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O USO DAS TECNOLOGIAS NAS ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS DO

ESTADO1

THE USE OF TECHNOLOGIES IN THE ADMINISTRATIVE ACTIVITIES OF THE


STATE

Daiana de Sousa Caetano2


Gercina A. M. Cavalcante3

RESUMO As tecnologias sofreram grandes transformações ao passar dos anos,


sendo utilizada de diversas formas por toda a sociedade. No que tange à
Administração Pública, ela é utilizada como uma forma de auxiliar e facilitar os
processos públicos, tornando-os mais céleres, práticos e transparentes. A tecnologia
possibilitou que a população fosse mais ativa em diversos termos, tendo acesso a
mais informações, participando de decisões e compartilhando dados sobre o Governo.
Ela permitiu levar tais dados e informações para uma maior parte da população.
Apesar disso, existem alguns desafios que dificultam o uso dessas tecnologias pelo
Poder Público, como a dificuldade de acesso por algumas pessoas e sua forma de
implementação. No mundo do compartilhamento, a proteção de dados também se faz
fundamental, sendo imprescindível saber qual é o papel do Estado com relação a isso.
Dessa forma, por meio de uma revisão bibliográfica, busca-se aprofundar os
conhecimentos sobre o uso das tecnologias nas atividades administrativas do Estado.

Palavras-chave: Administração Pública; Tecnologias de Informação; Poder Público.

ABSTRACT

Technologies have undergone major changes over the years, being used in different
ways throughout society. With regard to Public Administration, it is used as a way to
assist and facilitate public processes, making them faster, more practical and
transparent. Technology enabled the population to be more active in various ways,
having access to more information, participating in decisions and sharing data about
the Government. It allowed taking such data and information to a greater part of the
population. Despite this, there are some challenges that make it difficult for the
Government to use these technologies, such as the difficulty of access by some people
and their way of implementation. In the world of sharing, data protection is also
essential, and it is essential to know what the role of the State is in this regard. In this

1Artigo apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito.
2Discente no curso de Direito na Universidade Potiguar.
3Docente na Universidade Potiguar. Advogada. Mestranda em Direito (UniversidadEuropea do

Atlantico). Pós-graduada em Direito Penal e Processo Penal (Universidade Potiguar). Pós-graduada


em Direito Constitucional (Damásio Educacional -SP). Bacharelado em Direito (Universidade Potiguar)
1

way, through a bibliographic review, it seeks to deepen knowledge about the use of
technologies in the administrative activities of the State.

Keywords: Public Administration. Information Technologies. PublicAuthority.

1 INTRODUÇÃO

É fato que desde os primórdios da humanidade, houve situações que foram um


marco para o desenvolvimento e transformação do ser humano, tanto como um
indivíduo em si, como em sociedade, como a descoberta do fogo, o estabelecimento
de um local fixo para morar, a eletricidade e um dos mais atuais: a internet e suas
tecnologias.
Corroborando com isso, Castells (1999) afirma que o uso dessas tecnologias e
seus serviços derivados constituem um “turning point” (ponto de virada, em português)
na história da humanidade, a partir do qual tudo se modifica, visto que as tecnologias
de informação e meios de comunicação e digitais passam a estar cada vez mais
presente e de fácil acesso na vida das pessoas.
Em todo o mundo, as inovações tecnológicas passaram simplesmente de um
celular que apenas recebia mensagem ou ligação, para um objeto onde você já pode
fazer de tudo: acessar contas bancárias, enviar e-mails, realizar reuniões ao vivo com
pessoas de qualquer lugar do mundo, armazenar inúmeras fotos, vídeos e
informações e muitas outras coisas.
Não apenas isso, mas o meio digital evoluiu de uma forma que fez com que os
setores econômicos e administrativos também precisasse se reorganizar. Essa
transformação para os meios digitais vêm modificando a economia global nas últimas
décadas. O setor público, que é responsável pelo âmbito governamental (isso inclui
os três poderes do Estado: Executivo, Legislativo e Judiciário e as instituições
públicas), vêm investindo cada vez mais em tecnologias e soluções digitas para
melhorar e otimizar seus processos (JESUS, 2018).
De acordo com Moreira e Maia (2013), essa dinâmica intensa pela qual o
mundo se submete a modificações diversas, como as socioeconômicas, culturais e
tecnológicas, é responsável por tornar crítica a situação para o setor público, que,
nesse momento, é pressionado intensamente para fazer evoluir sua estrutura
organizacional.
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Mesmo que as empresas da área de tecnologia tenha sido a responsável por


