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CONTABILIDADE NO BRASIL

COOPERATIVAS – ITG 2004

As sociedades cooperativas em geral estão reguladas pela Lei n° 5.764/71, que definiu a
Política Nacional de Cooperativismo e instituiu o regime jurídico das cooperativas.

A Natureza jurídica da Cooperativa é Sui Generis, e não se aplica necessariamente todas as demais
normas do direito societário, prevalecendo as regras estatutárias e, eventual e subsidiariamente,
as normas do direito civil, ou seja, as Cooperativas possuem forma jurídica própria, constituídas
para prestar serviços aos associados e que se distinguem das demais sociedades pelas seguintes
características:

a) adesão voluntária, com número ilimitado de associados, salvo impossibilidade técnica de


prestação de serviços;

b) variabilidade do capital social representado por quotas-partes;

c) limitação do número de quotas-partes do capital para cada associado, facultado, porém, o


estabelecimento de critérios de proporcionalidade, se assim for mais adequado para o
cumprimento dos objetivos sociais;

d) inacessibilidade das quotas-partes do capital a terceiros, estranhos à sociedade;

e) singularidade de voto, podendo as cooperativas centrais, federações e confederações de


cooperativas, com exceção das que exerçam atividade de crédito, optar pelo critério da
proporcionalidade;

f) quórum para o funcionamento e deliberação da Assembleia Geral baseado no número de


associados e não no capital;

g) retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações realizadas pelo


associado, salvo deliberação em contrário da Assembleia Geral;

h) indivisibilidade dos fundos de Reserva e de Assistência Técnica Educacional e Social;

i) neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social;

j) prestação de assistência aos associados, e, quando previsto nos estatutos, aos empregados da
cooperativa;

k) área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, controle, operações e


prestação de serviços.

Os artigos 1.094 e 1.095 do Código Civil (Lei n° 10.406/2002) dispõem também sobre
características das sociedades cooperativas.
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🔴 Classificação das Cooperativas

Nos termos do art. 6° da Lei n° 5.764/71, as sociedades cooperativas são consideradas:

1) SINGULARES:
Constituídas pelo número mínimo de 20 (vinte) pessoas físicas, sendo excepcionalmente
permitida a admissão de pessoas jurídicas que tenham por objeto as mesmas ou correlatas
atividades econômicas das pessoas físicas ou, ainda, aquelas sem fins lucrativos;

Nota: As cooperativas singulares se caracterizam pela prestação direta de serviços aos associados.

2) COOPERATIVAS CENTRAIS OU FEDERAÇÕES DE COOPERATIVAS:


As constituídas de, no mínimo, três singulares, podendo, excepcionalmente, admitir
associados individuais;

Nota: As cooperativas centrais e federações de cooperativas objetivam organizar, em comum e


em maior escala, os serviços econômicos e assistenciais de interesse das filiadas, integrando e
orientando suas atividades, bem como facilitando a utilização recíproca dos serviços.

3) CONFEDERAÇÕES DE COOPERATIVAS:
Constituídas, pelo menos, de três federações de cooperativas ou cooperativas centrais, da
mesma ou de diferentes modalidades.

Nota: As confederações de cooperativas têm por objetivo orientar e coordenar as atividades das
filiadas, nos casos em que o vulto dos empreendimentos transcender o âmbito de capacidade ou
conveniência de atuação das centrais e federações.

🔴 Objetivos Sociais das Cooperativas

Estas sociedades poderão, com o fim de viabilizar a atividade de seus associados, adotar qualquer
objeto, respeitadas as limitações legais no sentido de não exercerem atividades ilícitas ou
proibidas em lei.

Os objetivos sociais mais utilizados em sociedades cooperativas são:

a) cooperativas de produção;

b) cooperativas de trabalho;

c) cooperativas de consumo;

d) cooperativas de crédito;

e) cooperativas de seguro,

f) cooperativas habitacionais.

g) cooperativas infraestrutura

h) cooperativas sociais

i) cooperativas de transportes
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🔴 Cooperativas de Produção

As cooperativas de produção podem ser classificadas em agrícolas ou industriais.

O objetivo destas cooperativas é promover a integração entre o mercado e os cooperados,


promovendo auxílio no que diz respeito à transformação dos produtos entregues à cooperativa
por meio da industrialização, bem como em questões relativas a logística, seleção ou
beneficiamento.

Porém, caso os produtos entregues não se submetam a processo de industrialização, a


cooperativa é denominada simplesmente como agrícola, sendo o produto vendido da maneira
que foi entregue à cooperativa.

🔴 Cooperativas de Trabalho

A Lei n° 12.690/2012 dispõe sobre a organização e o funcionamento das cooperativas de trabalho


e institui o Programa Nacional de Fomento às Cooperativas de Trabalho (PRONACOOP).

Considera-se cooperativa de trabalho a sociedade constituída por trabalhadores para o exercício


de suas atividades laborativas ou profissionais com proveito comum, autonomia e autogestão
para obterem melhor qualificação, renda, situação socioeconômica e condições gerais de
trabalho.

A Cooperativa de Trabalho é regulada pela Lei n° 12.690/2012, e, no que com ela não colidir, pela
Lei n° 5.764/71 e pelo Código Civil (Lei n° 10.406/2002).

Não estão sujeitas ao regramento constante da Lei n° 12.690/2012:

a) as cooperativas de assistência à saúde na forma da legislação de saúde suplementar;

b) as cooperativas que atuam no setor de transporte regulamentado pelo poder público e que
detenham, por si ou por seus sócios, a qualquer título, os meios de trabalho;

c) as cooperativas de profissionais liberais cujos sócios exerçam as atividades em seus próprios


estabelecimentos; e

d) as cooperativas de médicos cujos honorários sejam pagos por procedimento.

A cooperativa de trabalho poderá ser constituída com número mínimo de sete cooperados (artigo
6° da Lei n° 12.690/2012). No entanto, não há um número máximo de cooperados.

A admissão de cooperados na cooperativa estará limitada, consoante as possibilidades de


reunião, abrangência das operações, controle e prestação de serviços, e congruente com o objeto
estatuído.

