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6ª Jornada Científica e Tecnológica da FATEC de Botucatu

23 a 27 de Outubro de 2017, Botucatu – São Paulo, Brasil

A LOGÍSTICA DO TRANSPORTE DE CARGAS INDIVISIVEIS


EXCEDENTES: UM ESTUDO DE CASO NA CIDADE DE BOTUCATU-SP

Luiz Guilherme Carnietto, Cilene de Oliveira


1
Graduando em Logística pela Faculdade de Tecnologia de Botucatu,luizguilhermecarnietto@hotmail.com
2
Professora de Ensino Superior pela Faculdade de Tecnologia de Botucatu, coliveira@fatecbt.edu.br

1 INTRODUÇÃO
A logística não é apenas levar materiais, informações e valores monetários, mas
é uma ferramenta que aproxima os elos de uma cadeia de suprimentos de modo a criar
valor e agregar vantagens (SOUZA; MARKOSKI, 2012).
No caso do Brasil, o principal modal de transporte adotado é o modal rodoviário
pois, apresenta diversas vantagens, principalmente no transporte de cargas
intermunicipal, interestadual e entre as fábricas e os centros de distribuição e destes com
o mercado final, devido a fatores como: o caminhão possui maior flexibilidade e
facilidade de acesso aos diversos lugares; capacidade de transportar mercadorias porta-
a-porta; as operações de envio de documentação das mercadorias são mais simplificadas
em relação à outros modais, e a maior rapidez na entrega de bens (RAMOS;
CARDOSO; COSTA CRUZ, 2014).
Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (2017), o perfil desse
modal de transporte pode ser verificado com o levantamento realizado pelo Registro
Nacional de Transportador Rodoviário (RNTRC), que registrou uma frota de
aproximadamente 1, 6 milhão de caminhões em 2017, distribuídos em 36% autônomos,
63% empresas e 1% entre cooperativas, com uma idade média de 16 anos para a frota
dos autônomos, de 8 anos para as empresas e 11 anos para cooperativas.
No caso de transporte de cargas especiais, existe todo um planejamento
administrativo e logístico entre a empresa e transportador,ou seja, entre a produção até o
consumidor final, em decorrência da legislação.Cargas especiais são aquelas apresentam
peso e dimensões acima do estabelecido pelo Código de Trânsito Brasileiro.
Diante desse cenário, o objetivo da pesquisa é apresentador o fluxo
administrativo e logístico entre a indústria e o transportador no transporte de cargas
especiais, que exigem cuidado na movimentação no carregamento, transporte e
descarregamento, devido suas grandes dimensões, além de toda documentação
específica.
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2 MATERIAL E MÉTODOS

O material utilizado nessa pesquisa baseou-se na coleta de dados da empresa


pesquisa, o processador de textos Word e planilha Excel. E a metodologia utilizada
baseou-se em Estudo de Caso, em uma empresa transportadora da cidade de Botucatu,
com observação direta, por meio de entrevista com o setor administrativo da empresa.
Sendo uma pesquisa qualitativa e exploratória. Tendo como subsídios pesquisa
bibliográfica junto aos órgãos como CONTRAN, DENATRAN, DER e DNIT.
2.1 ESTUDO DE CASO

A empresa pesquisada é do ramo do transporte e possui sua matriz na cidade de


Botucatu e outras filiais: São Paulo, Jundiaí, Agudos, Ribeirão Preto, Itapetininga,
Ribeirão Preto, São José dos Campos, Curitiba e Goiânia. Atua há quase três décadas
no setor, e realiza serviços desde armazenamento, transporte, reparação, manutenção e
distribuição dos produtos que transporta, desde quando o produto sai da linha de
produção da empresa até seu destino final. Está autorizada a realizar transporte
de medicamentos, insumos farmacêuticos, transportes químicos e produtos controlados.
Dessa forma, sua frota é diversificada, desde utilitários, caminhões 3/4, caminhões toco,
caminhões truck, cavalos, carretas, rodotrens e projetos especiais.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados observados nesse estudo são pautados na observação operacional e


burocrática do transporte, frente aos órgãos responsáveis do trânsito, para efetuação de
cargas indivisíveis excedentes, observando a documentação, o veículo, a carga e o
transporte. O roteiro de transporte entre origem e destino, aconteceu no Estado de São
Paulo, em torno de 320 km, que é o mais frequente na empresa.

