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ÉTICA, MORAL AXIOLOGIA E VALORES: CONFUSÕES E AMBIGUIDADES EM

TORNO DE UM CONCEITO COMUM

Caroline Dayse Conceição Reis


21016987
Hallana Rayana Oliveira Rocha
21013290
Rebecka Barros de Morais
21014782
Curso de Psicologia, 5º Bloco
UNINASSAU – Parnaíba, PI

Ana Paula Pedro, Doutora em Ciências da Educação, Professora do Departamento de


Educação da Universidade de Aveiro, Portugal, possui ligação com o Centro de Línguas,
Literaturas e Culturas (UA) e ao Center for Mind, Language and Action Group (Universidade
do Porto). Tem uma vasta experiência em áreas diversificadas da Educação e Filosofia. Possui
atualmente 6 livros publicados. Desde 1992, já publicou mais de 100 artigos com peer review
em revistas nacionais e internacionais. Foi convidada para cerca de 30 conferências nacionais
e internacionais como o key note-speeker. Colaborou em diversos projetos com Brasil,
Argentina, Inglaterra, Itália e França. É membro editorial e membro acadêmico de revistas
internacionais da especialidade. É fundadora de uma revista internacional, e peer reviewer de
diversas revistas internacionais.

INTRODUÇÃO
A ética em geral é entendida como uma normativa criada a partir dos princípios morais
da sociedade que devem ser seguidos. Biff (2007) entende a moral como ação e ética como
norma, portanto, a ética nada mais é do que a normatização da ação moral dentro de diversos
âmbitos incluindo o profissional. A partir deste conceito é possível entender que o fato do
indivíduo acreditar que uma ação é ou não moral é o que o move para executar ou não aquela
ação e isso impacta nas suas relações profissionais e pessoais. Vázquez (2000) ressalta que é
possível falar em comportamento moral e ético somente quando o sujeito que assim se
comporta é responsável pelos seus atos. Considera-se o livre arbítrio dentro do pressuposto de
que pode fazer e o que se queria fazer, restando sempre duas alternativas em relação à decisão
tomada. A Ética é o ramo da ciência que investiga códigos e valores morais aos quais os
indivíduos são submetidos e os comportamentos individuais segundo a moral inserida em
determinada sociedade.
Portanto, a Ética está relacionada à teoria ou ciência do comportamento moral dos
homens em sociedade e envolvem conhecimentos da filosofia, a história, a psicologia, a
religião, a política, o direito, e toda uma estrutura que cerca o ser humano e suas relações
sociais e profissionais, Barros (2010). Cumming (2003) ressalta que no dia a dia as pequenas
atitudes contribuem com a formação humana e independentemente da posição de destaque
social que a pessoa ocupe, ou da simplicidade que tem é fundamental para refletir sobre a
moral e criar conceitos éticos. Nas relações humanas é que se torna expressiva a importância
da construção da ética e destaca-se que são os homens os construtores dela. Nas organizações
sociais é necessário expressar o quanto são importantes valores éticos e o exercício da moral
dentro do contexto de vida, considerando que esse tipo de comportamento é que deve ser
reforçado. Partindo desse conceito de ética, moral e valores axiologia e considerando a
importância d e trabalhar com esses conceitos na formação da pessoa principalmente devido
aos padrões exigidos pela sociedade, com ações éticas e moralmente aceitas em todos os
ambientes de convívio o trabalho apresenta um estudo sobre valores, éticas e moral partindo
da disciplina de Filosofia no Ensino Médio.