🔴 Cooperativas de Consumo

As cooperativas de consumo visam fornecer bens e serviços aos cooperados. O principal


objetivo é promover o acesso à bens de consumo com preços acessíveis, garantindo qualidade
de vida e economia aos cooperados. Além deste acesso favorecido, os cooperados possuem
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direito ao recebimento de sobras líquidas, caso seja apurada. O funcionamento em prol dos
cooperados não impede a venda de bens a pessoas ou empresas que não sejam cooperados.

🔴 Cooperativas de Crédito

As cooperativas de crédito submetem-se à Lei Complementar n° 130/2009, bem como à


legislação do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e das sociedades cooperativas.

As cooperativas de crédito destinam-se, precipuamente, a prover, por meio da mutualidade, a


prestação de serviços financeiros a seus associados, sendo-lhes assegurado o acesso aos
instrumentos do mercado financeiro, inclusive a linhas de crédito especiais aos cooperados.

A Resolução CMN n° 3.442/2007 normatiza vários pontos no tocante a estas sociedades, tais
como:

a) constituição;

b) autorização para funcionamento;

c) condições de admissão de cooperados;

d) capital mínimo;

e) obrigatoriedade de auditoria externa;

f) situações que ensejam o cancelamento da autorização de funcionamento.

🔴 Cooperativas de Seguro

O Decreto Lei n° 73/66 dispõe sobre o Sistema Nacional de Seguros Privados, regulando as
operações de seguros e resseguros. O artigo 24 do referido Decreto dispõe que “as sociedades
cooperativas operarão unicamente em seguros agrícolas, de saúde e de acidentes do trabalho”.

Estas cooperativas são organizadas com o fim de manter carteiras de seguros, sob o regime da
mutualidade, exclusivamente para associados.

Assim como as seguradoras, as cooperativas devem atender todas as normas do órgão


fiscalizador (SUSEP - Superintendência de Seguros Privados) e do Conselho Nacional de Seguros
Privados, ao qual compete, dentre outros:

a) fixar as diretrizes e normas da política de seguros privados;

b) regular a constituição, organização, funcionamento e fiscalização dos que exercerem


atividades subordinadas a este Decreto-Lei, bem como a aplicação das penalidades previstas;

c) prescrever os critérios de constituição das sociedades seguradoras, com fixação dos limites
legais e técnicos das operações de seguro;
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🔴 Cooperativas habitacionais

As cooperativas habitacionais não possuem regramento próprio no que diz respeito à constituição
e regulamentação da atividade - portanto, estão sujeitas à Lei n° 5.764/71 e ao Código Civil.

Os principais objetivos desta classe de cooperativa são:

a) promover o acesso à moradia a preço acessível aos cooperados, pois a construção não almeja
o lucro;

b) arrecadação de contribuições dos cooperados, a fim de formar o capital para a construção das
moradias;

c) emprego das contribuições no empreendimento habitacional;

d) aquisição de materiais ou contratação de terceiros por preço acessível, em virtude da


possibilidade de negociação de preços;

e) obtenção de tratamento diferenciado perante o município no que diz respeito à planta do


empreendimento (construção em si).

🔴 Princípios cooperativos

A sociedade cooperativa deverá também:

a) ser constituída pelo número mínimo de 20 associados, conforme previsto no artigo 6° da Lei n°
5.764/71, ressaltando-se que as cooperativas singulares não podem ser constituídas
exclusivamente por pessoas jurídicas, nem tampouco por pessoa jurídica com fins lucrativos ou
com objeto diverso das atividades econômicas da pessoa física;

b) não distribuir qualquer espécie de benefício às quotas-partes do capital ou estabelecer outras


vantagens ou privilégios, financeiros ou não, em favor de quaisquer associados ou terceiros,
excetuados os juros, até o máximo de 12% ao ano, atribuídos ao capital integralizado, e, no caso
das cooperativas de crédito, a remuneração anual limitada ao valor da taxa referencial do Sistema
Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC) para títulos federais (Lei n° 5.764/71, artigo 24, § 3°;
RIR/2018, artigo 193, § 1°; Lei Complementar n° 130/2009, artigo 7°);

c) permitir o livre ingresso a todos os que desejarem utilizar os serviços prestados pela sociedade,
exceto aos comerciantes e empresários que operam no mesmo campo econômico da sociedade,
cujo ingresso é vedado (Lei n° 5.764/71, artigo 29 e § 4°);

d) permitir a cada associado, nas assembleias gerais, o direito a um voto, qualquer que seja o
número de suas quotas-partes (Lei n° 5.764/71, artigo 42).

🔴 Normas Contábeis

Conforme o artigo 1° da Resolução CFC n° 1.328/2011, as Normas Brasileiras de Contabilidade


editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) devem seguir os mesmos padrões de
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elaboração e estilo utilizados nas normas internacionais e compreendem as Normas


propriamente ditas, as Interpretações Técnicas e os Comunicados Técnicos.

Estas Normas Técnicas estabelecem os conceitos doutrinários, regras e procedimentos aplicados


de Contabilidade.

Estas Normas Técnicas estabelecem os conceitos doutrinários, regras e procedimentos


aplicados de Contabilidade

O item 2 da ITG 2.004 dispõe que em relação aos aspectos não abordados na norma, deve ser
aplicada a NBC TG 1.000 (CPC PME). As determinações contidas nesta interpretação se aplicam a
todo o tipo de cooperativa, no que não for conflitante com as determinações de órgãos
reguladores (exemplos: Banco Central do Brasil (BCB), Agência Nacional de Saúde Suplementar
(ANS), Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), Agência Nacional de Transportes Terrestres
(ANTT)).

A escrituração contábil é obrigatória e deve ser realizada de forma segregada em ato


cooperativo e não cooperativo, por atividade, produto ou serviço.

