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A decisão final tem de ser válida e justa, mas se o caminho que o levar para obter a decisão
final for contrário ao direito, a decisão é inválida: teoria do envenenamento das arvores (se
enveneno as arvores, os frutos estão envenenados), p.e.: um aluno foi expulso porque na
realidade tinha insultado um professor, a decisão é justa, houve um aspeto no procedimento
que é inválido: não foi dado ao aluno o dever de falar em sua defesa – ausência da chance de
defesa do aluno determinou a invalidade da decisão final, que até era justa e verdadeira
(esqueceu-se de um aspeto nuclear pelo caminho: à um vicio).
As pessoas coletivas que integram a administração têm órgãos que expressam a sua vontade.
Há direitos fundamentais de natureza procedimental e de natureza substantiva – PO: há 3
tipos de direitos fundamentais que cada um de nós tem: procedimentais, material e
contenciosa (contra a administração).
Função do procedimento:
Há duas grandes funções:
• Função jurídico-política: limita a discricionariedade, limita a margem de autonomia
do decisor, eu para decidir tenho de percorrer um caminho que passa a ser balizado
por regras jurídicas que são os procedimentos.
• Função legitimadora: os limites provêm da lei, eu estou limitado a fazer aquilo que a
lei exige que eu faça para chegar à decisão final. Os particulares têm previsibilidade
da minha conduta pois a lei diz o que eu tenho de fazer, se não o fizer estarei a violar
a legalidade e será inválido.
• Função de natureza jurídico-dogmática: local de exercício de direitos fundamentais. A
administração tem de respeitar os direitos fundamentais dos interessados. São
fundamentais pela carta da EU – direito da união europeia.
Aspetos dogmáticos
Qual é o fundamento constitucional:
• Importância do direito da união europeia (carta dos direitos fundamentais) e da
convenção europeia dos direitos do homem – os nossos direitos fundamentais são
complementados pelo direito da união europeia e convenção europeia dos direitos do
homem.
• 267.º/2 CRP a constituição impõe a existência de uma lei do procedimento
administrativo, fundamentalmente porque a existência de procedimento garante
racionalização decisória e porque há uma garantia do procedimento equitativo
(principio da justiça).
• A matéria é reserva de lei (165.º CRP), não é possível revogar em termos simples o
código do procedimento administrativo deixando de ter em regulamentação o
procedimento administrativo pois será um retrocesso. A revogação pura e simples
seria inconstitucional.
À contrario 56.º CPA: nem todas as normas do procedimento (do CPA) têm natureza
injuntiva, ou seja, há normas do CPA que têm natureza dispositiva.
Há normas extrajurídicas que têm funções administrativas, p.e. normas técnicas – calculo da
média da licenciatura.
Princípios de interpretação das normas procedimentais:
• Principio da proibição do formalismo excessivo, as formalidades não existem por
elas próprias, estão sempre ao serviço de um fim, propósito (8.º e 108.º/2 CPA).
• Principio pro-acione, a favor da ação, a favor da prevalência da decisão de mérito,
decisão sobre o conteúdo. Na duvida deve optar-se pela fundação que viabilize uma
solução sobre a questão (108.º e 109.º CPA).
• Principio da economia processual, não deve ser exigido nem pedido atos/diligencias
ou formalidades inúteis (60.º/2 CPA).
• Principio da segurança e da tutela da confiança, a interpretação das normas deve ser
feita a favor da segurança e confiança.
• Principio do procedimento justo/equitativo ou do devido procedimento legal (41.º/1
da carta dos direitos fundamentais do direito da união europeia).
Problema: 163.º/5 CPA diz que há casos em que os atos são anuláveis, mas afinal não
produzem efeito anulatório – são inválidos, mas devem ser tratados como se fossem válidos.
A invalidade é transformada em mera irregularidade. Nestes casos, a imperatividade é
mínima.
O grau de imperatividade é variável consoante o desvalor jurídico.
24/02/2022
Importância da decisão concreta como parâmetro normativo de conduta:
Importância do precedente administrativo e a sua força vinculante à luz do principio da
igualdade e imparcialidade: se eu decidir um primeiro caso numa determinada maneira, isto
é, no espaço de discricionariedade na margem de autonomia decisória, optei pela decisão X
isso significa que amanhã um novo pedido em igualdade de circunstancias deve ser dividida
em termos idênticos.
Importância da autovinculação do seu autor que assume que decide o caso concreto,
exercendo a sua discricionariedade num determinado sentido – alicerça-se no principio da
igualdade e imparcialidade.
Se isto fosse sempre sem exceção, o precedente tornar-se-ia numa forma de petrificar a ação
administrativa e sabemos que por outro lado está o principio da melhor prossecução do
interesse publico. Significa que o precedente pode ter evolução e modificar-se – não há
norma especifica que trate desta matéria, mas a propósito do dever de fundamentação, artigo
152.º/1, d) CPA – devem ser fundamentadas as decisões que decidam de modo diferente da
prática habitualmente seguida na resolução de casos semelhantes, ou na aplicação dos
mesmos princípios.
• Dever fundamental as razoes pelas quais me afasto da pratica normalmente seguida.
• Através da fundamentação eu posso descortinar se há razoes de interesse publico ou
se há razoes de interesse publico ou se noutro caso eu estou a violar a tutela do
interesse publico.
Aplicação subsidiária:
→ artigo 2.º/5 quando nas leis especiais que tem procedimentos especiais não há normas a
regular certa matéria, a solução deve encontrar-se no CPA – este é legislação subsidiária de
todos os procedimentos administrativos especiais seja civil quer seja militar.
→ E se a matéria não está regulada no CPA? Principio da aplicação subsidiaria do
regulamento da AR. Funcionamento da órgãos colegiais, quando não há soluções nas leis
administrativas aplica-se subsidiariamente o regime da AR.
Aplicação no tempo do CPA, levanta problemas pois há uma norma, artigo 8.º/1 do DL que
aprova o CPA fixa regras de aplicação temporal, mas não regras transitórias.
Aplicam-se aos procedimentos administrativos iniciados após a sua entrada em vigor, mas há
situações de exceção continuada, atos praticados antes de 2015 que prolongam a sua vida até
hoje – aplicam-se as regras de aplicação do tempo no CC.
Será que um ato praticado em 2003 que é nulo pode ser convertido pelo CPA de 2015?
Aparentemente sim porque a conversão é um procedimento a ocorrer depois de 2015, mas
esta produz efeitos retroativos – recuam a 2003, mas neste ano não era possível a conversão.
Nota 5: não há no código normas sobre a regulação de situações administrativas
transnacionais, de aplicação territorial no CPA, há apenas afloramento no artigo 116.º/4
03/03/2022
Principio do inquisitório
A factualidade é essencial para a aplicação do direito, mas esta tem de ser apurada. Como?
Através da atividade instrutória o principio do inquisitivo tem como propósito apurar os
factos/realidade.
Papel da administração: não está exclusivamente dependente da informação que lhe chega,
podendo desencadear mecanismos para apurar a factualidade.
Um vicio na instrução/apuramento dos factos contamina a decisão final – erro nos
pressupostos de facto: falsa representação da realidade – importância da prova, procedimento
administrativo em matéria de prova. Demonstração da realidade factual.
Artigo 115.º - são admitidos todos os meios de prova. Se um meio de prova é ilícito, a
decisão é inválida.
A administração pode ela solicitar aos interessados a prova – 117º e os administrados têm
muitas vezes um ónus (116º).
Livre convicção do decisor: liberdade provatória, liberdade de apreciar a prova. Ponderação
dos respetivos factos.
Há uma verdade procedimental e uma verdade real, que nem sempre são coincidentes:
posso não conseguir provar determinado facto que ocorreu, extrai-se um determinado sentido
no procedimento que não corresponde à real – o trânsito em julgado pode tornar verdade uma
mentira.
