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Texto do Blog da Vunesp

Redação perfeita existe?


Você por certo muitas vezes procurou saber se existe redação perfeita e, principalmente, se você pode
chegar a ser capaz de escrever redações perfeitas. É uma boa pergunta e uma intenção perfeitamente
justificável. Existiria, mesmo?
Antes de tentar responder a essa questão, o Blogueiro gostaria de mencionar um exemplo, entre
vários, no campo da literatura. Certo escritor brasileiro publicou uma coletânea de contos que fez muito
sucesso. Entre esses contos havia um que os leitores adoravam e julgavam simplesmente “perfeito”. Pois é.
Perfeito para os leitores, não para o escritor, que em edições posteriores do livro foi promovendo alterações
no texto, enxugando-o, por assim dizer, de modo que das duas páginas e meia originais o conto passou a ter,
na última edição, apenas uma e meia. E ninguém pode dizer que foi para pior, porque, sendo o conto obra do
escritor, a última palavra é sempre dele.
Compreendeu, então? Os escritores costumam levar a efeito modificações em edições sucessivas de
seus livros. Essa estória de livro acabado e perfeito, portanto, nem sempre confere com a realidade. Se
Camões ressuscitasse e relesse o seu fantástico Os Lusíadas, não é impossível que decidisse fazer uma
modificação aqui, outra ali.
E a sua redação perfeita? Como fica? Não fica. Para falar a verdade, não existe. Uma redação pode até
receber nota 10 num vestibular, sem que seja, de fato, “perfeita”. Percebeu? Então, em lugar de indagar sobre
como fazer uma redação perfeita, é melhor perguntar como escrever bem, de modo a poder apresentar, em
qualquer vestibular ou concurso, textos competentes, que possam receber notas altas.
O Blogueiro está fazendo estes comentários para evitar que, buscando uma perfeição difícil até de
definir, o estudante se sinta frustrado por não chegar a esse ponto ambiciosamente desejado. Na verdade, ao
longo de seu trajeto escolar, do ensino fundamental ao médio, você aprendeu a seguir as regras gramaticais
do idioma e os fundamentos dos diferentes gêneros de texto. Como os vestibulares usualmente exigem o
texto dissertativo, você foi mais treinado nesse gênero. Escreveu, escreveu, escreveu, escreveu, até dominar
as características essenciais da dissertação e se tornar capaz de dissertar sobre qualquer tema de que tenha
conhecimento. Muitas vezes, na escola, recebeu nota 10 por seus textos. Em outras, pequenas ou grandes
distrações o fizeram ter sua nota diminuída. Isso é mau? Claro que não. Isso é a realidade prática do escrever.
Os literatos também muitas vezes acertam, produzindo livros preciosos, e em outras erram, produzindo textos
um tanto “mancos”. A maioria deles tem autocrítica suficiente para saber que isso é normal e não levar a
público seus maus textos, sabendo que um dia poderão retomá-los e conferir-lhes a qualidade que
originalmente faltou. O próprio Blogueiro muitas vezes relê seus artigos e chega à conclusão de que poderia
ter escrito melhor um texto ou outro.
Ficou claro? O uso da linguagem é um conjunto: precisamos falar bem, entender bem, ler bem,
escrever bem. Mas tudo sem preocupação demasiada. A melhor maneira de falar bem e de escrever bem é
sentir prazer no falar e no escrever. Essa atitude lhe dará a segurança de escrever sempre bons textos. Não
textos perfeitos ou geniais, mas simplesmente textos bem feitos. Isso basta para vestibulares e concursos,
como, de resto, para toda a sua vida profissional futura.
O problema, portanto, não é o perfeito, é o bem feito.

Fonte: http://blogunesp.vunesp.com.br/?p=1169

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