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Ebook

Código
do IRS
Guia Prático
e Descomplicado

www.e-konomista.pt
Conteúdos
Tabela de

Editorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
Prazos do IRS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1. E-Fatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
www.e-konomista.pt

2. Declaração de IRS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3. IRS automático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
4. Preencher o IRS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
5. Anexos do IRS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
6. IRS de trabalhadores por conta de outrem . . 34
7. IRS de trabalhadores independentes . . . . . . . 38
8. Outros Rendimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
9. Deduções no IRS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
10. Benefícios fiscais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
11. Entregar IRS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
12. Corrigir o IRS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

2
Editorial
O início de um novo ano assinala também o início de um novo ano fiscal. 2019 introduz
algumas mudanças importantes que se vão fazer notar na carteira de todos os
contribuintes. Como não poderia deixar de ser, o IRS é a obrigação fiscal que mais
dúvidas suscita junto dos portugueses.

Desde o ano passado, as declarações de IRS têm de ser obrigatoriamente entregues


por via eletrónica. Se, por um lado, não nos podemos esquecer das dificuldades de
contribuintes que não têm acesso a um computador ou Internet (particularmente a
população mais velha), por outro é inegável que a submissão do IRS se tornou mais
simples e rápida, especialmente para os que podem usufruir do IRS Automático.

A pensar em todos os contribuintes, desde 2014 que disponibilizamos, no E-Konomista,


informação para ajudar os nossos leitores ao longo das várias etapas do IRS, com o
objetivo de aumentar o valor do reembolso ou baixar o valor a pagar.

Este ano, reunimos a informação essencial num guia prático que desconstrói e simplifica
o Código do IRS. Nas próximas páginas, encontra a explicação e o passo a passo dos
vários procedimentos, desde o registo e validação de faturas no portal E-Fatura, à
declaração de IRS e seus vários anexos, sem esquecer os benefícios fiscais e outras
dúvidas recorrentes.

Importa referir que o conteúdo apresentado tem por base informação disponível até
à data de publicação e é prestado de forma geral, tratando-se de textos meramente
informativos, pelo que não constitui nem dispensa a assistência profissional qualificada.

Tenha atenção aos prazos, consulte o nosso Guia e os nossos artigos em E-Konomista.pt
e verá que o IRS não é um bicho de sete cabeças.

Porto, 6 de fevereiro de 2019

Ana Bárbara Matos


Editora de Finanças Pessoais

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Prazos do IRS

Data limite para comunicar


as alterações ao agregado familiar

Data limite para registar


e validar as faturas no E-Fatura

Prazo para reclamar valores das deduções à coleta

Prazo para entrega da declaração eletrónica de IRS

Data limite para receber o reembolso do IRS

Data limite para pagar o IRS

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1. E-Fatura
Para poder usufruir da dedução de despesas em sede de IRS, tem até ao dia 25 de
fevereiro para validar faturas no Portal das Finanças.

Em 2019, tem até ao dia 25 de fevereiro para validar as faturas pendentes no portal
E-Fatura. Recorde-se que só pode usufruir da dedução de despesas em sede de IRS se
estas faturas (referentes ao ano fiscal de 2018) tiverem o seu Número de Identificação
Fiscal (NIF), também conhecido como número de contribuinte, e forem validadas dentro
do prazo definido para esse efeito.

Importa também sublinhar que só as faturas com NIF permitem recuperar parte do IVA
suportado nas despesas de cabeleireiros e serviços de estética; oficinas e serviços de
reparação automóvel e motociclos; despesas de restauração e alojamento; serviços de
veterinária e passes mensais para utilização de transportes públicos.

Confirmar faturas no Portal das Finanças é fundamental para que as mesmas não
fiquem pendentes, sejam mal classificadas ou corram o risco de nunca chegarem a ser
registadas.

Recorde-se que os comerciantes são obrigados a emitir as faturas solicitadas pelos


contribuintes e a comunicá-las à Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) até ao dia 20 do
mês seguinte da data da emissão da fatura.

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1.1. Como pedir a senha de acesso ao Portal das Finanças?
Antes de mais, caso ainda não esteja registado no Portal das Finanças, deve pedir a
senha de acesso o mais rapidamente possível - uma vez que esta senha também é a
forma de acesso ao portal E-Fatura. O processo é relativamente simples, sendo que
estes são os passos a seguir:

1. Aceda ao Portal das Finanças para preencher o formulário de adesão e


carregue em “Pedir Senha”;
2. Receberá automaticamente dois códigos, um via SMS e outro por e-mail.
Guarde-os;
3. A senha é enviada por correio no prazo de cinco dias úteis, para a sua
morada fiscal;
4. Quando receber a senha, confirme os dois códigos que recebeu por SMS e
e-mail, no Portal das Finanças.

Caso não receba a senha dentro do prazo indicado, deverá dirigir-se à repartição
de Finanças da sua área de residência ou telefonar para o Centro de Atendimento
Telefónico (+351 217 206 707) para esclarecer a situação.

6
Alterar a senha
Depois de receber a senha enviada pela AT, pode entrar no Portal das Finanças e
alterá-la quando bem entender, sendo que a nova senha deverá conter entre 8 e 16
caracteres.

Recuperar a senha
Se já está registado no Portal das Finanças, mas, entretanto, não se recorda da
senha de acesso - e esqueceu-se de tomar nota da pergunta de segurança e da
resposta que escolheu no preenchimento do formulário de adesão - envie um
e-mail para portal-senhas@at.gov.pt. Deve escrever no assunto - “Cancelamento
de senha” e, no corpo do e-mail, indicar o seu nome completo, NIF e morada fiscal.

Posteriormente, irá receber um e-mail com a confirmação do cancelamento da


senha. Volte, então, a seguir as indicações de como pedir a senha das Finanças,
para obter uma nova.

Pedir a senha de acesso na hora


Caso tenha muita urgência em obter a senha para, por exemplo,
poder cumprir dentro do prazo alguma obrigação fiscal, terá
de se dirigir a uma repartição das Finanças e pedi-la ao balcão.
Ser-lhe-á entregue uma carta fechada que, em situação alguma,
poderá ser aberta pelos funcionários das Finanças.

Ainda assim, importa frisar que esta senha solicitada ao balcão


só será válida por 5 dias, razão pela qual deve proceder à sua
alteração no Portal das Finanças antes de terminar este prazo.

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1.2. Como validar faturas?
O primeiro passo é aceder à página inicial do E-Fatura e entrar no menu “Despesas
dedutíveis em IRS”. Depois, clique no botão com a designação “Consumidor” e insira o
seu NIF e a sua senha de acesso.

Na página seguinte, aparecerá o valor que já acumulou com as despesas associadas ao


seu número de contribuinte, por setor de atividade. Por exemplo, se já acumulou 250
euros no setor referente a “Despesas gerais familiares”, significa que atingiu o máximo
de dedução nesta categoria.

Se se deparar com a indicação (no topo da página) de que tem faturas pendentes, clique
no botão “Complementar Informação Faturas”. Encontrará todas as despesas inseridas
pelos comerciantes, sendo que, nesta fase, deverá, preencher o setor em falta a que
se referem as despesas efetuadas. Se não reconhecer o nome do estabelecimento
comercial, procure as faturas em papel ou pesquise num motor de busca.

Caso o portal também o alerte para faturas que incluem despesas de saúde sujeitas
à taxa normal de IVA sem associação de receita médica, clique em “Associar receita”.
Ou seja, se tem alguma receita médica associada a essas despesas, assinale “Sim” na
resposta à questão “Tenho receita” e indique o valor relativo à prescrição médica. Depois
de tudo isto, basta clicar no botão “Guardar” (no fundo da página).

Se for trabalhador independente, deve ter uma atenção especial na validação de faturas,
uma vez que é preciso mencionar se estas estão afetas à atividade profissional, se se
tratam de despesas de foro pessoal, ou se são despesas mistas (parte ligada à atividade
profissional e outra parte do foro pessoal).

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1.3. Como registar faturas?
Se tem faturas que não estão no Portal, deve registá-las manualmente. Para tal, basta
entrar no menu “Faturas” e clicar em “Registar Faturas”.

Após este passo, deve preencher os campos em falta: NIF do comerciante, tipo e número
de fatura, data de emissão, taxa de IVA e base tributável (valor sem IVA). No fim, não se
esqueça de clicar no botão “Registar Fatura”.

Relembramos...
Que os comerciantes e prestadores de serviços têm até ao dia 20 do mês seguinte à
emissão da fatura para lançarem as mesmas no sistema. Por isso, aguarde até ao fim
desse prazo para registar faturas manualmente - caso contrário poderá vir a ter faturas
duplicadas no portal.

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Registar faturas de despesas contraídas no estrangeiro
Se efetuou despesas de saúde, educação ou encargos com habitação
num outro país da União Europeia poderá deduzi-la no IRS, mas terá
de a registar manualmente.

O processo é exatamente o mesmo. Terá apenas de selecionar, na


página da área “Registar Faturas”, a opção do registo de faturas
emitidas no estrangeiro, para depois inserir os dados: NIF do
comerciante, o país onde foi efetuada, o número da fatura, o valor da
despesas, o valor do IVA e a natureza da despesa.
1.4. Como corrigir faturas?

1.4. Como corrigir faturas?


Caso se engane a associar o setor, se detetar uma fatura associada ao setor errado
ou discrepâncias no valor de aquisição, poderá sempre selecionar a fatura, colocar
os dados certos e clicar em “Alterar”.

Não se esqueça que deve guardar as faturas em papel durante um período de


quatro anos, independentemente de as despesas aparecerem automaticamente
no portal E-Fatura ou mesmo se as registou manualmente. Isto porque, em caso de
divergências com o Fisco, esta será a única forma de provar a despesa declarada.

1.5. Como reclamar faturas?


Se validou as faturas até ao dia 25 de fevereiro, o Fisco disponibilizará, no portal
E-Fatura, toda a informação sobre o valor das deduções referentes a cada setor. E isto
até ao dia 15 de março de 2019.

Assim sendo, entre os dias 15 e 31 de março, poderá apresentar uma reclamação dos
montantes das deduções assumidos pelas Finanças, caso não estejam corretos. Terá de
o fazer através da designada reclamação graciosa, a qual poderá ser feita:

1. Via Portal das Finanças;


2. Oralmente nos serviços de Finanças, onde prestará as suas declarações;
3. Através das minutas disponíveis nas repartições.

