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Jardim Paulista

ARQUIVO PÚBLICO
E a dona Cida
fez cafezinho
para o ladrão
PÁGINA 8

Trio pesca 300

O Jardim
kg de peixes por
noite há 10 anos

das memórias
Suplemento exclusivo do Jornal A Cidade de 27 de maio de 2008 - Distribuição gratuita somente para o Jardim Paulista

PÁGINA 11

J. F. PIMENTA

Estádio do
Comercial virou
referência
PÁGINA 17
2 A CiDADe Maio de 2008

sua opinião Cartas


Desperdício Conforto
As pessoas varrem
as calçadas com
O Jardim Paulista é
um bairro muito bem
Mendigos
mangueira de água. Há estruturado. Tudo o Acho o Jardim Paulista
um desperdício enorme que precisamos de um bairro excelente. Não
de água. A associação produtos e serviços me mudo daqui por nada
de moradores poderia – comércio, correio, banco nesse mundo. Infelizmen-
se reunir com todos os – conseguimos resolver te, algo que me incomoda
zeladores de prédios do aqui no bairro mesmo. muito é o grande número
bairro e explicar-lhes Tudo o que precisamos. de pedintes que passa pela
uma forma de instruir Se não quiser, não preciso minha casa. A minha janela
seus funcionários sair daqui. É um grande dá para a rua e, sempre
sobre como limpar sem conforto. que aberta, as pessoas
gastar”. param para pedir esmola.
Zélia de Oliveira Del Cura, 72, É muito incômodo.
Reinaldo Colantonio, 58. Florista mora na rua Henrique
Mora há 22 anos no bairro. Dumont há 35 anos Maria Aparecida do
Nascimento, 68, dona-de-casa.
Moradora há 8 anos.

nossa opinião

Jardim Paulista,
voz a ser ouvida
O
Jardim Paulis- cia. Ao surpreender o
ta nasceu com ladrão em sua casa, ofe-
sotaque nobre, receu-lhe um café – e
mantém a tradição da- ele aceitou.
queles que o construí- Também se vê às vol-
ram, como boiadeiros, tas com um problema
imigrantes e trabalha-
dores, esconde redutos
tão sério quanto os de-
mais: a falta de educa-
Adoro o Jardim
da boemia e exibe noite ção de parte da popu- Vim de Santa Rosa de
de lazer, e luta contra o lação, especialmente na Viterbo direto para o
mal que aflige a todos, a questão do lixo. Jardim Paulista, em 2006.
violência. Muita gente trans- Estudo no bairro, na
Bairro classe média, forma terrenos baldios Barão de Mauá, e curto
o Jardim Paulista nas- em depósitos de lixo a a agitação da noite dos
ceu Villa Paulista entre céu aberto ou, numa bares da região. Adoro
a pedreira das Sete Ca-
pelas e o brejo do córre-
atitude que raramente
se vê dentro de casa,
As pessoas com decência limpam a o Jardim Paulista, é um
local super tranqüilo de
go Retiro Saudoso. jogam papéis nas ruas, sujeiras dos seus cachorros, nas praças onde não penso em sair.
Ele ainda se divide
entre o bucolismo da
nas calçadas.
O bairro pede aten-
e ruas do bairro, mas isso quase não se Lorrane Hamide, 19 anos,

área que originalmente ção do poder público. vê, infelizmente. Cláudio da Silva, 67 anos, aposentado estudante universitária

foi uma fazenda de café É a voz da comuni-


e os problemas da vida dade. Ela ainda soa su-
moderna, como trânsi- ave, mas é rumor que
to desordenado e um cresce e merece aten-
clima de insegurança,
quebrado apenas por
ção.
O Jardim Paulis-
O semáforo que fica na Camilo de
histórias insólitas. ta merece atenção por Mattos com Itararé é inútil, assim como
Como a de dona
Aparecida Marques, 78
sua tradição, pelas suas
praças, pela sua gente,
outros na cidade. Ali, só é necessário
anos, salva pela inocên- principalmente. sinal de Pare. Vargas Dias Morales, 75 anos
Edição Mário Evangelista • Reportagem e textos Angela Pepe (especial) e Jucimara de Pauda • Revisão Gideon Fonseca Fotos Letícia Lovo (especial), J. F. Pimenta,• Edição de arte Daniel Torrieri
Tratamento Weber Sian • Departamento Comercial (16) 3977-2172 • comercial@jornalacidade.com.br • Vendas Diego Marcon (16) 9235-5188 • comercialdiego@jornalacidade.com.br
Maio de 2008 A CiDADe 

Seu Vianna, o fundador Nos tempos


da lamparina
O homem que fez muito por Ribeirão
Sebastião Martins Vianna foi o do Ipê, hoje igreja São Paulo A avenida Treze de Maio era “Meu avô fez muito por A lembrança
responsável pelo loteamento
do Jardim Paulista. Doou
Apóstolo. Homenageou
pessoas e causas, ao batizar
para agradar os negros que
trabalhavam na propriedade.
Ribeirão Preto”, conta o
neto dele, Arthur Rezende
das fogueiras
terras para a construção das as ruas. A rua José da Silva foi Os índios também foram Vianna, advogado. A cidade o A aposentada Augusta
escolas Cid de Oliveira Leite homenagem ao coronel Zeca lembrados nas ruas Itapura, homenageou denominando Martins, 75 anos, ainda se
e João Guião e para o Salão da Silva, dono de um cartório. Guarujá, Itatiba e Piracicaba. uma rua no bairro Lagoinha. lembra das fogueiras feitas
pelo pai nas festas juninas
e do cruzeiro que ficava no
terreno da escola estadual
do tempo dos empórios Cid de Oliveira Leite, na

Um bairro sustentável
rua Itararé.
Ela é do tempo que não
havia água encanada, rede
de energia elétrica e cada
lamparina do poste era
acesa pelo próprio morador.
“Quem não queria ficar na
Boom comercial do jardim paulista começou no final dos anos 90 escuridão total acendia o
seu próprio poste.”
O pai tinha uma fábrica de

