Você está na página 1de 12

Escola de Planejamento, Governança e Gestão

Curso de Governança de TIC para o Governo Digital

Módulo 3
GOVERNANÇA DE TIC – DIREITOS DECISÓRIOS EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO

por Prof. Guilherme Costa Wiedenhöft


Última atualização: 25 de novembro de 2018
RESUMO
Governança da Tecnologia da Informação (GTI) é a estrutura de tomada de decisão
que determina as responsabilidades de cada indivíduo e os mecanismos necessários para
estimular os comportamentos desejáveis em relação aos recursos de TI, visando o alcance
dos objetivos estratégicos da organização. Já os mecanismos de GTI são o conjunto de
práticas e arranjos utilizado para operacionalizar os objetivos da GTI, respeitando seus
princípios. Estudos em GTI sugerem a existência de dois principais pilares relacionados à
adoção de GTI. O primeiro e mais comum foca em aspectos regulatórios e legais. O segundo
pilar foca em aspectos comportamentais inerentes ao indivíduo, e é o foco desta pesquisa.
Assim, este material tem como objetivo fornecer uma visão introdutória acerca dos
conceitos relativos a GTI no contexto da administração pública, tendo em vista a
importância das estruturas de GTI como forma de melhor governar o processo de
transformação digital do Estado e incrementar o valor do serviço público à sociedade.
Palavras-chave: Governança de Tecnologia da Informação; Mecanismos de Governança de
TI; Organizações Públicas; IT Governance Canvas

Informações Gerais:
Este texto é parte integrante do conteúdo elaborado pelos professores da Escola de
Negócios e Escola Politécnica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(PUCRS) para o Curso de Governança de TIC para o Governo Digital.
A capacitação presencial é ministrada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul (PUCRS), constituindo-se em produto do Projeto de Fortalecimento
Institucional da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG) e integra o
Programa de Apoio à Retomada do Desenvolvimento do Rio Grande do Sul (PROREDES-
BIRD), com financiamento do Banco Mundial.
A capacitação faz parte da Escola de Planejamento e tem como objetivo aperfeiçoar
os gestores de TIC que compõem a Rede de TIC do Estado do Rio Grande do Sul e fortalecer
a implementação da Política de TIC-RS, estabelecida pelo Decreto 52.616, de 19 de outubro
de 2015.

Módulo 3 - Governança de TIC – Direitos Decisórios em Tecnologia da Informação e Comunicação


Curso de Governança de TIC para o Governo Digital
1
Escola de Planejamento, Governança e Gestão
Curso de Governança de TIC para o Governo Digital

