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INTRODUÇÃO

Em direito tributário, a responsabilidade tributária define quem é responsável


pelo pagamento do tributo. No Estado brasileiro, a não-obediência do contribuinte a
essa responsabilidade pode gerar sanções graves, que incluem o confisco de seus
bens e até prisão (ver artigo sonegação). Aqui saberemos quais são as espécies e
quais são os sujeitos que podem ser responsáveis pelo pagamento de um tributo.
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA

Para iniciarmos o assunto, é bom relembrar da divisão entre Sujeito Ativo e


Sujeito Passivo. O Sujeito Ativo é aquele ente político determinado pela Constituição
que tem a capacidade tanto para instituir quanto para cobrar e fiscalizar a arrecadação
dos tributos. Porém, não são apenas os entes federados que possuem a competência
para arrecadar os tributos. Cabe também às suas autarquias e as fundações públicas
de direito público, sendo assim, não é qualquer pessoa que pode cobrar por um tributo.
Porém, a constituição também não faz uma especificação restritiva limitando apenas
os entes federados, mas permite que outras pessoas de direito público tenham a
capacidade tanto para fiscalizar quanto para cobrar a obrigação tributária. De forma
contrária, o Sujeito Passivo pode ser de duas formas:

- Contribuinte: é o indivíduo que pratica o fato gerador e a obrigação tributária


recai sobre ele, tornando-o responsável tributário para pagar esses tributos. Chamado
também de Sujeito Passivo Direto.

- Responsável Tributário: embora não tenha praticado o fato gerador


diretamente, é aquele que possui um liame subjetivo entre o indivíduo que praticou o
fato gerador e a sua situação de direito. Caso o contribuinte não seja localizado ou
caso ele esteja em uma situação que não permita ou que não possa ser exigido seu
pagamento direto, recairá na figura do Responsável Tributário. Por isso, muitas vezes
o Responsável Tributário também é chamado de Sujeito Passivo Indireto.

Por exemplo, no caso do IPTU, quem é proprietário do imóvel pratica o fato


gerador que incide a cobrança do IPTU e deste modo o Contribuinte Direto, é esse
indivíduo que possui o imóvel e deverá pagar o IPTU.

Diferentemente disso, o responsável tributário é aquele que não praticou o fato


gerador, mas de algum modo ele possui algum vínculo com a situação fática ou com
o Sujeito Contribuinte. Por exemplo, caso o indivíduo deva tributos ao fisco e faleça
antes de efetuar o pagamento desses tributos. O fisco de modo algum deixará de
receber e essa obrigação, essas dívidas tributárias serão transmitidas aos seus
familiares. Deste modo, o Responsável Tributário não escolheu praticar o fato gerador,
mas ele foi escolhido pela lei para assumir a responsabilidade sobre essa obrigação.

Então, a respeito da Responsabilidade Tributária, que é o tema do trabalho, o


artigo 128 determina que ele pode ser de duas formas:

1. Responsabilidade Por Substituição: aqui ocorre o fato gerador praticado


pelo Contribuinte, mas a responsabilidade pelo pagamento desse tributo é transferida
a uma terceira pessoa em substituição ao contribuinte. A sua responsabilidade,
portanto, ocorre depois do fato gerador e logo em sequência a essa responsabilidade
ocasionada pelo fato gerador, é então transferida a este terceiro em virtude da
substituição. A grande finalidade deste instituto é facilitar a fiscalização e a
arrecadação dos tributos e ele se divide em duas formas:

- Substituição para Trás: também conhecida como regressiva ou


antecedente, é aquela em que o pagamento do tributo ocorre após a incidência
do fato gerador. A partir do momento em que o contribuinte faz o fato gerador,
em tese deveria ocorrer o pagamento do tributo, no entanto uma terceira
pessoa torna-se legalmente responsável pelo pagamento desse tributo, após a
incidência do fato gerador.

