Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
pt
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
FICHA TÉCNICA
Não é permitida a utilização deste Manual, para qualquer outro fim que não
o indicado, sem autorização prévia e por escrito da Ordem dos Contabilistas
Certificados, entidade que detém os direitos de autor.
2
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Índice
3
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
ACRÓNIMOS
4
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Apesar de não ser o objeto da formação cujo presente manual visa auxiliar, o qual
se centra nas implicações fiscais em sede de IRS e IRC das atividades imobiliárias,
concretamente de compra e venda, arrendamento de bens imóveis e alojamento local,
importará, a título prévio, fazer um breve enquadramento jurídico de tais atividades,
identificando os diplomas que as regulamentam.
Cremos que tal permitirá uma melhor compreensão das atividades em si e, por
conseguinte, das implicações fiscais das mesmas.
A compra e venda de imóveis tem o seu regime de base previsto no Código Civil,
sendo-lhe aplicáveis, em geral, as regras de qualquer contrato de compra e venda (cf.
artigos 874.º a 939.º do Código Civil).
Salientamos que, tal como se refere no artigo 875.º do Código Civil, “sem prejuízo
do disposto em lei especial, o contrato de compra e venda de bens imóveis só é válido
se for celebrado por escritura pública ou por documento particular autenticado”, o que
significa que este contrato está sujeito a forma especial.
Ainda com relevância para esta matéria, refira-se que a aquisição de bens imóveis
é um ato sujeito a registo, o qual está regulado no Código do Registo Predial.
5
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
“O DHD faculta a uma ou a mais pessoas singulares o gozo de uma habitação alheia
como sua residência permanente por um período vitalício, mediante o pagamento ao
respetivo proprietário de uma caução pecuniária e de contrapartidas periódicas.”
A figura do alojamento local foi criada pelo Decreto-Lei n.º 39/2008, de 7 de março,
precisamente para “regular a prestação de serviços de alojamento temporário em
estabelecimentos que não reunissem os requisitos legalmente exigidos para se
qualificarem como empreendimentos turísticos”1.
1
Retirado de “Alojamento Local: regime jurídico 2016 | Guia Técnico”, do Turismo de Portugal, I.P.
http://www.turismodeportugal.pt/Portugu%C3%AAs/AreasAtividade/dvo/alojamento-
local/Documents/guia-alojamento-local-mar-2016.pdf
6
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Com relevância para a análise que faremos nos capítulos seguintes, refira-se que,
nos termos do n.º 1 do artigo 4.º do Decreto-Lei n.º 128/2014:
“Para todos os efeitos, a exploração de estabelecimento de alojamento local
corresponde ao exercício, por pessoa singular ou coletiva, da atividade de prestação de
serviços de alojamento.”
7
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Faremos, ainda, uma referência, ainda que breve, à questão da reabilitação urbana,
muitas vezes associada à criação de estabelecimentos de alojamento local.
Por fim, e por entendermos que é uma matéria relevante no setor imobiliário,
faremos algumas breves referências às implicações em sede de IVA e impostos sobre o
património.
8
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Em matéria de IRC, vamos concentrar a nossa análise nas implicações fiscais para
as entidades residentes em território português, que exercem a título principal uma
atividade de natureza comercial, industrial ou agrícola.
2.1.1 Inventários
Uma entidade que adquira um dado imóvel com o objetivo de revenda, deverá
registá-lo como inventário, concretamente na rubrica de mercadorias2.
Assim sendo, quando proceder à venda, o resultado que obtenha será tratado como
um qualquer resultado operacional, e tributado nos termos gerais do IRC.
2
A respeito das regras de contabilização de inventários, sugerimos a leitura da NCRF 18 – Inventários.
9
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Nesta matéria, o regime fiscal não coincide com o regime contabilístico. Assim, no
apuramento do lucro tributável em sede de IRC haverá que expurgar as mais e menos
valias contabilísticas (recorrendo aos campos 767 e 736 da declaração Modelo 22) e
incluir as mais e menos valias fiscais (utilizando os campos 738 a 740, 742, 768 e 769).
O regime das mais e menos valias fiscais para efeitos de IRC encontra-se previsto
em algumas normas do respetivo Código, sendo que o regime genérico se encontra no
seu artigo 46.º.
10
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
De acordo com a referida norma, as mais e menos valias fiscais serão apuradas
através da seguinte fórmula:
Em que,
Portaria n.º Portaria n.º Portaria n.º Portaria n.º Portaria n.º Portaria n.º
Anos
362/2019 317/2018 326/2017 316/2016 400/2015 281/2014
11
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
1925 a
192,26 190,45 187,86 186,33 186,33 186,33
1936
1937 a
186,71 184,95 182,43 180,95 180,95 180,95
1939
1940 157,11 155,63 153,51 152,26 152,26 152,26
1941 139,54 138,23 136,35 135,24 135,24 135,24
1942 120,47 119,34 117,72 116,76 116,76 116,76
1943 102,59 101,62 100,24 99,42 99,42 99,42
1944 a
87,08 86,26 85,09 84,40 84,40 84,40
1950
1951 a
79,89 79,14 78,06 77,43 77,43 77,43
1957
1958 a
75,12 74,41 73,40 72,80 72,80 72,80
1963
1964 71,80 71,12 70,15 69,58 69,58 69,58
1965 69,15 68,50 67,57 67,02 67,02 67,02
1966 66,08 65,46 64,57 64,04 64,04 64,04
1967 a
61,79 61,21 60,38 59,89 59,89 59,89
1969
1970 57,22 56,68 55,91 55,46 55,46 55,46
1971 54,46 53,95 53,22 52,79 52,79 52,79
1972 50,92 50,44 49,75 49,35 49,35 49,35
1973 46,29 45,85 45,23 44,86 44,86 44,86
1974 35,50 35,17 34,69 34,41 34,41 34,41
1975 30,33 30,04 29,63 29,39 29,39 29,39
1976 25,40 25,16 24,82 24,62 24,62 24,62
1977 19,47 19,29 19,03 18,88 18,88 18,88
1978 15,25 15,11 14,90 14,78 14,78 14,78
1979 12,03 11,92 11,76 11,66 11,66 11,66
1980 10,85 10,75 10,60 10,51 10,51 10,51
1981 8,87 8,79 8,67 8,60 8,60 8,60
1982 7,36 7,29 7,19 7,13 7,13 7,13
1983 5,90 5,84 5,76 5,71 5,71 5,71
1984 4,57 4,53 4,47 4,43 4,43 4,43
1985 3,83 3,79 3,74 3,71 3,71 3,71
1986 3,46 3,43 3,38 3,35 3,35 3,35
1987 3,17 3,14 3,10 3,07 3,07 3,07
1988 2,85 2,82 2,78 2,76 2,76 2,76
1989 2,56 2,54 2,51 2,49 2,49 2,49
1990 2,29 2,27 2,24 2,22 2,22 2,22
1991 2,03 2,01 1,98 1,96 1,96 1,96
1992 1,87 1,85 1,82 1,81 1,81 1,81
1993 1,73 1,71 1,69 1,68 1,68 1,68
1994 1,65 1,63 1,61 1,60 1,60 1,60
1995 1,58 1,57 1,55 1,54 1,54 1,54
1996 1,54 1,53 1,51 1,50 1,50 1,50
1997 1,52 1,51 1,49 1,48 1,48 1,48
1998 1,47 1,46 1,44 1,43 1,43 1,43
1999 1,45 1,44 1,42 1,41 1,41 1,41
2000 1,42 1,41 1,39 1,38 1,38 1,38
2001 1,33 1,32 1,30 1,29 1,29 1,29
2002 1,28 1,27 1,25 1,24 1,24 1,24
2003 1,24 1,23 1,21 1,20 1,20 1,20
2004 1,22 1,21 1,19 1,18 1,18 1,18
12
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A fórmula acima admite, contudo, algumas exceções, a que adiante, no que respeita
a bens imóveis, faremos referência.
A este propósito, haverá que ter em conta o disposto nos n.os 6 e 7 do mesmo artigo
86.º-B, que dizem textualmente o seguinte:
3
Tradição significa a entrega da coisa, através da qual se transmite a posse (vide Dicionário Jurídico, de Ana
Prata, Almedina, 1998, p. 951).
13
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
14
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
2) Sejam detidos por um período não inferior a um ano contado do final do período
de tributação em que ocorra o reinvestimento ou, se posterior, a realização.
2 – No caso de se verificar apenas o reinvestimento parcial do valor de realização,
o disposto no número anterior é aplicado à parte proporcional da diferença entre as
mais-valias e as menos-valias a que o mesmo se refere.
3 – Não é suscetível de beneficiar do regime previsto nos números anteriores o
investimento em que tiverem sido deduzidos os valores referidos nos artigos 40.º e 42.º.
4 – [Revogado].
5 – Para efeitos do disposto nos n.os 1 e 2, os sujeitos passivos devem mencionar a
intenção de efetuar o reinvestimento na declaração a que se refere a alínea c) do n.º 1
do artigo 117.º do período de tributação em que a realização ocorre, comprovando na
mesma e nas declarações dos dois períodos de tributação seguintes os reinvestimentos
efetuados.
6 – Não sendo concretizado, total ou parcialmente, o reinvestimento até ao fim do
2.º período de tributação seguinte ao da realização, considera-se como rendimento
desse período de tributação, respetivamente, a diferença ou a parte proporcional da
diferença prevista no n.º 1 não incluída no lucro tributável majorada em 15%.
7 – [Revogado].
8 – O disposto nos n.os 1 e 2 não é aplicável aos ativos intangíveis adquiridos ou
alienados a entidades com as quais existam relações especiais nos termos do n.º 4 do
artigo 63.
9 – O disposto nos n.os 1 e 2 não é aplicável às mais e menos-valias realizadas pelas
sociedades fundidas, cindidas ou contribuidoras no âmbito de operações de fusão, cisão
ou entrada de ativos, bem como às mais e menos-valias realizadas na afetação
permanente de bens a fins alheios à atividade exercida pelo sujeito passivo ou
realizadas pelas sociedades em liquidação.
10 - Não são suscetíveis de beneficiar deste regime as propriedades de
investimento, ainda que reconhecidas na contabilidade como ativo fixo tangível.”
O n.º 1 desta norma estabelece que a diferença positiva entre as mais e as menos-
valias fiscais resultantes das transmissões onerosas de, ou em consequência de
indemnizações por sinistros ocorridos em, ativos fixos tangíveis, ativos biológicos que
não sejam consumíveis e ativos intangíveis (repare-se que as propriedades de
investimento já não estão incluídas neste regime) poderá ser tributada em apenas 50%
do seu valor desde que cumpridas certas condições:
- Os elementos tenham sido detidos por um período não inferior a um ano;
15
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O n.º 10 deste artigo, aditado pela Lei n.º 42/2016, de 28 de dezembro, exclui do
âmbito de aplicação do regime de reinvestimento dos valores de realização as
propriedades de investimento, ainda que contabilizadas como ativo fixo tangível.
Cremos que esta alteração visou impedir que as entidades qualificadas como
microentidades ou pequenas entidades, cujas propriedades de investimento são
classificadas como ativos fixos tangíveis, tal como se dispõe no ponto 7.2 da Norma
Contabilística para Microentidades e no ponto 7.5 da Norma Contabilística e de Relato
Financeiro para Pequenas Entidades, pudessem aplicar o regime do reinvestimento a
estes ativos, corrigindo assim uma desigualdade de natureza fiscal que existia em
virtude desta particularidade no registo contabilístico.
O n.º 2 do artigo 48.º refere que, caso o reinvestimento seja efetuado parcialmente,
a parte da diferença positiva entre as mais e as menos valias fiscais apenas poderá
beneficiar da exclusão de tributação na parte proporcional do reinvestimento efetuado
ou a efetuar.
16
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
menos valias fiscais que beneficiaram do regime majorada em 15% (conforme n.º 6 do
artigo 48.º).
Estas operações vêm tratadas no artigo 25.º do Código do IRC, que prevê o seguinte:
17
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Este regime prevê o não apuramento de resultados tributáveis por parte da entidade
alienante, desde que os elementos tomados em locação mantenham os valores fiscais
que tinham antes da transmissão (sejam inventários, sejam ativos depreciáveis).
Chama-se a atenção para o facto de o regime previsto no n.º 2 deste artigo ser
aplicável apenas nos casos em que o contrato de locação assume a forma de contrato
de locação financeira.
18
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
19
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Ou seja, caso o valor da transação seja inferior ao VPT, deverá ser este o valor a
considerar para efeitos de apuramento do lucro tributável por parte das entidades
alienante e adquirente.
Por seu lado, o adquirente deverá considerar o mesmo VPT para efeito de qualquer
resultado tributável em IRC relativamente àquele imóvel.
No caso de o VPT ser superior ao valor do contrato, de acordo com o Ofício n.º
15145, de 29 de junho de 2009, da Direção de Serviços do IRC, o valor de referência a
ser usado no cálculo da mais-valia fiscal e a ser considerado para efeitos de
20
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
2.2 Arrendamento
21
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Os serviços relativos ao alojamento local são sujeitos a tributação nos termos gerais.
Pela Lei do Orçamento do Estado para 2017, foi alterado o coeficiente aplicável no
apuramento da matéria coletável ao abrigo do regime simplificado relativamente a
rendimentos da exploração de estabelecimentos de alojamento local na modalidade de
moradia ou apartamento para 0,35. Relativamente à modalidade de estabelecimento de
hospedagem manteve-se o coeficiente de 0,04.
Pela Lei do Orçamento do Estado para 2020, foi agravado de 0,35 para 0,50 o
coeficiente aplicável para efeitos de determinação da matéria coletável no âmbito do
regime simplificado dos rendimentos de exploração de estabelecimento de alojamento
local na modalidade de moradia ou apartamento, localizados em área de contenção.
“Artigo 15.º-A
Áreas de contenção
1 – Com o objetivo de preservar a realidade social dos bairros e lugares, a câmara
municipal territorialmente competente, pode aprovar por regulamento e com
deliberação fundamentada, a existência de áreas de contenção, por freguesia, no todo
22
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
ou em parte, para instalação de novo alojamento local, podendo impor limites relativos
ao número de estabelecimentos de alojamento local nesse território, que podem ter
em conta limites percentuais em proporção dos imóveis disponíveis para habitação.
2 – As áreas de contenção identificadas por cada município são comunicadas ao
Turismo de Portugal, I. P., que introduz referência à limitação de novos registos nestas
áreas no Balcão Único Eletrónico.
3 – As áreas de contenção a que se refere o n.º 1 devem ser reavaliadas, no mínimo,
de dois em dois anos e comunicadas as respetivas conclusões ao Turismo de Portugal, I.
P., para os efeitos do disposto nos números anteriores.
4 – O Turismo de Portugal, I. P., e o Instituto da Habitação e da Reabilitação
Urbana, I. P., disponibilizam anualmente dados desagregados sobre o número de
estabelecimentos de alojamento local e de fogos de habitação permanente.
5 – A instalação de novos estabelecimentos de alojamento local em áreas de
contenção carece de autorização expressa da câmara que, em caso de deferimento,
promove o respetivo registo.
6 – Para evitar que a alteração das circunstâncias e das condições de facto
existentes possa comprometer a eficácia do regulamento municipal a que se refere o
n.º 1, podem os municípios, por deliberação fundamentada da assembleia municipal,
sob proposta da câmara municipal, suspender, por um máximo de um ano, a autorização
de novos registos em áreas especificamente delimitadas, até à entrada em vigor do
referido regulamento.
7 – Nas áreas de contenção definidas nos termos do presente artigo, o mesmo
proprietário apenas pode explorar um máximo de sete estabelecimentos de alojamento
local.”
23
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O regime fiscal dos organismos de investimento coletivo foi objeto de uma reforma
profunda no ano de 2015, a qual surgiu da necessidade de criação de um regime
competitivo com o de outros Estados comunitários.
4
O que é possível é eventualmente tomar medidas com vista a que as condições exigidas sejam ou não
satisfeitas consoante se pretenda ou não o enquadramento no regime de transparência fiscal.
24
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O novo regime dos OIC é aplicável aos fundos de investimento mobiliário (FIM),
sociedades de investimento mobiliário (SIM), fundos de investimento imobiliário (FII) e
sociedades de investimento imobiliário (SII), que se constituam e operem de acordo com
a legislação nacional.
Este regime fiscal está previsto nos artigos 22.º e 22.º-A do EBF.
O IRC incide sobre o lucro tributável, o qual tem como ponto de partida o resultado
líquido do exercício, apurado de acordo com as normas contabilísticas legalmente
aplicáveis.
Para efeitos do apuramento do lucro tributável dos OIC, são excluídos alguns
rendimentos, entre os quais se destacam (por terem relevância para o tema ora em
análise):
⁻ Rendimentos prediais, referidos no artigo 8.º do Código do IRS;
⁻ Mais-valias, tal como previstas no artigo 10.º do Código do IRS.
25
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
lista aprovada em portaria do membro do Governo responsável pela área das finanças
(Portaria n.º 345-A/2016, de 30 de dezembro).
Por outro lado, são também de excluir para efeitos do apuramento lucro tributável
dos OIC os gastos ligados aos rendimentos referidos atrás (mais valias e rendimentos
prediais), bem como os gastos previstos no artigo 23.º-A do Código do IRC.
No que toca a este aspeto, gostaríamos de referir que julgamos ser defensável que
os gastos apenas não sejam dedutíveis quando os rendimentos aos quais estão associados
não sejam tributáveis.
De facto, apesar de a norma referir que não são considerados os gastos relacionados
com os rendimentos de capitais, mais-valias e rendimentos prediais (ou seja, a norma
remete especificamente para a natureza do rendimento e não para o respetivo
tratamento fiscal), entendemos que, numa lógica de coerência fiscal, apenas fará
sentido excluir do direito à dedução os gastos relacionados com rendimentos não
tributados.