movimentar esse setor, o apoio através de financiamentos públicos é uma grande
realidade nessa área. Isso porque esses serviços oferecem inúmeros benefícios às
instituições que compõem o setor público, como a redução de custo e mão de obra,
capacidade maior de armazenamento e organização de dados, maior rapidez,
agilidade e segurança nos processos e atendimentos, além de ser transparente e
acessível ao público, uma vez que, pela lei brasileira, qualquer pessoa pode ter acesso
às informações de ações realizadas pela gestão pública.
É incontestável que o Direito Administrativo atual traz uma disciplina aos
relacionamentos jurídicos introduzidos em uma comunidade digital, demasiadamente
tecnológica, expansiva, comunicativa e informacional, na qual os cidadãos-
destinatários requem rapidez, clareza, qualidade e isonomia na ação administrativa e
na prestação de serviços públicos. A respeito disto, não há o que duvidar. Levando
em conta que a performance administrativa deve acontecer de modo organizado, o
que inevitavelmente decreta à Administração Pública, a necessidade de estabelecer
processos administrativos – de vários tipos e complexidade – a fim de legalizar e tornar
válida a prática do ato administrativo diante da ordenação jurídica. É possível apurar
que esse caminho a ser trilhado pela Administração até a materialização do ato traz
uma importância singular às pessoas e que algum erro na decisão tomada pode
expressar a invalidez e a inexistência de autenticidade do ato final, é de suma
importância que para que os indivíduos façam parte desse processo (SCHIEFLER;
CRISTÓVAM; SOUSA, 2020.)
Para isso, tem-se como pergunta de pesquisa: como essas tecnologias podem
impactar positivamente o processo administrativo do Estado? As hipóteses
norteadoras desta pesquisa é que os usos dessas tecnologias permitem tornar todo o
processo administrativo mais eficiente e prático, além de que, assim como o mundo
está em constantes mudanças, é preciso cada vez mais melhorar as inovações
tecnológicas do governo não somente no Brasil, mas sim, em todo o mundo.
Como objetivo geral, busca-se avaliar qual a importância do uso e
investimentos de tecnologias da informação para a administração pública brasileira.
Como objetivos específicos, busca-se analisar o processo de evolução
tecnológica na Administração Pública e conhecer o Direito Administrativo e sua
relação com o Governo Digital.
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A escolha desse tema justifica-se por ser um tema que retrata bastante a
atualidade e necessidade do governo brasileiro. A transparência nas ações é
imprescindível em uma política ainda tão corrupta como no Brasil, já que os desafios
que são impostos pelos vários, sucessivos e crescentes casos de corrupção que
envolve a Administração Pública, exigem um esforço em conjunto com todas as áreas
do conhecimento, além da necessidade dos setores serem comprometidos com a
ética e as práticas da boa administração (CORTÊS, 2019).
Essas tecnologias possibilitam um maior controle, segurança e rapidez nos
trâmites realizados pelo Poder Público. Cortês (2019) explica que para que as
atividades exercidas pela Administração Pública ocorram de forma eficaz, ela deve
ser submetida a controles internos e externos.
Referente ao controle interno, este está relacionado ao controle administrativo
que deve ser realizado nos órgãos públicos através de auditorias, atividades de
fiscalização, correcionais, comissões processantes, recursos, dentre outros, de
maneira que a efetividade deste vai depender da quantidade de servidores públicos
independentes estejam disponíveis e que o objetivo de carreira estimule a autonomia,
autocontrole, mérito e lisura dos cargos. Os controles externos são realizados por
órgãos externos ao Poder Executivo, principalmente o Legislativo, com o ajuda do
Tribunal de Contas; e do Judiciário. Pode, ainda, ter uma possibilidade do controle
direto pela sociedade, de forma social ou informal, mediante eleições, associações
profissionais e civis, partidos, imprensa etc.
Conforme exemplificado por Filho (2014), os sistemas de informação
alimentados pelo governo se baseiam na plataforma web e é de acesso livre a
qualquer um que queira saber como seus impostos e taxas estão sendo aplicados.
Segundo o autor “isso é extremamente significativo, considerando que o povo - o
agente fiscalizador [...] pode consultar os sistemas online, em qualquer horário e de
qualquer lugar com acesso à rede mundial de computadores” fazendo toda a diferença
(FILHO, 2014, p. 16).
Para a construção dessa pesquisa, utilizaram-se fontes bibliográficas retiradas
de livros, artigos, jornais e dissertações na área, tanto físicos como em material online.
Ainda, utilizou-se o método dedutivo, classificado de caráter explicativo, além de
possuir uma abordagem qualitativa.
Na segunda seção, será abordado sobre a evolução tecnológica e o direito
administrativo. Na seção 3, o tema principal é o Direito Administrativo e o Governo
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digital, analisando as principais práticas no Brasil, além de tratar também sobre o


Governo e a Governança Eletrônica. Por fim, na Seção 4, o artigo focará no sistema
de proteção de dados, avaliando como ele ocorre, bem como a legislação que o
protege.
Assim, se faz necessária essa pesquisa para entender a necessidade,
importância e formas de uso das tecnologias na Administração Pública, assim como
seus principais benefícios e as dificuldades de aplicação.

2 EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO

É sabido que o mundo em que vivemos hoje passou por diversas


transformações e evoluções para se chegar ao que se tem hoje, ou seja, ele é
resultado “das diversas transformações ocorridas durante a sua história, estando cada
vez mais econômico, social e politicamente interligado” (SCHIEFLER; CRISTÓVAM,
SOUSA, 2020, p. 98).
Devido a isso, principalmente nas últimas décadas, a evolução tecnológica e
os meios de comunicação foram responsáveis por alterar toda uma sociedade, e,
como consequência, a administração dela. No caso do Direito Administrativo, esse
busca fazer com que os “cidadãos se relacionam com o aparato estatal em busca da
satisfação de seus direitos e de acesso a informações de interesse público”
(SCHIEFLER; CRISTÓVAM, SOUSA, 2020, p. 98).
Assim, antes de falar das consequências da globalização para o processo
tecnológico e comunicativo, além das legislações brasileiras sobre a área, é
importante conhecer um pouco do processo histórico que iniciou as bases dessa área.
Conforme citado por Toffler e Távora (1995), o processo de evolução
tecnológica ocorre em grandes períodos, de forma que nos anos 70, faz-se necessário
o surgimento de uma sociedade da informação, sendo, a partir disso, necessário
abordar o tema. Os autores explicam que a sociedade da informação seria formada e
controlada por dois tipos de relógio: o analógico, representado pelo tempo físico (24h
por dia, 7 dias pode semana); e o digital, que corre em tempo virtual, de forma que
não há limite de horas e que possibilita que inúmeras tarefas sejam realizadas ao
mesmo tempo.
A evolução da humanidade pode ser dividida em três partes (ou Ondas): 1) Era
agrícola: quando o ser humano deixou de ser nômade e se fixou na terra para cultivá-
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la. Nessa época, a propriedade de terra significava instrumento de riqueza e poder; 2)


Revolução Industrial: quando a riqueza passou a estar relacionada com a relação
entre o trabalho, propriedade e capital; e 3) com o advento da Segunda Guerra
Mundial: sendo o auge, na qual o modelo de produção em massa traz consigo
inúmeros problemas devido à disputa pelo poderio industrial, como miséria, mortes,
superpopulação em centros urbanos, altas cargas de trabalho etc. (TOFFLER;
TÁVORA, 1995).
No caso específico da sociedade da informação, Toffler e Távora (1995)
explicam que esta tem suas origens no crescimento dos meios de comunicação em
massa que surgiram na primeira metade do século XX. Com início no ápice da
Segunda Onda, mas principalmente na Terceira Onda, também chamada de Era da
Informação, inicia-se a comunicação massificada por meio do cinema, telefone, rádios
e TVs.
Ressalta-se que toda essa evolução ocorreu em um período de 50 anos,
possibilitando assim, a massificação, expansão de produtos, produção em larga
escala, centralização de poder e estandardização ditado pela Era industrial. A
consolidação da Terceira Onda veio com a criação da Internet e o surgimento das
tecnologias digitais, permitindo assim, uma maior rapidez na transmissão de
informações e a possiblidade de diferentes fontes e origens (PINHEIRO, 2016).
No decorrer das mudanças ocorridas na sociedade, pode-se iniciar com as
primeiras formas de comunicação: as pinturas rupestres. Alguns bons anos depois se
tem a pedra talhada, evoluindo para os papiros até chegamos ao que temos hoje: o
papel. Ainda, tem-se a evolução das tintas, normalmente feita com sangue de animais
ou tinta feitas com plantas, passando pela pena e chegando às canetas. As cartas,
amplamente utilizada até pouco tempo, foram substituídas, em sua grande maioria,
por e-mails. Quem imaginaria realizar reuniões online com pessoas de qualquer lugar
do mundo por meio de um simples aparelho digital? O trabalho, que antes era tudo
físico, dentro de empresas ou companhias, possibilitou também o home office. Hoje
tudo isso é possível graças à grande velocidade e rapidez com que os meios de
circulação da informação evoluem.
Corroborando com o exposto, tem-se a seguinte afirmação:

A sociedade da informação vivenciada pela humanidade tornou


anacrônica a utilização do papel nas formas de comunicação e
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fortaleceu a desmaterialização da informação e a simplificação das


mensagens (linguagem escrita), muitas vezes substituindo-as por
imagens ou símbolos universais de comunicação (SCHIEFLER;
CRISTÓVAM; SOUSA, 2020, p. 99).

A respeito do desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação


(TICs), Keen (1996) esclarece que este é fracionado em quatro períodos. O primeiro
se inicia na década de 1960, com o foco em processamento de dados. Foi nesse
período que os computadores, ainda que caros, passaram a serem economicamente
mais viáveis nas grandes empresas, porém, eram limitados em aplicações e
normalmente incompatíveis entre si. Dessa forma, geralmente os avanços ocorriam
nos hardware, de forma a reduzir os custos e aumentar a velocidade e a capacidade
dos equipamentos, permitindo então, um maior foco na automatização de processos
burocráticos, e, como consequência, gerando ganhos em escala e remodelando a
estrutura pessoal nas empresas.
O segundo período segundo Keen (1996), inicia-se em meados da década de
1970, na qual as mudanças tecnológicas começaram a possibilitar a conversão de
dados em informações. Agregado a isso, houve também uma evolução de sistemas
menos rígidos, indo de acordo com as necessidades gerenciais da empresa. O autor
também esclarece que nesse período, outra ferramenta de grande importância foi o
terminal de computador, que permitiu o acesso flexível, com processamento em tempo
compartilhado. A ideia era possibilitara execução de diversas tarefas ao mesmo
tempo, ou seja, que mais de uma pessoa pudesse trabalhar em um computador. Por
fim, o autor também explica que foi também nesse período em que, pela primeira vez,
as linhas telefônicas de voz permitiram o acesso a terminais remotos de
computadores. Assim, esse período é marcado pela organização de informações de
maneira eficaz, visando combater a acumulação e duplicidade de dados e facilitando
o manuseio destes.
Já no terceiro período, retrata-se a expansão dos computadores pessoais
(PCs), sendo possível isso apenas com a criação dos microprocessadores e softwares
de baixo custo que não demandavam um suporte técnico permanente. Tal feito
possibilitou o uso Tecnologia da Informação para um maior número de organizações
e empresas, passando a serem utilizadas também em aplicações administrativas
internas e a iniciar os pensamentos para usos externos com foco no mercado. Não
obstante, mesmo com essa evolução, 79 computadores ainda eram incompatíveis
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entre si, de forma que dificultava a integração dos sistemas e uma maior comunicação
(KEEN, 1996).
Por fim, a quarta e última fase descrita pelo autor tem início na década de 1980,
com foco em compatibilidade. Esse objetivo permitiu que as barreiras que existiam
fossem transpostas, de forma que a integração entre as ferramentas e sistemas
passou a ser total. O acesso e a troca de informações passaram a ser algo natural e
instantâneo, transformando completamente a dinâmica das relações: “[a] TI é
reconhecida como fator crítico de capacitação, principalmente através das
telecomunicações, que permite eliminar barreiras impostas por local e tempo às
atividades de coordenação, serviço e colaboração” (KEEN, 1996, p. 49).
É importante frisar que as mudanças apresentadas anteriormente também
foram acompanhadas ou antecedidas pela “evolução individual de diferentes
componentes e ferramentas que foram sendo inseridas ao longo do tempo e
permitiram a integração dos processos” (JESUS, 2018, p.79). Uma das criações mais
importantes com relação à tecnologia da informação nesse período foi sem dúvidas,
a Internet - “nenhuma outra tecnologia encarna com tanta perfeição a Era da
Globalização como a rede mundial de computadores Internet. Ela é o retrato mais fiel
do estado da arte em computação virtual (CRUZ, 1998, p. 177)”.
Em suma, a Internet foi criada como um projeto que visava impedir que os
ataques nucleares acabassem com as redes de comunicação durante o período da
Guerra Fria. A solução para isso foi a criação de uma rede de estações de
comunicação no lugar das instalações centralizadas existentes (MAZZUCATO, 2014).
Com fins militares, ela foi financiada pelo governo americano por meio da Agência de
Projetos de Pesquisa Avançada do Departamento de Defesa (Arpa), surgindo a
primeira rede de computadores, a “Arpanet” (JESUS, 2018).

Os primeiros pontos da rede ficaram em Universidades que auxiliavam


o Departamento de Defesa, mas os pesquisadores começaram a
utilizar a rede para comunicação pessoal, o que expandiu os
horizontes da empreitada e a afastou dos fins estritamente militares
(JESUS, 2018, p. 79).

