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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS CAMPUS ARAPIRACA

UNIDADE EDUCACIONAL PALMEIRA DOS ÍNDIOS


CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
DISCIPLINA: ÉTICA PROFISSIONAL

ANA BEATRIZ DO NASCIMENTO


ANA CRISTINA BEZERRA DA SILVA
DOUGLAS NETO
ELAINE SUANE SANTOS DE SOUZA
NALFRAN MODESTO BENVINDA
PRISCILLA FREITAS
WILDIMYLA KAROLAYNE D. DE OLIVEIRA LEITE

O OBJETO DA ÉTICA

PALMEIRA DOS ÍNDIOS


2023
ANA BEATRIZ DO NASCIMENTO
ANA CRISTINA BEZERRA DA SILVA
DOUGLAS NETO
ELAINE SUANE SANTOS DE SOUZA
NALFRAN MODESTO BENVINDA
PRISCILLA FREITAS
WILDIMYLA KAROLAYNE D. DE OLIVEIRA LEITE

O OBJETO DA ÉTICA

Trabalho de Ética Profissional apresentado à disciplina de Ética Profissional


do Curso de Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Alagoas,
Campus Arapiraca, Unidade Educacional Palmeira dos Índios.

Docente: Fernanda Simião.

PALMEIRA DOS ÍNDIOS


2023

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ÉTICA - ADOLFO SÁNCHEZ VÁZQUEZ

O OBJETO DA ÉTICA

1. Problemas morais e problemas éticos

O homem na sua humanidade é confrontado diariamente consigo mesmo em


suas relações interpessoais. Problemas morais que envolvem na distinção entre o
que é o certo e o errado, virtude e o vício, o bem e o mal, coisas da vida pessoal do
indivíduo e de outros ao seu redor que coloca em dúvida seus valores pessoais
aderidos na sua vida cotidiana. Tomadas de decisão como por exemplo:
- É correto mentir para encobrir o meu amigo, que cometeu um furto?
- É correto roubar comida para uma pessoal que está passando fome? Como diz o
autor no texto:
Se um indivíduo procura fazer o bem e as consequências de suas ações são
prejudiciais aqueles que pretendia favorecer, porque lhes causa mais prejuízo do
que benefício, devemos julgar que age corretamente de um ponto de vista moral,
quaisquer que tenham sido os efeitos de suas ações? (p.5) Este questionamento me
fez recordar, de um trecho bíblico da carta de São Paula aos Romanos, onde ele
diz: Eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita o bem, porque o querer o
bem está em mim, mas não sou capaz de efetuá-lo. Não faço o bem que quereria,
mas o mal que não quero. (Rm 7, 18-19)
Os problemas morais lidam a todo tempo com questões internas de
consciência pessoal, por mais que o indivíduo queira fazer o bem, por várias vezes
é o mal que fará, não com o anseio de prejudicar, mas diante das ações, sempre a
uma reação, seja ela boa ou ruim.
Em contrapartida, com base nos princípios morais os problemas éticos
envolvem não somente um indivíduo, ou dois, mas vários indivíduos, um grupo
social, uma empresa, os profissionais que nela trabalham, etc. requer aplicar os
valores morais para tomar decisões éticas e justas que venha a favorecer o grupo,
visando sempre o que é “bom”. Muitas teorias éticas organizaram-se em torno da
definição do bom, na suposição de que se soubermos determinar o que é, podemos
saber o que devemos fazer ou não fazer. Para uns, o bom é a felicidade ou o prazer,
para outros, o útil, o poder, a autocriação do homem, etc. (p.8) Contudo é complexo,

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varia muito sua definição, diante do que está sendo aplicado, a todo um conjunto a
ser estudado no comportamento moral, desde a religião até a política.
Por exemplo:
- É ético um prefeito atrasar o pagamento dos funcionários, para arcar com as
despesas de uma festa pública?
Sendo assim, em resumo, os problemas morais e éticos se diferenciam sem
se desligar um do outro, os problemas morais estão mais relacionados ao
julgamento individual do que é certo e errado, já os problemas éticos envolvem
situações mais amplas e a aplicação de princípios morais em contextos sociais e
profissionais.