Em âmbito do CPC, a Interpretação Técnica n° 14 (ICPC 14) dispõe sobre o reconhecimento das
cotas dos cooperados na elaboração do balanço patrimonial, no entanto era comum classificar
as cotas no Patrimônio Líquido, conforme previsto na Lei n° 5.764/1971, art. 24. Em 2015 houve
a inclusão do § 4° no art. 24 para dispor (Lei n° 13.097/2015):

“Art. 24. O capital social será subdividido em quotas-partes, cujo valor unitário não poderá ser
superior ao maior salário mínimo vigente no País.

(...)

§ 4° As quotas de que trata o caput deixam de integrar o patrimônio líquido da cooperativa


quando se tornar exigível, na forma prevista no estatuto social e na legislação vigente, a
restituição do capital integralizado pelo associado, em razão do seu desligamento, por demissão,
exclusão ou eliminação.”

Portanto, se a cota-parte pudesse ser restituída de alguma forma ao cooperado, a partir deste
momento deveria ser reclassificada para o Passivo, porém nunca houve consenso em âmbito
contábil, até a publicação da ITG 2.004.

Por fim, a ITG 2.004 dispõe de forma clara como classificar as cotas no balanço patrimonial das
cooperativas e, atende o disposto no § 4° no art. 24 da Lei n° 5.764/1971, sendo:

“Patrimônio líquido”

18. O capital social da entidade cooperativa é formado por quotas-partes, que devem ser
registradas de forma individualizada, no Patrimônio Líquido, podendo ser utilizados registros
auxiliares.

19. Os valores a restituir aos associados demitidos, eliminados e excluídos devem ser
transferidos para contas passivas de capital social a restituir, assim que a entidade cooperativa
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receber o pedido de demissão ou deliberar pela eliminação ou exclusão do cooperado,


conforme disposto no § 4° do Art. 24 da Lei n° 5.764/1971.”

Sendo assim, inicialmente a contabilização será feita no Patrimônio Líquido e caso o cooperado
seja demitido, eliminado ou excluído, o valor a restituir deverá ser transferido para o Passivo em
conta representativa de capital social a restituir.

🔴 Demonstrações Contábeis

As Demonstrações Contábeis devem ser elaboradas, segundo a NBC TG 26 - Apresentação das


Demonstrações Contábeis ou a NBC TG 1000, adotando as contas e nomenclaturas
(terminologias) próprias das entidades cooperativas definidas na ITG 2.004. Sendo assim as
demonstrações contábeis obrigatórias são:

 Balanço Patrimonial;
 Demonstração de Sobras e Perdas;
 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido;
 Demonstração dos Fluxos de Caixa;
 Demonstração do Valor Adicionado;
 Notas Explicativas.

🔴 BALANÇO PATRIMONIAL

O balanço patrimonial da entidade é a relação dos ativos, passivos e patrimônio líquido em uma
data específica.

Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se
espera que benefícios econômicos futuros fluam para a entidade.

Passivo é uma obrigação atual da entidade como resultado de eventos já ocorridos, cuja
liquidação se espera resulte na saída de recursos econômicos.

Patrimônio líquido é o valor residual dos ativos da entidade após a dedução de todos os seus
passivos.

O capital social da entidade cooperativa é formado por quotas-partes, que devem ser
registradas de forma individualizada, no Patrimônio Líquido, podendo ser utilizados registros
auxiliares.
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BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO NE 20XX 20XX PASSIVO NE 20XX 20XX


CIRCULANTE CIRCULANTE
CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA Fornecedores
Caixa Geral Empréstimos e Financiamentos
Bancos Conta Movimento Obrigações com Associados
Aplicações de Liquidez Imediata Obrigações com Terceiros
Obrigações Trab. e
CRÉDITOS
Previdenciárias
Créditos com Associados Obrigações Tributárias
(-)Provisão p/Créditos Liquidação
Outras Obrigações
Duvidosa
Créditos com Terceiros
(-)Provisão p/Créditos Liquidação
Duvidosa
Créditos Tributários
Adiantamentos
Outros Créditos
ESTOQUES
Produtos Agrícolas
Mercadorias
Produtos Fabricação Própria
Ativos Biológicos
Almoxarifados
NÃO CIRCULANTE NÃO CIRCULANTE
REALIZÁVEL A LONGO PRAZO Empréstimos e Financiamentos
Créditos com Associados Obrigações Fiscais e Tributárias
(-) Provisão p/Créditos Liquidação
Outras Obrigações
Duvidosa
Depósitos Judiciais
Impostos a Recuperar PATRIMÔNIO LIQUIDO
Outros Créditos
INVESTIMENTOS CAPITAL SOCIAL
Em Sociedades Cooperativas Capital Social Integralizado
Propriedades para Investimento RESERVAS DE CAPITAL
Reservas de Doações e
Outros Investimentos
Subvenções
Reserva de Investimentos e
IMOBILIZADO
Desenvolvimento
Reserva de Incentivo as
Imobilizado em Operação
Exportações
Imobilizações em Andamento RESERVAS ESTATUTÁRIAS
(-) Depreciação Acumulada Reserva Legal
INTANGÍVEL RATES
Softwares Reserva de Capitalização
AJUSTE DE AVALIAÇÃO
PATRIMONIAL
Ajuste de Avaliação Patrimonial
RESERVA DE SOBRAS A
REALIZAR
Sobras de Investimentos a
Realizar
SOBRAS OU PERDAS
Sobras à Disposição da AGO
TOTAL DO PASSIVO E
TOTAL DO ATIVO
PATRIMÔNIO LIQUIDO
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🔴 DEMONSTRAÇÃO DE SOBRAS E PERDAS

A movimentação econômico-financeira compõe a Demonstração de Sobras ou Perdas, que deve


evidenciar, separadamente, a composição do resultado do período, demonstrado
segregadamente em ato cooperativo e ato não cooperativo, devendo ainda apresentar
segregado por atividade, produto ou serviço desenvolvido pela entidade cooperativa.

