Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INTRODUÇÃO
4
(RE) PENSANDO A PESQUISA JURÍDICA
5
Para efetivação dessa mudança de rumos, no entanto, “tornam-se
imprescindíveis uma linguagem compreensiva e novos vôos metodológicos e
conceituais que façam aflorar um aluno-pesquisador mais criativo e mais
consciente de sua importância no mundo vivo da ciência”.
6
Nacional x Mundializado; Civil x Político; Público x Privado; Utopia x
Pragmatismo.
Para tanto, o conceito de ciência deve ser formulado a partir de quatro
teses inter-relacionadas e complementares:
Todo conhecimento científico-natural é científico-social, logo o
conhecimento como local e total ou seja, projetos locais dentro da globalidade,
que também diz que todo conhecimento é auto-conhecimento e também que
todo conhecimento visa constituir-se em senso comum, Portanto, a produção
do saber está sempre condicionada por um conjunto de referências do sujeito
inserido em um patrimônio comum a determinado grupo, pois o conhecimento
só se realiza quando se transforma em senso comum, como ciência clara e
transparente.
7
A realização ou não dessas necessidades afetará positiva ou negativa
as pessoas ou coletividade na busca da emancipação e auto-realização.
As necessidades concedem os argumentos sobre a justiça e justeza
dos fatos, das relações e sobre os fundamentos de sua legitimidade, que
deverá ter conteúdo social e cultural a partir do consenso discursivo e de uma
democracia solidária e emancipada.
A autonomia, como princípio primordial, deve ser considerada num
sentido interativo e dialógico, também de natureza social e trans-cultural,
superando a concepção restrita e individualizante do liberalismo e rompendo
com a visão tradicional de tensão irremediável das esferas pública e privada.
Vislumbrar um privado que se realiza no público, este último construído a
partir de uma concepção de cidadania ativa e de sociedade civil que se
expande além das fronteiras locais ou nacionais.
A crescente autonomia será capaz de transcender a visão e um
discurso comunitário tópicos e os limites de uma linguagem normativa e
particular, possibilitando o processo de emancipação do homem.
É certo, por fim, que a sociedade contemporânea terá de proporcionar
a satisfação das ampliadas necessidades humanas, submetendo a economia
e possibilitando o acesso a igual poder e igual participação, oportunidades
justas e a garantindo a todos os direitos fundamentais e humanos. Para que
isto se realize, torna-se indispensável um processo de reanimação e re-
conjugação de esforços dos sistemas jurídicos e políticos para estabelecer um
debate nacional sobre as escolhas fundamentais e os procedimentos a serem
utilizados. Além disso, uma sociedade justa deve supor a existência de
políticas e critérios normativos estabelecidos por indivíduos com autonomia,
que possibilitem a distribuição equitativa do produto social e a obtenção de
novos patamares de emancipação social.
Este ser complexo, emancipado e autônomo comunica-se por mais de
uma linguagem moral e princípios diversificados. Uma dessas linguagens é a
do Direito, da Ciência do Direito e da Justiça, “que permite a inclusão desse
ser em seu meio social a partir de nova compreensão do mundo e de si
mesmo pelos novos patamares científicos obtidos pelo homem”.
8
3. Opção metodológica
9
1. O pensamento jurídico é tópico e não dedutivo;
2. O pensamento é problemático e não sistemático.
Citando Enrique Herrera (Práctica Metodológica de La investigación
jurídica. Buenos Aires: Altrea, 1998) e Jorge Witker (Como elaborar una tesis
em derecho. Madrid: Civitas, 1985), as autores apresentam o que seriam as
grandes vertentes teórico-metodológicos:
Jurídico-dogmático considera o direito com auto-suficiência
metodológica e trabalha com os elementos internos ao ordenamento jurídico.
Suas investigações: relações normativas no vários campos do Direito,
estruturas internas ao ordenamento jurídico e eficiência das relações entre e
nos institutos jurídicos;
Jurídico-sociológico – busca compreender o fenômeno jurídico no
ambiente social mais amplo. O Direito como variável dependente da
sociedade, trabalha com as noções de eficiência, eficácia e efetividade das
relações Direito/sociedade;
Jurídico-teórico – relaciona-se mais diretamente com a Filosofia do
Direito e acentua os aspectos conceituais, ideológicos e doutrinários.
