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FUNDAMENTOS DA EAD
(Curso sem tutoria)
AGESANDRO AZEVEDO
NUCLEO ACADÊMICO ADMINISTRATIVO
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Prof. Eniel do Espírito Santo Rev. 01
CURSO
Planejamento, Avaliação e Fundamentos da EAD
SUMÁRIO
1 UFRB ................................................................................................................................................................. IV
14 ACOMPANHAMENTO EM EAD...........................................................................................................................32
17 REFERÊNCIAS .....................................................................................................................................................40
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1 UFRB
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campi; (g) criação de uma matriz administrativa que fortaleça a unidade universitária; (h)
desenvolvimento de um ambiente capaz de viabilizar a educação à distância; (i) processo
de avaliação institucional permanente; (j) adoção de políticas afirmativas de inclusão social;
e (l) implantação modular dos campi (UFRB, 2009).
Assumindo um posicionamento crítico, no que concerne à responsabilidade das IFES
(Instituições Federais de Ensino Superior) em contribuir na correção das distorções
regionais, socioeconômicas e educacionais vigentes no Brasil, a UFRB concebe e
desenvolve uma Política de Extensão articulada intrinsecamente com o Ensino e a
Pesquisa, sendo a ação que constrói a rede interdisciplinar, formadora de competências
necessárias a estudantes e professores, na construção de saberes e estratégias científicas,
profissionais e sócio-políticos que os capacitam ao diálogo e à intervenção regional, na
perspectiva do desenvolvimento e da qualidade de vida, efetivando assim o compromisso
assumido pela UFRB no âmbito de sua criação (UFRB, 2009).
A introdução da Educação a Distância (EaD) na UFRB se constituiu na Pró-Reitoria de
Graduação com a criação, em sua estrutura, na Coordenadoria de Ensino e Integração
Acadêmica, do Núcleo de Gestão de Ensino a Distância, com a finalidade de fomentar
políticas de EaD no âmbito da universidade, desenvolvendo e estabelecendo com outras
instituições de ensino do país, do exterior e outros segmentos da sociedade brasileira e
internacional formas de comunicação a distância através dos meios interativos de vídeo
conferência, aulas, simpósios seminários, dentre outros.
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2 APRESENTAÇÃO DO CURSO
A educação a distância – EaD tem apresentado evolução espantosa nos últimos anos,
consolidando-se como importante estratégia de acesso à educação de adultos que foram
excluídos das modalidades presenciais por diversas razões, tais como, o distanciamento
geográfico das instituições de ensino, atividades profissionais e dificuldades financeiras em
manter um curso presencial etc.
Encontramos em Aretio Garcia (1994) uma interessante definição da EaD ao afirmar que
se trata de um sistema tecnológico de comunicação bidirecional que substitui a interação
pessoal entre professor e aluno em sala de aula, por uma ação conjunta entre diversos
recursos didáticos e pelo apoio de uma organização tutorial, de modo a proporcionar uma
aprendizagem autônoma dos estudantes. Você concorda com essa definição?
A partir dessas considerações, iremos dividir nosso estudo em dois módulos principais. No
primeiro, discutiremos os fundamentos metodológicos da EaD, o papel da tutoria e as
características do material didático. No segundo módulo, voltaremos nossa atenção para a
avaliação da aprendizagem e seus desafios no processo de mediação. Resumidamente,
teremos:
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Módulo I
Fundamentos metodológicos.
Interesse, motivação e aprendizagem.
A educação on-line.
A tutoria e o papel do tutor na EaD.
Importância dos materiais on-line.
Módulo II
Aspectos operacionais: mediação e controle da utilização.
Acompanhamento em EaD.
Avaliação de desempenho e qualidade da EaD.
Tendências, processos e desafios avaliativos em EaD.
Dessa maneira, este curso traz importantes reflexões sobre a educação a distância,
explicações, dicas e exemplos do papel da tutoria e como deve ocorrer o processo de
avaliação. Ao longo do texto, procuramos estabelecer uma linguagem simples e direta,
utilizando um diálogo com o leitor para facilitar o entendimento dos assuntos apresentados
e factíveis de serem colocados em prática.
Como você pode perceber, este curso apresenta um panorama geral dos fundamentos
avaliativos da educação a distância, sem pretensão de esgotá-los, pois compreendemos
que se trata de um campo em construção. No entanto é importante familiarizar-se com as
principais características e concepções da EaD a fim de ser capaz de aplicá-la no seu
contexto, considerando as especificidades de seus estudantes. Este é, por fim, o nosso
principal objetivo.
Para tirar melhor proveito deste texto, sugiro que fique atento para o seguinte guia didático
de leitura: cada módulo possui a seção “Conversa inicial” para que você saiba dos
conteúdos que serão abordados e quais os objetivos a serem alcançados. Ao longo do
desenvolvimento, estão inseridas diversas dicas no quadro “Sugestão”, no qual indico
textos de livros, revistas e links da internet para ilustrar e lhe ajudar a aprofundar o assunto
tratado.
