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01-12 |2023
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COMO CITAR:
DOI: 10.54751/revistafoco.v16n2-037
Recebido em: 02 de Janeiro de 2023
Aceito em: 01 de Fevereiro de 2023
RESUMO
O presente trabalho intentou revisitar os fundamentos do Estado moderno, passando
pela formação dos Estados democráticos e constitucionais, para investigar em que
medida as esferas públicas na era digital podem influenciar a formação de consensos
nas democracias deliberativas contemporâneas. Nessa linha, o objetivo principal deste
trabalho é confrontar a evolução do conceito de democracia e as possibilidades de
participação ativa dos cidadãos, nos dias atuais, por meio do referencial teórico da ação
comunicativa de Habermas. Para tanto, pretende-se lançar um olhar realista e
compreensivo sobre a realidade social, considerando especialmente os dados colhidos
que comprovam a expansão das redes sociais na internet e dos dispositivos eletrônicos
no Brasil e no mundo. Optou-se pela utilização do método sociojurídico-crítico, pela
coleta de documentação indireta e criteriosa análise bibliográfica, para reflexão crítica
sobre a realidade atual da participação democrática dos cidadãos, especialmente na
seara da justiça e política. Ao final, foi possível concluir que, dentro do recorte temático,
mesmo reconhecendo sua ambivalência, complexidades e poder de colonização,
existem evidências que as novas tecnologias possuem capilaridade e caraterísticas
aptas a criar ambientes mais democráticos que permitam a efetivação da participação,
crítica e influência do cidadão nas decisões políticas e da justiça, por meio de ações
comunicativas mais igualitárias.
1 Mestrando em Direito e Instituições do Sistema de Justiça pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Rua do
Sol, nº 117, Centro, São Luís - MA, CEP: 65020-590. E-mail: frederik_bacellar@hotmail.com
2
Doutor em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade Federal de Pernambuco. Av. Prof.
Moraes Rego, 1235, Cidade Universitária, Recife - PE, CEP: 50670-901. E-mail: calguimaraes@yahoo.com.br
3
Mestrado profissional em Direito pela Universidade Ceuma. Rua Barão do Rio Branco, quadra 12, nº 100, Maranhão
Novo, Imperatriz - MA, CEP: 65903-093. E-mail: teomarioserejo@mpma.mp.br
ABSTRACT
The present work attempted to revisit the foundations of the modern State, going through
the formation of democratic and constitutional States, to investigate the extent to which
public spheres in the digital age can influence the formation of consensus in
contemporary deliberative democracies. In this line, the main objective of this work is to
confront the evolution of the concept of democracy and the possibilities of active
participation of citizens, nowadays, through the theoretical framework of Habermas'
communicative action. Therefore, it is intended to take a realistic and comprehensive
look at the social reality, especially considering the collected data that prove the
expansion of social networks on the internet and electronic devices in Brazil and in the
world. We opted for the use of the socio-juridical-critical method, for the collection of
indirect documentation and careful bibliographical analysis, for critical reflection on the
current reality of the democratic participation of citizens, especially in the fields of justice
and politics. In the end, it was possible to conclude that, within the thematic framework,
even recognizing its ambivalence, complexities and colonization power, there is
evidence that the new technologies have capillarity and characteristics capable of
creating more democratic environments that allow the effectiveness of participation,
criticism and influence of the citizen in political and justice decisions, through more
egalitarian communicative actions.
