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5.

DESAFIOS DO SETOR PÚBLICO

A gestão pública brasileira vive um momento de transição e ajustamento às


exigências, tanto das leis de responsabilidade político-administrativa, quanto
aos desejos dos cidadãos por uma administração mais comprometida com a
sua real natureza, que é o bem estar comum.

Atender a todos os princípios de maneira eficiente e eficaz é notadamente


impossível para a máquina pública; o cidadão deseja cada vez mais do Estado
(eficiência, eficácia, resolutividade e outros), porém deseja pagar cada vez
menos pelos benefícios recebidos.

Contudo, melhorar a eficiência dos serviços públicos tem sido um grande


desafio, diante da crise da administração pública que é decorrente da própria
crise de Estado e dos âmbitos de atuação deste; são competências dos entes
federados, mas com grandes complexidades.

Esse novo contexto em que predomina, em sua grande maioria, a insatisfação


dos cidadãos para com a qualidade dos serviços públicos, exige uma nova
postura dos gestores públicos. O atual cenário da gestão pública está marcado
pela reiteração constante de atitudes ilegais e antiéticas praticadas por agentes
públicos que priorizam interesses pessoais ou de terceiros, esquecendo-se de
suas reais responsabilidades para com a gestão de recursos públicos. Os
casos de envolvimento em escândalos e corrupção nas diferentes esferas do
poder público são apresentados quase que diariamente pela mídia e o mais
impressionante é que pouco tem sido feito para aplicar punições aos seus
responsáveis.

O resultado desse desrespeito e falta de comprometimento de alguns gestores


públicos é, sem dúvida, sentido pelo povo, que, na maioria das vezes, não tem
suas necessidades básicas atendidas; recebem uma prestação de serviços
públicos inadequados, principalmente no que se refere à saúde, educação,
moradia, segurança, incompatíveis com a elevadíssima carga tributária, a qual
está submetido o cidadão brasileiro.

A precarização dos serviços públicos está ligada a grandes desvios,


corrupções, tráfico de influências e má aplicação dos recursos públicos,
incrementados, sobretudo, pela falta de comprometimento e de
profissionalização dos cargos principalmente na área da gestão, pois os
principais cargos de direção e assessoramento superior que necessitam de
conhecimentos técnicos e científicos de Administração, são entregues a
pessoas com qualquer ou nenhuma formação, priorizando apenas os
interesses pessoais e políticos.

Acordos políticos comprometem e muito o bom funcionamento do setor público,


pois desqualifica os bons profissionais e enaltecem agentes sem nenhuma
qualificação técnico-cientifico para os cargos. Profissionais desqualificados
ocupam posições de chefia e assessoramentos e, em contrapartida,
profissionais qualificados são extintos e muitas vezes esquecidos pela
administração.

De acordo com Matias-Pereira (2010), os desafios da gestão contemporânea


são decorrentes das mudanças de paradigmas no mundo. E essas mudanças
ocorrem principalmente devido ao ritmo crescente do processo de globalização.
É praticamente impossível permanecer inerte às transformações tecnológicas,
organizacionais, políticas, econômico-financeiras, culturais, sociais e
ambientais que ocorrem no planeta.

Ainda segundo o mesmo autor, o exame da literatura sobre administração


pública brasileira na atualidade revela que a estrutura atual ainda permanece
pesada, burocrática e centralizada. Para o autor, é relevante destacar, que
além da preocupação permanente em elevar o nível de desempenho da gestão
pública, o governo deve dedicar especial atenção às questões que envolvam a
ética, a moral, e a transparência na administração pública, além de criar um
ambiente favorável para a inclusão social e o fortalecimento da capacidade de
formulação e implementação de políticas públicas.

De acordo com Matus (1993), o pensamento estratégico e a gestão estratégica


têm sido as respostas que se mostram mais adequadas para o novo perfil de
gestão pública que a sociedade demanda.