1 GOVERNANÇA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

O conceito de Governança de Tecnologia da Informação (GTI) não possui de forma


clara uma data exata. No entanto, as pressões internas por alinhamento entre TI e o
negócio, a necessidade de retorno sobre o investimento em TI, bem como as pressões
externas impostas pelas regulações e leis do mercado na busca por coibir fraudes em
grandes empresas, e a busca contínua do aumento de valor para os shareholders, em 2003,
pela primeira vez Gartner sustentou a ideia de “Melhorar a Governança de TI” como sendo
uma das dez prioridades dos CIOs (VAN GREMBERGEN & DE HAES, 2012). Entretanto, este
tema já apresentava destaque na literatura acadêmica desde no final da década de 1990,
com a abordagem dos “frameworks de Governança de SI (Serviços de Informação) ” e
“frameworks de Governança de TI” por Brown (1997) e Sambamurthy e Zmud (1999). A
Governança Corporativa tem uma contribuição fundamental e decisiva para a Governança
de TI. Para Van Grembergen e De Haes (2009), a GTI é parte integral da Governança
Corporativa, e aborda a implementação e a definição de processos, estruturas e
mecanismos que permitem tanto profissionais de negócio quanto profissionais de TI
executarem suas responsabilidades alinhados com o retorno do investimento de TI ao
negócio. A Governança de Tecnologia da Informação, definida por Weill e Ross (2006), é
uma estrutura onde se especifica os direitos decisórios e as responsabilidades que
estimulam comportamentos desejáveis na utilização da TI. Ela não diz o que deve ser feito,
mas determina quem toma as decisões e contribui para elas, com uma orientação ao
negócio externa e orientação do tempo futura, diferente do que é a gestão de TI
(PETERSON, 2004).
A reforma da gestão pública possui três formas para permitir a transparência pública:
o controle social, o controle por contratos de gestão e resultados, e a competição
controlada. Para Diniz et al. (2009), os princípios que nortearam a reforma da gestão pública
foram a administração voltada aos resultados, à eficiência, à governança e à orientação para
as práticas de mercado. Nessa mesma linha, Bresser Pereira (2002) aborda a questão das
mudanças e da complexidade dos problemas modernos do governo, necessitando de
gerentes mais eficientes nas suas ações, relevância de aspectos comportamentais e culturais
das organizações como fatores chaves para responder a estes problemas.
Segundo Diniz et al. (2009), o uso da TI viabilizou a mudança no modelo de gestão
pública, com o surgimento do governo eletrônico e os serviços voltados aos cidadãos. Além
disso, segundo Joia (2009), a TI pode ser uma solução para os governos com relação à
crescente demanda de transparência e responsabilidade contestada pela sociedade. De
acordo com Heeks (2005), o advento da Internet trouxe maior visibilidade para as
organizações públicas com a difusão das suas aplicações de governo eletrônico
mundialmente, implicando no crescimento do número dessas organizações que estão
utilizando as TIC.

Módulo 3 - Governança de TIC – Direitos Decisórios em Tecnologia da Informação e Comunicação


Curso de Governança de TIC para o Governo Digital
2
Escola de Planejamento, Governança e Gestão
Curso de Governança de TIC para o Governo Digital

No Brasil, diversos autores têm se debruçado sobre a temática do uso das TI em


organizações públicas como Cunha et al. (2009), Diniz et al. (2009), Guimarães e Medeiros
(2006), Joia (2009), Laia et al. (2011). A principal abordagem destes autores tem sido acerca
do governo eletrônico e do uso de TI em serviços públicos, o uso das TI para governança e
democracia, o uso estratégico da tecnologia nos governos, envolvendo serviços de governo
e impactos socioculturais da TIC. King et al. (1994) afirmam que instituições públicas
possuem um papel paradigmático com relação à TI, sendo o governo uma força institucional
muito forte, impactando no comportamento das demais organizações.
As diferenças entre organizações públicas e privadas no que tange a governança de TI,
conforme Barrett (2001, p. 12), concentra-se em que na governança de TI em organizações
do setor público há influência maior do ambiente político e dos sistemas de valores, que
enfatizam questões éticas e cumprimento de normas e dispositivos legais. Entende-se que
os modelos de governança de TI nos setores público e privado são semelhantes em seus
pilares básicos (Princípios, Objetivos e Mecanismos), no entanto, conforme Rodrigues e
Neto (2012), os setores são muito diferentes nos aspectos ambientais que envolvem as
características das pressões institucionais externas e internas. Conforme Rodrigues e Neto
(2012), as pressões institucionais representam importante fonte de demandas para as áreas
de TI nas organizações públicas, e as pressões financeiras e de mercado, inerentes ao setor
privado, são forças propulsoras de demandas nas empresas e firmas. Para os autores, a
divergência maior entre o setor público e o privado se encontra na forma como os agentes
responsáveis pela governança reagem a essas pressões.
A Governança de TI nas organizações públicas pode ser entendida como a capacidade
financeira e administrativa de implementar políticas públicas que objetiva tornar o Estado
mais forte e menor pela superação da crise fiscal, pela delimitação da sua área de atuação,
distinção entre o núcleo estratégico e as unidades descentralizadas, pelo estabelecimento
de uma elite política capaz de tomar as decisões necessárias e pela dotação de uma
burocracia capaz e motivada (CUNHA, 2000). Barbosa et al. (2007) traz uma visão ampla de
governança eletrônica, a qual considera os aspectos internos à Administração Pública, como
processos, relacionamentos e estruturas, e aspectos externos como serviços públicos,
participação e controle. Barbosa et al. (2007) sugerem ainda três dimensões de aplicação de
TI na gestão pública, quais sejam:
a) e-administração pública: está associada à utilização das TIC para melhoria dos
processos governamentais e do trabalho interno do setor público;
b) e-serviços públicos: está associado à utilização de tecnologias para melhoria na
prestação de serviços aos cidadãos através da criação de canais digitais para acesso e
entrega de serviços;
c) e-democracia: está associada ao uso das TI para permitir a participação do
cidadão no processo de tomada de decisão.

