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RELATÓRIO DE LEVANTAMENTO
INDICADORES DE PROJETOS DE INVESTIMENTO
MATURIDADE – VALOR - PRAZO
Outubro 2023
TC 019.166/2023-0
Fiscalização: 106/2023
Relator: Benjamin Zymler
DA FISCALIZAÇÃO
Instrumento: Levantamento.
Ato originário: 9.5.1.2 do Acórdão 2.695/2022-TCU-Plenário, relativo ao Fiscobras 2022
Objeto da fiscalização: Projetos, programas e políticas relacionadas a obras públicas.
Ato de designação: Portarias de Fiscalização 289/2023 (peça 3) e 294/2023 (peça 4).
Composição da equipe:
AUFC Matrícula
Roberta Deisy Cabral (coordenadora) 11231-3
Vladimi José Daniel de Assis (supervisor) 8603-7
Cristiane Ferreira de Araujo Melo 3103-8
Ivan Lúcio Santillo 8657-6
Rafael Martins Gomes 8680-0
PROCESSOS CONEXOS
TC 013.159/2022-4; TC 015.103/2023-4
Sumário
I. LISTA DE SIGLAS
III. INTRODUÇÃO
1. A presente Fiscalização do tipo Levantamento, de relatoria do Exmo. Ministro Benjamin
Zymler, autorizada por meio de despacho em processo específico - PFIS (TC 015.103/2023-4), é
decorrente do item 9.5.1.2 do Acórdão 2.695/2022-TCU-Plenário (TC 013.159/2022-4), no qual foi
acolhida a proposta da Coinfra de realização de avaliação-piloto para:
9.5.1.2. desenvolver e testar indicadores específicos para buscar compreender o nível ou grau de
maturidade de projetos-chave de obras públicas, de evolução do volume de investimentos,
quantidade de recursos executados e de prazos de implantação de projetos, programas e políticas
relacionadas a obras públicas;
2. Vale destacar a importância e a pertinência ressaltadas no Levantamento proposto, nos
termos do voto do Relator do Fiscobras 2022:
Voto do Acórdão 2.695/2022-TCU-Plenário:
17. Nesse sentido, para minha satisfação, por meio do Acórdão 2.579/2021-TCU-Plenário
(relatoria do Exmo. Ministro Augusto Nardes), relativo ao Fiscobras 2021, o TCU apresentou as
seguintes orientações à Segecex:
(...)
9.5.2. avalie a viabilidade de aprimorar a utilização de indicadores no âmbito do Fiscobras, com
vistas a mensurar com fidedignidade a qualidade da infraestrutura dos diversos setores do país,
bem como medir o desempenho da atuação governamental, o que pode ser um relevante insumo
para nortear as ações dos Poderes Executivo e Legislativo;
(...)
20. Assim, julgo pertinente a proposta da Coinfra para que, no Fiscobras 2023, sejam realizadas
avaliações piloto para desenvolver e testar indicadores específicos para buscar compreender
o nível ou grau de maturidade de projetos-chave de obras públicas, de evolução do volume de
investimentos, quantidade de recursos executados e de prazos de implantação de grandes
projetos, programas e políticas relacionadas a obras públicas.
(grifos acrescidos)
3. A respeito do tema relativo à maturidade dos projetos de grandes obras públicas e das
correspondentes informações sobre valor e prazo de implantação, no âmbito legislativo, o §15 do
art. 165 da Constituição Federal de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 102/2019, trouxe
obrigação para a União de organizar e manter registro centralizado de projetos de investimento,
contendo, por Estado ou Distrito Federal, pelo menos, análises de viabilidade, estimativas de custos
e informações sobre a execução física e financeira.
custeados com recursos dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social, enumerando em seu art. 3º os
seguintes objetivos para o CIPI:
I - identificar os projetos de investimento em infraestrutura e possibilitar o acesso aos atos, aos
documentos e às informações a eles associadas;
II - padronizar as informações relativas aos projetos de investimento em infraestrutura; e
III - propiciar a transparência, o controle social, a fiscalização e a gestão de projetos de
investimento em infraestrutura.
6. A Portaria SEGES/ME 25.405, de 23 de dezembro de 2020, alterada pela Portaria MGI-
SEGES n. 4.322, de 15 de agosto de 2023, regulamentou o CIPI no âmbito dos órgãos e entidades do
poder Executivo Federal, integrantes dos orçamentos fiscal e de seguridade social. Essa norma exige
que sejam registradas no CIPI todas as intervenções que recebam recursos dos orçamentos fiscal e da
seguridade social e define como intervenção o conjunto de medidas relacionadas a um mesmo projeto
de investimento.
7. Complementa ainda o arcabouço legal relativo ao tema projeto de investimentos em
sentido amplo, o Plano Plurianual de Investimentos (PPA) que deve contemplar todo investimento
cuja execução ultrapasse um exercício financeiro (art. 167, §1º da Constituição Federal), bem como
a própria Lei Orçamentária Anual (LOA), que com as alterações trazidas pela emenda constitucional
102/2019 poderá conter previsões de despesas para exercícios seguintes com a especificação dos
investimentos plurianuais e daqueles em andamento (art. 165, §14).
8. As recentes normas mencionadas, contemplando desde o dispositivo constitucional
incorporado pela EC 102/2019 até a portaria interministerial, prescrevem o desenvolvimento de um
banco de dados de obras públicas consistente, completo e confiável. Por enquanto, há vários bancos
de dados esparsos, conjuntamente com o CIPI, o qual se encontra em desenvolvimento. O caminho
exigirá esforços da Administração Pública no sentido de coletar e preencher os dados
simultaneamente ao planejamento, à contratação e à execução.
9. Nesse contexto, espera-se que este trabalho de desenvolvimento de indicadores de
maturidade de projetos, de valor e de prazo de implantação de empreendimentos forneça elementos
para viabilizar sua utilização no âmbito do Fiscobras, além de contribuir para a verificação do
desempenho dos gestores de obras públicas. No futuro, espera-se que sejam constituídos campos no
portal oficial de obras públicas para apresentação dos indicadores ora desenvolvidos, permitindo a
todos o acesso às informações de cada empreendimento onde haja recursos do governo federal.
Indicadores são dados que possibilitam desde acompanhar o andamento até medir o cumprimento
dos objetivos de uma política. Eles se referem à quantidade, à qualidade, ao cronograma e
aos custos observados comparativamente (IPEA, 2018).
Índice é um caso especial de indicador. Para entender melhor a diferença entre eles, podemos
dizer que um indicador possui uma unidade de medida (%, km/l, ton/hh, etc), enquanto um índice
utiliza pontos para medir sua evolução. Índices, geralmente, têm características gerenciais, ou
seja, tratam de grandezas complexas com caráter agregativo e sintético (resumem o
comportamento de muitos valores) por meio de uma pontuação adimensional, e são utilizados
quando se quer mostrar: (a) a evolução de uma determinada variável em relação a um valor de
referência temporal; (b) a composição de vários indicadores ponderados para formar um novo
valor que agregue seu comportamento equivalente; e (c) a quantificação de avaliações qualitativas
como “confiança do consumidor”, “sentimento econômico”, “clima de negócios”, etc.
(FRANCISCHINI E FRANCISCHINI, 2017). (grifos acrescidos)
torno do uso de fichas de documentação dos indicadores. Basicamente, tabelas, muito empregadas
por diversas organizações e países (UCHOA, 2013), que aglutinam as principais informações, como
descrito na Tabela 1:
Tabela 1 – Elementos para ficha de documentação de um indicador
Elemento Detalhamento
Indicador Nomeia o indicador de forma sucinta e clara. Usualmente podem ser usados
termos como: taxa, índice, percentual, coeficientes, entre outros.
Prazo máximo para Define, dentro do período de apuração, o tempo máximo para que o indicador
apuração seja apurado
Fonte de dados Define a fonte de origem dos dados para o cálculo do indicador. Os dados podem
ser fornecidos por diversas fontes, incluindo agências governamentais,
instituições acadêmicas, bancos de dados governamentais e relatórios e
questionários
Fórmula de Cálculo Descreve a fórmula matemática que representa o modo de calcular o indicador,
a partir de suas variáveis
O que o indicador Define precisamente para que propósitos ou fins determinados o indicador é
mostra utilizado. Ou seja, não se trata de uma repetição da descrição, mas sim uma
explicação do que se quer alcançar com o uso desse indicador.
O que pode causar o Detalha o que pode causar o resultado abaixo do esperado em relação a meta do
resultado aquém da indicador
meta
29. Encerrada essa exposição de cunho teórico, adentra-se efetivamente no cerne do presente
trabalho, mediante a exposição fundamentada dos indicadores concebidos para atender ao disposto
no item 9.5.1.2 do Acórdão 2.695/2022-TCU-Plenário.
10. Com efeito, há bastante tempo esta Corte se debate com a falta de planejamento adequado,
com a falta de estudos técnicos consistentes, mormente os que tratam da viabilidade técnica e
econômica dos empreendimentos. Não me refiro somente às obras aeroportuárias, mas também
às obras rodoviárias, apenas para citar mais um caso de inadequação de projetos.