3.1 FLUXO LOGÍSTICO DO TRANSPORTE DE CARGAS INDIVISÍVEIS


EXCEDENTES

Entende-se por carga indivisível toda carga unitária representada por uma única
peça estrutural ou por um conjunto de peças fixadas por rebitagem, solda ou outro
processo, para fins de utilização direta com peça acabada; máquinas ou equipamentos, e
só podem ser montadas em instalações apropriadas (GUIA DO TRANSPORTE
RODOVIARIO DE CARGAS, 2004).
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3.1.2 DOCUMENTAÇÃO

Todo transporte a ser iniciado pelo transportador deve-se analisar o tipo de


material a ser transportado, para que assim possa identificar o tipo de veículo que irá
realizar o tráfego, as rodovias e estado que iremos trafegar, após esse procedimento,
dará início às documentações necessárias junto ao despachante que é um intermediário
entre o transportador e órgãos que emitem a AET - Autorização Especial de Trânsito.

Após a solicitação da licença (AET), analisam-se as medidas da mercadoria


junto às rodovias para verificar se é necessária a realização de uma programação de
tráfego, se for necessário envia-se todos os documentos solicitados e o mesmo retorna
com as datas e horários que poderá trafegar com a mercadoria na rodovia ou trecho.

3.1.3 DETERMINAÇÃO DO VEÍCULO

Para atender a demanda do cliente, após a análise da mercadoria, e a


documentação, deve-se escolher adequadamente o veículo. Os veículos mais utilizados
nesse segmento de transporte de cargas excedentes é a unidade tratora de preferência
mais nova e que seja de alta potência, preferencialmente traçado, ou seja, 6x4, para que
assim possa levar o máximo de peso possível permitido, e o semirreboque mais
utilizado é o estilo “prancha”, pois acomoda melhor a mercadoria devido ao seu
tamanho de largura e altura em relação ao solo.

Figura 1- Exemplo de Veículo Semirreboque.

Fonte: DER/SP (2010).


Por se tratar de veículo com excesso de comprimento ou de largura é necessário
a colocação das dimensões de comprimento e largura na parte traseira do veículo
semirreboque de acordo com a Resolução nº 520 (2015) do Conselho Nacional de
Transito (CONTRAN) para que assim fique de fácil visualização para as os outros
veículos e para as autoridades de trânsito (Figura 2).
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Figura 1- Exemplo de placa traseira.

Fonte: DENATRAN (2015).


3.1.3.1 OBTENÇÃO DE AET

Para obtenção da Autoridade Especial de Trânsito (AET) precisa primeiramente


verificar a metragem da mercadoria a ser transportada. Inicia-se o contato com o
despachante, para que o mesmo dê início na obtenção da AET (licença) juntos aos
órgãos responsáveis que o transporte irá realizar o tráfego, ou seja, se caso o transporte
for por rodovia federal, o Departamento será o Departamento Nacional de Infraestrutura
de Transporte (DNIT), ou se for em rodovias estaduais é o Departamento de Estradas e
Rodagem (DER). Dependendo do trajeto a ser realizado e da mercadoria, pode-se
precisar de uma ou duas licenças.

O processo para que o despachante consiga retirar a licença pode levar de 2 a 3


dias uteis para dimensões até 5M de altura, e acima dessa dimensão, terá um prazo de 5
à 10 uteis, devido a consulta em todas as rodovias que irá trafegar para a realização do
cálculo da altura de pontes, passarelas e etc. Devido ao prazo da documentação
necessita-se de uma demanda programada, ou seja, para conseguir atender a demanda
do cliente com tempo antecipado junto à documentação. Para obtenção da licença junto
aos órgãos é necessária uma documentação de porte obrigatório, como: Certificado de
licenciamento da unidade tratora e semirreboques; Projeto do veículo transportador;
Dimensões e peso da mercadoria; Manifesto da carga, catálogos, ou Declaração do
fabricante da peça, para fins de comprovação do peso.

