Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
da formação
A primeira escolha
*O documento em questão, chamado Cardápio de Projetos, consiste em uma publicação que reúne
um conjunto de projetos didáticos de leitura, escrita e comunicação oral, concebido como
possibilidade de trabalho com os alunos. Cada projeto é escrito de forma a proporcionar ao
professor orientações gerais para as ações que serão implementadas em sala de aula. Sua
redação contempla os seguintes itens: justificativa, expectativas de aprendizagem dos alunos,
desenvolvimento do projeto, sugestões de produto final e atividades habituais.
*Esse projeto ocorreu em Serra Pelada. A cava refere-se ao local onde foi feita a extração de ouro
na década de 1980.
A terceira escolha
Pauta: Parte I
Projeto didático
*Delia Lerner, Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário, Porto Alegre, Artmed Editora,
2002.
*A apresentação pública dos projetos, realizada ao final de cada semestre, desempenha um papel
importante para a comunicação da escola com a comunidade (em particular com os pais dos
alunos); requer uma cuidadosa preparação prévia que não envolve apenas os professores, mas
também os diretores e a Secretaria de Educação do município; e é um evento significativo para os
professores. Como destaca a primeira formadora citada sobre a finalização do primeiro semestre:
“Observei que desde o momento da montagem do evento os professores vibravam e se surpreendiam com
os resultados do trabalho. Vários deles comentaram que não acreditavam que fossem conseguir e que não
imaginavam que seria tão bonito. Estou certa de que para sua auto-estima e valorização profissional o
evento foi muito significativo, embora eu ache que ele ainda possa ser aprimorado.” Relatório de Paula
Stella – Serra Pelada, junho de 2002 – 1º semestre do Programa.
– Pensar em produtos
finais que tenham fun-
ção comunicativa para
a comunidade.
1A SÉRIE
*Trata-se da reunião mensal na qual a equipe de formadoras discute com a Coordenação Pedagógica
do Programa o trabalho realizado nos diferentes municípios, planeja as reuniões e outras ações que
serão propostas, além de aprofundar a reflexão sobre temas da formação de professores e do
ensino de língua.
*Um conjunto de atividades de leitura e escrita elaborado pela equipe do Cedac e disponibilizado aos
educadores em formação.
4A SÉRIE
A quarta escolha
• No produto final, cada aluno será autor de uma tirinha, o que implica
coordenar informações visuais e escritas, e isso não é tão simples;
• O texto escolhido é superconhecido pelos professores (e aprecia-
do) o que permite que antecipem muitas questões e contem
com boas estratégias para sua leitura;
Aquilo que está escrito entre parênteses foi apontado por mim.
No segundo objetivo listado, referiram-se ao aprimoramento da
produção de textos de maneira genérica e apontei que teríamos a
oportunidade de produzir este tipo de texto e não outros.
Em relação à pontuação, também colocaram um uso genéri-
co da sua necessidade. Apontei que a pontuação também se
relaciona ao texto, que há sinais mais usados (no caso dos qua-
drinhos, pode-se pensar que os balões são formas de pontuar).
Concordaram rapidamente e então lembramos que teríamos opor-
tunidade de trabalhar os pontos de interrogação e de exclama-
ção, além das reticências.
Isso me fez pensar que talvez esse projeto (de história em quadri-
nhos) não fosse tão interessante assim, já que não traz a oportu-
nidade de colocar os alunos em contato com textos com os quais
têm pouca oportunidade de interagir normalmente e cuja produ-
ção não implicará grandes desafios. Depois fiz outras considera-
ções que me deixaram novamente animada com as possibilidades
que esse projeto tem demonstrado:
*Alguns desses aspectos serão tratados nos capítulos dedicados à “Leitura profissional” e à
“Escrita profissional”.
*Essas situações são mais acessíveis sobretudo aos professores do primeiro ciclo, pois a
coordenação de situações de leitura ou de escrita das crianças por si mesmas durante a etapa de
alfabetização inicial exige que tenham passado por outras experiências de formação (além das
situações de dupla conceitualização).