11. Tal prática leva, inexoravelmente, a sobrepreços, superfaturamentos e toda sorte de desvios
contra o Erário e, de conseguinte, causa perdas irreparáveis à sociedade brasileira, que sente
falta de serviços públicos adequados, e os desvios levam à paralisação futura ou atraso das
obras e serviços em andamento. (grifos acrescidos)
37. No ensejo de analisar crítica e quantitativamente esse cenário e contornar tal realidade se
faz oportuna a construção de indicadores que retratem, com amostras significativas, o que a sobredita
jurisprudência vem reportando de forma qualitativa e binária, basicamente indicando se há ou não
EVTEA, se tais estudos são ou não bem elaborados e se os projetos eram ou não adequados. Isto é,
avança-se para se obter uma medida da maturidade. Conceito este que pode ser apreendido como o
quanto um processo é capaz de promover o alcance de seus objetivos (BRASIL, 2020).
38. Com esse aprimoramento, subsidiar-se-á o processo decisório de forma mais refinada,
tanto pela perspectiva do controle como do jurisdicionado. Isto é, serão facilitados, até mesmo pela
maior transparência, o planejamento e controle do desempenho, assim como a melhoria contínua dos
processos associados.
39. No entanto, em sua essência, a maturidade dos projetos – aqui referenciados em sentido
amplo, não apenas os projetos de engenharia, mas também todos os estudos que o antecedem –, pode
ser percebida com um campo multidisciplinar (FLYVBJERG, BRUZELIUS e ROTHENGATTER,
2003) e, por isso mesmo, impactada por um vasto leque de variáveis. Essa complexidade impõe
parcimônia na busca por um indicador – ainda mais em se tratando de uma avaliação-piloto – visto
ser crucial um balanceamento entre utilidade e simplicidade de comunicação.
40. Ciente dessas condições de contorno, optou-se pela consideração de arcabouços teóricos
mais consolidados no que tange à temática da viabilidade de projetos de infraestrutura.
Ação 01 Descrição do projeto, seu contexto e objetivos específicos Estratégica Proposta Inicial
de Investimento
Ação 10 Estimativa dos custos, capacidade de custeio e capacidade Financeira Proposta Inicial
de obter financiamento de Investimento
Ação 12 Plano de projeto inicial e plano de controle de qualidade e Gerencial Proposta Inicial
aprovações de Investimento
Ação 13 Partes interessadas, ações de engajamento e plano de gestão Gerencial Proposta Inicial
de mudanças de Investimento
Ação 14 Plano inicial para identificação dos benefícios públicos Gerencial Proposta Inicial
de Investimento
47. No citado trabalho, essas ações abarcam um conjunto de procedimentos que antecedem a
execução do empreendimento, relacionando-se ao plano de desenvolvimento regional, estudo do
aproveitamento de recursos hídricos e EVTEA. Em síntese, o IMP consiste em um percentual que
reflete a proporção dessas vinte e uma ações que foram ou não cumpridas, tendo o resultado variando
de zero a um, em que a unidade (100%) indicaria o atendimento integral (21/21).
48. Avançando, impende assentar que o sobredito IMP, devido à consistência da metodologia
que lhe serve de pano de fundo, possui aplicabilidade presumida para outras tipologias de obras, além
das de infraestrutura hídrica. Tal aspecto é reforçado ao se revisitar toda a literatura especializada
citada neste tópico, a qual discorre sobre o 5CM ou M5D sem indicação de quaisquer vedações para
um determinado tipo de investimento, o que já poderia ser depreendido ao se estudar as nuances do
método em si.
49. Com efeito, os testes conduzidos em sede deste levantamento indicaram a utilidade
compatível com uma avaliação-piloto. Ademais, o próprio Guia de Estruturação de Propostas de
Investimento em Infraestrutura do então Ministério da Economia é assertivo sobre a aplicabilidade
do M5D “para todos os tipos de projetos e programas de infraestrutura”, além de ser escalonável,
podendo ser aplicado em projetos de menor porte ou de maior vulto e ser implementado em qualquer
país, independentemente do sistema legal.
50. Em detalhes, para que melhor se compreenda a forma de cálculo do IMP, pode-se assentar
que o processo consiste na identificação de elementos técnicos, no bojo da documentação relativa a
cada objeto (todos os atos praticados no procedimento administrativo de planejamento do
empreendimento que culmina com a publicação do edital da licitação), que evidenciem o
cumprimento/não cumprimento das vinte e uma ações do M5D.
51. Há ainda a possibilidade de indicação de “não aplicável” para alguma(s) dessas ações,
condição essa que deve ser fundamentada e vista como cada vez mais rara daqui em diante. Sendo
assim, a consulta focou-se em estudos técnicos preliminares, EVTEA, relatórios de estudo de
alternativas, contratos de consultorias, entre outras fontes pertinentes, relacionadas à aferição da
maturidade de um dado investimento. Desse modo, tem-se um trabalho amplo de consulta e avaliação
em torno de diversos documentos. Em termos analíticos, a formulação inicialmente cogitada é:
Variação Variação
R$ (%) R$ (%)
IMP 0,3
V3 IMP 0,3
IMP 0,5
V2
IMP 0,5
IMP 0,7
V1
IMP 0,7
M1 Valor do Valor do
Investimento Investimento
58. Dentro do exemplo conjecturado, seria possível predizer com o ábaco à esquerda que à
medida que o porte do investimento aumenta (eixo X ou das abcissas indo à direita – “valor do
investimento”) há um crescimento decrescente (inclinação da curva vai ficando cada vez menor) da
variação do investimento (eixo Y ou das ordenadas indo para cima – “variação R$ (%)”). E ainda,
que quanto pior a nota do indicador de maturidade, maior tende a ser a variação entre o investimento
esperado e o investimento realizado. Veja que, por exemplo, um empreendimento com investimento
estimado em “M1”, teria variações a maior de M1 equivalente a V1, V2 ou V3 (em que V1<V2<V3)
a depender da nota do IMP (0,7; 0,5 e 0,3, respectivamente). A seu turno, os dados também podem
vir a revelar um outro formato entre “IMP”, “valor do investimento”, “variação do investimento”, de
modo que o comportamento deste último seguiria uma tendência de crescimento crescente quanto
maiores o porte da obra e piores o IMP.
59. Interessante reportar que a lógica dos ábacos acima aventados já é realidade para trabalhos
Fonte: Contract Strategies for major projects – mastering the most difficult element of Project management- Edward W.
Merrow, p. 231
empreendimentos foram consultados. No entanto, pelos motivos já mencionados optou-se pelo M5D.
Nesse rol de técnicas, vale compartilhar a abordagem “premortem” em que, ao contrário de tecer
exames tardios, assemelhados a autópsias, a equipe do projeto, quando tudo ainda está no papel, parte
da premissa posta de que o empreendimento falhou e se força a conjecturar quais elementos
concorreram para o insucesso, tentando com isso mitigar vieses, identificar riscos ignorados e majorar
a chance de entrega da obra (KEN, 2007). Obviamente, trata-se de uma prática recomendada para
quaisquer resultados do IMP e que precisa de amplo apoio da alta gestão.
metodologia pertinente, utilizando o CIPI como plataforma preferencial, bem como sistematizar
e disponibilizar essas informações com transparência e inteligibilidade à sociedade, aos órgãos de
controle e ao Congresso Nacional. (grifos nossos).
66. Em que pese o esforço que vem sendo empreendido para dar transparência ao
planejamento de longo prazo, ainda restam algumas lacunas que precisam ser preenchidas. Por
exemplo, cita-se a dificuldade de se obterem dados confiáveis em relação aos custos e prazos de
empreendimentos de maior porte que contemplam um conjunto de obras distintas, executadas por
meio de contratos específicos.
67. As grandes obras públicas demandam, em geral, período de execução mais longo que
um exercício financeiro. Por essa razão são inseridas como investimentos plurianuais no PPA. Nesse
trabalho denominamos de empreendimento cada grande obra pública relacionada como um
investimento plurianual no PPA. Em regra, esses empreendimentos são concretizados por meio de
um ou mais contratos/instrumentos congêneres pagos com recursos da respectiva ação orçamentária
prevista na LOA. Pode haver um ou mais contratos/instrumentos congêneres principais de obras civis
e outros secundários nessa mesma ação.
68. Sobre essas grandes obras públicas, em que pese seja tema de alguns dos painéis citados,
como o CIPI, ainda não é possível obter informações gerais compreendendo todos os contratos que
as compõem, a exemplo de valor e prazo de implantação inicialmente previstos e valor e prazo
efetivamente realizados. Em alguns casos é possível obter informações apenas de contratos
específicos, mas não de todo o empreendimento.