Estado preventivo: procura antecipar riscos, toma medidas preventivas (p.e. risco de
pandemia e a utilização de máscara). Pode ter problemas em sede de prova, p.e. pode circular
a ideia de que o consumo de determinado alimento pode ter efeitos prejudiciais à saúde, a
administração não deve esperar que comecem a morrer pessoas para agir, terá de agir
antecipadamente suspendendo a comercialização do alimento, mesmo que por vezes nem
existem provas, terá de ser o produtor dos alimentos a provar que afinal o alimento não
produz aqueles efeitos – não fundada em provas, ou fundada em provas insuficientes.
Duvida cientifica ou divergência técnico-científica: p.e. vacinação nas crianças contra covid,
há médicos que dizem que sim e outros dizem que não, não há certezas, mas divergências.
Problema: como é que devem agir? Há estudos suficientes que justifiquem a vacinação? Até
que ponto esta se deve tornar obrigatória?
Nota 6: se as medidas adotadas causam dano a alguém e este é injustificado coloca-se um
problema de responsabilidade civil – a RC do estado é normalmente a responsabilidade civil
de todos nós.
Principio da colaboração
Colaboração entre os particulares e a administração – artigo 11.º
Colaboração dos particulares perante a administração:
• dever de legalidade (devo colaborar solicitando dentro da legalidade);
Principio da decisão
13.º/1 CPA – toda a pretensão tem de ter sempre uma decisão, devido à ideia de respeito
pelos cidadãos.
268.º/6 CRP + 52.º CRP: há fundamento constitucional para este principio.
Se todos os pedidos têm sempre de ter uma decisão, não há direito a uma decisão favorável, o
direito à decisão não significa decisão favorável. Quando é que o direito à decisão significa
decisão favorável? Quando estamos perante um direito subjetivo.
Como pode terminar o direito a uma decisão? Decisão favorável quando tenho direito
subjetivo, quando não tenho, pode haver uma situação de indeferimento, de rejeição liminar
(108.º/3 e 109.º/1 CPA), a decisão da administração pode solicitar aperfeiçoamento (108.º/1
CPA).
Se quem tem competência é A, mas eu peço a B, a decisão pode ser informar que o pedido foi
enviado ao órgão competente – 108.º/1 e 109.º/2.
Pode acontecer que a administração não tenha o dever de decidir – casos do artigo 13.º/2
CPA.
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08/03/2022
Até agora falámos de princípios regras.
Juízo de ponderação: tenho de ponderar se os bens que tenho de salvar são ou não primordiais
relativamente ao cumprimento das normas jurídicas
Prognose: projetado para o futuro: se cumprir as regras normais, vai ou não ocorrer um dano?
(p.e. se as pessoas não fizerem quarentena estando infetadas, é provável existir uma
propagação da pandemia).
Juízo de adequação: proporcionalidade em termos de atuação entre as medidas e os fins –
respeito pelo principio da proporcionalidade.
Estado de necessidade:
• procedimental – quanto ao caminho para a decisão.
• Administrativo – quanto ao conteúdo da decisão.
Torna válido o que normalmente seria inválido e torna licito o que normalmente seria ilícito.
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O estado de necessidade pode permitir atuações que normalmente estariam feridas de vícios
de forma - preterição de formalidades. Pode permitir que um órgão incompetente possa a
título extraordinário praticar atos fora da sua competência - o estado de necessidade
administrativa pode justificar situações de. Justifica a prática de atos que em circunstâncias
normais seriam anuláveis. E poderá justificar a pratica de atos que em circunstâncias normais
seriam nulos.
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Principio da igualdade:
• igualdade não é apenas formal de todos perante a lei, mas é ainda a igualdade em
termos materiais ou substantivos.
• Igualdade VS legalidade: haverá direito à igualdade na legalidade? A CRP estabelece
em pé de igualdade estes princípios.
Principio da imparcialidade:
• Vertente negativa: distância entre quem decide e os interesses da decisão ou
destinatários da decisão.
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10/03/2022
Princípio da concorrência: origem na economia e está ligado à ideia de liberdade de
exercício de uma atividade e não discriminação. Não se identifica com o principio da
igualdade. Ampla relevância no âmbito do direito da união europeia.
Nota 7: algumas das regras de direito administrativo são comuns a todos os estados-membros
(ex.: contratação publica) – favorecimento da concorrência.,
Qual é a razão de ser? Sempre que há intervenção administrativa, sempre que age para
atribuir vantagens e essas são relativas a um recurso escasso (que não permite satisfação dos
interesses e necessidades) coloca-se um problema de concorrência – administração deve
realizar um procedimento concursal; entre todos os interessados, quem merece ter acesso a
esse bem escasso? Ex.: candidaturas ao ensino superior – nem todos os interessados podem
entrar no curso que pretende: abre-se um procedimento concursal – para que todos, em
igualdade de circunstancias, se possam apresentar para processo de seleção. Regras a que está
sujeito:
• Procedimento concursal é aberto e em condições de igualdade de condições face a
todos os concorrentes.
• Igualdade de oportunidades: não significa igualdade de mérito, mas igualdade de
oportunidades pois que devem ser concedidas as mesmas chances.
Base: valor da igualdade, justiça e imparcialidade. Se algum deles são melindrado há
violação do principio de concorrência.
Regras estruturantes:
• Publicidade e transparência das condutas: todos têm de saber o mesmo pelo que a
informação que a administração der, deve ser transmitida.
• Proibição de obstáculos à livre concorrência.
• Proibição de favorecimento indevido.
• Avaliação com base em concorrência pelo mérito.
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10/03/2022
Atividade jurídica e não jurídica da administração:
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Tipos de regulamentos:
• Internos: esgotam os efeitos entro dos critérios da administração
• Externos: ultrapassam as fronteiras da administração.
• De execução: complementa/pormenoriza/implementa uma (1) lei.
• Independentes: não têm propósito de executar uma lei. Qual é o propósito? Pode
disciplinar uma pluralidade de leis ou diretamente fundado/alicerçado na constituição
– artigo 199.º/g): particularidades:
→ Devem revestir a forma de decreto regulamentar: forma mais solene de
regulamento pois está sujeita a promulgação pelo PR. Ocupam o topo da
hierarquia de regulamentos.
→ Esses diplomas estão sujeitos a promulgação mas não podem ser objeto de
fiscalização preventiva da constitucionalidade pois esta só existe sobre
diplomas de natureza legislativa ou propostas de referendo.
→ Não podem ser objeto de apreciação parlamentar – nas áreas fora da reserva de
lei e nas áreas fora da reserva de lei que não tenham sido objeto até agora de
disciplina legislativa: o governo tem poder discricionário – pode escolher se
entre aprovar um decreto-lei ou um decreto-regulamentar, sabendo se escolher
a segunda via não há fiscalização nem apreciação parlamentar o que é
benéfico se o governo é minoritário ou se é um governo de coligação.
Regime aplicado aos regulamentos: 135.º CPA – só se aplica aos regulamentos com eficácia
externa. Qual é o regime a que estão sujeitos os regulamentos internos?
1. O código de 1991 aplicava-se quer a regulamentos externos quer a internos, já o de 2015
diz que o código só vai tratar do regime dos regulamentos externos –
desprocedimentalização: retirar do procedimento. Problema de inconstitucionalidade:
267.º impõe a existência de um procedimento, pelo que não pode haver retrocesso.
2. Problema de lacuna cuja integração pode ter duas vias: há lacuna, deve ser integrada
analogicamente pelo regime dos regulamentos externos OU (PO não adota esta via) se a
desprocedimentalização é inconstitucional, então não ocorreu revogação pelo que se
continua a aplicar o regime do código de 1991.
Ato administrativo:
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• Com autotutela executiva: essencial. Pode ser aplicado pela administração sem
recurso aos tribunais.
• Sem autotutela executiva: em caso de resistência, de não acatamento voluntário, só
pode ser imposto pela força mediante intervenção judicial – reforça os poderes de
autoridade na administração.
