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RESENHA CRÍTICA: O PAPEL INSTITUCIONAL DA COMUNICAÇÃO PÚBLICA

PARA O SUCESSO DA GOVERNANÇA.

Ana Lúcia Coelho Romero Novelli e Doutora em Ciências da Comunicação e


Artes pela Universidade de São Paulo e atua no Senado Federal desde 1999
passando pela coordenação do Secretaria de Comunicação Social e coordenação
do projeto de implantação do Alô Senado e do DataSenado. Além disso atuou como
professora de relações públicas em várias instituições de ensino superior de Brasília,
como Secretária Geral do Conselho Federal dos profissionais de relações públicas e
Diretora Científica da Associação Brasileira dos Pesquisadores em Comunicação
Organizacional e Relações Públicas.1
A autora, em artigo publicado no primeira semestre de 2006 pela revista
Organicom, da Universidade de São Paulo, procura compreender a abrangência do
termo governança na atualidade. Assim, a comunicação praticada nos órgãos
públicos se apresenta como um valioso instrumento no fortalecimento da esfera
pública e dos mecanismos de participação e democratização.
Nesse contexto, percebemos que o ritmo acelerado que a sociedade imprime
provocou inúmeras transformações em âmbito econômico, político e social e, por
conseguinte, os profissionais e pesquisadores tem ampliado as práticas
comunicacionais da sua área e essa ampliação pode ser percebida, em especial no
Estado brasileiro.
Assim, Novelli (2006, p. 4) afirma que apesar de todas as transformações, o
que mais a interessa em sua pesquisa são as “novas formas de participação política
efetivamente colocadas à disposição da sociedade para que o cidadão possa
realizar intervenções na gestão de políticas públicas”.
Dessa forma, a comunicação pública tem por objetivo transpor as limitações
impostas nas esferas de divulgação de informações e assessoria de imprensa que
por vezes apropriam-se da informação como instrumento para promoção dos
governantes e de suas ações.
Novelli irá dividir seu artigo em 4 capítulo: inicialmente elabora algumas
reflexões sobre a crise da modernidade fundamentando-se no conceito de
modernidade líquida de Z. Bauman. Para Novelli (2006, p. 5) “a metáfora de Bauman
é bastante interessante, na medida em que se vivencia o rompimento e substituição
1
Informações extraídas do Currículo lattes. Disponível em: <http://lattes.cnpq.br/0863966961211941>.
dos antigos códigos, padrões e regras”. Dessa forma, a sociedade contemporânea
apresenta-se rompendo os absolutos e apresentando uma ampla diversidade de
opções podem ser escolhidos de forma livre pelos indivíduos. A ampliação das
liberdades e a relativização dos códigos morais de comportamento vêm
acompanhadas com a sensação de rompimentos das barreiras de tempo e de
espaço. Ainda mais nesses últimos dias, em que devido a pandemia de Covid-19, a
sociedade atribuiu novos sentidos as interações digitais, ampliando a comunicação,
diminuindo as distâncias e, consequentemente, o tempo.
Antes de iniciar o capítulo, Novelle afirma que a liquidez da sociedade
também causa impactos na política. Assim, o Estado tem o dever de promover o
desenvolvimento econômico sem deixar de lado os aspectos concernentes ao bem-
estar social, o que inclui os mecanismos de participação popular.
A autora, no segundo capítulo, aborda questões relativas as novas práticas
que esse novo Estado contemporâneo deve assumir. Segundo Novelle (2006, p. 7)
“a crise de governabilidade dos Estados [...] demonstrou que a administração
burocrática, quando aliada às práticas democráticas de governo pode produzir
resultados muito eficientes”. Diante disso aponta três ondas de mudanças que foram
desencadeadas a partir da crise de governabilidade: o gerencialismo, o
consumerismo, e o serviço orientado ao cidadão.
Neste sentido, Novelli (2006) procura traçar no terceiro capítulo como o
Estado, a partir de uma governabilidade orientada ao cidadão, se abriu para a
governança. A autora procura circunscrever os dois conceitos:

De forma geral, a governança se refere aos pré-requisitos institucionais para a


otimização do desempenho administrativo – instrumentos técnicos de gestão que
assegurem a eficiência e a democratização das políticas públicas. Já a
governabilidade, que para muitos autores é a outra face da moeda da governança,
refere-se à capacidade do Estado de obter apoio e articular alianças entre os vários
grupos sociais com o objetivo de viabilizar a implementação de seu projeto de
Estado. (NOVELLI, 2006, p. 8)

Diante disso, a governança se fundamenta em três mecanismo fundamentais:


a democracia direta, a representação e o terceiro setor.
Para que a possa haver uma adaptação dos governos a essa nova realidade
mais participativa é necessário que os cidadãos se sejam estimulados ao
engajamento e, consequentemente, a maior participação. Novelli aponta 10
princípios orientadores para o desenvolvimento sólido da governança:
Compromisso, direitos, clareza, prazo, objetividade, recursos, coordenação,
responsabilidade, avaliação e cidadania ativa.
No último capítulo, Novelle (2006) irá enfatizar a importância da educação
pública para a prática da governança através do fortalecimento das relações com os
cidadãos. Assim, “o papel da comunicação pública no processo de apoio às práticas
da boa governança é decisivo para o sucesso da proposta” (NOVELLI, 2006, p. 12)
Nesse sentido, os fluxos comunicacionais entre governo e cidadão podem
seguir os seguintes fluxos: informação, relação de mão única, do governo aos
cidadãos; consulta, relação de mão dupla, na qual o cidadão apenas oferece um
feedback; e participação ativa, relação que se baseia em uma parceria do governo
com cidadãos engajados.
A autora deixa claro que os desafios da comunicação pública precisam ser
vencidos para que o novo modelo, mais participativo e democrática possa ser
aplicado. Novelli (2006, p. 15) afirma que “a prática da comunicação pública, quando
conduzida de forma ética e responsável, tem a possibilidade de promover e
consolidar o engajamento ativo dos cidadãos nas definições de políticas públicas”.
Por fim, no que se refere ao combate ao COVID-19. O governo utiliza o
modelo em que o fluxo de comunicação se baseia no processo de informação, pois
as informações são transmitidas através do modelo de comunicação em massa, por
meio de entrevistas coletivas e assessorias de imprensa. Além disso o modelo que
privilegia forma de consulta também tem sido utilizado na busca de obter um
feedback. Pesquisas de opinião tem sio realizadas para se compreender a
aceitabilidade da população sobre as medidas do governo, como isolamento social e
aceitação do próprio Ministro da Saúde em comparação com o Presidente.

REFERÊNCIA

NOVELLI, A. L. C. R. O papel institucional da comunicação pública para o sucesso


da governança. Organicom, ano 3, n. 4, 2006.

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