Por exemplo, quando um produtor leva seus produtos para serem


industrializados até uma indústria. A circulação desse produto da sua casa para
a indústria é uma circulação de mercadorias que em tese deveria incidir o ICMS,
no entanto, legalmente a lei estabeleceu que nesses casos a responsabilidade
pelo pagamento do ICMS não é do produtor e sim da indústria no momento em
que esse produto já industrializado sai da sua fábrica. Deste modo, o
pagamento do ICMS é jogado para o próximo sujeito da cadeia de produção,
não o produtor, mas sim a indústria.

- Substituição para Frente: também conhecida como progressiva ou


subsequente, aqui ocorre primeiro o pagamento desse tributo com base em um
cálculo presumido e somente posteriormente ocorre o fato gerador. Caso não
ocorra futuramente esse fato gerador ou caso este valor pago anteriormente
seja maior do que o fato gerador ocasionado, nestes casos ocorrerá a
restituição desse tributo.

2. Responsabilidade Por Transferência: também ocorre após o


ocasionamento do fato gerador, no entanto, aqui a transferência dessa obrigação
ocorre em razão da modificação de uma situação fática, deste modo a
responsabilidade que inicialmente seria de um sujeito é transferida a outro, também
por uma previsão legal. É a transferência de uma obrigação de um indivíduo a outro.
A responsabilidade por transferência pode ser de três formas:

-Por Sucessão:

*Adquirente de imóveis: o adquirente de imóveis responde pelos


créditos tributários decorrentes de fatos geradores ligados ao imóvel que ele
está adquirindo e não somente em relação aos impostos, mas também as taxas
de serviço e as contribuições de melhoria. Deste modo, quando um indivíduo
adquire um imóvel do outro, caso o adquirente não tome os devidos cuidados
e verifique se esse imóvel comprado não tem todos os débitos pagos, pode ser
que ele esteja adquirindo um ônus para si, ao adquirir um imóvel que muitas
vezes pode ter pendências e dívidas tributárias. No caso do leilão, quando o
imóvel é comprado, é preciso que o valor das dívidas seja abatido no montante
total do valor pago pelo imóvel.

*Espólio, Remitente: caso uma pessoa pague o valor desses tributos


para outra pessoa e visa resgatar os bens dessa pessoa que estava sofrendo
com essa dívida tributária, essa pessoa também pode estar se tornando uma
responsável tributária. Por exemplo, você conhece alguém que possui uma
grande quantidade de dívidas tributárias e essa pessoa tem um primo muito
rico que decide então pagar esses tributos. Embora essa atitude do primo seja
muito louvável, ele pode estar se tornando um responsável tributário, uma vez
que o fisco tomar conhecimento de que essa pessoa está pagando as dívidas
dessa pessoa que estava em dívida, o fisco poderá transferir essa
responsabilidade que em tese era de uma pessoa para esse primo rico.

No caso do Espólio, quando um indivíduo morre e ele deixa dívidas ao


fisco, que irá querer receber da mesma forma. Porém, como o indivíduo está
falecido, passa-se essa obrigação para os seus sucessores. Os sucessores no
entanto, só se tornam sucessores, a partir do momento da partilha dos bens.
Até que isso ocorra, existe um instituto jurídico chamado o Espólio. O Espólio
não possui natureza jurídica, mas ele é considerado como contribuinte em
transferência admitindo para si os débitos que eram inicialmente do falecido. O
Espólio vai responder pela dívida dos falecidos até a abertura da sucessão, que
é até a morte do indivíduo. Deste modo, todas as dívidas da morte do Sujeito
para Trás, serão assumidas pelo seu Espólio. As dívidas que eventualmente
não forem pagas pelo Espólio, serão assumidas pelo inventariante e somente
ao final que fará a partilha dos bens para cada um dos herdeiros. A dívida do
falecido somente irá até o limite do quinhão de cada herdeiro.

*Operações Empresariais: como fusão, cisão, incorporação e


transformação de uma pessoa jurídica para outra. Embora exista algumas
diferenças, como por exemplo, a cisão é a união de uma pessoa jurídica A e
uma pessoa jurídica B e elas transformam-se em uma pessoa jurídica C e
adquire todos os débitos tributários tanto quanto da empresa jurídica A e da
empresa jurídica B. Na incorporação, quando uma empresa A compra uma
empresa B, essa empresa B é desfeita e incorporada nessa empresa A, da
mesma forma, todos esses débitos relacionados a empresa B serão assumidas
por essa empresa A. No caso da transformação, é quando uma empresa A
extingue o seu capital e a sua empresa e forma uma empresa B, e deste modo,
essa empresa B adquire todos os débitos e todas as obrigações tributárias da
empresa A.

