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Linha Editorial:

Como a Gestão Orçamentária influencia na imagem de uma


Instituição Pública

Jeziel Michenko (UNIFAMA)1

Resumo: Este artigo explora a evolução da gestão orçamentária no Brasil, desde a


centralização do poder nas finanças públicas até a promulgação da "Constituição Cidadã" de
1988, que estabeleceu princípios democráticos e transparentes na alocação de recursos.
Destacando a importância da gestão responsável e da transparência financeira na construção
de uma sociedade justa e confiável. A transparência orçamentária é uma poderosa ferramenta
na luta contra a corrupção e no aprimoramento dos serviços públicos, promovendo a
confiança dos cidadãos nas instituições públicas. Por outro lado, uma má gestão orçamentária
pode resultar em desperdício de recursos, endividamento excessivo, falta de investimentos em
áreas essenciais e instabilidade econômica. A falta de confiança nas instituições públicas mina
a participação cívica e prejudica o desenvolvimento socioeconômico. Restaurar a confiança
da população exige esforços substanciais em termos de transparência, responsabilidade e
gestão financeira responsável. Desta forma, a gestão orçamentária eficaz desempenha um
papel fundamental na governança responsável e no desenvolvimento sustentável, promovendo
a confiança, a eficiência e a qualidade dos serviços públicos.

Palavras-chave: Confiança; Contabilidade Pública; Gestão Orçamentária.

Abstract: This article explores the evolution of budget management in Brazil, from the
centralization of power in public finances to the promulgation of the "Citizen Constitution" of
1988, which established democratic and transparent principles in the allocation of resources.
Highlighting the importance of responsible management and financial transparency in
building a fair and trustworthy society. Budget transparency is a powerful tool in the fight
against corruption and improving public services, promoting citizens' trust in public
institutions. On the other hand, poor budget management can result in wasted resources,
1
Jeziel Michenko. Acadêmico cursando o 8º semestre do curso de Ciências Contábeis da Faculdade (UNIFAMA,
Guarantã do Norte-MT, 2023).
1
excessive debt, lack of investment in essential areas and economic instability. Lack of trust in
public institutions undermines civic participation and harms socioeconomic development.
Restoring public trust requires substantial efforts in terms of transparency, accountability and
responsible financial management. In this way, effective budget management plays a
fundamental role in responsible governance and sustainable development, promoting trust,
efficiency and quality in public services.

Keyword: Budget Management; Public Accounting; Trust

1. INTRODUÇÃO
A gestão orçamentária desempenha um papel central na administração pública, moldando não
apenas a alocação de recursos financeiros, mas também a percepção e a visão que a sociedade
tem sobre os órgãos públicos. Em um contexto em que a eficiência e a accountability são cada
vez mais valorizadas, a forma como as organizações governamentais planejam, executam e
comunicam seus orçamentos tem um impacto profundo na confiança do público, na
legitimidade das instituições e, consequentemente, na qualidade dos serviços prestados.

Na trajetória histórica do Brasil, a gestão orçamentária e a transparência financeira emergem


como elementos cruciais para a construção de uma sociedade mais justa e democrática. Desde
os tempos coloniais, quando as finanças públicas eram rudimentares e centralizadas, até os
dias atuais, marcados por avanços significativos na legislação e na cultura de prestação de
contas, esta jornada de evolução tem moldado não apenas a contabilidade pública, mas
também a confiança do cidadão nas instituições governamentais.

Neste artigo, exploramos a sua transformação no Brasil, desde sua centralização no passado
até a promulgação da "Constituição Cidadã" de 1988, que estabeleceu as bases para uma
abordagem mais democrática e transparente. À medida que mergulhamos na discussão sobre
as consequências de uma má gestão orçamentária, abordamos a quebra de confiança nas
instituições públicas como uma consequência significativa, que pode minar a democracia e
prejudicar a capacidade do governo de agir de forma eficaz.