Módulo 3 - Governança de TIC – Direitos Decisórios em Tecnologia da Informação e Comunicação


Curso de Governança de TIC para o Governo Digital
3
Escola de Planejamento, Governança e Gestão
Curso de Governança de TIC para o Governo Digital

Assim, conforme Rocheleau e Wu (2002), a principal diferença entre a Governança de


TI no setor público em relação ao setor privado está no fato de que o setor público fornece
“bens e serviços públicos”, não serviços ou produtos para venda. No entanto, a Governança
de TI, no âmbito do setor público, não apresenta, conceitualmente, diferenças significativas
em relação àquela aplicada no setor privado. Neste sentido, o ambiente complexo da TI e
as fragilidades da Governança de TI no setor público brasileiro, conforme Cavalcanti (2008,
p. 14), são causadas principalmente pela a ausência da boa Governança Pública, Aspectos
Institucionais e Comportamentais.

2 ADOÇÃO DE GOVERNANÇA DE TI

A Governança de TI é influenciada pelos princípios da Governança Corporativa, como a


transparência, a equidade, a prestação de contas e a responsabilidade corporativa (SILVA,
2006). Para que essa influência seja aplicada, os setores da TI necessitam contribuir para
que seus sistemas, infraestrutura e processos e procedimento a estes princípios (VAN
GREMBERGEM & DE HAES, 2009).
Luciano e Testa (2013) afirmam que a Governança de TI apresenta três enfoques:
conformidade, desempenho e comportamento. O primeiro refere-se à organização estar
apta para manter condição básica de funcionamento, com responsabilidade e garantia. O
desempenho busca a utilização dos recursos e criação de valor através de mecanismos
efetivos para a tomada de decisão da TI. O comportamento é o terceiro enfoque, que visa à
adoção de comportamentos desejáveis e seguros no uso da TI.
Weill e Ross (2006) definem as áreas de abrangências das principais decisões em TI
como: Princípios de TI, Arquitetura de TI, Infraestrutura de TI, Necessidades de aplicações
de negócio e Investimento e priorização de TI, conforme apresentados no Quadro 1.

Quadro 1: Tipos de decisões em TI

Tipos de decisão Definição


São um conjunto de declarações de alto nível sobre como a Tecnologia
da Informação é utilizada no negócio. Os princípios de TI têm como objetivo
Princípios de TI
definir o comportamento desejável tanto de profissionais como para usuários
da Tecnologia da Informação. É um esclarecedor do papel da TI.
É a organização lógica dos dados, aplicações e infraestrutura, definida a
partir de um conjunto de políticas, relacionamentos e opções técnicas adotadas
Arquitetura de TI
para obter a padronização e a integração técnicas e de negócio desejadas.
Define requisitos de integração e padronização.
São a base da capacidade planejada de TI disponível em todo o negócio,
Infraestrutura de
na forma de serviços compartilhados e confiáveis, utilizada por múltiplas
TI
aplicações. Determina serviços da TI.