Durante todo o texto, você também encontrará a seção “Para refletir”, com questões
práticas e provocativas que lhe induzirão a pensar e correlacionar com aquilo que já sabe
sobre o assunto. Na seção “Referências” terá acesso às citações bibliográficas inseridas
ao longo do texto e poderá consultá-las para se aprofundar em um determinado tópico de
seu interesse. Então, vamos começar?
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3 OBJETIVO DO CURSO
4 METODOLOGIA DO CURSO
Ao término de cada um dos módulos teremos uma prova objetiva e, para receber a
certificação ao término do curso, terá que alcançar média final igual ou superior a 7,0 (sete).
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MÓDULO I
Neste primeiro módulo, teremos uma visão geral dos fundamentos da educação a distância.
Também discutiremos as estratégias para mantermos o interesse, motivação e
aprendizagem dos estudantes e, finalmente, avaliaremos o papel da tutoria e as
especificidades da elaboração de materiais didáticos para EaD. Vamos em frente!
6 FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS
Neste tópico, teremos uma rápida visão história da EaD e, logo depois, buscaremos um
conceito que contemple concepções atuais dessa modalidade. Finalmente, avaliaremos as
principais características e os fundamentos epistemológicos da EAD.
Muitas pessoas pensam que a educação a distância surgiu nas últimas décadas do século
XX com a difusão da utilização de computadores no campo educacional. Todavia, se
refletirmos mais atentamente, perceberemos que o ensino a distância não é algo novo, pois
encontramos seus vestígios desde a antiguidade, por exemplo, nas cartas de orientações
sobre a fé cristã do apóstolo Paulo, dirigidas aos cristãos recém convertidos, que
constituem boa parte do chamado novo testamento da Bíblia cristã.
Na modernidade, encontramos o primeiro registro que temos sobre estudos a distância em
1728, quando o jornal norte-americano ‘Gazeta de Boston’ publicou um anúncio do Prof.
Cauleb Philips que ofertava curso de taquigrafia, utilizando texto impresso e os correios
como meio de comunicação bidirecional. Assim, o ensino a distância utilizava tecnologia da
época, ou seja, material impresso distribuído pelo correio (MARTINS, 2014).
Todavia é somente com a consolidação dos sistemas de correios, a partir do século XIX,
que encontramos muitos outros exemplos de estudos a distância: na Inglaterra, em 1840,
Sir Isaac Pitmann ensinava taquigrafia por correspondência e, em 1873, nos Estados
Unidos, a Anna Ticknor criou oportunidades educacionais para cerca de 10 mil mulheres
em Boston! Percebam que, nesses exemplos, utilizamos o termo “estudos a distância”, pois
se resumia no envio de material impresso, organizado e sistematizado sobre um
determinado assunto, bidirecional (estudante retorna algum tipo de devolutiva para ser
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Embora seja um termo polissêmico, a definição de EaD acima reflete o estado da arte da
EaD hoje, ou seja, um processo educativo que prioriza a aprendizagem e interação do
estudante, apoiado por uma comunicação multidirecional e mediada pela tecnologia. Sim,
a ênfase está na “aprendizagem” apoiada pelas tecnologias, com organização e
metodologia específica. De acordo com Cortelazzo (2010), a ênfase, na EaD, desloca-se
da tecnologia para aprendizagem significativa; sem divinizar, ou mesmo, demonizar as
TICs, antes compreendendo-as como ferramentas ou suportes imprescindíveis para a
mediação pedagógica.
Talvez já tenha percebido diferentes denominações para a EaD, tais como, e-learning
(aprendizagem on-line), blended learning (aprendizagem com encontros presenciais e a
distância) e mobile learning ou m-learning (aprendizagem móvel, tendo como suporte os
dispositivos móveis como aparelhos celulares, ipads etc). Apesar de todas essas
possibilidades, não podemos perder de vista o foco da educação em si, quer seja realizada
na modalidade presencial ou a distância, pois não é o de apenas ensinar, ou tão somente
aprender, antes envolve um processo dialético de ensinar e aprender, razão pela qual
preferimos não utilizar essas duas palavras separadas por hífen, dando a entender que se
trata de um processo único, antes referem-se a processos que se complementam.
Tendo em vista essas considerações, qual o conceito de EaD que adotaremos? Sugiro que
prestemos atenção ao Decreto Lei nº 5.622 de 19/12/2005 que estabelece as diretrizes da EaD
no Brasil e apresenta a seguinte definição logo no seu artigo 1º:
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Perceba como a definição da legislação brasileira está alinhada com o estudo da arte da
EaD ao contemplar termos como mediação didático-pedagógica, processos de ensino e
aprendizagem, tecnologias da informação e comunicação e estudantes e docentes em
tempos e lugares diversos. Consegue imaginar o impacto da EaD na vida de milhares de
estudantes que não têm acesso à educação presencial?
Sugestão
Para conhecer um pouco mais sobre a EaD acesse e leia o interessante ensaio de
José Manoel Moran (2008) intitulado‘O que é educação a distância’.