Neste sentido, este artigo destaca a importância crucial da gestão orçamentária responsável e
da transparência financeira na construção de uma sociedade mais justa, participativa e
confiável. Através de uma análise profunda desses temas, esperamos fornecer insights
2
valiosos sobre como a sua eficácia pode moldar o presente e o futuro do Brasil, promovendo o
bem-estar de todos os cidadãos.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2. Da Gestão Orçamentária

No Brasil colonial, o sistema contábil era rudimentar e muitas vezes desorganizado. Com o
passar dos anos e o crescimento do país, houve uma maior necessidade de gestão eficaz, tendo
passado por diversas transformações ao longo da história do Brasil. Antes da Constituição de
1988, o país tinha um modelo orçamentário centralizado, onde o Executivo detinha grande
poder na alocação de recursos, com pouca participação do Legislativo e da sociedade civil.

Assim descrito conforme pesquisa desenvolvida pelo método de abordagem qualitativa com
meios bibliográficos e telematizados. Segundo estudo feito pelo Projeto Maxwell (PUC- Rio,
2006), “A pesquisa é bibliográfica e telematizada pela utilização de teses, dissertações,
artigos, livros, jornais e sites na internet para desenvolver e suportar os objetivos propostos
neste estudo.”, o que abrange uma vasta gama de informações utilizadas no estudo a respeito
da gestão orçamentária.

De acordo com Ribeiro (2004, p.99) “a preocupação com o controle, em seu sentido mais
amplo, embora em alguns casos de forma bastante superficial, sempre esteve presente nos
textos constitucionais brasileiros”, porém, a atuação dos órgãos de controle era voltada, quase
que basicamente, a aspectos formalísticos.

Conforme a criação da Constituição de 1988, conhecida como "Constituição Cidadã", houve


um marco fundamental, tanto para a Gestão Orçamentária quanto para a Contabilidade
Pública, como dito por Peixoto (2023). Que teve muitos princípios democráticos e
participativos estabelecidos pela Constituição, incluindo a obrigatoriedade de elaboração do
Plano Plurianual (PPA), da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária
Anual (LOA). Essas mudanças garantiram maior transparência e participação pública no
processo de alocação de recursos.

A Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101/2000) foi outra legislação crucial.
A Lei estabeleceu regras rígidas para o controle dos gastos públicos, limitando a capacidade
de endividamento dos governos, impondo metas de resultado fiscal e estabelecendo
mecanismos de responsabilidade na gestão dos recursos públicos.

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Conforme a Lei Complementar 101/2000, o processo orçamentário envolve a elaboração do
Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual
(LOA). O PPA define as diretrizes, metas e objetivos do governo para um período de quatro
anos. A LDO estabelece as regras e metas para a elaboração do orçamento do ano seguinte,
enquanto a LOA detalha o orçamento propriamente dito.

A gestão orçamentária no Brasil também é influenciada por órgãos como o Ministério da


Economia e o Tribunal de Contas da União (Lei 4.320/64), que desempenham papéis cruciais
na fiscalização e controle dos gastos públicos conforme.

É importante ressaltar que é um processo contínuo de planejamento, execução,


acompanhamento e avaliação dos recursos públicos, com o objetivo de garantir a
transparência, eficiência e eficácia na utilização desses recursos em benefício da sociedade.
Ela tem evoluído ao longo do tempo para se adequar às necessidades e desafios do país.
Assim, a relação entre a Contabilidade Pública e a Gestão Orçamentária no Brasil é uma
história de evolução e aprimoramento. Ao longo do tempo, o país adotou medidas
significativas para tornar a gestão pública mais transparente, responsável e alinhada com
princípios democráticos. Essa relação continua a se desenvolver à medida que o Brasil busca
garantir uma gestão eficaz e benéfica para todos os cidadãos.

2.1. Da Transparência Orçamentária

A transparência orçamentária assume um papel central, tornando-se uma ferramenta poderosa


na luta contra a corrupção, na eficiência da distribuição de recursos e na aprimoração da
qualidade dos serviços públicos. Sua gestão desempenha um papel crucial no âmbito das
entidades governamentais, influenciando não apenas como os recursos financeiros são
distribuídos, mas também como a sociedade enxerga essas instituições públicas.

A má gestão na contabilidade pública frequentemente se traduz nas dificuldades que os


cidadãos e partes interessadas têm em acompanhar como o dinheiro público está sendo gasto.
A ausência de prestação de contas, o que a literatura denomina de accountability (Silva,
2009), dificulta a responsabilização dos governantes pelas decisões financeiras.