6. TENDÊNCIAS DO SETOR PÚBLICO

A Gestão Pública está abraçando cada vez mais o desafio de integrar a


tecnologia com as soluções para a Administração Pública. São muitas soluções
que podem impactar positivamente o setor público, que buscam inovar e dar
maior celeridade e credibilidade aos processos e à percepção do cidadão em
relação aos serviços prestados.

Por isso, a tecnologia não é mais apenas uma opção para o setor público: é
uma necessidade real que se impõe aos processos da Administração Pública e
que exigem do gestor, atualização constante e o melhor uso dela para se
adaptar.

O Setor Público vem crescendo no meio tecnológico; de 2020 para 2021,


houve um aumento de 14% na procura dos serviços online, conforme dados da
TIC Domicílios. A propensão é que em 2023, o crescimento continue, tanto
pela obtenção de novos hábitos quanto pela praticidade adquirida com a
instauração dos serviços remotos em decorrência da pandemia – a exemplo da
transferência de título de eleitor, que antes requeria atendimento presencial.

As principais tendências são:

I - Modernização e integração dos sistemas governamentais: com a


implementação de novas tecnologias, como Inteligência artificial e cloud
computing, e a ampliação de parcerias público-privadas, tornando o sistema de
gestão mais eficiente.

II - Melhoraria na prestação de serviços públicos: focando no cidadão,


a transformação digital torna tudo mais simples, prático, acessível e
transparente.

III - Participação e engajamento do cidadão: a inclusão digital e a criação de


espaços que promovem o diálogo entre governo e sociedade civil tem o
potencial de, através da tecnologia, fortalecer a democracia. Uma das
tendências apontadas pelo estudo são serviços públicos hiper conectados, ou
seja, serviços públicos utilizando variadas ferramentas ou plataformas, e com
extensão automatizada de processos de negócios de TI com a mínima
intervenção humana.

A segunda tendência destacada é Segurança Adaptativa. Até 2025, o Gartner


espera que 75% dos CIOs do setor público sejam responsáveis pela segurança
de fora do ambiente da TI. Outra aposta é no estabelecimento de métricas de
engajamento para rastrear a quantidade e qualidade da participação dos
cidadãos nas decisões políticas e orçamentarias até 2024.

2. Inteligência artificial e atendimento

Dada a relevância atual, vale traçar breve consideração acerca da inteligência


artificial.

A Inteligência Artificial é a capacidade de um dispositivo computacional, através


de um compilado de várias ciências, como da computação e matemática,
replicar algumas habilidades cognitivas e assim, processar dados, raciocinar,
otimizar processos, corrigir erros, ter mais precisão e solucionar problemas.
Todo esse contexto, vem ocasionando mudanças tanto no setor tecnológico
quanto na maneira como nos relacionamos com a mesma.

A Inteligência Artificial é capaz de tornar mais ágil, perspicaz e eficiente a


conclusão de trabalhos. Isso é realizado através da apresentação de
recomendações, ideias e prognósticos de maneira automática, avaliando o
contexto. Assim sendo, a IA auxilia gestores, equipes e colaboradores a atuar
rapidamente e com maior precisão.

Vale destacar alguns benefícios do uso da Inteligência Artificial para


qualquer ambiente, não sendo diferente para a administração pública, tais
como: Solução de problemas; repetição; inovação; longas horas de trabalho
sem a necessidade de pausas; precisão e acerto; fácil locomoção a lugares
limitados aos humanos; rápida comunicação; redução de retrabalho, dentre
outros.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente ensaio buscou expor, sem nenhuma pretensão de esgotar o
assunto, os desafios da administração pública e as novas tendências do setor,
exigidas pelo mercado.

Ressaltou a importância do desenvolvimento da tecnologia para os novos modelos de


atendimento público, assim como para o setor privado. A tecnologia já é, sem dúvida, tão
importante para o setor público, quanto o privado, uma vez que favorece o melhorando, maior
rendimento e eficácia na rotina administrativa, facilitando, ainda, o trabalho das equipes e
integrando setores e instituições. Além do mais, essas melhorias possibilitam uma maior
aproximação com a população, tornando a percepção do cidadão em relação ao serviço
público muito mais eficiente.