O
comércio do Jardim farinha de mandioca e a
Paulista passou dos mãe era conhecida como a
pequenos armazéns Mariana das Cabritas, por
das décadas de 40 e 50 para as causa do grande número
grandes lojas, padarias e ba- de animais soltos pelo sítio
res do século 21. Os corredo- da família, que ficava onde
res comerciais ficam nas ru- hoje é o Jardim Macedo.
as Henrique Dumont, Camilo A propriedade foi vendida
de Mattos e avenidas Treze de na década de 50 por um
Maio e Meira Júnior. preço muito barato.
“Me surpreendi com a “Naquela época não tinha
qualidade de vida daqui”, valor e deu para a gente
diz a professora Meire da comprar uma casa na Vila
Silva Prado, moradora do Virgínia”, afirmou.
bairro há um ano. A fogueira de São João
Para Paulo Sérgio Bro- é outro exemplo da fé
chetto, vice-superinten- dos moradores do bairro.
dente da ACI- Distrital Les- “dava meia-noite e todo
te, o bairro é sustentável e mundo cruzava a fogueira
os moradores não têm ne- descalço, quem queimava
cessidade de se deslocar o pé era quem não tinha
para outros centros comer- fé. Nunca ninguém se
ciais da cidade. “A descen- queimou”, conta Augusta.
tralização comercial aten-
de a população”, diz. Augusta Martins
mostra
A Panificadora Jardim retrato
Paulista é uma das mais tra- em que
dicionais do bairro. O segre- Avenida Treze de Maio, um dos principais eixos comerciais do Jardim Paulista: descentralização atende população aparece
do do pão está na sua du- com a mãe,
Mariana
rabilidade. “Não murcha”,
diz Maria José Clemente, 58 ele fazia até chover das Cabritas

anos, dona-de-casa.
Valmir, 44, e João Faria, A história do Cavaleiro dos Milagres
47, assumiram a direção da
padaria há 25 anos. Servem Onde hoje é o Cid de Oliveira acreditar que o lugar era no pé do cruzeiro, rezava e
a 3ª geração do bairro. “Te- Leite, Augusta Martins conta milagroso, que o cavaleiro pedia a graça, não demorava
mos clientela de todas as que havia um cruzeiro feito operava milagres e curas. muitos dias e chovia.
idades”, diz Faria. em homenagem ao cavaleiro Em época de pouca chuva, Quando fizeram a escola
Para a advogada Leda Sebastião Clemente, todos iam em passeata até tiraram o cruzeiro”, ela conta.
Maria Cavalcante, 43, os co- assassinado em uma briga. o local levando garrafas A história do cavaleiro foi
merciantes deveriam fazer Após sua morte, os com água. apagada pelo tempo. A história da escola
uma pesquisa para oferecer moradores passaram a “A gente despejava a água O bairro cresceu. estadual João Guião
veJa na página 4
preços mais acessíveis.
 A CiDADe Maio de 2008

O problema é a criança ir na grama e mexer na sujeira dos Os figuras


animais. Deveria ter um patrulha de cães aqui. Peninhatraçoforte
cláudiO silva, 67 Todo mundo conhece
corintiano, ele leva todos os dias seu neto vinícius para brincar na praça san leandro Peninha. Anísio Benedito
Lúcio é morador de rua.“Da
minha idade, não me lembro
e meu documento está com
elas são patrimônios a minha irmã”, diz. O apelido
vem da pena em seu chapéu.

Uma escola, duas histórias


Usa cavanhaque em formato
triangular, unhas compridas,
bloco de desenhos e lápis.
Os desenhos têm temas
infantis, traços fortes e
circulares. Leva a foto da
a vida da secretária maria aparecida se confunde com a ‘joão guião’ mãe no bolso. Dorme no
quintal de uma residência na
rua Cesário Motta. “Eu vivo.”

A
escola estadual João
Guião foi fundada
em 1952, na antiga
Vila Paulista e é resultado
da junção de classes agru-
padas. Até 1969, funciona-
va na rua Laguna, no nú-
mero 860, em duas casas
geminadas.
Na década de 60, o go-
verno do Estado de São
Paulo construiu o prédio da
avenida Treze de Maio.
A secretária Maria Apare-
cida Bronzini, 58 anos, acom-
panhou o crescimento da es-
cola e do bairro. É funcionária
Muniz,oboiadeiro
do Guião há 33 anos. Em 1942, Alfredo do Amaral
“Quando comecei a tra- Muniz casou e se mudou
balhar aqui na Treze de para o Jardim Paulista, na
Maio não havia asfalto e ti- rua Itararé, 95. Negociou
nha muito mato. Hoje esta- gado dos 15 aos 75 anos.
mos no paraíso”, disse. “Puxei boiada em toda a
Maria Aparecida se con- área do bairro, diz.
sidera patrimônio da esco- A escola João Guião, em foto dos anos 60: as ruas não eram asfaltadas e havia muito mato no local Aos 89 anos, Muniz diz
la e diz que muitos alunos que, para comprar bois,
que passaram pelo colégio
Loucos por seresta viajou por Minas, Goiás,
se tornaram médicos, den-
É sempre o Mato Grosso e Paraná.“Tive
tistas e advogados. comitiva de gado que ia de
A escola foi a primei-
mesmo grupo. Ribeirão para Andradina.
ra de Ribeirão Preto, em Eles não perdem uma apresentação Levávamos 30 dias para ir
1972, a passar de grupo es-
Deveria haver e voltar”. Se aposentou em
colar, que tinha de primei- Odete Nascimento Para o professor de 1993. “Não mudo daqui
ra a quarta séries para gru-
um rodízio.
de Jesus, 41, mora há história, José Francis- para nada, só quando
po escolar ginasial, de 1ª a 14 anos no bairro e não co, o professor Chico de morrer”, conta.
8ª séries. perde “por nada” a Se- 57 anos, o projeto “Ri- JOsé franciscO, 57,
“Foi um marco na his- resta. Quando é dia de beirão das Serestas” de- ao comentar que o ribeirão
tória da cidade e ficamos dançar, adianta o servi- veria funcionar em for- serestas deveria
dar oportunidade
orgulhosos”, afirmou Maria ço para assistir a apre- ma de rodízios. “É sem- a outros grupos
Aparecida. sentação dos grupos. pre o mesmo grupo. De-
Hoje, a escola tem 650 “Sempre que o pro- veria mudar de vez em
alunos de primeira a quar- jeto da Seresta vem ao quando. Até para outros
ta séries. “Tenho muito or- bairro, arrumo logo a grupos também terem a
gulho de fazer parte da his- casa da patroa. Não per- oportunidade de apare-
tória da escola”, afirma Ma- co por nada”, disse. cer”, diz.
ria Aparecida.
Maio de 2008 A CiDADe 

quase santo

A igreja nasceu do ipê-amarelo


dom aparício, padre Beneditino, construiu a igreja do Bairro e lutou por melhorias
LETíCIA LOVO