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2. Declaração de IRS

Antes de entregar a declaração de IRS, é importante que saiba que rendimentos estão
(e não estão) sujeitos a IRS.

De 1 de abril a 30 de junho poderá submeter a sua declaração de IRS no Portal das


Finanças. Tal como a designação indica, o Imposto sobre o Rendimento das Pessoas
Singulares (IRS) incide sobre praticamente todos os rendimentos dos cidadãos, salvo
algumas exceções previstas na lei.

Apesar de os contribuintes terem de declarar os rendimentos que obtiveram no ano


fiscal transato, esta obrigação não abrange todos os ganhos. Saiba, portanto, os
rendimentos que tem e os que não precisa de declarar.
2.1. Que rendimentos não precisa de declarar no IRS?
1. Prémios de jogos
Se, no ano fiscal de 2018, ganhou algum prémio dos jogos Santa Casa, gostará de saber
que não tem de o declarar no seu IRS. Isto porque os prémios dos jogos sociais do Estado,
geridos pela Santa Casa, de valor superior a 5 mil euros, já estão sujeitos a uma taxa de
Imposto do Selo de 20%. Por esta razão, não precisam de ser declarados, pois, quando
chegam às mãos dos vencedores, já estão líquidos de imposto.

2. Subsídio de desemprego
Os subsídios da Segurança Social, como o subsídio de desemprego, por exemplo, não são
sujeitos a tributação de IRS. Portanto, se no ano passado esteve desempregado e a receber
este subsídio, não precisa de declarar os montantes recebidos – até porque este é um
rendimento que não está previsto em nenhuma das categorias de IRS e, como tal, está
isento de imposto.

3. Juros de depósitos
Os juros provenientes da aplicação em depósitos a prazo, certificados de aforro, obrigações
ou de outros rendimentos sujeitos às taxas liberatórias previstas no artigo nº 71 do Código
do IRS, também não são para declarar no IRS. Porém, é de referir que esta regra não se
aplica aos contribuintes que optarem pelo englobamento dos rendimentos de uma mesma
categoria.

4. Baixa médica
Se, por razões de saúde, teve de apresentar baixa médica, fique a saber que este é
um rendimento que não é necessário declarar no IRS. Mesmo que tenha sido o único
meio de subsistência do contribuinte ao longo de 2018, este rendimento não entra na
declaração Modelo 3.

5. Prémios literários, artísticos e científicos


Os prémios literários, artísticos ou científicos estão isentos de IRS. Todavia, para
beneficiarem desta condição, estes prémios têm de ser atribuídos em concurso público
e sem cedência temporária ou definitiva de direitos de autor, entre outras condições.

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6. Bolsas e prémios atribuídos aos atletas e treinadores de desportos de
alta competição
Bolsas atribuídas pelo Comité Olímpico ou Paralímpico de Portugal aos praticantes de
alto rendimento desportivo e respetivos treinadores, no âmbito do contrato-programa
de preparação para os Jogos Olímpicos, Paralímpicos ou Surdolímpicos, ou pela respetiva
federação titular do estatuto de utilidade pública desportiva não são sujeitas a tributação.
São também excluídos de IRS os prémios de reconhecimento do valor e mérito de êxitos
desportivos.

7. Subsídio de refeição
Os trabalhadores que recebam um subsídio de alimentação diário, em dinheiro, até aos
4,77 euros vão ter esse rendimento livre de tributação para IRS.

Quanto aos cartões de refeição ou vales de refeição, o limite não tributável é de 7,63 euros
por dia. Acima destes valores é obrigatório declarar os montantes recebidos. No entanto,
importa sublinhar, os contribuintes serão tributados em IRS apenas pelo excedente.

8. Indemnizações
Encontram-se isentas de IRS todas as indemnizações e pensões atribuídas na sequência de:
1. Lesão corporal;
2. Doença ou morte;
3. Acidente de viação;
4. No cumprimento do serviço militar;
5. Ao abrigo de contratos, de decisões judiciais ou pagas pelo Estado.

9. Rendimentos de pensões ou de trabalho por conta de outrem até aos


9.150,96 euros/ano
Os contribuintes que, em 2018, receberam rendimentos de trabalho dependente
(categoria A) e/ou de pensões (categoria H) até 9.150,96 euros (total anual) e não fizeram
qualquer retenção na fonte – desde que não optem pela tributação conjunta e não
tenham recebido pensões de alimentos acima de 4.104€, – estão isentos de declarar
estes rendimentos.

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2.2. Que rendimentos tem de declarar no IRS?

1. Categoria A
Os rendimentos da categoria A dizem respeito aos rendimentos do trabalho dependente.
Ou seja, a tributação desta categoria diz respeito às remunerações provenientes do
trabalho por conta de outrem, tais como vencimentos, gratificações, comissões, subsídios
ou prémios, indemnizações, pré-reforma ou pré-aposentações, entre outras.

Estes rendimentos podem resultar de um contrato de trabalho ou contratos legalmente


equiparados, sendo que devem ser declarados no anexo A do IRS.

2. Categoria B
Fazem parte desta categoria os rendimentos empresariais e profissionais. Assim
sendo, são incluídas nos rendimentos da categoria B as atividades agrícolas, comerciais,
industriais, pecuárias ou silvícolas e, ainda, as atividades por conta própria, ou seja, os
trabalhadores independentes (incluindo os “recibos verdes”).

Este tipo de rendimentos deve ser declarado no anexo B (para quem está no regime
simplificado ou na situação de ato isolado) ou no anexo C (para rendimentos profissionais
e empresariais na opção do regime de contabilidade organizada).

3. Categoria E
Esta categoria engloba os rendimentos de capitais, incluindo juros de depósitos à ordem
ou a prazo e dividendos, sendo que são declarados no anexo E do IRS.

De acordo com a legislação portuguesa (art. 5º do CIRS), “consideram-se rendimentos de


capitais os frutos e demais vantagens económicas, qualquer que seja a sua natureza ou
denominação, sejam pecuniários ou em espécie, procedentes, direta ou indiretamente,
de elementos patrimoniais, bens, direitos ou situações jurídicas, de natureza mobiliária,
bem como da respetiva modificação, transmissão ou cessação, com exceção dos ganhos
e outros rendimentos tributados noutras categorias”.

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4. Categoria F
Os rendimentos da categoria F dizem respeito aos rendimentos prediais. Assim sendo,
são os tipos de rendimentos resultantes das “rendas dos prédios rústicos, urbanos ou
mistos, pagas ou colocadas à disposição dos respetivos titulares”.

Esta categoria abrange ainda os rendimentos provenientes da exploração de alojamento


local, desde que esta não esteja afeta a uma atividade empresarial, sendo que devem
ser declarados no anexo F do IRS.

5. Categoria G
Na categoria G enquadram-se os incrementos patrimoniais que não são considerados
nas restantes categorias de rendimentos. São eles: indemnizações “que visem a
reparação de danos emergentes não comprovados e de lucros cessantes” e que “visem
reparar danos não patrimoniais, exceto as fixadas por decisão judicial ou arbitral”,
bem como mais-valias resultantes da venda de ações ou de imóveis. Estes tipos de
rendimentos devem ser declarados nos anexo G e G1.

6. Categoria H
Os rendimentos da categoria H dizem respeito às pensões (de alimentos, de velhice,
reforma ou invalidez, bem como as de sobrevivência, desde que não sejam consideradas
trabalho dependente) e rendas temporárias ou vitalícias. Este tipo de rendimentos deve
ser declarado no anexo A.

7. Rendimentos obtidos no estrangeiro


Estes rendimentos têm de ser declarados no Anexo J, consoante a natureza dos
rendimentos. No quadro 4 deverá indicar, para cada tipo de rendimentos, o valor do
rendimento, o valor do imposto pago no estrangeiro e o imposto retido em Portugal.

No quadro 6, deverá identificar o país de origem dos rendimentos, o respetivo valor


global e o imposto retido no estrangeiro.

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3. IRS automático

O IRS automático já não é propriamente uma novidade, mas ainda suscita dúvidas. Veja
como poupar tempo no preenchimento da sua declaração de IRS.

3.1. O que é o IRS automático?


O Código do IRS, no seu artigo 53.º, consagra o IRS automático desde 2017. Este
automatismo consiste no pré-preenchimento de alguns campos na sua declaração
de IRS. Só tem que confirmar se o que está pré-preenchido está correto e se não for o
caso emendar e, depois, fazer a validação final. Assim, evite preencher todos os anos os
campos “habituais” da sua declaração de IRS ou, em linguagem fiscal, do Modelo 3.

3.2. Quem pode usufruir do IRS Automático?


O IRS automático está disponível para os trabalhadores dependentes (categoria A),
excluindo possíveis gratificações não atribuídas pela entidade patronal e para os
contribuintes pensionistas (categoria H) e, entre estes, abrange os contribuintes que:

1. Não tenham direito a deduções por ascendentes;


2. Não usufruam de benefícios fiscais, exceto os relativos ao regime de
mecenato;
3. Sejam residentes em Portugal permanentemente;
4. Obtenham rendimentos apenas em Portugal;
5. Não tenham estatuto de residente não habitual;
6. Não tenham pago pensões de alimentos;
7. Não tenham acréscimos ao rendimento por incumprimento de condições
relativas a benefícios fiscais.

Os trabalhadores independentes não podem usufruir desta funcionalidade.

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Alguns exemplos práticos
De acordo com as FAQ disponíveis no Portal das Finanças, isto significa que se, por
exemplo, for pensionista e também receber juros de depósitos a prazo ou de outras
aplicações financeiras que quer englobar na declaração, não poderá ser abrangido pelo
IRS automático.

Por outro lado, se além do rendimento de trabalho dependente, auferir também outro
tipo de rendimentos, por exemplo, prediais, vai ter que entregar a declaração normal.
Mesmo que estejam sujeitos a tributação autónoma e não os queira englobar na sua
declaração de IRS, os rendimentos prediais não estão abrangidos pela declaração
automática de rendimentos.

O mesmo se aplica se, embora seja trabalhador por conta de outrem, tiver vendido um
imóvel e auferido rendimentos decorrentes dessa operação.

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Os casados também podem dispor do IRS automático?
No caso dos contribuintes nesta situação, a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT)
disponibiliza três simulações no fim da declaração pré-preenchida: uma que considera
os rendimentos conjuntos e outras duas que considera os rendimentos separados do
casal. A AT disponibiliza também as liquidações provisórias correspondentes a essas
declarações.

