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CONTABILIDADE DAS SOCIEDADES COOPERATIVAS
A CONTABILIDADE DAS SOCIEDADES COOPERATIVAS
Júlio César Zanluca
As Sociedades Cooperativas estão reguladas pela Lei 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que definiu a
Política Nacional de Cooperativismo e instituiu o regi
me jurídico das Cooperativas.
Cooperativa é uma associação de pessoas com interesses comuns, economica mente organizada de forma
democrática, isto é, contando com a participação livre de todos e respeitando direitos e deveres de cada
um de seus cooperados, aos quais presta serviços, sem fins lucrativos.
CARACTERÍSTICAS GERAIS DA SOCIEDADE COOPERATIVA
A sociedade cooperativa apresenta os seguintes traços característicos:
1) É uma sociedade de pessoas.
2) O objetivo principal é a prestação de serviços.
3) Pode ter um número ilimitado de cooperados.
4) O controle é democrático: uma pessoa = um voto.
5) Nas assembléias, o “quorum” é baseado no número de cooperados.
6) Não é permitida a transferência das quotaspar
te a terceiros, estranhos à sociedade, ainda que por
herança.
7) Retorno proporcional ao valor das operações.
8) Não está sujeita à falência.
9) Constituise por intermédio da assembléia dos fundadores ou por instrumento público, e seus
atos constitutivos devem ser arquivados na Jun ta Comercial e publicados.
10) Deve ostentar a expressão “cooperativa” em sua denominação, sendo vedado o uso da expres
são
“banco”.
11) Neutralidade política e não discriminação religiosa, social e racial.
12) Indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de dissolução da
sociedade.
CONTABILIDADE
A Resolução 920/2001, do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) – DOU 1 de 03.01.2002, aprovou
a Norma Brasileira de Contabilidade (NBC) T 10.8 – entidades cooperativas. Estas normas são de uso
obrigatório, para qualquer cooperativa, a partir da data de sua publicação (03.01.2002).
Para as cooperativas operadoras de saúde, as normas contábeis devem seguir a NBC T 10.21, com as
http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/contabilidadecooperativas.htm 1/2
19/10/2015 A CONTABILIDADE DAS SOCIEDADES COOPERATIVAS
modificações introduzidas pelas Resoluções 958 e 959 do Conselho Federal de Contabilidade.
OBRIGATORIEDADE DE ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL
A NBC T 10.8, em seu item 10.8.2.1, estipula que a escrituração contábil é obrigatória, para qualquer
tipo de cooperativa. Portanto, mesmo uma pequena cooperativa (por exemplo, uma cooperativa de
pescadores), deve escriturar seu movimento econômico e financeiro.
RESULTADOS DE ATOS NÃO COOPERATIVOS
De acordo com o item 2, b, da NBC T 10.8 IT 01, as movimentações econômicasfinanceiras
decorrentes dos atos nãocooperativos, praticados na forma disposta no estatuto social, denominamse
receitas, custos e despesas e devem ser registradas de forma segregada das decorrentes dos atos
cooperativos, e resultam em lucros ou prejuízos apurados na Demonstração de Sobras ou Perdas.
DESTINAÇÃO AO FATES
A Lei 5.764/71, em seus artigos 87 e 88, obriga a destinação dos resultados líquidos positivos, auferidos
nas operações de atos não cooperativos, integralmente a conta FATES.
DISTRIBUIÇÃO DE SOBRAS
As sobras do exercício, após as destinações legais e estatutárias, devem ser postas à disposição da
Assembléia Geral para deliberação, e, da mesma forma, as perdas líquidas, quando a reserva legal é
insuficiente para sua cobertura, serão rateadas entre os associados da forma estabelecida no estatuto
social, não devendo haver saldo pendente ou acumulado de exercício anterior (NBC T 10.8.1.8).
FORMA DE CONTABILIZAÇÃO PROPOSTA DE RECEITAS, CUSTOS E DESPESAS
Até a edição da NBC T 10.8, alguns contabilistas interpretavam que a contabilidade cooperativa não
poderia registrar valores de receita, custos e despesas, relativamente à operações de cooperativismo,
sendo necessário debitar ou creditar os valores diretamente à conta dos associados.
A partir de 03.01.2002, esta interpretação deixou de existir, já que a NBC T 10.8 estabeleceu as regras
para contabilização de receitas, custos e despesas.
Também para o atendimento da legislação do Imposto de Renda (proporcionalização das despesas
indiretas e apuração do resultado tributável), PIS e COFINS (destaque contábil das operações dos
associados), é imprescindível a contabilização de todas as receitas, custos e despesas, de forma a facilitar
os cálculos e atender ao controle das exigências tributárias.
Júlio César Zanluca é Contabilista e Autor de Obras Técnicas nas Áreas Contábil e Tributária, entre as
quais, o Manual das Sociedades Cooperativas e Contabilidade do Terceiro Setor.
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