022

Espaço público

Mudam-se as drogas, mudam-se as políticas

A
criação de um novo
Editorial organismo responsável
pelas estratégias e
políticas de prevenção e
tratamento das
dependências do álcool e das drogas
permitiria corrigir um erro cometido
Amilcar Correia há dez anos, quando a troika impôs
a extinção do Instituto da Droga e da
Toxicodependência (IDT). O que
Æcou conhecido como o exemplar e
aplaudido modelo português de
descriminalização dos consumos de
droga foi retalhado até entrar num
estado comatoso.
O que aconteceu desde então foi a
O regresso ao modelo de aÆrmação de um modelo
um único organismo organizativo que deixou a teoria
com o Serviço de Intervenção nos
não será, só por si, Comportamentos Aditivos e nas
miraculoso. As drogas Dependências e a prática com as
mudam e os consumos Administrações Regionais de Saúde
(ARS). A divisão teve consequências.
também. As O primeiro desenha as políticas de
organizações devem intervenção, mas não tem tutela,
fazer o mesmo nem competência sobre as
segundas, que são quem as aplica.
O resultado é este: as Divisões de
Intervenção nos Comportamentos
Aditivos e nas Dependências e os
Centros de Respostas Integradas das
ARS, que substituíram os antigos
centros de atendimento a
toxicodependentes e onde estes são
tratados em regime de ambulatório,
mas que nunca foram integrados na
rede de cuidados primários,
contribuíram para a frustração de
utentes e proÆssionais.
O novo modelo que o Governo
está a preparar, e que pressupõe o
regresso a uma estrutura única,
como a do desaparecido IDT, que
reunia prevenção, tratamento e
redução de danos, só pode agradar a
ambos.
Na sua origem, estarão antigas
reivindicações de especialistas da
área, muitos dos quais se demitiram
há cinco anos por discordâncias
irresolúveis com a bicefalia actual,
mas também com a entrada em
funções da futura direcção
executiva do Serviço Nacional de
Saúde (SNS), que implicará
desmantelar as ARS. Tendo em
conta que o actual ministro da
Saúde, Manuel Pizarro, foi um
assumido defensor de um regresso
ao modelo do IDT, só podemos
concluir que este momento é uma
oportunidade para criar estratégias
capazes de responder às alterações
de consumo actuais: os
heroinómanos da década de 90
foram substituídos por jovens
consumidores problemáticos de
cannabis, cuja potência aumentou,
de cocaína, com um maior grau de
pureza, de álcool ou com patologias
associadas ao jogo.
Mas o regresso ao modelo de um
único organismo não será, só por si,
miraculoso. É da articulação entre
este e o SNS que poderá resultar algo
mais eÆcaz. As drogas mudam e os
consumos também. As organizações
devem fazer o mesmo.

CARTAS AO DIRECTOR
É inconcebível
e até criminoso
Como é possível com tanto know-
-how adquirido que não se consiga
extirpar o mal pela raiz no que toca
às continuadas inundações nas
cercanias mais baixas de Lisboa?
Acaso a engenharia civil
portuguesa sabe o que são
pólderes? São terras pantanosas
abaixo do nível do mar, a ele
conquistadas nos Países Baixos.
Claro está, se a própria engenharia
não sabe, quanto menos os
políticos de obras de fachada?
Para exemplo do que
normalmente acontece, quando
chuvas diluvianas coincidem com
a subida das marés, os arredores
de Lisboa transformam-se num
pântano. Assim, falemos das
instalações do Centro de Saúde de
Algés, situado num edifício abaixo
três pisos do solo. Mas como é isto
possível? É uma mina ou uma
masmorra para afogar os
degredados?
Segundo soubemos, onde tal
prédio e outros também foram
construídos, existia uma ribeira.
Que autoridades autorizaram tais
construções e outras em iguais
situações de constantes
inundações?
José Amaral, Vila Nova de Gaia
Os outros
nas nossas botas
Há uma expressão “calçar os
sapatos dos outros”, ou colocar-se
na sua pele, que apela a
experimentar ver um problema
pelo lado do outro,
eventualmente um adversário, e
assim procurar entender o seu
raciocínio, o seu ponto de vista e
compreender melhor as suas
acções.
Existe algo um pouco
complementar que é tentar
colocar os outros no nosso lugar.
Desconhecendo os fundamentos
das suas motivações, trata-se de as
imaginar à luz dos nossos valores
e princípios. É um jogo
potencialmente perigoso.
Aqueles que apelam ao diálogo e
à diplomacia face aos
autoritarismos e agressões, das
quais a situação na Ucrânia é o
actual exemplo mais agudo, acham
que, como “connosco”, “com os
outros” a lógica será a mesma.
Obviamente que para Putin, tal
como Hitler em 1938, há um
sistema de valores que não é o
“nosso”. Não é o diálogo, nem a
argumentação que os convencem.
É a força, militar, económica ou
outra.
O sistema de valores que
defendemos necessita de ser forte
para resistir, sem hesitações nem
meias-medidas. As botas de Putin
são muito diferentes das nossas.
Não serve de nada imaginá-lo a
calçar as nossas, não há calçadeira
que tal consiga.
Carlos J.F. Sampaio, Esposende
No lugar certo
da História
Ver Zelensky dar uma conferência
de imprensa em conjunto com Joe
Biden em plena Casa Branca a
conquistar apoios deve ser a pior
prenda de Natal que os putinistas
receberam este ano, muito pior
do que ganhar meias e canecas,
eles que desejavam que o
Presidente da Ucrânia estivesse
numa vala comum em Bucha.
Desta vez, os Estados Unidos
colocaram-se no lugar certo da
História, enquanto a Europa
continua contagiada pelo medo à
espera de uma nova invasão
russa. Para quem dizia que os
russos chegariam a Kiev em três
dias, para quem jocosamente
apelidava Volodymyr Zelensky de
ser um comediante e que iria ser
esmagado, deve custar ver alguém
tão corajoso fazer mais pela
liberdade e autodeterminação de
um povo num dia do que a maior
parte das pessoas numa vida toda.
Emanuel Caetano, Ermesinde
Atrasos na
regularização de
imigrantes
Quando li na manchete do
PÚBLICO de quarta-feira que as
“contribuições de imigrantes
crescem para 1293 milhões de
euros e batem recorde”, pensei
logo nos milhares desses
contribuintes para a Segurança
Social que aguardam há largo
tempo serem chamados pelo SEF
para regularizar a sua situação de
residência em Portugal. No mesmo
dia, li uma outra notícia em que se
dizia que o Governo anunciara,
numa reunião com altos
responsáveis policiais, que a
reestruturação do SEF irá
acontecer “até Março de 2023”,
implicando várias mudanças e
reorganizações nas outras polícias
que irão absorver agentes,
funcionários e acumular funções
que ainda são da competência do
SEF. Entre tantos elogios balofos
dos presentes na reunião para
relevar a importância da
assinatura de protocolos, nada foi
dito sobre quem vai herdar o caos
do SEF na normalização da
situação de milhares de imigrantes
e o que vai mudar. Entendo que o
comportamento do Governo
constitui um enorme desprezo
pelos mais elementares direitos
dos cidadãos imigrantes
prejudicados pelas suas decisões
erráticas, mas muito úteis, como
se vê, para engordar as receitas da
Segurança Social.
Fernando Lima, Lisboa

As cartas destinadas a esta secção têm de ser enviadas em exclusivo para o PÚBLICO e não devem exceder as 150 palavras (1000 caracteres). Devem indicar o nome, morada e contacto
telefónico do autor. Por razões de espaço e clareza, o PÚBLICO reserva-se o direito de seleccionar e editar os textos e não prestará informação postal sobre eles cartasdirector@publico.pt
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ESCRITO NA PEDRA Música de botas cardadas
Uma boa
consciência é Ainda ontem
um Natal
contínuo
Benjamin
Franklin
O
(1706-1790), Miguel Esteves Cardoso
escritor e diei o Ælme Tár e odeio-me por
ter Æcado até ao Æm. À espera
cientista de quê? Que Æcasse bom de
repente?
Que me interessa a mim que a
Cate Blanchett esteja excelente?
Maior ainda é o desperdício. Uma das
O NÚMERO vantagens dum filme com duas horas e meia
4,9%
que nunca mais acaba é dar-nos tempo para
percebermos porque é que o odiamos.
Já tinha odiado outro filme de Todd Field
pela mesma razão — o In the Bedroom. Acho
que Todd Field é um bully, que faz Ælmes bully
sobre personagens que são bullies. Está
fascinado pela arrogância, pela prepotência e
pelos comportamentos opressivos em geral.
Acho-o profundamente misógino e Ælisteu.
O aumento das portagens em As mulheres são megeras ou vítimas e têm
2023 será de 4,9%, de acordo sempre culpa. O mundo da música clássica é
com o decreto-lei aprovado apresentado como uma variedade de luta
ontem em Conselho de Ministros livre em que os mais fortes levam sempre a
ZOOM XANGAI, CHINA
Com o aligeiramento da “política de covid zero”, os casos estão a aumentar exponencialmente na China e a entupir os
hospitais. Em Xangai prevê-se que metade dos seus 25 milhões de habitantes seja infectada até ao final do ano
melhor sobre os mais fracos.
Há um prazer sádico na humilhação das
pessoas ligadas às artes, culminando na
vingança sobre Lydia Tár, o nome falso de
uma maestrina cheia de talento que é vista
como um monstro a abater.
Fui à procura de críticas dissonantes e só
encontrei uma ou duas, muito tímidas,
escondendo-se atrás da interpretação de Cate
Blanchett. Pois é o que faz todo o Ælme,
cobardemente: esconder-se atrás da actriz.
Que valor podem ter as cenas
pseudodocumentais ao pé de genuínos
documentários sobre o trabalho de
orquestras, músicos, maestros e
compositores?
Sente-se a música desrespeitada —
sobretudo os compositores, traduzidos e
espoliados, secundarizados e reduzidos. Que
cinema é este tão parasita e tão espoliador?
É difícil fazer um Ælme fascista sobre
música, mas Todd Field conseguiu — fascista,
bisbilhoteiro e cobarde, tentando disfarçar a
violência com o tédio da repetição
interminável.
Não tenho a esperança de dissuadir
ninguém, mas sim de fazer companhia a
quem tenha enÆado o mesmo barrete que eu.
Ainda bem que o homem só faz um Ælme de
20 em 20 anos. Deus queira que isso não
mude com o êxito inexplicável de Tár.
ALY SONG/REUTERS
Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022 • 5
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6 • Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022
Espaço público
Filhos ilegítimos?
Escrever
Direito
E
Francisco Teixeira da Mota
m Dezembro de 2013, na
Ucrânia, uma mãe de
substituição, a troco de
dinheiro, deu à luz o João e o
Jaime, na sequência de um
acordo celebrado com os
progenitores beneÆciários, a Joana e o seu
marido, Júlio. O Júlio era o pai biológico dos
Ælhos e as autoridades ucranianas emitiram
certidões de nascimento para as crianças,
identiÆcando a Joana como mãe e o Júlio
como pai. Em Fevereiro de 2014, as crianças
foram com os progenitores para a
Dinamarca.
Sucede que, na Dinamarca, o acordo de
substituição, celebrado na Ucrânia e que
estabelecia que a Joana deveria constar nas
certidões de nascimento como mãe das
duas crianças, não tinha qualquer valor
legal, por serem proibidas as gestações de
substituição contra pagamento.
As crianças obtiveram, contudo, a
nacionalidade dinamarquesa devido aos
seus laços familiares com o pai Júlio. Além
Semana de quatro dias: uma sopa de pedra
A
Pedro Gomes
conversa sobre a semana de
quatro dias como prática de
gestão é, essencialmente, uma
conversa sobre produtividade.
Os benefícios para os
trabalhadores são evidentes e
reconhecidos por todos, mas só por si não
são suÆcientes. Para ser sustentável, o
modelo tem de funcionar para as empresas,
que têm de manter ou melhorar a sua
competitividade – o que passa por aumentar
a produtividade nos restantes dias de
trabalho.
A melhoria da produtividade por hora é
essencial, mas não é automática. Se é
verdade que os trabalhadores mais
descansados vão naturalmente trabalhar
melhor e com mais criatividade, isso não
basta. A semana de quatro dias não é
terminar à quinta-feira trabalhando da
mesma forma! Requer mudanças de
disso, em 2018, as autoridades
dinamarquesas aceitaram que a Joana e o
Júlio tivessem a guarda partilhada do João e
do Jaime.
A Joana requereu a adopção das crianças
na qualidade de madrasta, mas as
autoridades dinamarquesas recusaram o
pedido de adopção, em particular, porque a
adopção era legalmente proibida, uma vez
que a mãe de substituição tinha sido paga
para consentir a adopção.
A partir daí, sucederam-se os recursos da
Joana, até chegar ao Supremo Tribunal
dinamarquês, mas sempre sem êxito. Para o
Supremo Tribunal, os acordos sobre o
“parto de uma criança” que envolvem
entregas de dinheiro “estão em conÇito com
os princípios fundamentais da (...)
sociedade” dinamarquesa. Na Dinamarca, a
lei proíbe a compra e venda de crianças por
nascer, procurando impedir que os
problemas de infertilidade se tornem um
verdadeiro negócio/mercado de crianças,
para além de, em relação a acordos que
envolvam pagamentos, existir o risco de
que a decisão de uma mulher que opte por
dar à luz uma criança em substituição de
outra pessoa, ao escolher os “pais” do seu
Ælho, possa ser determinada pelo dinheiro
que lhe é oferecido, e não pelo melhor
interesse da criança.
O Supremo Tribunal, embora
reconhecendo que o João e o Jaime tinham
vivido sempre com a Joana e que tinham um
processos dentro da empresa.
Estas mudanças podem passar por coisas
tão simples como reduzir o tempo de
reuniões e o número de pessoas envolvidas;
criar blocos de trabalho para responder a
emails, para trabalho coletivo ou para
trabalho individual em que ninguém pode
ser interrompido de forma a eliminar
constantes interrupções que destabilizam a
concentração. Também envolve adotar novas
tecnologias ou software de agilização de
trabalho em equipa, desenhar uma nova
interface para o cliente, ou simplesmente
tirar partido ao máximo do software
existente, por exemplo, da folha de cálculo –
para automatizar processos que tipicamente
são manuais.
Em restaurantes, pode passar por criar
uma aplicação para agilizar pedidos e
pagamentos, ou alterar o menu para pratos
de mais rápida preparação. No fundo, é
preciso mudar a cultura da empresa, para
valorizar o tempo – o nosso tempo, o tempo
dos nossos colegas, o tempo dos nossos
clientes. E, claro, é preciso terminar com as
intermináveis pausas para café e a perversa
cultura do presentismo.
Porque é que as empresas não fazem tudo
isto mantendo a semana de cinco dias? As
mudanças de processos desta amplitude são
naturalmente difíceis de implementar e
interesse relevante na adopção,
nomeadamente para efeito de serem
herdeiros, considerou, por outro lado,
existirem interesses de dissuasão geral
contra o comércio de crianças que importava
respeitar e que eram assegurados pela
proibição legal da adopção em casos em que
tivesse havido pagamentos. Para o Supremo
Tribunal, embora fosse razoável o interesse
da Joana em obter o reconhecimento da
relação jurídica entre ela e as crianças
através da adopção, tal interesse não podia
ter um especial peso, uma vez que isso seria
permitir a legalização de uma situação de
facto consumado que ela própria criara ao
fazer um pagamento para obter um
consentimento da mãe de substituição, o que
bem sabia ser contrário à Lei da Adopção.
A Joana e os Ælhos, João e Jaime,
O acordo celebrado na
Ucrânia, que estabelecia
que a Joana constaria
nas certidões como mãe
das crianças, não tinha
valor legal na Dinamarca
enfrentam resistência dos trabalhadores.
Estas envolvem horas adicionais de treino e
aprendizagem, esforço e empenho conjunto,
mas o retorno visível para os trabalhadores é
apenas trabalho mais intenso.
Muitas vezes, estas revoluções só são feitas
quando a empresa passa por grandes
diÆculdades, ou quando é sujeita a um
choque externo, como foi o caso da
pandemia. Aqui reside a grande vantagem da
semana de quatro dias. As empresas podem
contar com o apoio real e incondicional dos
trabalhadores – nenhum será uma força de
bloqueio, pois todos estarão conscientes de
que são eles os maiores beneÆciários. Nas
empresas que foram bem-sucedidas em
reduzir a semana de trabalho, a gestão
deÆniu objetivos e os princípios gerais da
implementação, mas a maioria das
mudanças concretas de processos foi
determinada coletivamente pelos
trabalhadores.
A semana de quatro dias como prática de
gestão não é um direito – é um contrato social
dentro da empresa que nasce com uma
manifestação de conÆança por parte da
gestão, mas que, em contrapartida,
compromete os trabalhadores a
esforçarem-se para que funcione, pois se não
funcionar será revertida.
Lembram-se da história da sopa de pedra?
recorreram ao Tribunal Europeu dos
Direitos Humanos (TEDH), queixando-se da
violação do seu direito ao respeito pela vida
privada e familiar. A mãe viu rejeitada a sua
pretensão, mas quanto aos menores, no
passado dia 6, o TEDH teve outro
entendimento. Apesar de profundamente
dividido (quatro votos contra três), o TEDH,
recordando o princípio essencial segundo o
qual, sempre que está em causa a situação de
uma criança, o interesse superior dessa
criança é primordial, considerou que as
autoridades dinamarquesas, ao recusarem a
adopção do João e do Jaime pela Joana, não
tinham encontrado um justo equilíbrio
entre, por um lado, o interesse especíÆco das
crianças em obter uma relação mãe-Ælho
legal com a Joana, e, por outro, os direitos de
terceiros, nomeadamente aqueles que, em
geral e em abstracto, correriam o risco de
serem negativamente afectados pelo acordo
de gestação de substituição com
pagamentos. E declarou, assim, que o direito
ao respeito pela vida privada e familiar do
João e do Jaime tinha sido violado pela
Dinamarca, pelo que os deveria indemnizar.
Na verdade, parece que o TEDH tem razão:
o João e o Jaime não podem/devem ser
punidos, com uma proibição de adopção,
por terem sido concebidos a troco de
dinheiro, sob pena de estarmos a ressuscitar,
de alguma forma, os Ælhos ilegítimos.
Advogado. Escreve à sexta-feira
Na famosa lenda de Almeirim, um frade
astuto intriga um lavrador abastado ao
propor fazer uma sopa de pedra, e
convence-o a ajudá-lo. Depois de pôr água a
ferver com uma pedra, vai pedindo alguns
ingredientes para condimentar a sopa: sal,
azeite e rapidamente avança para as batatas,
cenoura, toucinho, chouriço e feijão. Os dois
comeram a excelente sopa. Os dois Æcaram a
ganhar. A lição desta história é que, às vezes,
o que parece impossível ou insano pode
transformar-se em algo deslumbrante, basta
estarmos dispostos a experimentar. É uma
história sobre como podemos encontrar
soluções inesperadas para os nossos
problemas.
A semana de quatro dias é como a sopa de
pedra. A maioria das empresas imagina uma
pedra dentro da água. Uma minoria de
empresas consegue perceber que o processo
envolve muitos outros ingredientes. A nossa
experiência-piloto foi desenhada para essas
empresas, as que percebem que podem
utilizar a semana de quatro dias para operar
um salto qualitativo na forma de trabalhar.
Quem é servido?
Coordenador da experiência-piloto
da semana de quatro dias, organizada
pelo Ministério do Trabalho,
Solidariedade e Segurança Social
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8 • Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022
Espaço público
Impostos extraordinários para tempos extraordinários
Susana Peralta
Há uma parte da inflação
que vem do poder de
mercado das empresas,
e não apenas do aumento
dos custos de produção
É
difícil, em circunstâncias
normais, determinar que parte
dos lucros é inesperada. Quando
um conjunto de investidoras
decide criar uma empresa, ou
investir num determinado
sector, fá-lo considerando o retorno
esperado do investimento, o risco a este
associado, com base em vários cenários
razoáveis do desenvolvimento do negócio.
Podemos entrar em debates teóricos
complexos acerca disso, ou podemos ser
pragmáticos: a invasão da Ucrânia por Putin
não foi considerada como uma fonte
provável de lucros para quem investiu no
sector energético nos últimos anos. Se há
contexto em que podemos aÆrmar que os
lucros são inesperados, é este.
O aumento do preço neste momento de
crise é o ajustamento normal num mercado
com escassez de oferta; neste caso, causada
pela paragem das trocas comerciais com a
Rússia. Tem dois papéis fundamentais na
economia: o efeito imediato de reduzir a
procura (na Alemanha, o consumo de
energia foi este ano 5% abaixo do de 2021) e o
efeito, que não é imediato, de estimular a
oferta. Como é que isto acontece? O aumento
do preço traduz-se em maiores lucros,
mesmo num mercado onde a concorrência
comprime as margens de lucro. Os lucros
acrescidos servem de incentivo para que as
empresas produzam mais fontes primárias
de energia, o que, a prazo, irá substituir a
quebra de fornecimento do gás, carvão e
petróleo russos.
Como a crise de fornecimento atual está
concentrada nos combustíveis fósseis, ela é,
também, uma excelente oportunidade para
acelerar a transição energética. Num mundo
ideal, se conseguíssemos desenhar um
imposto que incidisse apenas sobre as
empresas que produzem ou reÆnam
combustíveis fósseis, até podíamos utilizar
esse dinheiro para subsidiar as empresas de
energias renováveis e, assim, contribuir para
a transição energética.
O problema é que muitas empresas
energéticas operam nos setores fóssil e
renovável. A proposta de lei portuguesa
segue a recomendação europeia e limita o
imposto às empresas que “geram pelo menos
37,5% do seu volume de negócios em
atividades económicas dos setores da
extração, mineração, reÆnação de petróleo
ou fabricação de produtos de coqueria”.
Ainda assim, será necessário avaliar com
atenção os efeitos do imposto, porque não é
de excluir que venha a penalizar empresas
com uma parte substancial do volume de
negócios em energias renováveis.
O risco de penalizar o investimento na área
das energias renováveis é mitigado pela
natureza temporária do imposto (será
aplicado sobre os lucros de 2022 e 2023
apenas) e por incidir sobre ganhos aleatórios
(isto é, que não dependem do esforço de
quem gere as empresas). Numa situação
ideal, o imposto incidiria apenas sobre o
lucro de 2022 e teria sido anunciado de
forma mais repentina. Nesse caso,
investidores e empresas tinham margem
reduzida para alterarem o seu
comportamento devido ao imposto (por
exemplo, investindo menos), o que
eliminaria as distorções causadas na
economia.
A preocupação de estimular a transição
energética também surge no artigo 15.º da
proposta de lei, que afeta (entre outras
Ænalidades) a receita à promoção de
“investimentos por parte dos clientes Ænais
de energia em energias renováveis,
investimentos estruturais em eÆciência
energética ou outras tecnologias de
descarbonização”, bem como a apoios
Ænanceiros a empresas com utilização
intensiva de energia, desde que façam o tal
PAULO PIMENTA
esforço de “investimentos em energias
renováveis, eÆciência energética ou outras
tecnologias de descarbonização”. O objetivo
é estimável, mas neste momento impossível
de avaliar, dado que nada se sabe sobre o
desenho destes apoios e incentivos. De boas
intenções... já se sabe.
O outro problema potencial do imposto,
tanto o das empresas energéticas como o das
empresas de distribuição, é que ele seja pago
(em parte) pelos consumidores através do
aumento dos preços. Como se trata de
consumos essenciais e os mercados são
pouco concorrenciais, as empresas podem
usar o seu poder de mercado para transferir
a parte do imposto para os clientes.
Três empresas de distribuição portuguesas
(Modelo Continente, Pingo Doce e Auchan)
foram multadas pela Autoridade da
A chamada
‘contribuição de
solidariedade
temporária’ não é
perfeita. Mas é o que
temos neste momento
Concorrência por Æxação de preços — maior
prova de poder de mercado não há. O
mercado energético também é dominado
por poucas empresas. De todo o modo, uma
análise do economista Mike Konczal, do
norte-americano Roosevelt Institute, mostra
que as empresas têm aumentado os preços
acima do aumento dos custos, ou seja, os
chamados mark-ups têm aumentado
constantemente e atingiram máximos
históricos em 2021. Este aumento está mais
concentrado nas empresas que têm
sistematicamente mark-ups superiores, ao
longo do período de várias décadas
analisado. Estas estimativas sugerem duas
coisas. Por um lado, há uma parte da inÇação
que vem do poder de mercado das
empresas, e não apenas do aumento dos
custos de produção, energéticos e outros.
Por outro lado, as empresas têm poder para
transferir custos para os consumidores e não
há nenhuma razão (a não ser a natureza
temporária do imposto) que as impeça de
transferir pelo menos parte deste imposto
extraordinário.
Portanto, a chamada “contribuição de
solidariedade temporária” não é perfeita.
Mas é o que temos neste momento. No pico
da pandemia, propus que se Ænanciassem
ajudas generosas às pessoas mais afetadas,
como os trabalhadores precários dos
sectores do alojamento e da restauração,
com um aumento dos impostos. O injusto
contraste entre a situação confortável de
uma parte substancial das pessoas — a quem
chamei burguesia do teletrabalho — e a
situação desesperada de tantas outras, com
apoios diminutos e de difícil acesso, devia
ter-se resolvido com um imposto sobre uns
que Ænanciasse transferências para os
outros. Não imaginava que ao virar da
esquina estava outra crise, com
consequências bem mais perniciosas. Desta
vez, a ideia de dividir a conta pegou. Ainda
bem.
Segundo a sondagem ICS/ISCTE de
setembro, 32% dos inquiridos concordavam
com a frase “seria melhor que a guerra
terminasse o mais depressa possível, mesmo
que isso implique ceder às exigências da
Rússia e as suas consequências”. Uma
maioria de 54% tinha a postura oposta, isto é,
apoiava os esforços da Ucrânia, “mesmo que
isso implique prolongar a guerra e as suas
consequências”.
O número mais revelador dessa sondagem,
no entanto, era este: para quem dizia ser
muito difícil viver com o rendimento, havia
48% que concordavam com as cedências à
Rússia e apenas 36% que estavam dispostos a
suportar o custo de continuar a apoiar a
Ucrânia. Ou seja: pagar o custo económico
da guerra é mais difícil para quem vive
apertado. O momento é crítico. A nossa
forma de vida está ameaçada pela guerra
num país candidato à União Europeia, levada
a cabo por um autocrata corrupto, que
Ænancia políticos pouco escrupulosos no
seio das nossas democracias. Não podemos
dar-lhes gás.
Professora de Economia na Nova SBE.
Escreve à sexta-feira
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10 • Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022

Política Diploma visa facilitar acesso às proƊssões reguladas

Estágios remunerados passam a ser

obrigatórios. Falta saber como cumprir
Assembleia da República aprovou ontem novo regime, que permite a criação de sociedades
multidisciplinares de proÄssões reguladas por ordens proÄssionais. PSD, Chega e PCP votaram contra
RUI GAUDÊNCIO

Sofia Rodrigues
O diploma que prevê a obrigatorieda-
de de estágios remunerados no aces-
so a proÆssões reguladas por ordens
proÆssionais e a criação de socieda-
des multidisciplinares (como serviços
jurídicos e contabilidade, por exem-
plo) foi ontem aprovado em votação
Ænal global com os votos favoráveis
do PS, Iniciativa Liberal e deputada
única do PAN, os votos contra do PSD,
do Chega e PCP. Abstiveram-se o BE
e o deputado único do Livre. Na ban-
cada do PSD, o deputado e líder da
JSD, Alexandre Poço, votou a favor.
O novo regime das ordens proÆs-
sionais estabelece a duração máxima
do estágio em 12 meses, “a contar da
data de inscrição e até à sua integra-
ção como membro efectivo da asso-
ciação pública proÆssional”, poden-
do haver excepções previstas nos
estatutos, não podendo a duração
dos estágios ultrapassar os 18 meses.
Este prazo era uma das reivindica-
ções da Ordem dos Advogados, por
exemplo.
Ficou também prevista a garantia
de remuneração dos estágios, na qual
“devem ser observados os critérios
constitucional e legalmente previstos,
nomeadamente em respeito pelo
princípio da igualdade de condições
de trabalho”. O PS não acolheu, no
entanto, a possibilidade de esse paga-
mento ser comparticipado pelo Esta-
do, como propunha o PSD.
Os sociais-democratas alegam que, O novo regime das ordens profissionais estabelece a duração máxima do estágio em 12 meses, embora com excepções
sem que esta salvaguarda Æque pre-
vista na lei, esta obrigação de remu- caso de insuÆciência económica com- apresentadas pelos destinatários dos proÆssão e inscritos na ordem, outros querer acabar com o “incómodo” dos
neração vai implicar que muitos dos provada do candidato”. serviços e fazer recomendações para 40% de membros da academia que bastonários que “fazem barulho”
candidatos, sobretudo os que vivem A lei passa também a prever que as a sua resolução, bem como em geral não estão inscritos na ordem e 20% quando denunciam o “estado lasti-
no interior do país e procuram está- ordens proÆssionais tenham obriga- para o aperfeiçoamento do desempe- de personalidades de reconhecido moso” dos seus sectores. “Esvaziar as
gio em escritórios de advogados, por toriamente um provedor para os nho da associação”. mérito, que são cooptados. Os sociais- ordens não. Ou então assumam que
exemplo, não vão conseguir fazer “destinatários dos serviços”, cargo O regime das ordens abre também democratas criticam a prevalência de querem acabar com as ordens.”
estágio e aceder à proÆssão, ao con- que é remunerado, e que pode parti- a porta à criação de sociedades mul- uma maioria de elementos exteriores Alma Rivera alertou para as “con-
trário dos que têm mais possibilida- cipar factos susceptíveis de constituí- tidisciplinares, cujos sócios, gerentes à ordem proÆssional em causa. sequências negativas” que o novo
des económicas e acesso a grandes rem infracções disciplinares. Esta ou administradores podem não ter as O diploma segue para Belém, onde regime terá e insurgiu-se contra a
sociedades de advogados. personalidade independente não ins- qualiÆcações proÆssionais exigidas o Presidente da República já tinha “mercantilização das proÆssões regu-
A ideia foi sublinhada pela deputa- crita na ordem proÆssional tem como para o exercício das proÆssões em admitido que esta lei podia merecer ladas” e o “favorecimento a multina-
da do PSD Emília Cerqueira numa competência analisar as “queixas causa, estipulando, no entanto, que um pedido de Æscalização ao Tribunal cionais” através da criação das socie-
declaração de voto oral após a vota- Æcam “vinculados aos deveres deon- Constitucional, tal como aconteceu dades multidisciplinares.
ção do diploma. Também a deputada tológicos aplicáveis”. com o decreto que retirou os gabine- Em defesa do novo regime, o socia-
comunista Alma Rivera considerou PSD acusa PS de O PSD pretendia que o controlo e a tes da Europol e Interpol da depen- lista Pedro Delgado Alves defendeu
que a remuneração dos estágios não
Æcou resolvida: “O PS limita-se a fazer
querer livrar-se maioria do capital destas sociedades
fossem detidos por “proÆssionais
dência da Polícia Judiciária. que, se as sociedades multidisciplina-
res não forem reguladas, Portugal
de conta que quer resolver, mas na dos bastonários duma única proÆssão regulada”, mas Bastonários “incómodos” arrisca-se a que empresas com sede
prática isso não vai acontecer.”
Quanto à cobrança de taxas exigi-
que “fazem a proposta foi chumbada pelo PS.
Outra das questões contestadas
Na declaração, Emília Cerqueira acu-
sou o Governo de “chantagem” ao
em Espanha possam actuar em terri-
tório nacional. Quanto às ordens pro-
das durante o estágio, os estatutos das barulho” contra o pelo PSD é a da composição do órgão impor rapidez no processo legislativo Æssionais, o deputado defendeu que
ordens proÆssionais devem prever
“mecanismos de redução, isenção ou
“estado lastimoso” de supervisão das ordens proÆssio-
nais. O PS fez aprovar a sua proposta
para poder cumprir um compromis-
so assumido com a União Europeia.
o diploma protege estas associações
e considerou que não as transforma
diferimento” do seu pagamento, em dos seus sectores de integrar 40% de representantes da A deputada do PSD acusou o PS de em “corpos fechados”.
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Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022 • 11