69. No PPA 2020/2023 atualmente vigente, por exemplo, entre os denominados
investimentos prioritários listados na Seção I do seu Anexo 3, há treze investimentos relativos ao
programa finalístico “3006 - Transporte Terrestre e Trânsito”, que compreendem, cada um, uma
grande obra pública (ou empreendimento), com informações gerais sobre data de início, data de
término e valor total estimado, conforme pode ser visto na Tabela 3 a seguir:
Tabela 3 - Investimentos plurianuais prioritários PPA 2020/2023: Programa 3006
Valor Valor
Início Término Estimado Estimado
Cod. Investimento
PPA PPA Total Período
(R$) (R$)
0399 BR-101/AL - Adequação - Divisa AL/PE 01/03/2010 31/12/2023 2.639.978.872 374.887.673
- Divisa AL/SE
0285 BR-101/BA - Adequação - Divisa 01/05/2014 31/12/2023 1.166.701.857 374.887.673
SE/BA - Entr. BR-324
0408 BR-116/RS - Adequação - Eldorado do 20/08/2012 30/03/2014 1.987.388.094 470.695.055
Sul – Pelotas
0397 BR-163/MT - Adequação - 30/04/2009 01/12/2022 2.184.467.067 154.697.098
Rondonópolis - Cuiabá - Posto Gil
0391 BR-163/PA - Construção - Divisa 01/02/2010 01/12/2022 2.550.293.633 146.809.879
MT/PA - Santarém
0429 BR-163/PR - Adequação - Cascavel – 01/07/2011 30/12/2022 601.995.484 163.391.708
Guaíra
0454 BR-163/PR - Adequação Entr. BR-277 - 01/05/2014 31/12/2022 735.151.010 127.085.006
Cascavel – Marmelândia
0282 BR-280/SC - Adequação - S. Francisco 01/12/2013 31/07/2023 1.363.211.040 375.982.828
do Sul - Jaraguá do Sul
0286 BR-381/MG - Duplicação - Gov. 01/07/2014 31/12/2024 4.699.255.814 194.448.550
Valadares - Belo Horizonte
0284 BR-470/SC - Adequação - Navegantes - 01/05/2013 31/12/2003 1.197.037.316 441.213.906
Rio do Sul
72. Embora o citado Relatório de Monitoramento relativo ao exercício de 2020 tenha trazido
informações relativas à execução de cada empreendimento listado como investimento prioritário, não
foram disponibilizadas informações sobre os valores e prazos inicialmente previstos para fins de
comparação. É de se registrar que não foram localizados relatórios relativos aos demais investimentos
plurianuais (que não os “prioritários”), bem como não foram localizados relatórios de monitoramento
de investimentos prioritários relativos aos exercícios 2021 e 2022.
73. A complementação dessas informações mostra-se relevante, na medida em que conhecer
o desempenho em termos de valor e prazo das obras públicas, além de contribuir para o cumprimento
do princípio constitucional da transparência, fornece aos responsáveis pela formulação de políticas
públicas elementos para análises de novos investimentos a partir dos valores e desempenhos
históricos observados, bem como, aos responsáveis pela gestão de empreendimentos em andamento,
elementos para adoção tempestiva de medidas mitigadoras ante eventual detecção de desvios acima
dos esperados.
74. Nesse rumo, trabalho recente deste Tribunal desenvolvido no âmbito do projeto
“Viabilidade em Foco II” – Guia Prático Reference Class Forecasting (RCF): Metodologia para
Projetos de Infraestrutura de Transporte no Brasil (TCU e GIZ promovem webinário internacional
sobre megaprojetos de infraestrutura | Portal TCU) –, a partir de dados de obras rodoviárias e
ferroviárias federais, indicou que os desvios em relação aos valores inicialmente previstos para tais
tipos de obras não diferem de forma significativa daqueles verificados em outros países.
75. Todavia, houve dificuldades para estabelecer comparação com dados internacionais pelo
fato de os dados brasileiros serem agrupados em nível de contrato que pode abranger apenas parte do
projeto, fato que acabou por limitar a confiabilidade da análise realizada, tendo em vista não ter sido
possível identificar, de forma segura, os custos iniciais e finais de boa parte do conjunto de contratos
dos empreendimentos avaliados.
76. Tendo em vista a lacuna de informações acima reportada e buscando contribuir para a
solução desse problema, neste trabalho ponderou-se pelo desenvolvimento de um indicador capaz de
revelar o quanto cada empreendimento tem o seu valor inicialmente previsto alterado no decorrer de
sua implantação. Para tanto, concebeu-se a seguinte fórmula para o indicador de valor de investimento
(iValor), em que o numerador representa o valor final da obra (ValorFinal) e o denominador o seu
valor inicial de referência (ValorInicialRef):
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟𝐹𝑖𝑛𝑎𝑙
𝑖𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 = ― 1 𝑥 100
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟𝐼𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙𝑅𝑒𝑓
Equação 2 – iValor primeira versão
77. O indicador ora proposto ancora-se na mesma ideia do já citado projeto “Viabilidade em
Foco II” de identificação dos acréscimos de valores em relação aos inicialmente previstos, revelando
o quanto seu custo foi majorado ao longo de sua implantação, buscando considerar os dados relativos
ao conjunto de contratos/instrumentos congêneres que compõem o empreendimento. Em que pese a
simplicidade do conceito, tais informações não estão atualmente disponíveis de forma sistematizada.
78. Por exemplo, uma possibilidade para obtenção desses dados seria por meio do CIPI. Isso
porque a Portaria SEGES/ME 25.405/2020, que regulamentou inicialmente o CIPI, exige o cadastro
do “investimento previsto” (art. 3º, §1º) definido como “valor total previsto, em reais, considerando
todas as fontes de recursos que financiam a intervenção, até a conclusão ou entrega do ativo de
infraestrutura” (art. 2º, inciso XVIII). No art. 11 a norma prevê que o CIPI disponibilizará
adicionalmente o “valor do investimento previsto e efetivo desembolsado”.
79. Todavia, não se obteve sucesso a partir de pesquisa nesse cadastro. Dada essa dificuldade
e considerando o caráter piloto do presente trabalho, neste primeiro momento, para concepção inicial
da metodologia do indicador de valor de investimento iValor, foram estabelecidas algumas premissas,
de modo a viabilizar a obtenção dos dados.
80. De início, definiu-se que aqueles investimentos plurianuais listados no PPA vigente,
relativo ao quadriênio de 2020/2023, que compreendem obras públicas, seriam o objeto do indicador,
deixando para um segundo momento obras públicas executadas por meio de estatais independentes,
como a Petrobras, ou mesmo por meio de concessões.
81. Entre os investimentos plurianuais listados no PPA 2020/2023 que compreendem obras
públicas, optou-se ainda por definir como escopo para concepção inicial do indicador apenas aqueles
classificados como prioritários, sendo escolhidos os doze investimentos prioritários do programa
finalístico “3006 - Transporte Terrestre e Trânsito” sob responsabilidade do Departamento Nacional
de Infraestrutura de Transportes – Dnit. Adotou-se essa opção considerando que o Dnit dispõe de
sistemas de informação (SIAC, SUPRA e SIMDNIT) com dados relativos ao acompanhamento dos
contratos firmados pela autarquia e que poderiam ser acessados pela equipe de auditoria com relativa
facilidade.
82. Estabelecidas essas premissas gerais, para calcular o iValor, conforme equação acima
proposta, fez-se necessário definir quais seriam os valores inicialmente previstos (ValorInicialRef) e
os valores finais (ValorFinal) de implantação de cada obra pública.
83. Quanto ao valor inicialmente previsto (ValorInicialRef) havia como opções adotar o valor
proveniente do estudo de viabilidade da obra, o valor estimado pela Administração para fins de
licitação dos contratos que a compõem ou mesmo a soma dos valores efetivamente contratados para
sua implantação.
84. Quanto à primeira alternativa, para os investimentos prioritários selecionados nesta etapa
de concepção inicial do indicador de valor do investimento não foi localizado nos sistemas do Dnit
informação sobre o valor previsto em eventual estudo de viabilidade. Em verdade, obras incluídas no
então Programa de Aceleração do Crescimento - PAC, entre 2008 e 2018, estavam dispensadas de
elaboração de tais estudos pela Portaria DNIT 1.562/2008 que somente veio a ser revogada em
outubro/2018, em cumprimento ao Acórdão 1.884/2016-TCU-Plenário. Dada essa dificuldade,
descartou-se, neste primeiro momento, a utilização de tais valores como referência de valor inicial
para cálculo do iValor.
85. Assim, restaram as opções de utilizar o valor de referência adotado nas licitações ou o
valor efetivamente contratado. Diante disso, considerou-se que o valor inicial do contrato seria o mais
adequado para ser utilizado como referência (ValorInicialRef), uma vez que denota um valor validado
por certame licitatório.
86. Outro obstáculo a ser enfrentado diz respeito a equalização das data-base dos diversos
valores obtidos nas consultas nos sistemas de informação do Dnit. A esse respeito, cabe lembrar que,
conforme já mencionado anteriormente, os investimentos plurianuais costumam ser implantados a
partir de mais de um contrato. Na amostra selecionada, verificou-se que nem sempre tais contratos
estão em uma mesma data-base. Desse modo, optou-se por adotar o Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo - IPCA, índice oficial de inflação, para fins de ajustar os valores para uma mesma
data-base que, neste caso, foi escolhido o mês de junho/2019, por ser o de referência para os valores
apresentados no PPA 2020/2023.
87. Também foi preciso estabelecer diretriz para tratar dados relativos a empreendimentos
cujos contratos inicialmente estabelecidos para sua implantação foram rescindidos, sendo
formalizados contratos para execução de remanescentes. Em outros casos, foram formalizados ainda
contratos complementares. Em vista disso, para definição do valor inicial de referência, entendeu-se
que somente os valores relativos aos contratos originais, abrangendo todo o empreendimento,
deveriam ser computados, uma vez que os demais contratos, de remanescentes e/ou complementares,
tais como aditivos, já constituem alterações de valor decorrentes da fase de implantação do
empreendimento.