Módulo 3 - Governança de TIC – Direitos Decisórios em Tecnologia da Informação e Comunicação


Curso de Governança de TIC para o Governo Digital
4
Escola de Planejamento, Governança e Gestão
Curso de Governança de TIC para o Governo Digital

Necessidades de As necessidades de negócio propriamente específicas são as que geram


aplicações de valor diretamente. Especifica as necessidades de softwares de TI em relação ao
negócio negócio.
Investimento e O investimento deve determinar quanto gastar em Tecnologia da
priorização de TI Informação.
Adaptado de: Weill e Ross (2006)

Essas decisões citadas são tomadas por quem tem o chamado direito decisório ou de
contribuição. Para descrever a relação dos decisores ou contribuintes em relação aos
arquétipos da Governança de TI, Weill e Ross (2006) utilizam arquétipos os políticos de
Monarquia de Negócio, Monarquia de TI, Feudalismo, Federalismo, Duopólio de TI e
Anarquia.
A forma de como as decisões são tomadas, garantindo o alinhamento entre a GTI e
seus princípios, é definida pelos mecanismos de TI que são divididos, de acordo com Van
Grembergen (2002), em de relacionamentos, de estruturas e de processos. A forma como
esses mecanismos estão divididos é apresentada no Quadro 2.
Quadro 2: Mecanismos de Governança de TI
Mecanismos de Estrutura Instância
E01 - Comitê de análise de viabilidade de projetos de TI Arranjo
E02 - Comitê de priorização de investimentos em TI Arranjo
E03 - Comitê de auditoria de TI em nível de diretoria Arranjo
E04 - Definição formal dos papéis e responsabilidades Arranjo
E05 - CIO em nível executivo e no Conselho de Administração Arranjo
Mecanismos de Processo Instância
P01 - Planejamento Estratégico de TI/SI Prática
P02 - Conjunto de práticas formais de Priorização de Investimentos de TI Prática
P03 - Conjunto de práticas formais de Gestão de Processos Prática
P04 - Métodos de avaliação de níveis de alinhamentos estratégico da TI Prática
Mecanismos de Relacionamento Instância
R01 - Compreensão compartilhada dos objetivos de TI e de negócios Prática
R02 - Escritório de Governança de TI Arranjo
Fonte: Wiedenhöft, Luciano e Magnagnagno (2017)

Wiedenhöft, Luciano e Testa (2013) explicam que os mecanismos de Governança de TI


são o conjunto de práticas utilizadas para operacionalizar os objetivos da GTI, respeitando
seus princípios. Os autores Wiedenhöft e Klein (2013) relacionam o que influencia a adoção
dos Mecanismos de Governança de TI e suas entregas, sendo eles orientados pelos
princípios da Governança Corporativa e definidos pelos objetivos da Governança de TI,

Módulo 3 - Governança de TIC – Direitos Decisórios em Tecnologia da Informação e Comunicação


Curso de Governança de TIC para o Governo Digital
5
Escola de Planejamento, Governança e Gestão
Curso de Governança de TIC para o Governo Digital

resultando na entrega de valor, prestação de contas, otimização de recursos, gestão dos


riscos e alinhamento estratégico. De Haes e Van Grembergen (2008) complementam que
cada organização deve, conforme suas características e momento de vida, selecionar seu
próprio conjunto de mecanismos de Governança de TI, que esteja adequado ao setor de
atuação, ao seu porte e à sua cultura.

3 IT GOVERNANCE CANVAS

Com o risco de implementação de TI em organizações tanto públicas como privadas,


auditorias nos Estados Unidos impuseram a estrutura COBIT (Control Objectives for
Information and Related Technologies) como uma ferramenta para garantir a
responsabilidade no setor privado(Al Qassimi & Rusu (2015). Todavia, mais frameworks
foram introduzidos, como a SAP (Systeme, Anwendungen und Produkte in der
Datenverarbeitung), que define as conexões entre TI, negócios e diferentes funções em uma
organização, e Information Technology Infrastructure Library (ITIL) que identificam,
planejam, entregam e suportam serviços de TI. Ainda, instituições internacionais, como a
ISO (International Standardization Organization), também apresentaram um padrão em GTI,
chamado ISO / IEC 38500:2008, que a alta administração pode usar para governar a TI em
suas organizações.
Logo, de forma aprimorada e especializada, para auxiliar as organizações a definirem o
MGTI e sua adoção, a partir da verificação dos aspectos que necessitam de discussão,
identificação da base da organização que oferece suporte para a GTI, criação e aumento do
alinhamento entre TI e negócios e definição das variáveis, foi elaborado por Luciano et. al.
(2017) o ITG Canvas, conforme exemplificado na Figura 1.