Todo procedimento para obtenção da licença existe um preço pré-definido e


prazo de validade pré-definido, para as licenças estaduais com o preço inicial de R$
135,34 e a federal no valor de R$ 59,60, já com o reajuste de 19 de setembro de 2017.
Os prazos de validades são de acordos com as medidas do conjunto transportador, onde
existem prazos de 30 dias, 90 dias e 365 dias. As figuras 3 apresenta o modelo de AET
Estadual.
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Figura 2 - AET Estadual.

Fonte: Formulário de Preenchimento de AET (DER,2005).


3.1.4 TRANSPORTE

Verificado a documentação, com relação aos órgãos competentes em


decorrência do trajeto, observa-se e verifica-se o estado de conservação do veículo
escolhido, para que esteja adequado conforme o CONTRAN. Após o processo realiza-
se um Check-List, na unidade tratora e semirreboque para verificar se não está faltando
alguma coisa em relação a documentação, e a documentação de porte obrigatório como
a AET, e ao veículo e aos acessórios.

Após a análise do veículo, precisa-se verificar quais são as rodovias que o DER,
e DNIT autorizou o tráfego, a mesma vem sinalizada na AET no campo rodovias SP e
assim entra-se em contato para verificar se há alguma restrição referente ao dia que irá
se trafegar, como por exemplo, se já existir uma mercadoria com dimensões maiores de
outro transportador, muito fluxo na via, e acidente.

Na maioria dos casos, as cargas excedentes indivisíveis o horário de trafego é


das 06h00 às 18h00 conforme AET, pois existem restrições com relação as condições
climáticas, acidentes na estrada, obras na rodovia, volume de trafego, domingos e
feriados, etc., após todas as etapas citadas pode-se enfim começar o tráfego entre a
origem até a chegada ao cliente final, todo esse procedimento é monitorado via satélite,
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tanto para acompanhamento do local preciso do veículo para o transportador, quanto


para a segurança e acompanhamento do cliente.

No ano de 2016 houve 93 viagens, e dentre essas viagens, houve 30 paradas pela
fiscalização de trânsito, e caso haja erros e incongruências no transporte, acarretará
prejuízos de tempo e custo, tanto para o transportador quanto para o cliente. (Fig.4)
Figura 4. Relação entre viagens e paradas pela fiscalização (ano/2016).

24%

76%

Viagens (ano) Fiscalização(ano)

Fonte: Autor, 2017

4 CONCLUSÕES
O planejamento administrativo e logístico no transporte de cargas indivisíveis
excedentes foi apresentado, e pode observar que questões burocráticas e logísticas junto
aos órgãos responsáveis pelo transporte são importantes para que no transporte não
ocorra nenhum erro ou imprevisto, o que pode diminuir o nível de serviço entre a
empresa transportadora e o cliente, ocasionado prejuízos de tempo e custos
relacionados.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Registro Nacional de Transporte de Cargas - RNTRC em Números. Agência Nacional de


Transporte Terrestre-ANTT.Disponível em:<
http://appweb2.antt.gov.br/rntrc_numeros/rntrc_TransportadorFrotaVeiculo.asp>.Acesso em: 29 set.
2017.

BRASIL. Guia do Transporte Rodoviário de Cargas. Guarulhos. Disponível em:<


http://www.guiadotrc.com.br/noticiaid2.asp?id=32290> Acesso em: 05 out.2017

RAMOS, S.A.P.; CARDOSO, P.A.; CRUZ, M.M.C. Atributos considerados sobre sustentabilidade no
transporte rodoviário de carga. XXVIII ANPET, Congresso de Pesquisa e Ensino de Transportes,
Curitiba, 24 a 28 nov.2014.

SOUZA, D.F. A competitividade logística do Brasil: Um estudo com base na infraestrutura existente,
Revista de Administração, v.10, n.7, p.135-144, 2012.

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