Numa abordagem, Silva (2009) descreve que:

“A transparência tem como objetivo garantir a todos os cidadãos, individualmente,


por meio de diversas formas em que costumam se organizar, acesso às informações
que explicitam as ações a serem praticadas pelos governantes, as em andamento e as

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executadas em períodos anteriores, quando prevê ampla divulgação, inclusive por
meios eletrônicos e divulgação de audiências públicas, dos planos, diretrizes
orçamentárias, orçamentos, relatórios periódicos da execução orçamentária e da
gestão fiscal, bem como das prestações de contas e pareceres prévios emitidos pelos
tribunais de contas (SILVA, 2009, p. 10).”

Tanto a confiança dos cidadãos nas instituições públicas, quanto o desenvolvimento


socioeconômico do país é minado e corroído pela corrupção, que é um flagelo que afeta
grandemente inúmeras nações. É aqui que o ato de apresentar os dado ao público emerge
como uma ferramenta eficaz de prevenção, detecção e responsabilização, nos últimos anos, a
sua importância no contexto do setor público tem sido cada vez mais enfatizada em nações
que apoiam a democracia e buscam garantir que os cidadãos tenham acesso a informações
sobre as atividades dos contadores públicos (Justice, Melitski e Smith, 2006).

Primeiramente, a divulgação aberta de informações sobre gastos governamentais, contratos e


licitações dificulta sobremaneira a ação de funcionários públicos corruptos, tornando mais
difícil que desviem recursos sem serem detectados. Quando os cidadãos podem monitorar
como o dinheiro público é gasto, as chances de irregularidades diminuem substancialmente, é
fundamental que todas as ações dos contadores públicos sejam transparentes, de modo que os
cidadãos possam ter acesso às informações e entender o que os gestores do governo estão
fazendo com base na autoridade que lhes foi concedida para representar o interesse público
(Cruz, Silva e Santos, 2009).

A transparência orçamentária também desempenha um papel crucial na detecção da


corrupção, com dados acessíveis ao público e análises independentes de jornalistas,
organizações da sociedade civil e órgãos de controle, irregularidades financeiras e contratuais
podem ser expostas rapidamente, desencadeando investigações e medidas corretivas.

A responsabilização dos envolvidos em casos de corrupção perante a lei se torna mais eficaz
quando há exposição pública desses casos. Isso cria pressão para que os responsáveis
enfrentem as consequências legais, promovendo uma cultura de integridade e
responsabilidade no serviço público.

No processo orçamentário e na contabilidade pública é essencial para garantir que os recursos


públicos sejam utilizados de maneira eficiente e direcionados para áreas prioritárias, isso não
apenas reflete o respeito pelas necessidades da sociedade, mas também aumenta a confiança
dos cidadãos nas instituições públicas.

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A divulgação das informações permite que os cidadãos influenciam as decisões do governo,
direcionando os recursos para áreas que consideram mais importantes, como educação, saúde
e infraestrutura, assim promovendo um orçamento mais alinhado com as necessidades da
população. O direito que os cidadãos têm para acesso às informações públicas é assegurado
pela Constituição Federal de 1988 que diz:

“todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado;” (Brasil, 1988)

Sabendo que suas ações estão sob escrutínio público, os governos são incentivados a cortar
gastos desnecessários e otimizar a utilização dos recursos disponíveis, buscando uma gestão
financeira mais eficiente.

A accountability fiscal também é fundamental para que os contribuintes entendam como seu
dinheiro é gasto, o que fomenta uma cultura de responsabilidade fiscal e uma maior
compreensão das políticas governamentais.

Ao monitorar a qualidade dos serviços públicos, como escolas e hospitais, os cidadãos podem
influenciar positivamente as políticas governamentais. A exposição pública dos resultados dos
serviços cria pressão para melhorias na qualidade e na eficácia.

A transparência não se limita apenas ao orçamento, mas também se estende à prestação de


serviços públicos. Indo além do escopo do orçamento e abrangendo igualmente a entrega de
serviços públicos. Quando os detalhes sobre esses serviços são abertos e acessíveis, os
cidadãos têm a capacidade de avaliar o nível de qualidade e eficácia dos mesmos, como dito
por Gomes Filho (2005).