2. O campo da ética

Os problemas éticos são propriamente éticos por sua generalização e por


esse mesmo motivo se difere dos problemas morais, que são particulares.
A ética contribui e serve de base para o comportamento moral, ao passo que
institui uma relação entre o último e os interesses e necessidades sociais, e por ter
um caráter prático, embora parta de uma disciplina teórica normativa, viu-se na ética
a função fundamental de indicar o melhor comportamento do ponto de vista moral.
Embora teórica, muitas éticas tradicionais usam-a como bússola para nortear
o que os indivíduos devem fazer, pautando o comportamento desejado através de
princípios e normas, transformando o ético num legislador do comportamento moral.
A pretensão de formular princípios e normas universais, deixando de lado a
experiência moral histórica, afastaria da teoria precisamente a realidade que deveria
explicar.
Enquanto isso, a função da teoria ética é a mesma de qualquer teoria:
esclarecer, investigar e explicar uma determinada realidade. Sendo assim, a ética é
teoria de um tipo de experiência humana ou forma de comportamento dos homens.
Para controlar os excessos normativistas das éticas tradicionais, o domínio
da ética foi reduzido a problemas de linguagem e raciocínio moral, abdicando temas
como fundamentos da consciência moral e essência moral, ou até mesmo o bom.
Evidencia-se, portanto, que não cabe a ética definir juízo de valor sobre as
práticas de outras sociedades ou épocas para alcançar uma moral absoluta ou
universal, cabe a ela explicar o porquê da diversidade e das mudanças morais.

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3. Definição da ética

No tópico Definição da Ética, o autor Adolfo Sánchez começa afirmando que


a ética não cria a moral. Dito isso, a ética não se trata simplesmente de um conjunto
de normas externas impostas, mas sim de uma reflexão teórica que busca
compreender e justificar racionalmente a moralidade humana, portanto, a ética é a
ciência da moral, porém a moral não é considerada ciência propriamente dita, mas
sim um objeto da ciência.
O autor ressalta também a origem e significados das palavras ética e moral.
A Ética vem do grego ethos que significa “caráter”, logo, a ética é entendida como
uma forma de vida adquirida ou conquistada pelo ser humano. Já moral tem origem
latim mos ou mores, que nada mais é que “costumes”, ou seja, são normas e regras
existentes na nossa sociedade que são adquiridas por hábito ou por puro costume.
Por fim, Adolfo Sànchez Vázquez (2006) relata que: “”caráter” e “costume”,
assentam-se num modo de comportamento que não corresponde a uma disposição
natural, mas que é adquirido ou conquistado por hábito.”.

4. Ética e Filosofia

Ao ser definida como conjunto sistemático de conhecimentos racionais e objetivos a


respeito do comportamento humano moral, a ética nos apresenta com objetivo
específico que se pretende estudar cientificamente.
A ética filosófica preocupa-se mais em buscar a concordância com
precipícios filosóficos universais do que com a realidade moral no seu
desenvolvimento histórico e real, onde resulta também o caráter absoluto e
aproorístico das suas afirmações sobre o bom, o dever, os valores morais.

5. A ética e outras ciências

Os agentes morais, em primeiro lugar, são indivíduos concretos que


fazem parte de uma comunidade. Seus atos são morais somente se
considerados nas suas relações com os outros. (VÁSQUEZ. 2008,
p.29)

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Lembrando que o sujeito é biopsicossocial e religioso, sofre as influências do
contexto ao qual está inserido.