🔴 Eventos Periódicos

São aqueles cuja ocorrência tem frequência previamente definida, relacionados:

a) aos serviços tomados/prestados mediante cessão de mão de obra ou empreitada (R-2010 e R-


2020);

b) às retenções na fonte (IR, CSLL, Cofins, PIS/PASEP) incidentes sobre os pagamentos diversos
efetuados a pessoas físicas e jurídicas (R-2070);

c) aos recursos recebidos ou repassados para associação desportiva que mantenha equipe de
futebol profissional (R-2030 e R-2040);

d) à comercialização da produção e à apuração da contribuição previdenciária substitutiva pelas


agroindústrias e demais produtores rurais pessoa jurídica (R-2050); e

e) às empresas que se sujeitam à CPRB, conforme Lei n° 12.546/2011 (R-2060).

DEMONSTRAÇÃO DE SOBRAS OU PERDAS


CONTAS 20X2 20X1
INGRESSO/RECEITA OPER. BRUTA
Produtos Agrícolas
Mercadorias
Produtos Fabricação Própria
Serviços Prestados
IMPOSTOS INCIDENTES
ICMS
COFINS
PIS Faturamento
INGRESSOS/RECEITA LÍQUIDA
DISPÊNDIOS/CUSTO PROD/MERC.
Produtos Agrícolas
Mercadorias
Produtos Fabricação Própria
Serviços Prestados
SOBRA BRUTA
DISPÊNDIOS E DESP. OPERACIONAIS
Gastos com Pessoal
Gastos Gerais e Administrativos
Tributários
Outros Gastos Operacionais
OUTROS INGRESSOS E REC. OPERAC.
(=) RESULTADO ANTES ENC. FIN. LIQ.
RESULTADO FINANCEIRO LÍQUIDO
Ganhos c/ Aplicações Financeiras
Custo Financeiro Aplicações
Juros s/ Capital Social
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Demais Encargos Financeiros


Demais Ingressos Financeiros
(=) RESULTADO ANTES DO IRPJ E CSLL
Provisão para Contribuição Social
Provisão para Imposto de Renda
RATES Operações c/ Terceiros
RATES Estatutário 10%
Reserva Legal 50%
Reserva de Capitalização 10%
Reserva de Investimentos e Desenvolvimento

DEMONSTRAÇÃO DE SOBRAS OU PERDAS - ASSOCIADOS E TERCEIROS


CONTAS 20X2 20X1
Ato
Ato
Não TOTAL TOTAL
Cooperativo
Coop.
INGRESSO/RECEITA OPER. BRUTA
Produtos Agrícolas
Mercadorias
Produtos de Fabricação Própria
Serviços Prestados
IMPOSTOS INCIDENTES
ICMS
COFINS
PIS Faturamento
INGRESSOS/RECEITA LÍQUIDA
DISPÊNDIOS/CUSTO PROD/MERC.
Produtos Agrícolas
Mercadorias
Produtos de Fabricação Própria
Custo Serviços Prestados
SOBRA BRUTA
DISPÊNDIOS E DESP. OPERACIONAIS
Gastos com Pessoal
Gastos Gerais e Administrativos
Gastos Tributários
Outras Despesas Operacionais
(=) RESULTADO ANTES ENC. FIN. LIQ.
RESULTADO FINANCEIRO LÍQUIDO
Ganhos c/ Aplicações Financeiras
Custo Financeiro Aplicações
Juros s/ Capital Social
Demais Encargos Financeiros
Demais Ingressos Financeiros
(=) RESULTADO ANTES DO IRPJ E CSLL
Provisão para Contribuição Social
Provisão para Imposto de Renda
(=) SOBRA E LUCRO LÍQUIDO
(+/-) RESULTADO ABRANGENTE
Realização Ajuste de Aval. Patrimonial
Destinação Reserva Incentivos Fiscais
(=) SALDO A DESTINAR
(-) Reserva Legal
(-) RATES
(-) Reserva de Capitalização
(-) Reserva de Investimento e Desenvol.
SOBRAS A DISPOISÇÃO DA AGO
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🔴 Demonstração das Mutações Do Patrimônio Líquido

A demonstração das mutações do patrimônio líquido evidencia as variações ocorridas em cada


uma das contas integrantes do patrimônio líquido.

Sendo assim, apresenta o resultado da entidade para um período contábil, outros resultados
abrangentes para o período, os efeitos das mudanças de práticas contábeis e correção de erros
reconhecidos no período e os valores incorporados ao patrimônio líquido.

A demonstração das mutações do patrimônio líquido inclui as seguintes informações:

a) as sobras ou perdas e os outros resultados abrangentes do período, demonstrando


separadamente o montante total atribuível aos cooperados;

b) para cada componente do patrimônio líquido, os efeitos da aplicação retrospectiva ou correção


retrospectiva reconhecida de acordo com a Seção 10 - Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa
e Retificação de Erro;

c) para cada componente do patrimônio líquido, a conciliação entre o saldo no início e no final do
período, evidenciando separadamente as alterações decorrentes:

- do resultado do período;

- de outros resultados abrangentes;

- dos valores de investimentos realizados pelos cooperados.


DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
CAPITA AJUSTE
COMPONENTES RESERVAS E FUNDOS ESTATUTÁRIOS
L DE SOBRAS
AVAL. ACUMULAD TOTAL
DE ESTATUTÁ SOBRAS
SOCIAL EQUALIZAÇÃO PATRIM AS
CAPITAL RIAS A REAL
.
SALDO EM 31 DE
DEZEMBRO DE
20X0
Deliberações da
AGO de 20X1
Reservas de Cap.
incorp. ao Capital
Capitalização Juros
s/Capital
Sobras incorporadas
ao Capital
Sobras distribuídas
Eventos realizados
no Exercício 20X1
Devolução de Capital
aos Associados
Integralização e
Retenção
Sobras de
Investimentos a
Realizar
Transf. Capital p/
Fundo de Reserva
Reserva de Incentivo
as Exportações
Sobras Inflacion.
transf. Reserva Legal
Reserva Equaliz.
transf. Reserva Legal
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Reserva de
Investimento e
Desenvol.
Reserva de
Subvenção e Doação
Realização Reserva
de Reavaliação
Resultado e
Destinações
Resultado do
Exercício
RATES - Result.
Oper. c/ terceiros
Reserva Legal (50%)
RATES (10%)
Reservas de
Capitalização (10%)
Reserva de Invest. e
desenvolvimento