Figura 1: IT Governance Canvas

Fonte: Luciano et. al. (2017)

Módulo 3 - Governança de TIC – Direitos Decisórios em Tecnologia da Informação e Comunicação


Curso de Governança de TIC para o Governo Digital
6
Escola de Planejamento, Governança e Gestão
Curso de Governança de TIC para o Governo Digital

Os autores do ITG Canvas apresentado na Figura 1 incluíram os numerais de 1 a 14 nos


componentes para facilitar sua compreensão, assim como as setas, que foram introduzidas
para demonstrar a relação entre cada elemento. Esses elementos são explicados a seguir.

3.1.1 Fundamentos
Esse bloco diz respeito à base das organizações, dessa forma, serve de suporte e guia
para o MGTI, sendo ele o único baseado totalmente na perspectiva de negócios. As
informações desse bloco são identificadas nos modelos de Governança Corporativa ou
Governança Organizacional, para, respectivamente, organizações privadas e públicas/sem
fins lucrativos (LUCIANO et. al., 2017). Para os autores, é necessária a identificação de
quatro tópicos:
a) Necessidades do negócio: compreendem a operação, as estratégias, as metas e
os planos da organização, definidas a partir dos Pilares de Gestão (JUIZ &
TOOMEY, 2015 apud LUCIANO et. al., 2017);
b) Pilares de gestão: diz respeito ao foco e esforços valorizados pela Gestão
Organizacional (WEILL & ROSS, 2006);
c) Princípios de Governança Corporativa: compreende o levantamento dos
princípios da organização que estão baseados nas decisões e ações da
organização (JUIZ et. al., 2014 apud LUCIANO et. al., 2017);
d) Regulatórios: compreendem a verificação das leis, normas, modelos de boas
práticas e padrões necessários para a atuação da organização (WILKIN &
CHENHALL, 2010 apud LUCIANO et. al., 2017).
Os autores do Guia constatam a importância deste bloco ao salientar que é o único
baseado sob a visão unicamente de negócios, logo, tem fundamental importância para a
aplicação do MGTI.

3.1.2 Drivers
O bloco Drivers corresponde ao que motiva o processo de discussão do MGTI, sua
implementação e avaliação de efetividade, alinhados aos resultados que a organização quer
alcançar. As etapas restantes do processo sofrem grande influência das informações obtidas
nesse bloco, que possui quatro componentes (LUCIANO et. al., 2017):
a)Problemas comuns relacionados à TI: são os problemas que possuem relação
com o planejamento, aquisição e uso de TI (ALI & GREEN, 2012 apud LUCIANO
et. al., 2017);
b)Necessidades de negócio relacionadas à TI: são as necessidades da organização
que se relacionam à TI nas questões de operação, estratégias e planos futuros
(JUIZ & TOOMEY, 2015 apud LUCIANO et. al., 2017);
Módulo 3 - Governança de TIC – Direitos Decisórios em Tecnologia da Informação e Comunicação
Curso de Governança de TIC para o Governo Digital
7
Escola de Planejamento, Governança e Gestão
Curso de Governança de TIC para o Governo Digital

c) Objetivos de Governança de TI: definidos com base nas Necessidades de


Negócio e guiados pelos Princípios de GTI, compreendem o que se espera do
processo de Governança de TI (WEILL & ROSS, 2006);
d) Princípios de Governança da TI: representam o alicerce para todas as decisões e
ações que possuem relação com a GTI (WEILL & ROSS, 2006).
A identificação destes componentes, segundo os autores, permite que os envolvidos
nessa análise exercitem o raciocínio e reflitam sobre a situação atual da organização, a fim
de que a etapa de operacionalização seja bem-sucedida.