N
o começo da déca- O salão recebeu o nome Maria Helena Rodrigues de
da de 60, apesar de em referência ao ipê-ama- Camargo, 62, lembra que
ainda não ter uma relo que havia em sua fa- dom Aparício era natural
igreja edificada, o bairro chada. de Ribeirão Preto, e per-
já contava com o traba- A árvore foi extraída do tencia à Ordem dos Bene-
lho de evangelização de local na reforma da igre- ditinos.
dom Aparício, cujo nome ja em 2000, porque estaria Dom Aparício morreu
de batismo era Oswaldo doente, oca e representa- em 1996. Assumiu então a
Alves dos Santos, que tra- va perigo, já que ameaça- paróquia o padre Marce-
balhou 40 anos na comu- va cair. lo Luiz de Sousa, 39, dos
nidade. Foi comprado outro ipê- seculares. Padre Marcelo
Em 1969, no local co- amarelo que foi plantado chegou ao bairro para aju-
nhecido como Salão do Ipê, no mesmo lugar. dar dom Aparício, já doen-
foi construída a Paróquia Na primeira florada, a te. Padre Marcelo comanda
São Paulo Apóstolo. surpresa: a cor das flores é a a paróquia há 11 anos.
Dom Aparício lutou cor que a igreja usa no tem-
por melhorias no bairro e po da Páscoa, o roxo.
conseguiu a instalação da Na 2ª Guerra, seu Seixas era
agência dos Correios, esco- Beneditino o único que vendia fiado
A secretária da paróquia a história dele está na página 6
Maria Helena, secretária da igreja: Dom Aparício lutou pelo bairro las e arborização.
 A CiDADe Maio de 2008

Um sotaque alemão
Daniel Kujawski loteou a fazenda de café N.S. de Lurdes Maria Gorda, a
A população do Jardim Paulista é de 21.743 habitantes, segundo o IBGE. O bairro abrigou a fazenda de café N.S. de rainha da injeção
Lurdes, de José da Silva. Daniel Kujawski, alemão nascido no século 19 em Breslau, foi o responsável pelo loteamento da
Villa Paulista, na década de 30. Conforme informações do livro Ruas e Caminhos, produzido pelo Arquivo Público e Histó-
Maria Gorda, 81 anos,
rico municipal em parceria com a Faculdade Barão de Mauá, Kujawski se mudou para Ribeirão Preto, onde foi correspon-
socorreu muita gente
dente da Folha da Manhã, dono de livraria e professor de alemão no Gymnasio do Estado, hoje Otoniel Motta. Morreu em
na antiga Vila Paulista.
1971, na cidade de São Paulo.
Sabia aplicar injeção e
era enfermeira também.
Não cobrava nada, apenas
pedia algodão e álcool.
Maria do Carmo Victale
vendemos fiado Seixas, 81 anos, a Maria

Pão e leite
Gorda, morou durante
50 anos na rua Henrique
Dumont.
Lembra que havia muitos
bodes no bairro e em

na caderneta
muitas casas precisava
ser acompanhada pelo
marido Sebastião Seixas,
que espantava os bodes.
Nunca ninguém reclamou
da injeção.“Se doeu
o padeiro josé seixas vendia fiado ninguém falou.”
Ela conta que o bairro
durante a 2ª guerra; depois, faliu recebia pouca água e a
energia elétrica às vezes
terminava no bairro

J
inteiro porque todo
osé e Maria Seixas fo- elas não conseguiam pagar.
mundo ligava o chuveiro
ram um dos primeiros Após a guerra, a crise conti-
ao mesmo tempo.
moradores da antiga Vi- nuou e ele faliu”, diz Vicen-
la Paulista. Pais de dez fi- te Seixas, 66 anos, o caçula.
lhos, perderam tudo após a José e Maria foram à luta.
2ª Guerra. Ele foi trabalhar para a Lei-
José era dono da padaria teria Rio Pardo e ela criava
Estrela e durante a 2ª Guer- porcos no fundo do quintal
ra, enquanto todos se recu- para vender. Os filhos aju-
savam a vender “fiado”, ele davam na entrega do leite e
continuou “marcando na na criação dos animais.
caderneta” pão e leite. “Na época no Jardim
Sem emprego, não ha- Paulista, tudo era mato e
via dinheiro em circulação. trabalhávamos como gente
“Meu pai tinha dó de não grande. Foi um tempo bom
vender o pão e o leite para que não volta mais”, diz Ni-
as pessoas e com a guerra co Seixas, 70 anos, alfaiate. Maria e José Seixas, donos da padaria Estrela: pão e leite fiado.
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cotovelo no balcão
J.F.PIMENTA

Promoção Mês das Mães.

NW3
São Francisco Saúde.
É toda superproteção
que seu filho merece.
Liu, dono do bar, e Hideo: hora de relaxar

Boteco da
velha-guarda
Planos de
A saúde com 10%
velha-guar- diz Tashima Hi-
da do Jar- deo, 65, acupun-
dim Paulista turista que mo-
mantém seus re-
dutos intocáveis.
ra no Jardim Pau-
lista há 50 anos. de desconto nos
O Bar do Liu, na
esquina das ru-
Para o corre-
tor de seguros 10 primeiros
as Henrique Du-
mont com a Cesá-
rio Motta, é uma
Hypuassu Afonso,
58, que mora no
bairro há 28 anos,
meses*.
das fortalezas des- além da distração,
sa geração. o bar se transfor-
somente para os planos Integrado e Total. Consulte condições contratuais.