Para poder dispor do IRS automático, sendo casado e observando o enquadramento


nos critérios referidos acima, só tem que, até dia 15 de fevereiro, indicar ou confirmar
a composição do seu agregado familiar no último dia do ano ao qual o IRS respeite e
autenticar todos os membros do agregado familiar.

Se todos os elementos estiverem corretos, poderá confirmar a declaração que


corresponda ao regime que pretenda escolher (declaração conjunta ou separada).
Com essa confirmação a declaração (ou as declarações) consideram-se entregues e as
liquidações tornam-se definitivas.

Assim, se os membros do casal forem ambos trabalhadores dependentes, podem


beneficiar do IRS automático desde que não tenham dependentes nem ascendentes que
vivam em comunhão de habitação, tenham residido em Portugal durante todo o ano e
os rendimentos tenham sido obtidos no nosso país e não tenham benefícios fiscais, nem
tenham pago ou recebido pensões de alimentos.

No caso de um dos cônjuges não ter auferido rendimentos e o outro ser trabalhador por
conta de outrem podem, igualmente, beneficiar do IRS automático.

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3.3. Como validar a declaração?
Se está entre os eleitos para poder usufruir desta funcionalidade, para validar se os
campos pré-preenchidos pela AT foram, de facto, bem preenchidos, deverá aceder ao
Portal das Finanças, selecionar a opção “Cidadãos” e depois “IRS”.

Uma vez no diretório correspondente ao IRS, deverá selecionar a opção “Confirmar


declaração” e deverá, então, ser direcionado para a declaração de IRS já pré-preenchida.

Deverá, então, recorrer ao seu olhar clínico e ter atenção a todos os dados que respeitam à
sua identificação e situação contributiva, como: nome, NIF, estado civil, sem dependentes,
bem como elementos materiais, como os rendimentos, as retenções na fonte, as
contribuições sociais, as despesas para dedução à coleta, IBAN, entre outros.

Onde são obtidos os dados pré-preenchidos?


Se se está a perguntar como é que as Finanças têm acesso aos seus dados para efetuarem
o pré-preenchimento da sua declaração de IRS, saiba que essa informação é retirada,
fundamentalmente, de duas fontes: da sua área pessoal no Portal das Finanças e também
do E-Fatura.

E depois?
Após confirmar cuidadosamente todos os valores inscritos na modalidade de IRS
automático e confirmar que está tudo bem e que os dados que se encontram pré-
preenchidos são os corretos, basta-lhe clicar nos botões “Validar” e depois “Submeter”.

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3.4. Como corrigir?
Se após verificar os dados da sua declaração de IRS, detetar informação incorreta ou
incompleta, poderá transmitir essa situação à AT, que a corrigirá em conformidade
ou também poderá optar por preencher uma declaração “tradicional” pré-
preenchida, corrigir os campos que necessitam de correção e entregá-la dentro do
prazo legal, a qual substituirá a declaração pré-preenchida. Poderá, também, optar
pela criação de uma declaração vazia e preencher todos os campos necessários.

Há campos que poderá alterar na própria declaração. Por exemplo, se recebe o


reembolso (se for esse o caso) por transferência bancária, poderá proceder à
alteração do seu número de identificação bancária (IBAN ou NIB).

E se não fizer nada?


No cenário em que descobre um erro no preenchimento do seu IRS automático e não
o corrige, quer de forma imediata se tal for permitido, quer reportando a informação
incorreta à ATT e confirmar a declaração em modo IRS automático, poderá ficar sujeito a
aplicação de contra-ordenação, tal como acontece nas situações em que o contribuinte
não a entrega. É ao contribuinte que cabe também verificar omissões ou erros existentes
na sua declaração.

Posso corrigir a declaração depois de a confirmar?


Imagine que deteta um erro na sua declaração de IRS ou que optou por não fazer nada
antes de a confirmar. Será que ainda vai a tempo de remediar o prejuízo?

De acordo com a informação prestada pelas Finanças, poderá entregar uma declaração
dentro do prazo legal e com os dados corretos, que substituirá a anteriormente
submetida.

Por exemplo, se as incorreções estiverem relacionadas com alteração nos rendimentos,


deverá entregar uma nova declaração dentro de 30 dias a seguir à verificação do facto
que determinou a alteração dos rendimentos já declarada.

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4. Preencher o IRS

Esclareça as suas dúvidas e simplifique a sua vida na hora de preencher a declaração


de IRS.

4.1. Quem deve entregar a declaração de IRS?


De acordo com o Código do IRS, a declaração do IRS deve ser apresentada, por via
eletrónica, entre 1 de abril e 30 de junho, por:
1. Sujeitos passivos residentes no território português – existindo agregado
familiar são englobados os rendimentos de todos os seus membros;
2. Sujeitos passivos não residentes, relativamente aos rendimentos obtidos
no território português e que não foram sujeitos a retenção na fonte à taxa
liberatória;
3. Cônjuge sobrevivo, cabeça-de-casal ou administrador da herança indivisa;
4. Dependente que obtenha rendimentos e opte pela tributação separada do
agregado familiar.

Existem exceções para quem, no ano a que o imposto respeita, apenas tenha auferido:
1. Rendimentos sujeitos a taxas liberatórias que não estejam englobados;
2. Pensões e/ou rendimentos do trabalho dependente de montante totais
inferiores a 4.104 euros.

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4.2. Como preencher a declaração de IRS?
A declaração de IRS ou, em linguagem fiscal, o Modelo 3, deve ser preenchido com
atenção e precaução. Deverá aceder ao Portal das Finanças e entrar com o seu NIF e
senha na sua área pessoal.

Se estiver abrangido pelo IRS automático é mais simples: basta escolher a opção
“Confirmar Declaração”, verificar se todos os elementos estão corretos e submetê-la.

No caso de não estar abrangido pelo IRS automático, deverá selecionar a opção
“Entregar Declaração” e será direcionado para uma nova página em que deverá escolher
a primeira opção “Preencher Declaração” referente ao ano a que o imposto reporta.

Folha de rosto
A folha de rosto deve incluir todos os dados do sujeito ou sujeitos passivos, bem
como toda a informação relevante que respeite ao seu agregado familiar. Se auferir
rendimentos que tenham sido comunicados previamente decorrentes do recebimento
de rendas ou rendimentos provenientes do trabalho por conta de outrem, surgirão
separadores correspondentes aos anexos referentes a esses rendimentos.

Anexos
Os rendimentos provenientes do trabalho e de pensões figuram nos anexos A
(trabalho dependente e pensões) e B (trabalho independente). Deverá entrar no
separador respetivo e confirmar todos os dados que já estão preenchidos.

No caso do anexo B, deverá inserir os valores relativos aos rendimentos


empresariais/profissionais que estejam abrangidos pelo regime simplificado de
contabilidade. Se, caso contrário, estiver abrangido pelo regime de contabilidade
organizada, terá que preencher o anexo C, e nesse caso, recorrer a um contabilista
certificado.

Há ainda uma panóplia de outros anexos que respeitam a outros rendimentos, como
poderá ler mais à frente.

22
Benefícios fiscais
Poderá verificar as suas despesas dedutíveis em IRS no anexo H, clicando no botão
“Novo Anexo” e escolhendo o anexo H. Se optou pela declaração pré-preenchida, os
valores já devem estar preenchidos e a fonte para essa informação foi o E-Fatura,
no qual deve ter confirmado todas as suas faturas.

Agregado familiar no IRS


Para efeitos de IRS, o agregado familiar é composto por:
1. Os dois membros do casal, casados ou em união de facto e os dependentes
que têm a seu cargo;
2. Cada cônjuge ou ex-cônjuge nos casos de separação judicial de pessoas e
bens ou de declaração de nulidade, anulação ou dissolução do casamento e
os dependentes a seu cargo;
3. Pai, mãe ou adotante, solteiros e os dependentes a seu cargo.

Que se entende por dependentes?


Nos termos do Código do IRS, os dependentes que podem ser englobados no agregado
familiar são:
1. Filhos, adotados e enteados, menores não emancipados, bem como os
menores que se encontrem sob tutela;
2. Filhos, adotados e enteados, maiores de 18 anos, bem como aqueles que até
à maioridade estiveram sujeitos à tutela de qualquer dos sujeitos a quem
incumbe a direção do agregado familiar, que, não tendo mais de 25 anos não
recebam anualmente rendimentos superiores ao salário mínimo nacional, ou
seja, menor de 26 anos, que ganhe menos do que o salário mínimo;
3. Filhos, adotados, enteados e os sujeitos a tutela, maiores, inaptos para o
trabalho e para angariar meios de subsistência por conta própria;
4. Afilhados civis, ou seja, menores de 18 anos sobre os quais o sujeito passivo
tem poderes e deveres próprios dos pais.

Os ascendentes não estão abrangidos no conceito de agregado familiar para efeitos


de contabilização conjunta de rendimentos, mas o Código do IRS prevê a possibilidade
de deduzir despesas que lhe digam respeito, se o ascendente coabitar com o sujeito
passivo e os seus rendimentos não ultrapassarem a pensão mínima do regime geral.

23
Consignar imposto
O Código do IRS dá-lhe a possibilidade de doar 0,5% do seu IRS a uma entidade de
solidariedade, cultural ou ambiental e essa consignação é efetuada no preenchimento
da sua declaração (modelo 3).
Esta possibilidade chama-se consignação do imposto e permite-lhe escolher como
será gasto pelo menos 0,5% do IRS que entrega ao Estado e que pode vir a destinar-se
a uma instituição à sua escolha. Representa, assim, um ato solidário que não lhe vai
custar absolutamente nada.

Como efetuar a consignação?

No quadro 11 da declaração Modelo 3, deve escolher qual a instituição a beneficiar,


identificando a mesma através do Número de Identificação de Pessoa Coletiva (NIPC),
e assinalar “X” no quadrado “IRS” e no tipo de instituição.
Note que é apenas uma opção. Não é de preenchimento obrigatório. Se não a
selecionar, também os 0,5% do seu IRS irão diretamente para os cofres do Estado.
Note ainda que esta parcela não é descontada no que poderia vir a receber, nem se
trata de qualquer tipo de extra. Ou seja, este dinheiro faz parte daquilo que o Estado
iria receber, não sendo nada retirado ao contribuinte.

Como escolher a entidade?