Política

Chega vai reclamar da redacção Ɗnal

do diploma da eutanásia
Sofia Rodrigues
Líder parlamentar do Chega
esteve na reunião que fixou
redacção final, mas, ao não
falar do assunto, anuiu
a que o texto se mantivesse
O Chega anunciou ontem que vai
reclamar da redacção Ænal Æxada
pelos deputados para a lei da morte
medicamente assistida, porque iden-
tiÆcou “três alterações signiÆcativas
no texto Ænal”, e acredita que o Pre-
sidente da República apenas recebe-
rá o diploma em 2023. Após o anún-
cio, a questão foi levantada na sessão
plenária, gerando uma troca de pala-
vras azeda entre o Chega e o presiden-
te da Assembleia da República (AR).
BE e PS acusaram André Ventura de
“manobras dilatórias”.
“O Chega decidiu hoje reclamar da
versão Ænal da legislação aprovada
neste Parlamento em matéria de euta-
násia”, revelou o presidente do par-
tido, que falava aos jornalistas na AR.
Ventura disse que, com esta iniciativa
do seu grupo parlamentar, “provavel-
mente haverá um atraso” no processo
legislativo, e estimou que o diploma
siga para o Presidente da República
“no início do próximo ano”.
Na quarta-feira, os deputados da
Comissão de Assuntos Constitucio-
nais Æxaram a redacção Ænal do texto
sobre a morte medicamente assistida,
sem alterações. O líder parlamentar
do Chega, Pedro Pinto, esteve presen-
te, mas não falou sobre o assunto,
dando a sua anuência implícita a que
o texto se mantivesse exactamente
André Ventura,
líder do Chega,
foi acusado de
estar a realizar
uma manobra
para atrasar
o processo
como foi aprovado em votação Ænal
global a 9 de Dezembro.
O Regimento da AR estipula que,
caso existam reclamações contra ine-
xactidões, estas podem ser apresen-
tadas por qualquer deputado “até ao
terceiro dia útil após a data de publi-
cação no Diário do texto de redacção
Ænal”. Caberá depois ao presidente
da AR decidir sobre as reclamações
no prazo de 24 horas, “podendo os
deputados reclamantes recorrer para
o plenário ou para a Comissão Perma-
nente [órgão que funciona nas férias
parlamentares] até à reunião imedia-
ta à do anúncio da decisão”.
Se o Chega insistir nisso, consegue
remeter a conclusão do diploma para
o próximo ano, já que na próxima
semana não há plenários marcados.
As sessões plenárias são retomadas a
4 de Janeiro. André Ventura salientou
que “esta é uma iniciativa única e
exclusivamente do Chega”.
Isabel Moreira, do PS, acusou o
Chega de tentar uma “manobra dila-
tória”, acusação corroborada por
Pedro Filipe Soares, do Bloco. Na res-
posta às várias intervenções, o presi-
dente da AR disse que irá ler a recla-
mação para ver se tem fundamento,
lembrando que a sua decisão é recor-
rível, mas que o próximo plenário só
se realiza a 4 de Janeiro. com Lusa

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Presidente
da República
concedeu
cinco indultos

Leonete Botelho
O Presidente da República decidiu
ontem conceder cinco indultos por
razões humanitárias, tantos quantos
foram concedidos em cada um dos
dois últimos anos, por altura do Natal.
“Foram concedidos cinco indultos
por razões humanitárias, com base
na proposta da ministra da Justiça, ou
seja, todos os que foram propostos
pela ministra da Justiça conforme
previsto na lei”, anuncia-se numa
nota publicada no site da Presidência,
após a reunião de Marcelo Rebelo de
Sousa com a ministra Catarina Sar-
mento e Castro.
Ainda não são conhecidas as situa-
ções concretas das pessoas a quem
foram concedidos os indultos deste
ano. No ano passado, os cinco casos
referiam-se a reclusos.
Desde que assumiu o cargo, Marce-
lo já concedeu 33 indultos, uma medi-
da de graça ou clemência que não
exclui nenhum tipo de crime e pode
traduzir-se num perdão total da pena
de prisão ou num perdão apenas par-
cial. É exercida pelo chefe de Estado Dia 26 de dezembro anda a roda

€ 12.500.000*
sob proposta da ministra da Justiça.
Marcelo tem sido o chefe de Estado
que menos indultos atribui tendo por
base a comparação com os anteces-
sores, circunstância explicada pelo **
Em média, uma em cada três frações é premiada.
facto de existir actualmente a possi-
bilidade de cumprimento de penas
* Valor do 1.º prémio total nas dez séries. Os prémios atribuídos de valor superior a €5.000
de prisão domiciliária com pulseira estão sujeitos a imposto do selo, à taxa legal de 20%, nos termos da legislação em vigor.

electrónica nos casos em que as penas

não são superiores a dois anos.
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12 • Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022
Política
Moreira afasta regresso à ANMP, porque é
melhor negociar directamente com o Governo
Margarida Gomes
Presidente da Câmara do
Porto diz que há caminho
aberto para falar com o
Governo e que não vê razão
para mudar de posição
Sete meses depois de a Assembleia
Municipal do Porto ter aprovado a
saída da câmara da Associação
Nacional de Municípios Portugueses,
Rui Moreira afasta deÆnitivamente
o regresso da autarquia portuense à
ANMP, preferindo manter o canal de
negociação directa que abriu com o
Governo.
Quando se consumou a ruptura
entre a Câmara do Porto e a associa-
ção nacional de municípios, Rui
Moreira disse, então, que iria assu-
mir de forma “independente e autó-
noma” todas as negociações com o
Governo em relação ao processo de
descentralização de competências
da administração central para a
administração local e, sete meses
depois, diz que a sua decisão acabou
por se mostrar acertada.
“Acho que se demonstrou que o
facto de haver um município que
está fora [da ANMP] e que é um
município independente e que pode
alavancar questões que os presiden-
tes que fazem parte da estrutura
partidária têm mais diÆculdade aca-
bou por ser útil”, avalia o autarca
independente, em declarações ao
PÚBLICO.
“Não há nenhum tabu, mas,
enquanto eu for presidente de
câmara, não vejo grande motivo
para voltarmos, independentemen-
te da excelente relação que mante-
mos com a ANMP, quer com Hélder
Sousa Silva, que é o representante
do PSD na associação nacional de
municípios, quer com Luísa Salguei-
ro, que preside”, acrescenta, frisan-
do que “não há aqui nenhuma acri-
mónia”.
Satisfeito com os sinais de abertu-
ra que o Governo foi dando ao longo
das negociações em relação a algu-
mas das reivindicações apresentadas
pelo Porto, Rui Moreira declara que
não podia Æcar calado perante as
propostas que o executivo queria
impor aos autarcas, porque o enve-
lope Ænanceiro que acompanhava a
transferência de competências era
insuÆciente.
“Apesar de tudo, nós conseguimos
demonstrar que, naquilo que pare-
cia uma coisa de ‘come e cala’, nós
não tínhamos de calar e comer e
conseguimos uma solução que aca-
bou por ser vantajosa para todos os
municípios”, diz. Reconhece,
porém, que algumas das cedências
que o Governo fez não se devem ape-
nas à sua intervenção e aponta
exemplos.
Não tínhamos “Em relação às verbas que o
Governo vai disponibilizar para a
de calar e comer e acção social e que representam um
conseguimos uma aumento de 50% — não estou a dizer,
por um momento, que tenha sido eu
solução vantajosa que consegui, não fui, mas o facto de
para todos haver alguém que, não estando estri-
bado na lógica político-partidária,
Rui Moreira pode apresentar números, pode
Presidente da Câmara do Porto demonstrar que a equação é diferen-
te — eu acho que isto acabou por ser
SÉRGIO AZENHA
Rui Moreira elogia contributo da ministra Ana Abrunhosa
NELSON GARRIDO
útil para toda a gente. Acima de tudo
é útil para as pessoas que vivem do
rendimento social de inserção e para
os cidadãos do Porto”, aÆrma.
O presidente da Câmara do Porto
enaltece, sobretudo, o papel que a
ministra da Coesão Territorial, Ana
Abrunhosa, teve neste processo:
“Quero saudar a ministra Ana Abru-
nhosa, que, em determinada altura,
percebeu que as questões que o
município do Porto estava a levantar
— e que eram sustentadas num levan-
tamento que Æzemos com a Univer-
sidade do Minho — faziam sentido e
isso permitiu que o Porto tivesse
negociações em separado com o
ministério e isso acabou por não ser
prejudicial para a ANMP. Não há aqui
nenhum drama”, acrescenta.
Ganhos de causa
No mesmo registo, o vereador Fer-
nando Paulo, que tem o pelouro da
Coesão Social, destaca o empenha-
mento que Ana Abrunhosa manifes-
tou em relação à Câmara do Porto,
na questão da transferência de com-
petências no domínio da acção
social. Os principais pontos que o
município considerava “essenciais”
para se chegar a um acordo foram
ultrapassados, aÆrma. Precisa que
“o resultado das negociações resul-
tou no reforço da verba para os
apoios sociais, no âmbito do SAAS
[Serviços de Atendimento e Acom-
panhamento Social], que passou de
106 mil euros e passou para 288 mil,
e também se veriÆcou um reforço de
mais 17 técnicos para a gestão dos
processos de RSI [rendimento social
de inserção] não protocolados”.
Fernando Paulo adiantou ainda
que o Governo deÆniu “uma regra
que não existia para afectação do
volume processual por técnico para
a gestão de RSI”. “Esta era para nós
uma questão muito importante e,
portanto, o Governo acompanhou a
nossa pretensão”, disse.
“O Governo esteve bem ao nego-
ciar com o município do Porto a ava-
liar aquilo que eram as nossas con-
dições mínimas exigidas e foi revisto
o processo, reforçando signiÆcativa-
mente os valores inicialmente pre-
vistos, pelo que a Câmara do Porto
está em condições der avançar com
o processo de descentralização e
assumir as competências em relação
à acção social”, acrescentou o verea-
dor eleito pelo movimento indepen-
dente de Rui Moreira.
Saúde ainda pendente
Arrumada a questão da acção social,
que passará para a alçada dos muni-
cípios a partir de 1 de Abril de 2023
— depois de dois adiamentos —, Rui
Moreira diz que a única área que está
agora pendente é a da saúde. A este
propósito, adiantou que o ministro
da Saúde, Manuel Pizarro, já falou
com a vereadora que tem a tutela da
área, Catarina Araújo, no sentido de
serem agendadas várias reuniões
que “levarão a que se possa fazer a
descentralização na área da saú-
de”.
“Havendo um caminho aberto
para nós negociarmos os interesses
do Porto, isso é útil. Eu sou apenas o
presidente da Câmara do Porto, não
tenho nenhuma representação
nacional e o que me preocupa é sal-
vaguardar o interesse dos portuen-
ses. Acho que o facto de, neste
momento, ter um caminho aberto
para falar com o Governo nesta
matéria é óptimo, se isso se reverter
em decisões favoráveis aos outros
municípios portugueses”, resume o
autarca do Porto.
“O facto de termos dito que o rei
vai nu, que as verbas não eram suÆ#
cientes, quando parecia que a ANMP
estava convertida à necessidade de
aceitar aquelas condições, acabou
por ser benéÆco para o município do
Porto que é o que me interessa e não
causou nenhum prejuízo aos outros
municípios e, portanto, não vejo
razão para alterar a nossa posição”,
declarou ainda o presidente da
Câmara do Porto.
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Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022 • 13

Política

Marcelo elogia “composição variada” da AR

e lembra que “não há poderes absolutos”
Sofia Rodrigues
Presidente da Assembleia
da República e líderes
parlamentares desejaram
boas-festas ao chefe
de Estado
Na primeira cerimónia de apresen-
tação de cumprimentos de boas-fes-
tas de deputados eleitos na actual
legislatura ao Presidente da Repú-
blica, Marcelo Rebelo de Sousa enal-
teceu a actual diversidade de “for-
mulações políticas” na Assembleia
da República (AR) e salientou a
interdependência dos poderes.
Perante o presidente da AR, Augus-
to Santos Silva, e restantes elementos
da mesa, a ministra adjunta dos
Assuntos Parlamentares, Ana Cata-
rina Mendes, e os líderes parlamen-
tares, Marcelo salientou que “a
democracia está Ærme” na “multipli-
cidade” do Parlamento, apesar de ter
“enfrentado desaÆos difíceis”.
Na sala dos embaixadores, onde
na quarta-feira o Governo também
apresentou cumprimentos de boas-
festas, o chefe de Estado referiu-se à
actual “composição variada de for-
mulações políticas”, que será uma
das mais diversas da Assembleia da
República. “Isso é bom, não é mau,
é bom”, disse, salientando que o tra-
balho feito em “contexto difícil e em
curto lapso de tempo é apreciável”.
Dois orçamentos do Estado — um
dos quais chegará para promulga-
ção nos próximos dias —, a abertura
de um processo de revisão constitu-
cional e de revisão do regimento
foram alguns dos pontos dos traba-
lhos parlamentares desta legislatura
referidos por Marcelo, sem esque-
cer a Æscalização do Governo e da
administração pública, que “tem
sido pública e notória”.
Falando dos meses “muito inten-
Presidente da República recebe votos de boas-festas do Parlamento
sos” de trabalho parlamentar, o Pre-
sidente salientou que “nem o facto
de existir uma maioria absoluta apa-
gou essa vivência interna, o que é
bom para a democracia”. Essa maio-
JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA
ria parlamentar absoluta é uma rea-
lidade que o próprio assumiu não ter
vivido ainda como protagonista polí-
tico. Aliás, Marcelo lembrou que,
com a saída do ex-líder do PCP Jeró-
nimo de Sousa do Parlamento, Æcou
“solitário” como “o último consti-
tuinte, o último moicano”.
Após Augusto Santos Silva, se ter
referido à “separação e interdepen-
dência dos poderes”, citando mesmo
o artigo 111.º da Constituição, Marcelo
salientou que essa divisão “mostra
como todos os poderes estão interde-
pendentes”. “Não há poderes abso-
lutos. Isso é uma das riquezas das
democracias”, disse depois de expli-
car, em jeito de lição, que como pro-
fessor preferia a expressão “divisão
de poderes”, mas que não vingou.
Momentos antes, Santos Silva já
tinha salientado a separação e a inter-
dependência de poderes consagrados
na Constituição como as “condições
de complementaridade” entre os
órgãos de soberania. E agradeceu a
Marcelo “tudo o que fez em 2022”
para que a complementaridade fun-
cionasse, mas lembrou que o Gover-
no “responde perante” a AR.

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CONSULTA PÚBLICA
PARA ESTABELECIMENTO
DE LINHA ELÉTRICA
A entidade PROJETO FOTOVOLTAICO DO ROLHÃO - UNIPESSOAL LDA, EDITAL
adjudicatária capacidade de conexão de 15 MVA do lote 21 do procedimento
concorrencial sob a forma de leilão eletrónico, lançado pelo Despacho do Resultado final da eleição para os Membros Representantes
Secretário de Estado da Energia, com o nº 5532-B/2019, publicado no DR, 2ª dos Beneficiários Titulares da ADSE, I.P, no Conselho Geral
Série, nº 109, de 6 de junho, vem por esse meio realizar consulta pública para
o estabelecimento da linha de interconexão da Central Solar Fotovoltaica e de Supervisão da ADSE, I.P.
(CSF) do Rolhão, localizada em Rolhão, município e freguesia de Soure. Nos termos do n.º 2 do artigo 22.º do Regulamento Eleitoral aprovado pela Portaria n.º 207-A/2022,
A entidade pretende estabelecer a linha elétrica composta por troços de de 19 de agosto, proclamo o seguinte resultado final:
linha aérea, entre o pórtico da subestação da CSF do Rolhão (início) de N.º de Beneficiários Eleitores com direito a voto – 929 626
aproximadamente 2600 metros (em vermelho), troço de linha subterrânea N.º de votantes por voto eletrónico – 35 083
de aproximadamente 1700 metros (em azul) e troço de linha aérea de N.º de votantes por correspondência – 128
aproximadamente 1000 metros (em vermelho), finalizando no pórtico da SE N.º de votantes em mesa presencial – 2 669
Soure E-Redes (fim).
N.º de votantes por Lista:
Lista A – 4 931
Lista B – 13 212
Lista C – 4 417
Lista D – 8 065
Lista E – 4 422
Lista F – 498
Lista G – 2 007
Votos brancos – 217
Votos nulos – 111
Nos termos do n.º 1 do artigo 1.º do Regulamento Eleitoral, aplicado o método de Hondt, foram
eleitos os 4 Representantes dos Beneficiários Titulares para o Conselho Geral e de Supervisão,
com a seguinte distribuição:
Lista A – 1
Lista B – 2
Lista D – 1
Solicita-se que os proprietários afetados pelo trajeto da linha contactem
diretamente com a Junta de Freguesia de Soure ou diretamente com o Lisboa, 20 de dezembro de 2022
promotor do projeto, através dos seguintes contatos:
A Presidente da Comissão Eleitoral
luis.capelo@enerlandgroup.com; pedro.ferro@enerlandgroup.com Maria Manuela Faria
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14 • Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022
Sociedade Incentivos e mais doentes referenciados explicam aumento
SNS bate recorde da década
com média mensal de 55 mil cirurgias
O PÚBLICO analisou dados do Portal do SNS desde Janeiro de 2013. Este ano, até Outubro, Äzeram-se
em média 55 mil operações por mês, o valor mais alto dos períodos homólogos da última década
Ana Maia e Rui Barros
Apesar das diversas diÆculdades sen-
tidas, entre Janeiro e Outubro deste
ano, o Serviço Nacional de Saúde
(SNS) realizou 554 mil cirurgias pro-
gramadas. Este é o valor mais alto dos
períodos homólogos até 2013 — últi-
mo ano com dados disponíveis no
Portal do SNS — e deixa antever um
bom resultado no Ænal de 2022, com
o SNS a caminho de bater o recorde
de cirurgias programadas, com base
nos registos disponíveis.
Em 2021, o ano terminou com uma
nota positiva, com os hospitais a
regressar ao nível de 2019. Se nesse
ano Æzeram quase 603 mil cirurgias
programadas, em 2021 a actividade
cirúrgica ascendeu a 613.535 inter-
venções (o valor mais alto desde
2013). Este ano, nos primeiros dez
meses, o número de cirurgias chegou
a 554 mil (mais 8,8%). Só em Outubro,
os hospitais operaram mais de 60 mil
doentes. A média mensal vai nas 55
mil operações, o que representa o
valor mais alto dos períodos homólo-
gos da última década.
Já depois do levantamento feito
pelo PÚBLICO, o Ministério da Saúde
(MS) actualizou os dados acumulados
até Novembro. “A actividade assisten-
cial nos cuidados hospitalares no SNS
evidencia o esforço de recuperação
que tem sido desenvolvido ao nível
de todos os cuidados prestados pelo
SNS, tendo sido realizadas 610 mil
cirurgias programadas até Novembro
de 2022”, adianta o MS ao PÚBLICO,
acrescentando que o número de ope-
rados registados no Sistema Informá-
tico de Gestão da Lista de Inscritos
para Cirurgia, em Novembro, “apre-
senta um aumento de 6,6% quando
comparado com o período homólogo
de 2021 e de 6,3% face a 2019”.
“O indicador em 2022 reÇecte o
maior número absoluto registado nos
últimos anos, fruto do esforço dos
hospitais do SNS na recuperação da
actividade”, diz, acrescentando que,
durante o mesmo período, “cerca de
70% dos utentes foram atendidos”
dentro do Tempo Máximo de Respos-
ta Garantido (TMRG). “Também é de
realçar que a média do tempo de
espera dos operados diminuiu,
situando-se em Novembro nos 2,9
meses, o que consubstancia o valor
mais baixo dos últimos anos.”
Segundo o Portal do SNS, até
Setembro estavam na lista para cirur-
gia mais de 226 mil doentes (70% dos
MANUEL ROBERTO
quais dentro do TMRG), número que
cresceu depois de em Junho do ano
passado ter atingido o valor mais bai-
xo desde 2018: perto de 198 mil.
Esforço dos proÄssionais
“É notório o esforço por parte dos
hospitais”, aÆrma o presidente da
Associação Portuguesa de Adminis-
tradores Hospitalares, Xavier Barreto,
destacando o “aumento de pedidos”
de referenciação por parte dos cuida-
dos de saúde primários e as diÆculda-
des que a saída de proÆssionais do
SNS tem colocado.
“Muitos hospitais responderam a
isto com produção adicional”, ou
seja, realização de cirurgias fora do
horário normal. Este era um dado
que Xavier Barreto gostaria de ver
escalpelizado do total de cirurgias,
referindo: “Se temos menos produ-
ção de base, isso representa uma
perda instalada de base em termos de
proÆssionais.”
“A informação que temos, mas que
não é sistemática, é que os hospitais
aumentaram muito a produção adi-
cional em cirurgia, e até em consul-
tas, em 2022, para responderem
O total de cirurgias entre Janeiro e Outubro de 2022 foi 554 mil dentro dos tempos máximos de res-
posta garantidos.” O responsável fala
Cirurgias programadas realizadas no SNS de um “esforço de internalização”,
que traz a vantagem de seguir o doen-
Anos completos Outubro e períodos homólogos te em todo o seu percurso.
“Considerando a relevância da
700.000 recuperação da actividade assisten-
cial não realizada por força da pande-
554.011 mia, foram adoptadas várias medidas,
525.000
entre as quais se salienta o regime
350.000 excepcional de incentivos à recupe-
ração da actividade assistencial não
realizada”, estando em avaliação a
175.000
sua renovação, diz o MS. Foi no âmbi-
to dos incentivos que, entre Julho de
0 2020 e Outubro de 2022, se totaliza-
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 ram “94.906 cirurgias, correspon-
dendo a um montante Ænanceiro de
Utentes inscritos em lista para cirurgia aproximadamente 96 milhões de
Em Setembro de 2022 euros”.
Além da actividade programada,
existem as cirurgias urgentes, que nos
primeiros dez meses chegaram a per-
226.263 to de 81 mil (mais 2,2% em relação ao
Total de utentes inscritos
período homólogo do ano passado).
em lista para cirurgia
157.917 Tendo em conta o total de todas as
Utentes inscritos dentro cirurgias efectuadas, o Centro Hospi-
dos tempos máximos talar de São João, que em Setembro
70% de resposta garantidos
começou a fazer cirurgia programada
aos domingos, foi o que mais inter-
venções realizou nos primeiros dez
meses do ano: cerca de 47 mil, mais
5% face ao ano passado.
Fonte: Portal do SNS − área da transparência PÚBLICO
No segundo lugar, está o Centro
Hospitalar e Universitário de Coim-
bra, com 36 mil intervenções (mais
13%). São aliás os grandes hospitais
do país, como seria de esperar, que
estão no top seis de mais intervenções
feitas, todos acima das 30 mil. Desta
lista, o que registou maior subida em
relação ao ano passado foi o Centro
Hospitalar Lisboa Norte (mais 19%).
O Hospital de Braga, que é o sexto
com mais intervenções até Outubro,
diz que “tem vindo a implementar
um programa intensivo de produção
cirúrgica”, que contempla, entre
várias medidas, “a realização de pro-
dução adicional (entre as 20h e as 24h
e ao domingo), a ambulatorização de
procedimentos e a contratualização
de entidades externas e blocos ope-
ratórios fora do hospital”.
Contudo, registou um decréscimo
de 8% em relação ao período homó-
logo, que a unidade explica com cons-
trangimentos no internamento devi-
do a uma “elevada taxa de ocupação
(acima dos 85%)”, que originou o
adiamento de cirurgias convencio-
nais. Ainda assim, “o número de
cirurgias realizadas superava em 4%
a meta deÆnida em contrato-progra-
ma”. A estratégia adoptada já permi-
tiu reduzir, desde 2020, a lista de
inscritos “em cerca de 7650 utentes”
e por isso terá continuidade.
Melhorar indicadores
Também Miguel Guimarães, bastoná-
rio da Ordem dos Médicos, aÆrma
que “os médicos e os outros proÆssio-
nais têm feito tudo o que é possível
para normalizar a situação”. “O cami-
nho seguido em termos de resposta
global tem sido bom. Podemos ainda
melhorar alguns indicadores — temos
30% de doentes na lista de inscritos
para cirurgia que estão fora do
TMRG”, aponta, referindo a necessi-
dade de aferir quantos destes são
prioritários. Recorda que por causa
da pandemia novos diagnósticos Æca-
ram por fazer, mas destaca o aumen-
to de consultas presenciais nos cen-
tros de saúde que já se regista e que
“devem aumentar mais”. Assim como
a necessidade de promover “teleme-
dicina de qualidade”.
Dentro das cirurgias programadas,
há um dado a destacar. Perto de 70%
das intervenções foram realizadas em
ambulatório (384 mil) — sem interna-
mento. Também o número deste tipo
de intervenções, que não são possí-
veis em todo o tipo de doenças, tem
aumentado anualmente.
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Fenprof apela à “convergência” de todos
para “endurecer luta” em Janeiro
Clara Viana
Apelo à união de todos os
sindicatos tem data para se
concretizar: 16 de Janeiro,
dia em que se iniciará uma
nova greve nacional
A Federação Nacional de Professo-
res (Fenprof ) apelou ontem à con-
vergência, a partir de 16 de Janeiro,
de “todas as organizações sindicais
de docentes” em torno da greve
nacional, distrito a distrito, que se
iniciará naquele dia e se prolongará
até 8 de Fevereiro.
Esta greve foi convocada pela
Fenprof e por outros sete sindicatos
de professores. Numa nota divulga-
da ontem, a federação sindical
aponta como se deve concretizar a
união de todas as organizações sin-
dicais de professores a partir daque-
la data: “Por um lado não se pondo
fora da luta, por outro suspendendo
as acções especíÆcas” que se encon-
trem já programadas.
Embora não cite nenhuma orga-
nização em particular, estes apelos
têm como destinatários óbvios
a Federação Nacional da Educação
(FNE), que optou por não participar
em nenhuma das acções de protes-
to desenvolvidas nos últimos tem-
pos. E o Sindicato de Todos os Pro-
fessores (STOP) que tem já convoca-
das greves para todo o mês de
PÚBLICO com três novos colunistas
A partir de Janeiro, o PÚBLICO vai
proceder a acertos nas suas colunas
de opinião. Na área da economia,
Ricardo Pais Mamede e Ricardo
Arroja escreverão alternadamente
às segundas-feiras. E às terças-fei-
ras, Pedro Norton estreia-se como
colunista do jornal. Como foi ante-
riormente noticiado, a coluna
do provedor, agora entregue ao jor-
nalista José Alberto Lemos, regres-
sará aos sábados.
Pedro Norton é licenciado em
Gestão pela Universidade Católica
Portuguesa e mestre em Television
Management pela Boston University
School of Communication. Iniciou
a sua carreira proÆssional como
analista no Banco ESSI, em Setem-
bro de 1990. Durante 23 anos, este-
ve no grupo Impresa e, entre 2012
e 2016, desempenhou as funções
de presidente executivo do grupo.
Janeiro, na sequência da que levou
por diante este mês, cuja importân-
cia é reconhecida pela Fenprof
do seguinte modo: “Já em relação
às muitas iniciativas e acções
que, nas escolas, de forma autóno-
ma, os professores têm vindo a
desenvolver, a Fenprof considera
que elas são importantes e que
nenhuma é demais, constituindo o
conjunto um óptimo contributo
para a luta geral.”
Este apelo à acção conjunta parte
do pressuposto de que “a luta dos
professores terá de endurecer
em Janeiro”. Isto no caso de o Minis-
tério da Educação não recuar
“nas intenções que manifestou
em relação ao regime de concur-
sos”, que passam por instituir uma
gestão intermunicipal da distribui-
ção dos docentes por escola, que
Æcaria a cargo de conselhos locais
de directores. E também se não
avançar com a celebração de “um
protocolo negocial que preveja a
resolução dos problemas de carrei-
ra, como a contagem integral do
tempo de serviço, eliminação das
vagas e quotas e revisão do regime
de avaliação do desempenho”, entre
vários outros.
A última ronda de negociações
do Ministério da Educação com os
sindicatos realizou-se a 29 de
Novembro, tendo sido concluída
por uma conferência de imprensa
do ministro João Costa e do secretá-
É membro não executivo da Funda-
ção Calouste Gulbenkian deste
2017 e CEO da Finerge desde 2018.
Assina até ao Ænal do ano uma colu-
na na revista Visão.
Ricardo Paes Mamede nasceu em
Coimbra, em 1974. Licenciou-se e
obteve o grau de mestre em Econo-
mia e Gestão no ISEG, antes de se
doutorar em Economia na Univer-
sidade Bocconi, em Itália. É profes-
sor associado do Iscte, director do
Iscte-Sintra e presidente da direcção
do Instituto para as Políticas Públi-
cas e Sociais.
Pedro Norton é
um dos três
novos colunistas
que vão marcar
presença no
jornal a partir de
Janeiro
A manifestação de professores
convocada pelo Stop teve
grande adesão
Os professores
querem que
o ministério
recue na intenção
de alterar os
concursos
de colocações
Ricardo Arroja nasceu no Porto
em 1978, licenciou-se em Gestão na
Universidade do Porto e doutorou-
-se na Escola de Economia e Gestão
da Universidade do Minho, onde é
docente nas áreas da banca e Ænan-
ças empresariais. É também profes-
sor na Atlântico Business School e
consultor de empresas e de várias
instâncias internacionais. Foi cabe-
ça de lista da Iniciativa Liberal às
eleições europeias de 2019. Faz
dupla com Ricardo Pais Mamede no
programa Tudo é Economia, na
RTP2, e é até ao Ænal do ano colunis-
ta do jornal Eco.
Ricardo Cabral deixará a sua colu-
na de segunda-feira. O PÚBLICO
agradece a sua presença no jornal
ao longo dos últimos seis anos.
No âmbito das mudanças previs-
tas, Francisco Mendes da Silva pas-
sará a escrever às sextas-feiras.
Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022 • 15
Sociedade
DANIEL ROCHA
Æca para o seu recomeço. Tendo
este cenário por fundo, também a
Fenprof e os sete sindicatos que se
associaram na convocação da nova
greve nacional de professores têm
uma série de “acções especíÆcas”
programadas até ao dia 13 de Janei-
ro, “suspendendo-as a partir desse
dia, para se envolver nas que resul-
tam da unidade entre os sindicatos
de professores”.
Entre estas acções, destaca-se
a realização de um “plenário nacio-
nal de professores” junto ao Minis-
tério da Educação, marcado para
3 de Janeiro, o primeiro dia de aulas
do 2.º período, para acompanhar
a “entrega de 23.000 assinaturas
em abaixo-assinado da Fenprof
que rejeita a colocação por directo-
res ou outras entidades locais, jun-
tando-se às 20.000 já entregues ao
ministro”. “Este abaixo-assinado é
um dos maiores de sempre, tendo
rio de Estado da Educação, António sido subscrito, no total, por cerca
Leite, com o objectivo de denunciar de 43.000 professores e educado-
uma “campanha de mentiras” a pro- res”, frisa a estrutura dirigida por
pósito dos concursos de colocação Mário Nogueira.
de professores, que, segundo o E agendado está também um
ministério, estaria a circular pelas acampamento de professores junto
redes sociais. às instalações do Ministério da Edu-
cação, em Lisboa, no caso de o
Acampamento no ministério ministério não recuar nas suas
Inicialmente estava previsto que as intenções no prazo que já lhe foi
negociações continuassem em apresentado pela Fenprof: 10 de
Dezembro, mas o Ministério da Edu- Janeiro. É também esta a data mar-
cação optou por adiá-las para 2023, cada para o início do acampamento,
sem apontar qualquer data especí- que se prolongará até ao dia 13.
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TARIFÁRIOS 2023
FERRY
Bilhetes - Veículos e Passageiros dentro das viaturas
Ligeiros de passageiros, mercadorias ou mistos até 3.500 kg (p.b.) 19,60 €
2 Viagens ligeiros de passageiros, mercadorias ou mistos até 3.500 kg (p.b.) 35,30 €
5 Viagens ligeiros de passageiros, mercadorias ou mistos até 3.500 kg (p.b.) 78,40 €
Classe anterior com atrelado de campismo ou desporto, autocaravanas, pesados
de mercadorias ou passageiros
31,80 €
Pesados com trator e semi-reboque 48,80 €
Pesados com atrelado
Velocípedes c/atrelado e/ou c/ motor, motociclos, triciclos, motos 4
87,70 €
11,70 €
Bicicletas 5,60 €
Passageiros - 1º passageiro 5,60 €
Passageiros - 2º passageiro e seguintes 4,30 €
Bilhetes - Passageiros Apeados
Passageiro apeado 5,60 €
CATAMARAN
Bilhetes | Setúbal - Troia
Bilhete simples 8,80 €
5 Viagens 39,60 €
10 Viagens 74,80 €
Bilhetes | Troia - Setúbal Grátis
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Passe normal 92,80 €
Passe estudante 48,20 €
Cartão Atlantic Ferries 3,00 €
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Passe – válido por 30 dias. Passe de estudante – passe exclusivo para estudantes até 23 anos,
com residência fixa em Troia e freguesias adjacentes.
Preços com IVA incluído à taxa legal em vigor. Tarifário em vigor a partir de 12 de Janeiro de 2023
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16 • Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022