3.1.3 Operacionalização
Esse bloco trata sobre a operacionalização dos princípios e os objetivos da GTI que
foram identificados nos blocos anteriores. Para isso são abordados os componentes a seguir
(LUCIANO et. al., 2017).
a) Decisões-chave: lista de decisões que são de suma importância para o
cumprimento dos objetivos de TI e para que a TI esteja alinhada ao negócio
(WEILL & ROSS, 2006);
b) Mecanismos: consideram as questões comuns relacionadas ao planejamento,
aquisição e uso de TI, bem como são definidos a partir dos Objetivos de GTI.
Contudo, devem cumprir os Objetivos de GTI respeitando os Princípios de GTI
(WIEDENHÖFT, LUCIANO & TESTA, 2013);
c) Estrutura organizacional: trata-se da relação de cargos, funções e
responsabilidades de processo que precisam ser consideradas quando se
discute um modelo de GTI (SAMBAMURTHY & ZMUD, 1999);
d) Direitos decisórios: identifica quais os papeis que podem tomar as decisões-
chave. A partir dos Objetivos de TI e da Estrutura Organizacional, esses direitos
decisórios são definidos (XIAO, XIE & HU, 2013 apud LUCIANO et. al., 2017).
Conforme expõe Luciano et. al. (2017), assim que essa etapa e as anteriores estiverem
concluídas, o próximo passo é a organização discutir e rever o modelo detalhadamente
para, a parti daí seguir a implementação dos mecanismos ou estrutura de tomada de
decisão.

3.1.4 Monitoramento da Efetividade

Segundo Luciano et. al. (2017), é por meio do uso de indicadores, que a efetividade de
cada mecanismo e prática adotada deve ser monitorada. A seguir, dois aspectos que devem
ser monitorados:

Módulo 3 - Governança de TIC – Direitos Decisórios em Tecnologia da Informação e Comunicação


Curso de Governança de TIC para o Governo Digital
8
Escola de Planejamento, Governança e Gestão
Curso de Governança de TIC para o Governo Digital

Fatores críticos de sucesso: são os fatores indispensáveis para que a GTI seja efetiva
(NFUKA & RUSU, 2011 apud LUCIANO et. al., 2017);
Indicadores de efetividade: são indicadores que permitem o monitoramento da
efetividade dos mecanismos e estruturas de decisão do MGTI (WIEDENHÖFT, LUCIANO &
TESTA, 2013).
É destacado por Luciano et. al. (2017) a importância de que ao implementar o MGTI
leve-se em consideração a singularidade de cada organização, tais como a atividade de
mercado, o porte e os aspectos políticos ou culturais. Como resultado da aplicação do MGTI
desenvolvido com o guia proposto, deve-se alcançar os Objetivos de GTI alinhados ao que é
orientado nos Princípios da Governança Corporativa.

4 SOBRE O AUTOR

Guilherme Costa Wiedenhöft é Doutor e Mestre em Administração pelo


Programa de Pós-Graduação em Administração da PUCRS, com concentração
nos estudos sobre Governança de TI, Comportamento de Cidadania
Organizacional e Organizações Públicas. Professor Adjunto da Escola Politécnica
e Assessor de Desenvolvimento Institucional da PUCRS. Bacharel em
Administração com Linha de formação em Gestão da Tecnologia da Informação.
Atuou ainda, como professor Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS),
professor na Faculdade São Judas Tadeu e como professor da Especialização em Governança de TI
do SENAC/RS. Profissional Certificado em Gestão de Serviços de TI - ITIL® v3 Foundation Certified,
com conhecimento sobre os fundamentos do BABoK, CBoK, COBIT, CMMI, MPS.BR, XP e PMBoK.
Membro do Grupo de Pesquisas CNPq Governança e Sociedade Digital. Concentra-se nos estudos
das áreas de Governança de TI e Processos de Gerenciamento de Serviços de TI; Gerenciamento de
Projetos de Software e Gestão da Inovação.

