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19/10/2015 A 

CONTABILIDADE DAS SOCIEDADES COOPERATIVAS

A CONTABILIDADE DAS SOCIEDADES COOPERATIVAS

Júlio César Zanluca

As Sociedades Cooperativas estão reguladas pela Lei 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que definiu a
Política Nacional de Cooperativismo e instituiu o regi​
me jurídico das Cooperativas.

Cooperativa é uma associação de pessoas com interesses comuns, economica​ mente organizada de forma
democrática, isto é, contando com a participação livre de todos e respeitando direitos e deveres de cada
um de seus cooperados, aos quais presta serviços, sem fins lucrativos.

CARACTERÍSTICAS GERAIS DA SOCIEDADE COOPERATIVA

A sociedade cooperativa apresenta os seguintes traços característicos: 

1)                  É uma sociedade de pessoas.

2)                  O objetivo principal é a prestação de serviços.

3)                  Pode ter um número ilimitado de cooperados.

4)                  O controle é democrático: uma pessoa = um voto.

5)                  Nas assembléias, o “quorum” é baseado no número de cooperados.

6)                  Não é permitida a transferência das quotas­par​
te a terceiros, estranhos à sociedade, ainda que por
herança.

7)                  Retorno proporcional ao valor das operações.

8)                  Não está sujeita à falência.

9)                   Constitui­se por intermédio da assembléia dos fundadores ou por instrumento público, e seus
atos constitutivos devem ser arquivados na Jun​ ta Comercial e publicados.

10)              Deve ostentar a expressão “cooperativa” em sua denominação, sendo vedado o uso da expres​
são
“banco”.

11)              Neutralidade política e não discriminação religiosa, social e racial.

12)                            Indivisibilidade  do  fundo  de  reserva  entre  os  sócios,  ainda  que  em  caso  de  dissolução  da
sociedade.

CONTABILIDADE

A Resolução 920/2001, do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) – DOU 1 de 03.01.2002, aprovou
a Norma Brasileira de Contabilidade (NBC) T 10.8 – entidades cooperativas. Estas normas são de uso
obrigatório, para qualquer cooperativa, a partir da data de sua publicação (03.01.2002). 

Para  as  cooperativas  operadoras  de  saúde,  as  normas  contábeis  devem  seguir  a  NBC T 10.21,  com  as
http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/contabilidadecooperativas.htm 1/2
19/10/2015 A CONTABILIDADE DAS SOCIEDADES COOPERATIVAS

modificações introduzidas pelas Resoluções 958 e 959 do Conselho Federal de Contabilidade. 

OBRIGATORIEDADE DE ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL 

A NBC T 10.8, em seu item 10.8.2.1, estipula que a escrituração contábil é obrigatória, para qualquer
tipo  de  cooperativa.  Portanto,  mesmo  uma  pequena  cooperativa  (por  exemplo,  uma  cooperativa  de
pescadores), deve escriturar seu movimento econômico e financeiro.

RESULTADOS DE ATOS NÃO COOPERATIVOS 

De  acordo  com  o  item  2,  b,  da  NBC  T  10.8  ­  IT  ­  01,  as  movimentações  econômicas­financeiras
decorrentes  dos  atos  não­cooperativos,  praticados  na  forma  disposta  no  estatuto  social,  denominam­se
receitas,  custos  e  despesas  e  devem  ser  registradas  de  forma  segregada  das  decorrentes  dos  atos
cooperativos, e resultam em lucros ou prejuízos apurados na Demonstração de Sobras ou Perdas.

DESTINAÇÃO AO FATES 

A Lei 5.764/71, em seus artigos 87 e 88, obriga a destinação dos resultados líquidos positivos, auferidos
nas operações de atos não cooperativos, integralmente a conta FATES.

DISTRIBUIÇÃO DE SOBRAS 

As  sobras  do  exercício,  após  as  destinações  legais  e  estatutárias,  devem  ser  postas  à  disposição  da
Assembléia  Geral  para  deliberação,  e,  da  mesma  forma,  as  perdas  líquidas,  quando  a  reserva  legal  é
insuficiente  para  sua  cobertura,  serão  rateadas  entre  os  associados  da  forma  estabelecida  no  estatuto
social, não devendo haver saldo pendente ou acumulado de exercício anterior (NBC T 10.8.1.8).

FORMA DE CONTABILIZAÇÃO PROPOSTA DE RECEITAS, CUSTOS E DESPESAS 

Até  a  edição  da  NBC  T  10.8,  alguns  contabilistas  interpretavam  que  a  contabilidade  cooperativa  não
poderia  registrar  valores  de  receita,  custos  e  despesas,  relativamente  à  operações  de  cooperativismo,
sendo necessário debitar ou creditar os valores diretamente à conta dos associados.  

A partir de 03.01.2002, esta interpretação deixou de existir, já que a NBC T 10.8 estabeleceu as regras
para contabilização de receitas, custos e despesas. 

Também  para  o  atendimento  da  legislação  do  Imposto  de  Renda  (proporcionalização  das  despesas
indiretas  e  apuração  do  resultado  tributável),  PIS  e  COFINS  (destaque  contábil  das  operações  dos
associados), é imprescindível a contabilização de todas as receitas, custos e despesas, de forma a facilitar
os cálculos e atender ao controle das exigências tributárias.

Júlio César Zanluca é Contabilista e Autor de Obras Técnicas nas Áreas Contábil e Tributária, entre as
quais, o Manual das Sociedades Cooperativas e Contabilidade do Terceiro Setor.

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