88. Desse modo, quando o empreendimento contempla mais de um contrato, optou-se por
somar o valor inicial de cada um dos contratos originais que o compõem, ajustando-os para a mesma
data-base pelo IPCA, obtendo-se dessa forma o valor inicial de referência (ValorInicialRef) a ser
considerado no denominador da fórmula de cálculo do iValor.
89. Quanto ao valor final (ValorFinal) a ser utilizado como numerador no cálculo do iValor,
a princípio, bastaria somar os valores finais dos contratos que compõem o empreendimento ajustados
para a mesma data-base. Conforme já exposto, contudo, há investimentos plurianuais com contratos
rescindidos, com contratos de remanescentes de obras e/ou com contratos complementares. Nestes
casos, o valor final da obra deve contemplar o valor total nela aplicado, inclusive em contratos
encerrados com execução parcial por qualquer que seja o motivo.
90. Para empreendimentos ainda não concluídos, em que não é possível apenas somar os
valores efetivamente dispendidos, optou-se por considerar como valor final aquele correspondente à
soma dos contratos mais recentes, já incluídos os correspondentes aditivos de valor, acrescidos dos
valores efetivamente já dispendidos em contratos anteriores. No caso de uma obra, por exemplo, cuja
execução tenha sido planejada por meio da formalização de três contratos A, B, e C, mas que no
decorrer de sua implantação o contrato B tenha sido rescindido e um novo contrato D, de
remanescente de obras do B, tenha sido efetuado, o valor final de implantação deverá ser a soma dos
contratos A, C e D, considerando os correspondentes aditivos, acrescido do valor já dispendido no
contrato B rescindido.
91. Em razão disso e considerando que não se mostra producente aguardar a conclusão do
empreendimento para somente então ser obtido o indicador, decidiu-se por renomear o numerador da
equação para cálculo do iValor de ValorFinal para ValorFinalUlt, para contemplar não apenas o valor
final do empreendimento quando de sua conclusão, mas também o valor final mais recente
oficializado no decorrer de sua implantação aqui referenciado como “último”.
92. Nesse sentido, para cálculo do iValor conforme a metodologia inicialmente concebida,
há que se considerar a seguinte equação:
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟𝐹𝑖𝑛𝑎𝑙𝑈𝑙𝑡
𝑖𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 = ― 1 𝑥100
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟𝐼𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙𝑅𝑒𝑓
Equação 3 – iValor segunda versão
93. Estabelecida a concepção inicial do indicador iValor e das correspondentes informações
consideradas necessárias para calculá-lo, passou-se para a fase de teste-piloto propriamente dita,
conforme será visto em tópico específico (Tópico VI.2) adiante.
95. Um indicador de prazo permitirá dar transparência aos atrasos de cronograma ainda
durante a etapa de implantação das obras, indicando situações que podem demandar a adoção de
medidas por parte dos responsáveis pela execução dos contratos, ao mesmo tempo em que oferecerá
maior publicidade.
96. No caso de obras concluídas, a partir dos resultados consolidados do indicador de prazo,
ter-se-á um banco de dados com informações dos efetivos prazos demandados para a concretização
do investimento público. Com isso, agregam-se subsídios aos processos de tomada de decisão sobre
novos empreendimentos e às políticas públicas dos setores envolvidos.
97. Tais ponderações denotam a relevância de serem disponibilizados dados tempestivos e
confiáveis a respeito da condução dos investimentos em obras públicas. Nesse sentido, conforme já
visto no tópico relativo à concepção inicial do indicador sobre Valor de Investimento (iValor), nos
últimos anos as informações sobre a despesa pública estão se tornando cada vez mais disponíveis
para consulta de qualquer cidadão por meio de endereços eletrônicos relativos a portais e a painéis de
informações, inclusive com alguns específicos sobre obras públicas, como o Painel do Obrasgov.br,
que operacionaliza o CIPI.
98. Em que pese a existência de tais painéis, conforme já exposto, ainda não é possível obter
informações básicas, como valor e prazo de implantação inicialmente previstos e valor e prazo
efetivamente realizados, sobre obras executadas a partir de vários contratos, mas tão somente das
obras menores em que elas costumam ser subdivididas.
99. Em relação especificamente aos prazos, para aqueles investimentos plurianuais que
compreendem obras públicas, há nos PPAs informações sobre datas de início e de término previsto,
conforme pode ser visto na Tabela 3 com dados sobre os treze investimentos relativos ao programa
finalístico “3006 - Transporte Terrestre e Trânsito” do PPA atualmente vigente. Não há informações,
contudo, sobre o prazo inicialmente previsto, não sendo possível conhecer o desempenho em relação
ao cumprimento deste quesito.
100. Tal como no caso do indicador de valor, tendo em vista a lacuna de informações acima
reportada, ponderou-se pelo desenvolvimento de um indicador capaz de suplantar esse obstáculo,
revelando o quanto determinada obra pública tem o seu valor inicialmente previsto alterado no
decorrer de sua implantação. Para tanto, concebeu-se a seguinte fórmula para o indicador de prazo de
implantação (iPrazo), em que o numerador representa o prazo final “último” da obra (PrazoFinalUlt)
– denominado “último” para permitir o cálculo do indicador não apenas ao término do
empreendimento, mas também durante sua implantação, considerando o último prazo estimado para
conclusão no momento em que for aferido –, e o denominador o seu prazo inicial de referência
(PrazoInicialRef):
𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜𝐹𝑖𝑛𝑎𝑙𝑈𝑙𝑡
𝑖𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜 = ― 1 𝑥 100
𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜𝐼𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙𝑅𝑒𝑓
Equação 4 - iPrazo
101. O indicador ora proposto, tal como no caso do iValor, também se ancora na mesma ideia
do projeto Viabilidade em Foco II, de identificação de alterações de prazo em relação aos inicialmente
previstos, revelando o quanto determinada obra teve seu prazo reduzido ou majorado durante sua
implantação.
102. Oportuno registrar que, no âmbito do mencionado trabalho realizado com análise de
dados de obras rodoviárias e ferroviárias federais, indicou-se que, resguardadas as ressalvas, os
acréscimos, em relação aos valores inicialmente previstos para obras realizadas no Brasil, não
apresentariam diferença significativa em relação aos acréscimos observados em outros países. Tal
trabalho indicou, contudo, que, no quesito relativo aos prazos inicialmente previstos, os acréscimos
observados seriam bastante superiores frente à realidade internacional.
103. Em que pese a inspiração no projeto Viabilidade em Foco II, no caso deste trabalho,
considerando o seu caráter piloto, decidiu-se, a exemplo do que foi feito no caso do indicador de valor
(iValor), estabelecer algumas premissas específicas para a concepção inicial da metodologia do
indicador de prazo de implantação de obras públicas.
104. Nesse sentido, foi definido que os investimentos plurianuais listados no PPA vigente, que
sejam obras públicas, constituem o objeto do indicador, deixando para um segundo momento obras
públicas executadas por meio de estatais independentes, como a Petrobras, ou mesmo por meio de
concessões.
105. Ainda a exemplo do caso do iValor, para concepção inicial do iPrazo optou-se por definir
como escopo apenas os investimentos plurianuais prioritários, sendo escolhidos os doze
investimentos prioritários do programa finalístico “3006 - Transporte Terrestre e Trânsito”, sob
responsabilidade do Dnit, cujos sistemas de informação (SIAC, SUPRA e SIMDNIT) já se
encontravam disponíveis para serem acessados pela equipe de auditoria.
106. Ademais, para calcular o iPrazo, tal como no caso do iValor, foi imperioso estabelecer
alguns critérios a mais.
107. Quanto ao prazo inicial de referência, a ser utilizado no denominador da equação,
levantou-se a possibilidade de se adotar aquele previsto no correspondente estudo de viabilidade.
Todavia, considerando não haver disponibilidade desse documento para todos os empreendimentos
selecionados, descartou-se essa alternativa.
108. Outra opção seria adotar o prazo contratual, o que não traria grandes dificuldades se as
obras fossem implantadas por meio de apenas um contrato e/ou instrumento congênere, o que,
conforme já visto, não costuma ocorrer.
109. Considerando, portanto, os casos recorrentes em que há mais de um contrato para
implantação da obra, aventou-se, inicialmente, a possibilidade de considerar como prazo de referência
aquele correspondente ao maior entre os diferentes contratos e, como marco inicial para contagem de
prazo, a data da primeira ordem de início de serviços, entre todos os contratos que comporiam o
empreendimento.
110. Para os casos nos quais todos contratos têm início praticamente no mesmo período não
se vislumbraram dificuldades para aplicação de tal regra. Contudo, verificaram-se óbices nos casos
de obras em que um dos contratos seja iniciado anos depois do primeiro – caso, por exemplo, da obra
BR-101/AL, em que o contrato 00 00831/2013 iniciou em novembro/2013, quase três anos depois
dos outros cinco contratos originais (00 00062/2010, 00 00159/010, 00 00247/2010, 00 00264/2010
e 00 00356/2010), iniciados no primeiro semestre de 2010. Há situações em que a sequência de
contratações decorre da imperiosa necessidade técnica de se executar uma parte da obra antes de
outra, ou seja, nos casos em que a conclusão de um determinado contrato seja pré-requisito para o
início de outro contrato subsequente. O principal embaraço para aplicação da regra nesses casos seria
em virtude de o indicador deixar de captar que o prazo inicial deveria contemplar necessariamente o
somatório dos prazos dos contratos individuais.