**Ver o capítulo dedicado a “Escrita profissional”.
***Relatório de Andréa Guida – Aimorés – março de 2003 – 1º semestre do Programa.
Ah! Uma coisa que parece fácil, mas não é não: eles podem apren-
der a organizar as idéias pra escrever um texto. A gente ditou a
regra da brincadeira toda errada, fora de ordem... Ninguém ia en-
tender se a gente não tivesse arrumado depois. (...)
Também tem a escolha das palavras para escrever o texto. Não
pode ser qualquer uma, assim do jeito que a gente fala. Eu acho que
as crianças podem aprender isso. Vocês viram que se a gente tivesse
deixado “daí ele corre atrás do que jogou o sapato nas costas”, não ia
dar pra entender que era pro pegador correr atrás da Cotia.
Uma coisa que fez a gente arrumar o texto depois, foi porque você
falou pra quem a gente tava escrevendo... que era pra enviar essa
brincadeira pra outras professoras do Pará que conhecem a regra
de outro jeito. O professor precisa falar pra quem os meninos vão
escrever essas regras. (...)
A professora tem que ouvir a opinião de todos os alunos para
escrever o texto no quadro e daí tem que escrever do jeito que eles
estão ditando. (...)
Não pode ser melhor já ir parando e arrumando algumas coi-
sas junto com eles? Porque você deixou a gente falar tudo primei-
ro, pra depois perguntar se a gente não queria melhorar. Eu acho
que vai ficar muito demorado e as crianças não têm paciência. (...)
O professor tem que ler pros meninos o texto que eles dita-
ram, porque eles ainda não sabem ler e fica muito difícil para eles
perceberem que tem coisa pra arrumar na regra da brincadeira.
*Essas reuniões foram realizadas no mesmo encontro que a da 1ª série, analisada no ponto 2.1,
e foram conduzidas pela mesma formadora: Andréa Guida Aimorés, em março de 2003, 1º
semestre do Programa.
Prof. de 3a série: (...) Primeiro você deve ter procurado e lido al-
guns causos. Eu acho que o professor precisa pesquisar antes. (...)
Prof. de 2a série: (...) Bom, pelo menos no meu caso, eu vou
ter de ler muito antes a poesia pra treinar. Eu não sei ler desse
jeito aí não! (...)
Prof. da 2a série: (...) Na hora de ler, o professor tem de estar
bem concentrado, já sabendo o que ele vai ler. Se o texto for alegre
ou se for triste, tem de mudar o jeito de ler. Você leu umas partes
bem rápidas porque o trem tava correndo, né? Então, a gente tem
de saber bem o texto pra ler do jeito certo, com a entonação correta.
Fáb.: (...) A gente vai ler uma fábula, mas pode falar que é uma
fábula ou não? A gente tem de falar o que é esse tipo de texto?
Mar.: Bom, então pelo que eu entendi... Pelo que eu vi da ativi-
dade que a gente fez, não precisa perguntar “o que é fábula?” pras
crianças. (...) Eles vão aprender sobre fábulas quanto mais a gente
ler as fábulas pra eles.
Mar.: (...) Eu acho que a gente tem que partir de uma conversa
antes de começar a ler o texto (...) Do que eles acham que vai ter
naquele texto.
Lan. (coord.): Tá bom, então vocês vão começar a aula com
uma conversa, mas uma conversa sobre o quê? Será que se a
gente perguntar o que eles acham que vai ter no texto eles vão
adivinhar?
Ilm.: Tipo... a gente pode tentar saber o que eles já sabem
sobre a origem de algum brinquedo, ou de que brinquedo eles
gostam mais.
Mar.: Então, antes da aula, pra gente selecionar o texto que
vai ler, tem de ser de um brinquedo que eles saibam coisas so-
bre ele.
1. Leitura
2. A produção grupal
Texto: “Resumir para estudar, para Texto: sobre os indígenas, tema que
comunicar aquilo que foi lido.”*** estudam na classe.
*Relatório de Alda Beraldo – Alto Alegre do Pindaré, setembro de 2005 – 5º semestre do Programa.