Sociedade

Crianças com irmãos no privado podem

transferir-se e beneƊciar da creche gratuita
ADRIANO MIRANDA

Patrícia Carvalho

As crianças que venham a

beneficiar da gratuitidade
das creches poderão
continuar no sector
privado até aos três anos
Tal como prometido, a portaria que
deÆne as regras do alargamento da
gratuitidade das creches ao sector
privado foi publicada ontem em
Diário da República e traz duas
excepções à regra de que as crianças
que já estejam a beneÆciar dessa
medida no sector social não podem
transferir-se para o privado e conti-
nuar a gozá-la.
Tal como estava previsto, e acon-
tece desde Setembro no sector
social e solidário, a gratuitidade é,
para já, circunscrita às crianças nas-
cidas após 1 de Setembro de 2021, e
no caso particular das “creches da
rede lucrativa ou solidária sem acor-
do” com a Segurança Social, àquelas
em que não exista vaga no sector
social “no concelho de residência
ou do local de trabalho dos pais ou
de quem exerce as responsabilida-
des parentais, por falta de oferta”.
As crianças que já se encontram
a beneÆciar da medida de gratuiti-
dade numa creche do sector social
não podem transferir-se para o pri-
vado e continuar a usufruir dessa
medida, salvo em duas excepções
— uma mudança de casa ou de local
de trabalho para um concelho onde
essa oferta deixe de existir ou nos
casos em que existam “irmão(s) a
frequentar creche aderente para Só nos locais onde não de tudo, manifestar essa vontade dual da criança à creche, após con- vadas deverão preencher, manifes-
onde seja transferida a criança”, existem vagas em creches preenchendo um formulário que se Ærmar que não há vaga para ela no tando a sua vontade de integrarem
precisa a portaria. do sector social é que encontra no site da Segurança Social sector social. Quando este código a bolsa de instituições aderentes à
Tal como a secretária de Estado o Estado vai financiar lugares (em Contactos, dentro do programa estiver a funcionar, é ele que as medida de gratuitidade já está dis-
da Inclusão, Ana SoÆa Antunes, no sector privado Creche Feliz). famílias devem entregar na Segu- ponível no site da Segurança Social,
adiantara ao PÚBLICO na quarta- Quando escolher a creche privada rança Social, em substituição da bem como a lista dos concelhos e
feira, as creches do sector privado onde pretende colocar o seu Ælho declaração que, por agora, será emi- espaços onde ainda existem vagas
que queiram receber crianças ao — sempre com a premissa essencial tida pela creche privada. no sector social e solidário — um
abrigo da medida de gratuitidade de que não exista, no seu concelho, documento dirigido às famílias que
terão de preencher um formulário vaga no sector social —, e tiver o Dar “estabilidade” Æcam assim a saber que, nestes
de adesão junto da Segurança acordo desta, a família deve entre- Tal como acontece já com o sector casos, não terão acesso à gratuitida-
Social. Esta irá veriÆcar se o espaço gar na mesma página online uma social, o valor a pagar por cada de no privado.
reúne condições para integrar a bol- “declaração da creche aderente e criança será 460 euros e as creches Em Diário da República foi ainda
sa de creches aderentes — nomea- dos pais ou de quem exerça as res- estão impedidas de cobrar qualquer publicada ontem uma primeira alte-
damente ter a devida licença de Podem beneÄciar ponsabilidades parentais, conÆr- outro valor aos pais, desde que diga ração à portaria de Julho que esta-
funcionamento e não ter dívidas ao mando a inscrição/frequência da respeito às áreas abrangidas pela beleceu a gratuitidade das creches
Estado —, incluindo-as naquela bol-
da creche gratuita criança, e que a creche a aceita, gratuitidade e que incluem, por no sector social. O documento pre-
sa, caso assim seja. todas as crianças após deferimento do requerimento” exemplo, frequência e alimentação. cisa que a alimentação abrangida
Apesar de não constar da porta- apresentado junto da Segurança As crianças que venham a beneÆciar pela medida inclui a “dieta especial
ria, Ana SoÆa Antunes explicou que,
nascidas a Social. da medida poderão continuar no mediante prescrição médica” e deÆ#
nestas primeiras semanas, será dada partir do dia 1 Esta é, contudo, uma norma tran- sector privado até aos três anos, ne também que entre os serviços
prioridade à avaliação das creches sitória e que vigorará apenas duran- mesmo que, entretanto, abram excluídos dessa gratuitidade estão
que se encontrem em concelhos
de Setembro de te os primeiros três meses de vigên- vagas no sector social na sua área de aqueles de natureza facultativa
onde a Segurança Social já sabe que 2021, seja no sector cia da medida, já que, após esse residência. “Privilegiamos, sempre, como “serviços de transporte”.
não há vagas no sector social. prazo, o que está previsto é que a a estabilidade”, justiÆcou a secretá- Estas alterações já constam da por-
Já as famílias que pretendem
social, seja no Segurança Social envie um código ria de Estado. taria de alargamento ao sector pri-
beneÆciar deste apoio devem, antes sector privado de identiÆcação e validação indivi- O formulário que as creches pri- vado.
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Pedro Choy foi alvo de insulto
xenófobo, diz tribunal superior
Ana Henriques
Médico que critica terapias
alternativas foi condenado
em segunda instância por
difamar protagonista da
medicina chinesa
O médico que criou um blogue contra
as terapias alternativas foi condenado
uma segunda vez pelos insultos que
proferiu online contra o principal ros-
to da medicina tradicional chinesa em
Portugal, Pedro Choy. Diz o Tribunal
da Relação de Lisboa que um dos
muitos epítetos que João Júlio Cer-
queira usou, quando tratou Choy por
“Chop Choy”, tem “contornos xenó-
fobos inadmissíveis”.
O litígio judicial em que as terapias
convencionais se digladiam com as
alternativas não deverá, porém, ter-
minar aqui. Insatisfeito, o advogado
do médico, Francisco Teixeira da
Mota, promete recorrer para o Tribu-
nal Europeu dos Direitos Humanos
para fazer vingar o direito à liberdade
de expressão. Já um dos representan-
tes legais de Pedro Choy, Rui Teixeira
Gomes, diz que irá mover uma nova
acção contra o médico, desta vez para
que este entregue ao seu cliente a
indemnização de 15 mil euros a que
foi condenado, e que não pagou
voluntariamente. O clínico foi ainda
multado em três mil euros.
Tal como já tinha decretado a juíza
de primeira instância, também os
desembargadores da Relação enten-
deram que o médico de Matosinhos
se excedeu ao chamar a Pedro Choy
“vendedor de carros em segunda
mão”, “vigarista”, “ignorante”, “bur-
ro”, “costureiro de pele” — uma refe-
rência à prática de acupunctura — e
“palhaço”. O facto de o ter feito via
Internet, no blogue Scimed — Ciência
Baseada na Evidência, potenciando
assim o alcance dos insultos, foi con-
Médico de Matosinhos foi condenado a pagar indemnização a Choy
Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022 • 17
siderado uma agravante da culpa. O
acórdão da segunda instância lamen-
ta que, com os seus posts, o activista
da chamada “comunidade céptica”
tenha propositadamente rebaixado e
humilhado o terapeuta alternativo.
João Júlio Cerqueira sempre alegou
ter agido com a melhor das intenções,
nomeadamente para alertar quem
padece de doenças graves do perigo
de abandonar a medicina convencio-
nal para experimentar alternativas.
O tom irónico ou mesmo corrosivo
que usou servia sobretudo para cap-
tar a atenção, justiÆcou. Porém, para
a Justiça portuguesa, ao entrar no
campo do ataque puramente pessoal,
o médico perdeu a razão.
“As expressões utilizadas pelo
arguido são dirigidas, em concreto, à
pessoa do assistente, exprimindo juí-
zos de apreciação e de valoração pes-
soais depreciativos que ultrapassam
o âmbito da crítica sustentada (…), ao
extravasarem largamente aquilo que
se entende por liberdade de expres-
são, sendo inadmissível que se trate
alguém por ‘Chop Choy’”, escrevem
os desembargadores na sua decisão,
que já não é passível de recurso nos
tribunais nacionais. Além disso, pros-
seguem, ao assacar ao próprio Pedro
Choy aÆrmações segundo as quais a
ÆlosoÆa da acupunctura seria uma
fraude, o médico mais não fez do que
deturpar e distorcer as palavras do
seu opositor, para o desacreditar.
Tribunal diz que
um dos epítetos
usado por João
Júlio Cerqueira
(“Chop Choy”) tem
“contornos
xenófobos
inadmissíveis”
NUNO FERREIRA SANTOS
Sociedade
Os desembargadores não crêem
que esta sua decisão possa levar à
condenação do Estado português no
Tribunal Europeu dos Direitos Huma-
nos por violação do direito à liberda-
de de expressão, como já sucedeu
múltiplas vezes no passado: aquilo
que estabelece a Constituição a este
nível “não pode ser lido como permi-
tindo o sacrifício do direito à honra
em nome da liberdade de expressão”.
O direito ao bom nome e à reputação
têm uma protecção constitucional
idêntica à da liberdade de expressão,
recordam os magistrados, que citam
o antigo juiz do tribunal de Estrasbur-
go Paulo Pinto de Albuquerque: “A
crítica pode ser legitimamente exer-
cida no contexto da luta política (…).
A condição essencial da legitimidade
do juízo de valor é a de que ele se diri-
ja às obras, realizações ou prestações
do visado, e não ao visado em si mes-
mo, como pessoa.”
O facto de esta vertente da medici-
na estar já há muito legalizada em
Portugal nunca demoveu o médico,
cujos escritos no Scimed lhe valeram
também uma pena de censura por
parte dos órgãos disciplinares da
Ordem dos Médicos. “Isso não signi-
Æca que eu tenha de respeitar leis que
são verdadeiros abortos que nunca
deviam ter existido. Lá porque uns
parolos na Assembleia da República
cederam ao populismo, isso não faz
com que as terapias alternativas
devam ser respeitadas”, argumentava
antes de começar o julgamento. E
acrescentava que o facto de este
“lobby da treta” ter conseguido “pra-
ticamente tudo o que quis do poder
central” espelhava bem até que pon-
to “os políticos são permeáveis e igno-
rantes sobre o perigo destas tera-
pias”.
O PÚBLICO tentou falar com os
dois protagonistas do litígio, mas sem
sucesso. Já Teixeira da Mota aÆrma
que a decisão dos desembargadores
é “verdadeiramente lamentável” e
espelha a incompreensão que existe
em Portugal do conceito de liberdade
de expressão.
Em Maio passado, o médico cessou
as suas publicações no Scimed:
“Depois do processo por difamação
e depois de me ser aplicada uma pena
de censura por parte da Ordem dos
Médicos, não tenho disponibilidade
para continuar a lutar contra a medio-
cridade deste país, tanto em termos
cientíÆcos como sociais.” O advogado
de Pedro Choy diz que, mesmo assim,
sempre que o seu cliente vai à televi-
são continuam a suceder-se as quei-
xas junto do canal que lhe dá espaço
de antena e junto da Entidade Regu-
ladora para a Comunicação Social —
porque esta guerra não terminou
aqui.
AVISO
1. Nos termos e para os efeitos previstos no n.º 2 do artigo 47.º da Lei n.º 19/2012,
de 8 de maio, torna-se público que a Autoridade da Concorrência recebeu, em 19
de dezembro de 2022, a notificação prévia de uma operação de concentração de
empresas apresentada ao abrigo do disposto no artigo 37.º do referido diploma.
2. A operação de concentração em causa consiste na aquisição, pela Midsid –
Sociedade Portuguesa de Distribuição, S.A. (“Midsid”), do controlo exclusivo sobre
a Dois Lados, Distribuição de Tabacos e Bebidas, S.A. (“Dois Lados”).
3. As atividades das empresas envolvidas são as seguintes:
• Midsid – Empresa grossista de produtos de tabaco e respetivos acessórios, que
também comercializa produtos de tabaco, designadamente cigarros, através de
máquinas de venda automática (vending). Dedica-se igualmente à distribuição de
mercadorias de proximidade, entre as quais bebidas alcoólicas e não alcoólicas,
bem como produtos alimentares. Tem como clientes pontos de venda como o
canal HORECA, tabacarias, estações de abastecimento e estabelecimentos
de Cash & Carry. A Midsid é integralmente detida pela CDIL – Companhia de
Distribuição Integral Logista Portugal, S.A. que, por sua vez, é detida pela Imperial
Brands PLC.
• Dois Lados – Empresa grossista de produtos de tabaco e subsequentes acessórios,
dedicando-se igualmente à comercialização de produtos de tabaco (cigarros) por
meio de máquinas de venda automática (vending). Adicionalmente, encontra-
-se ativa na distribuição de outros produtos, nomeadamente brindes, artigos de
papelaria e outras mercadorias de proximidade, além da comercialização de jogos
sociais do Estado.
4. Quaisquer observações sobre a operação de concentração em causa devem
identificar o interessado e indicar o respetivo e-mail e n.º de telefone. Se aplicável,
as observações devem ser acompanhadas de uma versão não confidencial, bem
como da fundamentação do seu caráter confidencial, sob pena de serem tornadas
públicas.
5. As observações devem ser remetidas à Autoridade da Concorrência, no prazo de
10 dias úteis contados da publicação do presente Aviso, indicando a referência
Ccent. 64/2022 – Midsid/Dois Lados, através do e-mail adc@concorrencia.pt.
AVISO
1. Nos termos e para os efeitos previstos no n.º 2 do artigo 47.º da Lei n.º
19/2012, de 8 de maio, torna-se público que a Autoridade da Concorrência
recebeu, em 16 de dezembro de 2022, com produção de efeitos em 19 de
dezembro de 2022, a notificação de uma operação de concentração de
empresas apresentada ao abrigo do disposto no artigo 37.º do referido
diploma.
2. A operação de concentração consiste na aquisição, pela Atlante S.R.L
(“Atlante”), do controlo exclusivo sobre a Kilometer Low Cost, S.A. (“KLC”).
3. As atividades das empresas envolvidas são as seguintes:
• Atlante – sociedade de direito italiano, que faz parte da linha de
negócios global da NHOA, dedicada à construção da primeira rede
de carregamento rápido para veículos elétricos, que integra o uso e
armazenamento de energia renovável e está 100% integrada na rede
elétrica. A NHOA tem presença global no armazenamento de energia,
e-mobilidade e infraestrutura de carregamento rápido de veículos
elétricos, sendo controlada pela Taiwan Cement Corporation, presente
em vários setores de energia, incluindo fabrico de baterias, na produção
e venda de cimento, produtos de cimento e betão pré-fabricado.
• KLC – empresa portuguesa que atua no mercado de soluções
integradas de mobilidade elétrica, atuando como operador de pontos de
carregamento para veículos elétricos em todo o país.
4. Quaisquer observações sobre a operação de concentração em causa
devem identificar o interessado e indicar o respetivo endereço de e-mail e
n.º de telefone. Se aplicável, as observações devem ser acompanhadas de
uma versão não confidencial, bem como da respetiva fundamentação do
seu caráter confidencial, sob pena de serem tornadas públicas.
5. As observações devem ser remetidas à Autoridade da Concorrência,
no prazo de 10 dias úteis contados da publicação do presente Aviso,
indicando a referência Ccent/2022/63 – Atlante / KLC, para o email
adc@concorrencia.pt.
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18 • Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022

Local Nomeação para o triénio 2023-2026

Miguel Guedes vai ser o próximo

presidente do Coliseu do Porto
Músico dos Blind Zero será a escolha da Câmara do Porto, a quem cabe a nomeação do próximo
presidente do Coliseu do Porto. Miguel Guedes substitui Mónica Guerreiro no início de 2023
NELSON GARRIDO

Mariana Correia Pinto

Coliseu do Porto
A Câmara do Porto vai indicar o deverá ser
músico Miguel Guedes para presidir concessionado
ao Coliseu do Porto no triénio 2023- a privados, mas
2026. A nomeação será oÆcializada o concurso
na próxima assembleia geral dos está atrasado
Amigos do Coliseu, que deverá acon-
tecer ainda durante o mês de Janei-
ro, conÆrmou Rui Moreira ao PÚBLI-
CO. “Assegurar e reforçar o interes-
se público e a ligação umbilical [do
Coliseu] com a cidade” é uma prio-
ridade, aÆrma Miguel Guedes.
A escolha recai sobre uma Ægura
“consensual”, “reconhecida na cida-
de e não só”, destaca Rui Moreira,
garantindo que o nome já terá o aval
do ministro da Cultura e do presiden-
te da Área Metropolitana do Porto,
representantes das entidades que,
juntamente com a autarquia, são os
maiores parceiros institucionais na
Associação Amigos do Coliseu.
Para Miguel Guedes, o convite
tem um lado “emocional” impor-
tante e é uma oportunidade para
“devolver ao Coliseu” aquilo que ele
lhe deu: “Um espaço formativo, sim-
bólico, material, onde cresci a ver
espectáculos das mais diversas ori-
gens”, disse ao PÚBLICO. O vocalis-
ta dos Blind Zero quer “ajudar a pela Câmara do Porto e pelo Minis- gias do edifício, justiÆca Rui Moreira, têm de estar garantidas e a manuten- mente urgentes”.
preservar e fazer crescer o Coliseu tério da Cultura, o processo de con- explicando que essa informação deve- ção dos postos de trabalho actuais. “Espero que o Coliseu possa ser
na cidade”. cessão da sala foi retomado. Em rá constar no caderno de encargos. Para Miguel Guedes, a concessão um espaço referencial, que a sua
Para o presidente da Câmara do Julho de 2022, a direcção da Associa- O lançamento do concurso será foi uma “decisão unânime da Asso- imensa história exige. E que seja um
Porto, Miguel Guedes junta o conhe- ção Amigos do Coliseu votou, unani- anunciado já pela nova direcção, ciação de Amigos do Coliseu”, anun- modelo de defesa do interesse públi-
cimento na área da música e da pró- memente, a favor da concessão. aponta, garantindo que o caderno de ciada “depois de um processo his- co, da ligação emocional à cidade e
pria cidade ao facto de ser um “juris- O concurso para a concessão atra- encargos, que deverá Æxar o tempo tórico que foi repleto de sentimen- área metropolitana, um exemplo de
ta qualiÆcado”, qualiÆcação impor- sou-se porque foi pedido um novo de concessão entre os 20 e os 30 anos, tos boomerang”. As obras no boas práticas e de opções culturais
tante para o cargo em causa. “Sendo estudo técnico para avaliar as patolo- vai deÆnir o tipo de actividades que edifício, destacou, são “absoluta- eclécticas e exigentes”, conclui.
a vocação principal do Coliseu o aco-
lhimento de música, acho que ter
alguém tão reconhecido como o
Miguel [Guedes] é importante para os Substituição
seus pares”, acrescenta o autarca.
O nome do músico — que em 2016
foi programador do Porto Best Of,
Actual presidente, Mónica Guerreiro, critica Rui Moreira
um ciclo de espectáculos no Rivoli
— vai ser apresentado ao executivo
ainda em Janeiro, seguindo-se uma A actual presidente do Coliseu do ças” que Rui Moreira considerava A actual presidente faz um balanço tos, admite, mas o pouco tempo
assembleia geral dos Amigos do Porto, Mónica Guerreiro, não Æcou importantes fazer, já que o autarca positivo do seu mandato, com dois decorrido em “condições de norma-
Coliseu, que Rui Moreira acredita surpreendida com o facto de a câma- nunca terá concretizado as “críticas dos três anos a decorrerem com lidade” permitiu concretizar “muitos
poder realizar-se no mesmo mês. ra não a reconduzir no cargo para o às opções ou projectos” por si desen- “severas limitações”, em plena pan- dos objectivos do plano de gestão”.
Miguel Guedes vai substituir Móni- qual foi nomeada por Graça Fonseca volvidos. No entanto, sublinhou, “é demia. Um segundo mandato permi- O Coliseu requaliÆcou as suas salas
ca Guerreiro (ver caixa) e terá a con- em 2020, embora tenha sabido pelo uma evidência que existem muitas tiria “consolidar” alguns dos projec- intermédias — Salão Ático e Adega —,
cessão do Coliseu como um dos maio- PÚBLICO. “É o desfecho esperado, outras opiniões e que a maioria delas algo que trouxe “sustentabilidade”
res desaÆos do seu mandato. desde que, há meio ano, o presidente vai no sentido contrário”. Miguel Guedes para a casa, investiu em “inovação e
da câmara fez constar (mesmo nunca Mónica Guerreiro, natural de Lis- vai substituir talento nacional” (produções de cir-
Concessão: concurso atrasado tendo falado comigo) que o trabalho boa, chegou ao Porto a convite de Mónica co, encomendas de música original,
Após o anúncio, em 2021, de que a desenvolvido pela actual direcção Moreira, depois de passar pela DGAr- Guerreiro, que recrutamento de artistas locais, reac-
acusa a Câmara
entrega do edifício histórico do Por- não era do seu agrado.” tes, para assumir a direcção munici- do Porto de falta
tivação dos concertos Promenade) e
to a privados estava suspensa e de Ao PÚBLICO Mónica Guerreiro pal de Cultura, cargo que acabaria de diálogo voltou a apostar na “aÆrmação inter-
que a reabilitação seria garantida lamentou não saber quais as “mudan- por ser extinto três anos depois. nacional” do Coliseu.
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Café Capitólio vai fechar, pondo Ɗm
a uma história com muitas décadas
Reportagem
Ana Isabel Ribeiro Texto
Paulo Pimenta Fotografia
O fecho do café deixa
quatro dos cinco
funcionários no
desemprego. “Dizem que é
para construir um hotel”
É um dos cafés mais conhecidos do
Porto e está mesmo ao lado do
edifício da câmara, em plena
Avenida dos Aliados. À porta do café
Capitólio, já há cadeiras empilhadas
e, no interior, os funcionários
atendem os poucos clientes.
Vivem-se os últimos momentos com
as portas abertas.
O estabelecimento abriu em
Março de 1954, pelas mãos de
António Eleutério Santos, jogador
do Futebol Clube do Porto e do
Salgueiros, explica o livro Cafés do
Porto, de César Santos Silva. A partir
daqui, passou pelas mãos de mais
dois proprietários: SeraÆm Ferreira,
ciclista e fundador do jornal O Jogo,
e António Rocha e herdeiros, a
actual gerência. Ontem fechou
deÆnitivamente as portas, depois de
ter recebido uma ordem de despejo.
“Diziam que íamos ter a sorte de
Æcar, mas de repente… Diz-se que se
chegou à conclusão de que este
estabelecimento não tinha o
gabarito de outros, como o
Majestic”, começa por explicar ao
PÚBLICO António Vasconcelos, de
64 anos, um dos funcionários.
“Isto é um café local. É um café
que é para as pessoas da cidade.
Costumavam vir aqui as camionetas
que iam para PenaÆel, para Paredes
e tudo mais. Era o café de toda a
gente”, recorda.
Esta antiga realidade contrasta
com a de ontem. Às 14h, “o café de
toda a gente” está praticamente
vazio: as prateleiras já só têm alguns
copos e as garrafas de bebidas são
apenas três. No outro lado do
balcão, junto à parede, há
torradeiras, máquinas de moer café
e até um forno já embalado. Na
montra, sobram alguns sumos e um
tabuleiro com croissants. Também
estão os clientes habituais, na
grande maioria trabalhadores das
obras, funcionários dos muitos
hotéis da Avenida dos Aliados e das
lojas de comércio das redondezas.
No total, não mais do que dez.
Há quem tenha vindo por rotina,
como é o caso de Suelly Moreira.
“Costumo vir aqui almoçar algumas
O estabelecimento foi fundado em meados do século passado pelas mãos de António Eleutério Santos
vezes por semana. Trabalho aqui no
hotel do lado, mas não sabia que ia
fechar”, revela. Mas também há
quem tenha entrado para uma
despedida. “Acho que os cafés do
Porto já mereciam alguma
protecção além da que está
estabelecida a nível camarário.
Ironicamente, estamos num café
que, tanto quanto sei, é frequentado
por um dos elementos da câmara.
Não sei onde é que irá a partir de
agora”, aponta Pedro Ribeiro.
Este elemento de que Pedro fala é
o próprio presidente da autarquia
portuense. Rui Moreira já era cliente
antes de ser eleito e continuou a ser
depois de assumir funções.
Costumava ir ao Capitólio com
alguma frequência “tomar o
pequeno-almoço ou beber café”,
explica Carla Ferreira, outra
funcionária, acrescentando que
esta semana não apareceu.
Quando Carla começou a
trabalhar neste café, já lá vão três
anos, já sabia que não seria
emprego para muito tempo, razão
pela qual já arranjou um novo, que
conta começar no próximo ano.
Para esta responsável pela cozinha,
de 49 anos, a procura não foi muito
difícil, mas, para os restantes quatro
— a maioria perto da reforma — ,
encontrar outro emprego não é
tarefa fácil.
José Gabriel Cruz, de 67 anos, é
um destes casos. “Gostava de
continuar a trabalhar, mas o mais
certo é reformar-me”, adianta.
Chegou ao café em 1971 e desde aí
não há muita coisa que tenha
mudado: o espaço levou algumas
obras, mas a decoração continua a
mesma. Nas paredes, estão quadros
antigos de vários locais turísticos da
cidade e, perto da porta, “o retrato
do primeiro patrão, António
Rocha”, explica.
Antes de avançar na conversa,
Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022 • 19
pára para cumprimentar um dos
clientes que estão de saída.
“Obrigado. Tudo de bom”, diz o
cliente antes de sair. Entretanto, o
relógio marca as 14h30 e o café
ganha mais algum movimento junto
do balcão. José começa a atender os
pedidos e António aproxima-se para
dizer umas últimas palavras. “Vou
começar uma vida nova para o ano.
É um bocado complicado, mas é
assim. Ainda sou um novo-velho
Este café não é
caso único. Na
semana passada, a
escassos metros do
Capitólio, foi a vez
de o café
Embaixador
fechar portas
Local
para ir para a reforma e também
não quero ir já”, aÆrma. Às 17h, as
portas do café Capitólio fecham
deÆnitivamente.
Edifício pode ser um hotel
Este café não é o único a encerrar
nos últimos tempos na cidade. Na
semana passada, a escassos metros
do Capitólio, foi a vez de o café
Embaixador fechar portas, depois
de também ter sido despejado.
Na porta ao lado do Capitólio,
Júlio Amaral, porteiro do edifício há
mais de 20, explica que o prédio foi
todo vendido, o que quer dizer que
os advogados que ainda ali resistem
— chegou a haver cerca de 80
escritórios — e o Amaral
Cabeleireiros, no primeiro andar,
também têm os dias contados.
Segundo o porteiro de 88 anos, a
venda aconteceu em 2017, quando
os anteriores donos, a família Aires
Pereira, chegaram a acordo com
uma empresa que o comprou.
Ainda não se sabe qual é a data em
que todos terão de sair, nem qual
será ao certo o destino do edifício.
“Dizem que é para construir um
hotel”, acrescenta.
Júlio já trabalhava para a família
Aires Pereira muito antes de ter
chegado a porteiro. “Tenho-lhes
muito respeito e são boa gente. Mas
começaram a morrer e os
herdeiros, que também tinham
casas na rua de Tânger, começaram
a vender”, revela.
Durante muitos anos, a entrada
do prédio foi uma correria de
advogados a entrar e sair. Hoje, só
um destes escritórios se mantém
aberto e, revela o porteiro, “tem os
móveis prontos para levar”. “O
doutor tem um escritório em Gaia,
mas para o café e a cabeleireira é
que é mais complicado”, aÆrma.
O PÚBLICO tentou falar com a
gerente deste último
estabelecimento, mas esta não quis
prestar declarações. Diz apenas que
a situação está a ser tratada com o
advogado. No prédio, existe ainda
uma agência imobiliária que
pertence à empresa que comprou o
imóvel e que, segundo dois dos
funcionários, Æca no prédio até
Fevereiro. Depois, passam para um
novo espaço.
De volta à entrada, Júlio continua
à nossa espera. O encerramento do
edifício Capitólio signiÆca que pode
Ænalmente gozar a reforma. “O meu
contrato acabou no princípio de
Novembro. Assim que me pagarem,
vou encantado da vida, mas vai
deixar saudades. Há um ditado
antigo que diz ‘tudo tem o seu Æm’.”
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20 • Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022