Igualmente neste sentido aponta a Circular n.º 6/2015 ao referir “(…) dada a
respetiva relação direta com os rendimentos excluídos de tributação, não são dedutíveis
para efeitos de determinação do lucro tributável dos OIC (…)”.
Ainda no que toca à matéria da dedutibilidade dos gastos, parece-nos que fará
sentido distinguir duas situações: gastos gerais da atividade do OIC (como entidade) e
gastos associados a vários tipos de rendimentos.
26
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
sede do OIC, segurança e limpeza), os quais entendemos que serão dedutíveis, desde
que não se encontrem previstos no artigo 23º-A do CIRC.
Por outro lado, no que toca aos gastos associados a determinados tipos de
rendimentos, a lei não prevê qualquer regime específico que permita efetuar a
alocação.
De facto, esta matéria assume especial relevância na medida em que parte dos
gastos poderá estar associada a rendimentos não tributados (e, consequentemente, os
gastos não serão dedutíveis) e a rendimentos tributáveis (em que os gastos serão –
parcialmente – dedutíveis).
Atendendo ao silêncio da norma no que toca a este aspeto, parece-nos que a chave
de repartição mais imediata poderá ser a da proporção dos rendimentos tributáveis e
não tributáveis sobre o total de rendimentos.
Contudo, admitimos que poderão, caso a caso, existir outras chaves de repartição
que sejam mais adequadas.
Exemplo 1:
Uma SII contabilizou como rendimento do período € 100 000 de rendas de imóveis
que detém no Porto e em Aveiro. Suportou IMI e outras despesas associadas aos imóveis
de € 30 000. A depreciação ascendeu a € 20 000.
27
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Exemplo 2:
Não obstante a transcrita norma referir apenas a rendimentos, cremos que haverá
que considerar também as perdas apuradas.
Assim sendo, estas menos-valias não deverão concorrer para a formação do lucro
tributável.
Admitimos que poderia não ser esta a intenção do legislador, atendendo à natureza
da atividade e aos propósitos da criação do regime acima referidos. No entanto, parece-
nos que a redação escolhida não permite uma interpretação distinta da aqui
apresentada.
Não obstante a relevância do tema, a Circular n.º 6/2015 não se refere ao mesmo,
pelo que a dúvida persiste. Assim, entendemos que seria bastante útil que a AT se
pronunciasse sobre o tema.
28
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A venda de um imóvel por uma pessoa singular pode ocorrer no contexto de uma
atividade empresarial ou fora dela.
29
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Se, pelo contrário, a tributação seguir o regime simplificado, haverá que ter em
atenção o n.º 9 do artigo 31.º do Código do IRS, que estabelece que, para efeitos do
cálculo das mais-valias são utilizadas as quotas mínimas de amortização, calculadas
sobre o valor definitivo, se superior, considerado para efeitos de liquidação de IMT.
Neste caso, o coeficiente a aplicar será de 0,95 [cf. alínea d) do n.º 1 do artigo 31.º
do Código do IRS].
30
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
31
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
imposto. De facto, até aí, e desde a entrada em vigor do Código de Imposto de Mais-
valias, apenas eram tributados os ganhos obtidos na alienação de terrenos para
construção.
Por este motivo, foi introduzida uma norma transitória, segundo a qual as alienações
de imóveis que antes da entrada em vigor do Código do IRS não estavam sujeitas a
imposto de mais-valias só dão origem a tributação quando o alienante os haja adquirido
na vigência do atual Código.
Significa isto que continuam a não estar sujeitos os ganhos obtidos com a alienação
de imóveis cuja aquisição tenha ocorrido antes de 1 de janeiro de 1989, excetuados os
terrenos para construção.
Este acórdão constitui simples exemplo da jurisprudência, que tem sido no mesmo
sentido.
32
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Sobre esta temática, haverá que atender ao n.º 3 do artigo 10.º do Código do IRS,
no qual se prevê que:
“Os ganhos consideram-se obtidos no momento da prática dos atos previstos no n.º
1, sem prejuízo do disposto nas alíneas seguintes:
a) Nos casos de promessa de compra e venda ou de troca, presume-se que o ganho
é obtido logo que verificada a tradição ou posse dos bens ou direitos objeto do contrato;
b) Nos casos de afetação de quaisquer bens do património particular a atividade
empresarial e profissional exercida pelo seu proprietário, o ganho só se considera
obtido no momento da ulterior alienação onerosa dos bens em causa ou da ocorrência
de outro facto que determine o apuramento de resultados em condições análogas,
exceto no caso de restituição ao património particular de imóvel habitacional que seja
afeto à obtenção de rendimentos da categoria F, mantendo-se o diferimento da
tributação do ganho enquanto o imóvel mantiver aquela afetação;
c) Nos contratos de permuta de bens presentes por bens futuros, a tributação
apenas ocorre no momento da celebração do contrato que formaliza a aquisição do bem
futuro, ou no momento da sua tradição, se anterior.”
Não obstante, três exceções existem face a esta regra geral, uma que antecipa e
duas que diferem o momento da tributação.
33
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
No n.º 1 do artigo 44.º do Código do IRS, define-se qual o valor a considerar como
valor de realização.
Estando em causa direitos reais sobre bens imóveis, prevalecem, quando superiores,
os valores por que os bens houverem sido considerados para efeitos de liquidação de IMT
ou, não havendo lugar a esta liquidação, os que devessem ser, caso fosse devida.
34
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
- O valor que serviria de base à liquidação de imposto do selo, caso este fosse
devido (caso em que se aplica uma isenção).
“No caso de direitos reais sobre bens imóveis adquiridos por doação isenta, nos
termos da alínea e) do artigo 6.º do Código do Imposto do Selo, considera-se valor de
aquisição o valor patrimonial tributário constante da matriz até aos dois anos
anteriores à doação”.
Exemplo:
Em 2 de março de 2020, o Sr. Alberto doou ao seu único filho um imóvel, cujo VPT
foi com referência a essa data fixado em € 50 000. Até essa altura, e desde 2001, o VPT
estava fixado em € 20 000.
Quando o filho vender o imóvel, qual o valor a considerar como de aquisição para
efeitos de cálculo da correspondente mais ou menos valia?
Quando a aquisição do imóvel alienado tiver sido feita a título oneroso, haverá que
atender ao artigo 46.º do Código do IRS.
Neste caso, o valor de aquisição é o que tiver servido para efeitos da liquidação do
IMT (ou o que serviria caso este fosse devido).
35
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Exemplo:
Quando vender o imóvel, qual o valor a considerar como de aquisição para efeitos
de cálculo da correspondente mais ou menos-valia?
Não tendo havido lugar a liquidação de IMT, o valor a considerar será aquele sobre
o qual o imposto teria sido liquidado se não houvesse isenção. Ora, nesse caso, seria o
valor correspondente ao VPT, por ser superior ao valor declarado. Será, pois, de
€ 90 000.
36
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Nos termos do artigo 51.º do Código do IRS, para a determinação das mais-valias
sujeitas a imposto, haverá que ao valor de aquisição acrescer os encargos com a
valorização dos bens, comprovadamente realizados nos últimos 12 anos, as despesas
necessárias e efetivamente praticadas, inerentes à aquisição e alienação, bem como a
indemnização comprovadamente paga pela renúncia onerosa a posições contratuais ou
outros direitos inerentes a contratos relativos a bens imóveis.
Caso tenha sido obtido pelo proprietário mais do que um certificado energético
relativamente ao mesmo imóvel, apenas é de aceitar a despesa realizada com a
obtenção do certificado que esteja ainda válido e seja apresentado aquando da
celebração da escritura de venda”.
37
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
No caso concreto das alienações de bens imóveis, o saldo das mais e menos valias
(positivo ou negativo) é considerado em metade do seu valor (cf. n.º 2 do artigo 43.º do
Código do IRS).
38
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
No que se refere à aquisição por usucapião, de acordo com a Circular n.º 19/2009,
de 21 de julho, “as aquisições por usucapião são consideradas originárias e por esse
motivo não são juridicamente transmissões”.
De acordo com o disposto no n.º 5 do artigo 10.º do Código do IRS, não é tributável
a transmissão onerosa de imóveis destinados a habitação própria e permanente do
sujeito passivo ou do seu agregado familiar, nas seguintes condições (verificadas
cumulativamente):
- O valor de realização, deduzido da amortização de eventual empréstimo
contraído para a aquisição do imóvel, seja reinvestido na aquisição da
propriedade de outro imóvel, de terreno para construção de imóvel e, ou,
respetiva construção, ou na ampliação ou melhoramento de outro imóvel
exclusivamente com o mesmo destino situado em território português ou no
território de outro Estado Membro da União Europeia ou do Espaço
Económico Europeu, desde que, neste último caso, exista intercâmbio de
informações em matéria fiscal;
- O reinvestimento seja efetuado entre os 24 meses anteriores e os 36 meses
posteriores contados da data da realização;
- O sujeito passivo manifeste a intenção de proceder ao reinvestimento, ainda
que parcial, mencionando o respetivo montante na declaração de
rendimentos respeitante ao ano da alienação.
39
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Será igualmente perdido o benefício se, nos demais casos, o adquirente não
requerer a inscrição na matriz do imóvel ou das alterações decorridos 48 meses desde a
data da realização, devendo afetar o imóvel à sua habitação ou do seu agregado até ao
fim do quinto ano seguinte ao da realização.
MV x 50% x α,
Exemplo
Pretende-se saber qual a quantia que terá sido englobada no IRS de 2019 em relação
à venda do apartamento.
Resolução
40
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
No que respeita ao reinvestimento, temos que atender aos seguintes dados (valores
em €):
Valor de realização 80 000
Amortização da dívida anterior 12 000
Valor a reinvestir 68 000
Valor de aquisição da moradia 104 000
Empréstimo bancário 53 000
Valor reinvestido 51 000
Valor não reinvestido 17 000
Por conseguinte, a quantia a englobar no IRS de 2019 terá sido de € 1 687,50 (50% x
25% x € 13 500).
41
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
em que MV representa a mais-valia calculada nos termos estabelecidos nos artigos 43.º
e seguintes do Código e a quantia não reinvestida corresponde à diferença entre o valor
a reinvestir com vista à exclusão total da tributação da mais-valia e o reinvestimento
efetuado em imóvel ou numa das novas alternativas.
Exemplo:
O Sr. José Rodrigues adquiriu em 2006, para sua habitação permanente, um
apartamento pelo valor de € 100 000. Para o efeito, contraiu um empréstimo bancário,
em relação ao qual ainda era devedor de € 20 000. Em 2019, alienou esse apartamento
por € 160 000, para adquirir uma moradia por € 120 000, também para sua habitação
permanente. Com vista a esta aquisição, contraiu novo empréstimo bancário, de
€ 52 000, e pagou o empréstimo anterior, na referida quantia de € 20 000. Para efeitos
de cálculo da mais-valia do apartamento, sabe-se que as suas despesas de aquisição e
de alienação totalizaram € 5 000.
42
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Pretende-se saber qual a quantia que será englobada no IRS de 2018 do Sr. José
Rodrigues em relação à venda do apartamento.
Resolução
(valores em euros):
O valor máximo a reinvestir por forma a que a mais-valia apurada fosse totalmente
excluída de tributação, seria o seguinte:
43
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Logo, a quantia que irá ser englobada no rendimento do Sr. José Rodrigues
respeitante a 2019 será de:
Assinale-se que a AT não tem aceitado que o IMT e o imposto do selo liquidados em
relação a imóveis em que se tenha consubstanciado o reinvestimento do valor de
realização de imóvel afeto a habitação permanente sejam considerados reinvestimento.
“De acordo com o disposto na alínea f), n.º 1 e n.º 2 do artigo 44.º do Código do
IRS (CIRS), considera-se valor de realização o maior dos valores, o da respetiva
contraprestação ou o valor que tiver sido considerado para efeitos de liquidação de
Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT).
Assim, no que concerne ao valor a reinvestir para efeitos de exclusão tributária
consagrada no n.º 5 do artigo 10.º do CIRS, considera-se, como tal, o valor de realização
44
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
De acordo com a Lei da Reforma do IRS, ficou previsto um regime transitório de não
sujeição das mais-valias apuradas em que o valor de realização seja aplicado na
amortização de empréstimo contraído para a aquisição daquele imóvel. Refira-se que
este regime é aplicável até 2020 e para contratos de empréstimo celebrados até
31/12/2014.
3.2 Arrendamento
As rendas obtidas são enquadradas como rendimentos prediais (Categoria F), sendo
apenas sujeitas a imposto quando forem pagas ou colocadas à disposição dos seus
45
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
titulares (cf. n.º 1 do artigo 8.º do Código do IRS), com opção pela inclusão na Categoria
B, como adiante se desenvolverá.
No âmbito das heranças indivisas, quem paga a renda deve declarar como
beneficiários os herdeiros, através dos respetivos NIF’s, e não o beneficiário falecido.
3 - Caso o sujeito passivo detenha mais do que uma fração autónoma do mesmo
prédio em regime de propriedade horizontal, os encargos referidos no número anterior
são imputados de acordo com a permilagem atribuída a cada fração ou parte de fração
no título constitutivo da propriedade horizontal.
46
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
7 - Podem ainda ser deduzidos gastos suportados e pagos nos 24 meses anteriores
ao início do arrendamento relativos a obras de conservação e manutenção do prédio,
desde que entretanto o imóvel não tenha sido utilizado para outro fim que não o
arrendamento.
47
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Saliente-se que, com as alterações introduzidas nesta matéria pela Lei da Reforma,
passou a contemplar-se, ao abrigo do n.º 7 do artigo 41.º, a possibilidade de serem
deduzidos gastos suportados e pagos nos 24 meses anteriores ao início do arrendamento
relativos a obras de conservação e manutenção do prédio, desde que entretanto o
imóvel não tenha sido utilizado para outro fim que não o arrendamento.
48
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
casos de opção pela tributação conjunta, qualquer que seja o regime de bens do
casamento.
O n.º 8 do artigo 55.º do Código do IRS prevê uma limitação ao direito ao reporte do
resultado líquido negativo da categoria F, prevendo que o mesmo fica sem efeito quando
os prédios a que os gastos digam respeito não gerem rendimentos da categoria F em
pelo menos 36 meses, seguidos ou interpolados, dos cinco anos subsequentes àquele em
que os gastos foram incorridos.
Existe dispensa de retenção quando o titular dos rendimentos preveja auferir rendas
de montante anual inferior a € 10 000,00 [cf. alínea a) do n.º 1 do artigo 101.º-B do
Código do IRS].
Este regime encontra-se previsto nos números 2 a 5 do artigo 72.º do Código do IRS,
os quais dizem o seguinte:
49
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Quanto às renovações, estão previstas nos n.os 2 e 3 do artigo 72.º, tendo a respetiva
interpretação sido objeto do Ofício Circulado n.º 20217, do passado dia 5 de fevereiro,
que contém exemplos numéricos.
Através do Orçamento do Estado para 2020, o n.º 5 do artigo 72.º do Código do IRS
foi alterado, no sentido de passar a contemplar também os rendimentos prediais
decorrentes dos contratos de DHD, na parte respeitante ao pagamento da prestação
pecuniária mensal.
Pela Lei da Reforma do IRS, passou a constar da alínea n) do n.º 1 do artigo 4.ºdo
Código do IRS a possibilidade de os sujeitos passivos que obtenham rendas de contratos
50
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Não estando prevista qualquer limitação temporal, a opção pode ser concretizada
ano a ano. Isto é, num ano o sujeito passivo pode optar pela categoria B; no ano seguinte
pode optar pela tributação segundo as regras da categoria F. Tal implicará a cessação
da atividade (desta atividade), com as implicações daí decorrentes
Caso o resultado seja positivo, será objeto de tributação nos termos gerais (e não à
taxa especial de 28%); sendo um resultado negativo, será sujeito ao regime da dedução
de perdas da categoria B (reporte para os 12 anos seguintes).
51
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A afetação do imóvel
Vejamos com maior pomenor as implicações fiscais em sede de IRS decorrente desta
afetação.
Independentemente da ligação que possa existir entre esses patrimónios, até pelo
tipo de responsabilidade que caraterize esses agentes económicos, sempre serão vistos
de forma separada, sendo certo que, quando dispõem, por opção ou por imposição, de
contabilidade, esta apenas procura informar sobre o património empresarial ou
profissional, e nunca, naturalmente, sobre o património particular ou pessoal.
52
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Categoria G
Pela Lei do Orçamento do Estado para 2017 estabeleceu-se, no n.º 9 então aditado
ao artigo 3.º, que a afetação de bem imóvel habitacional à obtenção de rendimentos da
categoria F (rendimentos prediais) não configura uma transferência enquadrável na
alínea c) do n.º 2 do artigo 3.º (atrás transcrita), pelo que não é objeto de tributação.
53
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Esta alteração veio resolver um problema que resultava do facto de haver tributação
sobre ganhos meramente potenciais quando o contribuinte tomava a decisão de alterar
o enquadramento de tributação das rendas.
54
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Com a introdução do n.º 15 ao artigo 10.º, pela Lei do Orçamento do Estado para
2020, acrescenta-se agora que, no caso de um imóvel habitacional que se encontrava
afeto a uma atividade empresarial voltar a ser integrado no património particular, não
há lugar a qualquer tributação se, por força dessa restituição, o imóvel gerar
rendimentos durante cinco anos consecutivos.
55
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
De acordo com o disposto no n.º 5 do artigo 115.º do Código do IRS, os titulares dos
rendimentos da categoria F são obrigados:
“a) A passar recibo de quitação, em modelo oficial, de todas as importâncias
recebidas dos seus inquilinos, pelo pagamento das rendas referidas nas alíneas a) a e)
do n.º 2 do artigo 8.º, ainda que a título de caução, adiantamento ou reembolso de
despesas; ou
b) A entregar à Autoridade Tributária e Aduaneira uma declaração de modelo
oficial que descrimine os rendimentos mencionados na alínea anterior até ao fim do
mês de janeiro de cada ano, por referência ao ano anterior.”