Após muitas mudanças com o passar dos tempos, a Internet foi privatizada.
Tais mudanças traziam inúmeros desafios, de forma que não era suficiente uma rede
de transmissão para possibilitar que os computadores dialogassem entre si, sendo
necessário adotar um protocolo de comunicação universal para que todas as redes
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pudessem utilizá-la. Castells (2016) clarifica que após muito trabalho, o protocolo
TCP/IP (servidor-a-servidor [TCP] e inter-redes [IP]) foi adotado nos Estados Unidos,
de forma que este acabou vencendo outros concorrentes por sua grande flexibilidade
e adaptação, prevalecendo como padrão internacional.
A partir disso, o ritmo de mudanças cresceu exponencialmente em quase todas
as áreas da economia e da tecnologia. Essas inovações, em conjunto com as novas
ferramentas tecnológicas foram capazes de ultrapassar as fronteiras dos países e a
conectividade se tornou completa, de forma que “o computador, internet e
comunicação passaram a ser inseparáveis, relativizando as noções de tempo e
distância nos negócios e demais conexões” (JESUS, 2018, p. 80).
Analisando a última década do século XX, é perceptível a intensificação da
grande parte dos países desenvolvidos, um maior desenvolvimento da realidade
social. Esse tema é definido de três formas pelas sociais como:

Sociedade de informação e de comunicação”, baseada na


universalidade e imediatismo inseridos através das telecomunicações
e internet. Uma “Sociedade do conhecimento”, fundamentada no
processo célere de desenvolvimento tecnológico e científico (física
quântica, nanotecnologia, biotecnologia), e por fim uma “Sociedade de
risco”, tendo em vista as incertezas criadas pelas próprias mudanças
(ALIPIO, 2020, p.1).

Assim, é notório que as relações sociais, econômicas e políticas são ampliadas


à escala global, de maneira que os tópicos dominantes são as leis do mercado e a
eficiência. Neto (2018) explica que isso se dá porque é verificado um enfraquecimento
do Estado nacional, haja vista que o mundo se reorganizou em diversas centralidades
de poderes como os transnacionais (europeus e mundiais) e o interestaduais
(crescimento das administrações públicas e parcerias com organizações sociais).
Para o autor, passa a ser uma “sociedade com organismo em rede”, com uma
administração pública sem hierarquia entre os cidadãos e os poderes (NETO, 2018,
p. 66).
Sobre isso, o autor complementa que:

as transformações na estrutura de poder introduzidas na Pós-


Modernidade levaram a se repensar o próprio Estado: com a sua
soberania, relativizada no contexto internacional; com a sua
incontrastabilidade, questionada no plano dos valores, e com a
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indisputabilidade ético-jurídica de suas normas, abandonada como


ficção imprestável (NETO, 2018, p. 68).

A mudança em relação ao Estado só foi consolidada completamente devido ser


uma necessidade irrefutável apresentada na metade do século XX pelo Direito após
a Segunda Guerra Mundial. Com suas transformações posteriores, ela foi renovada,
fortalecendo a sociedade enquanto instituição, de forma que foi estimulada pela
Revolução das Comunicações, de forma que progrediu para a atual Era da
Informação, com o conhecimento sendo amplamente disseminado pelos mais
diversos meios eletrônicos (ALIPIO, 2020).
Entrando no século XXI, é notável a evolução da sociedade nas suas mais
diversas áreas do conhecimento e informação. O que um smartphone é capaz de fazer
hoje é impressionante – criado para ligações e SMS, atualmente é possível fazer
chamadas de vídeo com pessoas de qualquer parte do mundo, acessar um e-mail
com diversas informações armazenadas, acessar contas bancárias, tirar fotos
profissionais, assinar documentos, e acessar informações reais e ao vivo sobre
qualquer lugar do mundo, transpassando qualquer barreira geográfica, política, física
e linguística.

3 DIREITO ADMINISTRATIVO E O GOVERNO DIGITAL

No Direito Administrativo, conforme apresentado por Otero (2013, p. 484), a


realidade da evolução dos meios de comunicação foram responsável por abolir as
fronteiras, revelando a “ineficácia dos mecanismos clássicos de intervenção do Estado
perante os desafios do ciberespaço”. Desta forma, nota-se a necessidade da
Administração Pública para adotar processos administrativos eletrônicos com o
objetivo de facilitar e tornar mais rápido e transparente todo o processo.

Atualmente, a agilidade exigida pelas empresas da economia digital


requer respostas e caminhos jurídicos que sejam capazes de transpor
os limites impostos nos órgãos públicos, órgãos de registro e Poder
Judiciário, pois as consequências causadas por erros, ainda que
possam ser corrigidos, o tempo que se gasta até sua adequação pode
trazer circunstâncias trágicas (ALIPIO, 2020, p.1).

Percebe-se que a sociedade da informação é extremamente exigente ao querer


que os indivíduos sejam capazes de realizar diversas atividades, acessando diversas
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informações ao mesmo tempo, rompendo o limite de distância física e fusos horários,


ou seja, por meio da globalização do mundo digital.
A comunicação realizada por meios eletrônicos se tornou algo que parecia
distante há décadas: comum. Ela hoje é considerada um mecanismo comum,
interdisciplinar e de acesso a qualquer idade/geração, sendo extremamente
abrangente e universal.
Visto isso, para o tema da administração pública, é preciso entender como esse
mecanismo pode atuar como um fator facilitador em tais atividades, sendo cada vez
mais utilizado nos dias de hoje para tornar-se um processo mais rápido e eficiente.

3.1 GOVERNO ELETRÔNICO X GOVERNANÇA ELETRÔNICA

O uso de TICs possibilitou que diferentes grupos pudessem participar de forma


mais ampla, da questão governamental, como o governo em si, a sociedade civil e o
setor privado. Entra em cena, a governança eletrônica.
De acordo com Dias, Sano e Medeiros (2019, p. 19), a governança é
conceituada como "a forma como os múltiplos atores presentes na sociedade
interagem para definir, implementar, monitorar, alterar e avaliar políticas públicas”. Já
Fang (2002) explica que de forma mais ampla, tal conceito abrange o governo, a
participação dos cidadãos, os partidos e organizações políticas, as funções do
Parlamento e do Judiciário.

A governança eletrônica está além do escopo do governo eletrônico.


Enquanto o governo eletrônico é definido como uma mera entrega de
serviços governamentais e informações ao público usando meios
eletrônicos, a governança eletrônica permite a participação direta do
cidadão em atividades políticas que vão além do governo e inclui
democracia eletrônica, votação eletrônica e participação política e
atividade on-line (FANG, 2002, p. 5, tradução nossa).