Mundo Novo executivo pode tomar posse na próxima semana

Netanyahu anuncia acordo para governo

mais extremista da história de Israel
Ex-primeiro-ministro prepara regresso ao poder à frente de um executivo de coligação com partidos
ultra-ortodoxos e de extrema-direita, sem garantia de moderação e que pode mudar o carácter do país
RONEN ZVULUN/REUTERS

António Saraiva Lima

e Maria João Guimarães
O antigo primeiro-ministro de Israel
Benjamin Netanyahu garantiu ter
alcançado um acordo para um novo
governo no país pouco depois da
meia-noite de quinta-feira, o limite
para a formalização da apresentação
desse entendimento junto do Presi-
dente israelita, Isaac Herzog.
Numa mensagem publicada no
Twitter, “Bibi” disse ter conseguido
um compromisso político que irá
beneÆciar “todos os cidadãos israeli-
tas”. O Governo é, no entanto, o mais
extremista e nacionalista da história
de Israel, com o potencial de dar
poder sem precedentes a políticos até
agora nas margens da política.
No diário norte-americano The New
York Times, um recente editorial subli-
nhava que este já não é um governo
como outros na história de Israel,
marcados por negociações para dar
poder a cada partido que queira mais
uma pasta governamental, como
aconteceu no passado. É um governo
que ameaça de facto uma viragem
grande, e pode mudar o carácter do
país. “O ideal de democracia num
Estado judaico está em risco”, era o
título.
Apenas a menção de algumas pro-
postas levaram a avisos raros, e decla-
rações fortes, da procuradora-geral,
da polícia, e do exército.
Embora ainda não se saiba o grosso
das cedências políticas que Netanya- Benjamin Netanyahu diz que acordo de governo beneficia “todos os cidadãos israelitas”
hu fez aos partidos — alguns deles
marginalizados dos centros de deci- fortes ataques na Faixa de Gaza). pena suspensa e o afastamento do do Parlamento, juntando ainda par-
são política do país durante vários A conta-gotas iam surgindo possí- Parlamento. É possível, diz o corres- tidos ultra-ortodoxos que há muito
anos —, a expectativa em Israel é a de veis pontos de acordo: um cargo que pondente do site Axios Barak Ravid, participam em governos, como o Shas
que o ex-primeiro-ministro reforce o dá potencial direito de veto a legisla- que a nomeação de Deri seja revoga- ou o Judaísmo Unido da Tora.
papel do Parlamento sobre o poder ção para o extremista Itamar Ben- da pelo Supremo. É por isto que, diz o New York
judicial; dê mais poderes e competên- Vamos ver que Gvir, por exemplo. Ou deixar de con- Segundo o Jerusalem Post, o objec- Times, este governo é diferente dos
cias à polícia; e reforce a colonização siderar “incitamento ao racismo” tivo de Netanyahu é concluir os acor- outros. Netanyahu parece fazer
israelita na Cisjordânia, legalizando promessas irá como uma condição que exclui can- dos com todos os partidos até ao Ænal cedências desproporcionadas ao
colonatos judaicos (o Estado de Israel Netanyahu manter didaturas ao Parlamento, como até da semana, para que o governo tome peso dos seus aliados — o que está, diz
divide os colonatos entre legais e ile- agora, e que está consagrada numa posse na semana seguinte. o diário hebraico Haaretz, a causar
gais, os chamados “colonatos selva- — as que foram Lei Básica do Estado de Israel, que Mesmo acusado de corrupção e de desconforto dentro do partido. E se
gens” — à luz do direito internacional, feitas a todos os serve como Constituição, já que o país abuso de poder e de ter sido afastado antes havia outros partidos para
todos os colonatos em território ocu- não tem nenhuma. do cargo de primeiro-ministro em moderar os extremistas, agora não
pado são ilegais). cidadãos de Israel Outro caso que provoca polémica Junho do ano passado por uma diver- há, e a capacidade de Netanyahu para
Está ainda em cima da mesa uma e ao povo judaico é o do líder do partido ultra-ortodoxo siÆcada coligação de partidos que o o fazer, como fez até agora, também
proposta para mudar o entendimen- Shas, Aryeh Deri. Para ser ministro, queriam ver pelas costas, Netanyahu pode ser menor.
to que rege o acesso ao Monte do ou as que fez aos Deri precisa que o Parlamento mude protagonizou um inusitado regresso Como comentou Abe Foxman,
Templo/Nobre Santuário, uma acção seus parceiros uma lei que impede que pessoas con- depois das eleições de Novembro — as director emérito da Anti-Defamation
que poderá levar a mais violência denadas sejam ministras. Deri foi quintas em menos de quatro anos. League (ADL), com sede nos EUA, no
(uma ida de Ariel Sharon ao Pátio das de coligação condenado por fraude Æscal (a segun- A coligação eleitoral com líderes Twitter: “Vamos ver que promessas
Mesquitas, em 2000, provocou a Abe Foxman da condenação por um crime grave), políticos radicais, como Itamar Ben- irá Netanyahu manter — as que foram
segunda Intifada, e restrições no aces- Anti-Defamation League mas fez um acordo com o Ministério Gvir ou Bezalel Smotrich, foi o que feitas a todos os cidadãos de Israel e
so, em 2021, foram um factor no con- Público, trocando a pena de 18 meses permitiu ao bloco liderado pelo Likud ao povo judaico ou as que fez aos seus
fronto entre Israel e o Hamas com de prisão por uma condenação a garantir a maioria dos 120 deputados parceiros de coligação.”
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Perfil Ben-Gvir, das franjas para o centro da política
Político poderá ter a pasta da Segurança
um sintoma de normalização
É do extremismo que um
candidato apareça,
descontraído, em programas
de cozinha, quando antes
apareceu armado, e prestes a
sacar da arma, num confronto
numa zona palestiniana em
Jerusalém? Será um sinal de
moderação ter retirado, há um
ano, uma fotografia de Baruch
Goldstein, que em 1994 matou
29 palestinianos em Hebron,
que tinha pendurada em casa?
Terá Itamar Ben-Gvir mudado,
porque durante a campanha
para as eleições de Novembro,
enquanto alguns apoiantes
gritaram “morte aos árabes”, ele
lhes pediu para não o fazerem?
Pediu, porque, explicou, apenas
quer ver mortos “os terroristas”.
Já os árabes em geral, ou os
palestinianos que vivem em
Israel, Cisjordânia e Faixa de
Gaza, Ben-Gvir quer que saiam
dali, explica o diário francês Le
Monde num perfil sobre o
político que chefia o partido que
foi o terceiro mais votado em
Israel e que, ao que tudo indica,
será uma das figuras mais
poderosas do novo governo.
Deverá ter atribuído um
ministério da Segurança
Nacional, com autoridade
directa sobre a polícia em Israel
e nos territórios ocupados,
discutindo-se ainda se poderá
ter poder de veto sobre
legislação a apresentar ao
Parlamento, o que parece ter
conseguido, apesar das
objecções do Likud.
“Fizemos todos os possíveis
para ter um governo totalmente
de direita que faça regressar o
orgulho ao povo de Israel e
apoiar os soldados e a polícia na
sua luta importante”, declarou
ontem Ben-Gvir. O político
apoia alterações legislativas
para impedir que haja
“interferência com os
soldados”, pondo
potencialmente em risco a
acção de organizações não
governamentais que filmam
acções do Exército nos
territórios ocupados ou nos
checkpoints, registando abusos,
e ainda para facilitar as regras
segundo as quais um soldado
pode disparar.
Um dos momentos tos
mais mencionadoss
do jovem activista
Ben-Gvir foi
quando roubou,
em 1995, o símbolo o
do carro do então
primeiro-ministro Yitzhak Rabin,
que tinha assinado um acordo
de paz com os palestinianos,
declarando que ia chegar a ele
(Rabin foi assassinado por um
extremista pouco depois).
O Exército recusou-o por ser
extremista, e ao longo dos anos
foi acusado várias vezes por
incitamento ao ódio e
condenado em 2007 por apoio
a uma organização terrorista, o
Kach, partido do rabino Meir
Kahane que foi proibido em
1987 e enquanto movimento
entrou nas listas de
organizações terroristas de
Israel e dos EUA.
De jovem activista extremista
Ben-Gvir passou a advogado de
defesa de pessoas como ele e os
seus companheiros, como
Benzion Gopshtein, líder da
organização Lehava — um grupo
contra a “assimilação” de
judeus, por exemplo, através do
casamento com árabes ou com
cristãos, e que tem milícias que
os perseguem nas ruas. Num
caso, defendeu 21 membros da
organização que atacaram uma
escola em que crianças judias e
árabes estudam juntas.
Também representou em
tribunal dois acusados por um
ataque em Duma, perto de
Nablus, em 2015. Os dois
rapazes atiraram cocktails
Molotov para dentro de uma
casa palestiniana, matando um
bebé de 18 meses e deixando os
pais gravemente feridos (ambos
acabaram por morrer).
Artigos na imprensa israelita e
internacional tentaram explicar
o seu sucesso, em especial entre
os jovens. Diz o Le Monde:
“Itamar Ben-Gvir é um
espectáculo: desarranjado,
engraçado, grosseiro, com o
colarinho da camisa e o solidéu
branco desalinhados, suor na
testa, barba por fazer, cabelo
despenteado.” Quando entra
numa sala, “os seus olhos
procuram constantemente as
câmaras”. Seguem-se mais
características: é violento,
homofóbico, antiliberal e
antidemocrático. Quando
perguntaram ao seu “número
dois” sobre a preocupação de
palestinianos com cidadania
israelita e pessoas de esquerda
com o resultad
resultado do
partido, e o que tinha
para lhes dizer, a
resposta foi: “Devem
continuar a estar
preoc
preocupados.”
M
M.J.G.
Identidade judaica
Nova lei poderá retirar o direito
à cidadania a três milhões de judeus
Shira Rubin
Julia Rodbell estava a dar aulas num
liceu em Dallas quando uma multidão
violenta entrou no Capitólio a 6 de
Janeiro de 2021. Rodbell Æcou abalada
pelos símbolos anti-semitas que viu
entre os nacionalistas brancos na
multidão, perturbada pela apatia em
relação ao acontecimento na sua cida-
de e, pela primeira vez na vida, sentiu
medo de ser judia nos EUA.
Nas semanas seguintes, inscreveu-
se num mestrado na Universidade de
Telavive, e, quando terminou, fez o
pedido de imigração para Israel.
“Vi onde eram os locais do mundo
onde não era seguro ser-se judeu, e,
de repente, a América era um deles”,
disse Rodbell, 26 anos, um dia depois
de receber os documentos de imigra-
ção. “Em Israel, sinto-me confortável.
Sinto-me em casa.”
Rodbell é uma entre cerca de 4000
judeus que emigraram dos Estados
Unidos para Israel no ano passado.
Mas chegou precisamente quando o
Governo mais fundamentalista reli-
gioso na história do país chegou ao
poder, com planos para impedir a
imigração de pessoas judias como ela.
A mãe de Rodbell não é judia, por isso
ela não cumpre os critérios mais estri-
tos e ortodoxos para ser judia.
A iniciativa controversa pode reti-
rar a pelo menos três milhões de
judeus em todo o mundo o seu direi-
to à cidadania israelita, de acordo
com os media do país. É defendida
pelo Sionismo Religioso, um bloco de
políticos de extrema-direita que já foi
marginal, mas que será agora o segun-
do maior partido da coligação, a
seguir ao Likud, de Benjamin
Netanyahu.
Bezalel Smotrich, o líder do Sionis-
mo Religioso, prometeu no início
deste mês mudar a política de imigra-
ção de Israel, que foi adoptada por
unanimidade em 1950, para cumprir
a promessa de haver uma pátria judai-
ca na sequência do Holocausto.
“É uma bomba-relógio social e
judaica que tem de ser resolvida”,
disse Smotrich numa entrevista com
a rádio ultra-ortodoxa Kol Barama.
A Lei de Retorno de Israel dá cida-
dania a qualquer judeu, de qualquer
país do mundo, que consiga provar
uma ligação a pelo menos um avô (ou
avó) judeu. Esta lei permitiu a imigra-
ção de cerca de 900 mil judeus de
outras partes do mundo árabe, mais
de um milhão de judeus após o colap-
so da União Soviética, e ainda dezenas
de milhares a fugir de perseguição
religiosa na Etiópia.
Mas Avi Moaz, do partido ultrana-
cionalista Noam, disse recentemen-
Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022 • 21
te: “[A política é] usada de um modo
absurdo para trazer gentios para o
Estado de Israel, e diminuir sistema-
ticamente a percentagem de judeus
no Estado de Israel — chegou a altu-
ra de resolver isto, e é o que vamos
fazer.”
Netanyahu encarregou Maoz de
dirigir uma nova agência do Governo
de “identidade judaica”, assim como
a organização Nativ, que supervisiona
a imigração de países da ex-União
Soviética, incluindo refugiados da
guerra da Rússia na Ucrânia.
Segundo dados do Gabinete Cen-
tral de Estatísticas de Israel, a maioria
dos judeus que imigraram para Israel
de antigos países da União Soviética
não teria sido considerada judia de
acordo com os critérios que Maoz
propõe, que são baseados na halacha,
a lei judaica, e não na lei do Estado.
As restrições de imigração propos-
tas provocaram ondas de choque na
comunidade judaica americana, que
enfrenta um aumento de ataques
anti-semitas e uma reemergência de
retórica anti-semita nos meios políti-
cos e culturais. Algumas das pessoas
a considerar Israel como refúgio já
não serão bem-vindas se Maoz conse-
guir o que quer.
Quando estendeu o prazo para
Netanyahu continuar as conversações
para formar uma coligação, o Presi-
dente, Isaac Herzog, disse que era
preciso “preservar a ligação podero-
sa com a diáspora judaica”.
A divisão entre os judeus america-
nos e Israel tem vindo a aprofundar-
se há algum tempo, segundo o rabino
Rick Jacobs, presidente da União para
o Judaísmo da Reforma, que repre-
senta a maior denominação judaica
nos EUA mas é considerada ilegítima
pelo rabinato ortodoxo em Israel.
É uma divisão “profunda”, disse
Jacobs. “O sionismo nunca foi conce-
O Presidente quer que a ligação com a diáspora seja mantida
bido como um projecto para os ultra-
ortodoxos, e a redeÆnição de quem é
judeu não é uma prerrogativa de
Israel.”
Israel não pode dar-se ao luxo de
quebrar a ligação com a maior comu-
nidade judaica da diáspora do mun-
do, acrescentou.
“Os judeus americanos estão a
defender Israel nos seus círculos
sociais, locais de trabalho, redes
sociais, reúnem-se com os seus con-
gressistas, os seus senadores, para
explicar porque é importante a segu-
rança de Israel”, disse Jacobs. “Israel
é parte de quem somos, como judeus
na diáspora.”
Netanyahu prometeu controlar os
elementos mais extremistas do seu
Governo. Disse, numa entrevista com
a NBC, que tem experiência em con-
seguir “soluções criativas para este
tipo de impasses”, declarou, acres-
centando: “Duvido que tenhamos
quaisquer mudanças.”
Na quinta-feira, no entanto, o Likud
concordou em rever a lei como parte
das negociações de coligação, uma
acção que tinha oposição forte do
partido de Netanyahu.
Muitos temem que a mudança polí-
tica proposta seja uma tentativa de
sabotar as formas de judaísmo não
ortodoxo que Çoresceram na diáspo-
ra e que, com o apoio das instituições,
e Ænanciamento dos Estados Unidos,
começaram a avançar também em
Israel. No país, 13% dos judeus per-
tencem ao movimento de reforma e
conservador, segundo o Gabinete de
Estatísticas de Israel, e os seus mem-
bros resistem cada vez mais ao domí-
nio do rabinato ortodoxo em questões
como o casamento, divórcio, funeral
e outros aspectos da vida pessoal.
Exclusivo PÚBLICO/The
Washington Post
SARAH YENESEL/EPA
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22 • Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022
Guerra na Ucrânia
“Para Moscovo, a visita de Zelensky aos EUA
é uma provocação insuportável”
Entrevista
Sofia Neves
Diana Soller Especialista
em relações internacionais
diz que visita de Zelensky
significa uma mensagem
“muito clara” para Putin
Diana Soller, investigadora do
Instituto Português de Relações
Internacionais (IPRI-Nova),
acredita que a primeira visita
internacional de Zelensky
aconteceu nesta altura porque o
Presidente ucraniano precisava de
criar “um grande momento
mediático” para voltar a chamar a
atenção do mundo para a guerra,
que está actualmente “num
impasse”.
Porquê a escolha desta altura
para a primeira visita
internacional de Zelensky?
A escolha pode ter vários motivos,
mas não temos a capacidade de
perceber tudo o que envolveu. O
primeiro motivo com certeza terá
que ver com a segurança. O
Presidente Biden terá convidado o
Presidente Zelensky no dia 11 de
Dezembro informalmente e,
depois, formalmente a 14 de
Dezembro e devem ter concluído
que as medidas de segurança
essenciais para garantir que a vida
de Zelensky não estava em perigo
estavam todas no terreno. A visita
também aconteceu nesta altura
porque Zelensky sentia que estava
na altura de orquestrar um grande
momento mediático para chamar à
atenção não só dos americanos,
mas também do mundo. Já são dez
meses de guerra e o cansaço de
guerra nas opiniões públicas e nas
elites políticas é cada vez maior.
Poder ouvir o Presidente Zelensky
em tantos momentos, da forma
como todo o encontro muito bem
coreografado aconteceu, era
importante.
E esta visita também era
importante no panorama actual
da política norte-americana.
Sim, é um momento importante do
lado norte-americano no sentido
em que se estão a discutir agora
orçamento e eventualmente até o
aumento do tecto da dívida. A
visita acontece também num
momento em que os republicanos
ganharam as intercalares para o
Congresso e estão mais reticentes
em apoiar e Ucrânia.
A visita de Volodymyr
Zelensky aos EUA foi um
acontecimento “muito bem
coreografado”
Putin: “há sempre um antídoto” para os Patriot
m dia depois da visita de
U
Volodymyr Zelensky a
Washington, o Presidente
russo, Vladimir Putin,
afirmou que o sistema de defesa
aérea Patriot, que os Estados
Unidos pretendem fornecer à
Ucrânia, é um sistema de armas
antigo que a Rússia é capaz de
combater.
Numa conferência de
imprensa após uma reunião do
Conselho de Estado da
Federação Russa, Putin
referiu-se aos mísseis como um
sistema “muito velho” que não
funciona contra o sistema S-300
da Rússia. “Vamos ter isso em
consideração, mas iremos
sempre encontrar um antídoto”,
disse Putin.
O Presidente russo
acrescentou, também, que a
Rússia quer o fim da guerra na
Ucrânia e que todos os conflitos
armados terminam com
negociações diplomáticas. “O
E a escolha dos EUA não foi ao
acaso...
Sim, não estamos a falar de um
país qualquer. Estamos a falar do
país que viabiliza a guerra na
Ucrânia. Ainda que a Europa tenha
nosso objectivo não é aumentar
o conflito militar. Pelo contrário,
é acabar com a guerra. Estamos
a lutar por isso e iremos
continuar a fazê-lo”, disse Putin
aos jornalistas. “Vamos
esforçar-nos para acabar com
isto e quanto mais cedo,
melhor.”
Putin afirmou ainda que
deverá assinar na próxima
semana um decreto sobre a
resposta da Rússia às medidas
impostas pela União Europeia de
estabelecer um tecto para o
preço do petróleo e do gás.
Questionado pelos jornalistas
sobre o impacto que este valor
máximo pode ter na economia
russa, Putin desvalorizou o
impacto das medidas europeias.
“Percebo a razão para os nossos
oponentes políticos quererem
limitar as receitas russas, mas
não há prejuízo para a economia
do país”, afirmou o Presidente
da Rússia.
MICHAEL REYNOLDS/EPA
ultrapassado um pouco os EUA no
ponto de vista da ajuda Ænanceira e
da reconstrução, os EUA são os
maiores fornecedores de
armamento à Ucrânia. Além disso,
são o país mais poderoso do
mundo, um país muito importante
do ponto de vista geopolítico e do
ponto de vista da política
internacional. É natural que este
tenha sido o primeiro país que
Zelensky visitou. Sem os EUA, não
haveria guerra na Ucrânia porque a
Ucrânia já não seria capaz de se
defender e até de contra-atacar as
invasões e as investidas russas.
E para a Ucrânia? Que
importância teve esta visita?
A importância fundamental desta
visita para a Ucrânia é simbólica, é
a marcação de uma nova aliança
entre os EUA e a Ucrânia que agora
foi mostrada com pompa e
circunstância ao mundo. Isso é
crucial para a Ucrânia, um país que
antes da guerra tinha pouca
importância internacional e neste
momento o seu líder pode ir a
Washington dizer que é um aliado
privilegiado dos EUA. Das notícias
que nos chegam da Ucrânia, parece
que aquilo que os ucranianos mais
apreciaram foi o compromisso
americano da manutenção do
apoio à Ucrânia pelo tempo
necessário, mas também a notícia
que é mais simbólica que outra
coisa: a do envio dos Patriots
[sistema de defesa antiaérea].
Muitos dos pedidos da Ucrânia não
foram atendidos por uma questão
de stock e de prontidão na
produção de todo este material
bélico.
Mas também pode ter uma
importância contraproducente
porque me parece que a Rússia
tenderá a responder a esta visita.
Não tenho dúvidas de que tudo isto
é visto por Moscovo como uma
provocação insuportável à sua
posição no sistema internacional.
Zelensky quis deixar bem claro
que o dinheiro dos
norte-americanos é um
investimento na segurança
global e que não é “caridade”.
Acha que conseguiu convencer
os norte-americanos?
Só vamos perceber o impacto desta
visita nos norte-americanos
quando houver sondagens, mas há
uma coisa que acho que é
verdadeiramente evidente. Os
americanos, independentemente
de estarem divididos, e nesta
questão não parecem estar assim
tão divididos, são muito sensíveis a
este tipo de discurso sobre a paz, a
liberdade, sobre os americanos
serem a garantia da liberdade
internacional, são palavras que
dizem muito aos corações e às
mentes dos americanos. Nesse
aspecto, acho que o discurso foi
muito bem conseguido.
Que mensagem acredita que
Zelensky quis passar a Putin e
aos seus aliados?
Não há nenhuma movimentação
de Zelensky que não queira passar
uma mensagem a Putin. Desta vez,
a mensagem essencial está
relacionada com a aliança quase
inquebrável entre a Ucrânia e os
EUA. Quase inquebrável que se
tornou, com a visita ao Congresso,
à Casa Branca, uma aliança
institucional. Já não é só o
Presidente dos EUA e o Presidente
da Ucrânia que falam ao telefone,
são as instituições de ambos os
países que passam a cooperar. Isto
é uma mensagem muito óbvia que
é dada a Putin. Não tenho a certeza
de que a Rússia se vá manter
impávida e serena perante esta
mensagem. Se há mensagem que
acho que afecta o Kremlin nas suas
preocupações, na sua ideia de
segurança, na sua ideia do que é
correcto e não é correcto no
sistema internacional, é esta. Não
tenhamos dúvidas de que vamos
ter problemas nos próximos dias
ou meses directamente
relacionados com esta visita.
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Por António Rodrigues
Jornalista. Escreve à sexta-feira
Fedores
climáticos
O lixo é transversal; No quinto maior país
emissor de gás metano,
por isso é tão cerca de 40% do lixo
apodrece ao ar livre,
importante libertando para atmosfera
um dos gases que mais contribuem
Meredith para as alterações climáticas, de
Danberg-Ficarelli acordo com um estudo de 2021 da
Associação Brasileira de Empresas
especialista de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais (Abrelpe).
em gestão de Desde 2010 que o Brasil está a
resíduos e aplicar um plano para substituir
2800 lixeiras informais por aterros
directora sanitários até 2024, calculando os
estudos do Governo, citados pela
executiva da Wats Reuters, que até 2040 todos esses
aterros sejam capazes de
transformar pelo menos 50% das
suas emissões em electricidade.
Visto por qualquer ângulo, a
evolução é importante para reduzir
o impacto na atmosfera do lixo
produzido no país. No entanto,
como em todas as coisas, muita
gente é favorável a grandes
projectos que contribuam para
melhorar o ambiente, desde que
sejam instalados na cidade dos
outros.
E isso vê-se em Caieiras, cidade
de 100 mil habitantes no Estado de
São Paulo, onde o maior aterro
sanitário do Brasil enfrenta a feroz
oposição de vereadores e da
população, que se queixam do mau
cheiro, do constante trânsito de
camiões e da falta de compensação
ao município da parte do Grupo
Solví, que gere o aterro. Desde 2020
que a empresa está a combater em
tribunal uma decisão da vereação
de obrigar a Solví a fornecer
electricidade gratuita à cidade para
compensar o impacto ambiental,
porque acha que já faz o suÆciente.
Não só produz energia para 300 mil
pessoas com o lixo, como dá um 1%
dos seus rendimentos ao governo
do município. Mas o que pode a
melhoria geral do planeta contra o
mau cheiro particular de uma
cidade? “Quando faz calor, não se
pode abrir a janela ou o fedor
entra”, conta à Reuters Eudilaine
de Souza, uma comerciante da
cidade. “Têm de sair daqui”, diz,
por seu lado, Raulino Moreira da
Silva, que vive no bairro mesmo ao
pé do aterro. “Levem-no para onde
não há comunidades. Estamos
fartos”, insiste.
Operação
THRASH
O press release da
Frontex sobre a sua
Operação THRASH,
assim mesmo em
maiúsculas, enumera
todo o tipo de lixo arrestado pela
Agência Europeia de Guardas
Fronteiriços e Guardas Costeiros
na operação contra o tráÆco de
resíduos ilegais levada a cabo esta
semana: peças de automóvel,
plásticos, baterias, óleo usado,
sucata, pneus usados, tecidos,
resíduos electrónicos e resíduos
perigosos.
Segundo a agência, o tráÆco de
resíduos ilegais é um negócio
lucrativo e com baixo risco que se
tornou muito popular nas zonas
fronteiriças da União Europeia. O
lixo é levado para a Europa do
Leste e central, Ásia e África, para
ser abandonado, queimado ou
disperso, provocando graves
danos ambientais.
A operação, feita em
colaboração com a Europol e o
Organismo Europeu de Luta
Antifraude, estendeu-se por 25
países, com 2400 controlos
policiais que resultaram na
conÆscação de 2000 toneladas de
resíduos, 100 casos de tráÆco e 43
detenções.
Em Junho, um relatório da
Europol referia que os crimes
ambientais — em que se inclui o
tráÆco de resíduos — continuam a
gerar milhões de euros de lucro,
ao mesmo tempo que
permanecem um desaÆo para as
autoridades que têm muita
diÆculdade em relacionar os casos
com o crime organizado.
Mais ainda quando os
ministros da Justiça dos 27
falham no seu papel, como na
semana passada, quando
decidiram rever a Directiva de
Crime Ambiental, aliviando as
penalidades e as sanções em
relação aos crimes cometidos por
empresas e não a alargando a
todos os tipos.
“Uma directiva fraca signiÆca
que os crimes ambientais
continuarão a prejudicar o
ambiente e a sociedade”, referiu
ao ESG Investor Audrey
Chambaudet, do Departamento
de Política Europeia da WWF
Europe.
Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022 • 23
4 esquinas
Que(m) se
importa?
Quando um país
depende em mais de
28% do PIB de uma
actividade económica
que também lhe
garante 60% das suas divisas, de
acordo com o Banco Mundial, a
primeira ideia a resguardar em
qualquer decisão política será a de
salvaguardar esse Ælão com
tenacidade e engenho. As Maldivas,
esse país tropical no oceano Índico,
composto por mais de um milhar
de ilhas corais em 26 atóis, que
atrai anualmente uma horda de
turistas para as suas praias, lagoas
azuis e recifes, vive sobretudo do
turismo, dessa imagem de paraíso
que resulta muito bem para
inspirar sonhos.
Pois, o Presidente do país, Ibrahim
Solih, assinou no domingo a lei de
gestão de resíduos que, como
denuncia a Human Rights Watch,
“suscita grandes preocupações” no
que diz respeito “à saúde e a um
ambiente saudável”, bem como “à
obrigação de o Governo lidar com
as alterações climáticas”. A 7 de
Dezembro, várias organizações
não governamentais presentes no
país assinaram um comunicado a
pedir ao chefe de Estado para não
ratiÆcar a lei, porque esta inclui
uma emenda de ultima hora que
veio desvirtuar o seu espírito e
escancarar as janelas da
inquietação. Com esta nova lei, as
Maldivas vão poder importar lixo,
resíduos para produzir energia,
nomeadamente resíduos plásticos.
Como já denunciou várias vezes a
Zero Waste Maldives, o uso de
resíduos para a produção de
energia “não é técnica nem
Ænanceiramente praticável para as
Maldivas. Além disso, a lei não
introduz formas de regulamentar a
produção de energia através de
resíduos — e, sem uma entidade
independente capaz de
controlar a actividade e
que está entregue a
uma empresa
estrangeira, o sistema a
am
torna-se frágil. Sopram
nuvens sombrias
sobre o paraíso e os
mais pessimistas já
começam a escutar os
acordes de um requiem em
a tocar em surdina.
Mundo
O mundo que se conta
a partir do que se diz
Valor residual
No meio da devastação
trazida pela covid-19,
aqui e ali
descobrem-se
consequências
benéÆcas, em sectores antes presos
num impasse prolongado e hoje
mais clariÆcados pelo impacto da
pandemia. O sector da recolha de
lixo é um deles. Durante anos foi o
patinho feio do investimento
público, com os seus proÆssionais
mal pagos e desmoralizados.
Porém, nos meses mais agudos da
pandemia, a visão do lixo a
amontoar-se nas ruas das cidades
mudou a percepção sobre o
trabalho dos técnicos sanitários e a
necessidade de investir mais no
equipamento e em melhorar as
condições salariais desses
proÆssionais.
“As cidades vão ter de aumentar
salários e acrescentar bónus para
atrair e manter os técnicos
sanitários”, escreve Elaine S. Povich
no Stateline, o serviço de notícias do
Pew Charitable Trusts. “Durante
muito tempo, os resíduos sólidos
foram subvalorizados pelo público
em geral, quando comparados com
escolas e parques e outras coisas
que habitualmente competem por
apoio Ænanceiro nos orçamentos”,
aÆrma no mesmo artigo David
Biderman, director executivo da
Solid Waste Association of North
America. O lixo acabava quase
sempre por Æcar a perder nessa
distribuição de meios. Hoje já se
percebeu que estes trabalhadores
são essenciais para o
funcionamento da sociedade e não
funcionários públicos de segunda
categoria, a quem se entregavam as
sobras orçamentais depois de
Ænanciadas as prioridades. No
Líbano actual, mergulhado numa
profunda crise política e económica
q
que deixou os libaneses
desmoralizad
desmoralizados em relação ao
país e a si pró
próprios, o recente
prémi
prémio das Nações Unidas à
ON
ONG arcenciel (assim
m
mesmo em minúscula)
pelo seu trabalho na
g
gestão de resíduos é
um
uma pequena luz no
fun
fundo do escuro túnel do
futu
futuro. Mas que venha do
lixo nã
não deixa de ser
simból
simbólico.
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24 • Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022
Economia Conselho de Ministros aprovou ontem a mudança de regras
Portugal alinha-se com o Sul da Europa
num alívio Ɗscal nas startups
Para atrair empresas inovadoras e trabalhadores, a conversão de stock options deixa de pagar IRS.
E a mais-valia na venda de acções por trabalhadores é tributada a 14%, metade da taxa actual
Victor Ferreira
Portugal vai aliviar a tributação dos
rendimentos de trabalhadores cujas
empresas paguem em espécie
(opções sobre acções), eliminando
por completo o IRS a que estavam
sujeitos no momento da atribuição
das chamadas stock options e cortan-
do para 14%, ou seja para metade, a
taxa efectiva aplicável sobre as mais-
-valias geradas no momento em que
um trabalhador decida vender essas
acções ou perca a qualidade de resi-
dente em Portugal.
As novas regras foram aprovadas
ontem em Conselho de Ministros,
aplicando-se de forma imediata a par-
tir de 1 de Janeiro de 2023 às partici-
pações sociais já detidas por trabalha-
dores, bem como todas as que
venham a ser atribuídas daí em dian-
te, por empresas de inovação, star-
tups (empresas emergentes), de
micro, pequena e média dimensão,
ou que sejam consideras small mid
cap (até 500 funcionários e até 50
milhões de facturação).
Como se trata de matéria Æscal, o
diploma do Governo — que também
deÆne o que são empresas startups e
muda as regras do SIFIDE (Sistema de
Incentivos Fiscais em Investigação e
Desenvolvimento Empresarial) — ain-
da terá de passar pelo Parlamento.
No que toca às stock options, há
essencialmente três mudanças: o
regime passa a ser aplicável a mais
empresas; as opções de acções dei-
xam de ser tributadas como rendi-
mento dependente (categoria A no
IRS) no ano em que o trabalhador
converte as opções em acções efecti-
vas; e quando o trabalhador decidir
vender essas acções, a eventual mais-
-valia (categoria G) continua a ser
tributada em 28%, mas apenas a
metade desse rendimento — o que dá
uma taxa efectiva de 14%.
Cumpre-se assim uma promessa
que já vinha do Governo anterior,
com o objectivo de tornar o sistema
Æscal mais atractivo para as startups,
empresas em que o pagamento em
género através de planos de acções é
mais comum. Em Novembro, na Web
Summit, o actual ministro da Econo-
mia destacou que a promessa não
estava esquecida, apesar de não ter
sido incluída na proposta de Orça-
mento de Estado para 2023.
Mas António Costa Silva reforçou o
compromisso anunciando uma “lei
das startups” que seria “uma das mais
agressivas da Europa”. Não se conÆr-
ma a passagem da isenção das mais-
-valias de 50% para 85%, como se
chegou a falar, mas em contrapartida
alarga-se a abrangência e elimina-se
por completo a tributação das stock
options como rendimento dependen-
te no momento da conversão em títu-
los de participação social.
No fundo, o novo regime portu-
guês, que o Governo considera em
comunicado ser “um dos mais com-
petitivos da Europa”, passa a tributa-
ção para o momento em que há ren-
dimento efectivo, alinhando-se com
a prática de países europeus como
Espanha, Grécia, Irlanda ou Itália. Até
agora, o trabalhador pagava IRS pela
taxa do seu escalão de rendimento,
sobre 100% do valor das acções que
tivesse convertido, mesmo que não
as vendesse. Aqueles que têm acções
convertidas no passado, e que as ven-
dam a partir de 1 de Janeiro de 2023,
já beneÆciam da isenção de 50% das
mais-valias.
Pela versão preliminar do diploma
a que o PÚBLICO teve acesso, passam
a estar abrangidas todas as empresas
que, no ano anterior ao pagamento
com planos de acções, cumpram os
critérios de classiÆcação das startups,
ou se incluam nos critérios das PME/
small mid cap ou que tenham investi-
do pelo menos 10% do volume de
negócios em Investigação e Desenvol-
vimento (I&D).
Quanto à tributação de 50% do ren-
dimento da mais-valia que possa ter
sido gerada pela venda de acções,
será preciso esperar pela chegada do
diploma ao Parlamento (onde a maio-
ria do PS garante a aprovação) para
perceber se o executivo aprovou as
regras que constavam da proposta
preliminar e que obriga o trabalhador
a manter a acção pelo período míni-
mo de um ano.
O imposto terá depois de ser pago,
no IRS, em relação ao ano em que a
acção é vendida ou se, antes disso, o
trabalhador tiver perdido a qualidade
de residente no país.
A taxa efectiva de 14% é aplicada à
mais-valia que é calculada pela dife-
TIAGO PETINGA/LUSA
rença entre a receita resultante da
venda da acção e o preço da opção.
Suponhamos que o título foi vendido
por dez e que o preço de converter a
opção num título foi de cinco. O
imposto incidirá sobre a diferença,
que é de cinco neste caso, acrescida
do que tenha sido pago para aquisi-
ção dessa opção.
Passam a ser consideradas startups
as empresas com menos de dez anos,
menos de 250 trabalhadores e que
facturam até 50 milhões de euros.
SIFIDE menos generoso
Quanto ao SIFIDE, o Governo decidiu
aumentar de oito para 12 anos o prazo
de reporte de despesas de I&D que
podem dar desconto no IRC. E a majo-
ração de despesas I&D para a concep-
ção ecológica de produtos passa de
110% para 120%.
Mas há outras alterações que tor-
nam este regime menos generoso do
que era até ao momento. O objectivo,
diz o Governo, é combater fraudes
por dupla dedução, como já sucedeu
O ministro da Economia queria no passado. O SIFIDE é o incentivo
uma das leis mais agressivas da Æscal mais valioso de todos os regimes
Europa para startups, mas o das existentes, com um desconto no IRC
Finanças foi mais moderado de até 85% para despesas de I&D em
empresas certiÆcadas pela ANI como
inovadoras.
A partir de agora, fecha-se a porta
a dedução de despesas assumidas
pela entrada no capital entre entida-
Startups: menos des com relações especiais. Passa-se
também a considerar que há uma
de dez anos, relação especial entre um fundo de
investimento e a sociedade gestora.
menos de 250 Além disso, quem entre em fundos
trabalhadores e de investimento para I&D tem de
manter as unidades de participação
facturação até 50 por dez anos (e não por cinco, como
milhões de euros agora). Caso contrário, o Æsco exigirá
NUNO FERREIRA SANTOS
de volta o que tenha sido deduzido.