A entidade à qual vai consignar o imposto pode ser uma Instituição Particular de
Solidariedade Social (IPSS), uma Instituição Religiosa, Pessoa Coletiva de Utilidade
Pública de Fins, bem como uma instituição cultural com estatuto de utilidade pública e
que, além disso, se tenha registado como interessada em receber este apoio.

Poderá consultar a lista de entidades autorizadas a beneficiar da consignação com


processo deferido para 2018, elegíveis para receber a sua ajuda.

Últimos passos

Após preenchida a declaração, clique em “Validar” e verifique se existem erros. Após


a validação concluída, pode efetuar uma simulação para saber o valor que vai receber
ou pagar. Deverá, depois, submeter a sua declaração e lembre-se, também, que deve
guardar o comprovativo do seu envio.

24
5. Anexos do IRS

Preparámos um guia para o ajudar a identificar os 12 anexos do IRS que fazem parte do
sistema fiscal português. Saiba ainda como preenchê-los.

Em 2019, há novos modelos de impressos da declaração Modelo 3 e respetivos anexos.


A informação relativa a estes novos modelos foi publicada no dia 28 de janeiro de
2019 em Diário da República (Portaria nº 34/2019, de 28 de janeiro). Os novos modelos
aplicam-se à declaração de rendimentos de pessoas individuais relativos ao ano 2015 e
seguintes.

Tal como no ano fiscal transato, também em 2019 existe apenas um prazo de entrega
do IRS, independentemente da categoria dos rendimentos. Assim sendo, de 1 de abril
a 30 de junho de 2019, a declaração Modelo 3 e respetivos anexos do IRS terão de ser
entregues via Portal das Finanças.

Antes de explicarmos cada um dos anexos do IRS e como deve preenchê-los, deve tomar
nota do seguinte:
1. No caso dos rendimentos de categoria A e H, a declaração será preenchida
automaticamente;
2. Quem tem de entregar anexos como o B, C, D, E, I, L tem de preencher a
declaração online;
3. Se tiver auferido rendimentos destas categorias no estrangeiro, terá de
preencher o Anexo J;
4. Se tiver benefícios fiscais, deduções à coleta, acréscimos ou rendimentos
isentos sujeitos a englobamento, deverá juntar à sua declaração de
rendimentos com o anexo H.

25
5.1. Anexo A - Trabalho dependente e pensões
O anexo A do IRS serve para declarar rendimentos de trabalho dependente e/ou de
pensões. Ou seja, os rendimentos da categoria A.

Este anexo é destinado a todo o agregado familiar, o que significa que tem de preencher
apenas um, tendo uma coluna para cada membro da família com o tipo de rendimentos
aplicável. É de sublinhar, contudo, que no caso de sujeitos casados ou unidos de facto, há
a possibilidade de optar pela tributação separada ou conjunta.

No caso de tributação separada, cada membro do casal, deve declarar todos os


rendimentos (do sujeito passivo) e de metade do referente aos dependentes que fazem
parte do agregado familiar. No caso de tributação conjunta, é declarada a totalidade dos
rendimentos, tanto dos sujeitos passivos como dos dependentes.

Recorde-se que os rendimentos da categoria A não se referem apenas a vencimentos.


Gratificações, subsídios, prémios ou emolumentos também estão incluídos nesta
categoria.

Como referimos anteriormente, o anexo A é preenchido automaticamente. Tudo o que


precisa de fazer neste anexo é verificar cuidadosamente se todos os dados que lá
constam estão corretos.

26
5.2. Anexo B – Rendimentos da categoria B
(Regime Simplificado/ Ato Isolado)
O anexo B do IRS destina-se a declarar os rendimentos empresariais e profissionais
(categoria B), ou atos isolados, desde que não exista uma situação de contabilidade
organizada. Ou seja, se é trabalhador independente (recibos verdes, empresário em
nome individual) em regime simplificado de tributação, este é um dos anexos que terá,
obrigatoriamente, de preencher.

Como o anexo B do IRS só pode ser preenchido por um contribuinte, cada elemento do
agregado familiar com rendimentos de trabalho independente deverá preencher um
anexo, incluindo os dependentes.

Na qualidade de trabalhador independente, não se esqueça de que, além do anexo B do


IRS , poderá ter de preencher também o anexo H ou mesmo o anexo SS.
5.3. Anexo C – Rendimentos da categoria B (Regime
Contabilidade Organizada)
O anexo C é outro dos anexos do IRS que se destina aos trabalhadores independentes,
mas, neste caso, que tenham optado pelo regime de contabilidade organizada.
Assim sendo, este anexo é habitualmente preenchido e assinado pelos contabilistas
certificados (CC).

Recorde-se que a contabilidade organizada é obrigatória para todas as sociedades,


tal como sociedades anónimas ou por quotas. É igualmente obrigatória para todos os
profissionais liberais ou empresários em nome individual que, por ano, tenham um
rendimento líquido superior a 200 mil euros. Profissionais com rendimentos inferiores a
este valor podem, por opção, escolher também o regime da contabilidade organizada.

28
5.4. Anexo D – Transparência fiscal e herança indivisa
Destinado a membros societários ou a contribuintes com obrigações ao nível da
transparência fiscal, o anexo D também é válido para rendimentos oriundos de herança
indivisa (bens transmitidos por morte, mas que não são imediatamente distribuídos
pelos herdeiros). Este é outro dos anexos do IRS que é preenchido de forma individual.

5.5. Anexo E – Rendimentos de capitais


Se aplicou algum dinheiro em produtos financeiros, os juros, os lucros e os dividendos
devem ser declarados no anexo E.
No caso de ter optado por tributação separada, cada cônjuge deverá preencher o
seu próprio anexo, inserindo os seus rendimentos e metade do montante referente
aos dependentes. Conforme for mais vantajoso, é necessário optar pela tributação
autónoma ou pelo englobamento destes rendimentos.

5.7. Anexo G – Mais-valias e outros incrementos


patrimoniais
5.6. Anexo F – Rendimentos prediais
O anexo F do IRS destina-se a quem tem de declarar rendimentos prediais, tal como
estão definidos no artigo 8.º do Código do IRS. Estes rendimentos incluem rendas de
prédios rústicos, urbanos e mistos, bem como receitas de subarrendamento ou cedência
de espaço de publicidade.

Neste anexo, deve começar por identificar os sujeitos passivos e os prédios que lhe
deram rendimentos. Além disso, deve incluir as despesas relevantes que teve de
suportar com os mesmos.

30
5.7. Anexo G – Mais-valias e outros incrementos
patrimoniais
Valores associados à venda de imóveis e/ou títulos de investimentos devem ser
declarados no anexo G, onde são calculados os lucros ou os prejuízos (mais-valias e
menos-valias) apurados.

Ou seja, este anexo destina-se a declarar os incrementos patrimoniais, tal como são
definidos nos artigos 9.º e 10.º do Código do IRS.

Se, em 2018, vendeu um imóvel, essa venda deverá ser refletida na sua declaração
de IRS. Para isso terá de preencher, para além dos anexos habituais, o Anexo G. Isto
porque as mais-valias obtidas pela alienação de imóveis têm de ser declaradas às
Finanças, estando sujeitas a tributação. Esteja atento, contudo, às situações em que
poderá estar isento de imposto.

5.8. Anexo G1 – Mais-valias não tributadas


Há duas situações, as mais comuns, para a não tributação das mais-valias. A venda
de imóveis cuja data de aquisição seja anterior a 1989 dá direito a isenção. Quando
o valor da venda de um imóvel declarado é reinvestido na sua totalidade, noutra
casa, para habitação própria e permanente, construção de uma casa ou aquisição de
um terreno para habitação nas mesmas condições, as mais-valias ficam isentas de
imposto.

Apesar destas mais-valias não serem tributadas, os contribuintes terão sempre de


declarar estas operações, a título meramente informativo, preenchendo, para tal,
mais este anexo G1 do IRS.

31
5.9. Anexo H – Benefícios fiscais e deduções
É no anexo H do IRS que entram as despesas que os contribuintes reuniram ao longo do
ano e que são alvo de benefícios fiscais. Encargos com imóveis, formação, educação e
saúde são as despesas mais populares. É preciso ter em conta que os dados não devem
ser apresentados de forma individual. Deve considerar-se todo o agregado familiar.

Apesar de, como referido anteriormente, o anexo H ser um dos anexos do IRS que é
preenchido automaticamente, voltamos a sublinhar a importância de verificar toda a
informação que lá consta e acrescentar/alterar o que não estiver em conformidade.

5.10. Anexo I – Herança indivisa


Perante a morte de um titular de rendimentos de categoria B, a manutenção da atividade
profissional e empresarial implica alguns formalismos. Compete ao cabeça-de-casal
ou ao administrador, entretanto nomeado, apurar e declarar o lucro ou o prejuízo que
deve ser atribuído aos contitulares na proporção das suas quotas na herança. Isto é
considerado no Anexo I.

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5.11. Anexo J – Rendimentos obtidos no estrangeiro
Residentes em Portugal com rendimentos obtidos fora do território nacional estão
obrigados a considerar o anexo J. Os originais dos comprovativos do pagamento de
imposto pago no estrangeiro devem ser conservados e apresentados à Autoridade
Tributária, sempre que esta o solicitar.

5.12. Anexo L – Residente não habitual


As atividades de elevado valor acrescentado devidamente identificadas em Portaria,
sejam elas de caráter científico, artístico ou técnico, têm lugar no anexo L, que se destina
a tributar rendimentos obtidos por cidadãos que, no exercício das suas funções, não
habitam em território português.

Este anexo serve também para eliminar a dupla tributação de rendimentos obtidos no
estrangeiro.
6. IRS de trabalhadores
por conta de outrem
Se é trabalhador por conta de outrem, fique a par dos rendimentos que estão sujeitos a
imposto, bem como das taxas de retenção na fonte.

6.1. Quem são os trabalhadores por conta de outrem?


Os trabalhadores dependentes ou por conta de outrem estão abrangidos pela categoria
A do IRS. De acordo com o Código do IRS (CIRS), considera-se trabalhador por conta de
outrem “todo e qualquer profissional que exerce a sua atividade ou profissão ao serviço
de uma entidade empregadora, com a qual tem estabelecido um contrato de trabalho ou
equiparado e pela qual é remunerado”.

34
6.2. Qual o valor sujeito a imposto?
Dentro dos rendimentos que o trabalhador por conta de outrem aufere, há os
que são tributáveis e os que não são tributáveis em sede de IRS. Nesta categoria,
os rendimentos dos contribuintes provêm principalmente de remunerações
do trabalho por conta de outrem e, além dos ordenados ou vencimentos,
também incluem gratificações, subsídios e prémios. Na declaração do IRS, estes
rendimentos surgem no anexo A e estão logo pré-preenchidos.