Acesse o link: http://goo.gl/5JUHyM
Percebemos que o sucesso dos programas educativos com EaD está na relação educativa
dialógica que se estabelece entre os estudantes, tutores e professores, dispersos em locais
geográficos e horários diferentes, todavia, mediatizados pelas tecnologias de comunicação
e informação e com o apoio inequívoco de uma instituição de ensino preparada para
atender às demandas resultantes. Em função dessas características bem distintas, a EaD
tem sido indicada e amplamente utilizada no ensino de adultos, pois, até então, as
experiências com crianças e adolescentes foram mal sucedidas(PRETI, 2009; FARIA;
LOPES, 2013).
Para refletir
Cortelazzo (2010) aponta os seguintes princípios educacionais fundamentais na EaD:
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Glossário
Epistemologia é um termo que se origina do grego episteme (conhecimento) e logia
(estudo) e relaciona-se com o estudo do processo científico de construção do
conhecimento em determinada área.
Embora criticada à exaustão, nas últimas décadas, ainda temos muitos resquícios da
concepção pedagógica tradicional, tanto no ensino presencial como no ensino a distância.
Infelizmente, ainda é comum, em nossas instituições de ensino, a presença de professores
que utilizam a autoridade de uma avaliação escrita como argumento para manter a
disciplina em sala de aula, ou a exigência de se decorarem inúmeras questões de uma lista
de exercício para serem transcritas, na íntegra, numa prova. Consegue perceber vestígios
da pedagogia tradicional na sua instituição?
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Nesta síntese dos principais modelos epistemológicos que tem norteado a EaD, é
necessário refletir que nenhuma abordagem deve ser considerada melhor ou pior que a
outra, pois sua escolha está relacionada com os contextos educacionais, políticos,
econômicos, históricos e culturais, além das condições objetivas e subjetivas das
instituições de ensino que promovem a EaD (PRETI, 2009).
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Glossário
Andragogia relaciona-se com a arte e a ciência de ajudar o adulto a aprender, sendo
utilizada no contexto de educação continuada do ser humano, em contraposição à
pedagogia como arte e ciência de ensinar às crianças (grego Paidós – criança). O termo
foi disseminado pelo norte americano Malcolm Knowles na obra publicada em 1980 e
intitulada ‘The modern practice of adult education: from pedagogy to andragogy’. Entretanto,
no Brasil, muitos pesquisadores preferem utilizar o temo pedagogia universitária, ou
‘pedagogia de adulto’.
b) papel das experiências dos estudantes: experiências acumuladas são ricas fontes
de aprendizados, tanto para o estudante, como para os demais; as pessoas
costumam atribuir mais significados ao aprendizado originado das experiências
vivenciadas. Assim, as técnicas fundamentais em educação deveriam ser as
experimentais – experimentos laboratoriais, discussões, aprendizado orientado para
a resolução de problemas, estudos de caso, simulação, exercícios, experiências de
campo e outros;
c) prontidão para aprender: as pessoas estão prontas para aprender algo quando
sentem a necessidade de aprender a fim de lidar com tarefas ou problemas do
cotidiano. O educador tem a responsabilidade de criar condições e prover
ferramentas que ajudem os estudantes a descobrir o que “necessitam saber”; e os
programas educativos deveriam estar organizados em torno das categorias de
aplicações na vida, de acordo com a prontidão para o aprendizado dos estudantes;
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uma maneira de captar a atenção dos estudantes é apresentar o conteúdo a ser estudado
de forma que os estudantes o considerem como importante. Assim, sempre cabe ao
docente o questionamento reflexivo: por que aprender isso? Qual é a melhor forma de
apresentar de modo que os estudantes reconheçam como importante? (COSENZA;
GUERRA, 2011).
Sugestão
Leia o artigo de Mendes et al (2012) intitulado: ‘Andragogia, métodos e didática do
ensino superior: novo lidar com o aprendizado do adulto na EaD’ e reflita como a
andragogia pode contribuir para compreendermos o processo de aprendizado do adulto.
Link: http://goo.gl/LFjKat
Como já vimos, o aprendizado é algo que ocorre em primeira pessoa, isto é, somente o
estudante é capaz de mobilizar suas capacidades cognitivas para o aprender. De acordo
com Preti (2009), não sabemos muito como o adulto aprende, ou como ocorre a sua
autoaprendizagem, visto que as principais teorias psicológicas da aprendizagem
debruçaram-se mais sobre o estudo de como a criança aprende. Todavia importantes pistas
podem ser encontradas nas teorias construtivistas e sociointeracionistas da aprendizagem.
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A fim de que o docente seja capaz de ajudar o estudante a transpor suas ZDPs é necessário
que tenha domínio de sua disciplina para organizá-la de forma que o estudante
compreenda. Assim, conteúdos desfragmentados, sem conexão ou articulação lógica,
pouco contribuem para o processo de aprendizagem, dessa forma é necessário estar atento
à validade do conteúdo ensinado, bem como às formas de torná-lo mais significativo nos
contextos social e cultural em que o estudante está inserido (STOLTZ; HARACEMIV, 2013).
O trabalho docente com a educação de adultos tem demonstrado que o sucesso não está
na descarga de volume de informações, nem tampouco ficar restrito somente ao que o
estudante já sabe ou conhece, pois isto não resultaria em progresso. Antes, de forma
dialogada, o professor precisa ajudá-lo a refletir a partir do seu cotidiano, com a articulação
da teoria com a prática a fim de que o estudante possa transpor o seu Nível de
Desenvolvimento Real para o Nível de Desenvolvimento Potencial (STOLTZ; HARACEMIV,
2013).
