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Neves e Pedra (2023) esclarecem que o conceito de governo digital é orientado para a
simplificação dos serviços públicos, proporcionando sua disponibilização
eletronicamente, inclusive através de aplicativos móveis, e ampliando a interação com a
comunidade. Isso inclui a expansão de métodos que permitam a participação popular na
gestão administrativa.
Segundo Diniz et al. (2009), o governo digital é definido pelo uso intensivo das Tecnologias
da Informação e Comunicação (TICs), mas sua abrangência vai além, englobando a
modernização do Estado, o aprimoramento da eficiência operacional e a oferta de
serviços públicos digitais por meio da internet. Essa visão é enriquecida pela
incorporação de ideias de diversos teóricos que vinculam tal conceito à transformação do
Estado.
Por outro lado, Ferrer (2007) considera o governo digital como uma ferramenta para a
modernização da administração pública, que depende substancialmente da alteração na
gestão. Para ele, a implementação do governo digital deve estar inserida em uma política
mais abrangente de melhorias estatais, que inclui a análise e reformulação de processos,
revisão do marco regulatório, reestruturação da organização administrativa do governo e a
redefinição das relações entre os entes estatais e a sociedade civil, entre outros
aspectos.
Importante destacar o estudo bem estruturado realizado por Janowski, (2015) acerca da
progressão do conceito do Governo Digital ao longo do tempo, evidenciando as diversas
etapas de seu desenvolvimento. A trajetória dessa evolução é elucidada por meio de um
esquema que compreende quatro fases distintas, cada qual simbolizando um passo
significativo na aplicação de tecnologias no âmbito governamental. A seguir, delineamos
cada uma dessas fases:
Cada uma dessas fases demonstra um avanço na maneira como o governo implementa a
tecnologia, evoluindo de uma perspectiva centrada na eficiência interna para uma
abordagem mais abrangente que valoriza a participação cidadã, a transparência e a
personalização dos serviços. A progressão do Governo Digital é um processo ininterrupto,
estimulado por avanços tecnológicos e pela demanda crescente da sociedade por
governos mais abertos, responsáveis e inclusivos.
Carvalho, (2020), destaca que o alicerce do governo digital repousa sobre três pilares
fundamentais: transparência, inovação e confiança. Esses pilares são cruciais pois
encapsulam os objetivos centrais dessa abordagem, fornecendo uma diretriz essencial
tanto para a criação quanto para a avaliação de políticas públicas. Além disso, esses
princípios são indispensáveis para a análise legal das medidas adotadas no âmbito do
governo digital.
Dessa forma, para que haja transparência nas políticas de governo digital, é essencial que
haja um comprometimento total com as necessidades dos cidadãos e as demandas da
sociedade. Esse compromisso deve ser um elemento fundamental na divulgação de
informações públicas, na prestação de contas e na forma como o governo interage com a
população, abrangendo desde o momento inicial de criação e estruturação de políticas e
serviços públicos até a entrega final desses serviços e políticas. O objetivo principal é
melhorar a administração pública e a qualidade dos serviços oferecidos, focando na
avaliação contínua da satisfação dos usuários e adaptando-se conforme necessário para
atender às suas expectativas e necessidades (CARVALHO, 2020).
O princípio da inovação, por sua natureza, demanda uma constante reavaliação das
práticas existentes e encoraja uma cultura de experimentação dentro da administração
pública. Para tal, é imprescindível uma transformação cultural que se apoie na
implementação de incentivos institucionais, os quais facilitam que os administradores
públicos adotem abordagens inovadoras. Essencialmente, é vital que esses gestores
sejam dotados de uma segurança jurídica robusta, que respalde suas decisões,
incentivando assim a introdução de soluções criativas no gerenciamento público
(CARVALHO, 2020).
Segundo Santos et al. (2017), a inovação é definida pela adoção intencional de novos
métodos sociais e tecnológicos que se alinham aos objetivos e funções de uma
organização, com um enfoque particular no domínio público. Esta não se limita somente
à implementação de tecnologias de informação e comunicação (TICs), que revolucionam
os serviços e geram novas oportunidades de crescimento, mas também se caracteriza
por sua abordagem interorganizacional e cooperativa. Considera-se a inovação como um
fenômeno que ultrapassa os limites internos das organizações, promovendo o
intercâmbio de dados e saberes entre várias instituições, visando a duplicação de
resultados positivos e o aprimoramento dos serviços públicos.
escolha por implementar inovações no setor público deve ser acompanhada de uma
cuidadosa análise dos riscos envolvidos, do alinhamento com a missão institucional e
dos efeitos sociais decorrentes dessa mudança. Isso se deve ao fato de que, em virtude
da primazia dos interesses da coletividade, não é suficiente que a inovação atenda
somente aos objetivos empresariais. A tomada de decisão para promover uma inovação
deve estar intrinsecamente ligada ao benefício comum. Assim, torna-se crucial avaliar as
repercussões que a inovação pode ter após sua aplicação, conforme destacado por
Oliveira e Santos Júnior (2017). Este processo de avaliação assegura que as inovações
não apenas avancem em termos de eficiência e eficácia, mas que também contribuam
positivamente para a sociedade como um todo.
A seguir, com fundamento nas pesquisas conduzidas por Marques et al. (2020), é
apresentado o Quadro 4, que sintetiza as principais obstruções à inovação, além de
enfatizar os desafios que necessitam ser vencidos.
Inclusão Digital: Assegurar que a inclusão digital seja indissociável do governo eletrônico,
promovendo o acesso universal aos serviços digitais.
Software Livre: Utilizar software livre como recurso estratégico, visando economia e
flexibilidade.
5. Fiscalização e Controle
estabeleçam uma cultura no setor público que valorize e priorize o uso de dados na
tomada de decisões; e
Essas recomendações visam não apenas a melhoria da eficiência e eficácia dos serviços
governamentais, mas também a fortificação da relação de confiança entre os cidadãos e
o governo, através da garantia de maior segurança e privacidade das informações digitais.
2. Co-criação de serviços públicos: Uma parceria entre governo, sociedade civil e setor
privado - Incentivar a participação de múltiplas partes interessadas na concepção e
implementação de serviços públicos é vital. Através de laboratórios de inovação cívica e
parcerias público-privadas, o governo digital buscará fomentar um ambiente de co-
criação, onde soluções inovadoras para desafios públicos possam emergir. Isso inclui a
utilização de hackathons, crowdsourcing e outras formas de inovação aberta para gerar
ideias e soluções que atendam melhor às necessidades da população.
3. Cultura orientada a dados: O poder dos dados para uma gestão eficiente - A adoção de
uma cultura orientada a dados no setor público é essencial para uma tomada de decisão
baseada em evidências. Isso implica na implementação de políticas de dados abertos,
bem como no desenvolvimento de competências analíticas avançadas dentro do
governo. Ferramentas de big data e inteligência artificial serão utilizadas para analisar
grandes volumes de dados, permitindo uma gestão mais eficaz e a personalização de
serviços públicos.