SALDO EM 31 DE
DEZEMBRO DE
20X1

Resultado
Abrangente
Deliberações da AGO
de 20X2
Reservas de Cap.
incorp. ao Capital
Capitalização Juros
s/Capital
Sobras incorporadas
ao Capital
Eventos realizados
no Exercício 20X2
Devolução de Capital
aos Associados
Integralização e
Retenção
Reserva de Incentivo
as Exportações
Reserva de
Investimento e
Desenvol.
Provisão IR e CSSL
Ajuste Aval. Patrim.
Resultado e
Destinações
Resultado do
Exercício
RATES - Result.
Oper. c/ terceiros
Reserva Legal (50%)
RATES (10%)
Reservas de
Capitalização (10%)
Reserva de Invest. e
desenvolvimento
SALDO EM 31 DE
DEZEMBRO DE
20X2

🔴 Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)

A informação sobre fluxos de caixa proporciona aos usuários das demonstrações contábeis uma
base para avaliar a capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa e as
necessidades da entidade para utilizar esses fluxos de caixa. O Pronunciamento Técnico CPC 03 -
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Demonstração dos Fluxos de Caixa define os requisitos para a apresentação da demonstração


dos fluxos de caixa e respectivas divulgações.

Esta demonstração fornece informações acerca das alterações no caixa e equivalentes de caixa
da entidade para um período contábil, evidenciando separadamente as mudanças nas
atividades operacionais, nas atividades de investimento e nas atividades de financiamento.

Definição de Equivalentes de Caixa:

São aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que são mantidas com a finalidade
de atender a compromissos de caixa de curto prazo e não para investimento ou outros fins.
Portanto, um investimento normalmente qualifica-se como equivalente de caixa apenas quando
possui vencimento de curto prazo, de cerca de três meses ou menos da data de aquisição.
Saldos bancários a descoberto decorrentes de empréstimos obtidos por meio de instrumentos
como cheques especiais ou contas-correntes são geralmente considerados como atividades de
financiamento similares aos empréstimos.

Entretanto, se eles são exigíveis e formam uma parte integral da administração do caixa da
entidade, devem ser considerados como componentes do caixa e equivalentes de caixa.

A DFC apresenta os fluxos de caixa do período classificados em atividades operacionais,


atividades de investimento e atividades de financiamento.

Atividades operacionais

São as principais atividades geradoras de receita da entidade. Portanto, os fluxos de caixa


decorrentes das atividades operacionais geralmente derivam de transações e de outros eventos
e condições que entram na apuração do resultado.

Exemplos de fluxos de caixa que decorrem das atividades operacionais são:

a) recebimentos de caixa pela venda de mercadorias e pela prestação de serviços;

b) recebimentos de caixa decorrentes de royalties, honorários, comissões e outras receitas;

c) pagamentos de caixa a fornecedores de mercadorias e serviços;

d) pagamentos de caixa a empregados e em conexão com a relação empregatícia;

e) pagamentos ou restituição de tributos sobre o lucro, a menos que possam ser


especificamente identificados com as atividades de financiamento ou de investimento;

f) recebimentos e pagamentos de investimento, empréstimos e outros contratos mantidos com


a finalidade de negociação, que são similares aos estoques adquiridos especificamente para
revenda.

Algumas transações, como a venda de item do ativo imobilizado por entidade industrial, podem
resultar em ganho ou perda que é incluído na apuração do resultado. Entretanto, os fluxos de
caixa relativos a tais transações são fluxos de caixa provenientes de atividades de investimento.
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Atividades de investimento

São a aquisição ou alienação de ativos de longo prazo e outros investimentos não incluídos em
equivalentes de caixa.

Exemplos de fluxos de caixa que decorrem das atividades de investimento são:

a) pagamentos de caixa para aquisição de ativo imobilizado (incluindo os ativos imobilizados


construídos internamente), ativos intangíveis e outros ativos de longo prazo;

b) recebimentos de caixa resultantes da venda de ativo imobilizado, intangível e outros ativos de


longo prazo;

c) pagamentos para aquisição de instrumentos de dívida ou patrimoniais de outras entidades e


participações societárias em empreendimentos controlados em conjunto (exceto desembolsos
referentes a títulos considerados como equivalentes de caixa ou mantidos para negociação ou
venda);

d) recebimentos de caixa resultantes da venda de instrumentos de dívida ou patrimoniais de


outras entidades e participações societárias em empreendimentos controlados em conjunto
(exceto recebimentos referentes a títulos considerados como equivalentes de caixa ou mantidos
para negociação ou venda);

e) adiantamentos de caixa e empréstimos concedidos a terceiros;

f) recebimentos de caixa por liquidação de adiantamentos e amortização de empréstimos


concedidos a terceiros;

g) pagamentos de caixa por contratos futuros, contratos a termo, contratos de opção e


contratos de swap, exceto quando tais contratos forem mantidos para negociação ou venda, ou
os pagamentos forem classificados como atividades de financiamento;

h) recebimentos de caixa derivados de contratos futuros, contratos a termo, contratos de opção


e contratos de swap, exceto quando tais contratos forem mantidos para negociação ou venda,
ou os recebimentos forem classificados como atividades de financiamento.

Quando um contrato é contabilizado como contrato de proteção (hedge) (ver Seção 12 - Outros
Tópicos sobre Instrumentos Financeiros-CPC PME), a entidade deve classificar os fluxos de caixa
do contrato da mesma maneira que os fluxos de caixa do item sendo protegido.

Atividades de financiamento

São as atividades que resultam das alterações no tamanho e na composição do patrimônio


líquido e dos empréstimos da entidade.

Exemplos de fluxos de caixa que decorrem das atividades de financiamento são:

a) caixa recebido pela emissão de ações ou quotas ou outros instrumentos patrimoniais;

b) pagamentos de caixa a investidores para adquirir ou resgatar ações ou quotas da entidade;


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c) caixa recebido pela emissão de debêntures, empréstimos, títulos de dívida, hipotecas e outros
empréstimos de curto e longo prazos;

d) pagamentos para amortização de empréstimo;

e) pagamentos de caixa por um arrendatário para redução do passivo relativo a arrendamento


mercantil (leasing) financeiro.

