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Curso: CEGESP 2022 Turma 3

Disciplina: Transparência, Participação e Sistemas de Auditoria e Controle


Aluno: Josiel Jose Ribeiro Bezerra

Resenha de um artigo científico com o título “Transparência e acesso ao


controle social”, sendo seus autores: Emerson Carvalho de Lima e Francisco Carlos
Portela, publicado na Revista Controle, v. 17, n. 2, p. 364-392, jul./dez. 2019,
Fortaleza- Ceará.
O artigo expõe de forma clara e objetiva, uma abordagem sobre a criação de
ferramentas digitais, de forma mais específica o Portal da Transparência, que
surgem num contexto de novas demandas da população de maneira geral quanto a
uma postura ética dos gestores públicos, razão pela qual buscou-se alternativas
legislativas para que houvesse uma maior transparência na gestão pública e,
consequentemente, um maior controle das ações governamentais e dos gastos
públicos.
Com base na problemática apresentada, o autor buscou contextualizar sobre
transparência dos recursos públicos e aplicabilidade da lei da transparência dos
atos públicos, discorrendo sobre: contextualização sobre a transparência pública; a
diferenciação do conceito de transparência; o surgimento e a finalidade do portal
para a gestão pública; o gerenciamento das informações; e, por fim, a lei de
transparência pública e a sua aplicabilidade no contexto atual.
No subtópico Contextualização sobre a transparência pública foi expresso a
importância dessa metodologia que obrigam todas as entidades públicas a prestar
contas com a população, ampliando o controle e, por conseguinte tornando a
responsabilidade pública mais efetiva, assim sendo, proporcionar acesso ao cidadão
de maneira transparente por meio de portais eletrônicos e relatórios visa contribuir
com uma gestão mais eficaz. Para isso, vem ampliando-se a legislação com intuito
de pressionar e orientar os três níveis federativos buscando um maior envolvimento
social e transparência na gestão pública.
Dessa forma, transparência surge como ferramenta para que a população
possa acompanhar a gestão pública através da análise dos documentos e dos
planejamentos propostos, fazendo que sua ação contribua com o crescimento da
cidadania e da própria organização pública, contribuindo de certa maneira com a
redução dos desvios de verbas públicas estimulando a participação popular na
escolhas e direcionamento dos investimentos públicos.
A ampliação da transparência e inclusão da população no acompanhamento
da gestão pública, e em conjunto ao controle social, reforça-se o emprego de
métodos que restrinjam a propagação de interesses privados dentro da
administração pública, o que pode desvirtuar a aplicação de recursos públicos.
Outra abordagem no artigo foi quanto às necessidades para alcance de um
Estado Democrático de Direito, principalmente após a redemocratização, no qual é
explicitado a importância de disponibilizar aos cidadãos informações estratégicas do
Estado e de seu aparato administrativo, apresentar como ocorre a aplicação dos
recursos públicos oriundos do recolhimento de tributos. Sendo o compartilhamento
de informações viabilizada com a utilização de ferramentas tecnológicas, a fim de
que o alcance seja o maior possível, integrando o cidadão como elo fundamental no
sistema político.
No subitem, Os diferentes conceitos de Transparência, o autor expressou
várias conceituações e analisou a estrutura organizacional da transparência,
verificando sua efetividade através da proximidade entre governo e população.
Entretanto, outro ponto de vista foi expresso ao demonstrar diferenças nessa
efetividade, quando os cidadãos têm acesso aos dados relacionados à atividade
governamental, mas não existe concomitante capacidade de intervir no poder
decisório dos administradores públicos, citado como sendo “um cenário atinente à
democracia representativa e não revela caráter evoluído da política vigente”.
Em contrapartida ao conceito de transparência relacionado à temática do
governo eletrônico (e-gov), no qual são expostos dados públicos sem possibilidade
da população interferir nas decisões, surge uma nova modalidade de interação, a
governança digital entre cidadão e governo, forma de interação que aproxima os
contribuintes da gestão governamental, com a possibilidade de propor contribuições