Pela Portaria n.º 98-A/2015, de 31 de março (ANEXO 1), foi aprovado o modelo do
recibo eletrónico de rendas, bem como o modelo da declaração anual referida na alínea
b) supra (Modelo 44).
56
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Caso um dos comproprietários tenha idade inferior aos 65 anos, o mesmo tem a
obrigação de emissão do recibo de renda eletrónico pela sua quota-parte ou, querendo,
pela totalidade da renda.
57
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O direito real de habitação duradoura (DHD) foi criado através do Decreto-Lei n.º
1/2020, de 9 de janeiro, em cujo artigo 2.º vem conceituado do modo seguinte:
“O DHD faculta a uma ou a mais pessoas singulares o gozo de uma habitação alheia
como sua residência permanente por um período vitalício, mediante o pagamento ao
respetivo proprietário de uma caução pecuniária e de contrapartidas periódicas.”
Face à criação desta nova figura jurídica, foram incluídas no elenco das rendas
sujeitas a IRS as importâncias relativas aos contratos de DHD, por aditamento da alínea
h) ao n.º 2 do artigo 8.º e do n.º 5 ao mesmo artigo.
58
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Situações-Tipo Rendimentos
O proprietário do estabelecimento de Proprietário/Titular da exploração
alojamento local é o próprio titular da
Categoria B
exploração
Titular da
O proprietário do estabelecimento de Proprietário
exploração
alojamento local é pessoa distinta do titular da
Categoria F salvo
exploração Categoria B
opção Categoria B
Cedente
O proprietário do estabelecimento de Cessionário
(Proprietário e
alojamento local é inicialmente o titular da (Titular da
titular da
exploração e, nesse âmbito, cede a exploração a exploração)
exploração inicial)
outro titular
Categoria B Categoria B
(retirado do Ofício Circulado n.º 20180, de 19 de agosto de 2015)
59
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Neste último caso, o coeficiente a aplicar é, regra geral, desde 2017, de 0,35 [cf.
artigo 31.º, alínea a), do Código do IRS]. Contudo, o coeficiente é de 0,50 no caso de
estabelecimentos de alojamento local na modalidade de moradia ou apartamento
localizados em áreas de contenção.
Pela Lei do Orçamento do Estado para 2018, a dedução ao rendimento que decorre
da aplicação dos coeficientes previstos nas alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo 31.º (no
qual se inclui o alojamento local na modalidade de moradia ou apartamento não
localizado em área de contenção) ficou parcialmente condicionada à verificação de
despesas e encargos efetivamente suportados.
60
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Por fim, caso o titular da exploração seja, ao mesmo tempo, titular do direito de
propriedade sobre o(s) imóvel(eis) onde exerce a atividade de alojamento local, têm
que ser o(s) mesmo(s) afetos à atividade.
Contudo, tal como já referido, pela Lei do Orçamento do Estado para 2017 foi
introduzido o n.º 9 ao artigo 3.º do Código do IRS, que prevê o seguinte (com alteração
da Lei do Orçamento do Estado para 2020):
61
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Caso a atividade de alojamento local seja exercida por um sujeito passivo não
residente em território português, deverá entender-se que tal corresponde à existência
de um estabelecimento estável.
62
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Em sede deste imposto, prevê-se no n.º 4 do artigo 71.º do EBF uma dedução à
coleta, até ao limite de € 500, de 30% dos encargos suportados pelo proprietário
relacionados com a reabilitação de:
a) Imóveis localizados em “áreas de reabilitação urbana” e recuperados nos termos
das respetivas estratégias de reabilitação; ou
b) Imóveis arrendados passíveis de atualização faseada das rendas nos termos dos
artigos 27.º e seguintes do Novo Regime de Arrendamento Urbano (NRAU), aprovado pela
Lei n.º 6/2006, de 27 de fevereiro, que sejam objeto de ações de reabilitação.
63
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Quanto aos rendimentos prediais (categoria F), prevê-se a aplicação de uma taxa
de 5% (em vez da taxa normal de 28%) para os sujeitos passivos de IRS residentes em
território português (sem prejuízo da opção pelo englobamento), quando sejam
inteiramente decorrentes do arrendamento dos imóveis referidos a propósito da
dedução à coleta (cf. n.º 7 do artigo 71.º do EBF).
64
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Apesar de a formação cujo presente manual pretende apoiar ter como tema apenas
os impostos sobre o rendimento, devemos ter consciência de que as implicações fiscais
em sede de IVA relacionadas com a atividade imobiliária podem ter um impacto
significativo no exercício daquela atividade.
5.1.1 Isenção
A mencionada isenção é uma isenção simples ou incompleta, uma vez que na venda
do imóvel não é liquidado IVA, mas tal impede o sujeito passivo de deduzir o IVA
suportado na aquisição de bens e serviços relacionados com a mesma (cf. artigo 20.º do
Código do IVA).
5
Cf. artigo 3.º do Código do IVA.
6
Cf. artigo 6.º do Código do IVA.
7
Cf. artigo 2.º do Código do IVA.
65
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A isenção prevista no n.º 30) do artigo 9.º é passível de renúncia, caso as operações
se efetuem entre sujeitos passivos do imposto.
Refere-se no n.º 6 do artigo 12.º do Código do IVA que as condições para a renúncia
à isenção são estabelecidas em legislação especial.
Exemplo
66
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O custo total de construção do armazém foi, assim, de € 526 000, já que o IVA
suportado não é dedutível, pois os custos não foram incorridos para realizar operações
sujeitas e não isentas do imposto.
Por conseguinte, se vender o armazém por € 700 000, obterá um lucro de € 174 000.
Poderá, até, reduzir o preço de venda. Se esse preço baixar de € 700 000 para
€ 680 000, o adquirente terá um benefício de € 20 000 e o alienante ganhará € 26 000,
aumentando o resultado da venda de € 174 000 para € 200 000.
Na medida em que o adquirente tenha direito integral à dedução do IVA que suporta,
a vantagem que para os dois contratantes vai decorrer da renúncia à isenção na venda
do armazém coincide com o IVA suportado pelo alienante na sua construção, ou seja,
neste exemplo, de € 46 000. Esta vantagem repartir-se-á pelos dois contratantes em
função da respetiva capacidade negocial.
5.2 Arrendamento
67
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Tal como referido a propósito da venda de bens imóveis, também a locação destes
bens beneficia de isenção, prevista no n.º 29) do artigo 9.º do Código do IVA.
O âmbito da expressão "locação de bens Imóveis" contida neste preceito legal não
foi definido na Sexta Diretiva nem na Diretiva 2006/112/CE do Conselho, de 28 de
novembro de 2006.
68
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
contrato pelo qual uma das partes se obriga a proporcionar à outra o gozo temporário
de uma coisa, mediante retribuição.’
Conclui-se assim:
Neste sentido: “São, assim, de excluir da isenção todas as situações que, apesar de
partilharem alguns dos elementos preponderantes do contrato de locação, caraterizam-
se essencialmente por integrarem outras prestações de serviços conexas à fruição do
imóvel e que implicam uma exploração ativa dos bens imóveis, para além do simples
gozo temporário do bem.”
69
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Caso se conclua que a locação está isenta de IVA, poderá optar-se pela renúncia a
tal isenção, ao abrigo do n.º 4 do artigo 12.º do Código do IVA, em que se diz:
Tal como já referido, nos termos do n.º 1 do artigo 4.º do Decreto-Lei n.º 128/2014:
“Para todos os efeitos, a exploração de estabelecimento de alojamento local
corresponde ao exercício, por pessoa singular ou coletiva, da atividade de prestação de
serviços de alojamento.”
70
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Ora, assim sendo, estamos perante uma prestação de serviços sujeita e não isenta
de IVA.
Nestes casos, os artigos 24.º e 26.º do Código do IVA impõem que se proceda à
correspondente regularização de IVA a favor do Estado, tendo em consideração o número
de anos ou fração que faltam para 20 anos.
Também nos casos em que o bem se encontra afeto a uma atividade isenta e é
depois afeto a uma atividade tributada, o sujeito passivo poderá fazer a correspondente
regularização a seu favor.
Para efeitos das regularizações previstas nos artigos citados, e quando o sujeito
passivo afete bens a uma atividade não tributada, relativamente aos quais tinha
deduzido IVA suportado, terá que proceder à regularização do IVA correspondente,
quando essa afetação se faça no decurso do prazo de:
71
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O n.º 5 do artigo 24.º do Código do IVA estabelece que, “nos casos de transmissões
de bens do ativo imobilizado durante o período de regularização, esta é efetuada de
uma só vez, pelo período ainda não decorrido, considerando-se que tais bens estão
afetos a uma atividade totalmente tributada no ano em que se verifica a transmissão e
nos restantes até ao esgotamento do prazo de regularização. Se, porém, a transmissão
for isenta de imposto, nos termos dos n.os 30) ou 32) do artigo 9.º, considera-se que os
bens estão afetos a uma atividade não tributada devendo no primeiro caso, efetuar-se
a regularização respetiva”.
Por seu turno, estabelece o n.º 6 do artigo 24.º do Código do IVA que a
“regularização prevista no número anterior é também aplicável, considerando-se que
os bens estão afetos a uma atividade não tributada, no caso de bens imóveis
relativamente aos quais houve inicialmente lugar à dedução total ou parcial do imposto
que onerou a respetiva construção, aquisição ou outras despesas de investimento com
eles relacionadas, quando:
a) O sujeito passivo, devido a alteração da atividade exercida ou por imposição
legal, passe a realizar exclusivamente operações isentas sem direito à dedução;
b) O sujeito passivo passe a realizar exclusivamente operações isentas sem direito
à dedução, em virtude do disposto no n.º 3 do artigo 12.º ou nos n.os 3 e 4 do artigo
55.º;
c) O imóvel passe a ser objeto de uma locação isenta nos termos do n.º 29) do
artigo 9.º”.
O n.º 1 do artigo 25.º estabelece que “se, por motivo de alteração da atividade ou
por imposição legal, os sujeitos passivos passarem a praticar operações sujeitas que
conferem direito à dedução, podem ainda deduzir o imposto relativo aos bens do ativo
imobilizado, do seguinte modo:
a) Quando se trate de bens não imóveis adquiridos no ano da alteração do regime
de tributação e nos quatro anos civis anteriores, o imposto dedutível é proporcional ao
número de anos que faltem para completar o período de cinco anos a partir do ano em
que se iniciou a utilização dos bens;
72
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Quando estejam em causa bens imóveis, e de acordo com o n.º 1 do artigo 26.º, “a
não utilização em fins da empresa de bens imóveis relativamente aos quais houve
dedução do imposto durante 1 ou mais anos civis completos após o início do período de
19 anos referido no n.º 2 do artigo 24.º dá lugar à regularização anual de 1/20 da
dedução efetuada, que deve constar da declaração do último período do ano a que
respeita”.
73
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Tal como referido no capítulo anterior, apesar de a formação cujo presente manual
pretende apoiar ter como tema apenas os impostos sobre o rendimento, cremos que
será relevante fazer um breve enquadramento dos impostos sobre o património,
concretamente IMT, Imposto do Selo e IMI, os quais assumem uma significativa
importância na compra, venda e detenção de bens imóveis.
6.1 IMT
Segundo o disposto no n.º 1 do artigo 2.º do Código do IMT, este imposto "incide
sobre as transmissões, a título oneroso, do direito de propriedade ou de figuras
parcelares desse direito, sobre bens imóveis situados no território nacional".
74
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Por seu turno, o n.º 3 do mesmo artigo 2.º estabelece que se considera “que há
também lugar à transmissão onerosa para efeitos do n.º 1 na outorga dos seguintes atos
ou contratos:
a) Celebração de contrato-promessa de aquisição e alienação de bens imóveis em
que seja clausulado no contrato ou posteriormente que o promitente adquirente pode
ceder a sua posição contratual a terceiro;
b) Cessão da posição contratual no exercício do direito conferido por contrato-
promessa referido na alínea anterior;
c) Outorga de procuração que confira poderes de alienação de bem imóvel ou de
partes sociais a que se referem as alíneas d) e e) do n.º 2 em que, por renúncia ao
direito de revogação ou cláusula de natureza semelhante, o representado deixe de
poder revogar a procuração;
d) Outorga de instrumento com substabelecimento de procuração com os poderes
e efeitos previstos na alínea anterior;
e) Cedência de posição contratual ou ajuste de revenda, por parte do promitente
adquirente num contrato-promessa de aquisição e alienação, vindo o contrato definitivo
a ser celebrado entre o primitivo promitente alienante e o terceiro”.
Finalmente, prevê ainda o n.º 5 do mesmo artigo que, “em virtude do disposto no
n.º 1, também sujeitas ao IMT, designadamente:
75
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Assim, na aplicação da regra geral, o valor do ato ou contrato terá sempre de ser
comparado com o VPT do prédio à data da liquidação, porque, se superior àquele,
constitui este a base de incidência.
76
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O IMT é liquidado pelos serviços centrais da AT, com base na declaração do sujeito
passivo ou oficiosamente.
A liquidação do IMT precede o ato ou facto translativo dos bens, ainda que a
transmissão esteja subordinada a condição suspensiva, haja reserva de propriedade,
bem como nos casos de contrato para pessoa a nomear, nos termos previstos na alínea
b) do artigo 4.º, salvo quando o imposto deva ser pago posteriormente, conforme
previsto no artigo 36.º do Código do IMT.
As taxas de IMT estão previstas no artigo 17.º do Código do IMT, o qual, pela sua
relevância, passamos a transcrever:
Até 92 407 0 0
De mais de 92 407 e até 126 403 2 0,537 9
De mais de 126 403 e até 172 348 5 1,727 4
De mais de 172 348 e até 287 213 7 3,836 1
De mais de 287 213 e até 574 323 8 -
Superior a 574 323 e até 1 000 000 6 (taxa única)
Superior a 1 000 000 7,5 (taxa única)
(*) No limite superior do escalão
77
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Até 92 407 1 1
De mais de 92 407 e até 126 403 2 1,268 9
De mais de 126 403 e até 172 348 5 2,263 6
De mais de 172 348 e até 287 213 7 4,157 8
De mais de 287 213 e até 550 836 8 -
Superior a 550 836 e até 1 000 000 6 (taxa única)
Superior a 1 000 000 7,5 (taxa única)
78
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
5 - Nos casos previstos nas alíneas a) e b) do n.º 3 do artigo 2.º, a taxa aplicável
aos montantes referidos na regra 18.ª do n.º 4 do artigo 12.º é a que corresponder à
totalidade do preço acordado no contrato, não lhe sendo aplicável a taxa referida na
alínea a) do n.º 1.
Valores em €
Taxa a aplicar
Valor sobre que incide o IMT Parcela a abater
(%)
Até 92 407 0 0
De mais de 92 407 e até 126 403 2 1 848,14
De mais de 126 403 e até 172 348 5 5 640,23
De mais de 172 348 e até 287 213 7 9 087,19
De mais de 287 213 e até 574 323 8 11 959,32
Superior a 574 323 e até 1 000 000 Taxa única de 6%
Superior a 1 000 000 Taxa única de 7,5%
Valores em €
Taxa a aplicar
Valor sobre que incide o IMT Parcela a abater
(%)
Até 92 407 1 0
De mais de 92 407 e até 126 403 2 924,07
De mais de 126 403 e até 172 348 5 4 716,16
De mais de 172 348 e até 287 213 7 8 163,12
79
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O capítulo II do Código do IMT prevê diversas isenções nos seus vários artigos,
importando destacar algumas delas.
b) Isenções sem pagamento, que são atribuídas à partida, pelo que não é em
princípio feita qualquer liquidação, nem, consequentemente, pagamento, ficando
normalmente condicionadas à verificação de requisitos que, a serem incumpridos,
implicam a ulterior liquidação e pagamento do imposto.
“1 - São isentas do IMT as aquisições de prédios para revenda, nos termos do número
seguinte, desde que se verifique ter sido apresentada antes da aquisição a declaração
prevista no artigo 112.º do Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas
Singulares (IRS) ou na alínea a) do n.º 1 do artigo 109.º do Código do Imposto sobre o
Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC), consoante o caso, relativa ao exercício da
atividade de comprador de prédios para revenda.
2 - A isenção prevista no número anterior não prejudica a liquidação e pagamento
do imposto, nos termos gerais, salvo se se reconhecer que o adquirente exerce normal
e habitualmente a atividade de comprador de prédios para revenda.
3 - Para efeitos do disposto na parte final do número anterior, considera-se que o
sujeito passivo exerce normal e habitualmente a atividade quando comprove o seu
exercício no ano anterior mediante certidão passada pelo serviço de finanças
80
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
competente, devendo constar sempre daquela certidão se, no ano anterior, foi
adquirido para revenda ou revendido algum prédio antes adquirido para esse fim.
4 -Quando o prédio tenha sido revendido sem ser novamente para revenda, no prazo
de três anos, e haja sido pago imposto, este será anulado pelo chefe de finanças, a
requerimento do interessado, acompanhado de documento comprovativo da
transação”.
Assim, estamos perante uma isenção que apenas será sem pagamento se o
adquirente estiver coletado pelo exercício da atividade de comprador de prédios para
revenda e se comprovar o exercício dessa atividade no ano anterior, através de certidão
passada pelo serviço de finanças competente, devendo dela constar se nesse ano foi
adquirido para revenda ou revendido algum prédio antes adquirido para esse fim.
81
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Trata-se, pois, de norma idêntica à do n.º 1.º do artigo 16.º do CIMSISD, pelo que é
de supor que se mantenham a doutrina e a jurisprudência anteriores sobre este assunto.