Sugestão
Leia o artigo de Resende (2005) “Fundamentos Teórico-pedagógicos para EaD” e
verifique como as abordagens construtivistas e sociointeracionistas contribuem para o
processo de ensino e aprendizagem na modalidade a distância.
Link: http://goo.gl/y1r33k
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Nos últimos anos, neurociência também tem fornecido aporte interessante aos estudos da
aprendizagem. De acordo como Cosenza e Guerra (2011), a construção das redes neurais
responsáveis pelo aprendizado se faz por meio de processos de repetição e consolidação,
capazes de associar a informação nova ao que já se sabe, daí a necessidade de se criarem
diversas oportunidades para que os alunos estudem o mesmo assunto, por meio de
diferentes contextos e distintos canais de acesso ao cérebro: visual, auditivo, sinestésico
etc.
Cosenza e Guerra (2011) também destacam que o cérebro precisa de tempo para
processar as informações e, normalmente, isso corre durante o processo de sono. Assim,
os períodos de descanso contribuem para fixar o aprendido e prepara o cérebro para novas
associações. De fato, “não aprendemos de um dia para o outro e, muito menos, o que
presenciamos na sala de aula” (p.73).
Sugestão
Assista ao vídeo com a animação “Como aprendemos” e identifique os principais
componentes das teorias construtivistas e sociointeracionista da aprendizagem.
Link http://goo.gl/d9GjCQ
8 A EDUCAÇÃO ON-LINE
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Glossário
Ciberespaço trata-se do ‘mundo virtual’ com práticas, atitudes, formas de pensamento
e valores próprios (LEVI, 1999).
Os cursos presenciais também são beneficiados pela rápida expansão da EaD, pois, com
o blended learning ou b-learning, é possível conciliar aulas presenciais com atividades,
pesquisas e aulas on-line por meio dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem, chamados de
AVA e amplamente utilizados na EaD. Ribeiro, Araújo e Mendonça (2007) definem os AVAs
como softwares educacionais utilizados, via internet, para gerenciar e apoiar as atividades
pedagógicas em cursos presenciais, a distância ou semipresenciais. A plataforma
australiana Moodle é um exemplo de AVA amplamente difundido, internacionalmente, pelas
principais instituições de ensino do mundo.
Com base nessas discussões, será que podemos simplesmente transpor para o ambiente
virtual aquilo que é realizado no ensino presencial? Este é um dos grandes enganos
daqueles que se aventuram em propor projetos para EaD sem um estudo prévio das
especificidades desta modalidade. A educação on-line possui uma dinâmica própria, e a
tecnologia disponível deve ser utilizada para otimizar o processo de ensino e aprendizagem
de maneira que o ensino presencial não conseguiria dar conta, e ignorar suas
potencialidades poderá fazer com que as ferramentas sejam subutilizadas.
Encontramos em Tapscott (1998 apud MOSER, 2014) em sua obra intitulada ‘Growing Up
Digital. The Rise of the Net Generation’ um interessante esquema de oito passos que o
ensino on-line interativo deveria contemplar e que discutiremos nos tópicos à frente.
A educação on-line fornece liberdade para que o estudante realize diversas atividades
simultaneamente, como consultar as redes sociais, ler um e-mail, ouvir música, entre
outras. Essa particularidade da geração net traz um enorme desafio ao professor que atua
na EaD, pois necessita transpor o gap entre o ensino linear presente nas aulas tradicionais
à utilização da hipermídia.
A hipermídia permite que uma aula seja organizada desconsiderando-se sua leitura linear
nos moldes tradicionais, pois possibilita a inserção de outros meios como som, imagem e
vídeo acessados livremente pelos estudantes, como forma de aprofundamento dos
conceitos em discussão, de acordo com Resende e Cola (2004).
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Isso não significa deixar o estudante sozinho e à deriva no “mar de informações”, muitas
vezes desconexos, que a internet lhe possibilita. Desta forma, cabe ao professor orientar
os alunos nas rotas de aprendizagem, para que não façam do saber uma ‘colcha de
retalhos’, pois este precisa ser construído de forma coerente e consistente com a mediação
do docente. Devemos lembrar que os conteúdos prontos estão disponíveis nos diversos
buscadores da internet, e os estudantes podem facilmente acessá-los. Todavia, na maior
parte dos casos, eles não possuem maturidade suficiente para diferenciar o ‘joio do trigo’ e
necessitam que alguém lhes indique para ‘onde olhar’, razão pela qual precisam dos
professores, quais orientadores neste processo de construção do saber (MOSER, 2014).
8.3 De uma educação centrada no docente para uma educação centrada no aluno
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8.7 Oferecer condições para que o aluno participe e dar autonomia em seu aprendizado
Na EaD, o papel da tutoria diferencia-se do que é realizado nas aulas presenciais, pois a
ênfase desloca-se de um ambiente de aprendizagem centrado na atuação do professor
para ambientes virtuais de aprendizagem centrados no estudante. Assim, o tutor assume o
papel de mediador, com a tarefa de melhor orientar e incentivar os estudantes a
desenvolverem as competências de aprender pelo aprendizado, aprender fazendo e
aprender pela pesquisa (MUNHOZ, 2014).