Rendimentos tributáveis
O artigo 2.º do CIRS identifica os rendimentos que são tributáveis em sede de IRS
para os trabalhadores da categoria A. Consideram-se rendimentos tributáveis em
sede de IRS, além do vencimento, “todos os direitos, benefícios ou regalias não
incluídos na remuneração principal que sejam auferidos devido à prestação de
trabalho ou em conexão com esta e constituam para o respetivo beneficiário uma
vantagem económica”.

Esta categoria inclui, então, vencimentos, gratificações, percentagens, comissões,


entre outras. As horas extraordinárias e uma parte do subsídio de refeição também
estão sujeitas a imposto.

35
Rendimentos não tributáveis
Há outros rendimentos que não são englobados na coleta para efeitos de IRS, como
uma parte do subsídio de almoço e, de acordo com o artigo 12.º do CIRS, os seguintes
rendimentos: subsídio de desemprego, abonos de família, subsídios de refeição, abonos
para falhas, ajudas de custo; valores recebidos pela utilização de automóvel próprio
em serviço da entidade patronal; prémios atribuídos a praticantes de desportos de alta
competição, literários, artísticos ou científicos e indemnizações.

Se por acaso ficar doente, e precisar de ficar de baixa, saiba que a baixa médica também
não é tributada em sede de IRS.

Retenção na fonte
O rendimento líquido que um trabalhador dependente recebe não corresponde à
totalidade daquilo que a entidade patronal lhe paga, ou seja, o rendimento bruto.
Poderia corresponder se se observasse em Portugal uma taxa de retenção na fonte
de 0%. Mas o que acontece e corresponde ao vencimento líquido é o recebimento de
parte do que a entidade patronal despende com o trabalhador, uma vez que a entidade
patronal entrega ao trabalhador um montante e reserva outro montante – a retenção na
fonte – para entregar ao Estado.

Ou seja, a retenção na fonte corresponde a um mecanismo de reserva de parte


dos vencimentos dos trabalhadores dependentes e pensionistas e é vista como
um adiantamento mensal do imposto ao Estado. O restante é apurado aquando da
submissão da declaração de IRS, havendo depois lugar a acertos – o contribuinte pode
ter que pagar ou vir a receber dinheiro do Estado, variando esse acerto em função das
despesas que o contribuinte deduziu, como educação, saúde, encargos com habitação,
Plano Poupança Reforma (PPR), entre outras.

36
As retenções na fonte são efetuadas segundo as tabelas de retenção definidas
anualmente pelo Governo, nas quais está estipulada a taxa de retenção na fonte, que
varia de acordo com aspetos como o montante do rendimento do trabalhador ou a sua
situação familiar. As tabelas para 2019 estão fixadas no Despacho n.º 791-A/2019, de 18
de janeiro.

Como consultar as tabelas de retenção na fonte?


No pressuposto de ser um trabalhador no setor privado, solteiro, sem filhos e que
receba 1000 euros por mês, para identificar a taxa de retenção na fonte que lhe é
aplicada, deve proceder da seguinte forma:

1. Identificar a tabela aplicável à combinação “trabalho dependente” e “não


casado”;
2. Na coluna do lado esquerdo, deve escolher o intervalo salarial em que se
insere o seu rendimento mensal bruto. Neste caso, como a remuneração no
exemplo é 1000 euros, deve escolher a linha “até 1001 euros”;
3. Nessa linha deve cruzar com a coluna relativa ao número de dependentes
que tem a cargo. No presente exemplo, o contribuinte não tem dependentes
a seu cargo, por isso deve escolher “0” e a taxa de retenção na fonte que
surge é 11,7%.

6.3. Como preencher a declaração de IRS no caso de ser


trabalhador dependente?

Se apenas aufere rendimentos provenientes do trabalho dependente, então não terá


preocupações de maior no preenchimento da sua declaração de IRS e poderá dispor
da funcionalidade de IRS automático, na qual apenas precisa de confirmar os valores
apresentados que surgem no anexo A.

Nesse anexo surgirá, então, o valor correspondente aos seus rendimentos anuais
relativo ao ano a que reporta o imposto. Se além destes rendimentos provenientes do
trabalho dependente também auferir outros rendimentos, como rendas prediais, tiver
valores mobiliários ou acumular com algum trabalho independente, terá mais trabalho e
terá de preencher a declaração manualmente.
7. IRS de trabalhadores
independentes
Ser trabalhador independente pode dar-lhe maior liberdade, mas essa liberdade
também paga imposto. Esclareça as suas dúvidas relativamente ao IRS de
trabalhadores independentes.

7.1. Quem é trabalhador independente?


Os trabalhadores independentes, ou por conta própria, são os contribuintes que
recebem rendimentos provenientes do trabalho que não depende de terceiros ou
rendimentos empresariais e para efeitos de IRS inserem-se na categoria B.

38
Rendimentos empresariais e profissionais

O artigo 3.º do Código do IRS (CIRS) delimita o que se entende por rendimentos
empresariais e profissionais, que se referem a:
1. Rendimentos que sejam decorrentes do exercício de qualquer atividade
comercial, industrial, agrícola, silvícola ou pecuária;
2. Rendimentos auferidos no exercício, por conta própria, de qualquer atividade
de prestação de serviços, incluindo as de caráter científico, artístico ou
técnico, qualquer que seja a sua natureza, ainda que conexa com atividades
mencionadas na alínea anterior;
3. Rendimentos provenientes da propriedade intelectual ou industrial ou da
prestação de informações respeitantes a uma experiência adquirida no
setor industrial, comercial ou científico, quando auferidos pelo seu titular
originário;
4. Rendimentos prediais imputáveis a atividades geradoras de rendimentos
empresariais e profissionais;
5. Rendimentos de capitais imputáveis a atividades geradoras de
rendimentos empresariais e profissionais importâncias auferidas, a título
de indemnização, conexas com a atividade exercida, nomeadamente a sua
redução, suspensão e cessação, assim como pela mudança do local do
respetivo exercício;
6. Subsídios e subvenções.

Consideram-se atos isolados os rendimentos provenientes de uma prática previsível ou


reiterada.

39
7.2. Como funciona o IRS para quem passa recibos verdes?
Um contribuinte, para exercer uma atividade independente, deve ter atividade aberta
nas Finanças. A forma de comprovar os rendimentos auferidos pelos serviços prestados
é através de recibos verdes, que são passados de forma eletrónica, através do Portal
das Finanças e devem incluir a identificação da pessoa individual ou coletiva à qual foi
prestado o serviço, a data e respetivo montante a que pode ou não acrescer IVA ou ser
efetuada retenção na fonte.

Um trabalho independente está sempre sujeito a recibos verdes?


Por norma, sim. Contudo, há determinadas atividades - como, por exemplo, uma coleta
em nome individual de um café - nas quais são emitidas faturas ou faturas simplificadas,
conforme o caso. Outra das exceções é o chamado ato isolado, quando o trabalho
independente é prestado de forma esporádica. Neste caso, tem sempre que passar uma
fatura-recibo eletrónica no Portal das Finanças, a diferença é que deixa de estar obrigado
a abrir atividade e deve, igualmente, na declaração do IRS, ser inscrito no anexo B.

40
Qual o valor sujeito a imposto?

Na determinação do valor sujeito a imposto, as regras variam consoante o trabalhador


independente tenha optado pelo regime simplificado ou pela contabilidade organizada.

Regime simplificado

Enquadram-se no regime simplificado os trabalhadores independentes que aufiram


menos de 200 mil euros por ano. Para as atividades enquadradas na tabela do artigo
151.º do CIRS ou similares, a determinação do rendimento tributável neste regime é
efetuada considerando 75% do rendimento bruto anual.

Mas há exceções: o valor sujeito a imposto para quem iniciou atividade em 2016 ou
2017 é 56,25% e 37,5%, respetivamente, caso o contribuinte não possua rendimentos
provenientes do trabalho dependente, pensões ou se não tiver encerrado atividade há
menos de cinco anos.

Há ainda outras atividades, fora do âmbito das que estão indicadas no artigo 151.º do
CIRS, tributadas em 35%, para os quais também se aplica uma tributação mais leve para
o primeiro e segundo ano de atividade, 17,5% e 26,25%, respetivamente.

Contabilidade organizada
Os trabalhadores independentes que ganhem, por ano, mais de 200 mil euros
inserem-se no regime de contabilidade organizada, ou seja, uma modalidade de
tributação dos rendimentos sujeita a regras mais complexas e cujas declarações de
IRS precisam de ser enviadas por um contabilista certificado e permite a dedução da
generalidade dos encargos e despesas relacionadas com a atividade.

É também dada a possibilidade de outros trabalhadores independentes abrangidos


no regime simplificado se poderem inserir no de contabilidade organizada, o que
pode ser mais vantajoso se o trabalhador independente tiver despesas superiores a
25% dos seus rendimentos.

No caso da aplicação deste regime, o valor sujeito a imposto será apurado através
do resultado líquido da atividade, após ser retirado o montante das despesas e
encargos ao volume de negócios, sendo sobre esse valor - que corresponde ao valor
faturado deduzido das despesas - que irá incidir o imposto.
7.3. Quais as taxas de retenção na fonte?
Os trabalhadores independentes estão sujeitos a retenção na fonte e existem diferentes
escalões para os quais se aplicam taxas diferenciadas. Essas taxas estão mencionadas
no artigo 101.º do CIRS e distribuem-se da seguinte forma:
1. 25% para rendimentos provenientes de atividades exercidas por médicos,
advogados, arquitetos, entre outros;
2. 20% para rendimentos provenientes de atividades científicas, artísticas ou
técnicas, previamente definidas;
3. 16,5% para os rendimentos provenientes de propriedade intelectual,
industrial ou de prestação de informação sobre experiência nos setores
comercial, industrial ou científico;
4. 11,5% para os outros trabalhadores independentes e atos isolados.

Quem está isento?


Embora a regra seja a retenção na fonte, existem exceções e há trabalhadores
independentes que estão isentos de efetuar retenção na fonte. Essas exceções estão
previstas no artigo 101.º do CIRS, sendo que o trabalhador independente pode optar por
não efetuar retenção na fonte se, no ano anterior, o seu rendimento não foi superior a 10
mil euros ou se prevê não ultrapassar esse valor durante o ano em que inicia atividade.