Há nove meses, mou em um cen-


*Promoção válida de 01/05 a 31/05/08 para planos individual e familiar,

o chinês Liu Bo- tro de “troca de


wen, 26, assumiu o informações”.
bar. A partir daí, di- “Cada freqüen-
zem seus freqüen- tador traz novas in-
tadores, o bar ga- formações e men-
nhou o clima que sagens e isso nos
todos queriam. enriquece. O es-
A cerveja es- tresse vai embora,
tá sempre trincan- é uma eterna ale-
do, a carne na bra- gria”, conta.
sa, a mesa de si- Afonso afir-
nuca disputadíssi- ma freqüentar o
ma e, às quintas- bar diariamente e
feiras, música ao ter feito uma no-
vivo com o violo- va amizade, com
nista José Rodri- o chinês dono do
gues, 55. bar.
“Aqui fico à von- “O Liu chegou
tade, toco e canto aqui sem saber fa-
as minhas prefe- lar uma palavra
ridas, as da Jovem em português. Aos
Guarda”, diz. No re- poucos, fui ensi-
pertório, canções nando e aprenden-
de Roberto Carlos, do. Ele é uma pes-
por exemplo. soa muito simpá- Ligue e faça seu plano.
“Termino meu tica e isso é o dife-
trabalho e ve- rencial para o ne- Foizer: 16 3977-9079 A maior estrutura para o melhor atendimento.
nho para cá dar gócio dele dar cer-
uma relaxada”, to”, afirma.
8 A CiDADe Maio de 2008

Sempre tem alguém enfiando a mãozona pela


janela. Quando vejo, jogo o chinelo
aparecida marques, 78
que não deixa barato quando malandro tenta roubar qualquer coisa pela janela

e não era requentado

O dia em que
Cida ofereceu
café ao ladrão
mãe de 18 filhos, tereza não está cansada de guerra:
‘hoje, a gente está no céu, temos de tudo’ Dona Cida, salva pela inocência, usa o chinelo para afastar malandro

C
hegar em casa depois do cuidando do seu mari- Dona Cida não descon- e perguntou sobre a bagun- Como a casa tem uma ja-
de comprar pãezinhos do doente. fiou. Apenas perguntou o ça na sala. Dona Cida per- nela que dá na calçada, “qua-
e encontrar um ladrão Todas as tardes, dona Ci- que a pessoa desejava. Se- cebeu então que se tratava se sempre tem alguém en-
dentro da residência e ainda da sai para comprar pão em gundo ela, o homem afir- de um ladrão. fiando a ‘mãozona’ lá dentro
oferecer, sem saber do peri- uma padaria. Numa tarde mou que, a pedido de sua “Minha Nossa Senhora, para ver se pega algo de va-
go, um cafezinho a ele. de outubro do ano passado, filha, estava a aguardando fiquei apavorada. Minha fi- lor. Quando eu vejo vou logo
Quem conta a histó- quando ela voltou, encon- na sala. “Ofereci um cafezi- lha ligou para a polícia na jogando o chinelo”.
ria, ocorrida há oito me- trou o portão aberto e perce- nho e ele aceitou”, diz. Do- hora e meu genro, quan-
ses, é Aparecida Marques, beu que o cão havia fugido. na Cida foi para a cozinha e do chegou em casa, saiu na
78 anos. Ela mora na ca- “Entrei e vi um homem co- deixou o homem na sala. rua atrás do ladrão”, lem- Os três amigos pescam 300 kg
sa da filha, Jussara, na rua locando um monte de coisas Cinco minutos depois, bra. “Pelo menos não levou de peixes nas conversas
veJa cOmO na página 10
Iguape, e passa o tempo to- em cima da mesa”, conta. relata ela, sua filha chegou nada”, disse.
J.F.PIMENTA

Mais inte ligênc ia


Polícia responde sobre falta de segurança
O porta-voz da Polícia Militar é investir em tecnologia, levantamento da Secretaria
em Ribeirão Preto, tenente base de informações para de Segurança Pública
Fernando Souza, informou lidar com o crime. Fazemos indica que as ocorrências
que a PM está intensificando rondas com viaturas nos de roubo, furto e homicídio
o policiamento nos bairros. locais onde as estatísticas tiveram redução no primeiro
Porém, afirma que a polícia apontam que há mais trimestre deste ano, em
não pretende instalar base criminalidade. Temos um relação com o mesmo
de segurança no local. direcionamento inteligente período do ano passado.
“Apesar de ser uma da segurança. Mas, os “Cada companhia tem um
reivindicação antiga dos índices mostram que tem plano de policiamento
moradores do Jardim ocorrido menos crimes”, direcionado de uma forma
Paulista, a ótica da PM hoje diz. Souza informa que inteligente”. Polícia faz ronda no Jardim Paulista: investimento é agora em inteligência
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Somos do Parque
Tenho o microfone que JK usou no discurso
do centenário de Ribeirão
adOlfO ruggierO, 60 radialista que mantém museu dO rádiO em sua casa
Xxxxxx

Ruggiero e o Museu do Rádio


O
radialista Adolfo Ru- Ele tem raridades como o ta marcar horário pelo tele-
ggiero, 60 anos, man- microfone que foi usado pe- fone 3624-6095.
tém na casa dele, no lo presidente Juscelino Ku- Ruggiero mora no Jar-
Jardim Paulista, o Museu bitschek no centenário de dim Paulista há 58 anos e
do Rádio. Ribeirão Preto, em 1956, na traz muitas recordações do
Ele tem aparelhos de porta da Catedral Metropo- local, entre elas, o asfalta-
rádio antigos e conta na litana, além de aparelhos de mento das principais ruas
ponta da língua as histó- rádio das décadas de 30, 40 do bairro e a chegada dos
rias das primeiras emisso- e 50. “Cada peça tem uma ônibus.
ras da cidade, PRA-7, hoje história”, diz. “Para a gente ir para a
Sistema Clube de Comuni- Entre os aparelhos do escola tinha que passar a
cação, e 79. coração, Ruggiero mostra o pé na Francisco Junqueira
“Eu criei o museu em ho- primeiro rádio portátil que que era um brejo só. Eu ti-
menagem à história do rádio chegou ao Brasil, logo após nha que ir com um sapa-
de Ribeirão Preto que foi um a Segunda Guerra Mundial. to e deixar outro na sacola,
marco para o país, porque a “Ele tem capa de couro por isto, para mim o asfalto
PRA-7 foi a sétima rádio a ser e possuía apenas uma fai- e o ônibus foram marcan-
criada no Brasil. Somos pio- xa”, afirma. Quem quiser vi- tes, assim como o rádio na
neiros”, diz Ruggiero. sitar o Museu do Rádio bas- minha vida”, diz. Adolfo Rugiero exibe uma das peças de seu museu: paixão por rádios

No Jardim Paulista colocaram fogo em uma


árvore; na Lagoinha, em 26 mudas
albertO da silva, 55 cabeleireirO planta mudas de árvOres nas ruas da cidade