10
Indutivo-Dedutivo é o raciocínio que busca solucionar as
insuficiências de cada um deles, em complemento.
Hipotético-dedutivo é o raciocínio dominado pelas seguintes
características: existem expectativas ou conhecimento prévio; surge o
problema de conflitos com as expectativas ou teoria já existentes; propõem-se
soluções a partir de conjecturas e, por fim, o teste de “falseamento”.
Dialético é o raciocínio que tem como pressuposto de que a
contradição está na realidade. Formulando se pensamento na lógica do
conflito. Para Marx, tudo se relaciona e se transforma numa interpenetração
constante das contradições e da luta dos contrários. O pensamento e o
universo estão em permanente mudança.
11
Jurídico-propositivo – destina-se ao questionamento de uma
norma, de um conceito ou instituição jurídica, com o objetivo de propor
mudanças ou reformas legislativas concretas.
12
O pesquisador, sem dúvida, é pessoa de razoável bagagem teórico-
metodológica e que tem definido seus paradigmas, ou seja, toda a sua forma
de olhar e de pensar o mundo, seus ideários ou conjunto de idéias que têm
sobre as coisas.
Não se considera aqui a ideologia no sentido negativo discutido por
Marx, ou seja, de que a burguesia tinha uma ideologia de dominação sobre o
proletariado, mas como“um conjunto de idéias no sentido positivo”.
Da mesma forma, esse conjunto de idéias forma o nosso olhar
teórico, mas não é um olhar teórico científico, mas de senso comum, pois a
teoria científica somente será produzida pela metodologia científica, pesquisas
sistemáticas organizadas e controladas metodicamente.
Por conseqüência, o marco teórico também não pode ser confundido
com a obra de determinado autor (Kelsen, Habermas, Ihering...), mas como
“uma afirmação específica de determinado teórico” porque essa teoria é que
vai dirigir o olhar do pesquisador, ou seja, o objeto da pesquisa será analisado
e interpretado segundo esse marco previamente definido. Em suma, todo o
projeto, incluindo os procedimentos e metodologia serão constituídos à partir
do marco teórico, entendido como a concepção que fundamenta a obra de
determinado autor.
Quer dizer que um mesmo problema de pesquisa pode encontrar
soluções diferentes se tomado a partir de enfoques teóricos diversos.
Sendo assim, um projeto com marco teórico Kelseniano ou positivista
para investigação sobre divórcio, por exemplo, deve limitar-se a indagações
sobre a norma e suas relações no ordenamento jurídico: “quais os fatores
relacionados com a legislação vigente que poderiam favorecer o divórcio”?
Jamais: “quais os fatores sociais que favoreceriam o divórcio”?
Em contraposto, uma pesquisa que tivesse como marco teórico
alguma obra de Boaventura Sousa Santos à cerca da sociologia do direito,
poderia perguntar: ”quais os reflexos do divórcio sobre a sociedade”?
Sem o marco teórico, que também não pode “engressar” a pesquisa,
o trabalho pode se tornar meramente subjetivo, uma opinião sem a
fundamentação necessária.
13
Assim, não se deve confundir “marco teórico” com “pressupostos
conceituais já aceitos”. O primeiro é o ponto de partida de uma investigação e
o segundo são conceitos que não serão objeto de questionamento pela
pesquisa.
14
Partes Textuais: corpo ou texto do projeto: 1 Tema-problema; 2
Justificativa; 3 Objetivo geral e objetivos específicos; 4 Revisão da literatura
sobre o assunto; 5 Hipótese; 5.1 Variáveis; 5.2 Indicadores; 6 Metodologia; 6.1
Marco Teórico; 6.2 Setores de conhecimento; 6.3 Processos de Estudo; 6.4
Natureza dos dados; 6.5 Grau de generalização dos resultados; 6.6 Técnicas
e procedimentos metodológicos; 6.7 Controle metodológico.
Partes pós-textuais: 7 Fases da pesquisa; 8 Cronograma físico; 9
Bibliografia básica preliminar; 10 Referências bibliográficas – elementos
obrigatórios – 11 Detalhamento de custos, cronograma financeiro e de
desembolso, anexos, apêndices e índices - elementos opcionais. Em projetos
acadêmicos que não requerem financiamento, as partes referentes aos custos
não são inseridas.
15
OBSERVAÇÕES FINAIS OU CONCLUSÕES
16