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Nos programas de EaD, podemos ter tanto professores quanto tutores, dependendo do
desenho do curso. Nunes (2013) e Martins (2003) salientam que cabe ao professor
especialista a tarefa de estruturar os conteúdos, a metodologia de ensino, o formato das
aulas, o material didático, as ferramentas tecnológicas de interação que serão utilizadas,
enfim, é o responsável pela concepção e implementação pedagógica do curso ministrado
a distância. Todavia o elevado número de estudantes normalmente impede que o professor
especialista ou conteudista também realize o processo de mediação pedagógica com os
estudantes no transcorrer do programa, surgindo, assim, o papel do tutor que, sobretudo,
também é um professor responsável pela condução e mediação pedagógica com os
estudantes, realizada tanto, presencialmente, nos polos de apoio presenciais, quanto a
distância nos ambientes virtuais de aprendizagem, ou em outros meios de interação.
Talvez já tenha percebido que, em muitas instituições, o termo ‘tutor’ tem sido substituído
por “orientador acadêmico”, pois compreendem que a tutoria extrapola uma mera condução
burocrática de tutela do processo de ensino e aprendizagem, tendo em vista o destaque do
seu papel de mediador no assessoramento e aconselhamento dos estudantes, coadunado
com os objetivos pedagógicos e competências propostas para o curso. No entanto, no
Brasil, os termos ‘tutor’ e ‘orientador acadêmico’ são amplamente utilizados como
sinônimos, mesmo compreendendo que o segundo termo descreve melhor a sua atuação
no processo de mediação pedagógica.
Para refletir
Desde 1992, temos proposto a utilização da expressão orientador acadêmico em
substituição a tutor. Trata-se de opção epistemológica, pois, numa perspectiva
interacionista, a aprendizagem se dá na relação dialógica e de trocas entre educador e
educando, não cabendo a ideia de submissão ou de tutela, ainda mais quando tratamos
com adultos! (PRETI, 2009, p. 45).
Bernal (2008) sintetiza três aspectos que caracterizam a função da tutoria ou orientação
acadêmica. Para a autora, a tutoria é orientadora, pois está centrada no âmbito afetivo do
estudante para escutá-lo, motivá-lo, e ajudá-lo no seu crescimento; também é acadêmico
quando enfoca os processos cognitivos de estudante, a forma como aprende e constrói
seus conhecimentos e, não menos importante, a tutoria também assume um papel
institucional, ao preservar os valores, princípios e ideais da instituição e de seu projeto
educativo. Consegue perceber essas três vertentes nos projetos EaD em que já interagiu?
Entretanto quais são os principais papéis da tutoria ou orientação acadêmica na EaD? Maia
e Mattar (2007) esclarecem que o tutor desempenha vários papéis ao mesmo tempo, sendo
impossível isolá-los. Dentre esses podemos destacar:
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Sugestão
Consulte o artigo elaborado por Nunes (2013) intitulado “O papel do tutor na educação
a distância: o estado da arte” em que a autora analisa 139 trabalhos científicos,
buscando identificar a concepção presente do papel da tutoria em EaD.
Link: http://goo.gl/B2pU3X
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Quais são as características dos materiais didáticos para a EaD? Como prepará-los? É
necessário que tenhamos uma comunicação dialógica capaz de despertar o sentimento de
relação pessoal entre ensino e aprendizagem na relação do estudante. Preti (2009) aponta
que, quando não podemos ter uma conversação presencial, é o espírito da conversação
que pode caracterizar uma ação educativa, e o material didático deve ser capaz de
desenvolver o gosto pelo estudo, por meio de uma linguagem e de uma conversação que
possibilitem uma motivação favorável e os sentimentos de uma relação pessoal entre
educador e educando.
O material para EaD precisa também adequar-se à linguagem e à mídia utilizada ao nível
do leitor ou ouvinte para possibilitar a melhor interação entre o autor e o leitor, por meio da
comunicação (verbal, não verbal, mediada pela tecnologia etc) para dar o efeito de sentidos.
Entretanto, é na interatividade que o leitor interfere e modifica o que está sendo analisado
a fim de discordar, concordar, parafrasear, modificar, dizer que se fosse ele, faria de forma
diferente etc. Dessa forma, a interatividade tem, como fundamento, os princípios do
construtivismo (POSSARI, 2013). Percebe como interação e interatividade influenciam
ativamente nos processos de ensino e aprendizagem?
Dessa forma, qualquer texto produzido para a EaD precisa da interação para provocar a
interatividade dos estudantes ou leitores. Possari (2013) apresenta as seguintes
características marcantes do material didático para EaD:
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A utilização do hipertexto é algo que deve ser contemplado no material didático para a EaD.
O hipertexto é uma escrita eletrônica e não sequencial, não linear, que possibilita ao leitor
o acesso a outros textos em tempo real e fornece uma oportunidade para o leitor definir seu
próprio roteiro de leitura, deixando de lado a sequência fixa estabelecida pelo autor do texto.