17/03/2022
Mera declaração negocial:
Forma de agir jurídico-publica da administração.
O que é que diferencia dos atos administrativos? Estamos perante atuações concretas da
administração, as meras declarações aproximam-se dos atos – MAS os atos têm autotutela
declarativa, definem o direito no caso concreto independentemente da colaboração dos
destinatários. Nas meras declarações negociais há apenas uma proposta de definição do
direito:
• Destinatário tem de concordar.
• Se não concordar terá de recorrer aos tribunais.
As meras declarações não têm o peso da autoridade que os atos administrativos têm. A
administração comporta-se com o particular em pé de igualdade como se fosse um mero
particular.
307.º/1 CCP (código dos contratos públicos): matéria de validação de contratos.
Se a administração teimar em tentar transformar as meras declarações negociais em atos
administrativos (impuser pela força), essa conduta padece de um vicio: usurpação de poderes
– nula.
Comportamentos factuais concludente – aceito ao tirar o bilhete um contrato para estacionar
o carro naquele parque. Declarações negociais tácitas. Permite apurar que nestes casos o
regime está no CC.
Contrato administrativo:
Realidade anterior ao século XIX. Desenvolveu-se ao longo das décadas e passou a ser uma
forma de agir normal da administração. Promove o mercado comum e a concorrência (UE).
Agir bilateral que pressupõe dois sujeitos, mas nem todos os contratos da administração são
administrativos. O que envolve um contrato administrativo?
• Vinculo jurídico plurilateral.
• Uma das partes tem de ser uma entidade publica (só não podem ser os dois privados).
• Substancialmente, em termos materiais, tem de ser regulado pelo direito
publico/administrativo (diferenciação dos contratos do direito privado da
administração – regido pelo direito privado).
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Convénios interorgânicos:
“contratos internos” (PO: erro porque o contrato pressupõe dois sujeitos e aqui há apenas dois
sujeitos).
É um vinculo jurídico entre dois ou mais órgãos da mesma entidade publica. Organização e
funcionamento da entidade publica. Regime: não há regime especial sobre a matéria, CPA
regula três hipóteses:
• Acordos endoprocedimentais: 57.º
• Auxilio administrativo: 66.º
• Conferencias procedimentais: 77.º e seguintes.
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Formas:
• Atos jurídicos simples: há vontade de ação e declaração, mas não há relevância da
vontade na estipulação de efeitos (295.º CC + 2.º/3 CPA).
• Negócios jurídicos unilaterais: ex.: estado é herdeiro de alguém que faleça e não deixe
herdeiros – ato pelo qual o estado aceita a herança. Regime: CC + 2.º/3 CPA.
• Negócios jurídicos plurilaterais: contratos de direito privado celebrados pela
administração.
Tipos de atuação:
• Operações materiais.
• Atuação informal.
• Atuação politica.
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Operações materiais
Visa transformar a realidade factual, incidir sobre factos. Não estamos perante declarações ou
discursos, é uma atuação física sobre a realidade (ex.: vacinação). Todavia, há uma atuação
que se alicerça em normas jurídicas e pode produzir efeitos jurídicos, física que tem sempre
na sua base um titulo jurídico. Pode existir casos em que seja uma atuação sem titulo jurídico
(ex.: administração destrói um edifício ilegal).
Com relevância constitucional OU sem relevância constitucional.
Tituladas OU sem titulo (vias de facto – age factualmente sem titulo jurídico).
22/03/2022
CONTINUAÇÃO
Problemas quanto à definição do regime jurídico:
• Ausência de uma lei geral que enquadre as operações materiais. A única referencia
consta do 2.º/3 do CPA.
Atuação informal
Entendimento de que estamos numa atuação flexível, consensual, negociada, vem violar alei,
mas para além da lei. há uma exclusão de propósitos imperativos/autoritários, quer da
ausência de atos jurídicos formais.
Atuação marginal ou lateral às normas procedimentais. Há um propósito de adaptar o direito
à realidade.
Ex.: aula em que o prof diz não vem a matéria X ou Y.
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Poderá ser, ainda, a tolerância relativamente a certas situações de facto (ex.: tolerância para
que se fume dentro da sala de aula).
Ou poderá ser através de negociações ou concertação procedimental (ex.: os delegados do
respetivo ano negoceiam a ordem das disciplinas para a frequência).
Traços do regime:
• Debilitação/enfraquecimento da juridicidade – soft law, sujeito ao artigo 2.º/3 do
CPA. Poderá haver responsabilidade pela tutela da confiança? Por exemplo, o prof diz
na sala de aula que para o exame não vem a matéria X e Y, e depois, no exame, sai
exclusivamente essas matérias. Gera, ou não, responsabilidade civil por frustração da
confiança? Os tribunais podem vincular estas situações? – problema sobre a natureza
desta atividade e o grau de atuação.
Atuação politica
A administração não é alheia à função politica. Ex.: presidente de camara ganha sem maioria
no executivo, ele pode chegar a um acordo com vereadores da oposição para permitir
estabilidade no município; a aprovação do programa do diretor da faculdade pelo conselho de
escola, esse programa é ato politico no exercício da atuação administrativa.
Há atuações politicas que têm o seu espaço de atuação no âmbito da administração.
Inercia/omissão administrativa
Situações de inatividade, a administração não age.
Remonta à Magna Carta em 1215.
Quando alguém formulava uma pretensão junto da administração, esta das duas uma: ou
concedia o que era pedido ou não concedia o que o particular pretendia. Perante o silencio, o
particular não tinham nem decisão favorável nem desfavorável.
↓
Presunção de indeferimento se, decorrido determinado prazo, a administração não
respondesse: se eu pedisse algo válido ao órgão competente e este durante um prazo nada
dissesse, no final desse prazo, pressuponha-se que o órgão indeferia → indeferimento tácito:
o particular pode ir a tribunal a partir daí.
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Regime comum:
• Incumprimento de um dever legal de decisão
• Nem sempre há uma garantia contenciosa porque a intervenção dos tribunais realiza
aqui um difícil equilíbrio entre a separação de poderes que não permite aos tribunais
substituírem-se à administração e por outro lado o principio da juridicidade que diz
que a administração está subordinada ao direito (esta é a inercia).
• Se da conduta omissiva resultarem prejuízos, gera responsabilidade civil da
administração.
• Tutela da confiança na inercia da administração: se a administração depois age, essa
sua ação é ilegal porque viola a tutela da confiança ou a atuação é legal, mas gere
dever de indemnizar porque frusta a confiança (ex.: administração deveria ter adotado
determinada conduta contra uma ação ilegal de um particular, mas em 10 anos nada
fez. Após esses 10 anos, a administração continua a ter capacidade para agir ou será
ilegal? Ou o ato é válido mas gera responsabilidade civil?).
Se da conduta omissiva resultarem prejuízos gera responsabilidade civil da
administração.
Tutela da confiança - inércia da administração perante comportamentos omissivos
(figuras: tolerância administrativa, surgimento de situações jurídicas decorrentes da
inércia).
Modalidades da inercia
Omissão regulamentar
Pode traduzir duas coisas:
• Pela ausência de regulamentos: o GOV deve elaborar o regulamento em 6 meses,
passam 2 anos e não há regulamento.
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O particular, ou solicita a administração que cumpra o que por omissão não cumpriu,
ou o particular vai ao tribunal para que este condene a administração.
Omissões contratuais e de convénio interorgânicos
A omissão poderá ser no momento da formação ou no momento da sua execução. Em
qualquer dos casos o regime encontra-se no direito administrativo ou na sua falta (p.e. CC).
Requisitos:
→ É preciso que seja formulada uma pretensão à administração.
→ Pedido tem de ser dirigido ao órgão competente.
→ O órgão competente tem o dever legal de decidir.
→ Que não decidam, que decorra um prazo.
→ Que a lei atribua a esse silencio um determinado significado.