Cabeleireiro das 5 mil árvores


O
cabeleireiro Alber- des degradadas da cida- “No Jardim Paulista co-
to da Silva, 55 anos, de e depois periodicamen- locaram fogo em uma ár-
já plantou cinco mil te joga água e fertilizantes vore e na Lagoinha em 26
árvores nos últimos qua- para garantir o crescimen- mudas. Esses são os espi-
tro anos em locais públicos to da árvore. nhos contra o meio am-
da cidade. Ele é do Jardim “Não adianta plantar se biente. Essas atitudes não
Paulista e fez questão de a gente não cuidar. A ár- me fazem desistir, eu plan-
plantar mudas de árvores vore cresce com atenção”, to de novo”, afirma.
na rotatória do Comercial. afirma. Silva diz que o ideal se-
“Nos últimos anos in- Ele também fez o plan- ria o Poder Público cons-
tensifiquei o plantio por- tio em outros bairros da ci- cientizar a população que
que luto pela conscientiza- dade, entre eles, Lagoinha, é necessário plantar uma
ção da população em rela- Iguatemi, Jardim Paulista- árvore pelo menos em
ção ao meio ambiente por no e Campos Elíseos. frente à própria casa.
isto planto árvores, faço a Silva conta que nem “Se cada pessoa fizesse
minha parte”, diz Silva. sempre a população en- a sua parte, teríamos um
Ele tem o próprio salão tende o espírito ambiental mundo melhor”, garante.
de cabeleireiro, mas arru- dele. Vândalos já coloca- O cabeleireiro não rece-
ma tempo para cultivar as ram fogo em mudas plan- be ajuda dos órgãos públi-
mudas em um terreno pró- tadas na rotatória do Co- cos da cidade para plantar
Alberto da Silva ao lado de uma árvore plantada por ele: consciência prio, planta em áreas ver- mercial e na Lagoinha. as árvores.
Maio de 2008 A CiDADe 11

Guia de
serviços Nos dá uma sensação de segurança. Sempre me senti
9.887 residências segura enquanto eles estão lá na esquina, de prosa.
1.169 estabelecimentos
comerciais, indústrias, prestadores
maria aparecida cOlantOniO, 58
vizinha dos três amigos
de serviços

3.419 ligações de água


F.L.PITON

3.418 os três amigos

300 quilos
ligações de esgoto

1 UBDS do Castelo
Branco - rua Dom Luiz do Amaral
Mousinho, 3300. Telefones 3627-
8488/ 3624-2714

7 mil
de peixes
linhas telefônicas
80 orelhões

8 Bancos
BancoABNAmroRealruaRamosde
Azevedo,423.Tel.3610-4784
BancodoBrasilavenidaTrezedeMaio,430.
Tel.3967-4291.
BancoItaúruaCamilodeMattos,1469.Tel.
3624-8800.
BradescoavenidaTrezedeMaio,275.Tel.
3624-8519. durvalino, moraes e franceschi
Caixa avenidaTrezedeMaio,225.Tel.
3618-1700.
HSBCruaCesárioMotta,532.Tel.3904-9260.
pescam no Batepapo de esquina
HSBCavenidaTrezedeMaio,115.Tel.
3627-0707.

V
Santander/BanespaavenidaTrezedeMaio, izinhos de quatro déca- destinos na cidade. É ôni-
17e157.Tel.3618-2390/3967-4202.
das, Durvalino Novem- bus do ponto inicial ao fi-

Ônibus
• Circular Jardim Paulista
bre, 68, Carlos Garcia
Moraes, 67, e Roberto Fran-
ceschi, 66, se reúnem diaria-
nal. Já fizeram itinerário de
2 horas e meia. “Há luga-
res onde ainda há chácaras,
Saída rua Barão do Amazonas mente para “colocar a conver- zona rural”, afirmam.
00:05-CD 05:00 05:26-CD 05:52 06:18 06:44 07:10-CD
07:3608:0208:2808:54-CD09:2009:4610:1210:38- sa em dia” na esquinas da Or- Maria Aparecida Colan-
CD 11:04 11:30 11:56 12:22-CD 12:48 13:14 13:40 lândia com Iguape. tonio, 58, afirma se sen-
14:06-CD 14:32 15:00 15:26 15:52-CD 16:14 16:36-*
16:58 17:20 17:42-CD 18:04 18:25-* 18:40 19:02 O ritual é o mesmo há tir muito bem em ter vizi-
19:25-CD19:5520:1521:05-CD21:5022:35-CD23:25 dez anos. “Quando acaba o nhos como o trio. “Nos dá
• Chegada avenida Treze de Maio
00:15-G05:1005:36-CD06:0206:2806:5407:20-CD Jornal Nacional, sentamos uma sensação de seguran-
07:4608:1208:3809:04-CD09:3009:5610:22 nos degraus do cabeleirei- ça com eles na rua. Sempre
10:48-CD11:1411:4012:0612:32-CD12:5813:24
13:5014:16-CD14:4215:1015:3616:02-CD16:26 ro para conversar. Em algu- me senti segura enquanto
16:48-*17:1017:3017:54-CD18:1618:38-*18:50 mas noites, chegamos a pe- eles estão ali, na esquina,
19:1219:35-CD20:05-G20:2521:15-CD22:00
22:45-CD23:35
gar uns 300 quilos de peixe de prosa.”
CD - HORARIO CARRO COM PLATAFORMA ELEVADIÇA
na nossa mentirada de pes-
G- GARAGEM cador”, diz Novembre.
* HORARIO EXTRA
Com ônibus de graça, Sujeira e falta de segurança.
Fontes: Secretaria da Fazenda, Secretaria
da Assistência Social, Secretaria da Saúde, todas as tardes partem pa- Povo bota boca no trombone.
as reclamações nas páginas12e13
Transerp, Daerp e Telefônica
Roberto, Carlos e Durvalino: bate-papo tem o mesmo ritual há dez anos ra “passeios” rumo a novos
12 A CiDADe Maio de 2008