A entidade deve, a seu critério, apresentar os fluxos de caixa das atividades utilizando um dos
seguintes métodos:

Método indireto

Segundo o qual o resultado é ajustado pelos efeitos das transações que não envolvem caixa,
quaisquer diferimentos ou outros ajustes por competência sobre recebimentos ou pagamentos
operacionais passados ou futuros, e itens de receita ou despesa associados com fluxos de caixa
das atividades de investimento ou de financiamento;

Neste método, o fluxo de caixa líquido das atividades operacionais é determinado ajustando-se
o resultado quanto aos efeitos de mudanças ocorridas nos estoques e nas contas operacionais a
receber e a pagar durante o período, itens que não afetam o caixa, tais como: depreciação,
provisões, tributos diferidos, receitas (despesas) contabilizadas pela competência, mas ainda
não recebidas (pagas), ganhos e perdas de variações cambiais não realizadas, lucros de
coligadas e controladas não distribuídos, participação de não controladores e todos os outros
itens cujos efeitos sobre o caixa sejam decorrentes das atividades de investimento ou de
financiamento.

Método Direto,

Segundo o qual as principais classes de recebimentos brutos de caixa e pagamentos brutos de


caixa são divulgadas.

Pelo método direto, o fluxo de caixa líquido das atividades operacionais é apresentado por meio
da divulgação das principais classes de recebimentos e pagamentos brutos de caixa.

Quanto as atividades de investimentos e financiamentos deve apresentar separadamente as


principais classes de recebimentos brutos e de pagamentos brutos decorrentes destas
atividades. Os fluxos de caixa agregados derivados da aquisição ou alienação de controladas ou
outras unidades de negócios devem ser apresentados separadamente e classificados como
atividades de investimento.

🔴 Demonstração do Valor Adicionado

A DVA deve proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis informações relativas à
riqueza criada pela entidade em determinado período e a forma como tais riquezas foram
distribuídas.
CONTABILIDADE NO BRASIL

A distribuição da riqueza criada deve ser detalhada, minimamente, da seguinte forma:

a) pessoal e encargos;

b) impostos, taxas e contribuições;

c) juros e aluguéis;

d) juros sobre o capital integralizado;

e) sobras/ perdas do exercício.

🔴 Notas Explicativas

As notas explicativas devem conter, além das previstas nas Normas Brasileiras de Contabilidade,
as seguintes informações:

a) se não discriminados nas demonstrações próprias, devem ser elaborados quadros com a
composição dos saldos (ativos e passivos) e transações (ingressos e receitas, repasse aos
associados, dispêndios, custos e despesas) com partes relacionadas, associados e não
associados, desdobrados conforme a natureza das operações;

b) discriminação dos fundos e reservas, detalhando sua natureza, finalidade e forma de


utilização;

c) composição, forma e prazo de realização das perdas registradas no Ativo; e

d) informações dos juros sobre as quotas do capital integralizado, conforme previsão


estatutária.

🔴 Exemplos Lançamentos Contábeis

Venda - Atos não Cooperados

Em regra geral, as cooperativas são constituídas para atuar unicamente com os seus cooperados,
fornecendo-lhes serviços, assessoria, bens de consumo, bem como recebendo produtos e
serviços dos cooperados.

Porém, em casos previstos no Estatuto ou em Lei, a cooperativa pode adquirir produtos de não
cooperados, principalmente para suprir uma necessidade emergencial onde seus cooperados não
podem atender prontamente, é o caso de complementação de safra, formação de lote, dentre
outros, destinados a cumprir contratos com clientes.

Neste sentido, cabe analisar o item 6 da ITG 2004, que dispõe que a escrituração contábil é
obrigatória e deve ser realizada de forma segregada em ato cooperativo e não cooperativo, por
atividade, produto ou serviço.
CONTABILIDADE NO BRASIL

Portanto, as operações com não cooperados devem ser segregadas das operações com
cooperados.

Recebimento do produto:

D- Estoque - Atos Não Cooperados (Ativo Circulante)

C- Banco (Ativo Circulante)

Venda do produto:

D- Clientes ou Banco (Ativo Circulante)

C- Receita de venda (Resultado Atos Não Cooperados)

Custo do produto:

D- CMV (Resultado Atos Não Cooperados)

C- Estoque - Atos Não Cooperados (Ativo Circulante)

Venda com Recebimento em Produtos dos Cooperados

Em alguns casos, a cooperativa financia os cooperados na forma de entrega de insumos para


serem aplicados na atividade dos mesmos. É prática comum que a cooperativa receba por este
fornecimento uma quantidade pré-fixada dos produtos do cooperado em substituição à
remuneração em dinheiro.

O registro da receita da cooperativa deve ser contabilizado normalmente. Porém, quando do


recebimento dos produtos, deverão ser avaliados a valor justo, reconhecendo-se eventual
variação no resultado.

Por fim, o item 12 da ITG 2004 dispõe que os saldos de estoque, contas a receber e contas a pagar
decorrentes das operações realizadas com os associados devem ser apresentados em contas
individualizadas que os identifiquem, podendo ser utilizados registros auxiliares.

Entrega dos insumos ao cooperado:

D- Produtos a receber - Atos Cooperados (Ativo Circulante)

C- Receita de venda (Resultado Atos Cooperados)

Ajuste do preço em virtude de variação positiva:


CONTABILIDADE NO BRASIL

D- Produtos a receber - Atos Cooperados (Ativo Circulante)

C- Variação de preços - Atos Cooperados (Resultado Atos Cooperados)

Ajuste do preço em virtude de variação negativa:

D- Variação de preços - Atos Cooperados (Resultado Atos Cooperados)

C- Produtos a receber - Atos Cooperados (Ativo Circulante)

Recebimento dos produtos do cooperado:

D- Estoque - Atos Cooperados (Ativo Circulante)

C- Produtos a receber - Atos Cooperados (Ativo Circulante)

VENDA PARA ENTREGA FUTURA

Neste caso, a venda ocorre normalmente. Porém a entrega ocorre em momento futuro, por
conveniência do adquirente. O reconhecimento da receita deve ocorrer quando houver a
transferência do controle para o adquirente, conforme prevê o CPC 47 - Receita de Contrato com
Cliente.