**Para mais informação sobre os seminários, consultar a Parte I deste livro.
***Delia Lerner (coord.), Documento de Atualização Curricular em Língua nº 4 – Secretaria da
Educação da Cidade de Buenos Aires.
*Nesse caso, a formadora tinha proposto a elaboração de um resumo coletivo; para não perder a
oportunidade de incluir a comparação entre diversas produções, apresentou um resumo realizado
por ela mesma para estabelecer comparações.
Telma Weisz*
*Telma Weisz, O diálogo entre o ensino e a aprendizagem, 2ª ed., São Paulo, Ática, 2000.
Est.: (...) O que a gente faz quando alguns alunos copiam, lêem no
quadro e copiam errado no caderno? Isso acontece sempre... Eu
continuo dando cópia para eles desenvolverem a atenção, mas isso
não melhora...
Reg.: Mas eu só dou cópia pra eles melhorarem a letra deles.
É claro que eles têm que copiar com atenção, mas o que eu quero
é que eles copiem caprichando na letra.
Lei.: (...) Eu gosto de fazer cópia dos hinos da igreja, pra decorar
e depois cantar.
Est.: Sabe que eu não tinha pensado nisso... Eu acho que quan-
do eu mais copio é quando eu vou estudar pra prova da faculda-
de... Eu tenho de ler os textos e copiar alguns trechos... Só assim
eu consigo estudar. (...)
Lil.: Mas dá trabalho dar cópia para os alunos... eles não gostam
não! O que eu vi no vídeo e que me chamou atenção foi que as
professoras falam para que é que os alunos vão copiar a piada e a
adivinha. Eu tô pensando aqui, que eu nunca expliquei isso para
os meninos. Eu passo a cópia, falo que eles têm que caprichar na
letra, que não podem esquecer de nada e só isso. (...)
Lei.: (...) Então... dá pra gente ver que talvez eles façam a
cópia com mais gosto, porque eles sabem que vão usar aquilo pra
alguma coisa.
Lea: (...) Eu preciso pensar... Olha só essa pergunta que você fez,
“se com a cópia o professor ensina a escrever”... Se eu for olhar
pros meus alunos, a maioria já sabe escrever. E eu ainda dou cópia
pros meus. Mas se eles já sabem escrever, então não é isso que eu
quero que eles aprendam. Eu achei bem interessante que no vídeo
as professoras ficam o tempo todo passando nas carteiras para ver
como os alunos estão copiando, se mudam de linha, se colocam os
sinais de pontuação... É isso então que elas querem ensinar?
a partir das diferentes questões que surgiram por meio da leitura e dos
comentários do material bibliográfico levado pela formadora e do re-
exame de opiniões previamente verbalizadas pelos professores. As refle-
xões feitas possibilitaram a eles uma autocrítica de suas respostas prévias;
ajudaram na compreensão da importância da intervenção docente na
situação de cópia – intervenção que no semestre anterior fora destacada
apenas por um participante; e contribuíram para que todos contassem
com mais elementos para planejar.
E pouco depois:
Ira.: (...) Tem aquilo que a gente viu no vídeo... que a professora
tem que ditar o título todo e não palavra por palavra, né?
Reg.: Coloca aí também que, se eles esquecerem, pode repetir o
título completo...
senciais para fazer do ditado uma atividade que tenha sentido para os
alunos: que estes conheçam o significado daquilo que estão anotando –
em vez de serem colocados na posição de meros transcritores de sílabas,
palavras soltas ou frases descontextualizadas.
Além disso, na situação particular analisada e que está sendo plane-
jada, as crianças conhecem antecipadamente algumas das expressões que
serão ditadas,* o que tem implicações para as quais as professoras se mos-
tram sensíveis:
Como cada grupo de crianças vai escolher algumas receitas para in-
cluir na compilação, elas é que decidem os títulos a serem ditados. As
professoras parecem perceber que isso representa uma mudança impor-
tante, já que revêem inclusive seu lugar durante a aula: vêem a si mesmas
percorrendo os grupos e anotando os títulos resultantes das investiga-
ções das crianças nos textos, posição muito diferente da adotada tradi-
cionalmente pelo professor ao ditar. As dúvidas dos professores sobre
previsões aparentemente simples, ligadas à dinâmica da aula, refletem a
imensa mudança de sentido que está adquirindo para eles a atividade
que planejam realizar.
