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ESTUDO DIRIGIDO

TURMA: TÓPICOS EM REDES SOCIAIS

Prof. Daniela Mello Coelho Haikal

TEXTO: Transparência e responsabilidade na gestão pública


Autora: Maria Coeli Simões Pires
Fonte: Revista do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, v. 81, n. 4,
Belo Horizonte: out/nov/dez, 2011, pags. 60 a 74.

QUESTÕES:

1. Contextualize a democracia participativa no denominado “Estado em rede”?

2. Entre os princípios de organização do Estado em rede destaca-se o da


“transparência administrativa”. Na sua opinião, o que significa esse princípio?
Qual a sua importância? Há diferença entre publicidade e transparência?
Fundamente a sua resposta.

RESPOSTAS

Aluno: Marcus Vinícius Andrade Dolabela

Questão 01

De acordo com a autora, “Estado em rede” é estruturado a partir de redes


articuladas de governança e participação pública, de modo que ocorra a difusão
do poder decisório, fazendo com que mais atores, pessoas e movimentos sociais
participem do processo decisório. Nas palavras da autora:
O Estado em Rede, sob denominações diversas, é uma
arquitetura político-administrativa de difusão do poder
decisório da esfera pública em uma rede articulada de
governança, na qual o ente estatal compartilha sua
autoridade internamente e com instituições, instâncias,
organizações e atores diversos, conexionados por pontos
nodais que sustentam múltiplas relações de distensão do
poder em lógica pluricêntrica. (PIRES, 2011. Pág. 61).

Para se contextualizar a democracia participativa no Estado em Rede, é


necessário ter em mente alguns pilares de sustentação deste, que seriam:
pressupostos sociológicos, baseado na sociedade em rede (conceito elaborado
pelo sociólogo Manuel Castells); pressupostos jurídicos, baseados nos Direitos
de Quarta Geração (proposto pelo filósofo Noberto Bobbio); pressupostos de
interpretação jurídica (deliberação, esfera pública); pressupostos político-
democráticos e pressupostos fáticos (desafios do Estado em Rede). A
democracia participativa se associa com o Estado em Rede principalmente nos
pressupostos de interpretação jurídica e político-democráticos.
No pressuposto de interpretação jurídica, é importante ressaltar a
influência da Teoria da Ação Comunicativa de Habermas e da Teoria Crítica do
Direito, em que se propõe a criação e desenvolvimento de um ambiente de
diálogo, deliberação e discurso democrático visando à interpretação jurídica e a
tomada de decisão político-administrativa no Estado em Rede.
No pressuposto político-democrático e jurídico-constitucional da
administração pública brasileira, a Constituição de 1988 teve como objetivo
alterar o sistema centralizado de tomada de decisão para abrir espaço à maior
participação no processo decisório. De acordo com a autora:
Assim, inverte-se o programa tecnocrático vigente no
Estado Social, no qual a Administração Pública era tratada
como uma esfera estranha e fechada aos cidadãos, para uma
perspectiva de concepção, implementação e controle de
políticas públicas em cujo ciclo se privilegiam a participação
e o poder reivindicatório da cidadania no âmbito de uma
esfera pública adensada. (PIRES, 2011. Pág. 65).

Portanto, a democracia participativa (associado ao Estado em Rede),


representa uma mudança de paradigma, pois no contexto anterior o processo de
decisão era centralizado na estrutura do Estado, baseado em levantamentos
exclusivamente técnicos, e no contexto atual, se procura cada vez mais
democratizar e tornar mais acessível o processo decisório, levando em conta a
participação dos cidadãos e da sociedade civil, se tornando um princípio
essencial do Estado em Rede.
Para concluir, cito o exemplo do Orçamento Participativo, que é um
mecanismo direto de participação popular. Através dele, a população dialoga e
toma decisões sobre o orçamento público e as políticas públicas, a partir do
levantamento das necessidades da sua área ou bairro para discutir as
prioridades de acordo com o orçamento do município.

Questão 02

O princípio da Transparência Administrativa, em minha opinião, significa


uma prática de governança que pressupõe a divulgação e disponibilização de
informações, tornadas públicas de maneira eficiente, na medida em que todas as
pessoas conseguem acessá-las; e de maneira simples, direta e didática, em que
todas as pessoas conseguem interpretá-las e entender o que significa e como
uma determinada informação (números da dívida pública, por exemplo) pode
afetar diretamente sua vida.
A importância do princípio da Transparência Administrativa, a meu ver,
segue dois caminhos convergentes: o primeiro caminho seria a prevenção da
corrupção, pois ao tornar as contas, legislações e tomadas de decisões públicas,
previne que o servidor público toma decisões com base em interesse próprio e
que seja contra o interesse dos cidadãos. O segundo é a possibilidade da
sociedade civil analisar e discutir, com mais propriedade e racionalidade, a
situação do Estado, para assim tomar decisões mais assertivas que
proporcionem um bem maior para os cidadãos. Estes caminhos se convergem na
medida em que força o agente público a tomar decisões com mais clareza e força
uma participação mais engajada da sociedade civil no processo decisório.
No meu ponto de vista, tendo em base os estudos feitos até o momento,
existe uma diferença entre publicidade e transparência. O princípio da
publicidade pressupõe a divulgação de informações sem uma preocupação com
a forma de como elas são divulgadas, podendo ser divulgada com termos
técnicos e sem clareza. A transparência vai além da publicidade, além de ser um
princípio, é uma prática de governança que tem por objetivo a divulgação de
informações em que o público geral possa interpretar e compreender essas
informações, tornando mais acessível o debate público e a tomada de decisão
mais democrática.

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