Dez minutos de reclamação


Falta cobertura nos Limpeza
pontos de ônibus da via
Usuários de ônibus no bairro “Assim que sair, a Transerp irá
reclamam dafalta de cobertu- de imediato atender os 100
ra nos pontos. pedidos pendentes e ficará
pública
Para evitar esse transtorno, com 700 de reserva técnica”,
“O funcionário que varre
os usuários que ficam em diz.
as ruas passa em todas as
ponto da rua Cesário Motta Ponto de ônibus na Camilo de Masttos: falta de cobertura incomoda
do entorno da praça San
contam com a boa vontade As pessoas não têm Leandro, na Camilo de
do morador Eustachio Jorge Alicitaçãopara800
da Silva. Ele abre o portão de onde sentar nos pontos de Matos, exceto na minha
ônibus. Agora, as pessoas coberturasdeônibusjáfoi travessa, que se chama
sua garagem para os usuários
concluída.AssimqueaJustiçader San Leandro. Ali o lixo se
se protegerem.“Eles não têm precisam ficar ensopadas
seuparecer,vamosatenderde acumula e fica esquecido,
nem onde sentar. Sempre
estão em pé. Agora, as pesso-
quando chove? como se a limpeza não
imediato100pedidos. fizesse diferença”, afirma
as precisam ficar ensopadas
Luiz Andrade Filho, 82,
quando chove?“Por isso, eu
motorista aposentado,
abro o portão de casa”, conta.
morador há 55 anos.
O superintendente da Tran-
O Daerp (Departamento
serp, Antônio Carlos Muniz,
de Água e Esgoto de
informou que já foi concluída
Ribeirão Preto), responsá-
licitação para 800 coberturas Eustachio Jorge
Antonio Carlos vel pela varrição das vias
metálicas e de concreto para Garagem virou
Muniz públicas, informou que
a cidade. A empresa perde- ponto coberto Superintendente o local está sendo limpo
dora entrou com recurso e
da Transerp regularmente.
a licitação está na Justiça.

Desgaste
no asfalto
Moradores da rua Iguape
reclamam da má conservação
do asfalto, principalmente
em frente aos números 435 e
446, onde há um fluxo inten-
so de tráfego de ônibus.
Passam na rua Iguape os ôni-
bus Lagoinha, Circular Jardim Servidor varre a praça
Paulista e Castelo Branco/Vila Personagem ou rua com desgaste no asfalto San Leandro
Amélia.“Sei que as pessoas
precisam deles. Não estou pe- turais causadas pelas três Jardim Paulista desde 1963.
dindo que os ônibus deixem linhas de ônibus que passam De acordo com o secretário
de passar lá (rua Iguape). Se- pela rua.“Não precisa ser de Infra-estrutura, Nilson Ba-
Na travessa San Leandro, onde
ria legal se a prefeitura fizesse engenheiro para saber que roni, o problema existe, mas, moro, o lixo fica acumulado.
um recapeamento bem feito. são os ônibus que fazem isso por enquanto, há outros mais É como se a limpeza
Eu nem lembro quando foi a com as residências. Quando urgentes a serem resolvidos
última vez que eles fizeram ele passa dá para sentir os da cidade. Informou que vai não fizesse diferença.
isso”, comenta Campos. móveis tremendo”, afirma o incluir a vistoria do local na luiz andrade filhO, 82
As residências da Iguape advogado Ednes Wandercy programação da secretaria o aposentado
estão com problemas estru- de Campos, 71, morador do mais breve possível.
Maio de 2008 A CiDADe 1

SEGuRANÇA
Coleta de
Ladrões miram lojas lixo na
e idosos no bairro madrugada
incomoda
As irmãs Cláudia e Silvia Cro-
ta, 30 e 34 anos, respectiva-
O morador e comerciante
Guilherme Gallo, 39, tem moradores
mente, são comerciantes do uma rotisserie na Henrique
Jardim Paulista. Elas moram Dumont, há 15 anos, diz que A coleta de lixo no
no bairro há 20 anos e, apesar a segurança é precária no Jardim Paulista é feita
de nunca terem sido vítimas bairro. as segundas, quartas e
de assaltos ou roubos no “Cinco lojas vizinhas, inclusi- sextas-feiras no horário
bairro, elas reclamam da falta ve a minha, pagam segurança noturno.“Se não fosse
de segurança. particular. O bairro deveria entre meia noite e uma
Claúdia disse que a loja de ter uma base da Polícia Mili- hora da manhã, estaria
roupa próxima ao seu esta- tar e rondas mais otensivas”, tudo bem. Sei que trocar
belecimento foi saqueada há reivindica. o horário pode ser ruim,
pouco meses.“Quebraram Ele reside na rua Cravinhos há mas também é ruim a
as vidraças e levaram tudo. um ano e disse que o local é gente acordar com os ca-
Parece que a polícia não bastante ermo. chorros latindo quando o
encontrou suspeito”, diz. “Isso provoca muita inse- caminhão de lixo passa”,
Ainda, segundo ela, em plena gurança nos moradores”, diz a professora Jaqueli-
luz do dia e com clientes, diz. ne Gonçalves, 29.
uma loja de cosméticos foi Já Carlos Alberto Batista, A chefe da seção de re-
assaltada.“Não sei dizer com 52, cabeleireiro, há 25 anos síduos sólidos do Daerp,
precisão o que de fato acon- no bairro, concorda com Marilene do Nascimento
teceu. Apenas soube que uns Guilherme e defende a rea- Falsarella, 48, explica
ladrões roubaram a loja com lização de mais rondas, para que o tamanho de
pessoas dentro”. inibir a ação dos bandidos e o Ribeirão Preto inviabi-
Para Silvia, o bairro estava consumo de drogas na praça liza coletas somente no
carente de patrulhamento San Leandro. período diurno.“Inclusi-
policial, mas melhorou.“Ti- “Trago meus filhos para ve, determinados bairros
nha muito relato de assalto brincar na praça e me sinto como o Jardim Paulista,
e roubo, mas parou. Hoje eu inseguro. Só vejo a polícia tem comércio e maior
vejo com mais freqüência a uma vez por dia aqui no fluxo de veículos. Com
Patrulhamento policial no Jardim Paulista: bairro não terá base polícia passando por aqui”. bairro”, diz. isso, a coleta noturna, é
mais viável. O caminhão
faz barulho por causa do
Cinco lojas, inclusive a Trago meus filhos para sistema bascular. Infeliz-
minha, pagam segurança brincar na praça [San Leandro] mente, ainda não existe
um veículo silencioso”.
particular, na falta de e me sinto inseguro. Só vejo a
policiamento polícia uma vez por dia
mais eficiente. aqui no bairro.