111. Descartada essa primeira alternativa e tendo em vista que as grandes obras constituem
investimentos plurianuais, cujas informações sobre data de início e término costumam constar nos
diferentes PPAs, optou-se por considerar como prazo inicial de referência (PrazoInicialRef) aquele
correspondente ao primeiro oficialmente declarado nos diferentes PPAs, desde o quadriênio de 2004
a 2007. Tal decisão foi embasada, sobretudo, em razão de o PPA consistir em um instrumento
constitucional de planejamento, o que pressupõe confiabilidade às informações nele registradas.
112. Quanto ao prazo final de implantação (PrazoFinalUlt) a ser utilizado para cálculo do
indicador, para obras concluídas, bastaria considerar o lapso de tempo entre a data de início e a data
de término das obras. Para obras ainda não concluídas, contudo, faz-se necessário definir como
determinar a data estimada para conclusão.
113. Uma primeira opção seria considerar a última data prevista para conclusão daquele
investimento plurianual no PPA, sem levar em consideração os dados relativos aos
contratos/instrumentos congêneres que o compõem. Outra opção seria considerar exatamente os
prazos previstos nos contratos/instrumentos congêneres que compõem a obra, tomando como prazo
previsto para conclusão aquela que seja a mais tardia.
114. Em meio a isso, ponderou-se que não é incomum que as datas oficialmente previstas para
conclusão em contratos/aditivos estejam defasadas em relação ao ritmo real de execução das obras.
Tendo isso em mente, aventou-se sobre a possibilidade de considerar uma estimativa de prazo de
conclusão do empreendimento a partir do seu ritmo de execução financeira. Tal opção teria a
vantagem de trazer uma perspectiva de conclusão da obra a partir de dados reais observados, o que,
por outro lado, depende de obtenção de informações mensais de medições de serviços de cada
contrato/instrumento congênere que compõem a obra, bem como não garante maior precisão em
relação às outras duas opções, uma vez que o ritmo de execução futuro poderá ser mais intenso, ou
menos intenso, que o até então observado.
115. Dadas essas nuances, na concepção inicial do indicador de prazo, optou-se por uma
solução mista para determinação da estimativa de prazo de implantação da obra: adotar aquela data
mais tardia entre a estabelecida na última revisão do PPA vigente e entre os contratos/instrumentos
congêneres que compõem a obra pública.
116. Em qualquer caso, optou-se por considerar como data de início de implantação da obra
aquela prevista na versão mais recente do PPA vigente, exceto se, comparada com as datas informadas
nas demais versões, sinalize decorrer de algum erro/equívoco material.
entende-se ser algo compatível com a própria organização das unidades especializadas do
TCU. Este atributo permite que os indicadores sejam testados quanto à “especificidade
da obra” e “representatividade”
c) Materialidade – ainda que o futuro dos indicadores propostos venha a ser a
integralidade dos empreendimentos auditados no âmbito do Fiscobras – o que, por si só,
já reuniria os objetos materialmente mais relevantes – faz-se oportuno que esse teste-
piloto se molde a tal perspectiva, até mesmo porque o item 9.5.1.2 do Acórdão
2.695/2022-TCU-Plenário delimitou esse escopo inicial para “grandes projetos de obras
públicas”. Este atributo auxilia na checagem da “utilidade”, “relevância para agenda
pública e social”;
d) Acórdão do TCU – na elaboração do indicador de maturidade, a preexistência de um
processo de controle externo com decisão do Plenário se reveste em critério concebido
no intuito de dar mais subsídios de forma célere para os objetos integrantes da amostra-
piloto. Isso se explica porque o contexto de coleta de informação é de dados, em sua
grande maioria, não estruturados. Além disso, o cenário ainda é de assimetria em vista do
desconhecimento dos gestores acerca deste trabalho. No caso, trata-se de um critério
temporário, pois não faz sentido presumir necessariamente a avaliação prévia pelo TCU
para as auditorias vindouras. No que tange aos indicadores de valores e de prazo, não se
considerou a existência de trabalhos anteriores nos empreendimentos, pois os dados
foram obtidos dos bancos de dados oficiais. Este quesito foi definido para propiciar a
“disponibilidade”;
e) Tempestividade – A lógica nesse quesito é de buscar objetos com maior proveito pela
perspectiva temporal. Desse modo, não se vislumbraria utilidade maior em selecionar um
empreendimento auditado há muito tempo. A seu turno, enxerga-se proveito em testar o
indicador de maturidade para um objeto em sua fase inicial, quando há maior
possibilidade de correção, mas também para um objeto concluso recentemente, a fim de
valorar se os eventos conhecidos (positivos e negativos) são compatíveis com o indicador
de maturidade resultante (maior ou menor, respectivamente) que embasou o início da
obra. No que toca aos indicadores de prazo e de valor de investimento, em sede de um
trabalho piloto, apura-se maior utilidade ao se cotejar empreendimentos em suas fases
finais, quando a maior parte das distorções e boas práticas já poderão ser identificadas,
sem prejuízo de avaliações concomitantes que se prestem a apontar tendências (de
estabilidade ou de descolamento positivo ou negativo). Por fim, para os casos futuros, há
um componente dinâmico a ser mencionado. Isso porque o indicador de maturidade pode
comportar alterações até o final da fase de planejamento (instante em que se obteria seu
valor aproveitável), ao passo que os demais indicadores poderão retratar atualizações
periódicas mensais, assumindo que a atualização dos resultados depende dos montantes
medidos. Destarte, a sobredita tempestividade responde pela “utilidade” e “relevância
para a agenda pública e social”.
Ação 01 Descrição do projeto, seu atendido ETP; EVTEA RT9.f vol. 1 p. 3-8 e Termo de
contexto e objetivos Referência (p. 5-12) e seu Anexo I;
específicos
Ação 02 Objetivos, resultados, atendido ETP; EVTEA RT9.f vol. 1 p. 3-8 e Termo de
disposições e necessidades Referência (p. 5-12) e seu Anexo I;
existentes
Ação 03 Definição do escopo atendido EVTEA RT9.f vol. 1 p. 6.; Relatório Técnico
potencial RT05.c – Avaliação Técnico-Econômico-
Financeira-Ambiental
Ação 05 Definição dos fatores críticos atendido EVTEA e Relatório Técnico RT05.c –
de sucesso Avaliação Técnico-Econômico- Financeira-
Ambiental, arquivo 1368-SMR-03-GL-RT-
0305-R0
Ação 06 Aplicação da estrutura de não se aplica Relatório Técnico RT02 – Relatório de Estudos
opções de Alternativas. Ademais, é uma ampliação de
uma adutora existente, o que torna descabido a
cogitação de uma estrutura de opções
Ação 14 Plano inicial para atendido No EVTEA (tópico 4.3.2), há passagens em que
identificação dos benefícios são mencionados os benefícios para os
públicos municípios e comunidades
Ação 15 Estratégia e plano inicial de atendido Anexo VII do Termo de Referência - Matriz de
gestão de riscos Riscos; previsão de PPRA no EVTEA.
Ação 20 Seleção da opção mais atendido Relatório Técnico RT05.c – Avaliação Técnico-
vantajosa e realização de uma Econômico- Financeira-Ambiental, arquivo
análise de sensibilidade 1368-SMR-03-GL-RT-0305-R0
Ação 04 Benefícios Públicos, riscos, não atendido Item 9.5.2 do Acórdão 2644/2015 e item 3.2.8
restrições e dependências do do Fiscalis 10/2015
projeto
Ação 05 Definição dos fatores críticos não atendido Fiscalis 10/2015 (erros na previsão da demanda
de sucesso - dependência do preço do minério)
Ação 06 Aplicação da estrutura de não atendido Item 9.5.1 do Acórdão 2644/2015 e também
opções pelo não atendimento da Ação 03
Ação 07 Definição do escopo da não atendido Artigo "Viabilidade sob suspeita: obras caras,
Avaliação de Impacto atrasadas e com baixo retorno" e item 2.2 do
Ambiental e Social, estudos Fiscalis 10/2015
técnicos e outros
Ação 09 Possibilidade e opções de atendido Peça 9, p.3 (Codevasf) e item 9.1 do Acórdão
contratação pública e 2894/2021
interesse do mercado
Ação 10 Estimativa dos custos, não atendido Item 2.2 e IV do Fiscalis 10/2015
capacidade de custeio e
capacidade de obter
financiamento
Ação 11 Equipe de projeto (incluindo não atendido Fiscalis 10/2015 item 3.1.4
consultores externos) e
estrutura de gestão e
governança
Ação 15 Estratégia e plano inicial de não atendido Item 9.5.2 do Acórdão 2644/2015 e item 3.2.8
gestão de riscos do Fiscalis 10/2015
Ação 19 Análise qualitativa dos riscos não atendido Item 9.5.2 do Acórdão 2644/2015 e item 3.2.8
e benefícios públicos do Fiscalis 10/2015
Ação 20 Seleção da opção mais não atendido Item 9.5.1 do Acórdão 2644/2015
vantajosa e realização de uma
análise de sensibilidade
123. O terceiro e último teste envolveu empreendimento do DNIT, já dentro de uma nova
sistemática implementada por tal órgão em que, segundo reportado em reunião com o jurisdicionado,
as informações que responderiam pela maturidade dos projetos estariam reunidas em dois
documentos: i) Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental, e; ii) Caderno de
Empreendimento.