A taxa mínima dos investimentos
realizados por estes fundos passa dos
actuais 80% para 90%. E o prazo para
atingir a nova taxa é encurtado de
cinco para dois anos. Já as empresas
investidas por esses fundos têm de
aplicar o que receberam em três anos
(em vez de cinco). Desaparece tam-
bém a taxa incremental de 50% dedu-
tível no IRC para aquisição de capital
em empresas inovadoras ou entrada
em fundos. Ou seja, a dedução destas
despesas Æca reduzida a uma taxa
máxima de 32,5%. As empresas tam-
bém deixam de poder deduzir despe-
sas que já tenham sido objecto de
dedução por parte de investidores e
participantes em fundos.
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PS aprova licença exclusiva do pai
de 28 dias, com críticas da oposição
Raquel Martins
Oposição alega que
passagem de 20 dias úteis
para 28 dias corridos pode
levar a que em alguns casos
a licença seja mais curta
Os deputados do PS aprovaram uma
proposta que altera a licença paren-
tal exclusiva do pai de 20 dias úteis
para 28 dias corridos, após o nasci-
mento do Ælho.
A oposição alerta que esta solu-
ção pode levar a que, nos meses em
que há feriados, o pai tenha menos
dias de licença do que actualmente.
Já o PS contrapõe que o pai vai rece-
ber um subsídio mais elevado.
Apesar dos alertas dos deputados
do PSD, do Bloco de Esquerda e do
PCP, que pediram para a votação
ser adiada, os deputados socialistas
insistiram para que a proposta fosse
votada no grupo de trabalho que
está a discutir as alterações à legis-
lação laboral previstas na Agenda
do Trabalho Digno. A medida aca-
bou por ser aprovada com o voto
favorável do PS, a abstenção do PCP
e do PSD e o voto contra do BE.
O artigo 43.º do Código do Traba-
lho prevê que é obrigatório o gozo
pelo pai de uma licença parental de
20 dias úteis, seguidos ou interpo-
lados, nas seis semanas seguintes ao
nascimento da criança, cinco dos
quais gozados de modo consecutivo
imediatamente a seguir a este.
Prestação média dos novos empréstimos
à habitação atinge máximo de 507 euros
Rosa Soares
A recente subida das taxas Euribor
está a chegar, de forma gradual, aos
contratos de crédito à habitação,
movimento que se deverá acentuar
nos próximos meses. Em Novembro,
a taxa implícita do conjunto dos con-
tratos subiu 26,9 pontos base face a
Outubro, para 1,597%, o valor mais
elevado desde Dezembro de 2012.
Nos contratos realizados nos últi-
mos três meses, neste caso entre
Agosto e Outubro, o impacto da subi-
da das taxas é maior, de 31,8 pontos-
base, Æxando-se em 2,372%, face ao
mês anterior.
Os dados divulgados ontem pelo
Instituto Nacional de Estatística
PS argumenta que, com as alterações, subsídio fica mais alto
Na proposta do PS, que foi apro-
vada na especialidade, o pai é obri-
gado a gozar “uma licença parental
de 28 dias, seguidos ou em períodos
interpolados de no mínimo sete
dias, nos 42 dias seguintes ao nasci-
mento da criança, sete dos quais
gozados de modo consecutivo ime-
diatamente a seguir a este”.
A principal diferença entre a lei
em vigor e a alteração aprovada é
que esses 28 dias passam a ser con-
tados de forma corrida, o que na
prática signiÆca que, na maioria dos
casos, o número de dias efectiva-
mente gozados será o mesmo.
Porém, o PSD e o BE alertaram
que em alguns casos — nomeada-
mente nos meses que têm feriados
e dependendo da data de nascimen-
(INE) revelam que o valor médio da
prestação dos contratos mais recen-
tes aumentou 18 euros em Novem-
bro, para 507 euros, corresponden-
do ao “valor mais elevado da série
disponível”.
Outro dado relevante nos novos
contratos é a queda ligeira do mon-
tante médio em dívida, que contras-
ta com o aumento expressivo no
conjunto da carteira de crédito. Nos
contratos celebrados nos últimos
três meses, o montante médio em
dívida foi de 129.164 euros, menos
1464 euros do que em Outubro. Já
na totalidade dos contratos subiu
250 euros face ao mês anterior,
Æxando-se em 61.763 euros.
A explicação para estes dados está
DANIEL ROCHA
to da criança — o pai poderá ter
menos dias de licença.
É o que acontece, por exemplo,
no caso de uma criança que nasceu
a 30 de Novembro. Agora, a licença
de 20 dias úteis vai até 30 de Dezem-
bro, e, com a nova solução, será dois
dias mais curta.
A medida é “publicidade engano-
sa”, atirou o deputado do BE, José
Soeiro, alertando que “não se está
a alargar a licença, está-se a passar
de 20 dias úteis para 28 dias segui-
dos”. É exactamente o mesmo
número de dias de licença, acres-
centou, frisando que nalguns casos
pode mesmo ser mais curta.
“Em relação ao mês de Dezembro
em concreto, não é evidente que os
trabalhadores irão Æcar prejudica-
Crédito da casa está mais caro
Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022 • 25
dos?”, questionou Nuno Carvalho,
do PSD.
Sem contestar que, em alguns
casos, a licença pode ser mais curta,
o PS insiste que o objectivo é evitar
que o pai tenha um corte de 20% no
salário. Na prática, e como foi expli-
cado à margem da reunião, os pais
passarão a receber um subsídio rela-
tivo a 28 dias de licença, em vez dos
actuais 20.
Na reunião de ontem, os deputa-
dos aprovaram também uma norma
que obriga as empresas utilizadoras
que recorrem a empresas de trabalho
temporário sem licença a integrar os
trabalhadores nos seus quadros.
O Código do Trabalho já determi-
na que é nulo o contrato celebrado
por empresa de trabalho temporá-
rio não titular de licença para o
exercício da respectiva actividade.
Por proposta do Governo, que foi
aprovada pelo PS, PCP e BE, a lei
passará a determinar que, nesses
casos, “considera-se que o trabalho
é prestado ao utilizador em regime
de contrato de trabalho sem ter-
mo”.
Ou seja, responsabiliza-se a
empresa utilizadora, que terá de
estar atenta à lista de empresas de
trabalho temporário licenciadas
pelo Instituto do Emprego e Forma-
ção ProÆssional.
Foi também aprovado um novo
artigo (179.º) para travar a sucessão
de contratos temporários, da auto-
ria do PS e com uma alteração pro-
posta pelo PCP.
na diminuição do valor dos novos
empréstimos, consequência da subi-
da das taxas de juro, que limitam o
montante que os bancos podem
emprestar, mas também em alguma
retracção dos consumidores face à
actual conjuntura.
O aumento do capital em dívida no
conjunto dos contratos é explicado,
em grande parte, pelo aumento da
componente de juros e a redução do
capital amortizado, mas também pelo
peso dos novos contratos, habitual-
mente de valor bem mais elevado.
Esta é a consequência menos visível
da subida das taxas de juro, porque
as atenções se concentram na subida
global das prestações e menos na sua
decomposição.
Economia
Portagens
sobem 4,9%
no arranque
de 2023
Luís Villalobos
Valor devia rondar
os 10%, mas Estado
e concessionárias dividem
factura que fica por pagar
pelos condutores
O aumento das portagens no ano
que vem será de 4,9%, de acordo
com o decreto-lei aprovado ontem
em Conselho de Ministros. Estes
4,9% representam uma limitação
imposta pelo Governo à subida do
custo das portagens a pagar pelos
condutores e implica um “mecanis-
mo de repartição de responsabili-
dades”.
Sem esta medida, recordou
ontem o ministro das Infra-Estrutu-
ras, os aumentos seriam de 9,5% ou
de 10,5% (dimensão da subida está
indexada ao valor de inÇação de
Outubro), conforme os contratos,
com entrada em vigor a 1 de Janei-
ro.
Isso, aÆrmou Pedro Nuno Santos
na conferência de imprensa que se
seguiu ao Conselho de Ministros,
seria “incomportável para as famí-
lias portuguesas”.
Numa “partilha de responsabili-
dades”, o ministro explicou que,
acima dos 4,9% pagos pelos utiliza-
dores, o Estado Æca responsável
pelo pagamento de 2,8%, cabendo
depois às empresas abdicar da par-
te restante (1,8% ou 2,8%, conforme
os casos).
Em paralelo, as concessionárias
podem ainda, nos quatro anos
seguintes, subir em 0,1 pontos per-
centuais o valor que Æcar deÆnido
por via da inÇação. A medida terá
um custo estimado para o Estado de
cerca de 140 milhões de euros.
Sem este modelo de compensa-
ção parcial, defendeu, as empresas
teriam um “aumento inesperado de
receitas” sem ligação à subida dos
custos operacionais. “Contamos
com a compreensão e colaboração
de todas as concessionárias” para
esta decisão, vincou o ministro.
A 11 de Novembro, a Associação
Portuguesa das Sociedades Conces-
sionárias de Auto-Estradas ou Pon-
tes com Portagem (APCAP) já tinha
emitido um comunicado no qual
vincava as “várias manifestações”
da associação e dos seus associados
através das quais mostravam dispo-
nibilidade “para aplicação de uma
actualização inferior ao estipulado
nos contratos de concessão”, acres-
centando que aguardava uma res-
posta do concedente (o Estado).
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26 • Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022
Ciência e Ambiente Fim da política de “covid zero” foi há três semanas
O que
signiƊca
para o resto
do mundo
a explosão
de covid
na China?
As projecções apontam até um milhão
de mortes na China, só em Dezembro
e Janeiro, causadas pela covid-19.
O Äm da política de “covid zero”
criou, em apenas três semanas,
um confronto directo com o vírus
Tiago Ramalho
Passaram pouco mais de três semanas
desde o Æm da política de “covid zero”
que a China tinha como baluarte da
nação na resposta à pandemia e as
consequências estão à vista. As uni-
dades de cuidados intensivos pare-
cem estar lotadas, o número de casos
disparou e a baixa imunidade da
população (pela ausência de contacto
com o vírus e baixas taxas de vacina-
ção completa) fazem prever um
aumento das mortes por covid-19.
Ainda assim, a China mantém os
números oÆciais baixos. Na quarta-
feira, por exemplo, aÆrmou não
terem existido quaisquer mortes por
covid-19 no dia anterior, algo que as
Ælas nos crematórios não indiciam.
Os responsáveis da Organização Mun-
dial da Saúde (OMS) mostram-se
preocupados com a situação no país,
garantido disponibilidade para
melhorar a gestão hospitalar da pan-
demia e apoiar no aumento das taxas
de vacinação da população chinesa.
Mike Ryan, responsável pelo pro-
grama de emergências da OMS, é
taxativo nas preocupações que
expressa. “A China está a relatar
números relativamente baixos de
casos nos cuidados intensivos, mas
está a haver relatos de que as unida-
des de cuidados intensivos estão a
Æcar cheias”, disse anteontem em
conferência de imprensa.
Desde o início da pandemia, a con-
tagem total de mortes na China cifra-
se pouco acima das 5000, um núme-
ro muito baixo face ao resto do mun-
do — para comparação, em Portugal
já houve mais de 25 mil mortes asso-
ciadas à covid-19. As previsões dos
cientistas para os próximos meses são
menos optimistas: as mortes na China
por causa da covid-19 podem atingir
um milhão de pessoas.
Quão grave é a situação
na China?
OÆcialmente, os casos e as mortes
estão a baixar desde Novembro —
mas apenas nos registos. A alteração
nos critérios para classiÆcar uma
morte como resultado da covid-19
— que deve implicar sempre uma
doença respiratória, excluindo com-
plicações cardíacas ou sépsis, por
exemplo — é responsável por esta
diminuição oÆcial, que não combina
com os dados de transmissão nas
maiores cidades chinesas, nem com
os relatos dos cuidados intensivos (e
até dos crematórios) na China.
Dois estudos citados pela revista
Nature, e que ainda carecem de revi-
são por outros investigadores, esti-
mam valores elevados de mortes nos
próximos meses. Um desses estudos
aponta para cerca de um milhão de
mortes directamente relacionadas
com a covid-19 em apenas dois meses
(Dezembro e Janeiro). O outro é mais
cauteloso e estima 1,6 milhões de mor-
tes na China até ao Ænal de 2023.
O recuo nas políticas de conÆna-
mento extremas surgiu depois dos
protestos de Ænal de Novembro con-
tra as restrições impostas por Xi
Jinping, Presidente da China. “Para Na China, as unidades de
mim, isto parece uma tragédia cuidados intensivos têm ficado
humanitária iminente a desenvol- lotadas devido à covid-19
ver-se na China. Como ver o Titanic
a aproximar-se de um icebergue”,
escreveu o especialista em saúde
pública e vacinação Peter Hotez, da
Faculdade de Medicina de Baylor
(em Houston, Estados Unidos), na
sua conta da rede social Twitter.
Que risco representa
esta explosão de casos Estudo antevê que
para todos nós? em Dezembro e
O modo mais simples de rematar esta
questão é explicar que esta é uma
Janeiro morra um
situação para estarmos atentos, mas milhão de pessoas
com a qual não precisamos de estar
alarmados. O aumento de casos, as
na China, por causa
projecções elevadas de mortes e as do aumento de
imagens dos hospitais chineses mos-
tram uma situação difícil no território
casos de covid após
chinês e à qual a OMS e as entidades o Äm das restrições
internacionais querem acorrer.
Localmente, para a Europa ou
impostas por Xi
para Portugal, este ainda é um pro- Jinping
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Os conteúdos disponibilizados ao Utilizador assinante não poderão ser copiados, alterados ou distribuídos salvo com autorização expressa do Público – Comunicação Social, S.A.
blema algo longínquo — apesar das
semelhanças que estes casos podem
ter com a situação de há três anos,
em plena antecâmara da pandemia
de covid-19. “A pandemia só acaba
quando acabar para todos. Enquan-
to existirem grandes áreas geográ-
Æcas a multiplicar o vírus, há sem-
pre a possibilidade de haver um
surto a partir de pessoas que saiam
dessa área”, diz ao PÚBLICO Miguel
Castanho, investigador do Instituto
de Medicina Molecular (IMM) João
Lobo Antunes, em Lisboa.
Há uma conjunção de factores
que é apontada para este súbito
confronto da população chinesa
com o vírus: a Çexibilização abrup-
ta das regras, as baixas taxas de
vacinação, a eÆcácia limitada das
vacinas chinesas e a própria evolu-
ção do vírus SARS-CoV-2 (mais trans-
missível e eÆcaz, apesar de menos
letal). “Tudo junto, temos um mega-
país que começa agora a enfrentar
a covid-19 e a ter os problemas de
exposição ao vírus, quase como se
WU HAO/EPA
estivéssemos a recuar dois anos”,
considera Miguel Castanho.
O que se passou então com
as vacinas na China?
A taxa de vacinação na China está aci-
ma dos 90%, segundo os dados oÆciais
do Governo chinês. Mas isto é para a
primeira dose. Quando olhamos para
a dose de reforço, a percentagem cai
para os 57,9%, e em pessoas com 80
anos ou mais Æca-se pelos 42,3%.
As vacinas que a China administrou
não utilizam a tecnologia de ARN-
mensageiro, como as da Moderna ou
PÆzer a que estamos habituados em
Portugal. A China desenvolveu e pro-
duziu as suas próprias vacinas — uti-
lizando técnicas mais convencionais,
como o vírus inactivado. No entanto,
estas vacinas têm mostrado menor
eÆcácia na protecção da população
contra a doença grave, taxas maio-
res de hospitalização e também uma
mortalidade mais elevada do que as
vacinas ARN-mensageiro, como
Hospital de Xangai alerta para “batalha trágica”
m hospital de Xangai disse
U à sua equipa para se
preparar para uma
“batalha trágica” com a
covid-19, prevendo que
metade dos 25 milhões de
habitantes da maior cidade da
China seja infectada até ao
final do ano, numa altura em
que o vírus se espalha
descontroladamente pelo país.
Após protestos
generalizados e um aumento
implacável de casos, a China
levou a cabo este mês uma
mudança abrupta na
abordagem e começou a
desmantelar a política de
“covid zero”, que causou um
grande impacto económico e
psicológico nos seus 1,4 mil
milhões de habitantes.
Ainda assim, a contagem
oficial de mortes na China
desde o início da pandemia é
de 5241 — uma fracção do que
a maioria dos outros países
enfrentou. A China não
registou oficialmente novas
mortes por covid-19 pelo
segundo dia consecutivo na
quarta-feira, mesmo com os
funcionários das funerárias a
relatar que a procura
aumentou na semana passada.
O hospital Shanghai Deji,
numa publicação na sua conta
oficial do WeChat, estimou em
cerca de 5,43 milhões o
número de positivos na cidade
e previu que 12,5 milhões
ficarão infectados até ao final
do ano. “A véspera de Natal, o
dia de Ano Novo e o Ano Novo
Lunar deste ano estão
mostra um estudo realizado em Sin-
gapura, e publicado este mês na
revista cientíÆca The Lancet.
Mike Ryan deixou a nota durante a
conferência de imprensa da OMS de
que a “vacinação é a estratégia de
fuga” aos surtos de covid-19. A China
não tinha importado vacinas de ARN-
mensageiro para imunizar a sua
população até anteontem, quando foi
conÆrmado o envio de vacinas da PÆ#
zer por parte da Alemanha — ainda
assim, serão apenas para os alemães
que vivem no país asiático.
A variante do vírus na
China é a mesma que temos
em Portugal?
A variante é da mesma família, mas
são Ælhos diferentes. Apesar de per-
tencerem todas à variante Ómicron
e serem descendentes da BA.5, há
diferenças entre a sublinhagem pre-
dominante na China (BF.7) e aquela
que tem afectado Portugal, Espanha
ou França (a BQ.1). Como a maioria
Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022 • 27
destinados a ser inseguros”, disse
o hospital. “Nesta batalha trágica,
toda a Grande Xangai cairá e
infectaremos todos os
funcionários do hospital! Vamos
infectar toda a família! Todos os
nossos pacientes serão
infectados! Não temos escolha e
não podemos escapar.” A
publicação deixou entretanto de
estar disponível no WeChat.
As cidades mais pequenas
longe das ricas costas leste e sul
são particularmente vulneráveis.
Tongchuan, uma cidade de 700
mil habitantes na província de
Shaanxi, no Noroeste, convocou
todos os médicos e enfermeiros
que se reformaram nos últimos
cinco anos. Ao mesmo tempo,
cidades por todo o país estão a
distribuir gratuitamente milhões
de comprimidos de ibuprofeno
para instituições médicas e
farmácias, segundo o jornal
estatal Global Times. Reuters
das sublinhagens que se têm suce-
dido, há um aumento da transmis-
sibilidade conjugado com uma dimi-
nuição da letalidade.
No entanto, ainda não sabemos
muito sobre esta sublinhagem BF.7.
Apesar de já ter sido detectada nos
Estados Unidos, Índia ou Reino Uni-
do, por exemplo, tem ganhado pou-
co espaço face à presença da BQ.1
ou da BQ.1.1. Em Portugal ainda não
foi detectado, de acordo com o últi-
mo relatório (de 15 de Dezembro)
do Instituto Nacional de Saúde Dou-
tor Ricardo Jorge, qualquer caso
com esta sublinhagem.
Para já, a BF.7 parece ser uma
sublinhagem com menor capacida-
de de se impor, mas não sabemos se
continuará assim. O pouco conhe-
cimento que existe sobre esta BF.7
apenas indica uma maior capacida-
de em infectar pessoas que já tive-
ram covid-19, além da maior trans-
missibilidade. Os próprios sintomas
são muito similares aos das outras
sublinhagens: febre, tosse, fadiga
muscular, dor de garganta e diÆcul-
dades respiratórias.
Mas há o risco de criar
novas variantes?
“Havendo uma grande taxa de mul-
tiplicação viral, existem mais hipó-
teses de se formarem novas varian-
tes. E estamos a falar de um territó-
rio imenso, e com uma actividade
viral muito grande, isso aumenta o
risco”, diz Miguel Castanho, refor-
çando que esta é uma questão esta-
tística. Os vírus alteram-se e evoluem
em contacto com as células dos hos-
pedeiros (neste caso, os humanos),
pelo que quanto mais os vírus circu-
lam e se multiplicam, mais provável
é que tenham mutações.
Para já, apenas o desenrolar dos
casos e o acompanhamento da evolu-
ção do vírus podem ditar o que irá
acontecer neste campo. Daí que a OMS
já tenha pedido acesso a informações
mais pormenorizadas sobre a gravida-
de da doença na China, os sintomas e
as análises ao próprio vírus.
Pode ser um renascimento
da pandemia?
A pandemia ainda não terminou —
repetimos a frase de Miguel Castanho:
“A pandemia só acaba quando acabar
para todos.” Ainda assim, é pouco
provável, neste Ænal de Dezembro,
que este seja o princípio de uma nova
disseminação de casos a nível global,
precisamente pela eÆcácia das vacinas
administradas na grande maioria do
mundo e pelo contacto que já tivemos
com o vírus SARS-CoV-2 e com a covid-
19. A vacinação e o contacto com o
vírus acabam por diÆcultar o trabalho
destas sublinhagens da covid-19.
“Ninguém tem bolas de cristais, mas
não é muito provável que o que está a
acontecer na China faça mudar muito
o que acontece no resto do mundo”,
diz Miguel Castanho. “Embora possam
surgir alguns focos aqui e ali devido à
mobilidade das pessoas.”
O único senão é a possibilidade de
aparecer uma nova variante com
características muito diferentes das
que conhecemos e para a qual a imu-
nização que temos (pelas vacinas ou
por termos sido infectados) não con-
siga dar uma resposta satisfatória.
Ainda assim, neste momento, Miguel
Castanho considera este cenário
improvável: “A realidade dos contágios
é local, o vírus transmite-se de pessoa
a pessoa. Portanto, a evolução deverá
ser sobretudo dentro da China.”
Se as medidas de contenção da
covid-19 na China já tiveram um cus-
to enorme para a população chinesa
— com os protestos a emergirem
como apogeu das restrições —, o
aumento de casos e mortes com a
propagação do vírus também pode-
rá ter custos no início de 2023, sobre-
tudo a nível económico, com a poten-
cial paragem industrial devido às
infecções a ser um dos pesos na
balança de decisões de Xi Jinping.
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28 • Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022
Cultura Arqueólogos alertam para perigos da reorganização administrativa
Sem Direcções
Regionais
de Cultura,
teme-se a
desprotecção
do património
Competências vão distribuir-se entre
as comissões de coordenação regional,
com o risco de conÅitos de interesses, e
a Direcção-Geral do Património Cultural,
potenciando o centralismo
Luís Miguel Queirós
Decidida em Conselho de Ministros a
17 de Novembro e publicada em Diá-
rio da República no passado dia 14, a
transferência de competências para
as Comissões de Coordenação e Des-
envolvimento Regional (CCDR) em
diferentes áreas da governação vai
implicar, no sector cultural, a extin-
ção das Direcções Regionais de Cul-
tura, um processo que está a preocu-
par arqueólogos e outros proÆssionais
envolvidos na salvaguarda do patri-
mónio, que alertam para os riscos de
se estar a dispensar um poder de
decisão especializado em benefício
de uma entidade mais política, e que
tem de atender a interesses potencial-
mente conÇituantes.
Vice-presidente do Sindicato dos
Trabalhadores de Arqueologia
(STARQ), Liliana Martins de Carvalho
receia a proximidade que esta trans-
ferência vai criar entre as decisões
políticas e técnicas. “Há muitas obras
promovidas pelas autarquias, e as
CCDR, no actual modelo, são eleitas
pelos autarcas, pelo que esta concen-
tração de competências leva a que a
decisão esteja muito próxima do inte-
ressado, do dono da obra”, alerta a
arqueóloga.
Ou seja, as presidências das CCDR
terão agora competências — partilha-
das com a Direcção-Geral do Patrimó-
nio Cultural (DGPC) só quando se
trate de património classiÆcado ou
em vias de classiÆcação — para decidir
acerca de pedidos de licenciamento
requeridos por autarcas a quem
devem a sua eleição, e para cujas
intervenções poderão também apro-
var Ænanciamentos europeus.
Mas este processo tem igualmente
sido criticado, em sentido aparente-
mente contrário, por vir reforçar a
DGPC com uma série de competên-
cias que até aqui cabiam exclusiva-
mente às Direcções Regionais de
Cultura, criadas precisamente para
atenuar o centralismo e garantir que
os decisores estariam mais próximos
do território no qual intervêm. Uma
“falsa descentralização”, acusa o
STARQ, numa nota divulgada logo
após a aprovação deste pacote legis-
lativo, tanto mais que “as CCDR não
reportam a qualquer entidade com
membros eleitos directamente pelos
cidadãos no âmbito regional”.
Mas a circunstância de a lei conser-
var na DGPC o poder Ænal em matéria
de património classiÆcado ou com
processos de classiÆcação já iniciados
também permite o argumento de
que, na verdade, se está a optar por
um modelo ainda mais centralista.
“Estamos a trabalhar numa altera-
ção do quadro da DGPC, ao mesmo
tempo que fazemos este movimento
de desconcentração para as CCDR”,
explica ao PÚBLICO o ministro da
Cultura, que reconhece que “há um
potencial conÇito de interesses” entre
as exigências da protecção do patri-
mónio cultural e outras responsabili-
dades das CCDR, e que por isso mes-
mo “há algumas competências que
estavam nas Direcções Regionais de
Cultura e que terão de ser transferidas
para a DGPC”.
A lei estabelece um cronograma
para o cumprimento das várias eta-
pas deste processo de transferência
de serviços desconcentrados do Esta-
do para a esfera das CCDR, mas abre
uma excepção para a Cultura, onde
os prazos irão ainda ser “ajustados”,
precisamente para dar tempo a que
se conclua esta reestruturação da
DGPC.
Para Pedro Adão e Silva, com este
processo, “os cidadãos passam a
contactar a respectiva CCDR, e não
cada um dos serviços desconcentra-
dos do Estado no seu território”, o
que representa “uma racionalização
dos serviços” e a “garantia de que
estes trabalham em conjunto de for-
ma articulada, e que a prioridade é
o desenvolvimento de cada uma das
Os arqueólogos temem o
potencial de conflitos de
interesses entre decisões de
natureza técnica e a agenda
política das autarquias
Deixa de haver
uma multiplicação
de interlocutores
para haver só um,
a presidência da
CCDR, [o que]
simpliÄca a vida
dos
ãos
cidadãos
Pedro Adão oe
Silva
Ministro da
Cultura
regiões”. E se, por razões “que se
prendem com a Lei do Património,
há funções cuja responsabilidade
continuará a ser da DGPC”, entende
que se trata de uma excepção num
movimento genuinamente descen-
tralizador.
O facto de as presidências das
CCDR serem eleitas por um colégio
de autarcas também não lhe parece
um factor de preocupação neste con-
texto. “Não vejo porque é que o facto
de as entidades terem alguma sindi-
cância democrática, desde logo pelo
envolvimento dos autarcas eleitos
pelos cidadãos, há-de ser um proble-
ma”, argumenta, lembrando, por
outro lado, que “as políticas sectoriais
são deÆnidas pelo Governo nas suas
áreas de competência” e que “os ser-
viços têm de garantir o cumprimento
dessas orientações políticas”. A dife-
rença, conclui, é que “deixa de haver
uma multiplicação de interlocutores
para haver só um, a presidência da
CCDR
CCDR”, o que “simpliÆca a vida dos
cidad
cidadãos”.
O ministro
m sublinha ainda que “esta
desconcentração não vai acabar com
desco
os se
serviços” e que “as pessoas vão
continuar
con a trabalhar, e na maior
p
parte das vezes no mesmo sítio
ffísico, exercendo as mesmas fun-
ções”. Simplesmente “passam
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NUNO FERREIRA SANTOS
a estar coordenadas pela CCDR e não
pela Direcção Regional de Cultura”.
Um cenário que não convence o
arqueólogo Luís Raposo, que dirigiu
o Museu Nacional de Arqueologia e
foi coordenador do ICOMOS (Conse-
lho Internacional de Museus) na
Europa. Ainda que seja um regiona-
lista convicto, Raposo acha que seria
“arriscadíssimo transferir para as
CCDR a totalidade das competên-
cias”, e que, a ser feito, isso implica-
ria “criar nas comissões de coorde-
nação departamentos próprios, e
cheÆas com autonomia, nos vários
domínios do património cultural, da
arqueologia à arquitectura e aos
museus”. Mas essa decisão, defende,
teria pelo menos “o mérito da coe-
rência”, como o teria a de concentrar
na DGPC todas as competências nes-
ta matéria, embora “o passado já
tenha provado que isso seria um
desastre completo”.
No entanto, o “modelo híbrido”
que o Governo encontrou ainda lhe
parece mais nocivo. “Ou a DGPC
passa a exercer as competências das
direcções regionais de Cultura e
temos um centralismo mais intenso
e mais ineÆcaz, ou na prática — e a
experiência diz-me que é isso que
vai acontecer — as CCDR vão actuar
em roda livre porque a DGPC não
vai ter condições para cumprir as
suas funções.”
À espera da nova DGPC
Embora funcionem em articulação
próxima com a DGPC, as direcções
regionais não são formalmente tute-
ladas por ela e dispõem de uma série
de prerrogativas exclusivas, como a
que diz respeito às áreas de protecção
dos monumentos classiÆcados e às
zonas especiais de protecção. Só nes-
ta matéria, qualquer uma das direc-
ções regionais de cultura emite milha-
res de pareceres por ano, que envol-
vem geralmente deslocações aos
sítios em causa, uma tarefa que a
DGPC diÆcilmente poderá executar
sem um grande reforço de meios.
O PÚBLICO tentou ouvir a directora
regional de Cultura do Norte, Laura
Castro, que não quis comentar o pro-
cesso de transferências para as CCDR,
mas sublinhou que é preciso “aguar-
dar que se conclua a reestruturação
da DGPC”, que “terá consequências
nos museus, no património arqueo-
lógico, nos monumentos…”, para se
perceber melhor o que aí vem.
“Na maneira como a administração
da Cultura Æcou estruturada depois
da criação das direcções regionais,
estas funcionavam em diálogo com a
DGPC, mas já houve outros modelos,
e agora está a ser estudado um novo,
que vai determinar tudo o resto”, pre-
vê Laura Castro.
E o que já está determinado na reso-
lução do Conselho de Ministros deixa
muitas perguntas sem resposta. O que
acontecerá, por exemplo, aos muitos
museus e monumentos tutelados
pelas direcções regionais, alguns deles
com colecções de importância nacio-
nal? Passam a ser geridos pelas CCDR,
ou pelos municípios? Transitam para
a tutela da DGPC? A verdade é que
ninguém sabe, sendo que há casos em
que legalmente não podem sair da
esfera do Governo central, como
acontece, por força da Concordata,
com alguns monumentos religiosos:
é o caso da Sé de Évora, por exemplo,
actualmente tutelada pela Direcção
Regional de Cultura do Alentejo.
As críticas ao processo desencadea-
do pela ministra da Coesão Territo-
rial, Ana Abrunhosa, não se têm resu-
mido, de resto, à Cultura. Nos secto-
res do ambiente e da agricultura, foi
já enviada a António Costa, e a todos
os ministros envolvidos no processo,
uma posição conjunta contra este
diploma, que tem a singularidade de
unir a Confederação dos Agricultores
Portugueses a um conjunto de asso-
ciações ambientalistas.
Na Cultura, enquanto se aguarda o
novo modelo que está a ser prepara-
do, o que já parece incontestável — e
que, apesar dos diversos modelos
ensaiados no passado, não tinha pre-
cedentes — é o facto de uma parte da
administração da área sair da tutela
do respectivo ministério para a do
Ministério da Coesão Territorial,
perante o qual respondem as comis-
sões de coordenação.
Os Club Makumba vão juntar-se
a João Barradas mas só desta vez
Rodrigo Nogueira
Logo à noite, no Musicbox,
o quarteto que editou este
ano o disco de estreia
convoca o acordeonista
para um concerto único
Os próprios Club Makumba não
sabem muito bem o que vai aconte-
cer hoje no Musicbox, em Lisboa, a
partir das 22h. O quarteto instru-
mental que junta a guitarra de Tó
Trips, a percussão de João Doce, o
saxofone de Gonçalo Prazeres e o
contrabaixo de Gonçalo Leonardo
vai partilhar o palco, por uma vez
só, com o acordeão de João Barra-
das. Chegarão à hora do concerto
sem ter deÆnido de antemão tudo o
que vão tocar. OK, existe um disco
de estreia homónimo, lançado este
ano. E a banda combinou com João
Barradas, que escolheu alguns dos
temas dos Club Makumba, em quais
deles o solista vai entrar. Mas não
haverá um ensaio geral prévio, pelo
que a margem de imprevisibilidade
é grande.
É propositado. Esta será a primei-
ra das One Shot Sessions, um ciclo de
concertos que o quarteto agora
inaugura no Musicbox — lá para a
frente, há já mais duas planeadas,
respectivamente com Moullinex e
João Gomes, e depois logo se vê se
continua.
“A ideia é não ensaiar, talvez no
próprio dia rever ali uma ou outra
música. Será sempre na base do
improviso, tem que ver com o sen-
timento de que quem nós convida-
mos acrescenta alguma coisa”,
explica João Doce ao PÚBLICO, via
Zoom. “Há essa cena do risco, que
nos dá uma certa pica. São concer-
tos únicos, irrepetíveis”, aÆrma,
apesar de admitir que a operação
até poderá resultar nalgum tipo de
parceria futura. “Será giro para nós,
será giro para o público”, conclui.
Gonçalo Prazeres, que comparece
na entrevista a usar uma T-shirt da
própria banda, conta que é “apai-
xonado por momentos abertos” em
que ninguém sabe “o que vai acon-
tecer em cima do palco”. “Fico fas-
cinado com as direcções que toma-
mos”, diz, acrescentando que gosta
de sentir essa imprevisibilidade até
como membro do público.
Há concertos ditos “normais” em
que a banda “acaba por fazer coisas
bem diferentes”, realça o saxofonis-
ta, citando como exemplo uma
actuação de 2020 na Casa do Capi-
tão sobre a qual alguém lhe disse
recentemente que achou interessan-
te terem tocado, no início e no Æm,
“a mesma música”, mas de formas
Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022 • 29
“completamente diferentes”. Ora,
“havendo mais uma pessoa, aumen-
ta a possibilidade disso”, atira.
O colega João Doce continua:
“Os concertos têm sempre esse lado
de imprevisto, de nós os quatro,
pelo olhar, já percebermos que
vamos por uma zona neutra. Mas é
um risco com rede, já nos conhece-
mos, tocamos há muito tempo.
Ter um quinto elemento em que
podemos ter dessas zonas neutras
sem mapeamento é uma excitação
muito grande. É o músico e o públi-
co no mesmo comprimento de
onda.” E compara o que vai aconte-
cer com a magia: “Normalmente,
o músico é o mágico que já sabe
o truque, vai ali vender e o pessoal
cai todo; raramente se surpreende
com a sua própria magia, a não ser
que corra mal.”
“Música é música”
Os Club Makumba começaram com
Tó Trips e João Doce, mais ligados
ao rock, a juntarem-se a dois músi-
cos próximos do jazz. Só que a ban-
da não é só isso. Gonçalo estudou
muita improvisação, mas, recorda,
também tocou guitarra em bandas
de rock e hardcore. João Doce, por
sua vez, notabilizou-se enquanto
membro dos Wraygunn, banda em
que havia sempre um grau de “caos
absoluto” pela forma como Paulo
Furtado, o frontman, podia fazer
acontecer “algo a qualquer momen-
to que nem ele sabia antes”.
O percussionista diz “não ter a
parte académica da música” e que
“Há essa cena do
risco, que nos dá
uma certa pica.
São concertos
irrepetíveis”,
promete João Doce
Gonçalo Leonardo, João Doce, Tó Trips e Gonçalo Prazeres
Cultura
o espectáculo “só tem gozo” se a
música não sair igual ao que está no
disco. Apesar da falta de formação
formal do guitarrista e do percus-
sionista, Gonçalo Prazeres diz que,
mesmo não tendo “estudado oÆcial-
mente”, os colegas “sempre toca-
ram muito e Æzeram muita improvi-
sação, se calhar sem lhe chamar
assim, tipo caos organizado ou abso-
luto”. “Não sinto qualquer diÆcul-
dade na comunicação musical”,
garante.
Prazeres conheceu Tó Trips quan-
do actuou com Dead Combo, e
sublinha o muito que os dois já con-
versaram sobre música. “Partilhá-
vamos música e a forma como a
pensamos, que música é música,
não interessa deÆnir o estilo.”
Experimentar, de resto, faz parte
da sua abordagem ao saxofone. “Ele
surge como um instrumento meló-
dico, mas gosto muito de usá-lo
como instrumento de ritmo, como
se fosse uma guitarra”, diz o PÚBLI-
CO, explicando que aplicou ao seu
instrumento efeitos como o delay e
o wah-wah, dando-lhe “mais textu-
ras e outros caminhos”. “Não me
importo nada de estar num saxofo-
ne barítono a fazer um baixo duran-
te dez minutos, desde que esteja a
groovar, o que com o João acontece
sempre.”
O saxofonista pensa também estes
concertos como uma “espécie de
statement artístico” num mundo em
que “cada vez mais” se vê “a música
ao vivo muito fechada”. “Às vezes
nem há músicos a tocar, está tudo
gravado e os palcos [são] muito des-
pidos. São opções estéticas, mas é
Æxe haver o contraponto disso”,
confessa. Já João Doce entusiasma-
se com o regresso “ao suor e trans-
piração”, com “perdigotos, calor,
abraços e tal”: vai ser “porreiro para
a banda”, prevê, actuar “num
ambiente onde tudo é mais denso e
há proximidade e Æsicalidade”.
VITORINO CORAGEM
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30 • Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022