Por essa razão, é preciso estar sempre atentos às tendências tecnológicas que
podem melhorar o dia a dia dos gestores públicos e agentes, sendo
indispensável adotar tecnologias avançadas que permitam aprimorar ainda
mais os serviços sempre em conformidade com a lei.

Os gestores públicos têm sua capacidade de atuação limitada por diversos


princípios, dentre eles o da legalidade (restringe sua atuação a aquilo que é
previsto por lei), diferente dos gestores da iniciativa privada, que podem fazer
tudo o que a lei não proíbe. Isso é um dos desafios da Administração Pública
na Gestão de Recursos Humanos. Contudo, existem alguns princípios
constitucionais que norteiam a Administração Pública em busca da eficiência e
transparência em suas ações, em defesa da sociedade.

Como bem salientar com autoridade OLIVEIRA, ao abordar a gestão de


empresas públicas e privadas:

A gestão eficiente de uma empresa privada leva ao lucro. A gestão eficiente de


um ente público leva à diminuição do déficit. Via de regra no Brasil a
Administração Pública convive com cofres deficitários; superavit é a exceção.
Mas, ao contrário do gestor privado, ou gestor público tem um compromisso
muito maior: a satisfação das necessidades da população. Mas é utópico
pensar que alguém satisfaz a necessidade de um povo, sem dinheiro. É
necessário transformar esse ciclo vicioso em ciclo virtuoso. Satisfazer a
necessidade de pessoas que vivem num território, com superavit ou com déficit
mínimo, pode ser uma realizada com a tomada de decisões arrojadas ,como se
faz na condução de empresas privadas: com ousadia e inovação . No caso do
setor público, com ousadia, inovação, desde que obedecidas a normatização e
o regramento ("ou engessamento") do Direito Público. Talvez o segredo da
moderna gestão pública, seja administrar aquele ente, "fazendo de conta " que
ele é a sua empresa privada, que não pode ter prejuízo (déficit) e que o seu
produto final colimado é a satisfação da população. 1

Concluindo, para obter uma administração de qualidade é importante que a


gestão de pessoas trabalhe como facilitador entre os gestores e os servidores.
É necessário que os gestores promovam a integração em todas as áreas
existentes na empresa pública, procurando orientar o desenvolvimento de
competências, além do constante aprimoramento do conhecimento e das
habilidades tecnológicas.

Destarte, reafirma-se que o grande objetivo da administração pública moderna


é atuar positivamente, atendendo aos anseios da sociedade, colocando à
disposição um serviço de qualidade, rápido e eficaz, simplificando, assim,
processos e, consequentemente, favorecendo sua ação no que tange à
obtenção dos seus fins, afastando cada vez mais a formalidade excessiva que,
na maioria das vezes, dificulta todo o procedimento.

É claro que para alcançar esse desiderato, o primeiro passo como linha de
conduta administrativa é escolher gestores com capacidade técnica para
resolver os graves problemas postos, lembrar que simplesmente ser detentor
de um nome bom não é a chave milagrosa para encontrar todas as soluções
demandadas, principalmente, quando o gestor de nome bom é colocado em
funções com a única finalidade de acelerar seus próprios negócios e fomentar
seus interesses pessoais, às vezes sepultados justamente diante de sua clara
incapacidade de oferecer soluções em face dos desafios exigidos pela
modernidade como acontece com a velocidade com que se caminha a
tecnologia nos dias hodiernos. Assim, pode-se gravar com toda a força
morfológica que o vernáculo exala que Administração Pública definitivamente
não é lugar para alojar sinecuras e prebendas, mas, inequívoco local de
promoção de direitos humanos, de respirar eficiência, moralidade e legalidade
e lugar de cuidar dos interesses da coletividade.

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, Lindolfo Galvão. A Gestão Estratégica de Pessoas. in: As


Pessoas na organização, São Paulo: Gente, 2002.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Jurídico


Atlas, 2003.