124. No caso, trata-se da rodovia BR-101/PR, trecho na divisa entre os estados de São Paulo
e Paraná (ENTR BR-376), em segmento com 155 quilômetros de extensão. Os resultados estão
compilados na Tabela 8, oportunidade em que se obteve um IMP de 0,71.
Tabela 7 – Aplicação do IMP – caso 3
134. A consulta que mais se aproximou do pretendido foi obtida no Portal da Transparência
(https://portaldatransparencia.gov.br/) a partir dos campos “despesas”, “execução por despesas por
programa/ação orçamentária”. Por meio dessa consulta é possível relacionar os empenhos efetuados
em cada ação orçamentária. Ocorre que essa consulta é feita para cada exercício, de modo que para
se identificar todos os empenhos de determinada ação, ao longo dos quatro anos de um PPA, devem
ser realizadas quatro consultas para aquela ação orçamentária.
135. O maior desafio, porém, ainda não é esse, pois bastam as consultas serem feitas e é
possível identificar todos em empenhos realizados em cada ação orçamentária. O maior problema é
que, apesar dessa consulta fornecer também os beneficiários de cada empenho, ela não identifica o
contrato a que os dados se referem. E, para a construção e a conferência dos indicadores de valor e
prazo (iValor e iPrazo), faz-se necessário identificar os contratos referentes a cada ação orçamentária.
136. Vale lembrar que a vinculação entre a ação orçamentária e os contratos é um mecanismo
que vai permitir a soma de todos os valores daquele empreendimento, a identificação precisa dos
contratos que se referem a obras, a data de início do primeiro contrato e todos os demais dados
necessários para o cálculo preciso dos indicadores.
137. Essa lacuna nos dados disponibilizados pelos sistemas pesquisados tornou indispensável
requerer dos jurisdicionados a relação de contratos/instrumentos congêneres relacionados a cada
investimento plurianual prioritário. Ressalva seja feita em relação ao Dnit, pois a partir de pesquisa
nos seus sistemas de acompanhamento de contratos é possível obter as informações necessárias ao
cálculo do indicador. Todavia, mesmo nesse caso ainda é necessário despender tempo razoável para
chegar nos dados de entrada da equação iValor. Isso porque os dados não estão agrupados por
empreendimento, suscitando necessidade de organizar as informações de maneira a agrupá-las por
meio de planilha eletrônica.
138. Além da relação de contratos/instrumentos congêneres relacionados a cada
empreendimento, foi requerido aos órgãos/entidades responsáveis dados relativos a tais instrumentos,
como por exemplo valor a preços iniciais, data-base, valor total de aditivos, valor total medido e
principais características do objeto. Essas informações adicionais também são indispensáveis para
fins de cálculo do indicador de valor do investimento. Visando facilitar o trabalho de cotejamento dos
dados, foram encaminhadas aos órgãos/entidades responsáveis planilhas eletrônicas com exemplo de
preenchimento das informações solicitadas.
139. Desse modo, a partir das informações recebidas em resposta aos ofícios de requisição
endereçados ao próprio Dnit, à InfraSA, à Fiocruz e à SNSH, foram avaliadas eventuais necessidades
14 0497 Construção do Sistema Adutor 29/12/2015 3,9 28/11/2019 25/12/2023 8,0 99,2% 104%
Ramal do Agreste
Pernambucano
15 0491 Integração do Rio São NI 13,0 ND 31/12/2024 20,0 NI 54%
Francisco com as Bacias do
Nordeste Setentrional (Eixo
Leste)
16 0492 Projeto de Integração do Rio NI 6,9 ND 09/02/2022 16,1 100% 133%
São Francisco com Bacias
Hidrográficas do Nordeste
Setentrional – EIXO NORTE
Programa 5020 - Desenvolvimento Científico, Tecnológico e Produtivo em Saúde
17 0517 Construção do Centro de 08/08/2008 5,9 09/07/2014 08/09/2024 16,1 50,0% 172%
Desenvolvimento Tecnológico
em Saúde - CDTS
18 0490 Construção do Centro de 06/12/2012 3,9 05/11/2019 31/12/2025 10,1 NI 157%
Processamento Final de
Imunobiológicos no Estado do
Rio de Janeiro
próximo da unidade, maior é a maturidade. Em função da subjetividade inerente, vale reforçar, é que
se incluiu o termo “percepção”, de modo que o nome final restou como Indicador de Percepção de
Maturidade de Projeto.
158. A gradação no intervalo entre 0 e 1 é obtida diretamente pela proporção do percentual de
atendimento das 21 Ações do M5D, sendo calculado a partir da seguinte equação:
Relevância para a agenda pública Atendido O iPMP tem como objeto obras previstas no
e social PPA ou selecionados para fiscalização no
Fiscobras.
Inteligibilidade da sua construção Atendido O cálculo do iPMP segue uma sequência lógica,
concatenada, sem prejuízo de otimizações que
trarão maior celeridade à análise, após uma fase
de transição.
161. De mais a mais, em linha com o arrazoado que fundamenta este levantamento, insta
explicitar os atributos do indicador iPMP não atendidos ou não aplicáveis:
Tabela 13 – Atributos do iPMP não atendidos ou que não se aplicam
Periodicidade na sua atualização Não se aplica O iPMP tem uma janela temporal muito
particular, associada a iminência da licitação.
Sua variação ao longo do tempo comportaria
diversos objetos, o que serviria apenas como
proxy para a melhoria ou não melhoria dos
estudos de um modo geral
Desagregabilidade territorial Não se aplica O iPMP não carece desse atributo para atender
ao seu propósito.
162. Encerrando o presente tópico, cabe informar que apontamentos adicionais, vinculados aos
atributos não atendidos do iPMP, serão revisitados mais à frente, em tópico destinado à exposição
fundamentada dos aprimoramentos deste trabalho.
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟𝐹𝑖𝑛𝑎𝑙𝑈𝑙𝑡
𝑖𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 = ― 1 𝑥 100
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟𝐼𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙𝑅𝑒𝑓
Equação 5 – Cálculo do iValor (indicador de valor do investimento)
Onde,
ValorFinalUlt: é o Valor Final “Último” da obra no momento de cálculo do indicador,
considerando os valores dos contratos/instrumentos congêneres, incluindo aditivos, que a
compõem e os valores já aplicados em contratos/instrumentos congêneres anteriores, todos
ajustados pelo IPCA para a mesma data-base (preferencialmente a de referência da LOA
vigente, geralmente junho do ano anterior)
ValorInicialRef: é o Valor Inicial de Referência da obra correspondente à soma dos
contratos/instrumentos congêneres inicialmente estabelecidos para sua implantação
completa, todos ajustados pelo IPCA para a mesma data-base (preferencialmente a de
referência da LOA vigente, geralmente junho do ano anterior)
164. Assim, uma obra que tenha iValor calculado em 15%, significa que o valor atualizado do
investimento, quando foi calculado o indicador, está 15% acima do valor inicialmente previsto.
165. No que tange às características do indicador de valor do investimento ora proposto, a
partir dos referenciais teóricos da literatura, é possível afirmar que o iValor é um indicador objetivo,
primário, não-transformado e de esforço, com demais parâmetros de interesse consolidados no
Apêndice A (Fichas de Documentação dos Indicadores), que cumpre com os seguintes atributos:
Tabela 14 – Atributos do iValor, indicador de valor do investimento
Relevância para a agenda pública Atendido O iValor inclui em seu objeto as obras públicas
e social listadas no PPA
Factibilidade operacional para Atendido Os dados necessários para cálculo do iValor são
sua construção básicos e passíveis de serem levantados com
relativa facilidade, especialmente quando os
órgãos/entidades disponham de banco de dados
sistematizados para registrar informações
relativas à condução dos
contratos/empreendimentos.
167. Como não há atributo não atendido, mas apenas que não se aplica, não há observações a
respeito de atributos não atendidos passíveis de serem considerados no tópico relativo aos
aprimoramentos.
𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜𝐹𝑖𝑛𝑎𝑙𝑈𝑙𝑡
𝑖𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜 = ― 1 𝑥 100
𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜𝐼𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙𝑅𝑒𝑓
Equação 6 – Cálculo do iPrazo (indicador de prazo de implantação)
Onde,
PrazoFinalUlt: é o Prazo Final “Último” da obra no momento de cálculo do indicador,
considerando o prazo mais distante previsto para conclusão entre aquele informado na
última versão do PPA e aqueles informados nos contratos/instrumentos congêneres,
incluindo aditivos, que a compõem;
PrazoInicialRef: é o Prazo Inicial de Referência da obra correspondente ao primeiro prazo
apresentado oficialmente nos diferentes PPAs desde o quadriênio de 2003 a 2007.
