Você está na página 1de 24

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – ICSA


FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS - FACICON

DISCIPLINA: CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR


E COOPERATIVAS
Profº Dr. Francivaldo Albuquerque

• Organizações Sociais (OS)


• Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público
(OSCIP)
• Isenções e Imunidades

1
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS - OS

 Surgimento: promulgação da Lei Federal 9.637,


de 15 de maio de 1998.
 Regulamentada pelo Decreto nº 9.190, de 1º de
novembro de 2017.
 Trata-se de um título público fornecido pelo
Estado para as organizações que reúne as
condições impostas pelo concedente.

2
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS - OS

 Poderão ser qualificadas como organizações


sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem
fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao:
 ensino, à pesquisa científica,
 ao desenvolvimento tecnológico,

 à proteção e à preservação do meio ambiente,

 à cultura e

 à saúde,

Porém, devem ser atendidos os requisitos legais, as


diretrizes de políticas públicas setoriais, as determinações e
os critérios estabelecidos neste Decreto (9.190/2017).

3
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS - OS

 De acordo com artigo 2º da Lei 9.637/98 são requisitos


específicos para que as entidades privadas habilitem-se à
qualificação como organização social:
I - comprovar o registro de seu ato constitutivo, dispondo
sobre:
a) natureza social de seus objetivos relativos à respectiva área
de atuação;
b) finalidade não-lucrativa, com a obrigatoriedade de
investimento de seus excedentes financeiros no
desenvolvimento das próprias atividades;

4
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS - OS

c) previsão expressa de a entidade ter, como órgãos de


deliberação superior e de direção, um conselho de
administração e uma diretoria definidos nos termos do estatuto,
asseguradas àquele composição e atribuições normativas e de
controle básicas previstas nesta Lei;

d) previsão de participação, no órgão colegiado de deliberação


superior, de representantes do Poder Público e de membros da
comunidade, de notória capacidade profissional e idoneidade
moral;
e) composição e atribuições da diretoria;

5
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS - OS

f) obrigatoriedade de publicação anual, no Diário Oficial da


União, dos relatórios financeiros e do relatório de
execução do contrato de gestão;

g) no caso de associação civil, a aceitação de novos


associados, na forma do estatuto;

h) proibição de distribuição de bens ou de parcela do


patrimônio líquido em qualquer hipótese, inclusive em
razão de desligamento, retirada ou falecimento de
associado ou membro da entidade;

6
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS - OS
i) previsão de incorporação integral do patrimônio, dos legados
ou das doações que lhe foram destinados, bem como dos
excedentes financeiros decorrentes de suas atividades, em
caso de extinção ou desqualificação, ao patrimônio de outra
organização social qualificada no âmbito da União, da mesma
área de atuação, ou ao patrimônio da União, dos Estados, do
Distrito Federal ou dos Municípios, na proporção dos recursos
e bens por estes alocados;

II - haver aprovação, quanto à conveniência e oportunidade


de sua qualificação como organização social, do Ministro
ou titular de órgão supervisor ou regulador da área de
atividade correspondente ao seu objeto social e do
Ministro de Estado da Administração Federal e Reforma do
Estado.
7
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS - OS

 Surgimento do termo: Contrato de Gestão


 Prevê a destinação de recursos a uma Entidade Sem Fins
Lucrativos – ESFL controlada pelo Estado, sem
estabelecimento de processo licitatório e com distribuições
de atribuições que pressupõe mútua cooperação e
interesse recíproco.

 Também interpretado como “Convênio”, o mesmo tem


características de um contrato, contendo obrigações de
ambas as partes, no qual o Estado entra com os recursos e
indica parte dos membros do Conselho de Administração da
Organização.

8
Contrato de Gestão
 Para Araújo (2009 p.21), a cooperação entre os dois
setores apresenta-se bastante viável, e a
participação do Estado nas Organizações Sociais é
fundamental para essa relação de coordenação,
controle e transparência.

