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1. Introdução
i
Trabalho exposto ao e publicado nos anais do 1o Congresso Nacional da Administração Pública – Os
Vectores da Mudança - ; Instituto Nacional de Administração; Lisboa, 10 a 11 de novembro de 2003.
Modelo teórico apresentado à XXXVIII Asamblea Anual CLADEA – La Gerencia: Retos y Nuevos
Paradigmas -; Consejo Latinoamericano de Escuelas de Administración; Lima, 21 a 24 outubro de 2003.
ii
Mestre em Administração Pública - EBAPE/FGV.
iii
Professor Titular – EBAPE/FGV.
Franco e Cohen7 destacam que a política pública se insere entre uma situação
existente e outra desejada, como demonstrado na Figura 1.
Figura 1
2. Metodologia Proposta
Ipp > 0 implicaria, numa política pública de redução da pobreza, num impacto
negativo!
Ipp > 0 indicaria um impacto positivo, por exemplo, numa política pública de
oferta de trabalho;
Ipp = 0 sugerirá seja feita uma reavaliação de todas as premissas ou medições,
porque o avaliador estará diante de um conjunto vazio, uma política pública inócua. Seria
isto possível de ocorrer no caso em avaliação?
Tais situações vinculam conexões lógicas como as seguintes:
Fn foi adequadamente quantificado e descrito no momento “antes” pelos
formuladores da política pública. Esta situação permitirá ao avaliador encontrar An+m
contido em Fn+m no momento “depois”;
Fn não se encontra adequadamente identificado para o avaliador. Se
parcialmente identificável, o avaliador poderá realizar um trabalho adicional de
resgate de Fn (na situação antes) e, assim, medir um certo Ipp (impacto presumido a
partir de fatos e assunções com fundamentação em pesquisa de campo) e avaliá-lo;
Fn não pode ser conhecido absolutamente. Neste caso, serão razoáveis duas
hipóteses para um avaliador profissional: (1) A política pública seria introdutora de
algo inédito; uma novidade transformadora da realidade. Neste caso, todo o impacto
Ipp seria atribuível a essa política pública; isto é, a modificação permanente da
realidade observada depois seria creditada integralmente à política pública. (2)
Inexistência de registros de informações essenciais à avaliação de impacto.
2.2 Nível Sintético
A Figura 2 mostra os fluxos de recursos alocados pelo Estado em uma política
pública PP. Esta forma de representação possibilita uma visão integrada dos processos
de orçamento, controle, gestão e avaliação de impacto da política pública. Esse
diagrama é útil para estimular não especialistas a visualizarem um modelo coeso de
avaliação do impacto Ipp e tentarem interpretar suas variáveis integrantes.
OUTRAS OUTRAS
POLÍTICAS PÚBLICAS POLÍTICA PÚBLICA POLÍTICAS PÚBLICAS
(CONCOMITANTES)
PP (ANTERIORES)
NÍVEL SINTÉTICO
IMPACTO IPP
Figura 2
Este modelo contempla as dimensões: sócio-cultural (S), política (P) e
econômica (E). Certamente, esta modelagem poderá comportar qualquer número de
QUADRO 2
Neste Quadro, no seu nível intermediário, as dimensões S, P e E são segmentas
em dois atributos para cada uma: para a dimensão social (S): nível de educação (Se) e
Emprego (Sr); para a política (P): adequação política (Pa) e propriedade política (Pp);
e para a econômica (E): sustentabilidade fiscal dos beneficiários (Eb) e
sustentabilidade fiscal da política pública (Ef). A expressão matemática do modelo,
com a incorporação desses seis atributos, assume a seguinte apresentação:
Ipp =
α + β +χ
NÍVEL INTERMEDIÁRIO
NÍVEL ANALÍTICO
A incorporação das variáveis (See), (Set), (Sre), (Srt), (Pae), (Pat), (Ppe), (Ppt),
(Ebe), (Ebt), (Efe), (Eft) – indicadores de sucesso relacionados aos atributos das
dimensões de análise do impacto (Ipp) discriminadas nos Quadros 2 e 3 – objetiva,
através da relação genérica (quociente) Ie/It, onde Ie representa a situação ’de fato’ de
qualquer um dos atributos utilizados e It uma situação ideal, prevista em lei ou de
aceitação universal como um parâmetro de excelência, comparar os desempenhos das
ações de governo medidas pela ótica desses indicadores, com as medidas padrões ou
ideais aplicáveis ao fenômeno avaliado. Assim como no nível intermediário, esses
quocientes, representativos dos atributos, sofrem a influência das ponderações
aplicáveis aos atributos e dimensões que medem.