82
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O mesmo não se passa se eventualmente o prédio adquirido para revenda vier a ser
objeto de permuta. Nesse sentido, diz-se em Acórdão de 19 de junho de 1985, do
Supremo Tribunal Administrativo, 2.ª Secção:
"1. Para efeitos de isenção de sisa prevista no n.º 3 do art. 11.º do Código da Sisa
e do Imposto sobre as Sucessões e Doações (CSISD), não assume qualquer relevo a troca
ou permuta de bens, sendo apenas de considerar a revenda, no seu sentido técnico-
jurídico.
2. Tal era assim, mesmo quando vigorava a redação do n.º 3 do art. 16.º do Código
referido, estabelecida pelo Dec.-Lei 48 316."
83
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Artigo 4.º –
“O IMT é devido pelos adquirentes dos bens imóveis, sem prejuízo das seguintes
regras:
...
84
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
c) Nos contratos de troca ou permuta de bens imóveis, qualquer que seja o título
por que se opere, o imposto é devido pelo permutante que receber os bens de maior
valor, entendendo-se como de troca ou permuta o contrato em que as prestações de
ambos os permutantes compreendem bens imóveis, ainda que futuros;
d) Nos contratos de promessa de troca ou permuta com tradição de bens apenas
para um dos permutantes, o imposto será desde logo devido pelo adquirente dos bens,
como se de compra e venda se tratasse, sem prejuízo da reforma da liquidação ou da
reversão do sujeito passivo, conforme o que resultar do contrato definitivo,
procedendo-se, em caso de reversão, à anulação do imposto liquidado ao permutante
adquirente;”
85
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Com relevância para o tema em estudo, importa analisar a verba 1.1 da TGIS, nos
termos da qual está sujeita a Imposto do Selo a “aquisição onerosa ou por doação do
direito de propriedade ou de figuras parcelares desse direito sobre imóveis, bem como
a resolução, invalidade ou extinção, por mútuo consenso, dos respetivos contratos”.
Sobre o seu valor é aplicada a taxa de 0,8%.
86
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
6.3 IMI
O IMI incide sobre o VPT dos prédios8 rústicos e urbanos situados no território
português.
8
O conceito de prédio está previsto no artigo 2.º do Código do IMI.
87
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
e) Do 3.º ano seguinte, inclusive, àquele em que um prédio tenha passado a figurar
no inventário de uma empresa que tenha por objeto a sua venda.
7 - O disposto nas alíneas d) e e) do n.º 1 não é aplicável aos sujeitos passivos que
tenham domicílio fiscal em país, território ou região sujeitos a um regime fiscal
88
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
claramente mais favorável constante de lista aprovada por portaria do Ministro das
Finanças.”
6.4 AIMI
Pela Lei do Orçamento do Estado para 2017 foi criado o AIMI, que veio substituir o
anterior imposto do selo de 1% sobre o valor do imóvel acima de 1 milhão de euros (verba
28 da TGIS). Foi enquadrado num capítulo específico do Código do IMI, contendo os
artigos 135.º-A a 135.º-K.
São definidos como sujeitos passivos as pessoas singulares ou coletivas que sejam
proprietários, usufrutuários ou superficiários de prédios urbanos situados no território
português.
Incidência
O AIMI incide sobre a soma dos VPT’s dos prédios urbanos situados em território
português de que o sujeito passivo seja titular, seja ele residente em Portugal ou não.
89
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Nos termos do n.º 2 do artigo 6.º, são classificados como comerciais, industriais ou
para serviços os edifícios ou construções para tal licenciados ou, na falta de licença, que
tenham como destino normal cada um destes fins.
Nos termos do n.º 3 do artigo 6.º do Código do IMI, “[c]onsideram-se terrenos para
construção os terrenos situados dentro ou fora de um aglomerado urbano, para os quais
tenha sido concedida licença ou autorização, admitida comunicação prévia ou emitida
informação prévia favorável de operação de loteamento ou de construção, e ainda
aqueles que assim tenham sido declarados no título aquisitivo, excetuando-se os
terrenos em que as entidades competentes vedem qualquer daquelas operações,
designadamente os localizados em zonas verdes, áreas protegidas ou que, de acordo
com os planos municipais de ordenamento do território, estejam afetos a espaços,
infraestruturas ou equipamentos públicos”.
90
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Herança Indivisa
Taxas
91
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
- 0,7%, sobre o valor tributável até 1 milhão de euros, 1% até 2 milhões e 1,5% a
partir deste valor, às pessoas singulares;
- 0,7% às heranças indivisas (no caso de não ser afastada a equiparação a pessoa
coletiva);
- 7,5% aos prédios que sejam propriedade de entidades sujeitas a um regime fiscal
mais favorável, a que se refere o n.º 1 do artigo 63.º-D da Lei Geral Tributária.
A aplicação de taxa diferenciada para os imóveis afetos a uso pessoal dos titulares
do respetivo capital, dos membros dos órgãos sociais ou de quaisquer órgãos de
administração, direção, gerência ou fiscalização ou dos respetivos cônjuges,
ascendentes e descendente, terá por base a informação constante do Anexo AIMI à
Modelo 22 do IRC.
Desconhecemos quais os imóveis que são enquadráveis nesta disposição. Caso uma
dada sociedade arrende um imóvel ao seu administrador ou sócio, estará também sujeita
à taxa agravada? Cremos que não, uma vez que o imóvel deverá ser considerado afeto a
arrendamento e não a uso pessoal de terceiros, mas ainda não se conhece qualquer
entendimento administrativo a este propósito.
Liquidação e pagamento
O AIMI é liquidado anualmente, pela AT, no mês de junho do ano a que o imposto
respeita.
92
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Dedução em IRS
O AIMI é dedutível à coleta do IRS (e não ao rendimento, como acontece com o IMI)
devido pelos sujeitos passivos que detenham rendimentos imputáveis a prédios urbanos
sobre os quais incida.
Esta dedução não está sujeita ao limite das deduções à coleta previsto no n.º 7 do
artigo 78.º do Código do IRS.
Dedução em IRC
Os sujeitos passivos sujeitos a IRC podem optar por deduzir à coleta, e até à sua
concorrência, o montante do AIMI pago durante o exercício a que respeita o imposto,
limitada à fração correspondente aos rendimentos gerados por imóveis, a ele sujeitos,
no âmbito de atividade de arrendamento ou hospedagem.
Esta dedução é feita nos mesmos termos da dedução relativa a benefícios fiscais
[prevista na alínea c) do n.º 2 do artigo 90.º do Código do IRC], não se lhe aplicando,
contudo, o limite previsto no n.º 1 do artigo 92.º do mesmo Código.
93
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
94
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
BIBLIOGRAFIA
PINHEIRO PINTO, José Alberto, Fiscalidade, Areal Editores, 5.ª edição, 2011
SALDANHA SANCHES, J. L., Sobre o conceito de mais-valia, Fisco n.º 38/39, 1992
SALDANHA SANCHES, J. L., Ainda sobre o conceito de mais-valias, Fisco n.º 65/66, 1994
TURISMO DE PORTUGAL, I.P., Alojamento Local: regime jurídico 2015 | Guia Técnico,
2015
95
Fiscalidade das atividades imobiliárias - implicações práticas em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
ANEXOS
(pág.167)
96
Classificação: 0 6 0 . 0 1 . 0 1
Segurança: P ú b l i c a
Processo:
|Legislação|
Diploma – Portaria n.º 98-A/2015, de 31 de março
Estado: vigente
Publicação: Diário da República n.º 63/2015, 1.º Suplemento, Série I, de 31/03, Páginas 1728-(2) – 1728-
(11).
Legislação associada: Decreto-Lei n.º 442-A/88 - 30/11; Lei n.º 82-E/2014 – 31/12.
Histórico de alterações: -
Ver – original no DR
A Lei n.º 82-E/2014, de 31 de dezembro, em vigor a partir de 1 de janeiro de 2015, veio proceder à
reforma da tributação das pessoas singulares, introduzindo alterações profundas no Código do Imposto
sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (adiante designado por Código do IRS), aprovado pelo
Decreto-Lei n.º 442-A/88, de 30 de novembro.
De entre as alterações mais relevantes consta a consagração do arrendamento como uma verdadeira
atividade económica e, consequentemente, a possibilidade de dedução da maioria dos gastos que sejam
efetivamente suportados e pagos pelos titulares de rendimentos prediais.
Paralelamente, foi instituído no artigo 115.º deste Código a obrigatoriedade de os titulares daqueles
rendimentos emitirem recibo de quitação eletrónico, em modelo oficial, de todas as importâncias
recebidas dos seus inquilinos, pelo pagamento das rendas referidas nas alíneas a) a e) do n.º 2 do artigo
8.º do mesmo Código, ainda que a título de caução ou adiantamento ou entregarem à AT, até ao fim do
mês de janeiro de cada ano, por referência ao ano anterior, uma declaração de modelo oficial com a
discriminação desses rendimentos.
Nos termos da Lei n.º 82-E/2014, de 31 de dezembro, as alterações introduzidas pela mesma ao artigo
115.º do Código do IRS produzem efeitos a partir de 1 de janeiro de 2015, devendo os recibos de
quitação em papel emitidos nos meses de janeiro a abril ser passados eletronicamente conjuntamente
com o recibo de quitação emitido no mês de maio do mesmo ano, o que não elimina a obrigação de
entrega dos recibos de quitação em papel aos inquilinos, nos termos e nos prazos definidos na lei civil,
nos meses de janeiro a abril de 2015.
Por outro lado, a Lei n.º 82-B/2014, de 31 de dezembro (Lei do Orçamento do Estado para 2015), veio
introduzir significativas alterações no sistema de gestão e controlo dos contratos de arrendamento e
subarrendamento até aqui vigente, alterando o artigo 60.º do Código do Imposto do Selo (adiante
designado por Código do IS), aprovado pela Lei n.º 150/99, de 11 de setembro, instituindo a
obrigatoriedade de comunicação à Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) dos contratos de
arrendamento, subarrendamento e respetivas promessas, bem como das suas alterações e cessação.
MOD. 4.3
Av.ª João XXI, 76 - r/c, – 1049-065 LISBOA Tel: (+351) 217 610 000 Fax: (+351) 217 610 132
Email: dscac@at.gov.pt www.portaldasfinancas.gov.pt Centro de Atendimento Telefónico: 707 206 707
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
Nos termos do n.º 2 do artigo 60.º do Código do IS, na redação dada pela Lei n.º 82-B/2014, de 31 de
dezembro, a comunicação anteriormente referida deve ser efetuada até ao fim do mês seguinte ao do
início do arrendamento ou do subarrendamento, das alterações, da cessação ou, no caso de promessa,
da disponibilização do bem locado, em declaração de modelo oficial.
Com estas alterações são dados novos passos no sentido da crescente desmaterialização e
simplificação no cumprimento das obrigações fiscais, sem encargos, a par com o reforço dos
mecanismos de controlo, contribuindo também para a redução dos níveis de incumprimento e de evasão
fiscal.
A presente portaria tem, assim, como objetivo proceder à aprovação da declaração de comunicação de
contratos de arrendamento prevista n.º 2 do artigo 60.º do Código do IS e, bem assim, do modelo de
recibo de quitação para efeitos do disposto na alínea a) do n.º 5 do artigo 115.º do Código do IRS e da
declaração de discriminação de rendimentos prediais prevista na alínea b) do n.º 5 do mesmo artigo.
Assim,
Manda o Governo, pelo Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, nos termos do n.º 2 do artigo 1.º da
Lei n.º 150/99, de 11 de setembro e do artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 442.º-A/88, de 30 de novembro, o
seguinte:
CAPÍTULO I
Modelos oficiais
Artigo 1.º
Objeto
São aprovados os seguintes modelos oficiais que se publicam em anexo à presente portaria, da qual
fazem parte integrante:
CAPÍTULO II
Comunicação de contratos
Artigo 2.º
Formalidades da Comunicação
Artigo 3.º
Entrega da declaração Modelo 2
DocBaseV/2014 2 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
1 - A declaração modelo 2 deve ser entregue por transmissão eletrónica de dados no Portal das
Finanças, no endereço eletrónico www.portaldasfinancas.gov.pt.
2 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, os sujeitos passivos referidos no n.º 2 e alínea b) do n.º
3 do artigo 5.º podem ainda cumprir a obrigação em qualquer serviço de finanças.
3 - Caso haja opção nesse sentido pelo sujeito passivo, as obrigações previstas nos n.os 3 e 5 do artigo
6.º do Regime do Arrendamento Rural, estabelecido no Decreto-Lei n.º 294/2009, de 13 de outubro,
podem também ser cumpridas através do modelo 2 em qualquer serviço de finanças.
Artigo 4.º
Liquidação e pagamento do Imposto de Selo
2 - No momento da liquidação do imposto é emitido documento único de cobrança que, certificado pelos
meios em uso na rede de cobrança, comprova o pagamento do imposto.
CAPÍTULO III
Recibo de renda eletrónico
Artigo 5.º
Âmbito de aplicação
1 - São obrigados à emissão do recibo de renda eletrónico os sujeitos passivos de IRS, titulares de
rendimentos da categoria F, pelas rendas recebidas ou colocadas à disposição, referidas nas alíneas a)
a e) do n.º 2 do artigo 8.º do Código do IRS, ainda que a título de caução ou adiantamento, quando não
optem pela sua tributação no âmbito da categoria B.
a) Não possuam, nem estejam obrigados a possuir, caixa postal eletrónica, nos termos do artigo 19.º da
Lei Geral Tributária; e
b) Não tenham auferido, no ano anterior, rendimentos da categoria F em montante superior a duas vezes
o valor do IAS ou, não tendo auferido naquele ano qualquer rendimento desta categoria, prevejam que
lhes sejam pagas ou colocadas à disposição rendas em montante não superior àquele limite.
4 - Os sujeitos passivos referidos nos n.os 2 e 3 podem optar pela emissão do recibo de renda eletrónico,
ficando a partir da primeira emissão deste recibo sujeitos às regras gerais de emissão por esta via,
devendo, sendo caso disso, emitir na mesma data os recibos de renda eletrónicos referentes às rendas
auferidas nos meses anteriores do mesmo ano.
Artigo 6.º
Emissão do recibo de renda eletrónico
DocBaseV/2014 3 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
2 - Para a emissão do recibo de renda eletrónico devem ser seguidos os procedimentos referidos no
Portal das Finanças, mediante autenticação com o respetivo número de identificação fiscal e a senha de
acesso.
3 - O recibo de renda é emitido em duplicado, destinando-se o original a dar quitação das rendas
recebidas da contraparte, ficando o duplicado para o emitente.
Artigo 7.º
Consulta e anulação de recibo de renda eletrónico
1 - Os recibos de renda emitidos ficam disponíveis para consulta no Portal das Finanças, mediante
autenticação individual, pelos emitentes, titulares dos rendimentos, e pelas entidades obrigadas ao
pagamento, durante o período de 4 anos.
2 - A informação referida no número anterior é disponibilizada para consulta imediata quando respeitante
aos últimos dois anos, sendo, nos restantes casos, disponibilizada a pedido do interessado, através do
Portal das Finanças.
3 - A anulação dos recibos de renda previstos na alínea b) do artigo 1.º depende de pedido do emitente,
a submeter obrigatoriamente no Portal das Finanças, até ao termo do prazo legal para a entrega de
respetiva declaração de rendimentos do IRS.
5 - No caso referido nos n.os 3 e 4, a AT envia comunicação informativa à entidade que conste no recibo
anulado como pagadora da renda.
6 - A comunicação referida no número anterior é enviada por uma das seguintes vias:
a) Por transmissão eletrónica de dados para os contribuintes que possuam caixa postal eletrónica ou que
tenham autorizado no Portal das Finanças o envio de correio eletrónico;
CAPÍTULO IV
Comunicação anual de rendas
Artigo 8.º
Declaração de rendas
1 - Os sujeitos passivos que estejam dispensados e que não tenham optado pela emissão do recibo
eletrónico de rendas, nos termos do n.º 2 e da alínea b) do n.º 3 do artigo 5.º, estão obrigados a entregar
à AT a declaração a que se refere a alínea c) do artigo 1.º, com a discriminação dos rendimentos
previstos nas alíneas a) a e) do n.º 2 do artigo 8.º do Código do IRS, até ao fim do mês de janeiro de
cada ano, por referência ao ano anterior, nos termos do disposto na alínea b) do n.º 5 do artigo 115.º do
mesmo Código.
2 - A obrigação prevista no número anterior pode ser cumprida por transmissão eletrónica de dados no
Portal das Finanças ou através da apresentação da declaração em suporte papel junto de qualquer
serviço de finanças.
DocBaseV/2014 4 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
3 - Estão ainda obrigadas à entrega da declaração referida no n.º 1, por transmissão eletrónica de
dados, as entidades dispensadas da obrigação de emissão de fatura, fatura-recibo ou recibo a que se
refere o n.º 7 do artigo 78.º-E do Código do IRS, exceto quando tais entidades emitam e comuniquem
faturas.
4 - Caso haja opção nesse sentido pelo sujeito passivo, as rendas correspondentes aos contratos
abrangidos pelo Regime do Arrendamento Rural, estabelecido no Decreto-Lei n.º 294/2009, de 13 de
outubro, podem também ser declaradas nos termos do presente artigo.
CAPÍTULO V
Disposições comuns
Artigo 9.º
Cumprimento das obrigações em nome do sujeito passivo
1 - Os sujeitos passivos podem autorizar terceiros a cumprirem, por transmissão eletrónica de dados, as
obrigações previstas na presente portaria.
2 - A autorização prevista no número anterior deve ser comunicada no Portal das Finanças, de acordo
com os procedimentos aí indicados.
3 - Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, o incumprimento das obrigações previstas nesta
Portaria é sempre imputável ao sujeito passivo.
Artigo 10.º
Cumprimento das obrigações por transmissão eletrónica de dados
1 - O cumprimento por transmissão eletrónica de dados das obrigações previstas na presente portaria é
efetuado no Portal das Finanças, após autenticação dos sujeitos passivos ou dos terceiros por eles
autorizados, e de acordo com os procedimentos aí indicados.