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MUNICÍPIO DE SÃO BRÁS DE ALPORTEL PROCESSO Nº: 3349/20.T8STS

TRIBUNAL: Juízo de Comércio de Santo Tirso - Juiz 3
Câmara Municipal INSOLVENTE: João Paulo Reis da Fonseca
CONSELHO INTERMUNICIPAL
AVISO DE LEILÃO ELECTRÓNICO
EDITAL VENDA DE BENS EM PROCESSO DE INSOLVÊNCIA
(cfr. art.º 56.º do anexo I da Lei n.º 75/2013, de 12/9)
Ampliação do Complexo Desportivo Informa-se os eventuais interessados do Leilão Eletrónico, agendado com data de
abertura a 23/12/2022, pelas 11 horas e encerramento a 22/01/2023, pelas 11 horas,
Pedro Machado, Presidente do Conselho Intermunicipal da CIM do a decorrer no site www.leilobusiness.com (modalidade Leilão Eletrónico), para a
Tâmega e Sousa, faz saber que na 14.ª reunião ordinária do Conselho aquisição do bem, constante no Auto de Apreensão lavrado a 25/05/2021.
Intermunicipal, realizada em 20 de dezembro de 2022, na sede da CIM do Processo de expropriação - Artigo rústico Lote Único:
Tâmega e Sousa, sita na Avenida José Júlio, n.º 42, em Penafiel, foram – Verba 1 - Veículo automóvel da marca Renault, modelo JA-Megane Scenic, do ano
tomadas as seguintes deliberações: 1846 - São Brás de Alportel 2001, de cor azul, a gasolina, cilindrada (cm3) 1390, matrícula 39-95-RX.
– Verba 2 - Relógio usado marca HUBLOT (Réplica).
Período da Ordem do Dia – Verba 3 - Relógio usado marca CASIO (Réplica).
1. a) Ata da 9.ª reunião – Aprovada por unanimidade Valor Base: 798,12 Euros
Relatório de Vistoria ad perpetuam rei memoriam Valor Mínimo de Venda (85% do Valor Base) 678,40 Euros
1. b) Ata da 13.ª reunião – Aprovada por unanimidade
2. Criação de Unidade Local de Saúde no Tâmega e Sousa – Tomada de (NOTA: Sobre o valor dos relógios acresce o IVA à taxa legal em vigor)
posição – Aprovada por unanimidade Nos termos do nº 7 do art.º 21 da Lei nº 168/99 de REGULAMENTO E CONDIÇÕES GERAIS PARA VENDA
- Os bens da presente venda são vendidos conforme o estado físico e jurídico em que se encontram, sem
3. Equipa Multidisciplinar de Apoio Geral e Finanças qualquer tipo de garantia de eventuais vícios que existam ou venham a surgir, sendo da responsabilidade do
a) Informação n.º 1318/2022 – 5ª Alteração Orçamental – 4ª Alteração 18 de Setembro, na sua redação atual, notificam- proponente os encargos da compra, remoção e obrigações fiscais;
Todos os interessados podem participar no leilão eletrónico, desde que cumpram as regras do regulamento e
Modificativa ao Orçamento da Despesa e da Receita, 4.ª Alteração
Modificativa ao Plano de Atividades e PPI (GOP´s) – Aprovada por se os interessados no processo acima identificado condições gerais para venda, disponíveis no site www.leilobusiness.com
A Leiloeira, Leilobusiness, Lda.
unanimidade que decorrente da realização da “ad perpetuam Público, 23/12/2022
4. Equipa Multidisciplinar de Gestão de Fundos de Coesão Territorial
a) Informação n.º 1303/2022 – “Alteração P.I. 10.05 PDCT – 5º Exercício de rei memoriam” realizada no dia 19/10/2022 pelas
Soma Nula” – Aprovada por unanimidade
b) Informação n.º 1304/2022 – “Alteração P.I. 08.08 do Pacto para o
11h00, foi produzido o correspondente relatório, pelo
Desenvolvimento e Coesão Territorial – 5º Exercício de soma nula” – perito designado para o efeito, podendo o mesmo ser
Aprovada por unanimidade Dá-se conhecimento público de que se encontra
c) Informação n.º 1305/2022 – “Alteração P.I. 09.01 do Pacto para o consultado e sobre ele apresentadas as eventuais
Desenvolvimento e Coesão Territorial – 5ºExercício de soma nula” –
aberto o processo de recrutamento de pessoal em
reclamações, no prazo previsto(5dias).
Aprovada por unanimidade regime de contrato de trabalho a termo resolutivo
d) Informação n.º 1309/2022 – “Alteração do Quadro de Compromissos Para tal, os interessados podem dirigir-se â câmara incerto para o Centro de Competências Nova Forma
do Plano de Ação para a Mobilidade Urbana Sustentável (PAMUS)” –
Aprovada por unanimidade municipal, no horário de expediente, 9h00-13h00, - Nova Edu Digital da Universidade NOVA de Lisboa:
5. Equipa Multidisciplinar de Transportes e Mobilidade Sustentável • 1 vaga de técnico superior (m/f), referência
a) Informação n.º 1315/2022 – Aditamento ao contrato de 2022 – Comboios
ou solicitar cópia para o efeito, por via de contactos:
de Portugal – Ratificado por unanimidade 289840000 ou via email, para, camara@cm-sbras.pt. CT-44/2022 – Nova Edu Digital, ao qual
b) Informação n.º 1317/2022 – Contrato Comboios de Portugal – Ano de podem candidatar-se os indivíduos que reúnam
2023 - Aprovada por unanimidade Mais se informa que a Declaração de Utilidade Pública as condições fixadas no aviso disponível no
6. Equipa Multidisciplinar de Educação, Qualificação, Inovação Social,
Cidadania e Saúde foi publicada pelo Aviso n.º 16277/2022, na PARTE H, II endereço:
a) Informação n.º 1306/2022 – Proposta de distribuição de formandos série do Diário da Republica nº 158 do dia 17/08/2022. http://www.unl.pt/nova/nao-docentes
– GEPAL – Operação NORTE-09-5762-FSE-000002 – Aprovada por
unanimidade O prazo para submissão das candidaturas é de
7. Equipa Multidisciplinar de Gestão Ambiental e Transição Climática O Presidente da Câmara Municipal 10 dias úteis a contar da data da publicação do
a) Informação n.º 1289/2022 – Liberação de Caução – POSEUR-02-1810-
FC-000456 – Instalação de Redes de Defesa da Floresta Contra Incêndios Vitor Manuel Martins Guerreiro presente anúncio.
na Região do Tâmega e Sousa – Aprovada por unanimidade
8. Equipa Multidisciplinar de Investimento e Promoção Territorial
a) Informação n.º 1321/2022 – Abertura do Espaço Empresa na CIM do
Tâmega e Sousa – Protocolo com IAPMEI, AMA e AICEP – Aprovada por
unanimidade
Penafiel, 20 de dezembro de 2022
CONHEÇA AS NOSSAS COLECÇÕES Câmara Municipal de Valongo