5. Conclusão
A metodologia de avaliação da efetividade das ações de governo aqui proposta,
além de endereçar à casuística do serviço público e aos determinantes históricos das
sociedades em desenvolvimento, procura superar a situação de acomodação a uma
cidadania induzida e prestações de contas obrigatórias por parte das autoridades
públicas. Antecipa, de forma fundamentada, uma nova era para a relação sociedade-
estado, contribuindo para uma sensata ‘destruição construtiva’41 das instituições
implicadas no processo de construção e consolidação de verdadeiras democracias
propulsoras de desenvolvimento social, político e econômico centrado nos
beneficiários obrigatórios das ações de governo – os cidadãos.
Notas
1
SARAVIA, 1993.
2
Há trinta anos Jan Drewnoski realizou um estudo extenso sobre a medição da qualidade de vida,
publicado em On measuring and planning the quality of life. The Hague: Mouton, 1974.
3
CAMPOS, 1990 : 30-50.
4
CRISTOFOLETTI, 1972.
5
O Fórum Social Mundial realizado de 25 a 30 de janeiro de 2001, em Porto Alegre-RS, Brasil.. <
www.fittel.org.br/formacao/forum_social/fms.htm>.
6
SOUZA SANTOS, 1996.
7
FRANCO, 1992.
8
LOBATO, 1997: 30-48.
9
Ação de governo que se suporta exclusivamente pelos efeitos ‘pirotécnicos’ que provoca.
10
DROR, 1982.
11
SUBIRATS, 1989.
12
FRANCO, Rolando; COHEN, Ernesto, 1992.
13
WARREN, Ilse S-; FERREIRA, José M. C. (orgs), 2002.
14
HOOD, Christopher C., 1976.
15
SEN, Amartya, 1979 e 1970.
16
FREYRE, Gilberto, 1983.
17
SOUZA SANTOS, 1996.
18
. RIGGS, Fred W., 1964.
19
MOTTA, 1997.
20
CAMPOS, Anna M., 1990.
21
PINTO, Luiz F. da S. Sagres, 2000.
22
CARDOSO e FALLETO, Fernando H. e Enzo, 1981.
23
MARINI, Ruy M., 1982.
24
MONTEIRO, Jorge V., 1997.
25
ARRUDA, José J.; Fonseca, Luís A. da (orgs)., 2001.
26
BARAN, Paul A., 1977.
27
DELORS, Jacques, 1971.
28
AMARAL, João F. do et all., 1992.
29
FURTADO, Celso., 1980.
30
GINI, Corrado, 1914.
31
HISCH, Fred, 1979.
32
SANTOS, Theotônio dos, 1977.
33
SIMONSEN, Mario H., 1978 e 1992.
34
CREJEIRA, Carlos A. et all., 1982.
35
Utopia, do grego outopos: lugar nenhum.
36
Eutopos, do grego: lugar melhor.
37
Barzame ou Príncipe; mais alto magistrado local.
38
Ou Sifograntes, do grego: que amam; eleitos anualmente pelos membros de um conjunto de trinta
famílias.
39
Ver a forma de organização de governo da Utopia em: MORE, 1972.
40
Ver item 2.3.1.
41
SCHUMPETER, Joseph, 1989 e 1951.
42
Veja-se, por oportuno, o pensamento de HENDRICH, Klaus-Jürgen, 1996.
43
No Brasil tem-se procurado educar o cidadão de forma a convencê-lo quanto à necessidade do seu
envolvimento com o tema do orçamento público. Iniciativas como a do BNDES no endereço
<www.federativo.bndes.gov.br/dicas/D092%20-%20Orçamento%20participativo.htm> disponibilizam
conceitos e metodologias para cidadãos individualmente ou através organizações sociais se integrarem
no balance da relação sociedade-estado.
44
Dror (Op.Cit.) observou existirem duas pré-condições para implementar este estilo de administração
pública: (1) obter apoio político; (2) conseguir que os líderes políticos tomem parte ativa no movimento
rumo a uma administração pública tipo delta.
Bibliografia
AMARAL, João F. do et all. The Portuguese economy towards 1992. Boston: Kluwer, 1992.
ARRUDA, José J.; Fonseca, Luís Ada. (orgs). Brasil-Portugal: História, agenda para o milênio. Lisboa:
ICCTI, 2001.
BARAN, Paul A. A economia política do desenvolvimento. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.
CAMPOS, A. M. Accountability: quando poderemos traduzi-la para o português? in Revista de
Administração Pública. Rio de Janeiro: FGV, 1990, 24 (2): 30-50.
CARDOSO e FALLETO, Fernando H. e Enzo. Dependência e desenvolvimento na América Latina. Rio
de Janeiro: Zahar, 1981.
CREJEIRA, Carlos A. et all. Gestão pública – Uma abordagem integrada. Lisboa: LTC, 1982.
CRISTOFOLETTI, Antônio. Controle in Enciclopédia Mirador Internacional. Rio de Janeiro: Britannica, 1972.