31. A entidade deve reconhecer receitas quando (ou à medida que) a entidade satisfizer à
obrigação de desempenho ao transferir o bem ou o serviço (ou seja, um ativo) prometido ao
cliente. O ativo é considerado transferido quando (ou à medida que) o cliente obtiver o controle
desse ativo.

Ainda, o CPC PME (Apêndice da Seção 23) dispõe que:

4. Adiantamentos de clientes, totais ou parciais, para a entrega futura de bens que não se
encontram no estoque Incluem-se nesses casos os produtos que ainda devem ser fabricados ou
que devem ser entregues diretamente ao cliente por terceiro; a receita é reconhecida quando as
mercadorias são entregues ao comprador.

Por fim, o item 12 da ITG 2004 dispõe que os saldos de estoque, contas a receber e contas a pagar
decorrentes das operações realizadas com os associados devem ser apresentados em contas
individualizadas que os identifiquem, podendo ser utilizados registros auxiliares.

Emissão da Nota Fiscal de faturamento:

D- Clientes (Ativo Circulante)

C- Receita Diferida - Atos Cooperados (Passivo Circulante)


CONTABILIDADE NO BRASIL

Recebimento do numerário da venda:

D- Banco (Ativo Circulante)

C- Clientes (Ativo Circulante)

Entrega da mercadoria ao cliente (momento da transferência do controle e reconhecimento


da receita no resultado):

D- Receita Diferida - Atos Cooperados (Passivo Circulante)

C- Receita de venda (Resultado Atos Cooperados)

Custo do produto:

D- Custo das Mercadorias Vendidas (Resultado Atos Cooperados)

C- Estoque - Atos Cooperados (Ativo Circulante)

Sobras - Atos Cooperados

O item 20 da ITG 2004 dispõe que a conta de Sobras ou Perdas à disposição da Assembleia
Geral é uma conta de trânsito do resultado líquido do período, classificada no Patrimônio
Líquido da cooperativa.

Havendo disposição estatutária para a distribuição total ou parcial das sobras, o valor
deve ser registrado no passivo, no encerramento do exercício social.

Pela apuração de sobras:

D- Sobras do exercício (Resultado Atos Cooperados)

C- Sobras do exercício à disposição da Assembleia (Patrimônio Líquido)

Pela destinação das sobras aos cooperados:

D- Sobras do exercício à disposição da Assembleia (Patrimônio Líquido)

C- Sobras do exercício a distribuir (Passivo Circulante) - Valor líquido do IRRF

C- IRRF a recolher (Passivo Circulante)

Pelo pagamento das sobras aos cooperados e do recolhimento do IRRF:


CONTABILIDADE NO BRASIL

D- Sobras do exercício a distribuir (Passivo Circulante)

D- IRRF a recolher (Passivo Circulante)

C- Banco (Ativo Circulante)

Pela capitalização da sobra (se assim for definido em AGO):

D- Sobras do exercício à disposição da Assembleia (Patrimônio Líquido)

C- IRRF a recolher (Passivo Circulante)

C- Capital Social (Patrimônio Líquido) - Pelo valor líquido do IRRF

Reservas (Fundos) - Atos Não Cooperados

O artigo 87 da Lei n° 5.764/71 dispõe que os resultados das operações das cooperativas
com não associados, mencionados nos artigos 85 e 86, serão levados à conta do "Fundo
de Assistência Técnica, Educacional e Social" e serão contabilizados em separado, de
molde a permitir cálculo para incidência de tributos.

O item 5 da ITG 2004 classifica os fundos como reservas.

Pela constituição do FATES com o resultado positivo das operações com não cooperados
(Reserva/Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social):

D- Sobras a disposição da Assembleia (Passivo Circulante - Ato Não Cooperado)

C- FATES (Patrimônio Líquido)

Havendo perda, o artigo 89 dispõe que os prejuízos verificados no decorrer do


exercício serão cobertos com recursos provenientes do Fundo de Reserva e, se
insuficiente este, mediante rateio, entre os associados, na razão direta dos serviços
usufruídos ou não, a depender do que está previsto em Estatuto:

D- Fundo de reparação de perdas (Patrimônio Líquido)

C- Perdas do exercício (Resultado Atos Cooperados)


CONTABILIDADE NO BRASIL

Quotas De Capital - Atos Cooperados

O item 18 da ITG 2004 dispõe que o capital social da entidade cooperativa é formado por
quotas-partes, que devem ser registradas de forma individualizada, no Patrimônio
Líquido, podendo ser utilizados registros auxiliares. Portanto, se a cooperativa possui 150
cooperados, poderá classificar unificadamente no Patrimônio Líquido, porém deverá
manter registro auxiliar afim de detalhar o valor da quota por cooperado.

Os valores a restituir aos associados demitidos, eliminados e excluídos devem ser


transferidos para contas passivas de capital social a restituir, assim que a entidade
cooperativa receber o pedido de demissão ou deliberar pela eliminação ou exclusão do
cooperado, conforme disposto no § 4° do artigo 24 da Lei n° 5.764/71.

Pelo recebimento da quota:

D- Banco (Ativo Circulante)

C- Capital Social - Quotas parte (Patrimônio Líquido)

Pelo desligamento do cooperado:

D- Capital Social - Quotas parte (Patrimônio Líquido)

C- Quotas a restituir (Passivo Circulante)

Pela restituição da quota:

D- Quotas a restituir (Passivo Circulante)

C- Banco (Ativo Circulante)

Perdas - Atos Cooperados

O item 22 da ITG 2004 dispõe que, no caso das perdas, o registro do rateio entre os
associados deve ser feito individualmente em contas do Ativo, podendo ser utilizados
registros auxiliares.