4 - Se, findo o prazo referido no número anterior, não forem corrigidos os erros detetados, a declaração é
considerada como não apresentada.
CAPÍTULO VI
Disposições finais e transitórias
Artigo 11.º
Disposição transitória
1 - A obrigação de emissão do recibo de renda eletrónico aprovado pela presente portaria produz efeitos
desde 1 de janeiro de 2015.
Artigo 12.º
Entrada em vigor
DocBaseV/2014 5 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo de Faria Lince Núncio, em 30 de março de 2015.
DocBaseV/2014 6 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
DocBaseV/2014 7 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
DocBaseV/2014 8 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
DocBaseV/2014 9 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
DocBaseV/2014 10 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
DocBaseV/2014 11 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
DocBaseV/2014 12 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
DocBaseV/2014 13 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
DocBaseV/2014 14 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
DocBaseV/2014 15 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
DocBaseV/2014 16 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
DocBaseV/2014 17 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
DocBaseV/2014 18 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
DocBaseV/2014 19 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
DocBaseV/2014 20 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
DocBaseV/2014 21 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
DocBaseV/2014 22 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
DocBaseV/2014 23 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
DocBaseV/2014 24 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
DocBaseV/2014 25 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
DocBaseV/2014 26 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
DocBaseV/2014 27 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
DocBaseV/2014 28 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
DocBaseV/2014 29 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
DocBaseV/2014 30 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
DocBaseV/2014 31 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
DocBaseV/2014 32 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
DocBaseV/2014 33 / 34
Direção de Serviços de Comunicação e Apoio ao Contribuinte
DocBaseV/2014 34 / 34
RECIBO DE RENDA ELETRÓNICO
FAQ
Sim, a obrigação de emissão do recibo de renda eletrónico produz efeitos desde o dia
1 de janeiro de 2015, devendo os recibos de rendas relativos aos meses de janeiro a
abril, inclusive, ser passados conjuntamente com o recibo a emitir no mês de maio de
2015.
1
c) A diferença, auferida pelo sublocador, entre a renda recebida do
subarrendatário e a paga ao senhorio;
a) Não possuam, nem estejam obrigados a possuir caixa postal eletrónica, nos
termos do artigo 19.º da Lei Geral Tributária; e,
Sim. Não estão abrangidas pela obrigação de emissão do recibo de renda eletrónico
as rendas correspondentes aos contratos abrangidos pelo Regime do Arrendamento
Rural (Decreto-Lei n.º 294/2009, de 13 de outubro).
2
6 - Sou proprietária de uma fração de um prédio em propriedade horizontal que
arrendei com efeitos a partir de uma data posterior a 31 de março de 2015, o que
tenho de fazer para emitir os recibos de renda eletrónicos?
Deste modo, para a emissão dos respetivos recibos de renda eletrónicos basta aceder
ao Portal das Finanças => serviços tributários => serviços tributários => entregar =>
arrendamento => (proceder à autenticação com o NIF e senha de acesso) => Emitir
recibo de renda. Nesta página serão listados todos os contratos em que o sujeito
passivo conste como locador, bastando selecionar o contrato para o qual pretende
emitir o recibo de renda eletrónico.
Para o efeito basta aceder ao Portal das Finanças => serviços tributários => serviços
tributários => entregar => arrendamento => (proceder à autenticação com o NIF e
senha de acesso) => Emitir recibo de renda. Nesta página deverá selecionar
“adicionar outro contrato” e proceder à caracterização do contrato com a identificação
dos elementos mínimos do mesmo. Após gravação dos Elementos Mínimos do
Contrato poderá selecionar o contrato na página inicial para emissão do recibo de
renda eletrónico.
Nesta situação, se não foi liquidado o imposto do Selo deste contrato, deve entregar a
declaração modelo 2 do Imposto do Selo.
3
9 – O que são os Elementos Mínimos do Contrato?
f) O valor da renda;
g) A periocidade da renda.
Os Elementos Mínimos do Contrato têm que ser registados para permitir um maior
automatismo na emissão do recibo de renda eletrónico.
Pode alterar alguns elementos na emissão do recibo, como seja o valor da renda, o
período a que respeita, bem como pode remover algum dos locadores ou locatários,
em caso de múltiplos locadores ou de múltiplos locatários do contrato, se o recibo em
causa não respeitar aos mesmos.
4
13 - Em contratos de arrendamento que contemplem vários inquilinos, tem de
ser emitido um recibo para cada um deles?
5
17 - Em maio emito um único recibo no valor das rendas recebidas até à data no
ano de 2015?
6
20 – Como posso autorizar terceiros a emitir recibos de renda eletrónico em meu
nome? E estes terceiros autorizados ficam com acesso a todas as minhas
informações fiscais?
Só existe registo do contrato desde que este tenha tido início a partir de 1 de abril de
2015, o que é feito através da declaração modelo 2 para efeitos do Imposto do Selo. A
responsabilidade pela submissão da declaração modelo 2 cabe ao cabeça-de-casal
em nome da herança indivisa.
7
Neste caso, o declarante pode emitir o recibo de renda electrónico ou quem tenha sido
por ele autorizado na modelo 2, constando no recibo como locadores aqueles que
foram identificados na modelo 2.
Caso o contrato seja anterior a 1 de abril de 2015, o registo dos Elementos Mínimos
do Contrato é efetuado aquando da emissão do primeiro recibo, sendo identificados
todos os herdeiros e as respetivas quotas-partes, podendo o recibo ser emitido pelo
cabeça-de-casal em nome da herança indivisa.
Sim, uma vez que é o cabeça-de-casal a quem compete administrar a herança. Este
tem a obrigação de entregar a declaração modelo 44, até ao fim do mês de janeiro,
com referência ao ano anterior, sem prejuízo de poder optar pela emissão dos recibos
de renda eletrónicos.
8
24 - No caso de rendimentos prediais pertença de um condomínio, quem tem o
dever de comunicação dos elementos do contrato e de emissão do recibo
eletrónico?
26 - O meu imóvel esteve arrendado até março de 2015 e em abril do mesmo ano
celebrei novo contrato já comunicado, o que faço com os recibos do contrato
anterior?
9
Decreto-Lei 21/2007 de 29 de Janeiro - Série I
No uso da autorização legislativa concedida pelo n.º 3 do artigo 45.º da Lei n.º 60-A/2005, de 30 de
Dezembro, introduz alterações ao Código do IVA e respetiva legislação complementar em matéria de
tributação de operações imobiliárias, incluindo a revisão do regime da renúncia à isenção de IVA na
transmissão e na locação de bens imóveis
O presente decreto-lei procede à introdução na legislação do IVA de um conjunto de medidas destinado a
combater algumas situações de fraude, evasão e abuso que se vêm verificando na realização das operações
imobiliárias sujeitas a tributação, seguindo, nesta matéria, a experiência anteriormente adquirida e as melhores
práticas adotadas em outros Estados membros da União Europeia.
Com esse propósito, são revistas de forma substancial as regras da renúncia à isenção do IVA na locação e
transmissão de bens imóveis abrangidas pelos n.os 30 e 31 do artigo 9.º do respetivo Código, sujeitando-se a
renúncia à verificação cumulativa de algumas condições referentes ao imóvel e aos sujeitos passivos que
podem intervir nessas operações. Sem pôr em causa a possibilidade de desoneração do imposto, por parte dos
operadores económicos, quando os imóveis sejam por si utilizados em atividades tributadas, impõe-se, no
entanto, certas restrições quanto à possibilidade de opção pela tributação, quando a atividade habitual dos
intervenientes não confira um significativo direito à dedução do IVA suportado, salvo se essa atividade
consistir na construção ou aquisição de imóveis para venda ou para locação.
Neste contexto, aproveita-se o ensejo para reformular igualmente o procedimento administrativo relativo à
renúncia à isenção, reduzindo-se as obrigações declarativas dos sujeitos passivos e consagrando-se, nesta
matéria, uma das medidas previstas no Programa de Simplificação Legislativa e Administrativa (SIMPLEX
2006), de forma a estabelecer que a apresentação do pedido de certificado de renúncia e a respetiva emissão
passem a ser realizadas por via eletrónica.
Para garantir uma clara definição e perceção do quadro legal aplicável às situações de renúncia à isenção do
IVA nas operações imobiliárias, as regras que definem as formalidades e as condições para o exercício da
renúncia, bem como os procedimentos a adotar na sequência da mesma, continuam a constar de um regime
jurídico autónomo.
Para além de uma definição mais rigorosa das situações suscetíveis de renúncia à isenção, o regime prevê, nos
casos de transmissão de imóveis com opção pela tributação, que o IVA seja devido ao Estado pelos respetivos
adquirentes. Por sua vez, no sentido de prevenir eventuais práticas que resultem numa fixação artificial do
valor da transação ou da locação com renúncia à isenção, passa a estabelecer-se que o respetivo valor tributável
corresponde ao valor normal de mercado dessas operações, sempre que existam relações especiais entre os
intervenientes e qualquer deles apresente limitações do direito à dedução. Estas duas medidas inserem-se, aliás,
no quadro das possibilidades dadas aos Estados membros na Diretiva n.º 77/388/CEE, do Conselho, de 17 de
Maio (Sexta Diretiva do IVA), na sequência das alterações promovidas pela Diretiva n.º 2006/69/CE, do
Conselho, de 24 de Julho, que veio consagrar algumas medidas destinadas a simplificar a cobrança do imposto
e a combater a fraude e a evasão fiscais.
Fora do âmbito das operações previstas nos n.os 30 e 31 do artigo 9.º do Código do IVA, mas ainda no domínio
de algumas prestações de serviços relativas a bens imóveis, nomeadamente nos trabalhos de construção civil
realizados por empreiteiros e subempreiteiros, o presente decreto-lei vem adotar, de igual modo, uma outra
faculdade conferida pela Diretiva n.º 2006/69/CE, do Conselho, de 24 de Julho. Assim, por via da inversão do
sujeito passivo, passa a caber aos adquirentes ou destinatários daqueles serviços, quando se configurem como
sujeitos passivos com direito à dedução total ou parcial do imposto, proceder à liquidação do IVA devido, o
qual poderá ser também objeto de dedução nos termos gerais. Com esta medida, visam acautelar-se algumas
situações que redundam em prejuízo do erário público, atualmente decorrentes do nascimento do direito à
dedução do IVA suportado, sem que esse imposto chegue a ser entregue nos cofres do Estado.
Assim:
No uso da autorização legislativa concedida pelo n.º 3 do artigo 45.º da Lei n.º 60-A/2005, de 30 de Dezembro,
e nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 198.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:
Artigo 1.º
Alteração ao Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado
Os artigos 2.º, 12.º, 19.º, 24.º, 24.º-A, 25.º, 35.º e 44.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado,
aprovado pelo Decreto-Lei n.º 394-B/84, de 26 de Dezembro, abreviadamente designado por Código do IVA,
passam a ter a seguinte redação:
Artigo 2.º
1 - ...
a) ...
b) ...
c) ...
d) ...
e) ...
f) ...
g) ...
h) ...
i) ...
j) As pessoas singulares ou coletivas referidas na alínea a) que disponham de sede, estabelecimento estável ou
domicílio em território nacional e que pratiquem operações que confiram o direito à dedução total ou parcial
do imposto, quando sejam adquirentes de serviços de construção civil, incluindo a remodelação, reparação,
manutenção, conservação e demolição de bens imóveis, em regime de empreitada ou subempreitada.
2 - ...
3 - ...
4 - ...
Artigo 12.º
1 - ...
2 - ...
3 - ...
4 - Os sujeitos passivos que procedam à locação de prédios urbanos ou frações autónomas destes a outros
sujeitos passivos, que os utilizem, total ou predominantemente, em atividades que conferem direito à dedução,
podem renunciar à isenção prevista no n.º 30 do artigo 9.º
5 - Os sujeitos passivos que efetuem a transmissão do direito de propriedade de prédios urbanos, frações
autónomas destes ou terrenos para construção a favor de outros sujeitos passivos, que os utilizem, total ou
predominantemente, em atividades que conferem direito à dedução, podem renunciar à isenção prevista no n.º
31 do artigo 9.º
6 - Os termos e as condições para a renúncia à isenção prevista nos n.os 4 e 5 são estabelecidos em legislação
especial.
7 - ...
Artigo 19.º
1 - ...
a) ...
b) ...
c) O imposto pago pela aquisição dos bens ou dos serviços indicados nas alíneas i) e j) do n.º 1 do artigo 2.º,
no n.º 8, na alínea a) do n.º 10 e nos n.os 11, 13 e 16, na alínea b) do n.º 17 e nos n.os 19 e 22 do artigo 6.º;
d) ...
e) ...
2 - ...
3 - ...
4 - ...
5 - ...
6 - ...
Artigo 24.º
1 - ...
2 - ...
3 - ...
4 - ...
5 - ...
6 - A regularização prevista no número anterior é também aplicável, considerando-se que os bens estão afetos
a uma atividade não tributada, no caso de bens imóveis relativamente aos quais houve inicialmente lugar à
dedução total ou parcial do imposto que onerou a respetiva construção, aquisição ou outras despesas de
investimento com eles relacionadas, quando:
a) O sujeito passivo, devido a alteração da atividade exercida ou por imposição legal, passe a realizar
exclusivamente operações isentas sem direito à dedução;
b) O sujeito passivo passe a realizar exclusivamente operações isentas sem direito à dedução, em virtude do
disposto no n.º 3 do artigo 12.º ou nos n.os 3 e 4 do artigo 55.º;
c) O imóvel passe a ser objeto de uma locação isenta nos termos do n.º 30 do artigo 9.º
7 - (Anterior n.º 6.)
Artigo 24.º-A
1 - ...
2 - ...
3 - ...
4 - A regularização prevista na alínea b) do n.º 1 é também aplicável quando, após uma locação isenta abrangida
pela alínea c) do n.º 6 do artigo 24.º, o imóvel seja objeto de utilização pelo sujeito passivo exclusivamente no
âmbito de operações que conferem direito à dedução.
5 - (Anterior n.º 4.)
Artigo 25.º
1 - ...
2 - A regularização anual prevista no número anterior é também aplicável no caso de bens imóveis
relativamente aos quais houve inicialmente lugar à dedução total ou parcial do imposto que onerou a respetiva
construção, aquisição ou outras despesas de investimento com eles relacionadas, quando tais bens sejam afetos
a uma das utilizações referidas na alínea d) do n.º 1 do artigo 21.º
3 - (Anterior n.º 2.)
Artigo 35.º
1 - ...
2 - ...
3 - ...
4 - ...
5 - ...
6 - ...
7 - ...
8 - ...
9 - ...
10 - ...
11 - ...
12 - ...
13 - Nas situações previstas nas alíneas i) e j) do n.º 1 do artigo 2.º, as faturas ou documentos equivalentes
emitidos pelos transmitentes dos bens ou prestadores dos serviços devem conter a expressão 'IVA devido pelo
adquirente”.
Artigo 44.º
1 - ...
2 - ...
3 - ...
a) ...
b) ...
c) ...
d) O valor do imposto liquidado, segundo a taxa aplicável, com relevação distinta do respeitante às operações
referidas nas alíneas f) e g) do n.º 3 do artigo 3.º e nas alíneas a) e b) do n.º 2 do artigo 4.º, bem como dos casos
em que a respetiva liquidação compete, nos termos da lei, ao adquirente.
4 - ...”
Artigo 2.º
Alteração ao regime de exigibilidade do IVA nas empreitadas e subempreitadas de obras públicas
O artigo 1.º do Regime Especial de Exigibilidade do Imposto sobre o Valor Acrescentado nas Empreitadas e
Subempreitadas de Obras Públicas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 204/97, de 9 de Agosto, com as alterações
introduzidas pela Lei n.º 3-B/2000, de 4 de Abril, e pela Lei n.º 109-B/2001, de 27 de Dezembro, passa a ter a
seguinte redação:
“Artigo 1.º
1 - (Anterior corpo do artigo.)
2 - O presente Regime Especial não se aplica às empreitadas e subempreitadas de obras públicas cujo imposto
seja devido pelo adquirente nos termos da alínea j) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA.”
Artigo 3.º
Aprovação do regime da renúncia à isenção do IVA nas operações relativas a bens imóveis
É aprovado o regime da renúncia à isenção do IVA nas operações relativas a bens imóveis, publicado em anexo
ao presente decreto-lei e que dele faz parte integrante.
Artigo 4.º
Disposição transitória
Para efeitos do disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 10.º do regime da renúncia à isenção do IVA nas
operações relativas a bens imóveis a que se refere o artigo anterior, o prazo de dois anos aí referido conta-se a
partir da entrada em vigor do presente decreto-lei.
Artigo 5.º
Norma revogatória
1 - É revogado o Decreto-Lei n.º 241/86, de 20 de Agosto.
2 - As renúncias à isenção validamente exercidas ao abrigo do Decreto-Lei n.º 241/86, de 20 de Agosto,
continuam a produzir efeitos enquanto vigorarem os contratos respetivos, sem prejuízo da aplicação do
disposto no artigo 10.º do regime aprovado pelo artigo 3.º do presente decreto-lei.
Artigo 6.º
Entrada em vigor
O presente decreto-lei entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação, com excepção do seu artigo 2.º e
das alterações introduzidas nos artigos 2.º, 19.º, 35.º e 44.º do Código do IVA pelo seu artigo 1.º, cuja entrada
em vigor ocorre a 1 de Abril de 2007.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 14 de Dezembro de 2006. - José Sócrates Carvalho Pinto de
Sousa - Fernando Teixeira dos Santos.
Promulgado em 18 de Janeiro de 2007.
Publique-se.
O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.
Referendado em 19 de Janeiro de 2007.
O Primeiro-Ministro, José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa.