Havendo a cisão de uma empresa ainda que parcial, que seja uma
divisão de uma empresa A e empresa B e C, havendo a cisão mesmo que
parcial, a empresa sucessora responde pelos débitos da empresa cindida.
* Adquirente de Estabelecimento Comercial e Fundo de Comércio:
quando um indivíduo A compra uma empresa de um indivíduo B, caso o
indivíduo A continue na mesma atividade empresarial, ele se tornará
responsável pelo pagamento dos tributos que essa empresa que ele comprou
tinha antes de adquirir. Ele deverá responder isso até a data do ato de
transferência, mesmo que após isso ele mude o nome e a razão social dessa
nova empresa. Esse adquirente dessa empresa vai responder pelas dívidas da
empresa anterior de modo integral. Caso a pessoa que ele comprou ou o antigo
proprietário dessa empresa não abra nenhum tipo de concorrência da mesma
área nos seis meses seguintes à constituição do ato, ele estará livre da
responsabilidade pelo pagamento desses tributos. No entanto, esse indivíduo
que vendeu seu fundo comercial, se nos seis meses seguintes à constituiçao
de venda dessa empresa abrir um novo segmento do mesmo ramo, ele ainda
assim, mesmo tendo vendido anteriormente a sua empresa, ele se tornará
também responsável pelo pagamento dos tributos devidos até a constituição
do ato de venda. Essa responsabilidade não abrange somente os tributos, mas
também as multas moratórias e pecuniárias.

O adquirente desse fundo comercial então só estará livre dessa


responsabilidade, caso ele verifique anteriormente da compra, se todos os
débitos desse comércio estão pagos. Assim como caso esse adquirente tenha
adquirido este comércio através do processo de falência ou recuperação
judicial. Neste caso, ele também não será responsável pelo pagamento desses
tributos. Salvo se ele já era o dono dessa empresa ou se ele for parente em
linha reta colateral em até quarto grau com o antigo dono dessa empresa falida.
Salva essas exceções então quando adquirido comércio decorrente de falência
ou recuperação judicial, ele não é responsável pelo pagamento dos tributos.

O fisco nunca deixará de receber. O que ele sempre vai fazer é substituir as
obrigações de um indivíduo para outro.

- Responsabilidade Solidária: só ocorrerá a cobrança desses


indivíduos caso o verdadeiro contribuinte, que foi aquele que praticou o fato
gerador, não possa ser localizado ou então seja difícil a sua localização para
pagamento desse tributo. Essas pessoas irão assumir a responsabilidade legal,
seja em razão da omissão ou em razão de atos que elas vierem a intervir. Então
o contribuinte ou responsável tributário podem ser solidários, mas para isso é
necessário que tenha ao menos um liame subjetivo entre os dois em relação à
ocorrência do fato gerador. Os efeitos dessa solidariedade são não comportar
benefício de ordem, ou seja, um não pode pedir que outro seja demandado
antes de sofrer a demanda. O indivíduo não pode exigir que o fisco cite primeiro
o contribuinte para que somente depois ele seja responsabilizado. Também
caso ocorra o pagamento por qualquer um daqueles que sejam solidários,
todos os demais aproveitarão. No caso da prescrição, caso ela favoreça ou não
qualquer um daqueles que respondem solidariamente também se aproveitarão
os demais. Da mesma forma ocorre em relação às isenções, caso um deles
seja possuidor de uma isenção, será estendida também aos demais, salvo se
essa isenção se decorrer de uma característica individual desse sujeito.

São várias as pessoas que podem assumir a responsabilidade solidária,


como por exemplo, os pais em relação aos filhos, os tutores curadores em
relação aos curatelados e tutelados, os administradores de bens de terceiros,
os inventariantes após a abertura da sucessão e caso esse Espólio deixe
dívidas, elas serão assumidas pelo inventariante, assim como de
responsabilidade do sócio no caso de liquidação da sociedade empresarial. Os
tabeliães e escrivães também responderão caso esses atos sejam praticados
em omissão as normas legais ou caso essa intervenção ocorra de forma
omissiva.