169. Desse modo, uma obra cujo iPrazo seja 20%, significa que quando foi calculado o
indicador seu prazo de implantação está 20% superior ao prazo inicialmente previsto.
170. No que diz respeito às características do indicador de prazo de implantação a partir dos
referenciais teóricos da literatura, é possível afirmar que o iPrazo é um indicador objetivo, primário,
não-transformado e de esforço, com demais parâmetros de interesse consolidados no Apêndice A
Relevância para a agenda pública Atendido O iPrazo inclui em seu objeto as obras públicas
e social listadas no PPA
pela obra.
172. Como não há atributo não atendido, mas apenas que não se aplica, não há observações a
respeito de atributos não atendidos passíveis de serem considerados no tópico relativo aos
aprimoramentos.
179. Do até aqui exposto, entende-se tecnicamente oportuno que o uso dos indicadores possa
ser estendido para além do objetivo primário, assentado no Voto do Acórdão 2.695/2022-TCU-
Plenário, de promover o aprimoramento do Relatório Consolidado do Fiscobras, com a sua
subsequente comunicação ao Congresso Nacional. Isso porque a melhoria na participação cidadã e a
disseminação no meio técnico possuem, em alguma medida, papel indutor no aprimoramento da
Administração Pública, que consiste na missão desta Corte Contas (BRASIL, 2022). Há ainda a
possibilidade de, ouvidos os gestores responsáveis, inserir campos na plataforma Obrasgov.br que já
calculem os indicadores de valor e de prazo automaticamente a partir dos dados inseridos no CIPI.
180. Adentrando-se as recomendações afetas a cada um dos indicadores, entende-se
conveniente que o TCU avalie a utilidade de elaborar um referencial de avaliação da maturidade
dos projetos de infraestrutura, naturalmente, sob a ótica do controle externo. Além disso, que os
demais órgãos da Administração editem seus próprios manuais inspirados no M5D, de modo a
endereçar adaptações face a eventuais particularidades dos diversos setores (ferrovias, rodovias, obras
hídricas, saneamento, habitação popular etc.). Tais medidas catalisariam a consolidação da temática,
visto que fomentariam uma construção jurisprudencial com maior segurança jurídica, algo essencial
diante de temas delicados (LOCICKS, 2020) e de sistemáticas críticas sobre o escopo da atuação
desta Egrégia Corte (SANTOS, 2020).
181. No ponto, destaca-se que o enforcement associado ao indicador de percepção maturidade
tende a ser robustecido por meio de uma aproximação entre o M5D com o ETP (Estudo Técnico
Preliminar) disciplinado no § 1º do artigo 18 da NLLC. Noutros termos, há caminhos legítimos para
se partir de recomendações direcionadas aos grandes projetos de obras públicas para implementações
cogentes e mais amplas, inclusive do iPMP, que também facilitaria as análises relacionadas aos
componentes do ETP, insculpidos entre os incisos I e XIII do § 1º do artigo 18 da Lei 14.133/2021.
182. Adicionalmente, em decorrência da problemática conhecida como “deturpação
estratégica” – quando gestores tornam um empreendimento viável de forma artificiosa, visando
atender a interesses privados em detrimento do interesse público – e da “escalada do compromisso”
– quando executivos tendem a seguir o padrão de comportamento que conduz a resultados
malsucedidos impulsionados pela noção de que há obras grandes e caras demais para serem
interrompidas/abandonadas/replanejadas, em vez de alterar o seu curso (FLYVBJERG et al., 2002 e
DENICOL et al., 2020) – é desejável que o iPMP e todas as evidências associadas a sua nota sejam
devidamente documentadas e disponibilizados a quaisquer interessados mediante transparência ativa
nos portais dos contratantes, dentro de boas práticas de Governança (ASSI, 2017), sendo inclusive
objeto de auditorias internas e de avaliações por parte dos setores de Compliance, quando o porte das
organizações propiciar tais atividades.
183. Ato contínuo, em face da sistemática de construção do iPMP, é plausível que se avente
sobre a inserção de pesos diferenciados entre as vinte e uma ações do M5D. A esse respeito, cabe
anotar ser mais apropriado que se valha da análise de futuros dados que serão compilados, com o
objetivo de se apurar, em bases objetivas, quais das ações tem uma correlação estatisticamente
significativa com o resultado da obra. Ou seja, pode ser que o não cumprimento da Ação 08
(Disposições Contratuais Possíveis) aponte um comportamento aleatório e sem poder explicativo para
resultados piores dos indicadores de prazo e de valor, ao passo que a não observância da Ação 15
(Estratégia e Plano Inicial de Gestão de Riscos), revelaria uma associação com robustez estatística,
detentora de poder explicativo mensurável relacionado aos outros dois indicadores. Nesse estágio é
que se faz razoável apurar a validade do uso de pesos. Sendo assim, entende-se que o aprimoramento
adstrito à ponderação entre as Ações do M5D deve ser incorporado em momento futuro.
184. O crescimento da base de dados, inclusive, tende a permitir que valiosas análises
tais casos há a possibilidade que o desconto ofertado pelo licitante vencedor seja o fator determinante
para sua posterior incapacidade de cumprir o contrato. Em tal situação, o valor inicial de referência
obtido considerando o valor inicialmente contratado acabaria sendo reduzido artificialmente, uma vez
que decorreria de erro de avaliação de determinado licitante ao ofertar desconto que posteriormente
não se mostrou capaz de cumprir.
192. Outro fator relativo ao cálculo do iValor passível de ser verificado durante a aplicação do
indicador se refere à possibilidade de se estabelecer mecanismos para verificar a ocorrência de
acréscimos de valor que não decorram necessariamente de falhas na determinação do valor inicial,
tais como custos decorrentes de situações excepcionais e/ou bastante específicas que elevariam
artificialmente o resultado do indicador, como as circunstâncias afetas à teoria da imprevisão, áleas
extraordinárias, desequilíbrio de contratos ou mesmo alterações relevantes do objeto, que poderiam
ensejar revisão do valor inicial de referência.
193. Ainda em relação às premissas de cálculo do iValor, tendo em vista que a metodologia
ora proposta considera apenas a soma dos valores dos correspondentes contratos/instrumentos
congêneres apenas relativos à execução física integral da obra, em momento futuro pode ser avaliada
a utilidade de ser incluído entre os valores considerado efetivamente investidos para implantação da
obra aqueles correspondentes à elaboração de estudos e projetos, fiscalização, supervisão,
gerenciamento, desapropriações etc.
194. Por fim, numa próxima etapa, a materialidade dos empreendimentos implantados por
meio de contratos de concessão de rodovias, ferrovias e aeroportos aponta para a importância de se
verificar a aplicabilidade da metodologia também para esses investimentos, o que certamente
demandará adaptação nos critérios para determinação dos valores inicial e último em face das
peculiaridades inerentes às concessões, bem como de estatais.
195. Quanto ao iPrazo, a metodologia proposta considera que o prazo inicial de referência seja
o primeiro apresentado oficialmente nos PPAs. É possível, contudo, que o prazo considerado nos
estudos que fundamentaram a decisão pela obra seja diferente e mais adequado para ser tomado como
referência, algo que pode ser objeto de investigação futura.
196. Outro aspecto que pode ser relevante para melhor revelar a performance relativa ao
cumprimento de prazos previstos durante a implantação das obras seria, eventualmente, considerar
um indicador relativo à etapa de elaboração dos projetos e outro relativo à etapa de execução das
obras. O prazo inicial de referência da metodologia proposta obtido a partir do PPA pode, em alguns
casos, estar incluindo o prazo relativo a tal etapa, enquanto o prazo final de implantação pode estar
considerando apenas a etapa de implantação das obras, uma vez que a data de referência de início dos
empreendimentos é aquela correspondente ao início das obras obtida dentre os contratos
correspondentes. No decorrer da aplicação da metodologia afigura-se pertinente avaliar melhorias de
precisão neste sentido.
197. Em relação à representatividade do iPrazo, ainda cabe ponderação quanto ao tratamento
conferido às obras ainda não concluídas. Isso por conta de eventuais inconsistências nos prazos
oficiais estimados para conclusão desses empreendimentos considerados na metodologia ora
proposta. Essa ponderação se mostra pertinente uma vez que não é incomum que prazos contratuais
oficiais não representem aquele que de fato será necessário para conclusão das obras. Em tal situação
a metodologia ora proposta indicará que o iPrazo será um determinado percentual, enquanto, na
realidade do momento, já restaria evidente que o percentual efetivo será significativamente diferente
(maior ou menor). Por conta dessa possível fragilidade, mostra-se adequado avaliar a possibilidade
de considerar algum mecanismo mais representativo de estimativa de prazos para conclusão dos
empreendimentos – o ritmo real de execução das obras, por exemplo – que o prazo oficial apresentado
IX. CONCLUSÃO
202. O presente levantamento, cadastrado como Fiscalis 106/2023, autorizado por meio de
despacho em processo específico - PFIS (TC 015.103/2023-4), decorre do item 9.5.1.2 do Acórdão
2.695/2022-TCU-Plenário, ponto este que determinou a realização de avaliação-piloto para
desenvolver e testar indicadores específicos para buscar compreender o grau de maturidade de
projetos-chave de obras públicas, a evolução do volume de investimentos, a quantidade de recursos
executados e os prazos de implantação de projetos, programas e políticas relacionadas a obras
públicas.