Os prestadores de serviços públicos também são responsabilizados de forma mais eficaz desta
maneira. Quando os resultados são públicos, eles têm um incentivo adicional para oferecer
serviços de alta qualidade.

A transparência, por fim, promove a participação cidadã na melhoria dos serviços públicos,
envolvendo os cidadãos nas discussões sobre políticas públicas e na avaliação do desempenho
governamental.

Em síntese, é um pilar fundamental na gestão e contabilização pública, influenciando a


percepção da sociedade sobre os órgãos governamentais. Ela não apenas combate a

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corrupção, mas também promove a eficiência na alocação de recursos e a melhoria da
qualidade dos serviços públicos. Silva (2009) afirma que, ao empoderar os cidadãos com
informações e ferramentas para influenciar positivamente a governança, molda-se uma visão
mais positiva e confiável dos órgãos públicos, fortalecendo a democracia e a
responsabilização.

2.2. Das Consequências de uma má gestão orçamentária

A gestão orçamentária é um elemento fundamental na administração de recursos financeiros,


desempenhando um papel crucial em organizações, empresas e governos. Quando executada
com eficiência e responsabilidade, a gestão possui o potencial de impulsionar o
desenvolvimento econômico e social, contudo, é igualmente verdade que se efetuada de forma
incorreta pode resultar em sérias consequências negativas, que afetam não apenas a entidade
em questão, mas também a sociedade em sua totalidade.

Uma das possíveis consequências mais visíveis e prejudiciais para um governo é o


desperdício de recursos. Quando os gastos são mal planejados, ineficientes ou direcionados
para áreas desnecessárias, os fundos públicos ou corporativos são dissipados, comprometendo
a capacidade de investir em setores críticos, tais como saúde, educação e infraestrutura, como
dito por Krafuni (2015). Esse desperdício não vai apenas minar a eficácia dos serviços
prestados, mas também pode impactar diretamente a qualidade de vida dos cidadãos. Portanto,
a má gestão frequentemente está associada a um endividamento excessivo como firmado no
estudo feito por Corbari (2008). O desequilíbrio crônico entre receitas e despesas pode
resultar em um aumento da dívida, acarretando em encargos financeiros onerosos. Esse
cenário não apenas consome recursos valiosos em juros, mas também pode tornar difícil o
acesso a financiamentos futuros, criando uma carga de dívida insustentável que recai sobre as
gerações futuras.

A falta de investimentos em setores essenciais é outra consequência preocupante, quando os


recursos não são alocados de maneira adequada, áreas críticas podem ser negligenciadas,
comprometendo a qualidade dos serviços públicos (Krafuni, 2015). Essa negligência afeta
diretamente a saúde, a educação e a segurança da população, prejudicando o desenvolvimento
socioeconômico.

Segundo Codato, et al. (2018), uma má gestão orçamentária também pode contribuir para a
instabilidade econômica. Decisões orçamentárias inadequadas podem resultar em flutuações
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na inflação, no crescimento econômico e no desemprego, afetando negativamente a confiança
dos cidadãos na economia e sua qualidade de vida.

Sendo assim, uma gestão orçamentária deficiente não prejudica apenas a entidade
responsável, mas também tem sérios impactos na sociedade como um todo, portanto, é crucial
que governos, organizações e empresas adotem essas práticas responsáveis. Ao fazê-lo,
podem evitar essas consequências negativas e promover o uso eficiente e eficaz dos recursos
financeiros, contribuindo para o bem-estar socioeconômico de suas comunidades e nações.

2.3. Da Quebra de Confiança nas Instituições Públicas

Quando mal executada a gestão, pode ocorrer uma série de problemas que afetam não apenas
as entidades públicas, mas também a sociedade como um todo. A quebra de confiança da
população é uma das consequências mais significativas da má execução na contabilidade
pública. A forma como as finanças públicas são gerenciadas desempenha um papel crucial
nessa confiança, que é um pilar fundamental na relação entre o governo e os cidadãos.

Os cidadãos podem se sentirem desanimados e desengajados na participação cívica quando


não confiam no governo. Eles podem se tornar apáticos em relação às eleições e outras formas
de envolvimento político. Eles podem se tornar desiludidos com os processos democráticos e
acreditar que as instituições políticas estão desconectadas de suas necessidades e
preocupações, como aponta o estudo feito por Moisés e Meneguello (2016) através do Centro
de Estudo de Opinião Pública.

