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CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

José Francisco de Melo 209323


Celia Maria Barbosa 209346
Andres Miguel Ramirez Aigner 209192

Desenvolvimento do juízo moral e


afetividade na teoria de Jean Piaget

COTIA/SP
2022
José Francisco de Melo 209323
Celia Maria Barbosa 209346
Andres Miguel Ramirez Aigner 209192

Desenvolvimento do juízo moral e


afetividade na teoria de Jean Piaget

Resenha apresentada para a disciplina Teorias


Psicogenéticas do Desenvolvimento, no curso de
psicologia, da Faculdade Lusófona de São Paulo
– FL-SP.

Prof. Me. Alexandre Marciano da Silva

COTIA/SP
2022
RESENHA
La Taille, Yves de; Oliveira, Marta Kohl de; Dantas, Heloysa. Piaget, Vigotski, Wallon:
Teorias psicogenéticas em discussão. 5ª edição. São Paulo: Summus Editorial, 1992. 117
páginas.
O livro “Piaget, Vigotski, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão”, escrito por Lá Taille,
Oliveira e Dantas, teve sua quinta edição constando o número de 117 páginas publicada
pela Summus Editorial, na cidade de São Paulo, no ano de 1992. Nele, os autores, que são
professores -doutores na área de psicologia da universidade Federal de São Paulo (USP),
apresentam um diálogo entre os principais teóricos da psicologia e concedem
esclarecimento sobre o conteúdo a ser abordado. Questões perplexas de aparente
dicotomia entre o uso da razão e a honra ao amor levantam perguntas de origem moral,
assim exemplificado por Yves de La Taille se referindo as histórias de livros escritos por
autores franceses Racine e Corneille. A pergunta moral pode ser estudada com o propósito
de responder qual seria a verossimilidade da história em contextos psicológicos, e assim
Yves propõe relacionar com o trabalho de Jean Piaget e seu trabalho sobre a moralidade.
Segundo Piaget a moral consiste num sistema de regras por esse motivo ele usa jogos
coletivos nas suas pesquisas porque são ‘paradigmáticas’ para a moralidade humana. Por
três motivos: 1) atividades são reguladas por normas elas são herdadas, mas exista a
possibilidade de serem mudadas (atribui uma condição de legislador). 2) Respeito às regras
que não necessariamente são morais, mas o respeito a elas são. 3) O respeito ás regras
vem de mútuos acordos entre jogadores. Nesse livro, Jean Piaget faz correspondência aos
estágios do desenvolvimento moral a um acréscimo qualitativo em relação ao estágio
anterior, como um processo a níveis mais ordenados do conhecimento moral.
Desenvolvimento moral infantil é a construção de valores que a criança adquire por meio da
convivência com o meio. O desenvolvimento de noções de valores, de preocupação com o
próximo, de interação respeitosa com o próximo e comprometimento com a coletividade.
Para ele, os valores morais são construídos a partir da interação do sujeito com os diversos
ambientes sociais e será durante a convivência diária, principalmente com o adulto, que ela
irá construir seus valores, princípios e normas morais. Assim sendo, podemos concluir que
esse processo requer tempo. Entende-se por juízo moral o ato mental que estabelece, se
uma determinada conduta ou situação tem conteúdo ético ou se, pelo contrário, carece
destes princípios. O juízo moral realiza-se a partir do sentido moral de cada indivíduo e
responde a uma série de normas e regras que vão sendo adquiridas ao longo da vida. Para
Piaget, (1977, p.11) “Toda moral consiste num sistema de regras e a essência de toda
moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por estas
regras”( JM,p.2). Por conseguinte, essas regras estão de fato vinculadas à vida cotidiana, a
qual a criança estabelece relações e delas absorve as noções para o convívio social. Na
fase de anomia, natural na criança pequena, ainda no egocentrismo, não existem regras e
normas. O bebê, por exemplo, quando está com fome, chora e quer ser alimentado na hora.
As necessidades básicas determinam as normas de conduta. Na fase da heteronomia, nota-
se um interesse em participar de atividades coletivas e regradas. Vale dizer que a criança
dessa fase não concebe tais regras como contrato firmado entre jogadores, mas como algo