O Presidente do Conselho Intermunicipal,

Pedro Machado
DE FILMES E SÉRIES EM LOJA.PUBLICO.PT AVISO N.º 287
MAIS INFO: 210 111 010 ALTERAÇÃO AO ALVARÁ DE LOTEAMENTO N.º 269/79, de 25/05
ADITAMENTO N.º 62/2022
Nos termos do Art.º n.º 27.º do Decreto-Lei n.º 555/99 de 16 de dezembro, na
redação vigente, torna-se público que a Câmara Municipal de Valongo emitiu
em 07/12/2022, o aditamento n.º 62/2022, em nome de Nelson Carlos Dias
dos Reis Meireles, ao alvará n.º 269/79, de 25/05, referente ao processo de
loteamento número 790-L/1972 em nome de Celestino Ferreira, sito na Rua
Capitão Aresta, da freguesia e concelho de Valongo, anexo ao proc. 82-L/2021,
Fundada em 1988 pelo Professor Doutor Carlos Garcia, a Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de por despacho de 27/10/2022.
Doentes de Alzheimer - Alzheimer Portugal é uma Instituição Particular de Solidariedade Social. É a única Consiste na alteração das especificações do lote n.º 17, nomeadamente na
previsão de um anexo destinado a garagem e arrumos ao nível da subcave, com
organização em Portugal, de âmbito nacional, constituída há mais de 30 anos especificamente para promover a escada de acesso à cobertura do mesmo, pertencente à fração “A” do prédio
qualidade de vida das pessoas com demência e dos seus familiares e cuidadores. Tem cerca de dez mil associados constituído no regime de propriedade horizontal e composto por duas frações
habitacionais e com entrada de nível a partir da Av. Eng.º Armando Magalhães.
em todo o país. Valongo e Paços do Concelho, sete dias de dezembro de dois mil e vinte e dois
Oferece Informação sobre a doença, Formação para cuidadores formais e informais, Apoio domiciliário, Apoio O Vereador com poderes delegados,
Eng.º Paulo Jorge Esteves Ferreira
Social e Psicológico e Consultas Médicas da Especialidade.
Como membro da Alzheimer Europe, a Alzheimer Portugal participa ativamente no movimento mundial e
europeu sobre as demências, procurando reunir e divulgar os conhecimentos mais recentes sobre a Doença de
Alzheimer, promovendo o seu estudo, a investigação das suas causas, efeitos, profilaxia e tratamentos.
Contactos
Sede: Av. de Ceuta Norte, Lote 15, Piso 3, Quinta do Loureiro, 1300-125 Lisboa - Tel.: 21 361 04 60/8 - E-mail: geral@alzheimerportugal.org
Centro de Dia Prof. Dr. Carlos Garcia: Av. de Ceuta Norte, Lote 1, Loja 1 e 2 - Quinta do Loureiro, 1350-410 Lisboa - Tel.: 21 360 93 00
Lar, Centro de Dia e Apoio Domiciliário «Casa do Alecrim»: Rua Joaquim Miguel Serra Moura, n.º 256 - Alapraia, 2765-029 Estoril - Tel. 214 525 145 - E-mail: casadoalecrim@alzheimerportugal.org
Delegação Norte: Centro de Dia “Memória de Mim” - Rua do Farol Nascente n.º 47A R/C, 4455-301 Lavra - Tel. 229 260 912 | 226 066 863 - E-mail: geral.norte@alzheimerportugal.org
OFEREÇA
Delegação Centro: Urb. Casal Galego - Rua Raul Testa Fortunato n.º 17, 3100-523 Pombal - Tel. 236 219 469 - E-mail: geral.centro@alzheimerportugal.org MÚSICA
Delegação da Madeira: Avenida do Colégio Militar, Complexo Habitacional da Nazaré, Cave do Bloco 21 - Sala E, 9000-135 FUNCHAL
Tel. 291 772 021 - E-mail: geral.madeira@alzheimerportugal.org
Núcleo do Ribatejo: R. Dom Gonçalo da Silveira n.º 31-A, 2080-114 Almeirim - Tel. 24 300 00 87 - E-mail: geral.ribatejo@alzheimerportugal.org
Núcleo do Algarve da Alzheimer Portugal: Urbanização do Pimentão, lote 2, Cave, Gabinete 3, Três Bicos, 8500-776 Portimão
- Telemóvel: 965 276 690 - E-mail: geral.algarve@alzheimerportugal.org MAIS INFORMAÇÕES: loja.publico.pt | 210 111 010
 Os direitos de propriedade intelectual de todos os conteúdos do Público – Comunicação Social S.A. são pertença do Público.
Os conteúdos disponibilizados ao Utilizador assinante não poderão ser copiados, alterados ou distribuídos salvo com autorização expressa do Público – Comunicação Social, S.A.
Novos videojogos para 2023
O PÚBLICO preparou uma lista de alguns dos videojogos que chegam
no próximo ano e já estão a gerar burburinho entre os consumidores
Karla Pequenino
Feiticeiros rumo a Hogwarts, Jedis,
e zombies fazem parte da oferta de
videojogos de 2023. O PÚBLICO pre-
parou uma lista de alguns dos jogos
que chegam no próximo ano e já
estão a gerar burburinho.
Hogwarts Legacy
A partir de Fevereiro, os fãs da série
Harry Potter vão poder experimen-
tar o dia-a-dia na famosa escola de
feitiçaria de Hogwarts. O jogo
Hogwarts Legacy é um RPG (role-
playing game ou “jogo de narrativa”)
em que os jogadores criam as suas
próprias personagens e histórias. Por
exemplo, repelir rebeliões de criatu-
ras mágicas. Cada “aluno” traça o
seu próprio percurso. Disponível
para PS4, PS5, Xbox, Nintendo
Switch e PC a partir dos 60 euros.
UE quer baterias substituíveis
O Parlamento e o Conselho Europeu chegaram a um
acordo provisório para novas regras sobre baterias
na União Europeia. A proposta nota que as empresas
de tecnologia devem desenhar dispositivos com
baterias que sejam facilmente removíveis através de
uma capa ou de alguns parafusos.
Planet of Lana
O jogo de aventura Planet of Lana,
do Wishfully Studios, é um jogo
independente que segue uma jovem
que tem de resolver vários quebra-
-cabeças para salvar a irmã num
mundo cheio de máquinas e criatu-
ras misteriosas. Todas as paisagens
do jogo foram pintadas à mão: os
temas centram-se no equilíbrio
entre humanos e natureza num pla-
neta com cada vez mais máquinas.
O jogo será lançado para PC no
segundo trimestre de 2023.
Star Wars Jedi: Survivor
Em Março, a série de videojogos Star
Wars Jedi continua com Survivor. O
videojogo do mundo de Æcção cien-
tíÆca de George Lucas é a continua-
ção directa de Fallen Order (2019).
Os jogadores voltam a vestir o papel
do Jedi Cal Kestis, que está, mais uma
tecnologia
vez, a tentar restaurar o equilíbrio da
galáxia dez anos depois dos aconte-
cimentos do Episódio III — A Vingan-
ça dos Sith. Survivor estará disponível
para a Xbox Series X|S, PS5 e PC a
partir dos 70 euros.
A Lenda de Zelda
O próximo jogo de acção e aventura
da Lenda de Zelda chega em Maio de
2023. Tears of the Kingdom é a conti-
nuação de Breath of the Wild (2017),
com os jogadores a voltar ao papel
de Link num mundo RPG aberto.
Desta vez, há novas terras — e céus
— para descobrir além do reino de
Hyrule. Disponível para Nintendo
Switch a partir de 12 de Maio (cerca
de 60 euros).
Final Fantasy XVI
Em Junho, há um novo capítulo para
os fãs da saga Final Fantasy, que
Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022 • 31
DR
começou em 1987. Pelos trailers,
Final Fantasy 16 segue uma aborda-
gem mais sombria e sinistra num
capítulo de acção que mistura diver-
sos universos, lutas políticas, duelos
de espadas e feitiçaria. O jogo vai
começar por ser lançado para PS5 (a
partir dos 80 euros).
Resident Evil 4
No que toca a remakes, a produtora
de videojogos Capcom está a prepa-
rar uma nova versão de Resident Evil
4, lançado originalmente em 2005.
O jogo da saga de terror marca o
regresso do protagonista Leon S.
Kennedy, um agente federal dos
EUA com a tarefa de salvar a Ælha do
presidente de uma vila espanhola
controlada por zombies. A versão
actualizada de Resident Evil 4 foi
conÆrmada para Xbox Series X|S,
PS5 e PC.
Guia
publico.pt/tecnologia
Inteligência artificial
Google ensina
algoritmos a ler
a letra do médico
A Google está a ensinar
algoritmos a decifrar a caligrafia
de profissionais de saúde. A
informação foi partilhada esta
semana numa conferência da
tecnológica na Índia. A
ferramenta deve ajudar na
digitalização de documentos
manuscritos. “Nenhuma decisão
será tomada apenas com base na
informação fornecida por esta
tecnologia”, garante a empresa.
Exercício online
Netflix junta aulas
de exercício físico
da Nike ao catálogo
A Netflix anunciou que vai entrar
no mundo do exercício físico ao
adicionar aulas da Nike ao seu
catálogo. Os programas chegam
à plataforma a partir de 30 de
Dezembro e incluem opções para
todos os níveis: desde atletas a
pessoas destreinadas. A
estratégia faz parte dos esforços
da Netflix para diversificar o
conteúdo além de filmes e séries.
Clássicos de Natal
Volte a ajudar os
elfos a fugir da oficina
do Pai Natal
Quem procurar videojogos com
o Natal como pano de fundo,
pode experimentar The
Escapists: Santa’s Sweatshop (Os
Fugitivos: Oficina do Pai Natal,
em português), que já começa a
ser visto como um clássico da
época. No jogo grátis,
desenvolvido pela Team 17 Digital
para celebrar o Natal de 2015,
veste-se a pele de um elfo que
quer um salário e condições de
trabalho melhores fora da oficina
do Pai Natal. A narrativa
inspira-se na série principal The
Escapists.
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32 • Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022
Guia
Cinema
Porto
Batalha Centro de Cinema
Praça da Batalha 47. T. 0
Space Is the Place 21h15; Luas Novas:
Tomás Paula Marques 19h15
Cinema Trindade
R. Dr. Ricardo Jorge. T. 223162425
Ossos e Tudo M16. 19h15; Corsage -
Espírito Inquieto M14. 14h30; Lobo e
Cão M14. 17h15, 19h30; Os Fabelmans M12.
14h20, 21h30; O Natal do Bruno
Aleixo 21h45
Cinemas Nos Alameda Shop e Spot
R. dos Campeões Europeus 28 198. T. 16996
Rock Dog 3 - Ao Ritmo da Música M6.
13h50, 16h20, 18h50 (V.Port./2D); Estranho
Mundo M6. 17h (V.Port./2D); O Menu M14.
21h40; Meus Ricos Filhos M12. 20h30; O
Gato das Botas: O Último Desejo M6.
14h30, 17h30 (V.Port./2D); Avatar: O
Caminho da Água M12. 12h40, 15h, 16h50,
19h30, 20h50 (2D) 13h15, 17h20, 21h25
(3D); Os Fabelmans M12. 13h40, 17h10,
21h05; I Wanna Dance With
Somebody M12. 13h30, 20h
Medeia Teatro Municipal Campo Alegre
R. das Estrelas. T. 226063000
Poeta M12. 18h30, 21h30
Braga
Cinemas Nos Braga Parque
Quinta dos Congregados. T. 16996
Rock Dog 3 - Ao Ritmo da Música M6.
11h30, 14h, 16h30, 19h05 (V.Port./2D); Black
Panther: Wakanda para Sempre M12.
22h20; Estranho Mundo M6. 10h40, 13h30,
16h10 (V.Port./2D); Noite Violenta M16. 22h,
00h40; O Menu M14. 21h50, 00h35; Meus
Ricos Filhos M12. 14h10, 17h, 19h30; O Gato
das Botas: O Último Desejo M6. 11h, 13h40,
16h20, 19h20 (V.Port./2D); Avatar: O
Caminho da Água M12. 13h20, 13h50,
17h30, 18h, 21h40, 22h30 (2D) 10h50, 15h,
19h, 23h10 (3D); Os Fabelmans M12. 13h05,
16h40, 20h20, 24h
Cineplace Nova Arcada - Braga
C. C. Nova Arcada, Av. De Lamas. T.
253112913
Rock Dog 3 - Ao Ritmo da Música M6. 13h,
14h55, 16h50, 18h45 (V.Port./2D); O Amigo
Crocodilo M6. 15h15, 17h25 (V.Port./2D);
Black Adam M12. 20h30; Black Panther:
Wakanda para Sempre M12. 12h, 21h35;
Estranho Mundo M6. 14h05 (V.Port./2D);
Meus Ricos Filhos M12. 22h; O Gato das
Botas: O Último Desejo M6. 12h30, 15h (V.
Port./2D); Avatar: O Caminho da Água M12.
11h30, 13h15, 14h, 15h, 17h, 17h45, 18h40,
20h45, 21h, 21h30, 21h45, 23h20 (2D)
13h30, 17h15, 21h15 (3D); Memórias de
Paris M12. 22h; Os Fabelmans M12. 15h45,
21h55; I Wanna Dance With
Somebody M12. 16h, 19h (V.Port./2D)
Castelo Branco
Cinebox
C.C. Alegro Castelo Branco. Av. General
Humberto Delgado. T. 760789789
Estranho Mundo M6. 13h20 (V.Port./2D); O
Gato das Botas: O Último Desejo M6. 14h,
16h10, 19h10 (V.Port./2D); Avatar: O
Caminho da Água M12. 13h30, 17h30,
21h15 (2D) 15h30, 21h30 (3D)
Coimbra
Cinemas Nos Alma Shopping
R. Gen. Humberto Delgado. T. 16996
Amesterdão M12. 21h50; Black Panther:
Wakanda para Sempre M12. 20h30;
Estranho Mundo M6. 11h, 14h20, 17h (V.
Port./2D); O Menu M14. 13h40, 16h20,
19h30, 22h20; Corsage - Espírito
Inquieto M14. 13h35, 16h25, 19h20, 22h10;
Meus Ricos Filhos M12. 13h25, 16h, 18h45,
21h30; O Gato das Botas: O Último
Estreias
O Natal do Bruno Aleixo
De João Moreira, Pedro Santo.
Com Cleia Almeida, Melissa
Garcia, Henrique Guerra, Carla
Maciel, João Lemos. POR. 2022.
m. Comédia.
Bruno Aleixo, a personagem
cómica que se apresenta como
uma mistura entre um cão e um
ewok, foi convidado a escrever
um Ælme onde contava a sua
história. O sucesso foi tal que
mereceu este segundo episódio,
onde Æcamos a saber uma das
coisas que ele mais detesta: o
Natal e todas as coisas associadas
à época.
Rock Dog 3 - Ao Ritmo da
Música
De Anthony Bell. Com Graham
Hamilton (Voz), Ashleigh Ball
(Voz), Andrew Francis (Voz),
Kathleen Barr (Voz). EUA/China.
2022. 90m. Animação,
Comédia. M6.
Quando o cão Bodi é convidado
para mentor no programa
musical “A Batalha do Beat“ e
percebe que o grupo de cantoras
que terá a seu cargo não faz ideia
de quem é o seu maior ídolo, Æca
Os Fabelmans
chocado. Com a fraca cultura
musical das raparigas, está certo
de que o sucesso se deve mais ao
espectáculo de brilho e luzes do
que verdadeiramente à qualidade
das músicas que apresentam.
I Wanna Dance With Somebody
De Kasi Lemmons. Com Stanley
Tucci, Naomi Ackie, Tamara
Tunie, Clarke Peters. EUA.
2022. 146m. Drama, Biografia.
M12.
A história de Whitney Houston
(1963-2012), uma das vozes mais
poderosas de todos os tempos, é
contada neste drama assinado
por Kasi Lemmons e escrito por
Anthony McCarten.
Os Fabelmans
De Steven Spielberg. Com
Michelle Williams, Gabriel
LaBelle, Paul Dano, Judd Hirsch.
EUA. 2022. 151m. Drama. M12.
Dirigido por Steven Spielberg,
segundo um argumento seu e de
Tony Kushner, este drama de
cariz autobiográÆco inspira-se na
infância e adolescência do
próprio realizador, e é dedicado
aos seus pais.
Cartaz, críticas, trailers
e passatempos em
cinecartaz.publico.pt
Desejo M6. 11h20, 13h50, 16h30, 19h10 (V.
Port./2D); Avatar: O Caminho da Água M12.
11h, 12h50, 15h, 16h50, 20h50, 21h20 (2D)
13h30, 17h30, 22h (3D); Os Fabelmans M12.
14h, 17h20, 21h; I Wanna Dance With
Somebody M12. 14h10, 18h10, 21h40
Cinemas Nos Fórum Coimbra
Fórum Coimbra, Av. José Bonifácio de
Andrada e Silva. T. 16996
Rock Dog 3 - Ao Ritmo da Música M6.
13h30, 16h10, 18h50 (V.Port./2D); Black
Panther: Wakanda para Sempre M12.
21h20; Noite Violenta M16. 21h50, 00h20;
Meus Ricos Filhos M12. 13h50, 16h40; O
Gato das Botas: O Último Desejo M6.
14h10, 16h50, 19h30 (V.Port./2D); Avatar: O
Caminho da Água M12. 13h10, 15h30,
17h20, 21h, 21h40 (2D) 14h30, 18h40, 23h
(3D); O Natal do Bruno Aleixo 19h, 21h30,
23h50
Guarda
Cineplace La Vie - Guarda
C.C. La Vie, Av. dos Bombeiros Voluntários
Egitanienses. T. 271212140
O Gato das Botas: O Último Desejo M6.
15h, 17h10, 19h20 (V.Port./2D); Avatar: O
Caminho da Água M12. 13h10, 14h, 17h,
17h40, 19h20, 21h30; Os Fabelmans M12.
21h45
Guimarães
Castello Lopes - Espaço Guimarães
25 de Abril, Silvares. T. 253539390
Meus Ricos Filhos M12. 13h55, 20h45,
00h25; Avatar: O Caminho da Água M12.
13h15, 16h, 17h, 19h45, 20h45, 22h50
Castello Lopes - Guimarães Shopping
Lugar das Lameiras. T. 253520170
Rock Dog 3 - Ao Ritmo da Música M6.
13h30, 15h30, 17h30 (V.Port./2D); Noite
Violenta M16. 20h30, 23h25; O Gato das
Botas: O Último Desejo M6. 13h15, 15h30,
23h35 (V.Port./2D)
Maia
Cinemas Nos MaiaShopping
C.C. Maiashoping, Lj 2.43. T. 16996
Black Panther: Wakanda para
Sempre M12. 21h20; O Gato das Botas: O
Último Desejo M6. 13h30, 16h, 18h30 (V.
Port./2D); Avatar: O Caminho da
Água M12. 13h10, 13h40, 17h15, 17h40,
21h10, 21h40
Matosinhos
Cinemas Nos MarShopping
Av. Dr. Óscar Lopes, Leça da Palmeira. T.
16996
Meus Ricos Filhos M12. 21h30, 23h40;
Avatar: O Caminho da Água M12. 12h,
15h50, 20h, 24h (IMAX 3D)
Cinemas Nos NorteShopping
C.C. Norteshopping, Lj 1117. T. 16996
Rock Dog 3 - Ao Ritmo da Música M6.
10h30, 12h50, 15h, 17h50 (V.Port./2D);
Black Panther: Wakanda para
Sempre M12. 21h, 00h30; Estranho
Mundo M6. 10h40, 13h20, 15h40, 18h40 (V.
Port./2D); Noite Violenta M16. 20h40; O
Menu M14. 20h50, 23h20; O Gato das
Botas: O Último Desejo M6. 10h20, 12h40,
15h20, 18h10 (V.Port./2D); Avatar: O
Caminho da Água M12. 13h, 12h30, 16h30,
17h, 20h30, 21h20, 23h30; Os
Fabelmans M12. 14h, 17h30, 21h30; I
Wanna Dance With Somebody M12.
14h30, 18h20, 21h40; Avatar: O Caminho
da Água M12. 12h, 15h50, 20h, 00h20
(NOS XVISION 3D); Avatar: O Caminho da
Água M12. 13h30, 18h, 22h10 (ScreenX 3D)
São João da Madeira
Cineplace - São João da Madeira
Av. Renato Araújo, 1625. T. 0
Rock Dog 3 - Ao Ritmo da Música M6.
14h15, 16h15 (V.Port./2D); O Gato das
Botas: O Último Desejo M6. 15h, 17h10,
19h20 (V.Port./2D); Avatar: O Caminho da
Água M12. 13h10, 14h, 17h, 17h40, 21h,
21h30; Os Fabelmans M12. 21h45; I Wanna
Dance With Somebody M12. 18h15, 21h15
(V.Port./2D)
Viana do Castelo
Cineplace Estação Viana Shopping
C.C. Viana Shopping, Avª General
Humberto Delgado. T. 258100260
Rock Dog 3 - Ao Ritmo da Música M6.
13h10, 15h10 (V.Port./2D); O Gato das
Botas: O Último Desejo M6. 13h30, 15h40,
17h50 (V.Port./2D); Avatar: O Caminho da
Água M12. 14h, 17h10, 17h40, 20h30, 21h,
21h30
Vila Nova de Gaia
Cinemas Nos GaiaShopping
C.C. Gaiashoping, Lj 2.25. T. 16996
Black Panther: Wakanda para
Sempre M12. 22h30; Estranho Mundo M6.
10h50, 13h40, 16h30, 19h20 (V.Port./2D); O
Gato das Botas: O Último Desejo M6. 11h,
14h10, 17h, 19h40 (V.Port./2D); Avatar: O
Caminho da Água M12. 11h40, 13h50,
15h50, 17h50, 19h50, 21h50, 23h50 (2D)
12h50, 16h50, 20h50 (3D); Avatar: O
Caminho da Água M12. 10h40, 14h50,
18h50, 22h50 (3D 4DX)
UCI Arrábida 20
Arrábida Shopping. T. 223778800
Rock Dog 3 - Ao Ritmo da Música M6. 14h,
16h30, 18h50, 21h10 (V.Port./2D); Bilhete
Para o Paraíso M12. 13h55, 16h15, 18h55,
21h25; O Amigo Crocodilo M6. 13h35 (V.
Port./2D); Black Panther: Wakanda para
Sempre M12. 14h30, 18h10, 21h35;
Estranho Mundo M6. 14h20, 16h45, 19h05
(V.Port./2D) 21h25 (V.Orig./2D); Noite
Violenta M16. 14h10, 16h40, 19h10, 21h40;
Poker Face M14. 16h45, 22h05; O
Menu M14. 14h15, 16h50, 19h15, 21h50,
00h20; Ossos e Tudo M16. 13h45, 19h10;
Corsage - Espírito Inquieto M14. 13h30,
16h20, 19h20, 21h55; Meus Ricos
Filhos M12. 13h35, 16h05, 19h, 21h35; O
Gato das Botas: O Último Desejo M6.
13h45, 16h10, 18h35 (V.Port./2D) 21h20 (V.
Orig./2D); Avatar: O Caminho da
Água M12. 13h50, 16h25, 17h50, 21h15,
21h45, 23h30 (2D) 13h50, 14h05, 16h,
17h35, 21h, 21h30, 23h45 (3D); Memórias
de Paris M12. 14h10, 16h35, 19h05, 21h30;
Os Fabelmans M12. 15h, 18h20, 21h40,
24h; I Wanna Dance With Somebody M12.
15h30, 18h45, 22h, 23h50; O Natal do
Bruno Aleixo 14h25, 16h55, 19h20, 21h50,
00h10
Viseu
Cinemas Nos Fórum Viseu
Fórum Viseu. T. 16996
Black Panther: Wakanda para
Sempre M12. 20h50; Estranho Mundo M6.
13h50, 16h20, 18h50 (V.Port./2D); O
Menu M14. 22h; Corsage - Espírito
Inquieto M14. 21h50; O Gato das Botas: O
Último Desejo M6. 13h, 15h20, 17h50 (V.
Port./2D); Avatar: O Caminho da
Água M12. 12h40, 13h30, 15h40, 16h50,
18h, 20h, 21h; Os Fabelmans M12. 14h30,
18h10, 21h30
Cinemas Nos Palácio do Gelo
R. Palácio do Gelo, Lj 200. T. 16996
Estranho Mundo M6. 13h, 15h30 (V.
Port./2D); Meus Ricos Filhos M12. 18h,
20h20; O Gato das Botas: O Último
Desejo M6. 14h40, 17h10, 19h40 (V.
Port./2D); Avatar: O Caminho da
Água M12. 12h30, 16h40, 20h50, 22h50
(2D) 13h30, 17h30, 21h30 (3D); I Wanna
Dance With Somebody M12. 13h40, 17h,
21h
 Os direitos de propriedade intelectual de todos os conteúdos do Público – Comunicação Social S.A. são pertença do Público.
Os conteúdos disponibilizados ao Utilizador assinante não poderão ser copiados, alterados ou distribuídos salvo com autorização expressa do Público – Comunicação Social, S.A.
Lazer
DANÇA
O Quebra-Nozes
SANTA MARIA DA FEIRA
Europarque. Dia 23/12, às 21h.
M/6. 23€ a 26€
A versão clássica do bailado com
música de Tchaikovsky e
coreograÆa de Marius Petipa e Lev
Ivanov volta a fazer as honras da
quadra. Sob a direcção de
Evgeniya Bespalova, numa
produção da Classic Stage, a
obra-prima remete para “um
sonho de Natal com bonecos
animados, criaturas maléÆcas e
um herói improvável”, refere a
nota de apresentação. Temperado
entre o romance e a fantasia, e
originalmente estreado em São
Petersburgo, em 1892, baseia-se
no conto O Quebra-Nozes e o Rei
dos Ratos, escrito por E. T. A.
Hoèman em 1816 e mais tarde
adaptado por Alexandre Dumas.
EXPOSIÇÃO
Warhol, Pessoas e Coisas
PORTO Casa São Roque.
De 21/5 a 31/1. Todos os dias,
excepto terça, das 13h30 às 19h
(encerra nos dias de Natal e Ano
Novo). 8€
A inÇuência que o ícone da pop art
teve no trabalho de fotógrafos,
cineastas, músicos e artistas
multimédia de várias gerações
está no cerne desta exposição, que
põe na montra polaróides,
impressões fotográÆcas, Ælmes,
ensaios e instalação. Com
curadoria de Alaina Claire
Feldman e Barbara Piwowarska,
reúne obras do próprio Warhol e
de Jonas Mekas, Pedro Magalhães,
Sara Graça, Jeè Preiss, Anna
Ostoya, John Miller, Augusto Alves
da Silva, Robert Mapplethorpe,
Tony Cokes e Eileen Quinlan.
MÚSICA
VI Encontro de Música
Medieval — Caminho Português
de Santiago
PONTE DE LIMA
Igreja dos Terceiros.
Dia 23/12, às 21h30.
M/3. Grátis
Nascido em 2017, o projecto
promovido pel’O Corvo e a Raposa
Associação Cultural, com o apoio
do município, torna a dar palco à
música antiga. Nesta edição,
junta-se à Rota do Peregrino para
alinhar um programa dedicado a
Trovadores e Menestréis nas
Cantigas de Santa Maria.
Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022 • 33
Guia
Jogos Jogue também online.
Palavras-cruzadas, Lotaria Popular 7 0 5 8 5
bridge e sudoku em
1.º Prémio 100.000€
publico.pt/jogos
Esta informação não dispensa a consulta da lista oficial de prémios
Cruzadas 11.926 Paulo Freixinho
palavrascruzadas@publico.pt
HORIZONTAIS: 1. Acusou primeiro-ministro de querer que ”portugueses se habituem à
pobreza”. 2. Érbio (s. q.). Espaço de um mês. Espécie de rã arborícola. 3. Senão. Aguardente
obtida da destilação do melaço depois de fermentado. Modo de dizer. 4. Daquele lugar.
Repete. 5. Regime que proíbe acesso das mulheres à universidade. 6. Courela de terreno.
Suspiro. 7. Prata (s. q.). Centésima parte do hectare. Sacerdote budista tibetano. 8. Presilha
que liga a meia à palma do pé, quando esta cobre a perna desde o joelho ao tornozelo
(regional). Sepultar. 9. Café histórico do Porto que fechou ao fim de 63 anos. 10. “Por cima
de comer, nem um escrito (...)”. Dirigir ou coordenar mesa-redonda, debate ou reunião.
11. Charrua. Interjeição que designa afirmação, admiração ou satisfação.
VERTICAIS: 1. Movimento da Escola Moderna. Boina tradicional dos bascos. 2. Capela (ant.).
Soltar lamentos. 3. Compartimento. Baía pequena. 4. Timor-Leste (Internet). Rio chinês
muito visitado por turistas. Fileira. 5. Taxa utilizada como referência no crédito habitação. O
âmago. 6. Embarcação grande. Bruno (...), personagem criada por João Moreira e Pedro
Santo. 7. Dinastia chinesa (1368-1644). Nascido. 8. Grécia (Internet). Conjunto de vasos que
encaixam uns nos outros e formam uma espécie de tubo. 9. Não deixar sair. Fruto silvestre.
10. Perfume. Pousar na água (hidroavião). 11. Suavizar. Acusada.
Solução do problema anterior
HORIZONTAIS: 1. Imigrantes. 2. Nevo. Duelar. 3. CE. Rane. Ele. 4. Abc. Lei. 5. Berardo. TIR. 6. AM. Toa.
Fona. 7. EC. Ror. Vi. 8. Olha. Reler. 9. Pião. Aliar. 10. St. Vaiar. NE. 11. Dom. Caracol.
VERTICAIS: 1. Incubar. PSD. 2. MEE. Em. Oito. 3. IV. Ar. Elã. 4. Gorbatchov. 5. Acro. AC. 6. ADN. Dar. Aia.
7. Nuelo. Orlar. 8. Te. Freira. 9. Eleito. LA. 10. Sal. Inverno. 11. Retrair. El.
Bridge João Fanha
bridgepublico@gmail.com Sudoku © Alastair Chisholm 2008
www.indigopuzzles.com
de espadas) é de 68% e a passagem a
Dador: Sul Problema 11.624 (Fácil)
espadas é de apenas 50%.
Vul: Todos Uma vez ultrapassado este
obstáculo, resta perceber se ainda é
NORTE possível fazer alguma coisa contra uma
Ƅ 95 distribuição 4-1 do naipe de ouros.
Ɔ J103
Ƈ AKQ64 É verdade que se o detentor do Rei
ƅ 972 de espadas tiver também quatro cartas
a ouros, ele não conseguirá resistir ao
OESTE ESTE desfilar de todos os trunfos. Ele estará
Ƅ KJ6 Ƅ 1087432 “squeezado” no último trunfo, incapaz
Ɔ 852 Ɔ 74 Solução 11.622
de conservar ao mesmo tempo o
Ƈ J983 Ƈ 10
ƅ AK5 ƅ QJ108 quarto ouro e o Rei de espadas.
Alternativamente, se o detentor das
SUL quatro cartas de ouros tiver também o
Ƅ AQ
Ɔ AKQ96 último trunfo (depois de duas voltas de
Ƈ 752 trunfo), será possível apurar o naipe
ƅ 643 através de um corte (manobra de
Guillemard), pois ainda restará o Valete
de trunfo como entrada para aceder ao
último ouro.
Todavia, neste caso é ligeiramente
melhor jogar para o squeeze.
Oeste Norte Este Sul
Efectivamente, se optarmos pela
1Ɔ
manobra do Doutor Henri Guillemard
passo 1ST1 passo 2ƅ2
(anos 30) e se ela não resultar, teremos Problema 11.625 (Muito Difícil)
passo 3Ɔ passo 4Ɔ
dois cabides, ao passo que se o
Todos passam
squeeze a não resultar só será um
cabide.
Leilão: Qualquer forma de bridge. 1 –
Hoje, as duas técnicas resultam!
Forcing por uma volta; 2 – Na ausência
de um naipe de quatro cartas deve-se
Considere o seguinte leilão:
optar pelo naipe mais económico de
Oeste Norte Este Sul
três cartas.
3ƅ X ?
Carteio: Saída: Aƅ. O adversário em Solução 11.623
O que marcaria com a mão de Sul?
Oeste joga também o Rei de paus e
ƆAK1095 ƆK72 ƇA106 ƅ32
outro pau que Este faz com o Valete.
Depois destas três primeiras vazas, Este
Resposta: Marque 4ƅ. A intenção é a
ataca agora espadas. Como
de vir a marcar 4Ɔ na volta seguinte,
continuaría?
para dar a entender ao parceiro que
temos uma mão melhor do que
Solução: Jogue o Ás de espadas!
marcando directamente a partida em
Porquê?
espadas. Pode isto ser suficiente para
Porque uma distribuição 3-2 do naipe
levar o parceiro a arrancar para
de ouros (que permite a balda da Dama
cheleme.
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34 • Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022

Guia

CINEMA Televisão Os mais vistos da TV

Quarta-feira, 21
RTP1 11,0%
% SÉRIE
Operação Secreta
Jornal da Noite
% Aud. Share
SIC 11,0 21,4
RTP2 0,6 Mães: Amor e Vida
TVCine Top, 21h30
O ano é 1943. A Alemanha nazi
Festa É Festa V TVI 10,4 21,0 SIC 16,5 RTP2, 13h39
Estreia de uma série espanhola
TVI
O Preço Certo RTP1 9,2 20,3
ganha território e poder. Os Jornal das 8 TVI 8,8 17,1 16,1 ambientada no serviço de

Aliados decidem atacar a Sicília.
Face ao sério risco de verem as
suas tropas trucidadas, recorrem a
uma manobra de diversão,
arquitectada por dois oÆciais dos
serviços secretos britânicos, com a
ajuda do jovem Ian Fleming
(futuro autor de romances de
espionagem tão famosos como a
saga de 007). Realizado por John
Madden e escrito por Michelle
Ashford, o Ælme baseia-se em
factos reais, narrados na obra do
RTP1
6.09 Manchetes 3 6.30 Bom Dia
Portugal 10.00 Praça da Alegria 12.59
Jornal da Tarde 14.24 Os Nossos Dias
15.07 A Nossa Tarde
17.30 Portugal em Directo
Big Brother - Diário TVI 8,3
FONTE: CAEM
RTP2
6.32 Repórter África 7.00 Espaço Zig
Zag 13.08 Folha de Sala 13.13 Esec Tv
13.39 Mães: Amor e Vida 14.52 A Fé
dos Homens 15.25 Freguesias da
Madeira 15.51 Inverno Branco: Uma
Estação na Cadeia Alpina 16.42
Espaço Zig Zag 18.52 Basquetebol:
Cabo
17,9 pediatria de um hospital e focada
38,8
em quem ali tem os Ælhos
internados durante muito tempo.
O enredo desenvolve-se sobretudo
TVCINE TOP
em torno das mães e das formas
18.15 Era uma Vez... 19.50 Dreamland: como arranjam força para
Sonhos e Ilusões 21.30 Operação enfrentar a situação, ao mesmo
Secreta 23.35 Fatale 1.15 Cidade de tempo que têm de lidar com as
Mentiras rotinas no trabalho, com as
relações amorosas e com o resto
da família. Os 13 episódios vão
FOX MOVIES para o ar de segunda a sexta.
17.41 O Caçador e a Rainha do Gelo

historiador Ben Macintyre. Colin
Firth, Kelly Macdonald, Matthew
Macfadyen, Penelope Wilton,
Johnny Flynn e Jason Isaacs
compõem o elenco.
Birds of Prey (e a Fantabulástica
Emancipação de Uma Harley
Quinn)
AXN, 22h
Depois de romper com Joker,
Harley Quinn mete-se numa
parceria improvável para impedir
que um vilão tome Gotham de
assalto. Eis o mote desta comédia
DOCUMENTÁRIO
Benfica x Porto (Campeonato Nacional 19.31 xXx: O Regresso de Xander Cage
2022/2023) 21.15 Transformers: O Último Cavaleiro
19.06 O Preço Certo 23.52 Aliados 1.57 Drive - Risco Duplo
Cidades sob Ameaça
20.54 As 7 Canções de Natal Odisseia, 18h32
19.59 Telejornal HOLLYWOOD
HO Como evitar que Veneza Æque
17.3 Ghost Rider 19.20 Planeta dos
17.30 submersa? Esta é uma das
Macacos:
Ma A Revolta 21.30 A Ressaca questões colocadas no primeiro
21.08 Masterchef Portugal 23 Rambo III 1.00 Fuzileiro 5: Campo
23.15 episódio de uma série que avalia o
de Batalha 2.35 Arma impacto das alterações climáticas
em quatro cidades icónicas.
23.49 Anjos - Estrelas de Natal
atal Segue-se a visita a Tóquio. Para a
AXN
AX semana, é a vez de Nova Iorque e
21.30 Jornal 2 18.34 Mentes Criminosas 22.00 Birds of Amesterdão.
Prey (e a Fantabulástica Emancipação

de acção, aventura e contornos
feministas, inspirada em
personagens da DC Comics, que
continua a história de Esquadrão
Suicida, de David Ayer. A
realização é de Cathy Yan; o guião,
de Christina Hodson. Margot
Robbie, Mary Elizabeth Winstead,
Jurnee Smollett-Bell, Rosie Perez,
Chris Messina, Ella Jay Basco, Ali
Wong e Ewan McGregor assumem
as personagens.
O Amor Acontece
Fox Life, 22h20
Comédia romântica cheia de
estrelas, à medida da quadra. É
1.13 Nunca Te Esquecerei
3.19 A Nossa Tarde
SIC
6.00 Edição da Manhã 8.25 Alô
Portugal 10.10 Casa Feliz de Natal
13.00 Primeiro Jornal
22.03 Tribunal de Família
23.00 Folha de Sala 23.07 Family
Romance, LLC 0.36 No Início, Eram
Dez 1.30 Novos Autores 2.25
Euronews
TVI
6.05 Viva o Rei Juliano! 6.30 Diário da
Manhã 7.00 Esta Manhã 10.07 Dois às
10 12.58 Jornal da Uma
de Uma Harley Quinn) 23.53 Sem Saída
1.41 No Limite do Amanhã
FOX
17.23 C.S.I. Miami 18.06 Investigação
Criminal: Los Angeles 19.47 Hawai Força
Especial 21.30 O Predador 23.25 Os
Mercenários 1.16 Robin Hood
DISNEY CHANNEL
17.15 Phineas e Ferb 17.35 A Maldição de
Molly Mcgee 18.00 Anfibilândia 18.25
Mickey Salva o Natal 18.50 Duck the
Halls: Um Especial de Natal Mickey
Mouse 19.15 Os Green na Cidade
MÚSICA
As 7 Canções de Natal
RTP2, 20h54
Produzidas pela RTP2, são sete
canções natalícias interpretadas
por outros tantos artistas: António
Zambujo, Buba Espinho, Vitorino
Salomé, Cristina Branco, João Gil,
Nancy Vieira e Ana Bacalhau.
Compostas por Gil e escritas por
Maria do Rosário Pedreira,
sucedem-se em segmentos, como
videoclipes, em que a dança vai
ajudando a ilustrar cada música.

numa Londres em preparativos
para o Natal que se passa a
primeira longa-metragem
realizada por Richard Curtis
(argumentista de O Diário de
Bridget Jones, Notting Hill e Quatro
Casamentos e Um Funeral), à volta
de oito casais que vão lidando com
o amor. O Ælme tornou-se um dos
maiores sucessos do género,
muito graças às interpretações de
Hugh Grant, Emma Thompson,
Laura Linney, Liam Neeson,
Rowan Atkinson e Lúcia Moniz.
Family Romance, LLC
RTP2, 23h07
Numa empresa que oferece
serviços de actores para
substituírem os clientes, um
funcionário vai ocupar o lugar do
pai desaparecido de uma menina
de 12 anos. Werner Herzog realiza
este drama Æccional, de inspiração
documental, sobre solidão,
isolamento e artiÆcialidade.
14.30 Casa Feliz de Natal
19.58 Jornal da Noite
22.00 Sangue Oculto
23.15 Por Ti
0.10 Um Lugar ao Sol
0.30 Pantanal
1.20 Passadeira Vermelha 3.35 Quem
Quer Namorar com o Agricultor?
14.55 A Única Mulher Grande 19.40 K.C. Agente Secreta
20.00 Lab Rats 20.50 Patoaventuras
16.05 Goucha
DISCOVERY
17.10 A Minha Casa Numa Árvore 19.05
18.25 Big Brother Aventura à Flor da Pele 21.00 Mistérios
no Museu 2.15 Já Estavas Avisado!
19.58 Jornal das 8
HISTÓRIA
17.18 O Ouro Perdido dos Astecas 18.05
22.00 Festa É Festa O Inexplicável 20.50 O Preço da
História
22.55 Quero É Viver
ODISSEIA
17.13 A Batalha dos Alfas 18.32 Cidades
23.30 Para Sempre sob Ameaça 18.44 The Fire Within
20.06 Desafiando as Ondas 20.49
Grutas do Mundo 21.42 América Central
0.15 Big Brother 2.15 Louco Amor Selvagem com Nigel Marven 22.31
Mundos Inexplorados com Steve
Backshall 0.09 América Central
Selvagemcom Nigel Marven
INFANTIL
A Formiga Z (V. Orig.)
AXN Movies, 9h59
Z está farto de ser o irmão do meio
numa família de milhões. Um dia,
conhece Bala, a Ælha da rainha,
que também está cansada da
rotina. Mesmo antes de saber que
é a princesa, Æca perdidamente
apaixonado por ela. Para a voltar a
ver, toma o lugar de um amigo na
parada militar e acaba por ir parar
à guerra. Produzido pela
DreamWorks em 1998, A Formiga
Z é um Ælme de animação em
forma de fábula política e social.
Woody Allen empresta a voz (e as
expressões faciais) a Z, liderando
um elenco em que também
entram Gene Hackman, Sharon
Stone, Sylvester Stallone, Jennifer
Lopez, Christopher Walken,
Danny Glover, Anne Bancroft e
Dan Aykroyd.
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Os conteúdos disponibilizados ao Utilizador assinante não poderão ser copiados, alterados ou distribuídos salvo com autorização expressa do Público – Comunicação Social, S.A.
Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022 • 35