203. Os retrocitados indicadores têm por propósito inicial promover o aprimoramento do
Relatório Consolidado do Fiscobras. Com esse objetivo, foram feitos testes-piloto sobre contratos de
obras públicas e suas respectivas bases de dados não estruturadas, processo esse que demandou
pesquisa em sistemas informatizados, análise documental e consulta em literatura técnica (Tópico III
- Introdução).
204. A fim de melhor embasar o andamento dos trabalhos, mostrou-se necessário estruturar o
conhecimento atinente à construção de indicadores, etapa essa que trouxe a definição geral do que
vem a ser um indicador, pontuou suas utilidades e, principalmente, discorreu sobre uma série de
atributos desejáveis (Tópico IV – Conceitos Teóricos sobre Indicadores).
discorreu-se sobre: i) possibilidade de adotar como valor inicial de referência o valor considerado
quando da decisão pela realização do investimento; (ii) possibilidade de adotar como valor inicial de
referência os valores estimados para fins de licitação em vez de os valores contratados; (iii) a
possibilidade de estabelecer mecanismo para verificar a ocorrência de circunstâncias particulares de
cada caso que possam impactar em revisão do valor inicial de referência; (iv) possibilidade de
considerar no cálculo do valor total investido os valores aplicados em estudos e projetos, fiscalização,
supervisão, gerenciamento, desapropriações etc.; (v) possibilidade de expandir a aplicação do
indicador também para obras executadas por meio de concessões, bem como de estatais.
214. Em relação ao indicador de Prazo de Implantação (iPrazo), cuja metodologia proposta
compreende a comparação entre o prazo real de implantação da obra e o inicialmente previsto,
discorreu-se sobre: i) possibilidade de o prazo considerado nos estudos que fundamentaram a decisão
pela obra ser diferente e mais adequado do que o previsto na metodologia proposta – o primeiro
apresentado oficialmente nos PPAs –; ii) possibilidade de considerar um indicador para fase de
elaboração de estudos e projetos e outro para execução das obras; e iii) possibilidade de considerar
algum mecanismo de estimativa de prazos para conclusão – o ritmo real de execução das obras, por
exemplo – mais representativo que o prazo oficial apresentado nos PPAs e/ou contratos/instrumentos
congêneres considerado na metodologia ora proposta.
215. No caso dos indicadores de Valor do Investimento (iValor) e de Prazo de Implantação
(iPrazo), discorreu-se sobre o fortalecimento da adesão ao princípio da transparência decorrente da
aplicação deles de forma ampla em obras públicas, disponibilizando os resultados de forma periódica
e tempestiva em painel de informações apropriado, entre os quais o painel ObrasGov, responsável
pela operacionalização do CIPI, ouvidos os gestores, e o próprio painel do Fiscobras mantido pelo
TCU.
216. Por fim, insta registrar que a partir do Indicador de Valor do Investimento será possível
identificar o desempenho de diferentes órgãos/entidades responsáveis pela implantação de obras
públicas, inclusive daqueles conduzidos por meio de estatais ou de concessões.
217. A sistematização da produção de informações destinadas ao cálculo periódico dos
indicadores para as mais diversas obras resultará na disponibilização de tais informações de forma
acessível e tempestiva para toda a sociedade, permitindo ainda a formação de banco de dados de
informações, hoje ainda não disponível, para consulta por parte de tomadores de decisão e/ou outros
interessados.
218. Ademais, à exemplo do proposto no trabalho realizado no âmbito do produto “Viabilidade
em Foco II”, será possível a formação de uma base de dados de referência para subsidiar futuras
análises de viabilidade de novos investimentos a partir das informações relativas à projetos
semelhantes.
219. Frente ao trabalho desenvolvido, propõe-se que sejam incluídos no painel do Fiscobras,
para os investimentos plurianuais selecionados na presente fiscalização, os correspondentes valores
dos indicadores iPMP, iValor e iPrazo calculados, acompanhados de descrição das metodologias
empregadas e da informação sobre o caráter preliminar dos resultados apresentados, haja vista ainda
pendentes processos de aprimoramentos a partir de consultas aos órgãos e entidades responsáveis.
220. Por fim, cabe registrar a relevância de o TCU viabilizar a continuidade do presente
trabalho com a disseminação das correspondentes metodologias ora propostas aos órgãos/entidades
responsáveis pela implantação de empreendimentos de modo a colher elementos para eventuais
melhorias e adotar medidas subsequentes para operacionalizar a implementação dos referidos
indicadores para os investimentos em obras públicas de responsabilidade da União, inclusive aqueles
X. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
221. Ante o exposto, sugere-se o encaminhamento dos autos ao Gabinete do Exmo. Ministro-
Relator Benjamin Zymler, propondo-se:
221.1. Incluir no painel do Fiscobras, os valores obtidos nos testes efetivados neste trabalho
relativos aos indicadores iPMP, iValor e iPrazo, informando sobre o caráter preliminar dos resultados
apresentados;
221.2. Orientar a Segecex quanto a relevância da continuidade do presente trabalho por meio da
disseminação das correspondentes metodologias ora propostas aos órgãos/entidades responsáveis
pela implantação de empreendimentos de modo a colher elementos para eventuais melhorias e adotar
medidas subsequentes para operacionalizar a implementação dos referidos indicadores para os
investimentos em obras públicas de responsabilidade da União, inclusive aqueles realizados por meio
de estatais e concessionárias;
221.3. Nos termos do art. 169, V do Regimento Interno do TCU, tendo em vista o cumprimento
do objetivo para o qual foi constituído, arquivar os presentes autos.
(assinado eletronicamente)
Roberta Deisy Cabral
Mat. 11231-3
Coordenadora
Elemento Detalhamento
Fórmula de Cálculo iPMP = (número de ações atendidas do M5D) / (21 - número de ações não
aplicáveis) %
Como apurar o Faz-se a contagem das ações (entre as 21 primeiras do M5D) que foram
indicador atendidas.
Faz-se a contagem das ações eventualmente não aplicáveis.
Aplica-se a fórmula.
O que pode causar o Aumento dos custos, atrasos na execução contratual, abandono da obra,
resultado aquém da dano ao erário, fraudes.
meta
aquém da meta
Série Histórica Só será aplicável, desde que providos o controle de uma série de variáveis,
em momento futuro, quando houver um registro de iPMP para várias obras.
Elemento Detalhamento
Prazo máximo para Inicialmente, ao término de cada ciclo Fiscobras. Posteriormente, até o
apuração término do mês seguinte ao de referência da medição
Como apurar o Calcula-se o Valor Final Último, a partir da soma de todos os valores
indicador decorrentes da implantação da obra, inclusive eventuais contratos
rescindidos, aditivos e contratos complementares, ajustados para a mesma
data-base pelo IPCA.
Aplica-se a fórmula.
O que o indicador É um parâmetro que revela o quanto o valor real observado durante a
mostra implantação dos empreendimentos é alterado em relação ao inicialmente
previsto
Elemento Detalhamento
Prazo máximo para Inicialmente, ao término de cada ciclo Fiscobras. Posteriormente, até o
apuração término do mês seguinte ao de referência da medição
O que o indicador É um parâmetro que revela o quanto o prazo real de implantação das obras
mostra é alterado em relação ao inicialmente previsto
O que pode causar o Prejuízos à viabilidade da obra e à sua disponibilização para a sociedade.
resultado aquém da
meta
XIV. REFERÊNCIAS
ASSI, Marcos. Governança, Riscos e Compliance – Mudando a conduto nos negócios. Saint
Paul. São Paulo. 2017.
DENICOL, Juliano; DAVIES, Andrew; KRYSTALLIS, Ilias. What are the causes and cures
of poor megaproject performance? A systematic literature review and research agenda.
Project Management Journal, v. 51, n. 3, p. 328-345, 2020.
FLYVBJERG, B. From Nobel Prize to project management: getting risks right. Project
Management Journal, Philadelphia, v. 37, n. 3, p. 5-15, 2006.
GUIDI, José Eduardo. Engenharia Legal aplicada ao labirinto das obras públicas – soluções
aos aspectos subjetivos da legislação. São Paulo. Leud. 2022
IPEA. Avaliação de políticas públicas: guia prático de análise ex ante, volume 1 / Casa Civil
da Presidência da República, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. – Brasília : Ipea,
2018. v. 1 (192 p.).
KEN, Gary. Performing a Project Premortem. Harvard Business Review 85, n. 9, pp. 18-9,
2007.
MERROW, Edward W.. Contract Strategies for Major Projects (p. 266). Wiley. Edição do
Kindle. 2022.
RAJÃO, R. G. L.; FERNANDES JR.,J. L.; MELO, L. P. V.; BOTELHO, J.; CISALPINO, T..
Benchmarking Internacional: Práticas e procedimentos governamentais para tomada de
decisão sobre investimentos em programas e projetos de infraestrutura. 2021. Disponível
em: https://indd.adobe.com/view/a9d9cdc7-7fe7-40e3-843f-0fe6a0ec5451.
ROOKE, J., SEYMOUR, D. & Fellows, R. Planning for Claims; An Ethnography of Industry
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