*Em outras situações o ditado pode ter sentido, ainda que as crianças não conheçam antecipadamente
o texto a ser ditado; por isso, esse conhecimento prévio é uma característica particular dessa
atividade, não generalizável a outras. Por outro lado, é condição didática essencial de qualquer
situação de ditado que exista um propósito comunicativo – conservar os nomes das receitas a
serem recompiladas, nesse caso – e que as crianças o conheçam.
*Vinicius de Moraes, “A foca”, em A arca de Nóe, São Paulo, Cia. das Letrinhas, 2004.
*M.L. Castedo, A. Siro e M.C. Molinari, Enseñar y aprender a leer, Buenos Aires, Ediciones Novedades
Educativas, 1999.
*Eleanor Duckworth, “Tener ideas brillantes”, em Milton Scwebel e Jane Ralph, Piaget en el aula,
Buenos Aires, Editorial Huemul, 1981.
**Relatório de Patrícia Diaz – São Luís, setembro de 2003 – 2º semestre do Programa.
ção de leitura de títulos nas capas dos livros e uma situação de leitura de
títulos em um índice, em que a escrita aparece longe do suporte das ima-
gens. Como as participantes destacam, para resolver com sucesso a lei-
tura do índice, os alunos precisam de mais elementos: têm de conhecer
todos os títulos do índice e é o professor que deve oferecer esse contexto
verbal, lendo-lhes os títulos – embora sem respeitar sua ordem, para que
as crianças enfrentem sozinhas o problema de decidir qual é qual. Desse
modo, as professoras se dão conta de que as intervenções necessárias
durante o desenvolvimento da atividade não dependem apenas dos co-
nhecimentos prévios das crianças, mas também das possibilidades ofe-
recidas pela própria situação: quando se tenta ler um índice, não é
suficiente que as crianças conheçam previamente certas histórias para
poderem antecipar os títulos com os quais se deparam e, portanto, não
basta que o professor intervenha perguntando pelos contos que conhe-
cem, é imprescindível também fazê-los saber quais são os títulos ali in-
cluídos, para que a antecipação seja possível.
*A comparação entre os títulos favorece a utilização, pelas crianças, de vários indícios quantitativos
e qualitativos: a quantidade de palavras de cada um, a extensão da escrita, a presença de palavras
conhecidas ou a reiteração de um mesmo término em dois títulos etc.
*Talvez acredite ser desnecessário explicitá-la porque a considera óbvia para todos os participantes.
**Relatório de Alda Beraldo – Alto Alegre do Pindaré, maio de 2005 – 4º semestre do Programa.
*Essa questão é tratada também, por outra perspectiva, no capítulo “Leitura profissional”.
**A transformação é forte e requer certa audácia para empreendê-la, pois mudar a disposição da
sala de aula pressupõe produzir uma mudança nos lugares relativos do professor e do aluno e
implica infringir como “naturais”, como se não fossem objeto de decisões didáticas.
***Essa questão será retomada no capítulo “Leitura profissional”, em “A autonomia do leitor. Uma
análise didática” (Delia Lerner).
*Jean Piaget, A formação do símbolo na criança, Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1978.
**Em todas as séries é preciso – no contexto dos diferentes projetos que estão sendo desenvolvidos
– produzir um texto coletivo ditado ao professor. Embora os temas trabalhados sejam diferentes
nas diversas séries, em todos os casos os textos são expositivos.
A professora retoma o que foi feito Reler, cada vez que for necessário,
na aula anterior: roteiro e início do o plano do texto ou o que já foi es-
texto produzido. “Que assunto aqui crito para controlar o progresso da
do roteiro está se referindo o primeiro informação oferecida.
parágrafo?”; “Tá bom?” “É necessá-
rio? Voltem para o texto.”