Em síntese, a governança está relacionada à forma de como o poder é


exercido, devendo este ser compartilhado, ou seja, não cabe exclusivamente ao
governo atuante, mas sim, deve envolver os mais diferentes atores sociais,
econômicos e políticos. Ela envolve participação, transparência nos serviços,
honestidade, eficiência, imparcialidade, integridade, dentre outros fatores que
promovem o acesso a todos de forma justa e eficaz.
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Blake Harris (2000 apud Fang, 2002, p. 5, tradução nossa) caracteriza a


governança eletrônica conforme o exposto:

A governança eletrônica não se refere apenas ao site do governo e ao


e-mail. Não se trata apenas de prestação de serviços pela Internet.
Não se trata apenas de acesso digital a informações governamentais
ou pagamentos eletrônicos. Isso mudará a forma como os cidadãos
se reportam aos governos tanto quanto muda a forma como os
cidadãos se reportam uns aos outros. Trará novos conceitos de
cidadania, tanto em termos de necessidades como de
responsabilidades. Portanto, no sentido mais amplo, a governança
eletrônica tem mais implicações do que o governo eletrônico.

Relacionado a isso, percebe que tal conceito é muito amplo, englobando várias
formas de contato entre o governo e os cidadãos ou empresas. Sabe-se que no caso
da comunicação e participação bidirecional, estes têm aumentado amplamente a
utilização de canais de diálogo, buscando obter dados e informações sobre a
percepção da sociedade por meio de consultas públicas online, fóruns, chats ou
qualquer outro meio interativo que busque o diálogo/debate entre os cidadãos e sua
interlocução com o governo a respeito de determinado tema seja a nível orçamentário
municipal, até o nível federal.

São inovações em políticas públicas que incorporam uma perspectiva


de inovação conceitual e sistêmica ao propor novas formas de
comunicabilidade que almejam aprofundar e aumentar a participação
dos cidadãos [de forma que] esse processo deliberativo pode gerar
subsídios que podem ser incorporados na elaboração da proposta final
de uma consulta pública ou influenciar o eleitor numa votação no
orçamento participativo digital (DIAS; SANO; MACHADO, 2019, p. 32).

Assim, é por meio da governança eletrônica que os cidadãos podem se


comunicar com o governo ou debater entre si, além de poderem também, participar
da formulação de políticas governamentais por meio de um processo político
democrático. Dessa forma, pode-se dizer que o uso dessas novas tecnologias permitiu
incluir a sociedade, temas como e-democracia, e-participação e e-inclusão em gestão
e serviços governamentais.
No caso do governo eletrônico, este se refere ao uso por agências
governamentais de tecnologias de informação, por meio da web, internet e
computação móvel, buscando transformar relações com os cidadãos, empresas e
outros ramos do governo.
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O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, segundo as Estratégias


de Governança Digital, conceitua governo eletrônico como:

uso das tecnologias da informação e comunicação (TICs) para


democratizar o acesso à informação, visando ampliar o debate e a
participação popular na construção das políticas públicas, como
também aprimorar a qualidade dos serviços e informações públicas
prestadas (BRASIL, 2018, p.13).

Essas TICs podem servir a uma variedade de finalidades diferentes, como:


melhor prestação de serviços governamentais aos cidadãos, interações aprimoradas
com empresas e indústrias, capacitação dos cidadãos por meio do acesso à
informação ou gestão governamental mais eficiente etc. Os benefícios estão
relacionados menos corrupção, maior transparência, maior conveniência, crescimento
de receita e/ou redução de custos (FANG, 2002).

3.1 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIGITAL NO BRASIL

No Brasil, o avanço das tecnologias da informação, principalmente a partir de


1990, buscou ser um meio de transformação que proporcionasse a melhoria da
qualidade dos serviços públicos, objetivando proporcionar maior eficiência
operacional, reduzindo custos e aumentando a produtividade, além de aperfeiçoar a
qualidade de serviços públicos prestados via intensa interação com a sociedade (GIL-
GARCIA; PARDO, 2005).
O governo eletrônico, ou seja, aquele que usa TICs na administração pública
tem intensificado cada vez mês o uso dessas tecnologias nas mais diversas áreas
desse setor, atuando tanto internamente, como na informatização de atividades, como
externamente, com a ampliação da comunicação e disponibilização de serviços
públicos ao público externo, ou seja, cidadãos, fornecedores, empresas ou outros
setores do governo e da sociedade, por meio da web dos portais governamentais.
Para isso, além de simplesmente implementar essas TICs, é preciso também
entender que a necessidade das mudanças culturais pelos responsáveis pela
administração pública, visto que o uso dessas tecnologias envolve mudanças nas
“rotinas de processo, mudanças legais e mudanças comportamentais, visando a uma
maior eficácia, eficiência e efetividade na prestação de serviços públicos aos
cidadãos” (DIAS; SANO; MEDEIROS, 2019, p, 36).
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No Brasil, a Administração Pública busca satisfazer os direitos fundamentais


dos cidadãos, conforme presente na Constituição Federal de 1988, impactando
grandemente no regime jurídico-administrativo. Dessa forma, a Constituição de 1988
“trouxe inovações que transformaram a Administração Pública e que foram
potencializadas em razão da concomitância com o desenvolvimento de modernas
tecnologias que mudaram o relacionamento público-privado” (SCHIEFLER;
CRISTÓVAM; SOUSA, 2020, p. 100).
Os direitos constitucionais estabelecidos, em conjunto com a mais ampla
participação popular e a nova realidade tecnológica fez com que o indivíduo (assim
como a sociedade), mudasse bruscamente muitos de seus atos. Para a
Administração, essas mudanças tornaram o cidadão do século XXI mais exigentes,
necessitando de mais rapidez, transparência e eficiência na atuação do Estado.
Com o grande crescimento da tecnologia da informação e da comunicação e
sua relação com o Estado e a sociedade, passaram a ser analisadas através do
prisma da democracia digital (chamada também de e-democracia, ciberdemocracia,
democracia digital/virtual), de maneira que se espera que a internet e outros meios
eletrônicos sejam meios que ampliarão e aprofundarão a democracia (DIAS; SANO;
MACHADO, 2019).
Corroborando com o exposto, Rheingold (2000) explica que a disseminação da
internet, assim como de ferramentas e dispositivos eletrônicos que estão conectados
a ela, foi responsável por criar uma expectativa de maior participação dos cidadãos
nas decisões, além de fazer uma completa transformação do modo de se fazer política
e de tomada de decisões.
Dias, Sano e Medeiros (2019) clarificam que a e-informação é o estágio inicial
da importante relação entre o Estado e a sociedade. Para os autores, isso se refere à
disponibilização de dados, informações e documentos sobre o governo e as ações
governamentais – “Trata-se de um canal de comunicação unidirecional, no qual os
cidadãos podem apenas acessar os materiais que o governo decidir disponibilizar e
na forma como forem ofertados” (DIAS; SANO; MEDEIROS, 2019, p. 17). Portanto,
isso está diretamente relacionada com a transparência governamental, com o objetivo
de permitir o exercício do controle social.
O povo necessita de uma maior variedade de serviços públicos digitais a
disposição, isso por que, conforme apresentado por Schiefler, Cristóvam e Sousa
(2020), o movimento de informatização da atuação administrativa no Brasil se
14