42
7.4. Como é feita a tributação enquanto trabalhador
dependente?
Sabia que é possível ser tratado fiscalmente como trabalhador dependente (categoria A)?
Se presta serviço apenas a uma entidade, saiba que lhe é dada a oportunidade de escolher
como quer ver os seus rendimentos tributados: se de acordo com as regras de tributação
para os trabalhadores dependentes ou como trabalhador independente.

Existe, contudo, uma exceção a esta condição especial para as “prestações de serviços
efetuadas por um sócio a uma sociedade abrangida pelo regime de transparência fiscal”,
como menciona o CIRS.

7.5. E se for trabalhador dependente, pode passar recibos


verdes?
A resposta é sim. Se trabalha por conta de outrem e gostaria de ter alguma atividade
por conta própria, à luz da fiscalidade tal prática não é ilegal e pode conjugar os dois.
Nestes casos em que conjuga rendimentos provenientes do trabalho dependente e
independente, deverá, na declaração do IRS preencher os anexos A, B e H.

43
8. Outros Rendimentos
Além dos típicos rendimentos provenientes do trabalho ou pensões, há outros
rendimentos que precisam de ser declarados ao Fisco.

8.1. Que outras tipologias de rendimentos, além do


trabalho, deve considerar?
Os rendimentos relacionados com trabalho e pensões são como que os rendimentos
clássicos e mais comuns sobre os quais incide o Imposto sobre o Rendimento Singular.

Anualmente, os trabalhadores independentes ou por conta de outrem têm que entregar


ao Estado uma parte do seu rendimento. E dentro do trabalho não falamos apenas do
ordenado no fim do mês, mas também de outros rendimentos que são recebidos pelo
contribuinte e provêm do trabalho, tais como: subsídios, senhas de presença, comissões
e gratificações, conforme diz o Código do IRS (CIRS) no artigo 2.º.

Além destes, há também um leque de outros rendimentos que não derivam apenas do
trabalho, mas estão também abrangidos pelo IRS e que precisam de ser declarados.
Para o efeito, a sua declaração de IRS, o Modelo 3, apresenta anexos específicos para
cada uma das tipologias de rendimento, que terá que preencher consoante os tipos de
rendimentos que aufere e que estão sujeitos a IRS.

44
8.2. Pensões
As pensões são um desses rendimentos sujeitos a imposto, conforme mencionado
no artigo 53.º do CIRS e devem ser declaradas no anexo A.

De acordo com o CIRS, consideram-se pensões: “as prestações devidas a título de


pensões de aposentação ou de reforma, velhice, invalidez ou sobrevivência, bem
como outras de idêntica natureza e ainda as pensões de alimentos” e “as prestações
a cargo de companhias de seguros, fundos de pensões, ou quaisquer outras
entidades, devidas no âmbito de regimes complementares de segurança social
em razão de contribuições da entidade patronal, e que não sejam consideradas
rendimentos do trabalho dependente”.

Tal como acontece no trabalho dependente e independente, as pensões são taxadas


mediante escalões. Como o IRS é um imposto progressivo, a taxa de imposto agrava-
se à medida que o rendimento aumenta.

8.3. Investimentos (rendimentos de capitais)


Os rendimentos provenientes de capitais como juros e dividendos também fazem parte do
rendimento tributável, isto é, entram no bolo dos rendimentos que estão sujeitos a IRS.

Para efeitos fiscais consideram-se rendimentos provenientes “direta ou indiretamente,


de elementos patrimoniais, bens, direitos ou situações jurídicas, de natureza mobiliária,
bem como da respetiva modificação, transmissão ou cessação, com exceção dos ganhos e
outros rendimentos tributados noutras categorias”, que engloba juros e dividendos e que
normalmente são tributados a uma taxa de 28%, nos termos do artigo 71.º do CIRS.

Se a fonte dos rendimentos de capitais se situar num paraíso fiscal, a taxa de imposto é de
35%. Os rendimentos provenientes de investimentos devem ser declarados no anexo E.
8.5. Venda de imóveis

45
8.4. Arrendamento (rendimentos prediais)
Os rendimentos provenientes das rendas de prédios rústicos e urbanos pagas ou
postas à disposição dos respetivos titulares são também um tipo de rendimento
que é tributável em sede de IRS. Estes rendimentos são tributados e ficam sujeitos a
tributação à taxa especial de 28%, nos termos do artigo 72.º do CIRS.

Em certas circunstâncias - quando não afetos a atividades empresariais - os


rendimentos provenientes do arrendamento temporário na modalidade de alojamento
local podem ser tributados como se se tratassem de rendimentos prediais. Os
rendimentos prediais devem ser declarados no anexo F.

46
8.5. Venda de imóveis
As vendas de imóveis podem gerar mais-valias, as quais também são tributadas em
sede de IRS e devem ser mencionadas no anexo G. A mais-valia corresponde à diferença
entre o valor de aquisição e o valor de venda, deduzido das despesas com a escritura e o
registo e do Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis e de outros
quaisquer encargos na operação.

As mais-valias são tributadas em 50% do seu valor. No entanto, podem ficar isentas de
tributação se foram aplicadas na aquisição de habitação permanente do seu titular.

8.6. Rendimentos de falecidos


Os rendimentos de falecidos também têm que ser declarados. Tal obrigação decorre das
obrigações declarativas a que estão sujeitos os familiares do contribuinte que faleceu,
devendo ser declarados todos os rendimentos recebidos até ao falecimento, tal como
prevê o artigo 64.º do CIRS. A declaração deverá ser efetuada pelo cabeça-de-casal.

E as heranças?
Normalmente, as heranças estão sujeitas ao pagamento de Imposto de Selo. Os bens
recebidos pelo respetivo cônjuge ou unido de facto, descendentes ou ascendentes, não
pagam IRS. Mas os restantes herdeiros, tendo ou não grau de parentesco com a pessoa
falecida, terão um Imposto de Selo de 10% sobre os bens herdados.

47
8.7. Rendimentos provenientes do estrangeiro
Os rendimentos obtidos no estrangeiro, provenientes do trabalho, remunerações
empresariais ou pensões devem ser declarados no anexo J.

Nas tributações do rendimento proveniente do estrangeiro é imprescindível considerar


o conceito de residência fiscal. Os rendimentos obtidos no estrangeiro podem ser
tributados de formas distintas em sede de IRS consoante a residência fiscal do sujeito
passivo. Nas situações em que o sujeito passivo resida em Portugal, o imposto pago no
estrangeiro pelos rendimentos lá obtidos é descontado na liquidação do imposto pago
em Portugal.

Importa ter muita atenção para evitar a dupla tributação de rendimentos, podendo
ser relevante pedir à Autoridade Tributária um Certificado de Residência Fiscal que
prove perante as entidades estrangeiras a sua residência para efeitos fiscais. Assim,
poderá beneficiar de isenções, dispensa de retenção ou de redução de taxas sobre os
rendimentos obtidos no estrangeiro.

48
9. Deduções no IRS
Além dos benefícios fiscais, existem despesas específicas que podem ser deduzidas ao seu
rendimento e contribuir para um desagravamento do imposto.

9.1. O que são deduções no IRS?


O Fisco dá a possibilidade de deduzir algumas despesas ao rendimento coletável e, assim,
contribuir para diminuir o imposto a pagar ou aumentar o montante que pode vir a receber
(que nunca ultrapassará o valor das retenções de IRS efetuadas durante o ano). O objetivo é
promover uma maior justiça contributiva e uma redistribuição do rendimento mais equitativa.

Exemplos de deduções são as despesas com saúde e educação e também a possibilidade de


reaver parte do IVA suportado com restauração, alojamento, passes de transportes públicos,
cabeleireiros, veterinários, reparação de automóveis e motociclos. Está tudo no artigo 78.º do
Código do IRS.

9.2. O que são deduções provisórias no IRS?


As deduções provisórias no IRS surgem no portal E-Fatura e correspondem às despesas que
o contribuinte tem registadas com o seu número de contribuinte e que correspondem a um
determinado ano e que não foram ainda deduzidas.

Normalmente, para que as despesas possam ser deduzidas em sede de IRS, precisará de
validar as faturas que as atestam ou, pelo menos, verificar se as mesmas se encontram
corretamente declaradas no portal E-Fatura.

Caso contrário, o Fisco não as converterá em deduções efetivas no IRS. Se não encontrar as
suas faturas no portal E-Fatura poderá registá-las também. O melhor é estar atento e fazer
regularmente o exercício de ir à sua área no E-Fatura e conferir se estão todas as faturas que
lhe podem trazer benefícios fiscais e são passíveis de dedução em sede de IRS.

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9.3. Como verificar as deduções provisórias?
Pode verificar quais são as deduções provisórias no IRS no E-Fatura através do seguinte
procedimento: aceda ao portal e, após se autenticar com o seu NIF e respetiva senha,
clique em “Despesas dedutíveis em IRS” e depois em “Confira aqui”. Serão, de seguida,
apresentadas todas as faturas que pode deduzir no seu IRS.

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9.4. Quais as despesas que permitem deduções no IRS?
Despesas gerais e familiares
O Fisco dá-lhe a possibilidade de deduzir, até ao limite de 250 euros
individualmente ou 500 euros para o casal, despesas gerais e familiares, ou
seja, todas as despesas que não pode incluir naquelas “gavetas” de despesas que
permitem deduções no IRS.
Nas despesas gerais e familiares pode incluir, por exemplo, os encargos com a sua
casa, como serviços de limpeza ou serviços especializados de reparação, como
canalizadores ou eletricistas.

Despesas de saúde
As despesas de saúde correspondem a todos os gastos relacionados com hospitais,
farmácias, fisioterapia, consultas com especialistas, aquisição de óculos ou lentes
de contacto, ginásios ou mesmo medicinas alternativas.
A autoridade tributária considera 15% de todos os encargos com saúde,
independentemente de estarem ou não isentos de IVA, até ao limite de 1000 euros.
Nesta modalidade pode esperar ver deduzidas as taxas moderadores e prémios
pagos com seguros de saúde.

Óculos e lentes de contacto

As despesas relacionadas com óculos e lentes de contacto podem ser deduzidas


como despesas de saúde desde que tenham sido receitadas por um oftalmologista
ou optometrista credenciado.