“Eu vou escrever depois a gente ajei- Considerar opções antes de decidir
ta e vê se ficou bom...”; “Não vai ficar a forma em que o texto fica melhor
repetitivo, se já tem São Luís bem ou a mais adequada para os desti-
aqui?”; “Não ficou bom, ficou? Como natários.
ficaria melhor?”; “Precisa estar bem
claro porque os leitores não estuda-
ram o mesmo que vocês, eles preci-
sam entender.”
*Como se recordará, a formadora tinha se dado conta de que os professores não estavam considerando
suficientemente a necessidade de intervir com relação ao “como”.
A professora lê o cartaz com a par- Reler o texto para decidir como con-
te do texto já construída, relê e per- tinuar para manter uma coerência
gunta: “O que foi que o lobo falou?” com o que já foi escrito.
“Como vamos escrever?”; “Fica le- Antecipar o que será escrito. Con-
gal? Eu coloco? Tá bom mesmo?”; siderar opções antes de escolher a
“Como é que a gente bota aqui para melhor forma ou a mais adequada
falar dos pássaros?” (seleção lexical).
Escutemos os professores:
A formadora acrescenta:
*Os fragmentos citados correspondem ao relatório de Mirian Louise Sequerra – Aimorés, março
de 2004 – 3º semestre do Programa.
Foi pensando nisso, que logo após a análise das produções escri-
tas solicitei que individualmente levantassem hipóteses sobre o
que poderia ser considerado pelo professor, ao planejar as situa-
ções de escrita pelo aluno...
Aspectos discursivos
Aspectos discursivos
Aspectos discursivos
*Telma Weisz, O diálogo entre o ensino e a aprendizagem, 2ª ed., São Paulo, Ática, 2000.
Verifiquei que a tarefa não foi nada simples e acredito que existam
vários motivos para isso. Em primeiro lugar, a falta de familiarida-
de com os comportamentos de leitor e escritor exigidos: compre-
ender as idéias expressas em um trecho do texto sem transformá-lo
na própria opinião sobre o tema em questão; selecionar trechos
pertinentes ao objetivo acordado e reelaborá-los. Em segundo
lugar, o fato de que éramos muitos e precisávamos coordenar a
participação de todos. Por último, a novidade que o conteúdo do
texto representava: algumas justificativas para as situações em
que as crianças são colocadas para interagir umas com as outras
na sala de aula (razão pela qual consideramos oportuno realizar
toda a reunião em torno dele).
No final pedi que uma das professoras lesse em seu caderno o
que havíamos feito, recuperando todos os itens que listamos (na
*Beatriz Cardoso e Madza Ednir, Ler e escrever, muito prazer!, São Paulo, Ática, 1998.
3a série 4a série
*Nesse caso, trata-se da distinção entre “linguagem que escreve” e “sistema de escrita”.
*E. Ferreiro, e A. Teberosky, A psicogênese da língua escrita, Porto Alegre, Artmed, 1999.
*B. Cardoso e M. Ednir, Ler e escrever, muito prazer!, São Paulo, Ática, 1998.
**Parâmetros Curriculares Nacionais, Língua Portuguesa, 1º e 2º Ciclos, Brasil, MEC, SEF, 1997.
*Trata-se de D. Lerner, “A autonomia do leitor. Uma análise didática”, Revista Projeto, ano IV, n° 6,
2002, artigo que se relaciona com algumas das questões tratadas por Marta Kohl de Oliveira,
“O sistema simbólico e o processo de internalização”, Vygotsky, São Paulo, Scipione, 1993.
Geografia
Texto: “A sociedade e o trabalho”
Seqüência de atividades:
• Escrever o título na lousa: “A sociedade e o trabalho”.
• Promover questionamento sobre o tema: O que é sociedade?;
Quem faz parte da sociedade?; Por que o trabalho é fundamental
para o desenvolvimento de uma sociedade?; Quais tipos de tra-
balho eles conhecem?.
• Definir o propósito da leitura: vamos ler para selecionar as idéias
principais para a produção do nosso texto.
• Leitura pelo aluno.
• Releitura coletiva por parágrafo.