expandiu principalmente com o advento da pandemia da Covid-19, visto que, por


causa do isolamento social realizado como medida de proteção e propagação pelo
alto risco de contágio, os cidadão precisaram ficar em casa.
É nesse contexto de transformações tecnológicas, agregado com a
preocupação dos direitos fundamentais dos cidadãos que se intensifica o debate em
torno “da ideia de Administração Pública digital, a qual, por meio do uso das
tecnologias da informação e comunicação mais modernas, e atuando por intermédio
de processos administrativos eletrônicos”, com o objetivo de “aumentar a eficiência, a
transparência, a participação social, o controle, a simplificação da burocracia, a
agilidade, a igualdade e o tratamento isonômico na prestação de serviços públicos”
(SCHIEFLER; CRISTÓVAM, SOUSA, 2020, p. 100).
Segundo Niebuhr (2014), tanto a ciência como o direito administrativo, deve
progredir, o que em outras palavras, quer dizer reavaliar e julgar o que está de certo
modo estabelecido, de maneira que a Administração Pública necessite elaborar novos
mecanismos para atender às demandas confrontadas, fornecendo meios jurídicos
para que esta possa atingir seus intuitos em uma esfera tão enérgica e com
relacionamentos políticos e econômicos complexos. Assim, o Direito Administrativo
deve ser visualizado sob uma nova perspectiva, onde não escape do raciocínio de
que a atividade administrativa deve sempre zelar pelo tratamento igualitário dos
indivíduos.

3.1.1 Os desafios para o uso de TICs na Administração Pública

Para o Poder Público, com as diversas pressões internas e externas, implícitas


e explícitas diante desse novo cenário, surge à necessidade de se adequar. Conforme
apresentado por Gil-Garcia e Pardo (2005), para que isso ocorresse, existia alguns
desafios primários para o uso das TICs em governos, sendo agrupados em cinco
categorias, conforme seu aspecto central: 1) informação e dados; 2) tecnologia da
informação; 3) organizacional e gerencial; 4) legal e regulatório; 5) funcionamento de
sistemas federativos.
O desafio da informação e dados trata da captura, gerenciamento, uso,
disseminação e compartilhamento de informações. Os autores esclarecem que nesse
desafio, há problemas de qualidade e precisão dos dados. No segundo desafio, da
tecnologia da informação, os autores mostram a necessidade de atenção relacionada
15

aos aspectos de usabilidade do sistema, facilidade de uso, complexidade dos avanços


tecnológicos e o déficit de habilidades técnicas relevantes nas equipes do projeto para
acompanhar tais avanços (GIL-GARCIA; PARDO, 2005).
Já o desafio de cunho organizacional e gerencial, os autores demonstram a
carência de alinhamento existente entre os objetivos organizacionais e o projeto de
TICs. Ademais, têm-se também os interesses individuais e os comportamentos
associados que levam à resistência de mudanças, conflitos internos e problemas de
território. No quarto desafio, que trata dos aspectos legais e regulamentares, estes
estão relacionados à observância ao quantitativo de leis e regulamentos restritivos
que impactam a implementação de projetos de TICs, (legislação orçamentária ou ciclo
orçamentário, por exemplo, que pode afetar os possíveis resultados de iniciativas de
TICs de longo prazo) (GIL-GARCIA; PARDO, 2005).
Para finalizar, os autores ainda apontam outro desafio, sendo este a respeito
do funcionamento de sistemas federativos, em caso de países como o Brasil, haja
vista que existem particularidades nas relações entre os diferentes níveis de governo,
além dos freios e contrapesos4 formais entre os Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário.
Visto isso, é notável que existem vários desafios complexos que são
enfrentados pelos gestores da administração pública brasileira para a implementação
e acompanhamento das TICs.
Apesar de todos os avanços, Schiefler, Cristóvam e Sousa (2020) esclarecem
que um dos aspectos negativos da Administração Pública digital é que a adoção de
processos administrativos eletrônicos pode ser um fator responsável por aprofundar a
desigualdade entre as pessoas, principalmente na prestação de serviços públicos em
plataformas digitais.
Vicente e Novo (2014) também afirmam que um dos principais desafios para a
participação social no contexto administração pública, principalmente para a
democracia e governança digital é a exclusão digital, que poder ser ocasionada por
diversos fatores, como a dificuldade de acesso às ferramentas tecnológicas e à

4De acordo com o TJDFT (2018, p. 1), “o Sistema de Freios e Contrapesos consiste no controle do
poder pelo próprio poder, sendo que cada Poder teria autonomia para exercer sua função, mas seria
controlado pelos outros poderes. Isso serviria para evitar que houvesse abusos no exercício do poder
por qualquer dos Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Desta forma, embora cada poder seja
independente e autônomo, deve trabalhar em harmonia com os demais Poderes”.
16

própria internet, falta de familiaridade ou capacitação para atuar no contexto digital e


clivagens de gênero e idade.

3.1.2 As esferas de mediação

Fang (2002) apresenta que o governo eletrônico pode ser dividido entre oito
esferas de interações que são mediadas tecnologicamente: 1) governo-governo
(G2G); 2) governo para o servidor público (G2E); 3) governo-empresa (G2B); 4)
governo para o cidadão (G2C); 5) Cidadão para Governo (C2G); 6) Empresa-Governo;
7) Governo para organizações sem fins lucrativos (G2N); 8) Organizações Sem fins
lucrativos para o Governo.
Na interação G2G, entre governo-governo, o objetivo é o uso de tecnologias
para melhorar a eficiência interna das burocracias públicas, fazendo uso de
automação de tarefas rotineiras e do compartilhamento rápido de informações entre
departamentos e agências por meio da internet e intranet.