Lembre-se de que a geração net ou de nativos é capaz de realizar diversas atividades
simultaneamente, tais como, seguir a rota indicada pelo professor e, ainda, consultar outras
fontes no mesmo computador e, se isto for realizado de forma orientada, poderemos utilizar
esta habilidade em benefício da aprendizagem.
Sugestão
Leia o artigo de Gonçalves, Santos e Marchesan (2012) intitulado ”O hipertexto e a não
linearidade textual como agente facilitador da aprendizagem”, pois apresenta o hipertexto
como importante recurso facilitador da busca pelo saber. Acesse o link! http://goo.gl/bX2SYr
Na EaD, o material didático deve ser conciso e apoiado na orientação, para que o estudante
seja estimulado a buscar os complementos necessários. Também é recomendado que o
material didático contenha um guia didático, a fim de orientar o estudante sobre as leituras
adicionais, atividades de aprendizagem, vídeos, hiperlinks etc (MUNHOZ, 2014; PRETI,
2009).
Dessa forma, para que o material didático em EaD atinja seu objetivo de mediar o processo
de ensino e aprendizagem, é necessário que fiquemos atentos para os seguintes pontos
fundamentais: a) definição da forma de apresentação do conteúdo; b) elaboração de
mensagens capazes de promover a comunicação dialógica com o leitor, mediante o meio
utilizado e c) elaborar documento autosuficiente que torne possível ao estudante aprender
de modo autônomo e independente (BELLONI, 1999 apud PRETI, 2009).
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11.1 Texto
Devemos ressaltar que o estudante deve ser provocado para buscar outras informações
indicadas e, normalmente, disponibilizadas nos repositórios digitais de revistas científicas,
teses e dissertações; e não podemos esperar que tais textos tenham a linguagem dialógica,
visto que são textos científicos. Todavia o texto base do material didático a ser utilizado
necessita ser apresentado numa linguagem dialógica e interativa que possibilite a
interlocução entre o autor e o estudante.
11.2 Apresentações
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11.3 Vídeos
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MÓDULO II
12 MÓDULO II - CONVERSA INICIAL
Percebemos também que, diferente da educação presencial, a EaD exige que os docentes
assumam novos papéis, como o de professor especialista ou conteudista, tutor ou
orientador acadêmico on-line ou presencial. Embora todos sejam responsáveis em
promover a orientação pedagógica com o estudante, cabe aos tutores, on-line ou
presenciais, a tarefa de mediar e controlar a utilização do ambiente virtual de aprendizagem.
Dependendo do modelo EaD utilizado pela instituição, as funções que abordaremos abaixo,
das tutorias on-line e presenciais, estão sob a responsabilidade de apenas um deles.
Neste sentido, cabe aos tutores presenciais fornecer o suporte administrativo ao estudante,
orientando-os quanto aos processos acadêmicos de transferências, aproveitamento de
estudos, carga horária, bem como acompanhamento do seu desempenho no transcorrer
do curso. Também é de responsabilidade dos tutores presenciais as primeiras orientações
relativas ao acesso e familiarização do estudante à plataforma do Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA) utilizada pela instituição.
Sugestão
Ouça o comentário de uma tutora presencial sobre as suas práticas tutoriais
Acesse o link: http://goo.gl/IfihjB
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Dessa forma, podemos afirmar que, tanto a tutoria presencial, quanto a on-line necessitam
desenvolver 4 competências fundamentais para a sua prática tutorial, ou seja, gerencial,
pedagógica, tecnológica e social, conforme figura 1.
Já o fórum de discussões é uma ferramenta assíncrona, cuja atividade pode ser realizada
a qualquer hora e trata de um debate sobre um tema previamente definido. Diferente do
chat, o fórum exige que o estudante elabore um texto melhor planejado e menos coloquial;
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Todos concordam que a qualidade da mediação nos chat e fóruns é um elemento crítico de
sucesso, cabendo aos tutores a tarefa de conduzir as discussões no ambiente virtual. Para
tanto, precisamos captar o nível de aprendizagem dos estudantes quanto aos conceitos
discutidos e estimular o pensamento crítico. Lembre-se de que diferenças podem aflorar no
chat ou no fórum e devemos ficar atentos para os estudantes com comportamento rude,
mal educado ou politicamente incorreto.
Outra interessante ferramenta de mediação assíncrona pouco utilizada é o wiki, que torna
possível a elaboração coletiva de diferentes tipos de textos, por vários autores ao mesmo
tempo, com o objetivo de estimular a construção coletiva do conhecimento, promovendo o
respeito às construções alheias, com regras de edição bem definidas.
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Para refletir
Leia o artigo “Ensino-aprendizagem colaborativo mediado pelo Wiki do Moodle” (ABEGG et al, 2010) e
veja as possibilidades que os wikis proporcionam na sua prática tutorial!