5 REFERÊNCIAS

ABREU F.F., & MAÇADA, A.C.G. (2011). Impacto dos investimentos em TI no


resultado operacional dos bancos Brasileiros. Revista de administração de empresas, 51, 440-
457.
AL QASSIMI, N., & RUSU, L. (2015). IT Governance in a Public Organization in a
Developing Country: A Case Study of a Governmental Organization. Procedia Computer
Science, 64, 450–456.
AVOLIO, B., KAHAI, S., & DODGE, G. (2000). E-leadership: Implications for theory,
reseach and pratice. The Leadership Quaterly, 11(4), 615-668.

Módulo 3 - Governança de TIC – Direitos Decisórios em Tecnologia da Informação e Comunicação


Curso de Governança de TIC para o Governo Digital
9
Escola de Planejamento, Governança e Gestão
Curso de Governança de TIC para o Governo Digital

BICUDO, F. (2006) A entrevista- testemunho: quando o diálogo é possível. Revista:


Caros Amigos. Recuperado em 14 junho, 2017, de
http://observatoriodaimprensa.com.br/diretorio-academico/a-entrevistatestemunho-quando-o-
dialogo-e-possivel.
BROWN, C. V. (1997). Examining the emergence of hybrid IS Governance Solutions:
Evidence from a single case site. Information System Research, 8(1), 69-94.
CAMERON, K.S., & QUINN, R. (1999). Diagnosing and changing organizational
culture. Addison-Wesley.
CANO, D.S., & SAMPAIO I.T.A. (2007). O método de observação na psicologia:
Considerações sobre a produção científica. Interação em Psicologia, 11, 199-210.
CHAN, Y., & REICH, B. (2007). IT Alignment: what have we learned. Journal of
Information Technology, 22, 297-215.
DE HAES, S., & VAN GREMBERGEN, W. (2008). An exploratory study into design
of an IT Governance minimum baseline through Delphi research. Communications of the
Association for Information Systems, 22, 444-458 .
MITIGAR. (2016), In Dicionário Aurélio da língua portuguesa. Rio de Janeiro:
Positivo. Recuperado em 05 setembro, 2017, de https://dicionariodoaurelio.com/mitigar.
FERREIRA, L. B.; TORRECILHA, N.; MACHADO, S. H. S. (2012, setembro). A
técnica de observação em estudos de administração. Encontro da ANPAD. Rio de Janeiro,
RJ, Brasil, 36.
KATZ, D., & KAHN, R. L. (1978). Psicologia social das organizações. São Paulo:
Atlas.
LUCIANO, E. M., & TESTA, M. G. (2013). EDITOR’s SPACE Special issue: IT
Governance. Revista Eletrônica de Sistema de Informação, 12, 1-7.
LUCIANO, E. M., & MACADAR, M. A.; WIEDENHÖFT, G. C. (2016). IT
Governance enabling long-term Eletronic Governance initiatives. IFIP E-GOV – EPART.
LUCIANO, E. M., WIEDENHÖFT, G. C., MACADAR, M. A., & PEREIRA, G. V.
(2017). Information Technology Governance in Public Organizations. Springer, 38, 3-26.
MARTINS, G. A. (2008). Estudo de caso: uma reflexão sobre a aplicabilidade em
pesquisas no Brasil. Revista de Contabilidade e Organizações, 2, 9-18.
MATIAS-PEREIRA, J. (2012). Manual de metodologia da pesquisa – 3. ed. – São
Paulo: Atlas.
MOREIRA, S. V. (2005). Análise documental como método e como técnica. In:
DUARTE, J., & BARROS, A. (Org.). Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. São
Paulo: Atlas. 269-279.
PETERSON, R. (2004). Crafting information technology governance. Information
Systems Management, 21(4), 7–22.
Módulo 3 - Governança de TIC – Direitos Decisórios em Tecnologia da Informação e Comunicação
Curso de Governança de TIC para o Governo Digital
10
Escola de Planejamento, Governança e Gestão
Curso de Governança de TIC para o Governo Digital