Fornecer aos departamentos ou agências do governo uma base online


de cooperação e comunicação no megabanco de dados do governo
para ter um impacto na eficiência e eficácia. Inclui também a troca
interna de informações e mercadorias. (FANG, 2002, p. 7).

Na interação governo para servidor público (G2E), esta trata das relações do
governo com os funcionários ou servidores públicos, transmitindo informações ou
serviços.
Já as interações governo-empresa fornecedora (G2B), trata do uso da internet
para reduzir os custos governamentais nas compras e vendas bens e serviços das
empresas. No caso das empresas B2G, (empresa para Governo), esta impulsiona as
transações eletrônicas para as compras do governo (licitações).
As interações de governo para o cidadão (G2C) envolvem o uso das TICs no
fornecimento de serviços públicos e transações online. Ademais, busca melhorar o
design, tempo e qualidade da entrega dos serviços públicos, além de possuir também,
mecanismos de feedback eletrônico, como pesquisas instantâneas, pesquisas na web
e e-mail, como, por exemplo, por meio do Sistema Eletrônico do Serviço de
Informações ao Cidadão (e-SIC) (DIAS; SANO; MACHADO, 2019) – “Impulsionar a
17

disponibilização de serviços públicos online, nomeadamente através da prestação


eletrônica de serviços de informação e comunicação” (FANG, 2002, p. 7)
Ao contrário, na interação Cidadão para Governo (C2G), busca-se” fornecer o
impulso para colocar os serviços públicos online, em particular através da prestação
de serviços eletrônicos para troca de informações e comunicação” (FANG 2002, p. 7).
Na interação entre Governo para organizações sem fins lucrativos (G2N), o
governo é responsável por fornecer informações e comunicações para tais
organizações, partidos políticos, organizações sociais e etc. Ao contrário, nas
Organizações Sem fins lucrativos para o governo (N2G), há a troca de informações e
comunicação entre governo e organizações sem fins lucrativos, partidos políticos e
organizações sociais, Legislativo, etc.

3.2 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ELETRÔNICA E OS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Os Direitos Fundamentais são as normas que possibilitam ao indivíduo e à


sociedade, os direitos mínimos que permitem uma vida digna para todos,
independentemente de sua raça, sexo, condição social ou qualquer outro fator
determinante. O objetivo principal deles é de ser um instrumento protetivo do indivíduo
frente ao Estado. Assim, é dever e responsabilidade do Estado, assegurar as
condições mínimas necessárias para proporcionar uma vida digna para a população.
Para Moraes (2000, p. 39), os direitos humanos fundamentais são:

O conjunto institucionalizado de direitos e garantias do ser humano


que tem por finalidade básica o respeito a sua dignidade, por meio de
sua proteção contra o arbítrio do poder estatal e o estabelecimento de
condições mínimas de vida e desenvolvimento da personalidade
humana.

Ademais, eles são responsáveis por limitar a ação e orientar a atuação da


Administração Pública. Esses direitos não excluem a legitimidade do Estado como
titular de tais direitos:
A regulação pelo Estado é possível, desde que não haja restrições
vedadas aos direitos fundamentais. Mas essa restrição implica em
grande influência dos direitos fundamentais na Administração Pública,
já que eles limitam a atuação estatal e as orientam (HASSAN, 2013,
p. 115).
18

Canotilho (1993) apresenta as quatro funções dos direitos fundamentais,


sendo: 1) função da defesa ou de liberdade (dividida em um plano jurídico- objetivo e
jurídico-subjetivo); 2) função de prestação social (concretização por meio de políticas
públicas e garantias fundamentais, como saúde, educação e moradia); 3) função
perante terceiros (proteger, perante terceiros, os titulares dos direitos fundamentais;
4) função não-discriminatória (tratar as pessoas de forma igualitária).
Uma das responsabilidades do Estado no que tange o assunto é o de legislar,
de forma que o legislador precisa respeitar os direitos fundamentais, devendo apenas
regulamentá-los. Caso algum legislador aja de forma contrária a isso, ocorrerá o
chamado de inconstitucionalidade material.
Mediante o que foi explanado acima, verifica-se que os direitos fundamentais
atuam de forma limitante à Administração Pública, servindo de proteção contra o
Estado, de maneira que os legisladores e gestores da Administração Pública devem
atuar em observância a esses direitos. É preciso que o Estado atue de forma
fiscalizatória, na máquina administrativa ou na manutenção do judiciário (HASSAN,
2013).
Como a existência da Administração Pública está diretamente condicionada à
garantia dos direitos fundamentais, não se trata mais de necessidade, mas sim, do
dever de se adaptar às mudanças trazidas pelo desenvolvimento das tecnologias da
informação e comunicação.
Conforme explicado, Schiefler, Cristóvam e Sousa (2020), todo o ambiente em
que o Direito Administrativo brasileiro está inserido atualmente é consequência do
fenômeno da constitucionalização do Direito Administrativo que foi implementado pela
Constituição de 1988, na qual instituiu um Estado Democrático de Direito, conferindo
especial importância à igualdade entre os cidadãos brasileiros. Isso pode ser visto no
exposto abaixo:
Não sem razão, é possível concluir que a Constituição de 1988 trouxe
profunda transformação ao Direito Administrativo brasileiro e mesmo
um novo panorama de atuação, com diversas novas obrigações à
Administração Pública. Aliás, a Administração Pública brasileira
passou a ser o principal agente de concretização dos direitos
fundamentais dos cidadãos, o que reforça o relevo e a importante do
processo administrativo (SCHIEFLER; CRISTÓVAM, SOUSA, 2020,
p. 102).

Peixoto e Bonat (2016, p. 134) esclarecem também que Poder Público possui
o dever de “prever mecanismos e regras estáveis que propiciem uma prática
19

permanente do debate na sociedade e tornem possíveis acordos coletivos entre os


cidadãos”, de forma que o relacionamento deva ser realizado por meio de processos
administrativos, haja vista que o particular que esteja submetido à Administração
Pública não pode ter ignorado o seu direito fundamental de ser ouvido e de participar
da tomada de decisão (NIEBURH, 2017).
Dessa forma, é possível notar que o processo administrativo resume-se em um
meio de tornar o ato administrativo apropriado frente às exigências que a regência
jurídica administrativa estabelece. Porém, isso não é tudo, auxilia, ainda, no
conhecimento por parte dos indivíduos, do caminho trilhado por tal ato até que ele, de
forma eficaz, mostre efeitos no universo dos acontecimentos, causando, assim, um
grande impacto no meio jurídico.