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Guarda
MEDIDOR DE CO2 QUALIDADE DO AR
Aveiro 17 º
18º 12º 13º Mauna Loa, Havai Portugal
13 º 9º Partes por milhão
(ppm) na atmosfera Porto Muito
Coimbra Valores por semana Bom
18º Coimbra Bom
12º Semana de 27 Nov. 417,74
Castelo Branco Médio
Semana de 20 Nov. 418,53 Lisboa
Leiria 16 º Há um ano 416,02 Fraco
10º Há dez anos 394,14
19º Évora
14º Mau
Nível de segurança 350 Sem
Faro
Nível pré-industrial 280 dados
Santarém
Portalegre
Nota: as actualizações dos dados foram suspensas
19 º a 29 de Novembro devido à erupção do vulcão Mauna Loa
13º 16º
11º
SOL LUA
Lisboa
18 º 23 Dez. 10h17
14º Évora
Setúbal 30 Dez. 01h20
17º
18º 10º
15º 7 Jan. 00h10
Nascente Poente Nascente Poente
07h52 17h19 15 Jan. 02h10 08h08 17h15

Sines Beja

18º 18º
EUROPA
15º 10 º Helsínquia
17º Estocolmo
Oslo
2,0m Talín

Riga
Copenhaga

Vílnius
Dublin
Sagres 18º Amesterdão
Berlim
13º Londres Varsóvia
19º Faro Bruxelas
16º Praga
18º Paris
Viena Budapeste
1,0m Genebra
Açores Milão
Corvo
Roma
Flores Istambul
Graciosa 17º Lisboa
Madrid
14º
11º 3,5m Atenas
São Jorge 14º
17º 10º
4,2m
Faial
Terceira TEMPERATURAS ºC
Pico
16º São Miguel
Min. Máx. Min. Máx.
17º 11º Amesterdão 7 9 Roma 7 16
3,2m Atenas 6 15 Viena 6 9
Ponta Delgada
Berlim 4 7 Bissau 19 34
Sta Maria Bruxelas 9 12 Buenos Aires 20 28
Madeira Bucareste -1 6 Cairo 13 21

Balanços e Antevisões 2022

Porto Santo Budapeste 4 7 Caracas 17 28
Copenhaga -2 5 Cid. do Cabo 16 23
Madeira
21º 21º 21º 20º Dublin 5 9 Cid. do México 9 21
16º 16º
1,0m 1,8m Estocolmo -8 0 Díli 24 32 Os temas e as figuras que marcaram
Frankfurt 8 11 Hong Kong 11 20 o ano do regresso da guerra.
Funchal Genebra 9 13 Jerusalém 8 14 As imagens que não vamos esquecer.
Istambul 8 12 Los Angeles 10 20 Os estilhaços que sobram para 2023,
MARÉS Preia-mar Baixa-mar *de amanhã Kiev 2 3 Luanda 24 29 numa série de grandes entrevistas que
Londres 7 12 Nova Deli 7 20 nos ajudam a pensar o futuro próximo.
Leixões m Cascais m Faro m
Madrid 7 14 Nova Iorque -12 12 Saiba mais em publico.pt/balancos-2022
08h29 0,5 08h05 0,7 08h02 0,5 Milão 4 9 Pequim -7 2
14h44 3,4 14h19 3,4 14h27 3,3 Moscovo -2 2 Praia 21 27
Oslo -15 -5 Rio de Janeiro 21 27
20h48 0,6 20h22 0,7 20h19 0,6 Paris 10 16 Riga 0 4
03h03* 3,6 02h39* 3,6 02h50* 3,5 Praga 6 9 Singapura 24 28
Fontes: AccuWeather; Instituto Hidrográfico; QualAR/Agência Portuguesa do Ambiente; NOAA-ESRL
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36 • Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022

Desporto Mudança contempla já a próxima edição dos Jogos

Há uma novidade na natação

artística olímpica: homens
A disciplina terá uma componente masculina a partir dos Jogos de Paris, em 2024. Uma prática
corrente já nos Campeonatos da Europa e do Mundo vai alargar-se também ao universo olímpico
LISA LEUTNER/REUTERS

Marco Vaza
Para além da estreia do breaking, uma
dança acrobática inspirada pelo hip-
hop como modalidade olímpica, os
Jogos de Paris em 2024 terão, pelo
menos, mais uma novidade: homens
a competir na natação artística. A dis-
ciplina anteriormente conhecida
como natação sincronizada estava no
programa olímpico desde 1984 ape-
nas com participantes femininas, mas
essa exclusividade deixa de existir a
partir de agora. O Comité Olímpico
Internacional (COI) autorizou a par-
ticipação de homens na disciplina,
ainda que de uma forma limitada e
sem competições próprias.
O que o COI autoriza para Paris
2024 é a presença até ao máximo de
dois elementos masculinos na prova
de equipas (com oito nadadores, mais
um como suplente), menos do que já
acontece em Mundiais e Europeus de
natação — nos Mundiais, há homens
a competir desde 2015, em duas pro-
vas de duetos mistos; a natação sin-
cronizada/artística em Europeus tem
homens desde 2014, com duas provas
individuais e duas de duetos mistos.
Será, no entanto, uma inclusão opcio-
nal e não obrigatória para os países
que participarem na prova por equi-
pas — em Tóquio 2020 foram dez. Decisão é encarada por alguns
“Este anúncio é um marco na his- atletas como um “marco na
tória da natação artística. A evolução história da natação artística”
do nosso desporto para ser mais
inclusivo está em velocidade acelera-
da, e esta decisão do COI e da World saber quem irá arriscar”, declarou a para nadar, mas há outros países que Inverno, também há uma modalida- no programa de preparação olímpica.
Aquatics vai fazer de nós um exemplo russa Svetlana Romashina, sete vezes não têm. Quero inclusão. Se tiver de exclusivamente masculina, o Elas são duas das cerca de 380 mulhe-
para o movimento olímpico”, decla- campeã olímpica (já retirada), citada oportunidade de o fazer, irei fazê-lo”, combinado nórdico — uma prova res que fazem natação artística em
rou o italiano Giorgio Minisini, o pela agência noticiosa russa TASS. disse Fuentes, citada pela NBC Sports, múltipla que inclui saltos de esqui e Portugal. E homens quantos são? Res-
nadador com maior currículo na Haverá, seguramente, equipas pre- acrescentando que irá testar uma cross-country. ponde António Silva, presidente da
natação artística — oito medalhas em paradas para incluir homens na prova equipa com homens em outras com- A participação dos homens fará da Federação Portuguesa de Natação: 12.
Mundiais desde 2015, incluindo três olímpica. Os EUA, que são uma das petições antes de tomar a decisão natação artística mais uma das disci- “Não há muitos, mas já há alguns”,
de ouro, mais oito em Europeus, qua- potências da modalidade, serão uma para os Jogos de Paris. plinas olímpicas com provas mistas. diz ao PÚBLICO o líder federativo.
tro delas de ouro. delas, segundo explica a espanhola Em Tóquio 2020, houve 18 eventos Os campeonatos nacionais já têm
Será, no entanto, uma incógnita se Andrea Fuentes, antiga campeã mun- Paridade de género desta natureza no tiro com arco, atle- provas com a participação de homens
as equipas presentes na competição dial e treinadora da equipa norte- Com a inclusão dos homens na nata- tismo, badminton, equestre, judo, desde 2021-22, mas a competição ain-
olímpica irão integrar homens, algo americana. “Temos homens prontos ção artística, é menos uma modali- vela, tiro, natação, ténis de mesa, da é pouca — nos Campeonatos de
que não deixará de ser um risco, ten- dade olímpica exclusiva de um ténis e triatlo. Æguras e esquemas técnicos que se

do em conta que falta cerca de ano e
meio para os Jogos de Paris — e as
equipas de natação artística não se
preparam de um dia para o outro.
“Nem todos os países têm rapazes
fortes que se podem exibir numa pro-
va colectiva nos Jogos. E temos de
perceber que os treinadores terão de
alterar as rotinas para integrar os
rapazes. Há um certo risco, resta
12
Número de homens que
actualmente praticam
natação artística em Portugal
género. Mas ainda subsistem alguns
eventos assim — por exemplo, a
ginástica olímpica tem uma moda-
lidade exclusivamente feminina, a
ginástica rítmica. No atletismo, os
programas masculino e feminino
são quase iguais, mas com uma dife-
rença nas provas combinadas: os
homens fazem decatlo, as mulheres
o heptatlo. Nos Jogos Olímpicos de
Portugal nunca teve representação
olímpica na natação artística, mas já
vai tendo presença em Europeus e
Mundiais, sempre em crescendo,
através do dueto composto por Chei-
la Vieira e Beatriz Gonçalves — nos
Europeus de Roma, as duas nadado-
ras foram nonas na Ænal de dueto
livre, com um novo recorde nacional,
e estão, pela primeira vez, integradas
realizaram em Dezembro, em Coru-
che, competiram três duplas nas pro-
vas de juniores, e, nos absolutos,
houve apenas uma. Será, no entanto,
expectável que esse número cresça,
segundo prevê António Silva: “Haven-
do a possibilidade de participar nos
Jogos Olímpicos, o número de prati-
cantes masculinos vai aumentar, não
tenho dúvidas.”
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Contra o Liverpool, De Bruyne
iluminou o City na Taça da Liga
Marco Vaza
Médio belga fez duas
assistências no triunfo dos
citizens por 3-2 sobre os reds
nos oitavos-de-final
Depois de quase um mês de Mundial
de futebol, com muitos jogos de alta
intensidade e resultado imprevisível,
Manchester City e Liverpool deram
continuidade ao que se viu no Qatar
no jogo que, ontem, fechou os oita-
vos-de-Ænal da Taça da Liga inglesa.
Futebol intenso, ofensivo e digno de
duas das melhores equipas do mun-
do. Caiu para a equipa de Pep Guar-
diola, que venceu por 3-2 no Etihad,
mas poderia ter facilmente caído
para os homens de Jurgen Klopp.
Já com alguns mundialistas dos
dois lados, o jogo começou pratica-
mente com o golo de um dos ausentes
Um jogo mundial após o Campeonato do Mundo
Opinião
José Manuel Meirim
Quinze de Dezembro de 1995. O
futebol morreu! Esta declaração de
óbito foi passada pelas
organizações desportivas
internacionais, desde logo pela
FIFA, no dia em que o Tribunal de
Justiça da União Europeia decidiu o
mais que célebre acórdão Bosman,
que, pelo impacto que teve no
mundo do desporto, bem cedo foi
denominado “Lei Bosman”. O
Direito europeu e o seu órgão
jurisdicional de referência diziam
não às cláusulas de nacionalidade e
às indemnizações por
transferência, Ænalizado o vínculo
laboral do praticante com o clube.
Todo o universo desportivo reagiu
negativamente a esta “intromissão”
da Europa e de um direito que não
contemplava a especiÆcidade do
desporto e da sua ordem
normativa. Mas o futebol, bem
como todo o desporto moderno,
não morreu, como bem se vê.
Quinze de Dezembro de 2022. O
advogado geral Rantos apresentou
notáveis desse torneio. Erling Haa-
land, que já não jogava há mais de um
mês, só precisou de dez minutos para
fazer o 1-0, numa a entrada de rom-
uena área dos
pante pela pequena
reds após cruzamento
mento perfeito
de De Bruyne — e não seria o
último do belga no jogo.
A resposta do o Liverpool
veio pouco depois.ois. Aos
20’, depois de uma
incursão de Joel oel
Matip pela área,, o
camaronês conse- e-
gue fazer o passe e
para James Mil--
ner, que avança a poucas boas acções no
para a área e deixa
xa
a bola em Fábio io
Carvalho. O ex-in- n-
ternacional sub-21-21
por Portugal fez um
Kevin de Bruyne
as suas conclusões no caso
“SuperLiga” Europeia de futebol,
em que, de forma breve, aÆançou as
posições da FIFA e da UEFA,
perante a ameaça da criação de
uma liga fechada ou quase fechada.
Um dos “jogadores” que
emergiram neste jogo foi o artigo
165.º do Tratado sobre o
Funcionamento da União Europeia
(TFUE, no verso da camisola) que
enquadra as competências (soft,
complementares) da União
europeia nos domínios das políticas
da educação, formação proÆssional,
juventude e desporto.
Eis o discurso normativo europeu
sobre o desporto: a União contribui
para a promoção dos aspectos
europeus do desporto, tendo
simultaneamente em conta as suas
especiÆcidades, as suas estruturas
baseadas no voluntariado e a sua
função social e educativa. A acção da
União tem por objectivo desenvolver
a dimensão europeia do desporto,
promovendo a equidade e a
abertura nas competições
desportivas e a cooperação entre os
organismos responsáveis pelo
desporto, bem como protegendo a
integridade física e moral dos
desportistas, nomeadamente dos
mais jovens de entre eles.
autêntico passe para a baliza que
resultou no empate.
O ritmo foi aind
ainda mais acelerado no
início da segunda
segund parte. Ainda nem
minuto tinham passado e
dois minutos
Rodri estava
estav a fazer um passe
bombeado para o coração da
Liv
área do Liverpool. Mahrez fez
uma recepçã
recepção orientada com um
primeiro toque e um remate
certeiro ao segundo.
A vantagem
va dos citizens
dur um minuto. Na
só durou
respo
resposta, Darwin Nuñez
correu o campo todo com
corre
a bola
bol e teve uma das suas
pouc
jogo, com um cruzamen-
to a atrasado para Mo
Sala
Salah. De primeira, o
egíp
egípcio fez o empate
par
para o Liverpool.
Mas o homem da noi-
M so” da League One no meio de sete
te seria mesmo Kevin
Segundo a narrativa de Rantos, o
artigo 165.º é uma espécie de
reconhecimento constitucional do
modelo europeu do desporto,
caracterizado por um conjunto de
componentes aplicáveis ao
desporto no continente europeu.
O modelo baseia-se, em primeiro
lugar, numa estrutura piramidal (do
desporto de base até ao
proÆssional). Depois, entre os seus
primários objectivos, encontra-se a
promoção de competições abertas,
acessíveis a todos os participantes,
mediante, fundamentalmente, o
princípio da promoção e relegação
tendo por base o mérito desportivo.
Vale também para caracterizar o
modelo o regime de solidariedade
Ænanceira, em que os frutos
alcançados pela elite possam ser
O modelo europeu do
desporto baseia-se
numa estrutura piramidal
(do desporto de base
até ao profissional)
Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022 • 37
de Bruyne, que passou um mau
bocado no Mundial com a selecção
belga, mas que continua brilhante
com os “azuis” de Manchester. Foi
dos seus pés que saiu a assistência
para o 3-2, um cruzamento medido
na perfeição para o cabeceamento
de Nathan Aké aos 58’.
O Liverpool já não teve resposta
para o golo do central neerlandês
(teve oportunidades para isso) e não
irá defender o título conquistado na
época passada, enquanto o City foi
fazendo alguma gestão de recursos
— Guardiola ainda deu alguns minu-
tos de competição a Bernardo Silva,
mas deixou João Cancelo no banco.
Nada mudou, e o City segue para os
quartos-de-Ænal, onde já estão Man-
chester United, Leicester City,
Newcastle, Nottingham Forest, Wol-
verhampton e o Charlton, o “intru-
equipas da Premier League.
redistribuídos e reinvestidos nos
escalões mais baixos do desporto.
Embora as especíÆcas
características do desporto não
possam, só por si, excluir as
actividades desportivas do âmbito
de aplicação do Direito europeu,
incluindo as normas sobre
concorrência, a menção à natureza
especíÆca e ao papel social e
educacional do desporto —
presentes no artigo 165.º — pode ser
relevante, por exemplo, em
qualquer análise no domínio do
desporto como objectiva
justiÆcação de restrições ao nível
das regras da concorrência ou das
liberdades fundamentais. E foi o
que, em suma, aconteceu.
Rantos de novo, e no mesmo dia,
seguindo percurso semelhante,
propõe a anulação do acórdão do
Tribunal Geral que tinha
conÆrmado o carácter
anticoncorrencial das regras da
União Internacional de Patinagem.
Dias felizes para a estrutura do
desporto federado internacional,
quer sob o ponto de vista
organizacional, quer competitivo.
Não ocorreu nenhum abalo sísmico,
bem pelo contrário.
Professor de Direito do Desporto
Desporto
Arábia Saudita
pode vir a
conseguir juntar
Ronaldo e Messi
Afonso Santos
Imprensa espanhola
garante que Ronaldo
será embaixador
da candidatura saudita
ao Mundial 2030
Primeiro foi a Louis Vitton a juntar
Cristiano Ronaldo e Lionel Messi
num anúncio que deu que falar, e
agora pode vir a ser a Arábia Saudi-
ta a colocar os dois craques “a jogar
na mesma equipa”, no caso a pro-
moção daquele país do Médio Orien-
te. Depois de o diário espanhol Mar-
ca, durante o Mundial 2022, ter
avançado com a informação de que
Cristiano Ronaldo recebera uma
proposta do clube saudita Al-Nassr
e que a iria aceitar — o português,
na altura, negou-o —, agora, o jornal
volta a aÆrmar que a Arábia Saudita
será mesmo o próximo destino de
CR7, assim como outro jornal espa-
nhol, o As. Mas ambos os jornais
acrescentam um pormenor.
Assim, para além de competir na
Liga saudita (que o Al-Nassr lidera)
até Junho de 2025, a Marca acres-
centa que após essa data Cristiano
Ronaldo seria embaixador da can-
didatura conjunta da Arábia Saudi-
ta, Egipto e Grécia à organização do
Mundial 2030. A veriÆcar-se este
cenário, tal signiÆcaria que Ronaldo
iria competir contra a candidatura
(já anunciada) de Portugal, Espanha
e Ucrânia à organização do mesmo
evento.
Ronaldo passaria a promover o
país saudita que já conta com Messi
nessa equipa. Em Maio deste ano,
antes de conquistar o Mundial 2022,
foi dado a conhecer que o jogador
do Paris Saint-Germain assinara um
contrato com a Arábia Saudita para
promover o turismo no país até
2030, com o site desportivo The
Athletic a reportar que esse contrato
renderá cerca de 25 milhões de
libras por ano ao jogador (cerca de
28,5 milhões de euros, à taxa
actual).
Desde então, nas suas redes
sociais, Messi tem publicado con-
teúdo incentivando os seus segui-
dores e visitarem o país do Médio
Oriente. E o site de promoção do
turismo da Arábia Saudita até tem
uma página dedicada aos destinos
favoritos de Messi no país. O início
deste acordo foi formalizado no
Twitter por Ahmed Al Khateeb, o
ministro do turismo saudita. Texto
editado por Jorge Miguel Matias
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38 • Público • Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022

Desporto
Futebol
Portugal encerra ano Futebol Arouca é o último semifinalista da Taça da Liga
na nona posição
do ranking da FIFA
FERNANDO VELUDO/LUSA
A selecção portuguesa de
futebol vai fechar 2022 no nono
lugar do ranking da FIFA,
enquanto a recém-consagrada
campeã mundial Argentina
subiu à vice-liderança, atrás do
Brasil e logo à frente da França.
A Bélgica, que entre 2018 e
Março deste ano chegou a
ocupar a primeira posição,
desceu ao quarto posto, à frente
da Inglaterra, quinta, dos Países
Baixos, sextos, da Croácia,
que subiu cinco posições, e da
Itália, oitava da hierarquia.

Futebol
Helena Costa integra
departamento de
prospecção do Watford
A portuguesa Helena Costa vai
assumir a liderança do
departamento de prospecção
do Watford, pouco tempo O Arouca estreia-se na Ænal a No segundo tempo, contudo, o marcador (70’). a primeira derrota em casa do
depois de ter deixado os quatro da Taça da Liga e vai Arouca arriscou tudo e ameaçou O golo deu ainda mais ânimo à Moreirense esta temporada.
alemães do Eintracht Frankfurt. defrontar o Sporting nas num remate ao poste de Mujica. formação orientada por A outra partida da Ænal a quatro
Através do Twitter, os hornets meias-Ænais, após bater, ontem, Das ameaças aos actos passou Armando Evangelista, que viu da edição deste ano da Taça da
anunciaram a contratação do o Moreirense, por 2-1, nos pouco tempo. Na sequência de Mujica bater Pasinato e Liga também terá a presença de
novo director desportivo, quartos-de-Ænal da competição. um pontapé de canto cobrado consumar a reviravolta do outro estreante: o Académico de
Ben Manga, precisamente Os actuais líderes da II Liga até por Alan Ruiz, que já tinha resultado, num lance em que se Viseu afastou o Boavista e vai
proveniente do emblema começaram melhor e Æcado perto do golo numa lesionou e saiu da partida (79’). defrontar o FC Porto, vencedor
germânico e que se faz inauguraram o marcador num tentativa de canto directo na A perder, Paulo Alves ainda do embate com o Gil Vicente,
acompanhar da portuguesa. golo apontado por André Luís, primeira parte, Tiago Esgaio colocou mais dois avançados. com os viseenses a serem agora o
O Watford ocupa atualmente o de penálti, a castigar uma falta desviou de calcanhar ao Petkov e Madson, mas já era único emblema do segundo
quarto lugar no Championship. na área sobre Ofori (44’). primeiro poste e igualou o tarde para evitar a eliminação e escalão na prova.

Basquetebol Judo Ciclismo Andebol

Neemias marca 10
pontos no triunfo dos
Kings sobre os Lakers
Neemias Queta fez 10 pontos na
vitória dos Sacramento Kings
sobre os LA Lakers (134-120), na
quarta-feira, na NBA. O poste
português foi utilizado pela
terceira vez na época por Mike
Brown e, depois de se ter
estreado a marcar, em 2022-23,
na segunda-feira, somou 10
pontos e três ressaltos, nos
10m39s que esteve em campo.
Um registo só superado pelos
11 pontos obtidos frente aos
Cleveland Cavaliers, em Janeiro,
na estreia a marcar na NBA.
Patrícia Sampaio e
Rochele Nunes fora do
Masters de Jerusalém
Portugal ficou ontem sem
representantes no Masters de
judo de Jerusalém, depois dos
desaires de Patrícia Sampaio e
Rochele Nunes. Após ter vencido,
por waza-ari, a sul-coreana
Jeongyun Lee na primeira ronda
de -78kg, Patrícia Sampaio foi
afastada no combate seguinte,
por ippon, pela italiana Alice
Bellandi. Na categoria +78kg,
Rochele Nunes ficou isenta da
primeira ronda e perdeu na
segunda, por penalização, frente
à georgiana Sophi Somkhishvili.
Primoz Roglic vai Francisco e Martim
liderar Jumbo-Visma Costa renovam com
na Volta a Itália o Sporting até 2027
Primoz Roglic, três vezes Os andebolistas Francisco
vencedor da Volta a Espanha em Costa e Martim Costa
bicicleta, vai liderar a renovaram contrato com o
Jumbo-Visma na edição de 2023 Sporting até 2027. A cumprirem
da Volta a Itália. O esloveno, de a segunda temporada no
33 anos, vai disputar o Giro pela emblema “leonino”, depois de
terceira vez, depois de ter sido terem representado o FC Porto,
terceiro em 2019 e 58.º em 2016, os dois irmãos prolongaram o
na sua estreia em grandes Voltas. vínculo, com Francisco Costa,
“É uma corrida que eu amo, mas lateral direito de 17 anos, a dar
que ainda não venci. Ainda estou conta de um “sentimento de
a recuperar de uma cirurgia [ao orgulho”, e Martim Costa a
ombro], mas, em Maio, espero destacar que o clube
estar em boa forma”, afirmou “acreditou” nele quando
Roglic, citado pela Jumbo-Visma. “estava numa fase menos boa”.
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{ 5 famílias de chá + 1 tisana }

já disponível já disponível já disponível
Colecção de 6 latas de chá. PVP unitário 7,95€. Preço total da colecção: 47,70€. Periodicidade semanal à terça-feira, entre 29 de Novembro de 2022 e 3 de Janeiro de 2023. Stock limitado.

já disponível 27 Dez 3 Jan

A cerimónia
imónia do chá ainda é me
melhor
para a saúde do que o próprio chá.
Miguel Esteves Cardoso

+7.95€
TERÇA, 27 DEZ

CHÁ PUERH Nº5 Entre os chás fermentados mais processo evolutivo (tal como os Vinhos do Porto) e consu-
procurados estão os chás Puerh, cujo nome provém da midos anos mais tarde. Muitos coleccionadores chineses
vila de produção na China. A fermentação outorga ao chá compram para deixar em herança, já que aqui o valor
Fotografia ©Charlotte Valade

qualidades muitas vezes atribuídas como medicinais,
reputados por ajudar a eliminar gorduras do sangue,
colesterol mau, excessos de açucares. Também muito
procurados pelo seu sabor, pelo prazer que podem outor-
gar na degustação, estes chás são maioritariamente
feitos para serem guardados em caves, seguirem um
tempo se traduz em qualidade. O seu sabor pode parecer
estranho numa primeira degustação, mas rapidamente
habituamo-nos, a notas de madeiras, de floresta húmida,
a sensação de chuva, de cogumelos, notas minerais, um
chá muito rico e reputado. Este blend tem maçãs desi-
dratadas, pedaços de pêssegos e um toque de gengibre.
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Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2022

BARTOON LUÍS AFONSO

A luta das afegãs é um hino à causa feminista

comovente. Recomendo a todos a leitura do para uma guerra que representou o
Sementes Há quem defenda que, durante livro A Grande Guerra pela pior que podia ter acontecido ao
de alfarroba os 20 anos de ocupação do país Civilização, de Robert Fisk, mesmo país. Dúvidas houvesse e elas
pelos Estados Unidos e seus sabendo que não é bonito deveriam desaparecer face à forma
aliados, a causa feminista viveu um recomendar livros. É neste livro como os Estados Unidos
grande momento, porque mais que está o relato mais rigoroso que abandonaram o país, deixando
mulheres frequentaram conheço daquilo que precedeu e milhares de mulheres, que tinham
estabelecimentos de ensino, e aconteceu no Afeganistão em 2021. conhecido ventos de mudança e de

N
chegaram mesmo a formar-se, Foi escrito por quem lá estava e modernidade, abandonadas à sua
Carmo Afonso
Æcando com ferramentas para teve a coragem de descrever os sorte.
o Afeganistão as viver uma vida independente. Nas factos que contrariavam a versão Os taliban são fundamentalistas
mulheres foram zonas do Afeganistão onde de “levar a democracia” e a religiosos e verdadeiros selvagens
proibidas de permaneceram as forças militares “libertação das mulheres” ao país sobretudo no tratamento que dão
frequentar o ensino dos Estados Unidos e onde ONG dominado pelos misóginos taliban. às mulheres. Mas como é que ainda
universitário. Mais desenvolviam a sua atuação — e Ao desmascarar a narrativa que não aprendemos que a ocupação
uma decisão dos recordar que essas zonas não legitimava aquela intervenção de países por forças militares
taliban que restringiu a liberdade representavam, nem militar — e note-se que o fez externas gera o aparecimento, e o
das mulheres e um direito aproximadamente, a maior parte relativamente a todas as razões fortalecimento, de grupos e
fundamental: a educação. do território — algumas mulheres então apresentadas — Robert Fisk movimentos extremistas, como se
Na verdade, não existe nada de afegãs conheceram de facto foi uma voz isolada entre os fossem um gás irredutível?
novo ou surpreendente nesta direitos e liberdade. Mas será isto a jornalistas ocidentais e claro que A luta feminista está a acontecer
notícia. Os taliban estão a agir em luta feminista? foi descredibilizado. Depois do 11 no Afeganistão. Mulheres que
coerência com eles próprios e com Os direitos e liberdades são de setembro não era resistiram a quase tudo não
o que defendem para o país e que conquistas, não costumam ser de bombardeamentos. compreendido quem tentava desistem de conquistar o seu
não passa certamente pela oferecidos às mulheres. As A narrativa de guerra dos defender o povo afegão. Mas o espaço. Não vai ser fácil, mas a luta
igualdade entre homens e mulheres ocidentais Æzeram essa Estados Unidos tem um enorme tempo, como a água com o azeite, das mulheres nunca foi fácil. E
mulheres. A única coisa nova a conquista e foram lutas e vitórias talento e no caso do Afeganistão faz a verdade vir ao de cima. vimos que não estão sozinhas:
assinalar, desde que os taliban recentes. Não é preciso recuar este destacou-se. A libertação das Ninguém hoje, no seu perfeito como acontece em Teerão, há
assumiram a governação do muito no tempo para chegar a mulheres foi, desde o início juízo, se atreve a contestar a homens a apoiá-las. Vários
Afeganistão em Agosto de 2021, é épocas em que as mulheres não daquela ação militar, invocada para seriedade e a qualidade do seu estudantes em Cabul abandonaram
um novo arranque da luta votavam ou não podiam viajar sem a legitimar. Laura Bush, em 2001, trabalho jornalístico. um exame em protesto pela
feminista. autorização dos maridos e claro fez um discurso numa estação de Obviamente que aquela invasão exclusão das mulheres. Aqui, sim,
Neste momento muitas mulheres que não frequentavam as rádio no qual aÆrmou pretender militar não teve nada que ver com a encontramos o novo e o
afegãs estão nas ruas e universidades. Ainda hoje o dar início a um esforço mundial vontade de libertar as mulheres surpreendente. Isto são boas
manifestam-se contra a opressão trabalho não está concluído. Mas para defender as mulheres afegãs afegãs e a sua opressão pelos notícias.
taliban. Olhar para a sua coragem e sobretudo os direitos das mulheres contra a brutalidade que era taliban foi usada contra elas, ou
rebeldia é absolutamente não devem chegar acompanhados exercida contra elas. seja, como forma de legitimação Advogada

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