• Discussão registrando na lousa a idéia principal de cada parágrafo.
• Tentar entender as palavras dentro do contexto.
Apresentar a proposta de escrita: Agora que já estudamos e
discutimos a sociedade e o trabalho, produzam um texto, em du-
pla, relatando a importância da sociedade e do trabalho.
*Felizmente, nos últimos anos, começam a ser produzidos trabalhos de outras Didáticas Específicas
sobre a problemática de ler para aprender. Entre eles, podem ser citados: B. Aisenberg, “La lectura
en la enseñanza de la Historia. Las consignas del docente y el trabajo intelectual de los alumnos”,
Lectura y Vida, ano 26, n° 3; assim como A. Espinoza, “La especificidad de las situaciones de
lectura en ‘Naturales’”, em Lectura y Vida, ano 27, n° 1, 2006.
Inglês
Texto: “Seasons”
• Organizar a turma em grupo.
• Compartilhar o tema de educação ambiental.
• Fazer questionamentos sobre o tema.
• Apresentar o texto (contexto).
• Leitura do texto pelo professor.
• Releitura pelos alunos em grupo.
• Retirar as palavras novas apresentadas no texto e traduzi-las.
• Traduzir o texto. Promover discussões.
• Apresentar novas palavras dentro do tema de Educação Ambiental
em estudo.
• Estudo de um novo texto para aprofundar mais o assunto.
• Retirar as palavras novas e traduzi-las, incluindo-as ao vocabu-
lário estudado.
• Leitura do texto/Tradução do texto.
• Elaboração de frases e ilustrações.
*D. Lerner, “A autonomia do leitor. Uma análise didática”, Revista Projeto, ano IV, n° 6, 2002.
Artes Geografia
Português Matemática
*
A. M. Kaufman e F. Perelman, “Resúmenes escritos: los obstáculos en el acceso a la competencia
infantil”, Anuario de Investigaciones, n° 7, Facultad de Psicología, UBA, 1999.
Estudos Amazônicos
• Apresentar o tema e o propósito de ler para aprender.
• Em dupla, leitura para levantamento e, se possível, resolução
das dúvidas apontadas pelas próprias duplas.
• Releitura por parágrafos pelo professor, socializando as dúvidas,
trazendo novas informações, buscando significado de palavras
desconhecidas dentro do contexto ou no dicionário.
• Fazer o resumo individualmente.
Obs.: A correção do resumo na 5ª série é feita oralmente e na
6ª é feita na lousa.
Geografia
Objetivos:
• Compreender os conceitos classificatórios de população.
• Entender os motivos que têm levado ao crescimento da popula-
ção do município nos últimos anos.
Conteúdo: O crescimento da população.
Material: Texto xerocopiado.
Desenvolvimento:
• Organizar a sala em semicírculo.
• Introdução do assunto pelo professor com questionamentos e
entrega do texto.
• Informar o propósito do estudo: realização de um resumo do
texto.
• Leitura do parágrafo introdutório pelo professor.
• Leitura alternada de alunos, em voz alta, do texto todo.
• Releitura pelos alunos discutindo a idéia central (o mais impor-
tante do texto).
• O professor anota as idéias centrais por parágrafo e os alunos
anotam no caderno também.
• Contextualizar as palavras novas do texto, de acordo com o as-
sunto. Caso necessário, consultar o dicionário.
• Dividir a turma em grupo para produção do resumo. Para isto,
fazer nova leitura das idéias centrais.
• Correção com a troca de resumo, entre as duplas.
• Leitura pelo professor de um resumo, promovendo discussão,
verificando as idéias centrais dos resumos de cada dupla.
*Sobre a importância dos seminários na formação e como se dá sua preparação, ver Parte I – “O
professor, um profissional”.
*M.F. Weffort, Observação, registro e reflexão. Instrumentos metodológicos I, São Paulo, Espaço
Pedagógico, 1996.
cada vez maior e acredito que ela irá avançar ainda mais no
próximo semestre.