Ginásio

A mensalidade do ginásio também pode ser considerada uma despesa de saúde,


mas só podem ser deduzidas como tal se dispuser de uma prescrição médica que
ateste a necessidade de reforço muscular ou fisioterapia, por exemplo.
Regra geral, as despesas com ginásios aparecem automaticamente no portal
E-Fatura na categoria de “despesas gerais” se forem comunicadas pelos ginásios à
Autoridade Tributária (AT).
Se tiver uma prescrição médica, deverá proceder à correção como despesa de
saúde, o que só consegue fazer se lhe associar a respetiva prescrição médica.

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Medicinas alternativas

Tratamentos alternativos, como fitoterapia e medicina tradicional chinesa,


podem ser deduzidos como despesa de saúde desde que prescritas por um
médico ou prestadas por um especialista com cédula profissional emitida pela
Administração Central dos Sistemas de Saúde.

Despesas de educação e formação


São consideradas despesas de educação e formação todas as que respeitem à
sua própria formação como, por exemplo, pós-graduações ou outros cursos de
formação, desde que ministrados por entidades reconhecidas pela Direção-geral
do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), bem como todas as despesas
respeitantes à educação dos seus dependentes.

A AT permite-lhe efetuar uma dedução de 30% do total das despesas com


educação e formação até ao máximo de 800 euros. Assim, livros, material
escolar e propinas podem ser deduzidas como despesas de educação. Ficam de
fora as refeições escolares, e alguns materiais escolares mais específicos, como
instrumentos musicais paras os alunos do conservatório, que apenas podem ser
deduzidos como despesas gerais e familiares.

Despesas de arrendamento e com créditos de habitação


A habitação é algo essencial e também aqui a AT concede benesses no IRS,
caso tenha ou não habitação própria. Se vive numa casa arrendada e dispõe
de um contrato de arrendamento e dos respetivos recibos comprovativos do
pagamento da renda ou se está a pagar uma casa, pode deduzir os montantes
referentes a juros.

Juros

É possível deduzir 15% dos juros com créditos à habitação e encargos com a
casa (como as despesas com condomínio), com o limite de 296 euros, pagos
no ano a que respeita o imposto, mas só se tiver pedido empréstimo até 31 de
dezembro de 2011 e se for habitação própria e permanente.

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Rendas

Se morar numa casa arrendada, pode também deduzir 15% do valor respetivo até ao
limite de 502 euros, desde que o contrato tenha sido comunicado à AT e o senhorio
cumpra as obrigações legais, isto é, passe o recibo eletrónico no E-Arrendamento, ou
caso emita recibos manuais, envie a modelo 44 com o valor das rendas recebidas.
Com esses dados, a dedução é atribuída de forma automática.

Lares
São apenas passíveis de dedução despesas com lares, instituições de apoio à
terceira idade e residências para pessoas com deficiência (pais, avós, tios, irmãos ou
dependentes), que aufiram rendimentos até 7.798 euros anuais.

IVA
Pode ainda usufruir da devolução de 15% do montante do IVA suportado na aquisição
de bens e serviços relacionados com despesas de restauração e hotelaria, serviços
de estética e cabeleireiros, despesas com animais de estimação, e reparação de
automóveis e motociclos, até ao limite de 250 euros.

A atribuição deste benefício é automática, desde que todas as faturas estejam


corretamente registadas. Por isso, para que possa maximizar o seu benefício com a
devolução do IVA, não se esqueça de validar todas as faturas.

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10. Benefícios fiscais

Os benefícios fiscais podem contribuir significativamente para pagar menos imposto


ou ser bons aliados para aumentar o montante de IRS que pode receber.

10.1. O que são benefícios fiscais?


De acordo com o Código do IRS (CIRS) e com o Estatuto dos Benefícios Fiscais, estes
são isenções, reduções de taxas, deduções e “medidas de caráter excecional instituídas
para tutela de interesses públicos extra-fiscais relevantes que sejam superiores aos da
própria tributação que impedem”, que são dedutíveis à coleta e à matéria coletável.

As despesas com o seu automóvel, alimentação, cabeleireiro, pensão de alimentos,


Planos Poupança Reforma e seguros são considerados benefícios fiscais, uma vez que
essas despesas podem reduzir o imposto que paga em sede de IRS.

Os benefícios fiscais, porque contribuem para um desagravamento do imposto, são


também uma forma de poupar. Há benefícios fiscais de aplicação genérica e outros que
se aplicam apenas a determinados contribuintes e em situações específicas.

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10.2. Quais são os principais benefícios fiscais?

Os benefícios fiscais englobam isenções, reduções de taxas, deduções do IVA,


amortizações, que são subtraídos ao rendimento tributável, o que na prática se traduz
num desagravamento do imposto. Seguindo de perto o Guia Fiscal da Deloitte para 2019,
damos-lhe a conhecer alguns dos principais benefícios fiscais em sede de IRS.

Planos Poupança Reforma e Seguros


Planos Poupança Reforma (PPR)
O valor que entrega anualmente para alimentar o seu PPR é dedutível em sede de
IRS em 20%, cujos montantes máximos variam em função da idade. Até 35 anos
pode deduzir até 400 euros; entre 35 e 50 anos o limite máximo admitido é 350
euros e a partir dos 50 anos pode deduzir até 300 euros.

Certificados de Reforma (Regime Público de Capitalização)


Os certificados de reforma também contam com um benefício fiscal em sede de IRS,
que corresponde a uma dedução de uma parte do montante aplicado em planos
de reforma regidos pelo regime público de capitalização. Neste caso, o montante
máximo é igual para todos, independentemente da idade, e é de 20% até ao limite
de 350 euros.

Seguro de saúde e de vida


Além dos PPR, pode também obter benefícios fiscais no seguro de saúde, que são
dedutíveis em 10%, com o limite de 50 euros (ou 100 euros para casados). Existe
ainda um acréscimo de 25 euros por dependente.
No caso dos seguros de vida, os prémios anuais pagos não são dedutíveis em sede
de IRS para todos os contribuintes. Apenas podem conter um benefício fiscal para o
seu titular, no caso de contribuintes com deficiência ou trabalhadores de profissões
de desgaste rápido como, por exemplo, desportistas, pescadores, mineiros.
No caso dos cidadãos com alguma deficiência, é possível usufruir de um benefício
fiscal sob a forma de dedução de 25% do prémio, com um limite de 15% do coleta
de IRS, conforme estipula o artigo 87.º do CIRS. No caso dos contribuintes com
profissões de desgaste rápido podem deduzir os prémios do seguro de vida com o
limite de 2096,10 euros nos termos do artigo 27.º do CIRS.
Reabilitação Urbana
Os encargos suportados relacionados com reabilitação urbana de imóveis também
têm benefícios fiscais. Pode deduzir até 30% do seu valor até ao limite máximo de
500 euros.

Recapitalização de empresas
Os “business angels”, ou seja, os investidores individuais que aplicam o seu capital
em determinadas empresas - muito frequentemente em empresas que estão a
nascer e que apresentam elevado potencial de valorização - por meio de entrada
de capital em dinheiro, podem beneficiar de uma dedução de 20% desse valor com
o limite de 15% da respetiva coleta.

Dedução do IVA em faturas


O IVA de algumas despesas como manutenção e reparação de veículos,
alojamento, restauração, atividades de salões de cabeleireiro e institutos de
beleza proporcionam uma dedução de 15% do IVA pago no total das faturas até um
máximo de 250 euros.

Donativos
Se for solidário e doar uma parte dos seus rendimentos ou património sob a forma
de donativo, o Fisco ainda lhe devolve uma parte, uma vez que pode deduzir 25%
com o limite de 15% da coleta.

Pensão de alimentos
Outro dos benefícios fiscais que pode usufruir, se paga pensão de alimentos, é
através da possibilidade de deduzir 20% dos montantes pagos a que o contribuinte
esteja obrigado por sentença judicial ou por acordo homologado nos termos da lei
civil, com exceção das situações em que o seu beneficiário integre o mesmo agregado
familiar para efeitos fiscais.

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Aplicações financeiras
Aplicações a prazo

Os rendimentos provindos de aplicações a prazo, como é o caso do juro provindo de um


depósito a prazo, se emprestar o seu capital pelo menos durante 5 anos e o juro ou outra
remuneração pelo capital investido se vença no fim do período contratualizado, estão
isentos da tributação de 20% do rendimento se o vencimento ocorrer entre 5 e 8 anos;
se o vencimento ocorrer só a partir do oitavo ano, o valor de exclusão de tributação
sobre para 60%.

Contas-poupança de reformados

Os juros de contas-poupança para reformados estão isentas de juro para saldos de


conta inferiores a 10.500 euros.

Contas-poupança de emigrantes

Os juros de depósitos a prazo de contas para emigrantes têm uma retenção na fonte
inferior, estando sujeitas à taxa de 11,5% apenas sobre os juros de depósitos efetuados
até 31 de dezembro de 2007.

Propriedade literária, artística e científica


Também há benefícios fiscais destinados a cientistas e artistas. No caso da propriedade
literária, artística e científica, os rendimentos provenientes da alienação de obras
de arte de exemplar único e os rendimentos que advêm das obras de divulgação
pedagógica e científica, são tributados em apenas 50%, líquidos de outros benefícios,
se forem recebidos pelo titular original e se este residir em Portugal. Este benefício está
limitado a um montante total de 10.000 euros.

Isenção de IRS para trabalhadores destacados


Propuseram-lhe trabalhar no estrangeiro como profissional ou perito destacado? Sim,
pode ficar isento do pagamento do imposto. Os trabalhadores dependentes deslocados,
isto é, que exercem atividade temporariamente fora de Portugal estão isentos do
pagamento de IRS até ao limite de rendimento de 10.000 euros. No entanto, esta isenção
não é acumulável com outros benefícios fiscais aplicáveis a rendimentos do trabalho
dependente.

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11. Entregar IRS

Embora, em 2019, o prazo para entregar a declaração de IRS tenha sido alargado,
continua a ser importante conhecer bem todos os procedimentos.

No início do ano surgem sempre dúvidas sobre como entregar a declaração de IRS. Se há
aspetos que não mudam, outros há que se alteram com mais frequência. Por isso, será
sempre útil e pertinente estar atento.

Por exemplo, este ano há alterações dos prazos de entrega da declaração de IRS. É
casado ou vive em união de facto? Descubra se lhe é mais conveniente apresentar a
declaração conjunta ou separada, confira os anexos que tem que preencher e os passos
que deve seguir para entregar com sucesso a sua declaração de IRS.

