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Pesquisa doutrinária sobre os contratos gratuitos e onerosos:

Fato jurídico é todo evento que produz efeitos de direito. O ato jurídico pode ser
lícito, isto é, um ato praticado em conformidade com o direito; ou ilícito, neste caso, em
desconformidade com o direito. Sendo lícito, o mesmo pode ser subdividido em
negócios jurídicos, sendo a estipulação de consequências jurídicas, realizada por
sujeitos de direito no âmbito do exercício da autonomia da vontade. Sua previsão legal
se encontra a partir do art. 217º, do Código Civil. O Negócio jurídico, que é uma
negociação manifestada no exercício da autonomia da vontade das partes, pode ser
unilateral, quando houver uma parte, ou plurilateral (ou contratos), quando houver mais
de uma parte. Apesar da classificação quanto à estrutura, o negócio jurídico também
pode ser classificado conforme a produção dos efeitos obrigacionais entre as partes.
Neste caso teremos os unilaterais, nos quais só há obrigações para uma das partes e os
bilaterais, quando produz obrigações para duas ou mais partes. No âmbito desses
contratos é que encontraremos a classificação de contratos gratuitos e onerosos.

Enquadramento da natureza jurídica dos contratos onerosos e gratuitos em linhas


gerais, para os contratos onerosos e gratuitos, deve-se levar em consideração o critério
econômico, sendo oneroso aquele em que há um equilíbrio financeiro, logo, ambas as
partes ganham e perdem (patrimônio), e gratuito aquele em que há um desequilíbrio
económico, isto é, vantagem somente para uma das partes. Ademais, a dicotomia
gratuita e onerosa é amplamente utilizada tanto pela doutrina, quanto pela
jurisprudência e a lei, seu significado legal está longe de ser pacífico. 

Segundo Antunes Varela, “diz-se oneroso o contrato em que a atribuição


patrimonial efetuada por cada um dos contraentes tem por correspectivo, compensação
ou equivalente a atribuição da mesma natureza proveniente do outro (...)”. É gratuito o
contrato em que, um deles proporciona vantagem patrimonial ao outro, sem qualquer
correspectivo ou contraprestação. Corrobora com esse entendimento o doutrinador
Manuel António Pita, quando diferencia oneroso e gratuito, utiliza como paradigmas os
contratos de compra e venda e de doação, respectivamente e esclarece “na compra e
venda” o enriquecimento patrimonial de qualquer das partes é obtido em contrapartida
de um empobrecimento: o comprador para obter a propriedade tem de pagar o preço; o
vendedor para obter a quantia em dinheiro tem de perder a propriedade transmitida.
Destarte, quanto à exceção do mútuo, em que, havendo juros a pagar (mútuo retribuído),
é considerado oneroso, e não correndo juros, é considerado gratuito; em situação
análoga temos: o comodato, conforme art. 1129º; o mandato, consoante art. 1158º; e
depósito, segundo art. 1186º, todos do Código Civil.

Galvão Telles faz menção à análise do caso concreto, pois quando o contrato


possuir mais de duas partes, a relação do primeiro com o segundo pode ser gratuita,
enquanto que a relação do segundo com o terceiro pode ser onerosa. Conforme Carlos
Ferreira de Almeida o entendimento definindo sobre a “gratuidade deve-se em função
do sacrifício (ou custo) apenas para uma só das partes e da vantagem (ou benefício)
apenas para a outra, sem atender à natureza patrimonial”. O interesse prático da
distinção entre contratos onerosos e gratuitos é de extrema importância em razão de sua
repercussão jurídica, nomeadamente nos seguintes casos: diferenças entre os requisitos
para a impugnação, art. 621º, 1; dos efeitos da nulidade ou anulação do negócio, art.
289º, 2 e 291º, 1; do enriquecimento sem causa, art. 481º,1; da irrevogabilidade dos
pactos sucessórios, arts. 1.701º e 1.702º; dentre outros.

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