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CRIMINOLOGIA

Teorias do Crime

As teorias sociológicas da criminologia em sua essência buscam explicar quais as causas do


crime, por que parte da sociedade tende a praticar crimes, qual a sua origem no corpo social e a
reação da sociedade frente a ele.

Deste modo, temos dois grandes gêneros, a Teoria do Consenso e a Teoria do Conflito, onde
podemos dizer que as teorias do consenso estariam mais ligadas ao conservadorismo, já as do
conflito a movimentos revolucionários.

1) Teorias do Conflito

Afirma que o entendimento social decorre da imposição de alguns valores e sujeição de outros.
São teorias de cunho revolucionário, que partem da ideia de que os membros do grupo não
compartilham dos mesmos interesses da sociedade, e com isso o conflito seria natural, às vezes
até mesmo desejado, para que, quando controlado, leve a sociedade ao progresso.

São exemplos: Teoria Critica ou Radical e a do Etiquetamento (direito penal estigmatizador).

1.1) Teoria Critica ou Radical: Sustenta que a criminalidade da classe pobre são
questionadas/investigadas, no entanto, na classe alta isso não aconteceria. Parte da
ideia de que exista certa seletividade por parte do controle social para com os crimes
cometidos e seus autores.

Ou seja, a classe alta possui privilégios dentro da sociedade, em razão da seletividade do controle
social.

1.2) Teoria da Rotulação (Etiquetamento): Esta é marcada pela ideia de que as noções de
crime e criminoso são construídas socialmente a partir de uma definição imputada ao
sujeito, ou seja, uma espécie de etiqueta. O seu Modus operandi, seus antecedentes, suas
características, tatuagens, condições pessoais contribuiriam para que ele seja rotulado
como delinquente ou não. Segundo esse entendimento, a criminalidade não é uma
propriedade inerente a um sujeito, mas uma “etiqueta” atribuída a certos indivíduos
que a sociedade entende como delinquentes.
2) Teorias do Consenso

Sustentam que os objetivos da sociedade ocorrem quando há concordância com as regras de


convívio. Existindo harmonia entre as instituições, de modo que a sociedade compartilhe de
objetivos comuns e aceitem as normas vigentes, então a finalidade da sociedade será atingida. No
entanto, no momento em que um sujeito infringe alguma norma, automaticamente, torna-se
o único responsável pelo comportamento delinquente, devendo ser punido pelo mal causado.
São exemplos: Teoria da Anomia, Teoria da Associação Diferencial, Teoria da Desorganização
Social e a Teoria da Subcultura Delinquente.

2.1) Teoria da Anomia: A anomia é uma situação social em que há falta de coesão e ordem,
especialmente, no tocante a normas e valores sociais. Essa escassez resultaria em uma
sociedade levada a um estado de precariedade pela falta de ordem, de modo que cada um
seguiria suas próprias normas individuais. Segundo Émile Durkheim, um dos grandes precursores
desta teoria, em suas obras Da Divisão do Trabalho Social e em o O Suicídio, emprega o termo
para mostrar que algo na sociedade não esta funcionando de forma harmônica.

2.2) Teoria da Associação Diferencial: Desenvolvida pelo americano Edwin H. Sutherland. A


teoria propõe que o comportamento criminoso dos indivíduos tem sua gênese (inicio) pela
aprendizagem, bem como o contato com padrões de comportamento favoráveis à violação da
lei.

2.3) Teoria da Desorganização Social: Associada a perturbação da cultura existente por uma
mudança social, evidenciada por falha dos controles sociais tradicionais, confusões de papel,
códigos morais conflitantes e confiança em declínio nas instituições. É a perda de influência das
regras sociais de conduta existentes sobre os membros do grupo.

2.4) Teoria da Subcultura Delinquente: Consagrada na literatura de Albert Cohen: Delinquent


boys. Trata-se de um conceito importante dentro das sociedades complexas e diferenciadas
existentes no mundo contemporâneo, caracterizado pela pluralidade de classes, grupos, etnias e
raças. Esta teoria defende a existência de uma subcultura da violência, que faz com que
alguns grupos passem a aceitar a violência como um modo normal de resolver os conflitos
sociais. Sustenta que algumas subculturas, na verdade, valorizam a violência, e, assim como a
sociedade dominante impõe sanções àqueles que deixam de cumprir as leis, tratando com desdém
ou indiferença os indivíduos que não se adaptam aos padrões do grupo.
Prevenção de Delitos

Na prevenção criminal destacam-se três modelos: prevenção primária, secundária e terciária.

1. Prevenção Primária: Tem como objetivo principal o combate aos fatores indutores da
criminalidade antes que eles incidam sobre o indivíduo. Atua na raiz do delito, neutralizando
o problema antes que ele apareça.

* Comentário: Ampliação de acesso à educação, saneamento básico, moradias e condições dignas,


sempre voltadas à inserção social perpetradas, sobretudo, pelo Estado são exemplos de mecanismos
de prevenção primária. São políticas ou programas sociais voltados à neutralização das “causas da
criminalidade”, ostentando um perfil etiológico.

2. Prevenção Secundária: Consiste em medidas voltadas aos indivíduos predispostos a


praticar um delito. Tal forma de prevenção opera a médio e curto prazo e age quando e onde
ocorre o crime. A função primordial da prevenção secundária é, portanto, agir sobre os
grupos de risco, erradicando seu caráter potencializador.

* Comentário: Recaem especialmente sobre os chamados “protagonistas da problemática


criminal”. Extrai-se, pois, um claro viés seletivo em relação aos grupos considerados como aqueles
com maior risco de protagonizar a criminalidade. Sendo aplicadas, portanto, a PUNIÇÃO.

3. Prevenção Terciária: É a única das formas de prevenção que possui destinatário


identificável – o recluso – bem como objetivo certo – evitar sua reincidência. Opera, pois,
no âmbito penitenciário através de programas de reabilitação e ressocialização, buscando a
reinserção social e amparo à família do preso.

* Comentário: Voltamos aqui à perspectiva individual, mas essa prevenção recai diretamente sobre
o indivíduo que já cometeu delito, ou seja, visa a evitar a reincidência. Aqui reside a combinação –
em tese – de aspectos punitivos com os objetivos de ressocialização da execução penal.

Essas 3 (três) manifestações da prevenção, compõem o que é conhecido por alguns como modelo de
prevenção integral ou integrada, reunindo elementos sociais e situacionais.

Pela prevenção funcional, teríamos justamente políticas e programas sociais de enfrentamento a


situações consideradas como fomentadoras ou ambientes propícios à criminalidade, ao passo que a
prevenção situacional tem como foco primordial reduzir as chances para a perpetração do crime,
sem se interessar pelas causas do delito, mas tão somente pelas suas manifestações, arquitetando
programas que se limitam a neutralizar as oportunidades, deixando intactas as raízes do problema
criminal.

Esse modelo situacional de prevenção pode ser sintetizado no binômio:

I) Redução de oportunidades para a prática de delitos


II) Recrudescimento dos riscos para quem opta por delinquir.

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