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24/02/2022
Competência
sendo exercida no presente, não pode ser sujeita uma projeção.
• Incompetência em razão do tempo: tem 30 dias mas decide em 40 dias.
→ 168.º/2 CPA – os atos que investem alguém numa posição jurídica favorável
se forem inválidos só podem ser revogados no prazo de 1 ano a contar da
respetiva emissão – se são revogados de pois desse ano há no seu autor uma
incompetência em razão do tempo.
40.º CPA fixa uma regra de autocontrolo da competência: quem pratica um ato tem sempre o
poder/dever de controlar se é competente para a pratica desse ato. O órgão que não tem
poderes para praticar determinado ato (incompetência relativa), tem sempre poder, todavia,
para anular um ato firme de incompetência que praticou ou para declarar a nulidade
(incompetência absoluta, usurpação de poderes) – reposição da legalidade.
51.º e 52.º CPA: definem regras sobre conflitos de competência.
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Alguém que pratica atos em estado de necessidade e continua a agir da mesma forma –
ausência de titulo.
É importante que o titular (já tem titulo) esteja no exercício efetivo de funções pois podem
ocorrer varias vicissitudes (p.e. impedimento, suspenso).
Poderá suceder que existe uma capacidade de decisão reduzida – governo de gestão, este não
pode praticar todos os atos, só aqueles que à luz do principio de proporcionalidade sejam
tidos como necessários – se age fora da área da necessidade há incompetência.
Vontade
Importância da intenção da conduta – quando é objeto de exteriorização. A intenção é
essencial para determinar a vontade. É relevante o procedimento de formação e o
procedimento de declaração de vontade. O procedimento administrativo é o momento onde
está em causa a preparação/formação/expressão da vontade da administração.
• Importância da liberdade e esclarecimento do titular: vontade livre e esclarecida.
• Importância da licitude dos motivos: abre o problema da intenção subjacente à
declaração da vontade.
• Convergência entre a vontade real e a vontade declarada: exceção – dever de
obediência do subalterno ao superior.
→ A vontade dos órgãos é muito mais relevante em zonas de discricionariedade
do que em zonas de vinculação pois nas segundas, a vontade da administração
é a vontade do legislador/da lei – vontade dirigida pela lei. A coação física ou
violência inquinam a validade do ato?
→ PO: mesmo nestas situações o ato seria nulo porque a coação é um vicio
autónomo (a lei determina o quê, mas não quando) – 161.º/2, f) – o ato é nulo.
Relevância especial do tema da formação de vontade dos órgãos colegiais (21.º a 35.º CPA) –
permite a expressão da vontade da administração por meios eletrónicos.
Problemas da vontade:
• Nem todas as vontades têm igual valor: a vontade dos órgãos da administração não
obedece a um principio de paridade (ex.: subalterno vs superior hierárquico)
• Papel da vontade psicológica do titular do órgão:
→ Falta em absoluto da vontade gere um problema de inexistência jurídica – a
vontade do órgão colegial exige duas maiorias, uma para funcionar (quórum) e
outra para deliberar.
• Perfeição na formação: ideia da vontade livre e esclarecida (importância do tema do
erro na formação da vontade).
• Perfeição na exteriorização da vontade: convergência entre vontade real e declarada.
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Vícios da vontade
• Formação da vontade
→ Coação moral
→ Erro simples (de direito, de facto)
→ Erro por dolo
Erro
De facto ou de direito; simples ou qualificado por dolo.
O erro pode incidir sobre a competência (pensava que já tinha delegação de poderes), sobre o
destinatário (pensava que a decisão era aplicada a A, mas afinal é só ao B), quanto ao objeto
(qualidade, características), quanto aos pressupostos, circunstancias base que sustentam a
decisão, pode ser erro sobre a base do negócio, ou pressupostos do direito da decisão. O erro
pode ser sobre a causa, o fim, a forma, as formalidades do ato.
Regime: CPA é omisso; código dos contratos públicos remete para o CC. PO diz que há
aplicação do CC em termos subsidiários.
Vícios da vontade devem ser tratados autonomamente, ou não são mais que uma situação de
violação de lei?
29/03/2022
Causa
Compreender uma relação entre a conduta administrativa e duas realidades que lhe são
anteriores:
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Pressupostos objetivos
Será que eles existem? Será que são válidos? Têm a confirmação que o decisor acha que têm?
Se não têm, há uma situação de erro. Será que são idóneos e adequados para a conduta da
administração?
Pressupostos objetivos de direito
Podem ser precisos (ex.: para preencher determinado lugar a pessoa tem de ser maior e ter
licenciatura em direito) ou fixados com imprecisão (ex.: ser uma pessoa com
reconhecimento/reconhecido mérito).
Podem ser fixados em normas que são regras ou normas que são princípios – natureza mais
ou menos vaga.
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Motivos/pressupostos subjetivos
Intenção decisória, vontade psicológica do titular do órgão. Tem relevância significativa na
distinção do dolo/da culpa.
A motivação subjetiva pode assentar em três hipóteses:
• Critérios de motivação são conformes à lei: não há nenhum problema.
• Os critérios de atuação são alheios ao fim que a lei define para o exercício da
competência concreta (ex.: polícia multa alguém devido ao seu clube e não porque
infringiu o código).
• Há uma pluralidade de critérios teleológicos na decisão e por isso mesmo na decisão
(vou multar porque é de um clube diferente e porque está mal estacionado)
→ Concorrência entre motivo que é valido e motivação que é inválida.
Motivo principalmente dominante: se for aquele que é contrário ao fim, representa desvio de
poder.
Desvio de poder: está em causa um motivo principalmente determinante (não coincide com o
fim da lei). este pode ter duas causas: dentro do interesse publico ou para a prossecução de
um interesse privado.
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Objeto
Toda a atividade administrativa tem de ter um objeto que pode ser jurídico (efeitos jurídicos a
que se destina a atuação) ou que pode ter a ver com a realidade sobre a qual incidem esses
efeitos: objeto mediato e objeto imediato.
Pode assumir uma:
• Natureza constitutiva: quando se introduzem alterações/inovações no mundo do
direito.
• Natureza declarativa: quando nada de novo se introduz na ordem jurídica.
Por vezes, as clausulas acessórias não são acessórias. As clausulas podem ser determinantes
para a decisão administrativa, de tal como que se não existisse a clausula não existiria a
decisão. Nestes casos, a invalidade da clausula pode determinar a caducidade ou revogação
da própria decisão. A clausula é essencial e não acessória: se resultar que a clausula é
indispensável para a decisão administrativa.
Requisitos de validade:
• Possibilidade do objeto: O objeto tem de ter possibilidade de facto (ex.: nomear
alguém que morreu – os atos seriam nulos) e jurídica (ex.: revogação de um ato nulo –
a atuação administrativa é nula por falta de objeto). Pode ser total ou parcial; objetiva
ou subjetiva; originária ou superveniente.
• Determinabilidade do objeto: a atuação tem de ser inteligível e compreensível, se não
o for é nulo (ex.: uma conduta que é ao mesmo tempo permitida e proibida) – artigo
161.º/2, c) CPA.
• Legalidade do objeto: a atuação tem de ser conforme ao direito, às normas injuntivas
do direito. As normas supletivas podem ser afastadas pela própria administração. Em
regra a ilegalidade do objeto gera a ilegalidade.
Casos em que a ilegalidade gera a nulidade: 161.º/2
→ Se o objeto do ato ofender o conteúdo essencial de um direito fundamental –
(alínea d) – não é todo e qualquer direito fundamental, é a violação do
conteúdo essencial. Se não for o conteúdo essencial haverá anulabilidade.
→ Objeto do ato incidir ou envolver a prática de um crime (alínea c).
→ Conteúdo do ato ofender casos julgado – violação da separação de poderes
(alínea i).
34
35
• Aceitação do particular: alguém é nomeado ministro, se não aceito ser ministro, não
posso ser nomeado.