 Essa participação está prevista na Lei das OSs,


como é denominada a Lei 9.637/98, em seu art. 3º,
inciso I, alínea a, a qual reza que o Conselho de
Adm. deverá “ser composto por: 20 a 40% de
membros natos representantes do Poder Público,
definidos pelos estatutos da entidade”.
9
O Conselho de Administração
 Na verdade, trata-se da “desobrigação” do Estado de
executar alguns serviços que são de sua
responsabilidade.
 Araújo (2009), também comenta que o Conselho de
administração tem atribuições legais que
determinam para seus membros obrigações de
cunho administrativo cujas decisões podem impactar
os patrimônios das organizações de forma bastante
significativa.

 Veja-se o que determina o art. 4º da Lei 9.637/98.

10
O Conselho de Administração
 Art. 4o Para os fins de atendimento dos requisitos de
qualificação, devem ser atribuições privativas do
Conselho de Administração, dentre outras:
 I - fixar o âmbito de atuação da entidade, para consecução do seu
objeto;
 II - aprovar a proposta de contrato de gestão da entidade;
 III - aprovar a proposta de orçamento da entidade e o
programa de investimentos;
 IV - designar e dispensar os membros da diretoria;
 V - fixar a remuneração dos membros da diretoria;
 VI - aprovar e dispor sobre a alteração dos estatutos e a extinção
da entidade por maioria, no mínimo, de dois terços de seus
membros;

11
O Conselho de Administração
 VII - aprovar o regimento interno da entidade, que deve dispor, no
mínimo, sobre a estrutura, forma de gerenciamento, os cargos e
respectivas competências;
 VIII - aprovar por maioria, no mínimo, de dois terços de seus
membros, o regulamento próprio contendo os procedimentos que
deve adotar para a contratação de obras, serviços, compras e
alienações e o plano de cargos, salários e benefícios dos empregados
da entidade;
 IX - aprovar e encaminhar, ao órgão supervisor da execução do
contrato de gestão, os relatórios gerenciais e de atividades da
entidade, elaborados pela diretoria;
 X - fiscalizar o cumprimento das diretrizes e metas definidas e
aprovar os demonstrativos financeiros e contábeis e as contas
anuais da entidade, com o auxílio de auditoria externa.

12
ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL
DE INTERESSE PÚBLICO (OSCIP)

 OSCIP trata-se de uma qualificação concedidas


pelo ministério da Justiça às entidades do
Terceiro Setor.

 A Lei 9.790, de 23 de março de 1999, a chamada


Lei do Terceiro Setor, é o instrumento
disciplinador das OSCIPs. Essa lei foi
regulamentada pelo Decreto nº 3.100, de 30 de
junho de 1999.

13
ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL
DE INTERESSE PÚBLICO - OSCIP

 As organizações qualificados como OSCIPs


relacionam-se com o Estado, através do Termo
de Parceria.

 Trata-se de um novo instrumento jurídico de


fomento e gestão das relações de parceria entre
as organizações do Terceiro Setor e o Estado.

14
ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL
DE INTERESSE PÚBLICO - OSCIP

 Objetivo e Características do Termo de


Parceria:
 Imprimir maior agilidade gerencial aos projetos e
realizar o controle pelos resultados, com garantias
de que os recursos estatais sejam utilizados de
acordo com os fins públicos.
 Possibilita a escolha de parceiro mais adequado
do ponto de vista técnico e mais desejável do
ponto de vista social e econômico, além de
favorecer a publicidade e a transparência.
15
ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL
DE INTERESSE PÚBLICO - OSCIP
 Objetivo e Características do Termo de Parceria:
 O Termo de Parceria deve descrever o objeto, prever as

receitas e despesas, estabelecer metas e resultados a


serem alcançados, critérios de avaliação e prestação de
contas ao Poder Público.
 Por meio do Termo de Parceria o Poder Público legitima
o repasse de verbas públicas a organizações de caráter
privado, sem os trâmites burocráticos da legislação que
rege os contratos e convênios nas relações entre o
Estado e a sociedade.
 Possibilidade de assinatura de mais de um Termo de
Parceria por uma mesma organização.
16
ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL
DE INTERESSE PÚBLICO - OSCIP

 Não são passíveis de qualificação como OSCIPs:


I. Sociedades comerciais;
II. Os sindicatos, as associações de classe ou de representação
de categoria profissional;
III. As instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de
credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais;
IV. As organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas
fundações;
V. As entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar
bens e serviços a um círculo restrito de associados;
VI. As entidades e empresas que comercializam planos de saúde
ou assemelhados;

17
ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL
DE INTERESSE PÚBLICO - OSCIP
 Não são passíveis de qualificação como OSCIPs: (art.2º)
VII. As instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas
mantenedoras;
VIII. As escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e
suas mantenedoras;
IX. As organizações sociais;
X. As cooperativas;
XI. As fundações públicas
XII. As fundações, sociedades civis ou associações de direito
privado criadas por órgão público ou por fundações públicas;
XIII. As organizações creditícias que tenham quaisquer tipos de
vinculação com o sistema financeiro nacional a que se refere o
art. 192 da Constituição Federal.

18
ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL
DE INTERESSE PÚBLICO - OSCIP
 Só receberá a qualificação como OSCIP, as ESFL cujo
objetivos sociais tenham pelo menos umas das
seguintes finalidades: (art.3º)
I. Promoção da assistência social;
II. Promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico
e artístico;
III. Promoção gratuita de educação...
IV. Promoção gratuita de saúde...
V. Promoção da segurança alimentar e nutricional;
VI. Defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção
do desenvolvimento sustentável;
VII. Promoção do voluntáriado;

19
ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL
DE INTERESSE PÚBLICO - OSCIP
 Só receberá a qualificação como OSCIP as ESFL cujo
objetivos sociais tenham pelo menos umas das seguintes
finalidades:
VIII. Promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à
pobreza;
IX. Experimentação, não lucrativa, de novos sócio-produtivos e de
sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito;
X. Promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e
assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;
XI. Promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da
democracia e de outros valores universais.
XII. Estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas,
produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e
científicos que digam respeito às atividades mencionadas neste artigo.

20
ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE
INTERESSE PÚBLICO - OSCIP
 Art. 4º da Lei 9.790/99: atendido o disposto no art.3º, exige-
se ainda, para qualificarem-se como OSCIP:
 VII – as normas de prestação de contas a serem
observadas pela entidade, que determinarão, no
mínimo:
a) a observância aos Princípios Fundamentais de
Contabilidade e das Normas Brasileiras de Contabilidade;
b) que se dê publicidade por qualquer meio eficaz, no
encerramento do exercício fiscal, ao relatório de atividades e
das demonstrações financeiras da entidade...
c) a realização de auditoria, inclusive por auditores externos
independentes...
d) A prestação de contas de todos os recursos e bens de origem
pública recebidos pela OSCIP
21
ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE
INTERESSE PÚBLICO - OSCIP
 Uma outra condição que se coloca por força do
normativo legal diz respeito à apresentação, junto
ao Ministério da Justiça, de cópias dos seguintes
documentos:
 Estatuto registrado em cartório;
 Ata de eleição de sua atual diretoria;
 Balanço patrimonial e demonstração do resultado
do último exercício;
 Declaração de isenção do imposto de renda; cartão de
inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas –
CNPJ.

22
Remuneração de Dirigentes

 Após a edição da Lei nº 10.637/2002, é possível a


remuneração de dirigentes pela associação sem a
perda da condição de “ESFL”.
 Essa legislação veio para reparar uma injustiça
que o Estado cometia, em relação a
contraprestação pelos serviços que o diretor
empregado realiza.
 Essa regra vale tanto para as OSCIPs quanto
para as OSs.

23
IMUNIDADE E ISENÇÃO

 ISENÇÃO: ocorre quando o


 IMUNIDADE: é quando ao governo decide incentivar uma
setor público é vedado atividade, deixando de exercer
cobrar tributos de certa seu direito de tributar alguém
pessoa ou em determinada ou alguma situação, por meio
situação. As imunidades de Lei Ordinária. Essa vontade
estão descritas na do Estado torna vulneráveis os
Constituição Federal, não casos de isenções de
estando sujeitas a tributação a mudanças
mudanças nos Estados, DF políticas ou administrativas,
ou Municípios, somente pela simples mudança de lei
sendo alteradas mediante que instituiu a isenção.
alteração na Constituição.

24

Você também pode gostar