ANEXO
Regime da renúncia à isenção do IVA nas operações relativas a bens imóveis
Artigo 1.º
Objeto
A renúncia à isenção do IVA nas transmissões de bens e prestações de serviços abrangidas pelos n. os 30 e 31
do artigo 9.º do Código do IVA, prevista nos n.os 4 a 6 do artigo 12.º do mesmo Código, pode ser exercida nos
termos e condições definidos no presente regime.
Artigo 2.º
Condições objetivas para a renúncia à isenção
1 - A renúncia à isenção é admitida nas operações relativas a bens imóveis quando se mostrem satisfeitas as
seguintes condições:
a) O imóvel se trate de um prédio urbano ou de uma fração autónoma deste ou ainda, no caso de transmissão,
de um terreno para construção;
b) O imóvel esteja inscrito na matriz em nome do seu proprietário, ou tenha sido pedida a respetiva inscrição,
e não se destine a habitação;
c) O contrato tenha por objeto a transmissão do direito de propriedade do imóvel ou a sua locação e diga
respeito à totalidade do bem imóvel;
d) O imóvel seja afeto a atividades que confiram direito à dedução do IVA suportado nas aquisições;
e) No caso de locação, o valor da renda anual seja igual ou superior a 25 avos do valor de aquisição ou
construção do imóvel (redação dada através da Lei n.º 67-A/2007, de 31 de dezembro).
2 - Verificadas as condições previstas no número anterior, a renúncia só é permitida quando o bem imóvel se
encontre numa das seguintes circunstâncias:
a) Esteja em causa a primeira transmissão ou locação do imóvel ocorrida após a construção, quando tenha sido
deduzido ou ainda seja possível deduzir, no todo ou em parte, o IVA nela suportado;
b) Esteja em causa a primeira transmissão ou locação do imóvel após ter sido objeto de grandes obras de
transformação ou renovação, de que tenha resultado uma alteração superior a 30% do valor patrimonial
tributável para efeito do imposto municipal sobre imóveis, quando ainda seja possível proceder à dedução, no
todo ou em parte, do IVA suportado nessas obras;
c) Na transmissão ou locação do imóvel subsequente a uma operação efetuada com renúncia à isenção, quando
esteja a decorrer o prazo de regularização previsto no n.º 2 do artigo 24.º do Código do IVA relativamente ao
imposto suportado nas despesas de construção ou aquisição do imóvel.
3 - No caso de contratos realizados em simultâneo, em que haja lugar à renúncia à isenção, a condição prevista
na alínea b) do n.º 1, relativamente à inscrição em nome do proprietário, deve verificar-se em relação ao sujeito
passivo que realiza a transmissão do imóvel no primeiro dos contratos.
4 - Não é permitida a renúncia à isenção na sublocação de bens imóveis, exceto quando estes sejam destinados
a fins industriais (redação dada através da Lei n.º 64-A/2008, de 31 de dezembro).
Artigo 3.º
Condições subjetivas para a renúncia à isenção
1 - A renúncia à isenção é permitida quando o transmitente e o adquirente do bem imóvel ou, no caso de
locação, quando o locador e o locatário sejam sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do
Código do IVA, que preencham as seguintes condições:
a) Pratiquem operações que confiram direito à dedução ou, no caso de sujeitos passivos que exerçam
simultaneamente operações que conferem direito à dedução e operações que não conferem esse direito, quando
o conjunto das operações que conferem direito à dedução seja superior a 80% do total do volume de negócios;
b) Não estejam abrangidos pelo regime especial dos pequenos retalhistas constante dos artigos 60.º e seguintes
do Código do IVA;
c) Disponham de contabilidade organizada nos termos dos Códigos do IRS ou do IRC.
2 - A percentagem referida na alínea a) do número anterior é determinada nos termos dos n. os 4, 5, 7 e 8 do
artigo 23.º do Código do IVA, com base no montante das operações realizadas no ano anterior,
independentemente do critério que o sujeito passivo utilize para o exercício do direito à dedução.
3 - Não obstante o disposto na alínea a) do n.º 1, podem renunciar à isenção, ainda que o conjunto das operações
que confere direito à dedução não seja superior à percentagem aí prevista, os sujeitos passivos cuja atividade
tenha por objeto, com carácter de habitualidade, a construção, reconstrução ou aquisição de imóveis para venda
ou para locação.
4 - No caso de operações relativas a imóveis detidos ou a deter em regime de compropriedade, a renúncia à
isenção só é admitida quando as condições referidas nos números anteriores se verifiquem relativamente a
todos os comproprietários e o direito de renúncia à isenção seja exercido por todos eles.
Artigo 4.º
Formalidades para a renúncia à isenção
1 - Os sujeitos passivos que pretendam renunciar à isenção devem dirigir à Direcção-Geral dos Impostos, por
via eletrónica, um pedido de emissão de certificado para efeitos de renúncia, do qual conste os seguintes
elementos:
a) O nome ou designação social do sujeito passivo transmitente ou locador e do sujeito passivo adquirente ou
locatário do imóvel, bem como os respetivos números de identificação fiscal;
b) A identificação do imóvel;
c) Se se trata de uma operação de transmissão do direito de propriedade do imóvel ou de uma operação de
locação do mesmo;
d) A atividade a exercer no imóvel;
e) O valor da venda do imóvel ou o valor mensal da renda;
f) A declaração de que se encontram reunidas todas as condições para a renúncia à isenção, previstas no Código
do IVA e no presente regime.
2 - A Direcção-Geral dos Impostos, após a receção do pedido de emissão de certificado, deve, por via
eletrónica, dar conhecimento do mesmo ao sujeito passivo adquirente ou locatário do imóvel, para efeitos de
confirmação por este, pela mesma via, dos elementos que lhe dizem respeito.
3 - Não obstante o disposto no número anterior, quando a informação disponibilizada no pedido não
corresponder aos elementos na posse dos serviços centrais da Direcção-Geral dos Impostos, a decisão de
emissão do certificado é tomada pelo chefe do serviço de finanças da área da sede, do estabelecimento estável
ou, na sua falta, do domicílio do transmitente ou locador, após a apreciação da conformidade dessa informação.
4 - O certificado para efeitos de renúncia é emitido no prazo de 10 dias a contar da data da confirmação a que
se refere o n.º 2.
5 - O certificado emitido é válido por seis meses e tem exclusivamente por efeito titular que os sujeitos passivos
intervenientes na operação manifestaram à Direcção-Geral dos Impostos a intenção de renunciar à isenção do
IVA nessa operação e que declararam estar reunidas as condições legalmente previstas para que a renúncia se
efetivasse.
Artigo 5.º
Momento em que se efetiva a renúncia à isenção
1 - A renúncia à isenção só opera no momento em que seja celebrado o contrato de compra e venda ou de
locação do imóvel ou, no caso de contrato de locação financeira relativo ao imóvel a construir, no momento
em que o locador tome posse do imóvel, desde que o sujeito passivo esteja na posse de um certificado de
renúncia válido e se continuem a verificar nesse momento as condições para a renúncia à isenção estabelecidas
no presente regime (redação dada através da Lei n.º 67-A/2007, de 31 de dezembro).
2 - Deixando de se verificar as condições de renúncia à isenção antes da celebração do contrato referido no
número anterior, ou tendo decorrido o prazo de validade do certificado de renúncia sem que tal contrato haja
sido celebrado, deve o sujeito passivo que solicitou a emissão do mesmo comunicar, por via electrónica, esse
facto à administração tributária.
3 - O exercício da renúncia à isenção sem que estejam reunidas as condições referidas no n.º 1 não produz
efeitos.
Artigo 6.º
Obrigações decorrentes da opção pela tributação
1 - A opção pela tributação das operações previstas nos n.os 30 e 31 do artigo 9.º do Código do IVA determina,
para o sujeito passivo transmitente ou locador do imóvel, o cumprimento das obrigações previstas na legislação
do IVA.
2 - Não obstante o disposto no primeiro parágrafo da alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA, são
sujeitos passivos do imposto os adquirentes de bens imóveis em relação aos quais tenha havido renúncia à
isenção na respetiva transmissão.
3 - No período de imposto em que, nos termos do n.º 1 do artigo 5.º, tem lugar a renúncia à isenção, deve o
sujeito passivo proceder à liquidação do IVA, incluindo o respeitante aos adiantamentos do preço a que tenha
havido lugar.
Artigo 7.º
Valor tributável
1 - Não obstante o disposto no n.º 1 do artigo 16.º do Código do IVA, na transmissão ou locação de bens
imóveis efetuadas com renúncia à isenção do IVA por sujeitos passivos que tenham entre si relações especiais,
na aceção do n.º 4 do artigo 58.º do Código do IRC, o valor tributável é o valor normal determinado nos termos
do n.º 4 do artigo 16.º do Código do IVA, quando se verifique qualquer das seguintes situações:
a) A contraprestação seja inferior ao valor normal e o destinatário da operação não tenha direito a deduzir
integralmente o imposto;
b) A contraprestação seja superior ao valor normal e o transmitente ou o locador do bem imóvel não tenha
direito a deduzir totalmente o IVA.
2 - Para efeitos do disposto no número anterior, considera-se que o valor normal da transmissão do imóvel não
pode ser inferior ao valor patrimonial tributário definitivo que serviu de base à liquidação do imposto municipal
sobre as transmissões onerosas de imóveis ou que serviria no caso de não haver lugar à liquidação deste
imposto.
Artigo 8.º
Exercício do direito à dedução
1 - Sem prejuízo do disposto nos números seguintes, os sujeitos passivos intervenientes em operações em que
tenha ocorrido a renúncia à isenção no âmbito do presente regime têm direito à dedução do imposto suportado
para a realização das operações relativas a cada bem imóvel, segundo as regras definidas nos artigos 19.º a 25.º
do Código do IVA.
2 - Os transmitentes ou locadores podem deduzir o IVA relativo ao bem imóvel na declaração do período de
imposto ou de período posterior àquele em que, nos termos do n.º 1 do artigo 5.º do presente regime, tem lugar
a renúncia à isenção, tendo em conta o prazo a que se refere o n.º 2 do artigo 91.º do Código do IVA.
3 - O prazo previsto no n.º 2 do artigo 91.º do Código do IVA é elevado para o dobro para efeitos da dedução
do imposto suportado na construção de bens imóveis por sujeitos passivos cuja atividade tenha por objeto, com
carácter de habitualidade, a construção de imóveis para venda ou para locação, quando essa construção,
comprovadamente, tenha excedido o prazo referido naquela disposição.
4 - Os sujeitos passivos adquirentes de bens imóveis podem deduzir o imposto liquidado pela respetiva
aquisição na declaração do período de imposto em que, nos termos do n.º 1 do artigo 5.º, tem lugar a renúncia
à isenção.
Artigo 9.º
Obrigatoriedade de utilização do método da afetação real
1 - A dedução do imposto relativo a cada imóvel efetua-se segundo o método da afetação real de todos os bens
e serviços utilizados, de harmonia com o referido no n.º 2 do artigo 23.º do Código do IVA.
2 - Quando a Direcção-Geral dos Impostos considere inadequados os critérios de imputação utilizados na
afetação real, pode fixar critérios diferentes, disso notificando o sujeito passivo, com indicação das razões
que fundamentaram a decisão.
Artigo 10.º
Regularização do imposto deduzido
1 - Não obstante o disposto no n.º 1 do artigo 25.º do Código do IVA, os sujeitos passivos que utilizem bens
imóveis relativamente aos quais houve direito à dedução total ou parcial do imposto que onerou a respectiva
aquisição são obrigados a regularizar, de uma só vez, nos termos do n.º 5 do artigo 24.º do mesmo Código, as
deduções efectuadas, considerando que os bens estão afetos a uma atividade não tributada, quando:
a) O bem imóvel seja afecto a fins alheios à atividade exercida pelo sujeito passivo;
b) Ainda que não seja afecto a fins alheios à atividade exercida pelo sujeito passivo, o bem imóvel não seja
efectivamente utilizado em fins da empresa por um período superior a dois anos consecutivos.
2 - O montante das regularizações referidas no número anterior deve ser incluído na declaração de imposto
relativa ao último período do ano em que ocorrer a situação que lhes dá origem.
3 - O disposto na alínea b) do n.º 1 não prejudica o dever de proceder às regularizações anuais previstas no n.º
1 do artigo 25.º do Código do IVA até ao decurso do prazo de dois anos referido nessa alínea.
Artigo 11.º
Obrigações contabilísticas e de faturação
1 - As faturas ou documentos equivalentes emitidos por sujeitos passivos transmitentes de bens imóveis,
quando ocorra a renúncia à isenção, devem conter a expressão «IVA devido pelo adquirente», quando este seja
um sujeito passivo dos mencionados no n.º 2 do artigo 6.º do presente regime.
2 - Nas transmissões de imóveis com sujeição a IVA, a escritura substitui a fatura exigida para efeitos deste
imposto, desde que dela constem, à excepção da numeração, as indicações referidas no artigo 35.º do Código
do IVA e a menção referida no número anterior.
3 - Para efeitos do cumprimento do disposto no artigo 44.º do Código do IVA, os sujeitos passivos
transmitentes ou locadores de bens imóveis devem na sua contabilidade registar separadamente os proveitos e
custos relativos, respectivamente, aos imóveis a alienar ou a arrendar com sujeição a imposto.
4 - Os sujeitos passivos adquirentes de bens imóveis em relação aos quais tenha havido renúncia à isenção na
respectiva transmissão, estão obrigados, para efeitos da alínea c) do n.º 2 do artigo 44.º do Código do IVA, a
evidenciar separadamente na sua contabilidade o valor do imposto liquidado pela aquisição desses imóveis.
Artigo 12.º
Outras obrigações acessórias
1 - Os sujeitos passivos que se encontrem registados no regime de isenção decorrente do artigo 9.º do Código
do IVA, que estejam em condições de renunciar à isenção do imposto nas operações imobiliárias, devem
apresentar a declaração de alterações prevista no n.º 1 do artigo 31.º do mesmo Código antes de formularem
pela primeira vez um pedido de emissão de um certificado para efeitos de renúncia.
2 - Para efeitos do disposto na alínea d) do n.º 1 do artigo 28.º do Código do IVA, o Ministro das Finanças
pode determinar a obrigatoriedade de os sujeitos passivos, relativamente a cada operação e a cada imóvel
objecto de renúncia à isenção, discriminarem o valor da contraprestação e do IVA liquidado, bem como o valor
dos custos suportados e do imposto nele contido.
Artigo 13.º
Regime subsidiário
A disciplina do Código do IVA é aplicável em tudo o que não se revelar contrário ao disposto no presente
regime.
MINISTÉRIO DAS FINANÇAS
DIRECÇÃO-GERAL DOS IMPOSTOS (DGCI)
REPUBLICA
PORTUGUESA
DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DO IMPOSTO SOBRE O VALOR ACRESCENTADO DSIVA
Número Data
EXMOS. SENHORES
30099 09-02-2007
Processo
I INTRODUÇÃO
SMI NOS CONTACTOS COM OS SERVIÇOS FISCAIS, MENCIONE SEMPRE O SEU NOME, NÚMERO DE CONTRIBUINTE E MORADA
1
Contacto via postal Contacto via telecomunicações Contacto pessoal
Apartado 8218 – 1802-001 Lisboa ● Telefax 217 936 508 – Telef. 217 610 351/2 ● Avª João XXI Nº 76 – 1049 - 065 LISBOA
Email: dsiva@dgci.min-financas.pt
MINISTÉRIO DAS FINANÇAS
DIRECÇÃO-GERAL DOS IMPOSTOS (DGCI)
REPUBLICA
PORTUGUESA
DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DO IMPOSTO SOBRE O VALOR ACRESCENTADO DSIVA
1
As actividades que conferem o direito à dedução são as previstas no artigo 20º do Código do IVA
SMI NOS CONTACTOS COM OS SERVIÇOS FISCAIS, MENCIONE SEMPRE O SEU NOME, NÚMERO DE CONTRIBUINTE E MORADA
2
Contacto via postal Contacto via telecomunicações Contacto pessoal
Apartado 8218 – 1802-001 Lisboa ● Telefax 217 936 508 – Telef. 217 610 351/2 ● Avª João XXI Nº 76 – 1049 - 065 LISBOA
Email: dsiva@dgci.min-financas.pt
MINISTÉRIO DAS FINANÇAS
DIRECÇÃO-GERAL DOS IMPOSTOS (DGCI)
REPUBLICA
PORTUGUESA
DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DO IMPOSTO SOBRE O VALOR ACRESCENTADO DSIVA
2. Relativamente aos sujeitos passivos que iniciem a sua actividade, será tida em
consideração, no momento da renúncia, a percentagem provisória prevista para
esse ano, calculada nos termos do n.º 7 do artigo 23.º do CIVA.
3. Face à prática exclusiva de operações isentas que não conferem o direito à
dedução, não pode haver renúncia, nos casos em que o locador e/ou locatário ou
o transmitente e/ou adquirente estejam enquadrados no Regime Especial de
Isenção (artigo 53º) ou efectuem exclusivamente operações isentas que não
conferem o direito à dedução previstas no artigo 9º (excepto na situação
referida em ii) da alínea e) do ponto A).
4. Nos casos de compropriedade, todos os titulares dos direitos a transmitir ou a
adquirir devem preencher os requisitos exigidos para o exercício da renúncia.
5. No conceito de locação, entende-se abrangido qualquer tipo de locação,
designadamente a locação financeira.