• Condição suspensiva de termo inicial.
Dimensão temporal da eficácia: em principio a eficácia dos atos é apenas para o presente e
futuro. Só a titulo excecional há eficácia retroativa – só quando a lei o permite.
O conteúdo da atuação administrativa está sujeito a regras de modificação e cessação de
efeitos.
31/03/2022
Modificação do objeto
A regra é que há a possibilidade de mudar sempre o conteúdo do agir da atuação
administrativa – mutabilidade intencional.
Essa modificação pode ter três ordens de razões:
• Por razões de legalidade
• Por razoes atinentes ao mérito da solução – solução que deixa de ser oportuna ou
politicamente correta.
• Erros materiais/de calculo: ex.: somatória em vez de ser X ser Y.
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• Por intervenção do legislador: este pode modificar a lei vigente e criar uma
ilegalidade superveniente.
• Por via informal: dentro da legalidade não oficial – pode surgir um costume que
ponha em causa uma atuação da administração.
Pode ser:
• Total ou parcial.
• Ter natureza normal (caducou) ou por uma alteração anormal (alteração de
circunstancias).
• Pode concretizar uma nova solução ditada por um novo interesse publico (cessação
com efeito reconstrutivo) ou substitutiva.
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38
Forma
Em direito administrativo a forma é o modo de apresentação ou de comunicação da vontade
da administração. A expressão da vontade administrativa pode ter forma escrita ou sem
suporte de papel. A forma pode ser verbal (indicação), luminosas ou usando símbolos sem
texto. Podem ser formas acústicas e é, ainda, possível através de comportamentos factuais.
Ideias em matéria de regime da forma: em regra a forma é escrita (materializada ou em
termos eletrónicos). Principio do paralelismo das formas: se um ato foi praticado com a
forma X, só pode ser revogado pela forma X, desde que essa forma seja legal.
05/04/2022
A invalidade é a resposta da ordem jurídica à imperatividade nas normas jurídicas. Quando a
violação tem como desvalor a irregularidade, esta não é tão grave como quando se sanciona
com a nulidade ou existência. A invalidade é a outra face da vinculação.
• Invalidade rígida.
• Invalidade flexível: própria das situações de soft law, direito leve, flexível no seu grau
de vinculação.
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Dois fenómenos em torno de: nem sempre a desconformidade com a juridicidade (legalidade)
gera invalidade:
• Podem existir clausulas que permitem que a administração atue contra legem (em
sentido contrário à lei), mas essa atuação não é invalida (ex.: casos de mera
irregularidade administrativa, 163.º/5 – atuação contrária à lei, mas esta afasta o efeito
anulatório).
• Normas jurídicas que podem expressamente permitir um agir contra legem (ex.:
estado de necessidade administrativo).
→ Situações de desconformidade de juridicidade, mas não determinam
invalidade.
A juridicidade pode ter alguma elasticidade em função do tempo. Significa que o decurso do
tempo pode, por razoes de segurança jurídica, boa-fé, tutela da confiança, consolidar na
ordem jurídica atos que originariamente eram inválidos (anulabilidade) ou pode atribuir
efeitos jurídicos a situações nulas – o decurso do tempo tem efeitos sobre a juridicidade e por
isso mesmo, as situações jurídicas podem nascer invalidas, mas o decurso pode trazer essas
situações para dentro do reconhecimento de efeitos jurídicos.
Artigo 282.º/4 CRP: uma norma pode ser inconstitucional, mas o tribunal constitucional pode
reconhecer efeitos jurídicos a essa norma – se até as situações mais graves de violação de
juridicidade se permite que possam reproduzir-se na ordem jurídica, por maioria de razão, as
situações que não são de violação da constituição mas de direito ordinário também podem.
Força jurídica da juridicidade ligada aos desvalores jurídicos: se nada se disser em sentido
contrario serão anuláveis. Os atos nulos são a exceção. Ultra-excecional: situações de
inexistência jurídica.
Os desvalores significam graus diferentes de vinculação: é muito mais vinculativa uma norma
que se eu desvincular tem como desvalor nulidade do que anulabilidade.
1. Podem existir condutas intencionalmente inválidas (ex.: vou praticar o ato que sei que é
inválido, mas não me motivo por cumprir a legalidade por isso pratico-o conscientemente
– dolo) ou de erro de direito ou de facto (ex.: pensava que tinha capacidade, mas não tinha
– vicio na formação da vontade).
2. Pode ser substantiva se diz respeito a normas de direito material ou subjetiva se diz
respeito a normas puras de natureza procedimental.
3. Pode ser total ou parcial.
4. Pode ser originária ou inicial se à data em que foi pratica do ato este era valido ou não- se
há invalidade superveniente ou não.
5. Pode ser invalidade própria indireta do agir da administração publica ou invalidade porque
a lei que foi aplicada é inconstitucional, quando a administração publica aplica esta lei, a
invalidade da administração é consequente ou derivada.
6. Pode ser uma invalidade que produz efeitos no presente ou uma invalidade reportada ao
passado, em relação a um ato que já não produz efeitos.
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Nota 9: será admissível que o desvalor regra seja a anulabilidade? Não será que há valores de
incidência constitucional cuja violação não pode ter como resposta a anulabilidade, mas deve
ter a nulidade? E se a administração viola normas do direito da união europeia?
Irregularidade
Inverte o principio da invalidade porque no fundo se relativiza a força da juridicidade. Nos
casos de irregularidade o direito que é violado é soft law, porque o desrespeito não gera
invalidade, mas irregularidade.
Há uma conduta contraria à lei, mas o ato não pode ser anulado, deve continuar na ordem
jurídica. Porquê? Principio da proporcionalidade – 163.º/5 CPA.
Há elementos essenciais no agir da administração cuja violação gera invalidade, mas também
há elementos não essenciais cuja violação gera apenas irregularidade.
Temos uma norma que impõe um conduta (X) e temos outra que diz que se violarmos a
norma X nem por isso há invalidade, é apenas irregular (Y) – a irregularidade vem retirar
natureza imperativa ao comando da norma X, esta torna-se, em vez de imperativa, uma
norma meramente dispositiva.
→ Artigo 163.º/5, a) CPA: não produz efeito anulatório ainda que viole a lei, o ato que tenha
um conteúdo vinculado. Ainda que seja invalido (ex.: B praticou quando a lei diz que devia
ter sido A), o ato não é anulável, é meramente irregular. Proibição de excesso de validade.
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Os atos anuláveis consolidam-se na ordem jurídica pelo decurso do tempo. Se não forem
anulados pelo decurso do tempo, a regra é no prazo de 1 ano (5 anos em alguns casos), os
atos anuláveis consolidam-se na ordem. Um ato anulável consolidado na ordem jurídica pode
dizer-se que fica sanada a invalidade? PO: não. Um ato anulável consolidado não está
sanável, torna-se apenas intocável pelo poder judicial, não passou a ser um ato válido, passou
apenas a não poder ser destruído pelo tribunal.
Se um ato inválido, consolidado na ordem jurídica pode fazer nascer direitos a terceiros?
Problema do direito à igualdade na ilegalidade.
A administração pode impor pela força um ato anulável e eu tenho dever de obediência. Pois
até prova em contrário feita em tribunal, aquele ato é válido. Como posso acatar? Uma via:
pedido, providencia cautelar, chamado pedido da suspensão da eficácia/suspensão do ato.
Pedido feito no tribunal para que este ordene que a administração não exerça o mesmo. O
privilegio da execução prévia, tanto existe nos atos válidos, como em atos inválidos se forem
anuláveis.
→ Artigo 162.º/3 CPA: vem permitir a destruição dos efeitos da nulidade. Efeitos meramente
de facto de atos nulos podem ser reconhecidos/tidos em efeitos jurídicos – reconhecimento de
efeitos jurídicos/convertidos em efeitos jurídicos em nome de três princípios: decurso do
tempo (usucapião dos efeitos), principio da boa-fé e tutela da confiança.