Querida Lindalva,
Em primeiro lugar, gostaria de dizer que foi muito bom poder
ler o seu registro da atividade do banco de alfabetização escolhida
para ser realizada com seus alunos. (...) Em segundo lugar, gosta-
ria de comentar que a justificativa que deu para a seleção da
atividade está muito apropriada e adequada para a realidade da
sua turma. A única coisa que poderia ter sido acrescentada, creio
eu, é que o uso de letras móveis, em vez de lápis e papel, dá à
proposta um caráter menos definitivo, pois a escrita com esse
material tem algo de provisório, de mutável. E isso é um convite
para que as crianças se aventurem, concorda?
Outra coisa: achei muito pertinentes suas intervenções, prin-
cipalmente quando pedia que as crianças lessem o que estavam
escrevendo, a fim de se certificarem que o resultado era o dese-
jado. Quantas coisas elas puderam observar e rever com essa
ajuda, não?
Querida Geruza,
Em primeiro lugar, gostaria de dizer que foi muito bom poder
conhecer o registro que preparou sobre a atividade do banco de
alfabetização que realizou com seus alunos. (...) Em segundo lu-
gar, tenho um comentário específico a fazer sobre a justificativa
da sua aula. Você diz que pensou na possibilidade de fazer os
alunos “lerem mesmo sem saber” e isso, de fato, está em jogo na
atividade que realizou e é relevante para as crianças da 1a série.
*Referimo-nos aqui aos modelos do ato de escrita formulados por M. Scardamalia e C. Bereiter:
“Dois modelos explicativos dos processos de composição escrita”, em Infancia y Aprendizaje,
Journal for the Study of Education and Development, Barcelona, 1992.
Reescrita:
___________________________________________________________________
OUTRAS ATIVIDADES:
___________________________________________________________________
Reescrita:
OUTRAS ATIVIDADES:
*A necessidade de esclarecer diversas vezes essa distinção – trabalhada desde o início do processo
de formação – certamente está ligada ao status tão diferente dessas situações no ensino usual: a
cópia por si mesma (sem propósito, a partir da perspectiva do aluno) é uma atividade fortemente
instituída; a produção de autoria está escassamente presente na experiência anterior dos
professores; e a reescrita concebida como reconstrução ativa de um texto lido, que permite que as
crianças se baseiem no conhecimento que já têm da história para se concentrar no relato – tomando
decisões sobre a forma da re-narração, sobre a linguagem que se escreve –, foi uma “novidade”
introduzida pela proposta elaborada nos encontros e na bibliografia indicada.
Assim, as fichas não funcionam apenas como meio para garantir que
sejam realizadas nas aulas as diferentes situações didáticas necessárias para
a aprendizagem dos alunos, mas também como uma das fontes para avaliar
o processo formativo dos professores. A partir da análise do que elas “dei-
xam escrito”, realizada à luz das discussões provocadas ao preenchê-las, é
possível obter indícios do que os docentes aprenderam e detectar proble-
mas sobre os quais é preciso trabalhar. Esses indícios são pistas importantes
para planejar novas situações e intervenções da formadora – e de forma al-
guma são utilizados para valorizar ou desacreditar nos professores.
Em síntese, uma situação de escrita muito simples – que não apre-
senta os problemas próprios da elaboração de um texto – pode operar
como fonte de múltiplas discussões, questionamentos, reflexões e escla-
recimentos sobre as situações didáticas com as quais se trabalha ou vai
se trabalhar na sala de aula. Também permite uma aproximação do pro-
cesso de aprendizagem de cada grupo e de cada professor, suscitando
reflexões compartilhadas na equipe de formadores e uma reorientação
das propostas no espaço de formação.
*Diferentemente do que ocorre com as “situações de dupla conceitualização”, neste caso não se
trata de uma proposta de escrita similar à que se fará logo aos alunos, mas de produzir um texto
que efetivamente tem de escrever o professor como parte de seu desempenho profissional.
*Márcia Cristina da Silva, formadora que trabalha com os educadores do município de Rio Piracicaba.
AGOSTO/SETEMBRO – 2003
*Foram transcritos aqui apenas alguns fragmentos ilustrativos das produções citadas pela formadora.