sagrado e imutável, imposto pela “tradição”. A terceira fase é a da autonomia. Piaget usa o
termo autonomia referindo-se à “submissão efetiva do eu às regras reconhecidas como
boas” O desenvolvimento de noções de valores, de preocupação com o próximo, de
interação respeitosa com o próximo e comprometimento com a coletividade. Para ele, os
valores morais são construídos a partir da interação do sujeito com os diversos ambientes
sociais e será durante a convivência diária, principalmente com o adulto, que ela irá
construir seus valores, princípios e normas morais. Assim sendo, podemos concluir que
esse processo requer tempo. Entende-se por juízo moral o ato mental que estabelece, se
uma determinada conduta ou situação tem conteúdo ético ou se, pelo contrário, carece
destes princípios. . Durkheim aborda a questão da autonomia moral. Ele está consciente de
que seu lugar é problemático, uma vez que colocou a fonte da moral na sociedade em algo
exterior ao indivíduo. Referindo-se às regras morais, escreve que “ elas não são nossa obra,
e por conseguinte, conformando-nos a elas, obedecemos a uma lei que não fizemos “
(1974b, p, 94). No caso a nossa autonomia reside em conhecer racionalmente as leis,
compreender que elas apresentam a ordem das coisas no mundo físico, e que nada
podemos fazer de melhor a não ser respeitá-las. Piaget investigou as concepções morais
infantis em três situações no caso de dano material, mentira e rubo. Fazendo com que as
crianças assumam o papel de juiz para que assim tomam um posicionamento moral perante
as diferentes situações. No primeiro caso foi descoberto a existência de uma primeira fase
de heteronomia no desenvolvimento juízo moral que possui três caraterísticas: 1) é
considerado ‘bom’ a obediência às regras impostos pelos adultos ou aos adultos em se; 2)
as regras são interpretadas ao pé da letra; 3) a responsabilidade é julgada de forma objetiva
e não pela intenção dos atos, mas sim pelas consequências. O realismo moral se deve à
falta de compreensão em ralação ao funcionamento sociais das regas. Também tenta
explicar as razões pelas quais as crianças passam por uma etapa de heteronomia antes de
chegar na autonomia, Yves traz uma discussão entre Piaget e Emile Durkheim e Pierre
Bovet. Durkheim sugere que o dever corresponde ao sentimento de obrigatoriedade perante
uma regra moral é o que nos faz a ela obedecer. Durkheim nega que o seguimento de
regras tenha alguma coisa a ver com as emoções para ele a obediência as regras têm a sua
raiz exclusivamente da razão. Piaget discorda com Durkheim no quesito do termo sociedade
como “ser”, pois, ele considera o indivíduo e a sociedade são dinâmicas no seu
relacionamento, essas relações interindividuais podem produzir efeitos psicológicos diversos
e Piaget as divide em duas categorias: coação e cooperação. Coação sendo uma relação
assimétrica onde a opinião e a forma de pensar é imposto sobre o outro e cooperação onde
as relações são simétricas e regidas pelas reciprocidades onde tem mútuos acordos entre
participantes e as regras não são impostas previamente. Piaget pensa que somente através
da cooperação o desenvolvimento intelectual e moral pode ocorrer porque é necessário que
os indivíduos se descentrem para poder compreender o ponto de vista dos outros. Agora
Piaget simpatizava com as ideias de Bovet ambos levam em conta as relações entre os
indivíduos e não simplesmente a relação dos mesmos com a sociedade, mas confunde as
duas morais da coação e da cooperação citada por Piaget. Yves continua a sua ponderação
agora questionando o domínio da razão sobre as emoções tomando como exemplo
novamente personagens, Fedra e Rodrigo. Primeiramente o afeto pode ser interpretado
como “energia” que impulsiona as ações afirma Yves. O desenvolvimento da inteligência, no
caso, permitiria despertar motivação por uma quantidade incremental de situações. Yves
afirma que essa afetividade é a amola propulsora das ações e a Razão está a seu serviço.
Mas a questão se torna ainda mais complexa quando devemos agir em oposição aos
nossos interesses pessoais. A SOLUÇÃO DE PIAGET é que na verdade o que move as