Link http://goo.gl/kAzORc
14 ACOMPANHAMENTO EM EAD
Considerando que o acompanhamento dos estudantes, por parte dos professores e tutores,
presencial ou on-line, é de fundamental importância para o sucesso da EaD, os autores
Almeida, Pimentel e Stiubiener (2012) propõem que seja estabelecido um mecanismo de
monitoramento baseado em indicadores que possibilitem tutores e gestores promoverem
melhorias nas suas ações tutoriais, conforme as apresentadas no quadro 5.
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Atividades Indicadores
Fóruns Quantidade de fóruns propostos, duração, quantidade de
intervenções realizadas
Bate papo Quantidade de chats, duração, grau de participação do tutor,
ausências e atrasos
Envio e recebimento de e-mails Número de e-mails recebidos e enviados pelo tutor, tempo
de retorno/respostas do tutor para cada mensagem
Resposta aos alunos Tempo de retorno ao aluno por meio de data e hora de sua
publicação.
Correção de atividades diversas Tempo para iniciar a correção após a entrega do trabalho,
tempo médio, mínimo e máximo de retorno.
Publicação e atualização das Número de publicações postadas, conforme solicitação da
informações no mural do coordenação, tempo de atualização das informações
ambiente
Publicação e disponibilização de Número e frequência dos materiais publicados.
material complementar
Fonte: Almeida, Pimentel e Stiubiener (2012)
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Não temos fórmulas prontas sobre como realizar o acompanhamento dos estudantes em
EaD, na verdade, temos experiências diversas com resultados muito positivos que podem
ser aproveitadas, desde que contextualizadas com a realidade de sua instituição. Porém
não podemos esquecer que o acompanhamento dos estudantes é algo a ser priorizado na
EaD.
Para refletir
De que forma as ações de acompanhamento em EaD podem contribuir para o envolvimento dos
estudantes, promovendo a aprendizagem e reduzindo o nível de evasão?
É lógico concluir que, ao avaliar a aprendizagem, estamos também avaliando o ensino que
foi ofertado ao estudante e, se não ocorreu a aprendizagem esperada, podemos afirmar
que o ensino não cumpriu sua função principal – a de fazer aprender. Dessa forma, o ato
de avaliar fornece importantes elementos para uma autoavaliação por parte do docente,
pois o ensinar e o avaliar interagem entre si por meio do trinômio ensino-aprendizagem-
avaliação, conforme aponta Both (2012). Concorda com isto?
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Nesta discussão, também precisamos apontar que há três funções básicas da avaliação:
diagnóstica, formativa e somativa:
a) Avaliação diagnóstica: trata-se do levantamento do nível de informações prévias do
estudante em relação ao assunto a ser abordado, buscando identificar as lacunas e
as estratégias de ensino mais adequadas para supri-las.
b) Avaliação formativa: relaciona-se com a coleta de informações sobre o
desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem, possibilitando aos
estudantes e docentes a revisão de suas estratégias.
c) Avaliação somativa: trata-se do balanço final somatório e quantitativo dos vários
instrumentos utilizados no transcorrer do processo, buscando conferir aprovação ou
certificação, de acordo com os resultados alcançados (GIL, 2008; SANTO; LUZ,
2012).
Para refletir
Como podemos implementar as funções diagnóstica, formativa e somativa nos processos de
avaliação na EaD?
Santo e Luz (2012) nos alertam que, ao considerarmos o processo de avaliação de forma
integral – contemplando-se as funções diagnóstica, formativa e somativa – teremos que
utilizar diversos instrumentos de investigação para recolher as informações desejadas.
Precisamos ter em mente que um processo avaliativo não pode estar centralizado na
utilização de apenas um instrumento, pois, do contrário, deixaria de avaliar o “processo” e
estaríamos avaliando tão somente aquele momento temporal. Assim, como afirma Both
(2012), o processo avaliativo terá mais valor quanto maior for o número de instrumentos e
a transparência conseguir implementar!
Na EaD, as três funções do processo avaliativo não são estanques e devem ser
contempladas no decorrer do curso, pois somente assim poderemos ter uma visão integral
do estudante e dos resultados obtidos, sendo essas realizadas por meio dos ambientes
virtuais de aprendizagem.
Ao iniciar um curso ou uma nova unidade temática com uma avaliação diagnóstica,
podemos utilizar um instrumento que nos possibilite detectar possíveis deficiências na
aprendizagem, verificar os níveis de conhecimentos prévios, objetivos e interesses a fim de
possibilitar a programação de diferentes estratégias metodológicas. Por exemplo, o AVA,
na plataforma Moodle, apresenta uma interessante ferramenta, denominada Pesquisa
COLLES (Constructivist Online Learning Environment Survey), que contempla um grupo
específico de questões que avalia as expectativas do estudante. Não considera oportuno
aplicar pesquisas semelhantes a essas antes de iniciar um curso?
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A função formativa nos cursos presenciais ou EaD também deve ter o seu lugar de
destaque, considerando-se que esta ocorre a todo instante. Do ponto de vista qualitativo,
podemos avaliar os estudantes quanto às suas participações nas atividades; interesse;
colocações críticas fundamentadas nos conhecimentos; riqueza e pertinências das ideias;
autonomia intelectual; níveis de cooperação; colaboração e interações com o grupo através
de ferramentas como fórum, chat etc. Também podemos considerar os aspectos
quantitativos, se relacionados à quantidade de postagens de mensagens e participações
dos estudantes, às tarefas concluídas no AVA etc (ARETIO,1995 apud AMARAL et al,
2009).