Sem o apoio da população, torna-se difícil para o governo implementar políticas públicas
eficazes. Quando os cidadãos percebem que os recursos públicos não são gerenciados de
forma responsável, eles podem sentir que seus impostos estão sendo desperdiçados. Essa
percepção aumenta a resistência à carga fiscal e à aprovação de medidas que exijam mais
recursos financeiros, impactando negativamente a capacidade do governo de financiar
projetos essenciais.

Quando os cidadãos percebem que o governo não está atendendo às suas necessidades, não
está sendo transparente para o povo ou está envolvido em práticas corruptas, o
descontentamento pode crescer. Os protestos muitas vezes se tornam um meio de expressar
essa insatisfação e de chamar a atenção para questões importantes. É importante destacar que
o fortalecimento da cidadania e a consolidação do controle social como elementos

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significativos na luta contra a corrupção no país dependem de fatores cruciais, como a
transparência e a educação (Mendes, Oleiro e Quitana, 2008)

A instabilidade social e a falta de confiança nas instituições podem dificultar a capacidade do


governo de tomar decisões eficazes e implementar políticas públicas e minando a legitimidade
do governo. A liderança política pode se encontrar constantemente em modo de resposta a
crises e protestos, em vez de se concentrar em questões de longo prazo, como mostrado por
Carvalho (2002). Os cidadãos podem começar a questionar a autoridade do governo e até
mesmo sua legalidade, o que pode ter implicações sérias para a estabilidade política.

A quebra de confiança da população devido à má execução na contabilidade pública é


prejudicial tanto para o governo quanto para a sociedade como um todo. O que exige esforços
significativos em termos de transparência, responsabilidade e uma gestão financeira
responsável para poder recuperar o apoio dos cidadãos. A reconstrução da ponte entre as
instituições públicas e o povo é um processo gradual, mas fundamental para uma democracia
saudável e um governo eficaz.

Sendo assim, a relação entre a desconfiança nas instituições governamentais, protestos e


instabilidade social é complexa e multifacetada. A confiança é um componente essencial da
governança eficaz e da coesão social, e a restauração dela requer esforços substanciais por
parte dos governos, incluindo ações concretas para abordar as preocupações da população e
promover uma maior visibilidade e responsabilidade ao público.

3.0 CONCLUSÃO

Conforme dito anteriormente, a gestão orçamentária desempenha um papel fundamental na


administração de recursos públicos, com repercussões profundas tanto para as instituições
governamentais quanto para a sociedade em geral. A história da gestão no Brasil é uma
narrativa de evolução e aprimoramento, com marcos como a Constituição de 1988 e a Lei de
Responsabilidade Fiscal que estabeleceram princípios democráticos, transparência e
responsabilidade na alocação de recursos.

A transparência emerge como uma poderosa ferramenta na luta contra a corrupção, no


aprimoramento da qualidade dos serviços públicos e na promoção da confiança dos cidadãos
nas instituições governamentais. A divulgação aberta de informações sobre gastos
governamentais não apenas dificulta a ação de funcionários públicos corruptos, mas também
capacita os cidadãos a monitorar e influenciar o uso dos recursos públicos de maneira mais
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eficaz.
Por outro lado, uma má gestão orçamentária pode resultar em desperdício de recursos,
endividamento excessivo, falta de investimentos em áreas essenciais e instabilidade
econômica. A falta de confiança nas instituições públicas, decorrente de uma má execução na
contabilidade pública, mina a participação cívica, prejudica o desenvolvimento
socioeconômico e torna desafiador para o governo implementar políticas públicas eficazes.
Restaurar a confiança da população exige esforços substanciais em termos de transparência,
responsabilidade e gestão financeira responsável. A reconstrução da relação entre o governo e
o povo é essencial para uma democracia saudável e um governo eficaz.

Em última análise, a gestão orçamentária eficaz é um pilar da governança responsável e do


desenvolvimento sustentável. Ao adotar práticas responsáveis na administração de recursos
públicos, governos, organizações e empresas contribuem para o bem-estar socioeconômico de
suas comunidades e nações, promovendo a confiança, a eficiência e a qualidade dos serviços
públicos.

REFERÊNCIAS

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