para melhoria dos serviços públicos a partir de ferramentas tecnológicas
(computadores, smartphones etc.). Assim, governos podem priorizar as demandas
da população, alcançando uma melhor produtividade na aplicação dos recursos.
Nos tópicos sobre o surgimento e finalidade do Portal da Transparência foi
apresentado o histórico de surgimento da internet e da expansão e inovação
tecnológica e dos meios de comunicação conectados à rede mundial de
computadores, e nesse contexto o aparecimento das ferramentas de interação
como mecanismo de estabelecimento de canais efetivos de informação entre a
população e os governos.
Destaca-se ainda os benefícios econômicos para o país que possui em seu
arcabouço democrático, uma estrutura ambientada em um espaço tecnológico e de
caráter político, no qual ocorram interações entre os cidadãos e o seu governo
buscando uma maior efetividade dos serviços públicos. Sendo uma representação
desse espaço o Portal da Transparência, local fundamental para que o cidadão
utilize como elo de entendimento quanto à melhor destinação de recursos e sobre
que tipo de políticas públicas devem ser estimuladas por parte de seus governantes.
Na sessão sobre a evolução dos portais da transparência, cita-se o período
de criação do Portal da Transparência Brasil no ano de 2004, e do impacto na
criação dos demais portais no país, mantendo a máxima de incentivo ao controle
social na gestão pública através da disponibilização dos dados sobre os gastos
públicos, sendo desta forma um instrumento de prestação bde contas. Desde então,
com intuito de garantir aos Estados e Municípios condições para implementação e
expansão dos seus portais eletrônicos, o governo federal vem disponibilizando
meios para o incremento das funcionalidades técnicas necessárias.
No entanto, muito tempo transcorreu entre a criação do Portal da
Transparência Brasil e a obrigatoriedade de disponibilização das informações
públicas sobre orçamentos e finanças para todos os entes públicos, o que ocorreu
apenas no ano de 2009, posta em vigor em 2010, constituindo infração à Lei de
Responsabilidade Fiscal o descumprimento por parte dos gestores públicos que
deixem de implantar e atualizar de maneira mais ágeis seus portais da
transparência.
Ao longo do trabalho são expostas críticas positivas ao poder das
ferramentas eletrônicas na prática da transparência e, dessas, no incentivo ao
controle social por proporcionar à população o monitoramento dos gastos públicos e
a capacidade de intervir no direcionamento das políticas públicas, pontos que
teoricamente são indiscutíveis, mas expostos com uma abrangência otimista
quando observada na realidade a proporção da população que faz uso dessas
ferramentas, seja por desconhecimento ou limitações do cidadão em razão das
deficiências no sistema educacional, ou mesmo por falta de acesso aos meios
tecnológicos, pois, paradoxalmente, as políticas públicas de inclusão digital não
evoluem de forma a garantir acesso democrático a toda população, o que por si só
geraria incapacidade de participação de boa parte da população nesse processo de
acesso aos dados públicos, tampouco possibilitaria a essa parcela da população
excluída digitalmente, ter a capacidade de impactar na orientação das políticas
públicas em uma gestão.
Com base no trabalho estudado foi possível observar uma estrutura objetiva
do artigo, concomitante a uma exposição elucidativa amparadas em um amplo
referencial teórico expresso de forma coerente e concisa, possibilitou o
entendimento até mesmo para quem não possui conhecimento no tema abordado.
No entanto, em suma, seria importante que fosse apreciada na construção
das considerações finais do artigo uma abordagem sobre a necessidade de
implementação de políticas de inclusão digital como forma de buscar a expansão e,
consequentemente, maior impacto das ferramentas digitais de transparência na
participação popular e, assim estimular discussões sobre as ações dos agentes
governamentais e direcionamento das políticas públicas, além da conscientização
da importância do envolvimento dos cidadãos como forma de alteração no modelo
de democracia representativa vigente de forma predominante, para um sociedade
democrática participativa.

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