Para refletir
Hoffman (1993, p. 21) alerta-nos para que a avaliação deixe de “ser um momento terminal do
processo educativo, como hoje é concebida, para se transformar na busca incessante de
compreensão das dificuldades do educando e na dinamização de novas oportunidades de
conhecimento”.
Sendo assim, além dos diversos instrumentos avaliativos que utilizamos no decorrer da
avaliação formativa nos cursos regulamentados MEC, é necessário que tenhamos a
inserção de um exame presencial. Frequentemente, as instituições atribuem pesos
diferentes aos diversos instrumentos de avaliação utilizados para que, ao término do
processo, tenham um somatório final que reflita, minimamente, o nível de aprendizagem do
estudante, conforme os objetivos propostos nos planos de ensino.
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A prova escrita, utilizada como instrumento de avaliação, poderá conter questões objetivas
ou dissertativas. As objetivas poderão ter o formato de respostas curtas, complementação
de afirmações, falso ou verdadeiro, e associação entre outras possibilidades. No quadro 6,
encontramos algumas oportunas dicas para a elaboração de questões objetivas ou
discursivas.
Sugestão
Para aprofundar-se na temática da avaliação, leia o provocador artigo de Santo e Luz
(2012) intitulado “Avaliação das aprendizagens no nível superior: avaliar para quê?’”
Link: http://goo.gl/vWZm9S
As instituições que atuam com a EaD no Brasil necessitam atender aos critérios
estabelecidos na legislação vigente, bem como os referenciais de qualidade estabelecidos
pelo MEC que, embora não tenha força de lei, trata-se de um referencial norteador que
subsidia na regulação, supervisão e avaliação da EaD no país.
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Os programas na modalidade EaD que não estão sob a regulamentação do MEC podem
levar em consideração os requisitos estabelecidos como referenciais de qualidade.
Ademais, é possível implementar um sistema de indicadores que possibilite o
monitoramento dos cursos, visando prever ou detectar possíveis falhar que porventura
ocorram. Os autores Bertolin e De Marchi (2010) propõem que sejam utilizados indicadores
que retratem as entradas, o processo e os resultados, conforme resumidos na tabela 1.
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Estamos preparados para avaliar na EaD? Este é um questionamento que poderíamos estendê-lo
também à educação presencial, visto que a discussão pedagógica da avaliação parece andar em
descompasso com a prática das salas de aulas. Em se tratando de um campo em construção, a
EaD possibilita alternativas de mudanças mediada e dialogada pela tecnologia educacional.
Nunes e Vilarinho (2006) nos apresentam os seguintes pressupostos que deveriam nortear os
avanços da avaliação da aprendizagem na EaD: o diálogo como essência da avaliação; avaliação
interessa a todos os envolvidos, alunos e professores; avaliação consistente da aprendizagem dos
alunos, mediante uma relação dialética; avaliação da aprendizagem torna-se mais abrangente
quando consegue entrelaçar aspectos quantitativos e qualitativos; avaliação como instrumento de
transformação e mudança; autoavaliação como elemento chave para alunos e professores
conscientizarem-se de suas dificuldades e conquistas.
A recente expansão dos cursos abertos e massivos on-line, denominados MOOC - Massive Open
Online Courses – configura-se como novos olhares para o processo de avaliação na EaD, pois têm
se espalhado rapidamente em diversas plataformas espalhadas pelo mundo, tais como o Coursera,
o Udacity, OpenClass, UNED Coma, Veduca, entre outras. A principal diferença do MOOC para a
EaD tradicional é sua abrangência, visto que são cursos, em sua maioria gratuitos e de curta
duração, planejados para atender a um número elevado de estudantes (BARIN; BASTOS; 2013).
O elevado número de ingressos, tanto na EaD tradicional quanto nos cursos MOOC, torna o custo
dos processos de avaliação uma questão crítica devido ao seu elevado impacto econômico no
curso. Assim, têm surgido alternativas como o peer to peer evaluation que permite a avaliação de
questões dissertativas de forma rápida e com um custo relativamente baixo, pois os próprios
estudantes avaliam os seus colegas mediante critérios estabelecidos. Uma das críticas deste
modelo é o fato de ainda não se utilizar o formato blind review(avaliação a cegas), o que torna
possível notas inflacionadas ou deflacionadas no resultado final (RAMOS et al, 2013). Certamente,
o processo de avaliação nos cursos MOOC revela uma tendência pertubadora e desafiadora para
a educação a distância.
Não temos dúvidas de que a EaD, mediante as tecnologias de informação e comunicação, tem
possibilitado um lócus avaliativo que implica um novo olhar das atividades realizadas, tanto
presencialmente, quanto nos ambientes virtuais de aprendizagem, conforme expresso por Garcia
(2013). Certamente, os desafios avaliativos são inúmeros à medida em que as TIC oferecem novas
possibilidades para a EaD contemporânea.
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17 REFERÊNCIAS
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