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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

GOIÂNIA, 19/07/2022

Docente: Dr. Frederico Henrique Galve Coelho da Rocha

Discente: Isadora Zago Santos Rodrigues (202204135)

RESENHA: “ANÁLISE DO PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO E DELIBERAÇÃO NA


FORMULAÇÃO DO ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA”

O autor do artigo faz uma introdução relembrando a teoria democrática deliberativa


brasileira nas décadas de 1990 e 2000, pontuando a baixa efetividade dos mecanismos de
participação, porém, buscando analisar o cenário atual de exercício da cidadania. Tais pontos
foram analisados a partir do caso específico da criação do Estatuto da Pessoa com Deficiência
que ocorreu mediante participação popular por diversos meios, destacando-se os processos que
aconteceram por meio do portal e-Democracia.

Para realização desse trabalho, Frederico Rocha, utiliza um método de rastreamento de


processos causais, chamado Process Tracing (CPT), com o qual é possível fazer o caminho
inverso do usual, isto é, a partir de um resultado observado é feito um estudo dos fatos e rastros
precedentes, assemelhando-se a uma investigação criminal, por exemplo. Esse método utilizado
tem a finalidade de comprovação de uma proposição feita por Jürgem Habermas que é também
o principal referencial teórico utilizado pelo autor.

Além disso, podemos observar uma diferenciação entre esfera pública formal e informal,
sendo a primeira constituída de espaços de deliberação oficiais, como a Câmara dos Deputados,
e a segunda espaços de deliberação do cotidiano, como conversas informais que temos com
amigos e familiares, porém, são apresentadas algumas perspectivas utilizadas por diferentes
autores acerca do tema. Também é necessário destacar que o conceito de democracia
deliberativa habermasiana versa sobre como a esfera pública é capaz de influenciar em sistemas
midiáticos e de comunicação, além de questões político-administrativas.

Sendo esses problemas de ordem empírica podemos observar tanto os reais impactos do
processo deliberativo em decisões políticas de maneira crítica, quanto como esse processo
democrático influência a comunicação de massas.
Outro ponto abordado no artigo trata da civilidade envolvida em processos deliberativos,
ou seja, a obrigatoriedade ou não do respeito mútuo dentro de um sistema democrático radical.
Também sabemos que o processo deliberativo recebe novos discursos constantemente, gerando
sempre novos embates e novas perspectivas. Nesse sentido, precisamos diferenciar discursos
retóricos e coercitivos, sendo necessária essa distinção para entender como o debate em esfera
pública pode funcionar a depender das partes que participam.

A teórica Carolyn Hendriks versa sobre a criação de um estudo espacial da sociedade


civil, com o intuito de dividir os cidadãos como diferentes atores políticos para gerar maior
participação. A autora também defende uma integração entre espaços para a plena efetivação
de uma democracia deliberativa, levando a ampla participação em questões de interesse público.

Tratando-se da metodologia utilizada por Frederico o Process Tracing foi utilizado


especificamente na análise da influência do portal e-Democracia na pauta do Estatuto da Pessoa
com Deficiência, seja identificando atores políticos até citações em discursos políticos. A partir
dessa análise específica pôde-se observar que a participação massiva virtual leva a maiores
chances de influência na formulação de leis. Vale ressaltar que essas participações vinham em
forma de propostas, defesas e respostas aos argumentos, buscando sempre o sucesso do
processo deliberativo.

Por fim, o autor do artigo argumenta que o estudo em questão se relacionou a formação
e manejo de esferas públicas políticas, tendo um público diversificado. Nesse caso, observou-
se pé de igualdade e liberdade na manifestação de ideias entre todos os envolvidos no processo.

Observando tudo que foi trabalhado e afirmado durante o artigo estudado, acredito que,
devido ao período histórico-político pelo qual o Brasil passava, a ampla participação no portal
e-Democracia teve grande efetividade, visto que, a presença da internet em muitos lares
brasileiros não é uma realidade. No entanto, infelizmente, no processo político de fake News e
extremismo de direita em que vivemos a utilização do portal não seria efetiva como ocorreu no
período da elaboração do Estatuto da Pessoa com Deficiência, quadro acarretado, também, pelo
imenso crescimento das redes sociais como meio de informação e emissão de opiniões sobre
temas políticos. Por isso, acredito que trata-se de uma importante ferramenta de participação
ampla, mas que deve ser reformulada para atender as demandas e questões contemporâneas,
utilizando outras redes sociais como meio de participação, por exemplo.

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