Contudo, sempre apresentam um aspecto subjetivo, interno,


psíquico, constituído de motivos, impulsos, atividade da consciência
que se propõe fins, seleciona meios, escolhe entre diversas
alternativas, formula juízos de aprovação ou desaprovação, etc.
(VÁSQUEZ. 2008, p.29)

Aqui, o autor já está fazendo uma relação com a psicologia, embora a gente saiba
que existem normas culturais, costumes, existem aspectos íntimos e internos dos
indivíduos que fazem o sujeito se comporta de forma a ou b. Não é uma simples
reprodução dos costumes, buscando entender porque as pessoas se comportam de
determinada forma.

A explicação do comportamento humano possibilita a compreensão


das condições subjetivas dos atos dos indivíduos. Problemas morais
como o da responsabilidade e da culpabilidade não podem ser
abordados sem considerar os fatores psíquicos que intervieram no
ato, pelo qual o sujeito se julga responsável e culpado. (VÁSQUEZ.
2008, p.30)

É preciso considerar que algumas pessoas podem não ter consciência do que estão
fazendo, exemplo de pessoas em episódios psicóticos, ou sobre uma criança como
o exemplo em aula da criança de 3 anos que atirou e matou a irmã de 4, em ambos
os casos o sujeito não pode ser culpabilizado pela ação.

[...] quando se superestima esse aspecto subjetivo do


comportamento humano, isto é, a função dos fatores psíquicos e se
tende a esquecer o aspecto objetivo e social do comportamento
humano, até o ponto de transformá-lo em explicação do
comportamento moral, cai-se no psicologismo ético. (VÁSQUEZ.
2008, p.30)

A psicologia é importante para compreender como o sujeito se comporta,


porém não pode ser reduzido, justificando todos os atos por experiências anteriores,
isso pode até explicar como a pessoa agiu com o outro, mas, não exime e nem deve
ser usada para justificar os atos morais caindo num psicologismo ético.

A ética vem mostrar que devemos ter um entendimento com aspecto de


razão com realidade e efetividade no comportamento do ser humano, e que seja
traçado em fatores de valor.

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Numa definição simples, podemos conceituar ética como a ciência que
estuda o desempenho comportamental moral do ser humano na coletividade.
Busca, ademais, uma essencialidade de determinação da moral, o funcionamento
aos juízos da natureza moral, como se justifica e os principais princípios que regem
os comportamentos sistemáticos morais.

Se a moral é estudo da ética, então aquela pode ser influenciada por esta. Se
antes não havia uma diferença notória entre moral e ética, hoje não podemos
afirmar com tanta propriedade pois está muito mais aclarada essa diferenciação.

Nas relações entre a Ética e o Direito é possível estabelecer relações do


ponto de vista do comportamento normativo do ser humano. Tanto o Direito quanto
a Ética tratam o ser humano desde a perspectiva das normas. Neste sentido, a
questão que se coloca e a natureza da especificidade. Segundo Adolfo Sanchez
Vazquez (2006, p. 22) a questão da especificidade se daria no Direito, porque este
tem um caráter coercitivo exterior, e na Ética este o caráter coercitivo estaria
ausente. Esta opinião não parece se sustentar coerentemente, uma vez que a Ética
também traz um caráter coercitivo, muito mais potente do que o caráter coercitivo do
Direito. A diferença reside no fato de que o caráter coercitivo da Ética é da ordem da
interioridade.

Já nas relações entre a Ética e a Economia, as relações produtivas, o modo


como a força do trabalho torna-se uma mercadoria, o modo se realiza a exploração
da força do trabalho para maximizar os lucros são maneiras de as relações
econômicas transformarem as relações morais entre as pessoas. Mais que isso,
Marx explica como os detentores dos meios de produção são capazes de produzir
“uma narrativa” que dita modos de vivência moral conforme os seus interesses,
produzindo mecanismos de “domesticação” da moral.

REFERÊNCIAS

VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. O objeto da ética. In:_______. Ética. Rio de Janeiro:


Civilização Brasileira, 2006. (13-34).

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