CRÍTICA
Dentro da perspectiva da autora tem-se certa distinção entre os termos comumente
usados no meio social e do trabalho, sendo eles: ética, moral, axiologia e valores. Vale
ressaltar, que ambos os termos são complementares e necessitam um do outro para que haja
sentido em sua explanação e aplicação. Segundo Pedro (2013), valores são a vivências
apresentadas a quem valora, experiências fenomenológicas que estão diante da consciência do
sujeito, sendo singular para cada ser humano, já que esse é construído culturalmente. Já ética,
seria a parte subjetiva e reflexiva sobre a moral, em que essa última seria o resultado dessa
reflexão, a parte prática, exercida nos mais diversos âmbitos. Por fim, axiologia é o estudo da
moral e da ética, a fim de considerar posições morais e éticas mais justas, no sentido de que o
homem sempre busca inovações para sua convivência com outro, visando a melhoria das
interações e o exercício da liberdade.
Trazendo a tona uma visão crítica aos fatos apresentados, há uma concordância sobre
as definições e correlações apontadas pela autora. Por exemplo, Neme e Santos (2014),
apontam que ética seria o estudo dos comportamentos morais, por outro lado, moral seriam as
condutas para agir, esperadas pelos demais. Portanto as duas especificidades, apesar de
diferentes em suas conceituações, são correlatas, pois não existem individualmente,
apresentando na verdade, uma complementariedade. Observando de forma tão clara a
distinção entre ambos, por quê se trona tão difícil sua identificação no dia-a-dia? Paula Pedro
remonta então que tal confusão está na base epistemológica das duas palavras, onde ética em
sua raiz grega vem de ethos, que significa o lugar onde brota a interioridade dos homens, para
Heidegger, a habitação do ser. Em contrapartida, moral vem do latim mos que se refere a
costumes, normas e leis.
Isso causa um nó na mente do indivíduo que estuda e aplica tais conceitos, pois
levando em conta a habitação do ser e ao mesmo tempo, costumes, normas e leis, têm-se que
ambas revelam uma característica única e reflexiva que o homem faz de suas ações e as
consequências delas no conviver com o outro. A autora ressalta outro fator importante para
ampliação desse problema, o qual ainda hoje é partilhado por muitos, sendo esse a utilização
dos termos em aplicações pessoais do cotidiano, ou a sistemas e teorias morais.
Tais agravos são pontos a serem desenvolvidos dentro da sociedade, tendo em vista
que desde o primeiro contato social o homem está diante dessas conceituações, entretanto,
aqueles que deveriam guia-lo pouco ou nada sabem de tal distinção, dado que sempre foram
tratadas como sinônimos. Os valores também são retratados pela a autora como parte da ética,
contudo, demostram também, características construídas ao longo de vivências, o que pode
levar ao surgimento de mais dificuldades e confusões com os outros dois conceitos. Quem
nunca foi questionado sobre quais são os seus valores morais e éticos? Porém, ao refletir e
apontar o valor como um ato, um questionamento a uma situação, há aí uma clarificação de
ideias e exemplificação de ações. Isso dá pelo exemplo, quando se está em uma fila de banco
ou lotérica e existe a possibilidade de furar a fila, nesse momento o indivíduo usa de sua
valoração para entender aquele fenômeno e dar um significado a ele, através de sua ética
subjetiva-o como algo bom ou ruim e por fim, mas não menos importante, por sua moral, age
de acordo com os outros dois, decidindo se irá ou não furar a fila e adquirir vantagem daquela
situação.
Há quem diga que são processos demais para um pequeno instante, mas, segundo
Pedro (2013), o ser humano possui um arcabouço de valores e morais que o guiam
fortemente, adquiridos ao longo de sua existência, sendo assim, distintos entre os demais. Isso
aponta para uma reflexão oculta, mas percebida dentro do artigo de Paula Pedro, a qual seria o
esquecimento da característica ética, que é a parte subjetiva. Ou seja, muitas pessoas agem de
forma “automática” dentro de diversos contextos, desviando-se do fazer ético, apesar de sua
existência e conhecimento. Depreende-se de tal situação que o pragmatismo nas decisões
humanas torna-se um erro fatal que consequentemente desencadeia resultados impensados e
frustrantes. Dessa forma, muitos ou até mesmo a própria pessoa são afetadas devido a falta
desse componente fundamental dentro da sociedade. Pouco se pensa sobre as consequências
das mais diversas ações, apenas são levadas em consideração os benefícios que serão
adquiridos a partir daquela ação.
Por fim, cabe a pergunta, até onde posso me mover, sem ferir o direito do outro de
mover-se também? O referido artigo trouxe consigo a resposta para tal questionamento. Em
seus pontos fundamentais e bastante relevantes para entendimento e diferenciação dos
conceitos, abordando-os de forma gradativa e interdependentes entre si, ele revela que a
subjetividade ética é fundamental para responder a muitas questões do cotidiano que
poderiam ser evitadas se não fosse esquecido tal mecanismo. Para o leitor que busca a
compreensão completa entre essas questões, tal artigo se torna crucial, além de despertar o
interesse daquele que lê em leituras similares e nas mais diversas situações em que esses
mecanismos estão presentes.
Cabe uma ressalva para o ponto chave dessa leitura que é o mergulho que se sente ao
analisar suas próprias atitudes, ao mesmo tempo em que investiga as ações dos demais a sua
volta, sejam eles familiares, amigos, cônjuges, sempre pautando-se nas explanações
abordadas parágrafo a parágrafo. Ao sentir-se parte do texto, compreende-se que a autora
trabalhou de forma concisa a fim de chamar a atenção do leitor para que esse trabalhasse sua
percepção pessoal sobre si e os demais, sem dúvidas, um trabalho difícil, mas fenomenal.

REFERÊNCIAS
BARROS, M. R. F. A ética no exercício da profissão contábil. Pontífice Universidade
Católica de Minas Gerais. Belo Horizonte. No prelo, 2010.

BIFF, A. A responsabilidade civil do contabilista de acordo com o Novo Código Civil: Uma
análise dos artigos 1.177 e 1.178 da Lei n. 10.406/2002. Florianópolis: UFSC, 2007.

CUMMING, M. S. A ética no nosso cotidiano. Portal Rp-bahia, Salvador, 2003. Disponível


em: http://www.rpbahia.com.br/trabalhos/paper/artigos/etica.pdf. Acesso em: 18 Abril de
2022.

NEME, C. M. B.; SANTOS, M. A. P. Ética: conceitos e fundamentos. Catedu. No prelo.

PEDRO, A. P. Ética, moral, axiologia e valores: confusões e ambiguidades em torno de um


conceito comum. Kriterion, Belo Horizonte, n. 130, p. 483-498, 2014.

VAZQUÉZ, A. S. Ética. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, ed. 37ª. p. 19-22, 2017.

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