- Responsabilidade de Terceiros: determina que alguns indivíduos


responderão pela obrigação tributária caso haja infração à lei ou com excesso
de poder. Esses indivíduos são tanto aqueles mencionados na
Responsabilidade Solidária, como os mandatários, os prepostos e os
empregados. Da mesma forma, os diretores, representantes e dirigentes da
pessoa jurídica, mas desde que essa pessoa tenha o poder de direção e
representação dessa pessoa jurídica, caso contrário, não há que se falar então
em responsabilidade de terceiros. Essas pessoas respondem como terceiros,
mas apenas até o limite daquelas infrações praticadas em desacordo com a lei.
O não pagamento de um tributo não coloca, por exemplo, o diretor de uma
empresa como responsável tributário. É preciso que seja demonstrado que ele
agiu em desacordo com a lei, mas o mero inadimplemento do tributo não se
configura como responsabilidade por transferência.

A dissolução irregular ou ilegal da sociedade empresária pode


considerar os dirigentes dessa empresa como os responsáveis pelo pagamento
dos tributos dessa sociedade empresária. Caso haja uma mudança do
endereço fiscal de uma sociedade empresária sem que isso seja informado às
autoridades competentes, isso é considerado como uma dissolução irregular
da sociedade. Daí, neste caso, os diretores e pessoas responsáveis por essa
sociedade podem ser responsáveis pelo pagamento dos tributos dessa
sociedade empresarial.

*Responsabilidade Por Infração: independente do dolo do indivíduo,


ele deverá ser responsável pela obrigação tributária. Caso uma pessoa envie
sua declaração de imposto de renda em atraso, mesmo que ele possua uma
justificativa e que não tivesse intenção de enviar essa declaração em atraso, o
fisco entenderá isso como uma situação de infração à norma legal. A autoridade
poderá usar alguns critérios um pouco subjetivos para atenuar ou então
diminuir a punição do indivíduo caso seja necessário e determina que neste
caso a responsabilização por infração é sempre pessoal.

No artigo 138 do CTN, existe o Instituto da Denúncia Espontânea, onde


um indivíduo que praticou essa infração, caso não haja nenhum procedimento
administrativo em andamento, ele pode efetuar o pagamento do seu tributo com
os devidos juros e dessa forma solicitar que não seja aplicada a ele o instituto
da multa. Deste modo, caso não haja configuração de nenhum processo ou
procedimento administrativo pela configuração dessa infração, o indivíduo pode
ir até o fisco, pagar o seu tributo acrescido dos juros devidos e assim solicitar
que não seja aplicado a ele a multa. Caso o tributo possua lançamento por
homologação, o indivíduo não poderá se valer do Instituto da Denúncia
Espontânea. Dessa forma, a Responsabilidade por Infração poderá ser
excluída caso o indivíduo faça Denúncia Expontânea, pague o tributo devido
acrescido dos juros e deste modo visando então se escusar ou se livrar da
Responsabilização Por Infração.
CONCLUSÃO

A responsabilidade tributária define quem é responsável pelo pagamento do


tributo. O responsável, além de possuir relação indireta com o fato gerador (ou seja,
não pode ser qualquer terceiro), deve ter meios de extrair os recursos do próprio
contribuinte ou compeli-lo ao pagamento, sob pena de subversão do instituto.

A atenção à responsabilidade tributária é crucial para a edificação do aspecto


pessoal (quem deve pagar) da hipótese de incidência tributária. Sem ela, pode resultar
no inadimplemento da obrigação tributária e na cominação de eventuais penalidades.
Por essa razão, deve-se sempre verificar quem deve pagar: contribuinte ou eventual
responsável.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

https://jus.com.br/artigos/33974/responsabilidade-tributaria

https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-tributario/as-modalidades-de-
responsabilidade-tributaria-classificacao-e-conceito/

Apostila Direito Tributário, Prova da Ordem – Disponível em Material do Aluno;

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