4 A PROTEÇÃO DE DADOS

Na realidade atual em que tudo pode ser feito através da internet, é comum o
compartilhamento de dados e informações para cadastro ou acesso a determinados
aplicativos ou plataformas. Muitas vezes, os dados requeridos são inclusive, para
atividades rotineiras, tanto de cunho público como privado. Todas essas informações
são monitoradas pelo Governo para evitar lavagem de dinheiro, criminalidade e
terrorismo, de forma que esses cadastros acabam se tornando passíveis de
rastreamentos computadorizados (BRASIL, 2019).
Para Stelzer et al. (2019), a informação pessoal é tida como um ativo essencial
para as atribuições empresarial, social e pessoal, como também para a materialização
de políticas públicas e a evolução global da economia, visto que a LGPD conceitua os
dados pessoais como informativo referente à pessoa física identificada ou
identificável, conforme o art. 5, inciso I.
Foi a partir dos anos 1990, com a expansão da internet, que houve o
desenvolvimento de sistemas informáticos, banco de dados e armazenamento de
informações de forma ilimitadas e de qualquer natureza, tanto entre o Estado como
empresas particulares, sem nenhuma forma de controle, necessitando então, de uma
proteção dos dados pessoais dos indivíduos, sendo responsabilidade do Estado
Democrático de Direito, assegurá-los (RUARO; LIMBERGER, 2011).
Um dos primeiros locais a estabelecer a proteção de dados ocorreu na Europa,
no final da década de 1960, porém, há informações sobre o tema no artigo 8º da
20

Declaração Universal dos Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais, datado de


1950.
Um dos grandes objetivos das democracias atuais é de “possibilitar uma rede
de comunicação direta entre a administração e os cidadãos, a qual resulte em um
aprofundamento democrático e em uma maior transparência e eficiência da atividade
administrativa” (RUARO; LIMBERGER, 2011, p. 125). Apesar disso, mesmo com a
facilidade de acesso, tal fato ainda é um grande desafio, haja vista que ainda há uma
grande parte da população que não tem acesso à internet ou que não sabem utilizar
celular.
Assim, o fornecimento de dados por meio do uso de tecnologias possibilita que
a Administração Pública possa conhecer mais sobre sua população, exercendo um
papel essencial para a democratização da informação, de forma que o Estado, sendo
um dos mais responsáveis por isso, não pode negligenciar a proteção dos dados
pessoais dos indivíduos.

Tratar da proteção dos dados pessoais como um direito fundamental


no sistema jurídico brasileiro passa, necessariamente, por uma
abordagem prévia dos direitos à intimidade e à privacidade para que,
de seus núcleos, se extraia aquele direito, já que não está
expressamente previsto na Constituição Federal (RUARO;
LIMBERGER, 2011, p. 127).

Em 2014, na procura de uma seguridade para os internautas, foi deferido o


Marco Civil da Internet, norma regulamentadora da disciplina da internet no território
brasileiro. No entanto, essa nova lei não assegura a privacidade de dados de maneira
integral, globalizante e organizada, não sendo, desta forma, uma normativa geral para
tal, podendo-se dizer que ainda, a proteção de dados estava exposta, tornando-se
indispensável uma lei que garantisse o respeito à vida particular no que se refere aos
fluxos sociais de dados pessoais.
É de suma importância que os dados pessoais possam ser recolhidos para que
a Administração Pública possa melhorar sua atuação, assim como sua reorganização,
mediante as demandas gerais de atuação protetiva, tanto na segurança pública como
na vigilância sanitária, exercendo assim, sua política fiscal com as previsões de
receitas de forma eficaz. Dessa forma, para a Administração Pública, pode-se dizer
que “a posse de informações sobre os seus administrados lhe dá a condição de fazer
21

suas funções de modo mais bem-sucedido, tomando as melhores decisões sobre as


situações que lhe são apresentadas” (BRASIL, 2019, p. 14).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A evolução tecnológica trouxe consigo inúmeras mudanças na sociedade ao


passar do tempo. Hoje, com a globalização, tudo ocorre de forma quase instantânea,
necessitando inclusive, que a Administração Pública também aderisse aos meios
tecnológicos em seu dia a dia. Buscando tornar dinâmico e dar mais incremento a
gestão pública, o governo eletrônico é um utensílio utilizado pelos gestores, sendo
essencial para prover melhorias operacionais entre cidadãos, instituições
empresariais e o Estado, bem como de distintas unidades e níveis governamentais,
tudo por meio da utilização das tecnologias de informação.
Através da governança eletrônica, a sociedade (cidadãos, partidos, o Governo
e organizações políticas) pode monitorar, interagir, participar e avaliar as políticas
públicas, estando relacionada a forma como o poder público é exercido. Assim, a
participação popular mediante o uso de TICs se torna essencial, pois promove
transparência, imparcialidade e eficiência.
Ainda há diversos desafios a serem enfrentados pelo Estado no que se refere
ao uso de TICs pela Administração Pública como a questão do gerenciamento, uso e
compartilhamento de informação e dados, visto que ainda falta precisão nos dados;
dificuldade de uso dos sistemas devido sua complexidade e a falta de habilidades
técnicas; escassez de um alinhamento entre o uso das TICs e os objetivos
organizacionais; presença de regulamentos que restringem o uso dessas tecnologias
e as diversas particularidades que existem entre os níveis de governo.
Sobre a proteção de dados, nota-se que estas informações são extremamente
importantes para o governo e para as empresas, de forma que precisa ser trabalhado
e utilizado com muito cuidado para que esses dados não vazem, sendo prejudicial
para as pessoas.
Ao término desta pesquisa, verifica-se que as tecnologias são de extrema
importância para a Administração Pública, visto que elas facilitam os processos
administrativos, tornando-os mais céleres e de fácil acesso. Apesar disso, ainda
existem desafios complexos para a implementação e acompanhamento das TICs na
Administração Pública, sendo essencial uma melhor capacitação dos profissionais
22

responsáveis por sua implementação, uso de plataformas de fácil acesso, tanto pela
Administração como pela sociedade, além de uma maior segurança nessas
plataformas.

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