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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

Disciplina: SISTEMA DE INFORMAÇÃO E ACCOUNTABILITY GOVERNAMENTAL


Semestre: 2023.1
Docente: ERASMO MOREIRA DE CARVALHO
Alunos: ADRIANA CAROLINA REGO DA SILVA
EDUARDO ÉRIC TEIXEIRA SALVADOR
MIKHAEL LIMA DE OLIVEIRA

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ARTIGO 02 - ACCOUNTABILITY: JÁ PODEMOS TRADUZI-LA PARA O
PORTUGUÊS?

O início do artigo retrata a angustia da Anna Maria Campos, autora do livro que trouxe
o questionamento ao mundo acadêmico brasileiro do porquê da ausência do conceito
accountability no país. Relata também, que apesar de ser publicado em 1990 na revista RAP, a
autora já vinha trazendo seus questionamentos desde a época da ditadura em 1975, período em
que ouviu pela primeira vez o termo e eventualmente percebeu que o Brasil da época não era
propicio para proliferar suas ideias.

Apesar dos pesares, felizmente a situação política brasileira mudou, agora em 1998,
paralelamente com uma nova constituição, Campos conclui o seu trabalho e posteriormente o
publica em 1990. Agora com a governança pública ganhando asas, estudos na área analisam os
impactos sociais que o país veio sofrendo, o que gera a indagação se esses estudos contribuíram
para proliferar em solo brasileiro a palavra accountability, que veio se traduzindo com algo
relacionado a “responsabilidade”.

Os autores buscaram encontrar e compreender, o real significado de accountability, uma


vez que até então houve uma divergência entre autores da época sobre a verdadeira tradução do
termo, se não isso, houve uma aceitação do termo traduzido para “responsabilização” sem
muitos questionamentos, o que levaram os autores a se questionar se isso era uma confiança na
tradução ou se muitos preferiram evitar adentrar nesse campo de discussão.

Houve também, uma busca entre os dicionários ingleses e os do tipo “inglês-português”


para a tradução da palavra, mas vale ressaltar que não foram em todos que ela foi encontrada,
e para isso usou-se um termo relacionado, o accountable. Dessa forma, apesar das buscas, não
foi encontrado um termo certo que definia a accountability para o português, o que levou os
autores a concluir que seria preciso trabalhar de forma composta, que ao final das contas
resultou em “responsabilização de quem ocupa um cargo”, ou seja, responsabilidade.

Outro tema abordado, é o conceito de accountability e suas várias implicações. No artigo


em questão, é explorado profundamente o significado central do termo "accountability" e
também investiga os vários aspectos associados a ele.

Os autores não se limitaram a apenas definir o termo, mas também examinam as


diferentes perspectivas e nuances que estão ligadas a ele. E com os argumentos apresentados,

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nos leva a compreender como a accountability é aplicada em diferentes contextos, como é
interpretada por diversos autores ao longo do tempo e como ela se relaciona com outros
conceitos e ideias.

Além disso, a accountability está intrinsecamente ligada à democracia. Em um ambiente


democrático, a prestação de contas é essencial para controlar o poder e garantir que os
governantes atuem no melhor interesse público. No entanto, essa noção de accountability não
é simples, pois envolve a relação entre o poder estatal e os cidadãos, a assimetria de informações
e as limitações das instituições.

O artigo explora também diferentes formas de avaliação da administração pública,


destacando a importância do envolvimento dos cidadãos na definição de metas coletivas e na
criação de mecanismos institucionais para controlar as ações governamentais. Isso ressalta a
relevância contínua da accountability em contextos democráticos e a necessidade de adaptação
à evolução da sociedade.

Agora se tratando do Brasil, é feita uma análise dos impactos dos últimos 20 anos no
Brasil e descobrir qual o vínculo desses acontecimentos com a accountability e 2 pontos foram
destacados, a CF/88 e a Reforma do Aparelho do Estado de 1995, dois elementos importante
para uma maior participação da sociedade na gestão das políticas públicas e a na busca de
mecanismos para o exercício do controle social no Brasil.

Esses dois acontecimentos, foi que teve um impacto significativo e abrangente na


estrutura e funcionamento da sociedade, do governo e das instituições em um nível mais geral
aqui no brasil, pode se constatar “a existência de marcos legais que chamam a atenção para a
necessidade da criação de mecanismos que possibilitem o exercício do controle político do
Estado pelos cidadãos” como cita o artigo.

Mais à frente, o texto em questão aborda a organização da sociedade civil brasileira em


relação à sua capacidade de mobilização e influência política. Ele destaca como a sociedade
civil no Brasil se organizou ao longo do tempo para exercer influência sobre as ações do Estado
e como isso está ligado ao conceito de "accountability".

Dentro do contexto da discussão sobre a sociedade civil, a autora Dagnino (2002) define
a sociedade civil como a forma pela qual a sociedade se organiza politicamente para influenciar
as ações do Estado. Ela aponta que, durante certos momentos da história política brasileira, a

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sociedade civil demonstrou capacidade de reação e organização. No processo de transição
democrática e na luta contra o autoritarismo estabelecido em 1964, a sociedade civil teve um
papel fundamental.