POUPART, J., DESLAURIERS, J., GROULX, L., LAPERRIÈRE, A., MAYER, R., &
PIRES, Á., (2008). A Pesquisa Qualitativa: Enfoques Epistemológicos e metodológicos.
Segunda Edição. Petrópolis. Editora Vozes.
QUINN, J. B., ANDERSON, P., & FINKELSTEIN, S. (2001). Novas formas de
organização. In: MINTZBERG, H., & QUINN, J. B. O Processo da
Estratégia. 3ª Ed. Porto Alegre: Bookman.
SAMBAMURTHY, V., & ZMUD, R. W. (1999). Arrangements for Information
Technology Governance: A Theory of Multiple Contingencies. MIS Quarterly Executive,
23(2), 261-290.
SCHEIN, E. H. (1996). Three Cultures of Management: The Key to Organizacional
Learning. San Francisco: Jossey-Bass Publishers.
SCHEIN, E. H. (1992). Organizational Culture and Leadership. San Francisco: Jossey-
Bass Publishers.
SILVA, E. (2006). Governança corporativa nas empresas: guia prático de orientação
para acionistas. São Paulo: Atlas.
SILVA, A. H., FOSSÁ, M. I. T. (2013). Análise de conteúdo: exemplo de aplicação da
técnica para análise de dados qualitativos. Qualit@s Revista Eletrônica ISSN 1677 4280,
17(1), 1-14.
TRIVIÑOS, A. N. S. (1987). Introdução à pesquisa em ciências sociais: A pesquisa
qualitativa em educação. São Paulo, SP: Atlas.
VAN GREMBERGEN, W. (2002). Introduction to the Minitrack: IT Governance and its
Mechanisms. In: Proceedings of the 35th Hawaii International Conference on System
Sciences (HICSS).
VAN GREMBERGEN, W., & DE HAES, S. (2009) Enterprise Governance of
Information Technology: Achieving strategic alignment and value. New York: Springer.
VAN GREMBERGEN, W., & DE HAES, S. (2012). Business strategy and applications
in Enterprise IT Governance. Business Science Reference.
WEILL, P., & ROSS, W. J. (2006). Governança de TI: como as empresas com melhor
desempenho administram os direitos decisórios de TI na busca por resultados superiores. São
Paulo: Makron Books.
WIEDENHÖFT, G. C., LUCIANO, E. M., & TESTA, M. G. (2013, setembro). Adoção
de Mecanismos de Governança de Tecnologia da Informação: uma Visão sobre as
Expectativas e Variáveis Consideradas por Profissionais da Área. Encontro da ANPAD, Rio
de Janeiro, RJ, Brasil, 37.
WIEDENHÖFT, G. C., & KLEIN, R. H. (2013). Identificação de Mecanismos para
Atender os Objetivos e Princípios de Governança de Tecnologia da Informação na Visão de
Profissionais da Área. Revista Eletrônica de Sistemas de Informação, 12, 1-28.
Módulo 3 - Governança de TIC – Direitos Decisórios em Tecnologia da Informação e Comunicação
Curso de Governança de TIC para o Governo Digital
11
Escola de Planejamento, Governança e Gestão
Curso de Governança de TIC para o Governo Digital

WIEDENHÖFT, G. C., LUCIANO, E. M., & MAGNAGNAGNO, O. A. (2017).


Information technology governance in public organizations: identifying mechanisms that meet
its goals while respecting principles. JISTEM - Journal of Information Systems and
Technology Management, 14, 69-87.

Módulo 3 - Governança de TIC – Direitos Decisórios em Tecnologia da Informação e Comunicação


Curso de Governança de TIC para o Governo Digital
12

Você também pode gostar