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RESUMO
ABSTRACT
Frise-se ainda que a utilização dessas tecnologias favorece a gestão que visa a
competência administrativa e de gestão, com formas eficazes de redução dos custos e
eficiência na resolução de problemas que envolvam questões políticas e burocráticas.
Seguindo esta tendência, é importante observar que diversas questões
burocráticas hoje já são desempenhadas de forma automatizada e digitalizada, com
informações sendo disponibilizadas em tempo real para o cidadão, que acompanha tudo
sem precisar sair de casa.
Um dos exemplos mais abrangentes da aplicação dessas tecnologias ao
ambiente de gestão pública está na implementação nacional do PJE (Processo Judicial
Eletrônico), que através de um sistema quase que completamente eletrônico, permite o
amplo acesso à Justiça, com redução do formalismo e da burocracia, aproximando o
organismo estatal da população.
No caso supracitado, o sistema de peticionamento eletrônico possibilita o amplo
acesso a informação sobre processos judiciais, não somente ao advogado, mas também as
partes que podem ficar ciente de forma mais ágil ao andamento dado pelo Judiciário ao
litigio.
Outra forma de aplicação dessas novas tecnologias e que se mostra bastante
eficiente, ocorre no caso das ouvidorias dos órgãos públicos, onde o cidadão, através do
meio eletrônico, pode participar diretamente da administração, dando opiniões e/ou fazendo
reclamações, ampliando o modelo de gestão participativa.
Frisa ainda Felice:
Essa forma da relação entre público versus administrador ocasiona uma melhor
compreensão de como ocorre à administração pública, e de que gerir o estado não se
restringe apenas a promover os serviços essenciais, mas em articular toda uma gestão
governamental, que abrace cada instituição ligada a estrutura macro, de forma que tudo
funcione em perfeita harmonia.
Logo, em outros termos, este estreitamento consegue ligar o cidadão ao âmbito
governamental, provocando-o a participar da própria administração e dando consciência de
que as decisões implicam em consequências para todos que fazem parte do corpo estatal.
Com a nova Constituição fora consagrada uma nova ordem jurídica e política,
havendo a ampliação de diversos direitos sociais e políticos, com um conjunto de inovações
para o desenvolvimento do Estado Democrático de Direito brasileiro, nos moldes mais
idealistas.
O Brasil, através de sua Constituição moderna, foi colocado como um país de
legislação avançada, no que diz respeito à proteção aos direitos humanos econômicos,
sociais e culturais.
Conduto, a administração pública brasileira pouco sofreu com está mudança,
permanecendo com modelos arcaicos e retrógrados, que mantinham a sociedade distante
dos gestores e alheia ao que de fato ocorria nos corredores dos órgãos públicos.
Neste ponto, com a permanência do conservadorismo administrativo, as
mudanças trazidas pelas Constituição continuaram apenas no papel, tanto que princípios
como o da Eficiência e Publicidade eram apenas matérias a serem discutidas em aulas de
Direito Administrativo Público.
Neste interim, o primeiro passo a ser dado na construção de uma sociedade
verdadeiramente democrática é garantir ao cidadão mecanismos para sua participação na
gestão pública, possibilitando-lhe acesso a informação do que ocorre nas medidas tomadas
pelos gestores de todas as esferas das instituições públicas, sejam elas políticas ou
unicamente administrativas.
O acesso à informação, em decorrência da internet e de todas as suas
ferramentas está bastante difundido, de tal forma que hoje é possível verificar o quanto
custa o serviço público aos cofres do Estado, seja no que tange ao material humano ou não.
Assinala Dallari (1996, p.13-51), que a participação popular prevista na
Constituição Federal de 1988 é um princípio inerente à democracia, garantindo aos
indivíduos, grupos e associações, o direito não apenas à representação política, mas
também à informação e à defesa de seus interesses. Possibilita-lhes, ainda, a atuação e a
efetiva interferência na gestão dos bens e serviços públicos.
Para tal, é preciso avançar, levando ao despertar da sociedade civil para a
importância de sua participação ativa, nos diversos setores da administração pública, sendo
este um dos principais desafios para que exista de fato a democracia na gestão efetuada
pelas instituições públicas.
Ademais, é preciso a substituição das antigas formas paternalistas, autoritárias e
clientelistas, pelas práticas e processos democráticos em sua essência, estimulando o
cidadão a ser o principal fiscal dos gestores públicos, como também, tomar a iniciativa para
solucionar problemas sociais e contribuir ativamente para a melhoria das condições
presentes em sua sociedade.
Esta participação, que amplia as relações democráticas, poderá ocorrer através
de comunidades, grupos de múltipla atuação e movimentos sociais. Neste tom, a
participação ativa passa a ser uma exigência àquelas sociedades que querem se considerar
verdadeiramente democráticas, isto é, a substituição do paternalismo pela participação é um
imperativo da moderna política social.
O povo não deve ser tratado apenas como um objeto nas mãos dos donos do
poder, mas também como o protagonista de sua própria história e do seu povo, sendo vital
para todo o processo de desenvolvimento social de uma nação.
Está participação é uma exigência decorrente da própria natureza humana, que
visa a inteligência e a responsabilidade própria do homem, logo, na medida em que se
queira respeitar os direitos do homem-cidadão, também é preciso assegurar-lhe o direito a
participar ativamente da administração do bem comum, dando-lhe o problema, e
aguardando que possa ajudar a integrar a solução.
Corrobora o entendimento de José Afonso da Silva (1998, p. 141-2):
É no regime da democracia representativa que se desenvolvem a
cidadania e as questões da representatividade, que tende a fortalecer-se no regime
da democracia participativa. A Constituição combina representação e participação
direta, tendendo, pois, para a democracia participativa. É o que, desde o parágrafo
único, do art. 1º, já está configurado, quando, aí, se diz que todo o poder emana do
povo, que exerce por meio de representantes eleitos (democracia representativa) ou
diretamente (democracia participativa). Consagram-se, nesse dispositivo, os
princípios fundamentais da ordem democrática adotada.
4 CONCLUSÃO
Ante todo o exposto é possível observar que as novas tecnologias empregadas
atualmente na administração pública das instituições governamentais, têm representado um
avanço considerável a participação popular e ao desenvolvimento da democracia.
Anteriormente, as informações e comunicações entre os órgãos públicos e entre
estes e a sociedade eram carregados de formalidades burocráticas, que criavam entraves
desnecessários entre o interlocutor e o receptor da informação.
As referidas formalidades acabavam por afastar o administrado da própria
gestão pública, pois representavam uma dor de cabeça para aquele que não entendia como
o “sistema” funcionava, favorecendo a corrupção e os desvios nas referidas gestões.
Com a junção entre tecnologia e gestão pública é visível a integração entre
cidadão e o órgão administrativo, passando este a poder exercer não somente o controle
indireto da administração pública, como também a participar das tomadas de decisão,
transformando todo o processo em muito mais democrático.
Entretanto, muitos passos ainda deverão ser dados para que haja de fato uma
participação cidadã, e um crescimento da democracia brasileira, haja vista, ainda haver
muitas limitações à participação da sociedade da gestão pública direta.
Os desafios existem, mas é importante salientar que o desenvolvimento de uma
democracia participativa já está caminhando, dando a gestão pública ferramentas mais
inovadoras para agregar o cidadão a administração, trazendo valores constitucionais,
eficiência e publicidade a todos os entes estatais.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BUENO, Eduardo. História do Brasil. 2.ed. São Paulo: Empresa Folha da Manhã e Zero
Hora/RBS Jornal, 1997.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 15.ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 1998.