Carlos Alberto
Guilherme Gallo, 39
Batista, 52, há 25
anos, comerciante
anos no bairro
há 15 no bairro

Coleta de lixo: de madrugada


1 A CiDADe Maio de 2008

um espanhol
Nunca vi pessoa igual para comprar e ele se foi
vender carros. Joaquim era tudo para mim.
apaixonado
pelo Jardim
maria luiza da silva, 63 O vendedor
Angelo Del Cura Sanz,
viúva de Joaquim barroso, falecido no dia 10 de maio
de carros
75, migrou da Espanha Negociar a compra e
para o Brasil com 19 venda de carros sempre
anos. nasceu em Val- recém-chegada foi o ofício de Joaquim
devacas, na Segóvia, Barroso, 89 anos, que

Maria Clara tirou o


a 130 km de Madri. morreu no dia 10 de
Sanz desenha a lápis maio, no Jardim Paulista.
na parede da varanda Segundo a esposa, Maria
de casa, o mapa da Luiza da Silva, 63 anos,

sono de Fátima
Espanha para indicar que viveu com ele duran-
sua cidade natal. “É te 35 anos, ele negociava
aqui”, afirma batendo o como ninguém.
lápis no mapa. “Nunca vi pessoa igual
Ele mora no Jardim para comprar e vender
Paulista há 35 anos um carro”, diz.
com a esposa e o filho nascida há 25 dias, a menina, 1ª filha de fátima e Foi amor à primeira vista.
e diz que não troca Ela era 25 anos mais nova
o bairro.“Criei raízes lucas, é uma das mais novas moradoras do Bairro que ele. “Joaquim era
aqui”. Ele lembra que, tudo para mim.”.
quando migrou, seu Barroso morou no Jardim

A
país estava em péssi- gravidez de Fátima Paulista durante 36 anos
mas condições.“Hoje, Gonçalves Matias foi e apesar de quase não
mudou, mas não penso tranqüila, o contrá- sair de casa fez amigos
em voltar”. rio dos primeiros dias de vi- no bairro que conquistou
da de Maria Clara, uma das com o espírito alegre e de
mais jovens moradoras do bom papo.
Jardim Paulista. Tem 25 dias
de vida. “Chorava direto, da-
va um desespero”, afirma.
Fátima lembra que de-
pois do nascimento dos fi-
lhos o sono da mãe nunca
mais é o mesmo.
“Agora ela acorda ape-
nas duas vezes durante a
noite para mamar”, diz.
Para o marido dela Lu-
cas Rocha Rezende, o nasci-
mento da filha, foi a melhor
coisa da vida dele. “Ela é um Joaquim Barroso: o melhor
presente de Deus, ilumina a vendedor de carros
nossa casa”, afirma. Lucas e Fátima com Maria Clara: ‘ela iluminou a nossa casa’
Maio de 2008 A CiDADe 1
1 A CiDADe Maio de 2008

monumentos

Praças para Motoqueiro e


para os Expedicionários
as oBras dos dois espaços púBlicos foram feitas por tirso cruz

M
onumentos mar-
cam a história das
praças da Bíblia –
onde há a estátua de um
um toque da
motoqueiro – e dos Expedi-
cionários – onde cada sím-
Califórnia em RP
bolo gravado tem um sig-
nificado que retrata o coti- ApraçaSanLeandro,localizada
diano dos combatentes da entreasruasHenriqueDu-
2ª Guerra. mont,CamilodeMattos,Itararé
Os monumentos de am- eItapura,recebeuprimeiroo
bas praças foram feitos pelo nomede SãoPedro,em1967.
artista plástico Tirso Cruz. Pouco tempo depois, em
O motoqueiro da praça maio de 1969, ela passou
da Bíblia é uma homena- a ser chamada praça San
gem do vereador José Divi- Leandro em homenagem
no Vieira de Souza, já fale- à cidade na Califórnia (EUA,
cido, que perdeu um filho 79 mil habitantes) declarada
de 18 anos em um acidente cidade-irmã de Ribeirão .
há 30 anos. Na memória de alguns
A Praça dos Expedicio- moradores, ainda está vivo o
nários foi inaugurada em dia da inauguração da praça.
1995 para comemorar os 50 Conforme conta o casal Lúcia,
anos do fim da 2ª Guerra. 67, e Durvalino Novembre,
As vigas de madeira re- 68. Eles participaram da
presentam as nove batalhas festa de abertura.“Criaram
nos campos da Itália e a con- uma grande expectativa em
quista final, a vitória da FEB relação a ela. No dia marcado,
(Força Expedicionária Bra- nós, moradores, lotamos a
sileira). Os quatro ciprestes praça. Na hora, acenderam
italianos, dois de cada lado, tudo, o povo gritou e aplau-
representam os rios que cer- diu, foi emocionante”, diz
cam os vales onde acontece- Novembre.
ram as batalhas. Praças dos Expedicionários e da Bíblia: ex-combatentes e filho de vereador morto em acidente são homenageados
Maio de 2008 A CiDADe 17

alma do futebol

Foto do dia da inauguração do Estádio Palma Travassos, do Comercial: referência

O estádio
Palma Travassos
inaugurado em 1964, 17 mil viram santos 3,
comercial 2

O
Jardim Paulista se orgulha no bairro. O gesto de Palma Travas-
de ter um dos cartões pos- sos, engenheiro civil, impulsionou a
tais da cidade. O estádio vida do clube. O estádio foi inaugu-
Francisco Palma Travassos, do Co- rado em 14 de outubro de 1964, no
mercial, é uma referência do bair- jogo Comercial 2 x 3 Santos. Neste
ro. dia, 17 mil pessoas assistiram à par-
A construção do estádio veio tida das arquibancadas ainda ina-
com o ressurgimento do clube em cabadas.
1954 e sua ascensão para a 1ª divi-
são em 1958. Na gestão de Romero
Barbosa, em 1961, o clube recebeu A receita do frango mais
do engenheiro civil Francisco Palma conhecido de Ribeirão
máriO cOnta O segredO na página 18
Travassos a doação de um terreno
18 A CiDADe Maio de 2008

Tá na mesa
Uso temperos típicos de saladas. É o segredo ASRECEITAS

para deixar a farofa molhadinha e saborosa Frango do Mário


sônia maria de sOuza Oliveira, 53 Ingredientes:
é ela quem tempera o frango mais famoso de rp; o marido só dá nome ao assado Um frango inteiro limpo.
Temperar com vinagre, cheiro
verde, sal, alho e pimenta-dedo-
êta cheiro bom de-moça.

O frango da cidade
Para a farofa do recheio:
Misturar à farinha de milho
pimentão vermelho, azeitona
verde, cenoura e tomate picados.
Para temperar usar vinagre,
alho, azeite, sal e pimenta-do-
reino.
Rechear o frango com a farofa
as filas são sempre grandes nos finais de semana na casa do frango do e assar por duas horas e meia.
Pode ser servido com arroz
mário; o segredo é farofa molhadinha e Bemtemperada que recheia a ave branco ou à grega, e uma
cervejinha estupidamente
gelada.