Apuração de perdas:

D- Perdas do exercício - rateio cooperados (Ativo Circulante)

C- Perdas do exercício (Resultado Atos Cooperados)


CONTABILIDADE NO BRASIL

Recebimento do cooperado:

D- Banco (Ativo Circulante)

C- Perdas do exercício - rateio cooperados (Ativo Circulante)

Absorção das perdas com o fundo de reserva destinado à reparação de perdas:

D- Fundo de reparação de perdas (Patrimônio Líquido)

C- Perdas do exercício (Resultado Atos Cooperados)

Investimento em Sociedade Cooperativa

A ITG 2004 dispõe que o investimento em outra entidade cooperativa de qualquer grau
deve ser avaliado pelo custo de aquisição e seus resultados contabilizados, de acordo com
o regime de Competência, em conta de ingresso ou dispêndio. Neste caso, a cooperativa
também poderá receber juros sobre o capital próprio, limitado a 12% ao ano, que
incidirão sobre a parte integralizada, conforme prevê o artigo 24, § 3°, da Lei n° 5.764/71.

Aquisição:

D- Investimento X (Ativo Não Circulante)

C- Banco (Ativo Circulante)

Recebimento de sobras:

D- Banco (Ativo Circulante)

C- Retorno de Sobras Participação em Cooperativas (Resultado)

Sobras capitalizadas na cooperativa mediante decisão em Assembleia Geral


Ordinária:

D- Investimento X (Ativo Não Circulante)

C- Retorno de Sobras Participação em Cooperativas (Resultado)

Recebimento de Juros sobre o capital investido:


CONTABILIDADE NO BRASIL

D- Banco (Ativo Circulante)

D- IRRF a recuperar (Ativo Circulante)

C- Juros sobre o capital próprio (Resultado)

FUNDOS - ATOS COOPERADOS

O artigo 28 da Lei n° 5.764/71 dispõe que as cooperativas são obrigadas a constituir:

a) Fundo de Reserva destinado a reparar perdas e atender ao desenvolvimento de suas


atividades, constituído com 10%, pelo menos, das sobras líquidas do exercício;

b) Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social, destinado a prestação de


assistência aos associados, seus familiares e, quando previsto nos estatutos, aos
empregados da cooperativa, constituído de 5%, pelo menos, das sobras líquidas apuradas
no exercício.

Além dos fundos acima, a Assembleia Geral poderá criar outros fundos, inclusive
rotativos, com recursos destinados a fins específicos fixando o modo de formação,
aplicação e liquidação.

Os serviços a serem atendidos pelo Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social


poderão ser executados mediante convênio com entidades públicas e privadas.

O item 5 da ITG 2004 classifica os fundos como reservas.

Pela constituição do fundo de reparação de perdas:

D- Sobras a disposição da Assembleia (Passivo Circulante - Ato Cooperado)

C- Fundo de reparação de perdas (Patrimônio Líquido)

Pela constituição do RATES/FATES (Reserva/Fundo de Assistência Técnica,


Educacional e Social):

D- Sobras a disposição da Assembleia (Passivo Circulante - Ato Cooperado)

C- FATES (Patrimônio Líquido)


CONTABILIDADE NO BRASIL

Abatimento na Venda de Mercadorias

No recebimento da mercadoria, o adquirente constata erros entre a ordem de compra e a nota


fiscal das mercadorias, e estes erros, muitas vezes causados por defeito, defeitos de fabricação,
ou até mesmo produtos trocados, podem causar a devolução da mercadoria ainda no ato de
entrega pela transportadora.

Para evitar tal incomodo na relação comercial entre as partes, o fornecedor decide dar um
abatimento no preço da mercadoria.

Esse abatimento é uma redução no preço da mercadoria, devendo assim ser registrado como
uma receita financeira pelo fato do abatimento concedido na fatura, e como despesa financeira
na vendedora.

Compradora - pagamento da fatura:

D- Fornecedores (Passivo Circulante)

C- Caixa/Banco - Disponibilidades (Ativo Circulante)

C- Receita Financeira (Conta de Resultado)

Vendedora - recebimento do numerário:

D- Caixa/Banco - Disponibilidades (Ativo Circulante)

D- Despesa Financeira de Abatimentos sobre Vendas (Conta de Resultado)

C- Clientes (Ativo Circulante)

AQUISIÇÃO DE TERRENOS

Terreno é a propriedade da cooperativa utilizado nas operações, ou seja, onde se localiza a


respectiva sede.

Os terrenos não sofrem depreciação conforme prevê o artigo 318, parágrafo único, inciso I, do
Decreto n° 9.580/2018 (RIR/2018).

O terreno deve ser contabilizado pelo custo de aquisição, conforme prevê o item 17.10 da Seção
17 do CPC PME:

17.10 O custo de item do ativo imobilizado compreende todos os seguintes custos:

(a) seu preço de compra, incluindo taxas legais e de corretagem, tributos de importação e
tributos de compra não recuperáveis, depois de deduzidos os descontos comerciais e
abatimentos;
CONTABILIDADE NO BRASIL

(b) quaisquer custos diretamente atribuíveis para colocar o ativo no local e em condição
necessária para que seja capaz de funcionar da maneira pretendida pela administração. Esses
custos podem incluir os custos de elaboração do local, frete e manuseio inicial, montagem e
instalação e teste de funcionalidade;

(c) a estimativa inicial dos custos de desmontagem e remoção do item e de restauração da área
na qual o item está localizado, a obrigação que a entidade incorre quando o item é adquirido ou
como consequência de ter utilizado o item durante determinado período para finalidades que
não a produção de estoques durante esse período.

Aquisição à vista:

D- Terrenos (Ativo Não Circulante/Imobilizado)

C- Banco (Ativo Circulante)

Aquisição a prazo:

D- Terrenos (Ativo Não Circulante/Imobilizado)

C- Fornecedores (Passivo Circulante)

Tributos pagos na transmissão (ITBI):

D- Terrenos (Ativo Não Circulante/Imobilizado)

C- Banco - Disponibilidades (Ativo Circulante)

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