11.1. Quais os prazos de entrega da declaração de IRS?


2019 trouxe alterações no prazo para entrega do IRS que passa a ser,
independentemente da categoria dos rendimentos - ou seja, se provêm do trabalho
dependente ou independente - de 1 de abril até 30 de junho.

Conta, assim, com um período de entrega único e dispõe de mais um mês para
poder declarar ao Fisco os seus rendimentos e as respetivas deduções.

Se estiver abrangido pelas declarações automáticas (IRS automático), só tem


que a confirmar nesse mesmo período. Se tiver dinheiro a receber, terá interesse
em entregar a sua declaração de IRS logo no início do prazo, pois assim poderá
também receber o reembolso mais cedo.

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11.2. Deve optar pela declaração conjunta ou separada?
No momento da entrega do IRS, uma dúvida que existe sempre é se tem mais vantagens
em apresentá-la conjuntamente com o seu cônjuge/companheiro ou separadamente.
Há vantagens e desvantagens e o melhor que tem a fazer para descobrir se lhe convém
ou não é simular antes de submeter a declaração.

Por exemplo, no caso de um dos membros do casal ganhar um rendimento muito


superior ao do outro, pode ser mais vantajosa a declaração conjunta, uma vez que as
taxas de imposto são progressivas, ou seja, paga mais imposto se tiver rendimentos
maiores.

Se optar pela declaração separada, só pode apresentar os seus rendimentos, deduzir as


suas próprias despesas e metade das despesas dos seus dependentes.

11.3. O que deve preencher?


A declaração de IRS, que fiscalmente é designada por Modelo 3, é composta por
uma folha de rosto, na qual procede à sua identificação, bem como do seu agregado
familiar e, mediante os seus rendimentos, deve adicionar os anexos que forem
adequados mediante o tipo de rendimentos de que dispõe, bem como o anexo H,
referente aos benefícios fiscais e que lhe pode desagravar o imposto.

11.4. Como aceder à sua declaração de IRS?


Para aceder à sua declaração de IRS, seja para a confirmar ou para a preencher, deve
seguir os seguintes passos: aceder ao Portal das Finanças, escolher a opção “Finanças
– Aceda aos serviços tributários”, depois deve escolher a opção “Serviços” no menu do
lado esquerdo, escolher na lista a opção “IRS” e depois “Entregar declaração”. Deverá
autenticar-se, selecionar “Preencher declaração” e depois escolher o ano a que respeita.
Pronto para os próximos passos?

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11.5. Como entregar a sua declaração de IRS?

Validar
Quando terminar o preenchimento da folha de rosto e anexos ou apenas quiser
confirmar o que o Fisco já preencheu por si no caso de usufruir da possibilidade de IRS
automático, deverá clicar no botão “Validar” que surge no cabeçalho da folha e verificar
todos os campos.

Tenha atenção a todos os tópicos relevantes para registar coisas na sua declaração de
IRS, como o registo dos benefícios fiscais com despesas como pensões de alimentos,
seguros, encargos com habitação como rendas.

Não se esqueça também, caso o deseje, de consignar 0,5% do seu IRS a uma entidade
que defenda uma causa em que acredite.

Simular
Após validar a sua declaração, deverá efetuar uma simulação para conhecer o montante
de imposto que irá pagar ou que poderá ter direito a ser reembolsado. Trata-se de uma
simulação da liquidação da declaração que deverá sempre efetuar, até mesmo para
detetar erros que o valor da simulação lhe pode suscitar se fugir ao padrão dos anos
anteriores e não conseguir justificar essa diferença. Poderá ser um sinal de que se
esqueceu de declarar alguma coisa.

Entregar
Após validar e efetuar a respetiva simulação da liquidação da declaração, é o momento
de a submeter para apreciação pela Autoridade Tributária (AT) através do botão verde
“Entregar”. E já está!

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A partir daqui é só esperar a confirmação por parte da AT que ateste a
receção da mesma. Recomendamos que imprima e guarde em suporte
papel ou digital uma cópia da declaração que entregou, para prevenir um
qualquer erro ou falha informática.

Comprovativos
No prazo de 48 horas após ter submetido a sua declaração, ficará
disponível na sua área reservada um comprovativo da AT que atesta a
entrega da declaração, ao qual deverá aceder e guardar.

Para isso, deve aceder ao Portal das Finanças dois dias após a
submissão da sua declaração de IRS e, dentro da sua área reservada
- isto é, após autenticar-se com o seu NIF e respetiva senha -,
escolher a opção “Obter comprovativos” que pode encontrar no menu
do lado esquerdo, escolher o respetivo ano e, finalmente, clicar em
“Comprovativo”.

Parabéns! Acaba de concluir uma das obrigações fiscais mais


importantes do ano para a maioria dos contribuintes.

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12. Corrigir o IRS

Podem ocorrer lapsos, erros ou omissões no preenchimento da declaração de IRS, que


só deteta depois de a ter submetido. Não se preocupe, pode alterá-la.

A Autoridade Tributária dá-lhe a possibilidade de voltar atrás, mesmo depois de


submeter a declaração de IRS se assim for necessário. Ou seja, se tiver detetado um
erro, um lapso, algo que não declarou e é obrigatório, pode corrigir a declaração que
enviou ao Fisco.

Esta funcionalidade é muito importante porque permite-lhe alterar elementos e assim


evitar, por exemplo, pagar mais imposto ou pagar multas por lapsos ou omissões.

12.1. O que é a declaração de substituição?


Os diversos dados que devem constar da sua declaração de rendimentos, bem como
dos respetivos anexos, podem conduzir a erros, falhas ou omissões. Por isso, se está
abrangido pelo IRS automático tem a vida facilitada, se não está terá de ter atenção
redobrada e ainda mais quando se trata da utilização de anexos mais invulgares e que
exigem um conhecimento técnico mais aprofundado.

Se for esse o seu caso e se detetou algum erro, antes de submeter uma nova declaração,
a declaração de substituição, valide primeiro os dados com um técnico da Autoridade
Tributária ou procure acompanhamento especializado.

Claro está, pode corrigir a declaração de IRS já submetida. Para isso deve proceder ao
envio de uma declaração de substituição. Uma declaração de substituição, conforme o
nome indica, é uma nova declaração que substitui a declaração inicialmente submetida
à Autoridade Tributária.

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12.2. Quando entregar a declaração de substituição?
Se tiver detetado algum erro ou lapso na declaração que entregou, a qual pode consultar
48 horas após a sua submissão, dispõe dos 30 dias para efetuar correções, sem qualquer
encargo. Para isso terá que aceder ao Portal das Finanças, autenticar-se através do
NIF e respetiva senha e, já na sua área reservada, escolher a opção “Cidadãos”, depois
“Entregar”, clicar em “Declarações”, escolher a opção “IRS”, selecionar o ano a que respeita
a declaração e, por fim, clicar em “Corrigir”.

Deve, seguidamente, identificar o(s) sujeito(s) passivo(s), fazer as correções que tiver por
convenientes e submeter a nova declaração, clicando em “Entregar”.

Prazos para a correção do IRS


Os prazos de envio da declaração de substituição são os que estão previstos no
artigo 59.º do Código de Procedimento e de Processo Tributário (CPPT).

Durante os 30 dias subsequentes à entrega da declaração de IRS

Se detetar o erro, lapso ou omissão dentro de 30 dias após 48 horas da submissão da


sua declaração de IRS, poderá proceder à sua correção, através da entrega de uma
declaração de substituição sem nenhuma penalização ou pagamento de multa. Este
prazo é considerado o prazo legal para efetuar alterações à sua declaração de IRS.

Durante os 30 dias seguintes após o mês subsequente à submissão da declaração


de IRS

Se detetar alguma incorreção nos 30 dias seguintes após ter terminado o prazo para
a apresentação da declaração de substituição livre de quaisquer ónus, ou seja, dois
meses após a entrega da sua declaração inicial, a Autoridade Tributária dá-lhe a
possibilidade de proceder às respetivas correções, mas com uma penalização. Terá
de desembolsar, pelo menos, 46,87 euros, o valor da coima reduzida.

Durante mais de 60 dias após a submissão da declaração

Se precisar de corrigir a sua declaração de IRS depois de decorridos mais de 60 dias


da sua submissão, também pode, mas terá de desembolsar, no mínimo, 93,75 euros.
12.3. Quais as penalizações por incumprimento dos prazos?
Nas situações em que a declaração de substituição é enviada após o prazo legal, tais
declarações podem ser submetidas mediante o pagamento de coimas. Mas há exceções
nos seguintes casos:

1. Quando não resulta da nova declaração um montante superior a pagar ou um


valor inferior do reembolso a receber;
2. E no novo acerto de contas que resultar da declaração de substituição se
apura que o erro, lapso ou omissão prejudica o contribuinte e a declaração
de substituição foi entregue no prazo de 120 dias após a receção da nota de
liquidação.

Coima reduzida
Os contribuintes que regularizem a sua situação fiscal nos 30 dias seguintes ao término
do prazo legal para o efeito terão de desembolsar, no mínimo, 46,87 euros.

De acordo com a Autoridade Tributária, “os contribuintes que regularizam


voluntariamente a sua situação beneficiam de uma coima reduzida calculada nos termos
do artigo 29º do Regime Geral de Infracções Tributárias (RGIT). Assim, neste caso, o valor
de 46,87 euros resulta da aplicação da alínea a) que prevê que o montante da coima
devida corresponde a 12,5% do montante mínimo da coima (375 euros) previsto no artigo
nº 119 do RGIT”.

Coima agravada
O valor da coima reduzida só é válido se o contribuinte efetuar o pagamento no prazo de
15 dias. Caso contrário, o contribuinte fica sujeito a uma coima que vai desde 375 euros
até 22.500 euros, a que acrescem as despesas associadas a encargos com o processo, de
acordo com o artigo 119.º do RGIT.

O montante da coima a pagar depende de várias variáveis, tais como:


1. Prazo decorrido até à regularização da infração;
2. Gravidade do facto;
3. Culpa do contribuinte;
4. Situação económica do contribuinte.

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Redação
Catarina Gonçalves
Viviane Soares

Revisão
Cátia Gonçalves

Editora
Ana Bárbara Matos

Coordenadora Editorial
Aline Soares

Diretor
www.e-konomista.pt

Nuno Soares

Paginação
Marina Pinto

Imagens e Ilustração
Getty Images

Título
Código do IRS: Guia Prático e Descomplicado

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Porto, Fevereiro de 2019

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