F
eriados e domingos, do frango ressecar. Pa-
na rua Henrique Du-
mont, 1127, a Casa de
ra isso, diz, tempera a
farofa com molhos típi-
Bolo de fubá
Frango do Sertanejo tem fi- cos de salada. “Esse tem- recheado
la onde a vizinhança aguar- pero deixa a receita mo- Ingredientes:
da para comprar o frango lhadinha e saborosa”. Três ovos inteiros
do Mário. Na rua Orlândia, na ca- 50 gramas de queijo ralado
A especialidade da casa, sa de Maria Aparecida de (pode ser mineiro)
há cinco anos, passou a ser Campos Colantonio, 58, o Uma xícara e meia de fubá
o frango recheado que cus- bolo de fubá recheado é a Uma xícara de farinha de trigo
ta R$ 15. A cozinheira, do- dica de receita rápida. Ma- Meia colher de fermento em pó
na da receita, é a comer- ria Aparecida diz que gosta Quatro xícaras de leite
Duas colheres de manteiga
ciante Sônia Maria de Sou- de colocar um pouco mais Três xícaras de açúcar
za Oliveira, 53, esposa de de fermento para o bolo fi- Modo de fazer
Mário José de Oliveira, 50. car alto. “Além disso, natu- Emprimeirolugar,bateros
Os dois são donos do esta- ralmente, essa receita deixa ovosnoliquidificador.Separeo
belecimento e moram no o recheio muito cremoso. queijoefermentoebatatodos
local há 15 anos. É bom para acompanhar osoutrosingredientescomos
“Vendemos frango assa- com café ou chá”. ovos.Naseqüência,bateroqueijo
do e farofa separadamente FrancineColantonioNo- efermento.Assaremformade
há 15 anos e sempre elogia- gueira, 27, uma das três fi- buraconomeiopor35minutos
ram os dois. Para diversifi- lhas de Maria, elogia a mãe emfogobaixo.Desligaredeixar
car e inovar, resolvi juntá- como cozinheira e diz que noforno.Desenformarquando
los e deu certo”, diz Sônia. o bolo é uma receita que re- estiverfrio.Servircomcaféouchá
Ela explica que o segre- úne a família. “É simples e decamomila.
do é não deixar a carne delicioso”, diz Francine. Mário José de Oliveira, com o frango mais famoso de Ribeirão Preto
Maio de 2008 A CiDADe 1
20 A CiDADe Maio de 2008

O local era até perigoso. Agora, a vizinhança até prefere a agitação. Os sextos
marcus vinicius Oseas, 39 elementos
dono do 5ª eskina, ao justificar que os vizinhos do bar se sentem mais seguros com a movimentação noturna
Eles inventaram a
6ª esquina
fervo total Há três anos, um grupo de

Noite feita de esquinas


cinco estudantes montou
a república “6ª Esquina”. A
casa é um prolongamento
do bar.
Um dos moradores, o
advogado Daniel Souza
Caetano, 28, faz questão
Bares de todos os tipos atraem multidões ao jardim paulista todo dia de mostrar para a reporta-
gem o motivo do nome da

O
5ª Skina é uma das cêutica Ana Rita Neves, 28, república. “Os garçons nos
atrações da noite no afirma ter conseguido con- servem dentro de casa,
Jardim Paulista. Há vencer a mãe, Gerva Valen- até no meu quarto, se
12 anos, Marcus Vinícius te Neves, 59, a ir ao bar com precisar”, brinca.
Oseas, 39, montou um bar ela. “Achei ótimo vir aqui”,
sem grandes pretensões. diz Gerva.
“O local era até perigoso. Com OestudanteRobsonCam-
o movimento, ficou mais se- pi, 23, afirma ser freqüen-
guro.” tador assíduo dos points do
O bar Moronguetá, na Jardim Paulista. “Pelo menos
esquina da rua Cesário uma vez na semana, marco
Motta com a Camilo de Ma- presença num dos bares do
tos, também ferve. A farma- bairro”, diz. Mesas na calçada no 5ª Esquina: a vizinhança agradece o agito
Maio de 2008 A CiDADe 21

tudo pela saúde

Mulheres praticam ginástica na praça San Leandro: corpo em movimento e coração saudável Crianças praticam natação, durante aula no Poliesportivo: Edmilson Desordo é o pai da idéia

Um Jardim muito saudável


130 crianças receBem aulas gratuitas de natação no poliesportivo do comercial

C Coração tranqüilo
ento e trinta crianças be o apoio de 30 em-presas de que estão participando
praticam natação to- de Ribeirão Preto e região. de competições nas cida-
dos os dias, pela ma- “Com a ajuda das em- des da região.
nhã e à tarde, no Poliespor-
tivo do Comercial. As aulas
presas compro material pa-
ra as crianças e pago os pro-
Crianças interessadas
podem procurar o proje-
A ginástica vai à praça
são gratuitas e o projeto be- fessores”, afirma Oliveira. to. O nome é colocado em Pioneirismo é o nome dado colo, professor de educação
neficente nasceu da vonta- Crianças dos seis aos uma lista de espera e assim aos integrantes do PIC do física da cava do Bosque.
de do atleta Edmilson De- treze anos de idade passam que a equipe consegue ma- Jardim Paulista. Eles freqüen- O Jardim Paulista tem dois
sordo de Oliveira, 36, passar por uma avaliação socio- terial ela é chamada para tam o programa há 10 anos e PICs (Programa de Integra-
o que sabia para as crianças econômica antes de entrar as aulas. se destacam pela assiduida- ção Comunitária), um que
carentes. no projeto, que hoje já es- “Passei outro dia atrás de à ginástica e aos eventos. funciona na praça San Lean-
“Eu aprendi muito na tá em mais dois bairros da do quartel de bombeiros “É um pessoal de mais idade dro, três vezes por semana, e
minha vida de atleta e que- cidade, no Jardim Aeropor- e vi crianças nadando em que gosta das atividades, faz o outro no Jardim das Pedras.
ro passar isto para as crian- to e Vila Abranches. Tam- um lago sujo. Parei, cha- caminhada com disposição, O programa existe há 12
ças”, diz. bém existe uma equipe de mei os meninos e eles estão alongamento e adora o café anos, atende 4 mil pessoas,
O projeto nasceu em 2005 30 crianças na faixa etária no projeto e nadando bem”, da manhã”, afirma Paulo Pí- em 57 núcleos.
timidamente e hoje rece- dos 7 aos 14 anos de ida- afirma.
22 A CiDADe Maio de 2008
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