MEIRELLES, H. L. Direito administrativo brasileiro. São Paulo: RT, 1985.


OLIVEIRA, D. de P. R. de. Estratégia empresarial: uma abordagem
empreendedora. São Paulo: Atlas, 1991.

MATIAS-PEREIRA, J. Manual de gestão pública contemporânea. São Paulo:


Atlas, 2010.

MATUS, C. Política, planejamento e governo. Brasília: IPEA, 1993. t. 1 e 2.

Site: Tendências de tecnologia que vão impactar o Setor Público até 2025 -


Memora Processos Inovadores

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. xx. ed. São Paulo:
Malheiros, 2003.

SANTOS, C. S. dos. Introdução à gestão pública. Porto Alegre: Saraiva, 2006.


SCHIKMANN, Rosane. In: ENAP Gestão de pessoas: bases teóricas e
experiências no setor público/organizado por Marizaura Reis de Souza
Camões, Maria Júlia Pantoja e Sandro Trescastro Bergue. – Brasília : ENAP,
2010.

A gestão do conhecimento, também considerada a gestão do capital


intelectual das empresas, vem sendo cada vez mais discutida. Para que esta
seja bem utilizada e permaneça nas empresas, torna-se necessário uma boa
política de recursos humanos, ligada à tecnologia de informação, para que se
possa aproveitar o potencial das pessoas, não permitindo que tudo o que foi
produzido em nível intelectual seja "perdido", quando estes agentes não estão
mais integrados à organização. É neste cenário que se insere o presente
estudo que tem por objetivo apontar os desafios da administração pública na
era do conhecimento e da informação e as novas tendências do setor.

2 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Conceitua-se administração pública no sentido amplo, de acordo com Matias-


Pereira (2010), segundo o qual, deve ser entendida como todo o sistema de
governo, todo o conjunto de ideias, atitudes, normas, processos, instituições e
outras formas de conduta humana. Essas que determinam a forma de distribuir
e exercer a autoridade política e de atender aos interesses públicos.

A administração pública é a execução minuciosa do Direito Público. Em sentido


institucional, Wilson (apud SANTOS, 2006), sustenta que é o conjunto de
órgãos instituídos para consecução dos objetivos do governo; em sentido
funcional, o conjunto das funções necessárias aos serviços públicos em geral;
em sentido operacional, o desempenho perene e sistemático, legal e técnico
dos serviços próprios do Estado, ou por ele assumidos em benefício da
coletividade.

Palavras-chave: Administração; pública; desafios; tendências; eficiência.

1. INTRODUÇÃO

Buscar maior eficiência na administração pública, realizar investimentos e


conseguir solucionar problemas de maneira mais rápida e eficaz são desafios
enfrentados por gestores públicos em todo o país. Os administradores públicos
se desdobram para realizar manobras de atendimento público de qualidade,
porém nem sempre conseguem atingir bons resultados. Diferente da
administração privada, que atua com maior liberdade, a administração pública
pertence a um sistema focado em suas próprias regras.

O grande objetivo da administração pública é atuar positivamente, atendendo


aos anseios da sociedade, colocando à disposição um serviço de qualidade,
rápido e eficaz, simplificando, assim, processos e, consequentemente,
favorecendo sua ação no que tange à obtenção dos seus fins, afastando cada
vez mais a formalidade excessiva que, na maioria das vezes, dificulta todo o
procedimento.

Entre muitos desafios enfrentados pelos gestores públicos (falta de recursos,


burocracia excessiva, servidores públicos desmotivados, máquina pública
deficitária, déficit a pagar de outras gestões ineficientes, dentre outras), a
gestão atual necessita se adaptar melhor às novas tendências de transição da
desumanização para a era da informação, mais conhecida como era digital.

Para a grande maioria das empresas atualmente, um dos


maiores obstáculos é lidar com a concorrência. Por causa do
mercado cada vez mais competitivo, conseguir um bom
posicionamento de mercado está cada vez mais difícil. Algo
que pode ajudar nessa situação é conhecer o seu concorrente.

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