RESUMEN
El presente trabajo pretende revisitar los fundamentos del Estado moderno, pasando
por la formación de los Estados democráticos y constitucionales, para investigar hasta
qué punto las esferas públicas en la era digital pueden influir en la formación del
consenso en las democracias deliberativas contemporáneas. En esta línea, el objetivo
principal de este trabajo es afrontar la evolución del concepto de democracia y las
posibilidades de participación activa de los ciudadanos, en la actualidad, a través del
marco teórico de la acción comunicativa de Habermas. Para ello, se pretende lanzar
una mirada realista y comprensiva de la realidad social, considerando especialmente los
datos recogidos que prueban la expansión de las redes sociales en internet y
dispositivos electrónicos en Brasil y en el mundo. Optamos por utilizar el método socio-
jurídico-crítico, la recopilación de documentación indirecta y un cuidadoso análisis
bibliográfico, para la reflexión crítica sobre la realidad actual de la participación
democrática de los ciudadanos, especialmente en el ámbito de la justicia y la política. Al
final, fue posible concluir que, dentro del corte temático, aun reconociendo su
ambivalencia, complejidades y poder de colonización, hay evidencias de que las nuevas
tecnologías tienen capilaridad y características capaces de crear ambientes más
democráticos que permitan la efectiva participación, crítica e influencia de los
ciudadanos en las decisiones políticas y de justicia, a través de acciones comunicativas
más igualitarias.
1. Introdução
O presente artigo se propõe a revisitar a evolução histórica da formação
do Estado moderno até o atual cenário de sociedades tecnológicas complexas,
afirma que ainda não existe um método de pesquisa na área do Direito que se possa definir como
pronto e acabado.
6Para Rousseau (2011, p. 66) no pacto social “cada um de nós dispõe em comum da sua pessoa
e de todo o seu poder sob a suprema direção da vontade geral, e recebe, enquanto corpo, cada
membro como parte indivisível do todo”.
7 Para Habermas (1997) todo pensamento é formulado por meio de proposições, que necessitam
da mediação da linguagem para compreensão, atribuição de significados e transmissão das
ideias e representações.
8Neste ponto, para os fins deste artigo, com apoio em Recuero (2009), rede social é definida
como uma metáfora para verificar os padrões de conexão e interação entre diversos atores,
sendo, no ambiente virtual, apropriadas e estruturadas por meio de sistemas denominados sites.
9 No mesmo sentido Muller (2003, p. 63) defende ser imprescindível à legitimidade da democraciaa
prática dos direitos humanos, pela habilitação dos cidadãos a uma participação ativa.
4. Considerações Finais
Este artigo teve início com a apresentação das ideias centrais sobre o
surgimento do Estado moderno, dentro de um cenário social de profundas
modificações. Nesse momento inicial, o pensamento da escola contratualista
trabalha a ideia de uma vontade geral, unificada e presumida, capaz de
representar os anseios da coletividade dos cidadãos, permitindo a definição de
escolhas públicas que beneficiassem a todos.
Nesse caminhar, cada sociedade foi buscando alternativas e modos de
organização política, considerando a especificidades históricas de cada lugar,
que permitissem uma melhor organização dos interesses sociais e individuas,
visando cumprir a missão traçada no pacto social original: garantir a paz e a vida
em sociedade dos associados. Assim, surgiram os Estados democráticos com o
objetivo de garantir a participação dos cidadãos e o estabelecimento de um
controle social, sob o império da lei.
Contudo, com o gradativo aumento civilizatório, hoje, verifica-se que o
simples cumprimento formal das leis de organização do Estado não é suficiente
para a proteção dos direitos humanos, sendo necessária a formação de uma
democracia substancial, que permita e estimule a efetiva participação dos
cidadãos no trato dos assuntos públicos, reconhecendo a complexidade social,
as diferenças de classe e de modos de vida, abandonando de vez a ingênua
idealização de uma sociedade com interesses comuns únicos. Assim, reclama-
se a construção de uma democracia deliberativa de cunho procedimental, não
REFERÊNCIAS
PATELLA, Ana Paula Dupuy; PASE, Hemerson Luiz; BRILHANTE, Lígia Silva
de França. Neocontratualismo, direitos humanos e democracia substantiva.
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RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2009. 191
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SILVA, Rafael Rodrigues da. Brasil é o segundo país do mundo a passar mais
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