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inexistência jurídica
Entendia-se, no século XIX, que não existia nulidade sem lei, pelo que os casos eram
agrupados. Criou-se a inexistência.
• Absoluta irreconhecibilidade do ato: o ato não é em classe alguma reconhecível (ex.:
um professor está com alunos na mesa do bar e faz perguntas de direito administrativo
e diz, estás aprovado ou não estás – inexistência pois não se reconhece pela aparência
que houve qualquer tipo de exame).
• Situações fora da fronteira do direito/gravosas: a nulidade não pode ser a resposta.
• Podem haver situações de inexistência quando está em causa a aplicação de uma lei
que é inexistente (ex.: lei que não foi referendada/promulgada pelo PR, a falta de
promulgação gera inexistência jurídica).
07/04/2022
Conclusão da parte geral do procedimento administrativo.
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→ A lei nova nunca pode impedir o acesso aos tribunais de quem se sentiu lesado
com a prática destes atos – a retroatividade não pode impedir o direito a uma
indemnização nem a responsabilidade civil do estado – não pode apagar lesões
que tenham sido produzidos pelos atos ilegais praticados pelo 2015 a 2018.
→ Saber se a lei nova sofre ou não de invalidade – se esta tem apenas como
fundamento reabilitar efeitos na sua retroatividade, pode discutir-se se haverá
aqui situação de desvio de poder legislativo pois o motivo principalmente
determinante do ato administrativo não é para sanar ilegalidades
administrativas: a lei nova sofre de desvio de poder se esta não produzir
efeitos para o futuro.
• Por intervenção administrativa: a administração vem sanar a posteriori aquilo que fez
anteriormente. Esta reabilitação pode ter diversas configurações:
→ Ratificação administrativa: de cunho ratificador, 164.º CPA (ex.:
incompetência relativa, estamos dentro da mesma PC, órgão A invade
competência do órgão B, o segundo pode ratificar o ato – o órgão competente
sana a invalidade do outro órgão OU vícios de forma: faltava a
fundamentação). corrige o vicio de competência ou vicio de forma de que
padecia.
→ Reforma: 164.º CPA – a administração expurga/retira o anterior ato uma parte
que é inválida (ex.: a invalidade está na clausula acessória, esta é retirada).
→ Conversão: 164.º CPA – através desta, aproveita-se de um ato anterior a parte
que não está viciada para dar origem a um novo ato.
Na reforma elimina-se a parte invalida mas o ato permanece o mesmo;
na conversão há dois atos: o ato que tem o vicio e deste so se aproveita
a parte válida para com essa dar origem a um novo ato (ex.: nomeação
definitiva, mas a lei só permitia uma nomeação provisória: aproveita-se
a nomeação mas é apenas provisória).
→ Anulação administrativa: 165.º e seguintes – a administração repõe a validade
cessando os efeitos do anterior ato invalido. A anulação é sempre retroativa.
44
regulamentos
Normas emanadas pelos órgãos da administração no exercício da função administrativa.
titularidade: quem tem competência regulamentar? Dois grandes detalhes:
• Atribuída pela constituição diretamente: a quem é que a constituição atribui
competência?
→ Governo: competência regulamentar para execução das leis, subordinada,
complementar mas também atribui competência regulamentar independente, que
permite ao governo elaborar decretos regulamentares ou resoluções do conselho
de ministros de natureza normativa.
→ Regiões autónomas em dois cenários: têm competência regulamentar em relação
aos decretos legislativos regionais e em relação às leis da republica, salvo se as
leis reservarem para o governo esse poder. Governo regional: competência
regulamentar em sede da organização em fundamento (231.º/6).
→ Autarquias locais: 241.º CRP – têm competência regulamentar em matérias de
interesse local, das populações das localidades e há competência regulamentar
dos órgãos do município, das freguesias (assembleia, junta) e haverá das regiões
administrativas (se forem criadas).
→ Universidades publicas: 76.º/2 CRP, os estatutos das universidades ou das suas
unidades orgânicas, regulamentos de avaliação – competência regulamentar
atribuída às universidades.
→ Associações publicas: 267.º/4 CRP – têm poder regulamentar diretamente
fundado na constituição. Ex.: códigos deontológicos, ordem dos advogados,
ordem dos médicos.
O poder legislativo está impedido de invadir esta esfera de decisão das associações publicas,
se o fizer há, pelo menos, usurpação de poderes pois está a invadir reserva de decisão do
poder administrativo.
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• Atribuída pela lei: estruturas com competência regulamentar conferidas por lei – todas
as restantes:
→ Todas as PC publicas têm competência regulamentar, não há entidades
públicas sem poderes regulamentares. Como sabemos que têm? Todas aquelas
fora das ditas acima, têm poder regulamentar com fundamento na lei.
→ Levanta uma duvida: podem as entidades reguladoras, autoridades
administrativas independentes, exercer poder regulamentar diretamente
fundado na constituição? Não, o poder das autoridades reguladores não pode
excluir a intervenção regulamentar do governo, pois é este nos termos do 199.º
CRP que a constituição confere o poder para a boa execução regulamentar das
leis.
Titularidade
Nota 11: É possível a existência de poder regulamentar com base no principio geral ou com
base costumeira (ex.: hierarquia administrativa – superior hierárquico pode emanar instruções
sobre toda a matéria do subalterno – o poder de direção é inerente ao vinculo hierárquico)
Nota 12: Todos os órgão colegiais têm, mesmo que a lei não o diga, o poder da auto-
organização interna através da feitura do respetivo fundamento
Nota 13: 142.º/1 CPA: regra – quem tem poder para emanar um regulamento, tem poder para
o interpretar, suspender, modificar ou revogar.
12/04/2022
21/04/2022
A atuação da administração vulgar é através de atos administrativos que têm uma primeira
grande dicotomia – atos constitutivos ≠ atos declarativos:
• Atos constitutivos: há a introdução de uma inovação, alteração, cria-se qualquer coisa,
o direito passa a ter algo mais do que tinha.
• Atos declarativos: não inovam na ordem jurídica ou pelo menos não trazem nenhuma
alteração à situação jurídica concreta.
Atos constitutivos
Atos que incidem sobre situações da vida concreta, social, traduzem-se na primeira
regulação, solução jurídica de uma determinada situação: atos primários (ex.: classificação
de um teste escrito, exame de primeira época).
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Incidem sobre anteriores atos, têm como objeto outros atos jurídicos, são regulações
derivadas de atos anteriores: atos secundários (ex.: revisão da classificação, exame de
melhoria de nota/recurso).
• Atos que se limitam a permitir uma conduta mas não é imperativa, autorizam que se
adote uma determinada conduta – atos permissivos.
→ Autorização VS licença – como se diferencia? Ambos permitem uma conduta,
mas na autorização permite-se uma conduta que normalmente é licita, na
licença, pelo contrário, permite-se uma conduta que normalmente será ilícita
(ex.: licença de porte de armas).
→ Concessão: a administração confere a um sujeito novas posições jurídicas
ativas.
→ Admissão: alguém ingressa numa determinada categoria, ficando sujeita a um
regime administrativo especifico.
→ Delegação de poderes: ato pelo qual o delegante permite que o delegado
exerça poderes. 44.º a 50.º CPA.
→ Dispensa: permissão para alguém não cumprir um dever.
→ Renúncia: é o ato pelo qual alguém afasta uma posição jurídica favorável. A
renuncia à competência gera nulidade e responsabilidade.
• Atos que têm como função ser motor para desencadear determinadas condutas – atos
compulsórios.
→ Pedido: formulado por uma entidade a outra.
→ Proposta: desencadear de um determinado procedimento (ex.: alteração de
uma determinada construção).
→ Diretiva: ato que visa definir fins para a atuação de estruturas administrativas
(ex.: diretiva usada pelas entidades de superintendência relativamente aos
entes que estão sob a sua superintendência).