SMI NOS CONTACTOS COM OS SERVIÇOS FISCAIS, MENCIONE SEMPRE O SEU NOME, NÚMERO DE CONTRIBUINTE E MORADA
3
Contacto via postal Contacto via telecomunicações Contacto pessoal
Apartado 8218 – 1802-001 Lisboa ● Telefax 217 936 508 – Telef. 217 610 351/2 ● Avª João XXI Nº 76 – 1049 - 065 LISBOA
Email: dsiva@dgci.min-financas.pt
MINISTÉRIO DAS FINANÇAS
DIRECÇÃO-GERAL DOS IMPOSTOS (DGCI)
REPUBLICA
PORTUGUESA
DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DO IMPOSTO SOBRE O VALOR ACRESCENTADO DSIVA
Notas:
SMI NOS CONTACTOS COM OS SERVIÇOS FISCAIS, MENCIONE SEMPRE O SEU NOME, NÚMERO DE CONTRIBUINTE E MORADA
4
Contacto via postal Contacto via telecomunicações Contacto pessoal
Apartado 8218 – 1802-001 Lisboa ● Telefax 217 936 508 – Telef. 217 610 351/2 ● Avª João XXI Nº 76 – 1049 - 065 LISBOA
Email: dsiva@dgci.min-financas.pt
MINISTÉRIO DAS FINANÇAS
DIRECÇÃO-GERAL DOS IMPOSTOS (DGCI)
REPUBLICA
PORTUGUESA
DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DO IMPOSTO SOBRE O VALOR ACRESCENTADO DSIVA
- Identificação do imóvel
- Actividade principal a exercer no imóvel
- Valor da transmissão ou valor mensal da renda (Exemplo: 500.000,00 ou
1.256,00)
- Declaração de que se verificam todos os requisitos para que se possa
renunciar
Em seguida CONFIRMAR.
Após submissão do pedido e desde que preenchidos todos os elementos
requeridos, será o requerente informado se o mesmo está ou não conforme com
a legislação. E estando, ser-lhe-á, de imedito, informado que vai ser pedida a
confirmação dos dados por parte do adquirente ou locatário do imóvel.
Tal pedido de confirmação será solicitado via mail ao adquirente ou locatário.
Este, depois de se autenticar no sìtio das Declarações Electrónicas, deve
seleccionar a opção Certidões, de seguida a opção Conf. Pedido.
Quando aparece a Lista de Certidões, “clicar” em +Info e sendo correctos os
dados constantes do pedido, procederá à respectiva confirmação
(CONFIRMAR). Quando não confirme o pedido (NÃO CONFIRMAR), deve
indicar, no quadro respectivo, as razões justificativas.
Depois da confirmação dos dados constantes do pedido por parte do sujeito
passivo locatário ou adquirente do imóvel, e caso se verifiquem todos os
requisitos necessários à emissão do mesmo, o certificado será, desde logo,
disponibilizado. Para o obter, deverá aceder-se, sucessivamente, a Certidões,
Consulta e, na Lista de Certidões, “clicar” em OBTER.
Caso contrário, a emissão do certificado ficará dependente de despacho do
Chefe de Finanças da área da sede, estabelecimento estável ou, na sua falta, do
domicílio do transmitente ou do locador do imóvel.
Após a validação, automática ou pelo serviço de finanças, dos dados referentes
aos sujeitos passivos e à identificação do imóvel, o certificado fica disponível,
podendo ser impresso. Para o obter, deverá aceder-se, sucessivamente, a
Certidões, Consulta e, na lista de Certidões, “clicar” em OBTER.
NOTAS
1. Quando se selecciona a opção “Consulta de Certidões, se na coluna relativa ao
estado de uma determinada certidão estiver indicado “Expirada”, tal significa
que está ultrapassado o prazo de validade da mesma.
2. Se os elementos que serviram de base à emissão do certificado sofrerem
alterações antes da celebração do contrato de locação ou de compra e venda, o
certificado perde a sua validade. Se ainda se mantiverem as condições para a
SMI NOS CONTACTOS COM OS SERVIÇOS FISCAIS, MENCIONE SEMPRE O SEU NOME, NÚMERO DE CONTRIBUINTE E MORADA
5
Contacto via postal Contacto via telecomunicações Contacto pessoal
Apartado 8218 – 1802-001 Lisboa ● Telefax 217 936 508 – Telef. 217 610 351/2 ● Avª João XXI Nº 76 – 1049 - 065 LISBOA
Email: dsiva@dgci.min-financas.pt
MINISTÉRIO DAS FINANÇAS
DIRECÇÃO-GERAL DOS IMPOSTOS (DGCI)
REPUBLICA
PORTUGUESA
DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DO IMPOSTO SOBRE O VALOR ACRESCENTADO DSIVA
IV OBRIGAÇÕES
Os sujeitos passivos que renunciem à isenção prevista nos nºs 30 e 31 do artigo
9º e optem pela tributação ficam, por esse facto, sujeitos ao cumprimento das
obrigações previstas no CIVA, nomeadamente, de natureza contabilística,
declarativa, de liquidação e de entrega do imposto.
Os transmitentes e locadores devem contabilizar, para efeitos do artigo 44º
do CIVA, os proveitos e os custos relativos aos imóveis a transmitir ou a locar e
em que houve liquidação de imposto.
O adquirente deve contabilizar, separadamente, a aquisição do imóvel em que
houve renúncia à isenção, de forma a evidenciar o imposto por si autoliquidado
nesta operação.
Os transmitentes ou locadores que se encontrem em condições de renunciar à
isenção, devem apresentar uma declaração de alterações antes de solicitarem o
primeiro certificado de renúncia, preenchendo, para o efeito, o campo 1 do
quadro 12.
No caso específico da transmissão de imóveis, cabe ao adquirente proceder à
liquidação do imposto devido por essas operações, inscrevendo, em termos de
declaração periódica, o valor tributável no campo 3 e o imposto liquidado no
campo 4 do quadro 06. Por sua vez, o transmitente deve indicar, na declaração
SMI NOS CONTACTOS COM OS SERVIÇOS FISCAIS, MENCIONE SEMPRE O SEU NOME, NÚMERO DE CONTRIBUINTE E MORADA
6
Contacto via postal Contacto via telecomunicações Contacto pessoal
Apartado 8218 – 1802-001 Lisboa ● Telefax 217 936 508 – Telef. 217 610 351/2 ● Avª João XXI Nº 76 – 1049 - 065 LISBOA
Email: dsiva@dgci.min-financas.pt
MINISTÉRIO DAS FINANÇAS
DIRECÇÃO-GERAL DOS IMPOSTOS (DGCI)
REPUBLICA
PORTUGUESA
DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DO IMPOSTO SOBRE O VALOR ACRESCENTADO DSIVA
V VALOR TRIBUTÁVEL
A. REGRA GERAL
O valor tributável na transmissão ou na locação de bens imóveis é apurado de
acordo com as regras estabelecidas no nº 1 do artigo 16º do CIVA.
B. REGRAS ESPECIAIS
No caso da transmissão ou locação de imóveis efectuadas com renúncia à
isenção por sujeitos passivos que tenham entre si relações especiais na acepção
do n.º 4 do artigo 58.º do Código do IRC, o valor tributável é o valor normal,
determinado segundo o estabelecido no n.º 4 do artigo 16.º do CIVA2, quando:
a) a contraprestação seja inferior ao valor normal e o destinatário da
operação não tenha direito à dedução integral do IVA;
ou
b) a contraprestação seja superior ao valor normal quando o transmitente ou
o locador do bem imóvel não tenha direito a deduzir o IVA
integralmente.
Para este efeito, considera-se que o valor normal da transmissão do imóvel não
pode ser inferior (embora possa ser superior) ao valor patrimonial tributário
definitivo considerado para efeitos de IMT, independentemente de haver ou não
lugar à liquidação deste imposto.
2
Entender-se-á por valor normal de um bem ou serviço o preço, aumentado dos elementos referidos no
n.º 5 deste artigo, na medida em que nele não estejam incluídos, que um adquirente ou destinatário, no
estádio de comercialização onde é efectuada a operação e em condições normais de concorrência, teria de
pagar a um fornecedor ou prestador independente, no tempo e lugar em que é efectuada a operação ou no
tempo e lugar mais próximos, para obter o bem ou o serviço.
SMI NOS CONTACTOS COM OS SERVIÇOS FISCAIS, MENCIONE SEMPRE O SEU NOME, NÚMERO DE CONTRIBUINTE E MORADA
7
Contacto via postal Contacto via telecomunicações Contacto pessoal
Apartado 8218 – 1802-001 Lisboa ● Telefax 217 936 508 – Telef. 217 610 351/2 ● Avª João XXI Nº 76 – 1049 - 065 LISBOA
Email: dsiva@dgci.min-financas.pt
MINISTÉRIO DAS FINANÇAS
DIRECÇÃO-GERAL DOS IMPOSTOS (DGCI)
REPUBLICA
PORTUGUESA
DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DO IMPOSTO SOBRE O VALOR ACRESCENTADO DSIVA
VI DIREITO À DEDUÇÃO
SMI NOS CONTACTOS COM OS SERVIÇOS FISCAIS, MENCIONE SEMPRE O SEU NOME, NÚMERO DE CONTRIBUINTE E MORADA
8
Contacto via postal Contacto via telecomunicações Contacto pessoal
Apartado 8218 – 1802-001 Lisboa ● Telefax 217 936 508 – Telef. 217 610 351/2 ● Avª João XXI Nº 76 – 1049 - 065 LISBOA
Email: dsiva@dgci.min-financas.pt
MINISTÉRIO DAS FINANÇAS
DIRECÇÃO-GERAL DOS IMPOSTOS (DGCI)
REPUBLICA
PORTUGUESA
DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DO IMPOSTO SOBRE O VALOR ACRESCENTADO DSIVA
VII REGULARIZAÇÕES
A. ARTIGO 24º Nº 5
Sempre que o imóvel, relativamente ao qual foi exercida a renúncia à isenção:
a) seja afecto a fins alheios à actividade exercida3 pelo sujeito passivo
ou
b) deixe de ser efectivamente utilizado em fins da empresa por um período
superior a dois anos,
o imposto inicialmente deduzido deve ser regularizado de uma só vez, nos
termos do nº 5 do artigo 24º do Código do IVA, considerando que os bens estão
afectos a uma actividade não tributada.
A regularização a favor do Estado deve constar do campo 41 do quadro 06 da
última declaração do ano em que ocorreu a situação que lhe dá origem.
O prazo de dois anos a que se refere a anterior alínea b) conta-se a partir da
entrada em vigor do Decreto-Lei nº 21/2007, isto é, a partir de 30 de Janeiro de
2007, designadamente para os contratos realizados na vigência do DL 241/86,
de 2o de Agosto.
B. ARTIGO 25º
A regularização efectuada em virtude da não utilização em fins da empresa do
imóvel pelo período de dois anos, atrás referido, não prejudica o dever de
proceder às regularizações anuais previstas no n.º 1 do artigo 25.º do CIVA
(1/20 da dedução inicialmente efectuada por cada ano de não utilização em fins
da empresa).
C. OUTRAS REGULARIZAÇÕES
A dedução do IVA suportado, por força da renúncia à isenção, na aquisição de
bens imóveis origina ainda, nos termos gerais, e quando for caso disso, as
demais regularizações a que se referem o nº 6 do artigo 23º e artigos 24º e 25º,
todos do CIVA.
SMI NOS CONTACTOS COM OS SERVIÇOS FISCAIS, MENCIONE SEMPRE O SEU NOME, NÚMERO DE CONTRIBUINTE E MORADA
9
Contacto via postal Contacto via telecomunicações Contacto pessoal
Apartado 8218 – 1802-001 Lisboa ● Telefax 217 936 508 – Telef. 217 610 351/2 ● Avª João XXI Nº 76 – 1049 - 065 LISBOA
Email: dsiva@dgci.min-financas.pt
MINISTÉRIO DAS FINANÇAS
DIRECÇÃO-GERAL DOS IMPOSTOS (DGCI)
REPUBLICA
PORTUGUESA
DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DO IMPOSTO SOBRE O VALOR ACRESCENTADO DSIVA
O DIRECTOR DE SERVIÇOS
ANEXO
SMI NOS CONTACTOS COM OS SERVIÇOS FISCAIS, MENCIONE SEMPRE O SEU NOME, NÚMERO DE CONTRIBUINTE E MORADA
10
Contacto via postal Contacto via telecomunicações Contacto pessoal
Apartado 8218 – 1802-001 Lisboa ● Telefax 217 936 508 – Telef. 217 610 351/2 ● Avª João XXI Nº 76 – 1049 - 065 LISBOA
Email: dsiva@dgci.min-financas.pt
FICHA DOUTRINÁRIA
Diploma:
CIVA
Artigo:
nº 29 do artº 9º; Verba 2.17 da Lista I, anexa ao CIVA, alínea a) do nº 1 do
artº 18º do mesmo Código.
Assunto:
Locação de Imóveis - Alojamento local temporário – “Paredes nuas” -
Estabelecimento hoteleiro e estabelecimento de tipo hoteleiro
Processo:
nº 2570, despacho do SDG dos Impostos, substituto legal do Director - Geral,
em 2011-10-20.
Conteúdo:
Tendo por referência o pedido de informação vinculativa solicitada, ao abrigo
do art° 68° da Lei Geral Tributária (LGT), por « ….A…», presta-se a
seguinte informação.
I - FACTOS APRESENTADOS
1. A empresa requerente, sujeito passivo do IVA, encontra-se enquadrada no
regime normal, de periodicidade mensal, pelo exercício da actividade de
"Compra e Venda de Bens Imobiliários", CAE 068100, tendo por objecto
social a "actividade de compra e venda de bens imóveis e revenda dos
adquiridos para esse fim, promoção de negócios imobiliários, gestão e
administração de património imobiliário, consultadoria imobiliária, gestão e
fiscalização de obras e de projectos de imobiliário e prestação de serviços do
ramo imobiliário, bem como a administração de imóveis por conta de
outrem."
2. No âmbito de um modelo de negócio que deseja desenvolver, pretende
tomar de arrendamento vários imóveis a fim de neles desenvolver, numa
fase posterior, a actividade de alojamento local temporário, nos termos do
disposto no Dec-Lei nº 39/2008, de 7 de Março, o qual consagra o regime
jurídico da instalação, exploração e funcionamento dos empreendimentos
turísticos.
3. Dado que não dispõe de imóveis próprios para o exercício da actividade
em questão, pretende proceder à celebração de contratos de arrendamento
para fins habitacionais a título transitório e com prazo certo, com os
proprietários dos imóveis que, na sua grande maioria, serão pessoas
singulares.
4. Posteriormente à celebração do contrato de arrendamento com os
proprietários dos imóveis, a requerente irá desenvolver uma actividade
económica através da qual prestará, em nome próprio, serviços de
alojamento local temporário pelos quais facturará os seus clientes, nacionais
ou estrangeiros.
5. Relativamente ao modelo de negócio que a requerente pretende
implementar, solicita informação sobre o correcto enquadramento jurídico-
tributário das operações descritas, a saber:
Processo: nº 2570 1
i) ENQUADRAMENTO JURÍDICO-TRIBUTÁRIO DOS CONTRATOS DE
ARRENDAMENTO CELEBRADOS COM OS PROPRIETÁRIOS DOS
IMÓVEIS
6. Os imóveis em questão serão arrendados no estado de manutenção e
conservação em que se encontram, pelo que a requerente será a entidade
responsável pela prática de quaisquer actos perante entidades públicas
necessários à prossecução, nos imóveis em questão, da actividade que
propõe desenvolver, ou seja:
i) cumprimento de todos os requisitos legais previstos no artº 3º do Dec-
lei nº 39/2008, de 7 de Março, bem como na Portaria nº 517/2008, de 25
de Junho;
ii) proceder ao registo dos imóveis em questão, na Câmara Municipal da
respectiva área de localização, para que nos mesmos possa ser exercida a
actividade de alojamento local;
iii) zelar pelo cumprimento rigoroso de todas as condições de higiene,
limpeza e segurança.
7. Entende a requerente que a operação de arrendamento descrita deverá
beneficiar da isenção de IVA prevista para a locação de imóveis, nos termos
do nº 29 do artº 9º do CIVA.
8. Ainda que a requerente se trate de uma pessoa colectiva e, portanto, em
abstracto, não esteja em condições de exercer os direitos inerentes a um
arrendamento para fins habitacionais, não poderá ser colocada em causa a
susceptibilidade de a requerente tomar de arrendamento, para habitação, um
imóvel destinado a ser ocupado por indivíduos com ela relacionados e por
determinação sua.
9. Adianta que, nesse sentido, se pronunciou o Tribunal da Relação do Porto,
através do acórdão de 11 de Novembro de 1986 (proferido no processo de
Recurso nº 5229), o qual veio defender a possibilidade de as pessoas
colectivas celebrarem contratos de arrendamento para habitação, posto que
este se revele necessário ou conveniente aos fins que a pessoa colectiva
estatutariamente visa.
10. A título de compensação pelo arrendamento dos imóveis em questão, a
requerente propõe-se pagar aos respectivos proprietários um renda mensal
fixa ou variável, ou ainda uma combinação que envolva as duas modalidades
de renda, em que, no caso de ser estipulada uma renda mensal variável, o
seu valor será determinado em função de elementos objectivos previamente
acordados.
11. Quando esteja em causa o pagamento de uma "renda variável", ainda
que não seja determinada a renda aquando da celebração do contrato de
arrendamento, terá que se admitir a qualificação da operação como
consistindo numa locação ou arrendamento desde que, no mínimo a renda
seja determinável, ou seja, possa ser determinada em momento posterior
através de um critério objectivo previamente fixado pelas partes.
12. Alega que, neste sentido, foi decidido no acórdão do Supremo Tribunal
de Justiça, de 4 de Maio de 1999, processo de Recurso nº 316/99, que o
"correspectivo no contrato de arrendamento tem de ser determinado, ou no
mínimo determinável, mediante a presença no contrato de elementos
Processo: nº 2570 2
objectivos necessários para a sua determinação".
13. Entende assim a requerente que, no caso de vir a ser prevista a fixação
de uma renda variável, também se está perante um contrato de locação
tradicional, na modalidade de arrendamento e beneficiar do disposto no nº
29 do artº 9º do CIVA.
14. Dado que a retribuição no contrato de arrendamento que a requerente
pretende celebrar será determinável mediante a presença no mesmo de
elementos objectivos necessários para a sua determinação, entende estarem
reunidos tais objectivos para se verificar o enquadramento do contrato em
causa como contrato de locação, mais concretamente, contrato de
arrendamento uma vez que tem por objecto bens imóveis.