A partir da década de 1980, ocorreram fenômenos como o aumento do associativismo e


o surgimento de movimentos sociais organizados, que levaram ao ressurgimento da sociedade
civil brasileira. Esse ressurgimento foi considerado por alguns como a "fundação efetiva da
sociedade civil no Brasil". Autores como Sorj, Santos e Carvalho também reconhecem a
importância das ações de grupos da sociedade civil nesse período.

O texto também menciona exemplos concretos, como o movimento pelas eleições


diretas em 1984 e a campanha "Ficha Limpa", que ilustram a mobilização da sociedade civil
brasileira em direção à "accountability". Esses esforços visam exercer controle político sobre o
governo e garantir que os governantes sejam responsáveis por suas ações.

Agora falando sobre descentralização, ela é uma tendência nos governos democráticos,
envolvendo a transferência de autoridade dos governos centrais para os governos locais. No
Brasil, após a reforma institucional iniciada com a Constituição Federal de 1988, os municípios
passaram por transformações significativas. Nas últimas décadas, leis e políticas estaduais e
federais contribuíram para uma transferência crescente de responsabilidades e competências
para os governos locais, resultando em uma maior autonomia na gestão de políticas públicas.

Espera-se que a descentralização promova um aprofundamento da democracia,


aproximando os cidadãos das decisões políticas e melhorando a eficiência na execução de
políticas públicas. O processo de descentralização também deve facilitar a transparência
governamental, tornando mais visíveis as ações dos representantes locais.

No entanto, é importante reconhecer que a concretização da descentralização e da


transparência não é uma tarefa simples. Embora tenham sido adotadas medidas para fortalecer
a democracia no âmbito local, como a criação de conselhos municipais para acompanhar a
aplicação dos recursos recebidos e a obrigatoriedade de divulgar as contas dos municípios para
apreciação pública, ainda existem desafios. Por exemplo, o conceito de orçamento participativo
(OP), embora permita à população discutir e decidir sobre os investimentos, enfrenta críticas
devido à limitada margem de manobra na alocação de recursos pelo Poder Executivo.

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Além disso, leis como a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e a criação da
Controladoria Geral da União (CGU) também desempenham um papel fundamental na
promoção da accountability. A LRF estabelece limites e condições para a gestão das finanças
públicas, exigindo transparência e responsabilização pela administração fiscal. A CGU, por sua
vez, disponibiliza informações sobre os repasses de recursos federais às instâncias
subnacionais, contribuindo para a fiscalização e controle.

A cultura política brasileira apresenta uma dualidade, onde coexistem valores


tradicionais e emergentes. A persistência de traços patrimonialistas, clientelistas e outros
aspectos tradicionais na cultura política do Brasil coexiste com o movimento em direção a
valores modernos e mais transparentes. Essa dualidade pode ser atribuída a fatores históricos,
sociais e educacionais, que ainda desafiam a busca por uma cultura política mais voltada para
a accountability e a transparência.

Em resumo, o processo de descentralização e transparência governamental no Brasil


tem avançado nas últimas décadas, embora ainda haja desafios a serem superados. A cultura
política brasileira reflete uma dualidade entre valores tradicionais e emergentes, o que cria um
cenário complexo para a promoção da accountability e da transparência no país.

Este trecho discute a evolução da accountability no contexto brasileiro e como ela se


relaciona com as características históricas, sociais e políticas do país. Ele menciona vários
estudos que analisam a democracia e a cultura política no Brasil, destacando a persistência de
práticas patrimonialistas, hierárquicas e tradicionais na sociedade e nas instituições.

O trecho começa mencionando estudos recentes que confirmam as imperfeições da


democracia brasileira. Um estudo do The Economist em 2006 classificou o Brasil como uma
"democracia imperfeita", com altos índices em processo eleitoral e liberdade civil, mas índices
mais baixos em funcionamento do governo, participação política e cultura política.

O autor também destaca pesquisas de Almeida (2007) que apontam para a coexistência
de duas mentalidades distintas no Brasil, uma moderna e outra arcaica, influenciadas pela
educação. Almeida sugere que a escolaridade crescente pode eventualmente levar a uma maior
prevalência da mentalidade moderna.

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O conceito de neopatrimonialismo é introduzido como uma perspectiva que reconhece
a convivência do moderno e do tradicional na sociedade brasileira, mesmo com elementos de
modernidade como a industrialização.

A influência da origem lusitana do Estado brasileiro também é abordada, relacionando-


a ao patrimonialismo e à resistência a mudanças. Autores como Faoro (1979) apontam para a
persistência do patrimonialismo no Estado brasileiro, devido aos interesses do estamento, um
grupo que controla o Estado.

O texto discute a dificuldade do Brasil em realizar rupturas com o tradicional ao longo


de sua história, citando exemplos como a independência do país e a falta de mudanças
estruturais. Também enfatiza a coexistência de valores modernos e arcaicos na sociedade
brasileira, que influenciam a busca por accountability.

O autor conclui que, embora haja avanços na direção da accountability, a jornada é longa
devido à persistência de valores tradicionais. Ele sugere que o Brasil ainda está em processo de
construção de uma verdadeira cultura de accountability, mas que avanços estão sendo feitos,
mesmo que lentamente. O conceito de accountability está sendo moldado no contexto brasileiro,
em paralelo com a construção do próprio conceito de nação.

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