→ Recomendação VS advertência – como se diferencia? Na recomendação não
está em si a ideia de um efeito negativo, por ex.: o governo recomenda que
não se fume, se for formulada como fumar mata, há aqui mais do que uma
recomendação. “Se não estudarem vão reprovar” – advertência, é mais do que
uma recomendação, mas “devem começar a estudar” já é recomendação.
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2. Atos secundários
• Atos que acrescentam alguma coisa, completam atos anteriores, que lhes atribuem
qualquer coisa que não tinham antes – atos de natureza integrativa.
→ Aprovação: confere-se eficácia a um ato, permite o inicio da produção de
efeitos de um anterior ato, confere a possibilidade de conferir efeitos.
Autorização permite uma conduta enquanto que a aprovação incide
sobre ato anterior e confere eficácia.
→ Homologação: ato homologado – praticado por um subalterno; ato de
homologação – o superior hierárquico faz seu o conteúdo e efeitos do ato que
é objeto desse homologação. Na homologação chama a si a “paternidade” do
ato que foi apresentado. Se há vícios no ato homologado eles passam
totalmente para o ato da homologação.
→ Confirmação: ato pelo qual um órgão que não foi o seu autor expressa a
concordância com o ato praticado por um outro órgão (ex.: revisão de prova
escrita que foi corrigida por assistente, e o regente diz que mantém a
classificação, a manutenção desta é uma confirmação do ato praticado por
quem viu a prova em primeira instancia)
→ Ratificação: órgão que é excecionalmente competente (ex.: age em estado de
necessidade).
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Ainda atos constitutivos, temos os atos consensuais: ato unilateral da administração que
assenta num prévio acordo (ex.: marcação das datas das frequências é um ato praticado pela
diretora que assenta no consenso entre os delegados de turma quanto à ordem):
• Natureza procedimental.
• Natureza substantiva.
Problema: em caso de incumprimento de uma das partes, a outra pode invocar a exceção do
não cumprimento para não obedecer?
Atos declarativos
têm três modalidades:
• Atos de verificação: traduzem-se na certificação, apreensão de factos, comprovação
de factos da declaração de conhecimento ou de ciência.
→ Atos de comprovação
→ Atos de certificação
→ Atos de aclaração
→ Atos de verificação constitutiva
• Atos de valoração
26/04/2022
Atos desintegrativos
Determinam a cessação de efeitos do ato anterior.
• Revogação: os efeitos cessam com base numa fundamentação que tem a ver com o
mérito, oportunidade de ato. Num novo juízo por parte da administração, esta entende
que o ato deixou de ser a melhor solução e por isso é revogado.
• Anulação administrativa: razoes de legalidade. A administração repondera, reaprecia
e chega a uma conclusão: o que antes decidi é contrário à lei e procura restabelecer a
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revogação
Por razões de mérito, conveniência e oportunidade (165.º/1 CPA). É possível dois tipos de
revogação:
• Revogação com efeitos meramente destrutivos/revogação simples: é revogado o ato X
(ex.: alguém tem uma pensão que pode terminar – deixa de .
• Revogação substitutiva: substitui, tem em si um novo conteúdo, nova disciplina para
aquela matéria – o conteúdo do ato anterior é substituído por uma nova disciplina
jurídica de matéria (ex.: reforma do senhor A passa de 100€ para 120€: tem novo
conteúdo).
50
Ato praticado em 10/01/2022 e este é revogado hoje, dia 26/04/2022, esta revogação pode ter
duas dimensões temporais diferentes:
1. Na primeira hipótese (ex-nunc), a revogação só produz efeitos a partir do dia de hoje, para
o futuro. Todos os efeitos que este ato praticou, mantêm-se na ordem jurídica – regra geral
(171.º/1 CPA – proteção da confiança).
2. Na segunda hipótese (ex-tunc), todos os efeitos que o ato de 10/01 produziu, desaparecem
juridicamente da ordem jurídica.
• Poderá dar-se uma revogação de um ato já revogado: se a primeira revogação
apenas produzir efeitos para o futuro, mas depois verifica-se que é melhor revogar
todos os efeitos que ele produziu no passado.
Nota 15.: ato de 26/04 revogou o ato de 10/01, juridicamente isto não é correto. O que o ato
de 26/04 fez foi revogar os efeitos que o ato de 10/01 produziu – o ato em si é uma realidade
histórica que não se pode apagar, pois existiu historicamente. Em termos jurídicos
eliminamos os efeitos decorrentes do ato.
Nota 16.: ato de 26/04 será revogado dia 27/04 – revogação do ato revogatório. Problema
jurídico: saber se há ou não efeito repristinatório? Quando este ato for revogado, o outro
(10/01) renasce por efeito do ato de dia 27/04? A lei não impede, nem impõe este efeito
(tutela da confiança).
51
• Delegante: pelos atos praticados pelo delegado. Pode a qualquer instante revogar um
ato – quem pode o mais, pode o menos. (subdelegante: pode revogar os atos
delegados pelos subdelegados).
• Órgão com poder de superintendência (169.º/5): reflete a orientação tradicional. O
órgão tutelar tem poder revogatório se a lei o conceder.
→ PO: não é preciso a lei conceder este poder revogatório à entidade de
superintendência e entidade tutelar. O artigo 51.º CRP permite o direito de
petição dos particulares em relação ao órgão da administração, uma das
formas de petição é o pedido de revogação. Este direito goza de aplicabilidade
direta: na ausência de lei ou na presença de lei, a administração está obrigada a
respeitar o direito de petição. Quando for formulado um pedido de revogação,
a entidade que recebe tem a faculdade de revogar o ato objeto dessa petição.
• Órgão competente que foi preterido (169.º/6): exemplo.: a CML praticou um ato que é
da competência da assembleia municipal de lisboa, padece de um vicio de
incompetência relativa (dois órgãos da mesma pessoa coletiva) – quem pode revogar?
Pode revogar o ato o órgão competente que foi preterido, neste caso a AML pois o
órgão competente não pode perder a competência só porque terceiro invadiu a sua
esfera. Competência dispositiva: a competência não pode estar nas mãos de um órgão
incompetente.
Nota 17.: 44.º/5 CPA – os atos praticados pelo delegado valem como se tivessem sido
praticados pelo delegante ou subdelegante. Quando este revoga os atos do delegado,
consequentemente está a revogar o seu ato.
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Dois tipos de atos que não são constitutivos de direitos neste regime:
atos precários (167.º/2, a), 167.º/3 CPA) aqueles que aparentemente
atribuem um direito mas têm clausula acessória que fragiliza o direito
(ex.: esta licença pode ser revogada a qualquer instante), estes seguem
o regime dos atos não constitutivos. Os atos verificativos, por sua vez,
não atribuem nada, pelo que não são constitutivos de direito, mas
seguem esse regime.
28/04/2022
A revogação em principio é permitida mas há atos em que a lei excluí a admissibilidade da
revogação:
• Ou porque é impossível, não é possível a revogação nos casos previstos no 166.º/1.
• Casos em que a revogação, sendo juridicamente possível é legalmente impedida:
situações do 167.º/1.
A revogação em principio só produz efeitos para o futuro (171.º/1), mas há casos em que a
revogação pode ter efeitos retroativos (171.º/1) – se a retroatividade for mais favorável ou se
os interessados todos concordar.
53
anulação administrativa
175.º/2 CPA: ato pelo qual a administração com fundamento em invalidade determina a
cessação dos efeitos de um ato anterior.
A administração age com fundamento no principio da juridicidade/legalidade – a anulação
visa repor a legalidade que tinha sido violada com o ato que vai ser objeto de anulação.