15. Refere a requerente que tem sido entendido pela Administração Fiscal
que só se encontra isenta de IVA a locação de bens imóveis para fins
habitacionais quando for efectuada "paredes nuas". No entanto, entende que
o conceito de "paredes nuas" não se deve limitar à interpretação de que a
locação do imóvel não poderá ser acompanhada de bens de mobiliário ou
equipamento, uma vez que tal conceito se encontra intrinsecamente
relacionado com a aptidão produtiva do próprio imóvel, ou seja, a sua
preparação para o exercício de uma actividade económica. Caso contrário,
qualquer locação tradicional de um bem imóvel acompanhado de bens de
mobiliário estaria sempre sujeita a IVA, interpretação que contraria o
disposto no referido nº 29 do artº 9º do CIVA.
16. Verificando-se ainda, que os proprietários dos imóveis em questão não
desenvolvem nos mesmos qualquer actividade comercial ou exploração
turística, não se está perante qualquer excepção à isenção de IVA na locação
de bens imóveis, mesmo na hipótese de se estar perante um arrendamento
de imóveis mobilados, independentemente da natureza do senhorio
(particular ou sujeito passivo de IVA), beneficiará da isenção prevista no nº
29 do artº 9º do CIVA, na medida em que não se insere em nenhuma das
excepções previstas nesta disposição legal.
17. Considera, assim, que o arrendamento de imóveis por parte dos seus
proprietários não consubstancia o exercício de qualquer actividade
económica, pelo que os proprietários não poderão ser qualificados como
sujeitos passivos de IVA, uma vez que não se dedicam habitualmente e com
carácter de permanência à actividade de exploração de imóveis, nem tão
pouco exercem nos imóveis uma actividade económica, pelo que o
arrendamento nunca poderia ser considerado uma cedência de um
estabelecimento comercial ou industrial.
18. Mais entende que não poderá ocorrer uma cessão de exploração de um
estabelecimento comercial ou industrial sem que se verifique a preexistência
desse estabelecimento, pelo que, verificando-se que os proprietários dos
imóveis em questão não desenvolvem nos mesmos qualquer actividade
comercial ou exploração turística, não se está perante qualquer excepção à
isenção de IVA na locação de bens imóveis, mesmo na hipótese de se estar
perante um arrendamento de imóveis mobilados.
19. Refere, ainda, que a actividade de prestação de serviços de alojamento
local temporário, apenas terá início em momento posterior ao arrendamento
dos imóveis em questão, ou seja, aquando da afectação dos imóveis à
actividade de exploração turística por si desenvolvida.
Processo: nº 2570 3
ii) TAXA DE IVA APLICÁVEL ÀS PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS DE
ALOJAMENTO
20. Independentemente do enquadramento jurídico-tributário conferido ao
contrato de arrendamento celebrado entre a requerente e os proprietários
dos imóveis, aquela considera necessário confirmar o correcto
enquadramento, em sede de IVA, das prestações de serviços de alojamento
local por parte da requerente.
21. De acordo com o disposto na alínea a) do nº 29 do artº 9º do CIVA,
resulta que a isenção na locação de bens imóveis não abrange " As
prestações de serviços de alojamento, efectuadas no âmbito da actividade
hoteleira ou de outras com funções análogas, incluindo parques de
campismo", pelo que entende a requerente que a prestação de serviços de
alojamento local temporário, por se tratar de uma prestação de serviços com
funções análogas às efectuadas no âmbito da actividade hoteleira, consiste
numa operação sujeita e não isenta de IVA.
22. Entende, ainda, que ambas as prestações de serviços implicam a
disponibilização de serviços de alojamento temporário, residindo a
qualificação de um estabelecimento como alojamento local em função de não
cumprir os requisitos para ser considerado como empreendimento turístico, o
qual integra, precisamente, os estabelecimentos hoteleiros, tal como previsto
no Decreto-Lei nº 39/2008, de 7 de Março.
23. Verifica que se encontra previsto na verba 2.17 da lista I anexa ao
Código do IVA, que beneficiam da taxa reduzida de IVA o alojamento em
estabelecimento de tipo hoteleiro, sendo que a taxa reduzida se aplica
exclusivamente ao preço do alojamento, incluindo pequeno-almoço, se não
for objecto de facturação separada.
24. Considera, ainda, que resulta de diversa doutrina administrativa emitida
pela Administração Fiscal que a interpretação desta expressão inclui todas as
prestações de serviços de alojamento e que se está perante prestações de
serviços que consubstanciam uma realidade idêntica, ou seja, ambas se
resumem a prestações de serviços de alojamento temporário, apenas
diferindo no que se refere à tipologia ou características dos empreendimentos
através dos quais são prestados os referidos serviços.
II - PEDIDO
25. Relativamente às questões apresentadas a requerente solicita
informação vinculativa no sentido de ver confirmado:
a) O contrato de arrendamento, para fins habitacionais, a título
transitório, que pretende celebrar na qualidade de locatária com os
proprietários dos imóveis, na qualidade de senhorios, configura uma
operação de locação de bens imóveis isenta de IVA nos termos do nº 29
do artº 9º do CIVA;
b) Como consequência, os rendimentos colocados à disposição dos
proprietários dos imóveis, pessoas singulares, a título de pagamento da
renda, configuram, na esfera individual destes últimos, rendimentos da
Categoria F em sede de IRS e, portanto, deverá proceder à retenção na
fonte, nos termos do disposto na alínea a) do nº 1 do artº 101º do CIRS;
Processo: nº 2570 4
c) A prestação de serviços de alojamento local temporário está sujeita à
taxa reduzida de IVA, prevista na verba 2.17 da Lista I anexa ao CIVA.
Processo: nº 2570 5
34. Estas excepções à isenção correspondem a operações económicas que
englobam não só situações de locação de imóveis propriamente ditas, mas
também outro tipo de características provenientes de outros contratos e que,
por esse facto, perdem a qualidade de mera colocação à disposição de locais
ou de superfícies de imóveis em contrapartida de uma retribuição ligada ao
decurso do tempo.
35. Nestas operações estamos perante contratos onde sobreleva a
importância de outro tipo de serviços em relação à simples locação de
espaço, nomeadamente, instalações ou áreas devidamente preparadas e
apetrechadas para dar continuidade ao exercício de uma actividade comercial
e/ou industrial.
36. São, assim, de excluir da isenção todas as situações que, apesar de
partilharem alguns dos elementos preponderantes do contrato de locação, tal
como definidos ao longo desta informação, caracterizam-se essencialmente
por integrarem outras prestações de serviços conexas à fruição do imóvel e
que implicam uma exploração activa dos bens imóveis, para além do simples
gozo temporário do bem.
37. Mais se refere que a administração fiscal tem utilizado um critério preciso
que permite distinguir as situações de locação do imóvel pura e simples -
mero arrendamento - das outras situações em que esse arrendamento, nas
condições em que é realizado, proporciona ao locatário um determinado valor
acrescentado.
38. Assim, só se encontra isenta de IVA a locação de bens imóveis para fins
habitacionais ou para fins não habitacionais - comerciais, industriais ou
agrícolas - quando for efectuada "paredes nuas", no caso de prédios urbanos
ou de parte urbana em prédios mistos, ou "apenas o solo" no caso de prédios
rústicos.
39. No entanto, o conceito de "paredes nuas" não se limita aí, deve ser
interpretado à luz da ideia de diferenciação entre o conceito civilístico de
locação de bens imóveis (nos termos do artigo 2022º do Código Civil), o
contrato pelo qual uma das partes se obriga a proporcionar à outra o gozo
temporário de uma coisa, mediante retribuição e o conceito de cedência
temporária de estabelecimento ou cessão de estabelecimento ou cessão de
exploração de estabelecimento (nos termos do artigo 1109º do Código Civil,
na redacção da Lei nº 6/ 2006, de 27 de Fevereiro - Novo Regime de
Arrendamento Urbano), transferência temporária e onerosa do gozo do
prédio ou de parte dele, em conjunto com a exploração de um
estabelecimento comercial ou industrial nele instalado.
40. Ou seja, o conceito "paredes nuas", não se limita ao facto de a locação
ser acompanhada ou não de determinados bens de equipamento, mobiliário
ou utensílios. Está intrinsecamente relacionado com a aptidão produtiva do
imóvel, ou melhor, a preparação para o exercício de um actividade
empresarial.
41. Este conceito permite, desde logo, limitar a isenção de locação de
imóveis às situações em que cedência do gozo do imóvel não é acompanhada
de quaisquer bens de equipamento instalados no imóvel ou acompanhada do
fornecimento de mobiliário e/ou de outros utensílios.
Processo: nº 2570 6
42. Tratando-se de uma locação de espaços devidamente preparados para o
exercício de uma actividade, apetrechado com um mínimo de condições que
vão para além do conceito, necessariamente restrito de "paredes nuas", ou
se for acompanhado de outras prestações de serviços, a isenção já não se
verifica, ficando sujeita a imposto sobre o valor acrescentado.
Processo: nº 2570 7
(…)".
48. Mais é referido neste documento, "(…) para avaliar quais são os
elementos predominantes num determinado contrato, não nos podemos
limitar a um exame abstracto ou puramente formal do mesmo. Sendo
necessário identificar a função económica do contrato, isto é, a função
concreta que o mesmo é objectivamente chamado a desempenhar para
satisfazer os interesses das partes. Por outras palavras, é necessário que
seja identificado aquilo que, na tradição jurídica dos vários países europeus,
é definido como a causa do negócio jurídico, que é precisamente entendida
como a função económica do mesmo, destinada à composição dos interesses
em jogo. No caso do contrato de arrendamento, como ficou dito, essa função
consiste na transferência, de um sujeito para outro, por um dado período de
tempo, da fruição exclusiva de um imóvel".
49. Consta, ainda, do mesmo documento que, "(…) Mesmo admitindo que se
trata, de facto, de contratos distintos, estar-se-ia, todavia, também neste
caso, na presença de dois negócios jurídicos estreitamente conexos, uma vez
que se caracterizam pela mesma função económica. Isto é, mais uma vez,
para estabelecer se a operação de que falamos pode ser considerada isenta
de IVA, é necessário ter em conta a função que ela é chamada a
desempenhar no seu todo".
C) TAXA DE IVA APLICÁVEL ÀS PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS DE
ALOJAMENTO LOCAL
50. Nos termos da Portaria nº 517/2008, de 25 de Junho, o Decreto-Lei nº
39/2008, de 7 de Março, que aprova o novo regime jurídico da instalação,
exploração e funcionamento dos empreendimentos turísticos, determina, no
seu artº 3º, que são considerados estabelecimentos de alojamento local as
moradias, apartamentos e estabelecimentos de hospedagem que, dispondo
de autorização de utilização, prestem serviços de alojamento temporário,
mediante remuneração, mas não reúnam os requisitos para serem
considerados empreendimentos turísticos. De acordo com o nº 2 do mesmo
diploma legal, esses estabelecimentos devem cumprir os requisitos mínimos
de segurança e higiene definidos por portaria conjunta dos membros do
Governo responsáveis pelas áreas do turismo e da administração local.
51. São excepcionadas da isenção, operações próximas da locação típica de
imóveis, mas que não se consubstanciam em arrendamentos, razão pela qual
não se lhe aplicam os fundamentos da isenção, entre elas, as previstas na
alínea a) do nº 29 do artº 9º do CIVA, "as prestações de serviços de
alojamento, efectuadas no âmbito da actividade hoteleira ou de outras com
funções análogas, incluindo parques de campismo".
52. De harmonia com o disposto na verba 2.17 da Lista I anexa ao Código do
IVA, em conjugação com o nº 1 alínea a) do artº 18º do mesmo Código é
passível da taxa reduzida de 6% o "Alojamento em estabelecimentos do tipo
hoteleiro. A taxa reduzida aplica-se exclusivamente ao preço do alojamento,
incluindo o pequeno-almoço, se não for objecto de facturação separada,
sendo equivalente a metade do preço da pensão completa e a três quartos do
preço da meia pensão".
53. A expressão "estabelecimento de tipo hoteleiro" utilizada na redacção da
verba 2.17 da Lista I anexa ao Código do IVA, é mais abrangente que a
expressão "estabelecimentos hoteleiros", uma vez que o conceito de
Processo: nº 2570 8
"estabelecimento de tipo hoteleiro" abrange os estabelecimentos hoteleiros a
que se refere o artº 11º do citado Decreto-Lei nº 39/2008, de 7 de Março,
bem como outros estabelecimentos com funções análogas aos
estabelecimentos hoteleiros, ou seja, engloba também os estabelecimentos
que, independentemente da sua classificação, prestem serviços de
alojamento (entende-se por serviços de alojamento, o alojamento
propriamente dito, assim como prestações de serviços acessórias a esses
alojamento, nomeadamente limpezas e prestações de serviço de apoio).
IV - CONCLUSÕES
A) CONTRATO DE ARRENDAMENTO A CELEBRAR COM OS
PROPRIETÁRIOS DOS IMÓVEIS
54. Dado que se desconhece o clausulado dos contratos de arrendamento
que a requerente pretende celebrar com os proprietários dos imóveis em
causa e tendo apenas por base as operações económicas descritas,
considera-se que o negócio de arrendamento dos prédios em questão,
interpretado nos termos da presente informação e sob reserva de outro
entendimento quanto ao negócio jurídico que efectivamente venha a ser
concretizado, deve ser interpretado no seguinte sentido:
54.1 Embora a locação de bens imóveis esteja, em princípio, abrangida
pela noção de actividade económica, constitui normalmente uma
actividade relativamente passiva, não gerando um valor acrescentado
significativo.
54.2 Sobre a determinação e para efeitos da aplicação da isenção do IVA,
a jurisprudência do Tribunal de Justiça (acórdão C-498/98) resume-se do
seguinte modo:
i) a cessão que o proprietário de um imóvel faz a outra pessoa;
ii) com exclusão de outras pessoas;
iii) do uso e da sua fruição; por um prazo determinado;
iv) em contrapartida do pagamento de uma renda.
54.3 Para saber se esta definição se ajusta a um pacto específico, devem
tomar-se em consideração todos os elementos característicos da operação
e as circunstâncias em que esta se desenvolve, revelando-se decisivo o
seu conteúdo objectivo, qualquer que seja a qualificação que as partes lhe
tenham concedido.
54.4 Parte-se do pressuposto que o contrato a celebrar não irá ser uma
passiva colocação à disposição dos prédios em contrapartida de uma
retribuição (renda) ligada ao decurso do tempo, mas uma prestação de
serviços susceptível de ser diferentemente qualificada.
54.5 A função económica do contrato a celebrar entre as partes
proporcionará um determinado valor acrescentado.
54.6 Acresce o facto da requerente (arrendatária) poder vir a pagar uma
renda fixa ou variável ou uma combinação que envolva as duas
modalidades de renda, em função de elementos objectivos previamente
acordados, ou seja, em acumulação com a renda mensal, como
contrapartida do arrendamento do imóvel, será fixada uma remuneração
Processo: nº 2570 9
variável.
54.7 Tal facto leva-nos a concluir que existirá um elemento remuneratório
conexo com a fruição da exploração dos imóveis.
55. Somos, assim, de opinião que o arrendamento dos referidos prédios tem
como objecto único a exploração de uma actividade económica e que o
negócio descrito e ainda não concretizado extravasa a mera locação de bens
imóveis prevista no nº 29 do artº 9º do CIVA.
56. Quanto à hipótese avançada pela requerente, de separação do
arrendamento dos prédios da exploração activa dos referidos imóveis,
separando as duas realidades com a intenção de isentar a primeira, em
nosso entender constitui uma única operação.
57. Nesta perspectiva, nem as operações de arrendamento puro e simples
ocorrerão sem a finalidade de com elas a requerente exercer uma actividade
económica; nem a exploração dessa actividade de alojamento local
temporário, ocorrerá sem uma concretização dos referidos arrendamentos.
58. Conclui-se no sentido de que se estará perante modelos de contrato a
celebrar, onde sobreleva a importância de outro tipo de serviços em relação
à simples locação de espaços que, apesar de partilharem de alguns dos
elementos preponderantes do contrato de locação, se caracterizam por
integrarem outras prestações de serviços conexas à fruição do imóvel, para
além do simples gozo temporário do bem, pelo que a operação deve ser
considerada como um serviço genericamente prestado e não com a
característica específica que, em regra, é atribuída à ocupação de um bem
imóvel.
B) TAXA DE IVA APLICÁVEL ÀS PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS DE
ALOJAMENTO LOCAL
59. Caso a requerente venha a reunir os requisitos mínimos a observar pelos
estabelecimentos de alojamento local para exercer essa actividade, afigura-
se-nos que aquela efectua serviços em tudo similares aos prestados em
estabelecimentos do tipo hoteleiro se, para tal, vierem a ser licenciados de
acordo com a legislação já referida. A ser assim, entendemos que esses
serviços podem beneficiar do enquadramento na Verba 2.17 da Lista I, anexa
ao Código do IVA e como tal sujeitos à taxa reduzida, prevista na alínea a)
do nº 1 do artº 18º do mesmo Código.
60. Quanto à questão relacionada com a confirmação de que "os
rendimentos colocados à disposição dos proprietários dos imóveis, pessoas
singulares, a título de pagamento da renda, configuram, na esfera individual
destes, rendimentos da Categoria F em sede de IRS", bem como
relativamente "à respectiva retenção na fonte", tratando-se de matéria que
extrapola a área de competências, da Gestão do IVA, deve ser colocada em
sede da Área de Gestão do IRS.
Processo: nº 2570 10
A tributação dos artistas e desportistasMétodos de IRS,
em sede de reação
IRCaos atos
e IVA inspetivos
- vertente - aspetos
nacional práticos
e internacional
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
113
155