ações da moral autônoma é o “sentimento” da necessidade, ele escreve: “Todo mundo
notou o parentesco que existe entre as normas morais e as normas lógicas: a lógica é uma
moral do pensamento, como a moral é uma logica de ação” (JM, p.322). É importante notar
que Piaget escreve no seu livro que na verdade existe uma constante procura por ordem e
organização. Sendo assim, o que, então, seria “necessário” para ele? Para Piaget significa
“aquilo que não pode não ser” Yves exemplifica: “Por exemplo, tenho absoluta certeza de
que a +c, dado que a=b e b=c, então não pode se admitir que a=c seja verdade”. O que
implica que a evidência é subjetiva e para Piaget o desenvolvimento de tal capacidade de
raciocínio lógica é paralelo ao desenvolvimento moral. Esta capacidade e o “sentimento”
citado por Piaget são produto de uma construção psicológica previa. Aquela procura pela
organização perante a incoerência evidencia a existência de um equilíbrio e nesse momento
é que Piaget usa o termo abstração reflexiva. Essas tomadas de consciências se traduzem
em estruturas que não são dependentes de uma simples vontade, mas são de fato
requeridas pelo meio social sempre e quando os relacionamentos sejam de cooperação; “A
crítica nasce da discussão e a discussão só é possível entre iguais: somente a cooperação
realizara o que a coação é incapaz de fazer” (JM, p. 326). Coação não possibilita o
raciocínio já que o imposto permanece exterior á consciência do indivíduo. Sendo esse um
caso de heteronomia é só a verificação empiria que permitira no futuro ter certeza subjetiva
de um determinado assunto. Yves continua a ponderar a validade das explicações
piagetiana no que se refere á moral. Ele cita duas grandes virtudes, a primeira é sobre a
falta de liberdade em relacionamentos heteronômicos e o impacto negativo na ideia de
responsabilidade por conta da falta de participação do indivíduo na imposição das regras. A
razão também acaba tendo um papel na explicação do porquê certos indivíduos decidem
agir em contra a moral do grupo no qual ele é inserido, sem a razão o individuo não tem
como responder as injustiças. Em segundo lugar, o sistema democrático pede a
cooperação, já que para que a democracia aconteça é necessário ter combinados,
perspectivas diferentes, o respeito a opiniões diferentes. O individuo não pode ser então
“padronizado”. Mas ainda tem uma pergunta central que precisa ser esclarecida,
“compreende-se que a razão possa ser atribuída a produção da ideia do bem; mas pode-se
também a ela atribuir os sentimentos de obrigatoriedade? Dito de outra forma: basta achar
racionalmente correto uma determinada conduta para realizá-la?”. Isso aqui evidencia um
loop eterno onde a afetividade e a razão se confrontam, mas Piaget olha este confronto
como uma harmoniosa conjunção do afeto e a moral. Bergson diz no seu livro “Nenhuma
especulação pode criar uma obrigação ou nada que se pareça como ela (...) mas se a
atmosfera de emoção está presente, se eu a respirei, se a emoção me penetra, eu agirei
segundo ela, levantado por ela. Não por coação ou necessidade, mas em virtude de uma
inclinação á qual eu não vou querer resistir” (ibid., p. 45), adiciona “não é da necessidade
vazia de não se contradizer que se produzirá a obrigação moral” (ibid., p. 65) e que “há
emoções que são geradoras de pensamentos” (ibid., p. 40) mas a obrigação moral para
Piaget nasce da necessidade racional não pelo sentimento. Piaget acaba explicando que a
razão não é dada a priori, mas sim construída na vivência social, ele esclarece a gênese da
Razão, deste “sentimento” de necessidade dela proveniente, mas ainda não diz a respeito
do “princípio determinante da vontade”. Yves conclui que Piaget fornece uma condição
necessária ao desenvolvimento moral autônoma, mas não a condição suficiente. Falta a
mostra de como a afetividade torna o respeito mútuo possível na prática. Yves afirma que
Piaget ficou “refém” do seu próprio método (sobre juízo moral) e o estudo basicamente
incompleto, mas que de certa forma pede para ser completado.

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