Nota 18.: a anulação administrativa pressupõe que o ato anulado seja invalido, mas essa só se
pode reconduzir à figura da anulabilidade: os atos anuláveis produzem efeitos, mas os atos
nulos ou inexistentes não produzem efeitos pelo que não são passiveis de anulação
administrativa – nestes atos haverá declaração de nulidade ou inexistência. A anulação é um
ato constitutivo, uma alteração na ordem jurídica: a cessação de efeitos do ato em causa – os
atos anuláveis produzem efeitos até serem destruídos. A declaração de nulidade ou
inexistência não introduz nenhuma inovação, é meramente declarativo, apenas afirma que é
nulo ou inexistente.
Nota 19.: perante um ato que é anulável, o que é que a administração deve fazer? Haverá um
poder vinculado de anular? Será que a administração tem o poder discricionário, se quiser
não anula? Tem consciência que agiu em desconformidade com a lei, mas nada faz? –
vinculação da administração à legalidade e juridicidade, não só determina que deve cumprir a
lei, mas que em caso de violação da lei ele deve repor a legalidade do ato.
• PO: anulação não é vinculada por uma razão: perante um ato anulável a administração
pode escolher dois caminhos:
→ Anular o ato: destruir os efeitos do ato, determinar a cessação da vigência dos
efeitos do ato.
→ Sanar a invalidade:
Ratificação saneadora.
Reforma.
Conversão do ato administrativo.
Se não agir, é violação por omissão da legalidade: efeitos lesivos do ato praticado são
imputados a quem tinha poder de repor a legalidade e não o fez.
Artigo 163.º/5 CPA: é aquele que transforma a anulabilidade em mera irregularidade, pelo
que não se produz o efeito anulatório.
? Se eu pedir que a administração anule um ato que por força deste artigo é um ato que seria
anulável, mas que a lei diz que não produz efeito anulatório, o que é que a administração
deve fazer a esse pedido? Deve anular ou não deve anular?
54
Anulação administrativa: feita pela administração ≠ anulação judicial: feita pelos tribunais.
Competência anulatória:
Regra geral: segue o mesmo regime da competência para revogar. Há, todavia,
especificidades:
1. O órgão incompetente a praticar o ato tem competência para o anular: principio do
autocontrolo da validade (169.º/3).
55
Ex.: CML pratica ato da AML: quem pode anular? Pode anular a AML porque é o órgão
competente, mas também, ao abrigo do principio do autocontrolo da legalidade, o órgão
incompetente tem competência para anular o ato que praticou ferido de incompetência, pelo
que a CML também poderia anular, mesmo não sendo competente para praticar o ato.
2. O superior hierárquico pode anular todos os atos praticados pelo subalterno mesmo os da
competência exclusiva
Não tem competência exclusiva fora da legalidade: se pratica um ato ilegal, o superior tem
dever de repor a legalidade (169.º/3).
• Regime especial para a anulação dos atos constitutivos de direitos: só podem ser
anulados dentro dos seguintes prazos:
→ Em regra prazo de 1 ano a contar da sua emissão (168.º/2), salvo se tiverem
sido impugnados contenciosamente – só podem ser anulados até ao
encerramento da discussão (168.º/4).
→ Casos excecionais que a lei consagra 5 anos: 168.º/4.
→ Pode não haver prazo se a anulação estiver em causa direito da união europeia
nos termos do 168.º/7 – PO: inconstitucional pois viola o caso julgado.
→ Os destinatários que estejam de boa-fé podem ter direito de indemnização pela
respetiva anulação (168.º/6).
03/05/2022
Anulação administrativa
forma e formalidades
Aplicam-se todas as considerações anteriormente formuladas para a revogação (170.º CPA).
57
anulados as suas situações jurídicas como alunos? – atos consequentes do facto de ter sido
nomeado para exercer essas funções.
Principio da boa-fé e segurança jurídica colocam travões à retroatividade
A anulação do ato não possa ser executada pois o A já está a exercer funções há 10 anos. O B
passa a ter direito a uma nova vaga para os exercício dessas funções?
O A está de boa-fé, aproveita o principio da segurança jurídica.
Um ato anulável que não foi anulado e por isso se consolidou na ordem jurídica não está
impedido de poder ser revogado.
Procedimento
Três tipos de procedimento
• Declarativo: aquele em que a administração define direito no caso concreto:
→ Através do ato primário – procedimento decisório típico/de 1.º grau.
→ Na sequencia de um recurso gracioso: pedido de particular para reapreciação
da decisão.
→ Procedimento administrativo de execução de um ato.
58
Medidas provisorias adotadas pela administração que procuram salvaguardar a decisão futura
(89.º CPA, cessão: 89.º/2 e 90 CPA). Exemplo.: recolha de testemunho de alguém que está na
iminência de morrer.
Medidas instrutórias típicas dos particulares: 116.º/1, também eles podem requerer ou
apresentar elementos de prova (apresentar documentos, pareceres, pedir a realização de
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diligências) ou podem pedir a prova dos factos alegados (ex.: foi apanhado a andar a alta
velocidade e o particular pede à administração provar de tal), prova antecipada (120.º).
Momentos na fundamentação:
• Fundamentar caso não acolha o resultado da audiência prévia.
• Fundamentar a decisão final.
• Fundamentar o projeto de decisão que vai ser objeto de audiência prévia.
05/05/2022
4.ª fase: extinção do procedimento:
• Através de decisões expressas: 93.º e 94.º CPA – expressão de um dever de decisão
(13.º CPA). Por via de regra a decisão tem forma escrita (150.º CPA). 151.º CPA
menções obrigatórias que a decisão expressa deve conter:
fundamentação da decisão (152.º a 154.º CPA):
→ Não basta toda e qualquer fundamentação, é necessário que seja suficiente,
clara e congruente.
→ 153.º/2 tem de ser suficiente. Equivale à falta de fundamentação o não respeito
por qualquer um destes requisitos, se a fundamentação existir mas não for
coerente/clara/suficiente, equivale à falta de fundamentação.
→ Vicio/desvalor jurídico: matérias de natureza sancionatória, lesivas da
liberdade, propriedade – a falta/insuficiência: violação do núcleo essencial que
gera nulidade; nas outras situações em que não poe em causa conteúdo
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Casos de falta de amanto de taxas ou despesas – art.133.º CC – se não for paga uma taxa.
• Se nunca fui notificado, não pode ser exigido o cumprimento dessa obrigação.
• Extingue-se por causa imputável
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É com base neste conjunto de elementos que o superior hierárquico vai decidir:
• Tem os argumentos utilizados por B para contestar a decisão.
• Tem a posição do contra interessado – motivos para manter na ordem jurídica.
• Tem os argumentos do autor da decisão.
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CPA diz-nos em sentido contrário o artigo 195.º/4, em sentido positivo o artigo 197.º/1.
• Decisão de procedência do recurso: administração dá razão ao particular, o órgão
superior hierárquico revoga ou anula a decisão total ou parcialmente. Esta revogação
ou anulação tem limites consoante o subalterno tenha ou não competência exclusiva
(197.º/1 e 4 CPA). Prazo para decisão: 198.º CPA – 30 dias ou 90 dias.
Em principio, da decisão de recurso não cabe reclamação (191.º/2 CPA), salvo se:
• Houve omissão de pronuncia, se o superior hierárquico (B dia que o ato é ilegal pelo
argumento 1 e 2, o SH apenas analisou o argumento 1, o B pode reclamar).
• Se há contradição entre duas decisões de casos semelhantes (para A decide de uma
forma, para B decide de outra).
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Momentos:
1.º momento: necessário que exista um ato a executar (177.º), este define o conteúdo e termos
da execução.
2.º momento: necessário a decisão de proceder à execução
3.º momento: administração deve notificar o particular para ele voluntariamente proceder à
execução voluntária (177.º/3 e 4 CPA).
4.º momento: se o particular for notificado e acatar, tudo termina. Se este não cumpre, não
acata voluntariamente, a administração pode executar previamente (179.º/1 CPA). Hoje, 176.º
CPA, a administração deve recorrer aos tribunais (183.º CPA). Acontece que este titulo
judicial, que seria obtido junto dos tribunais depende (8.º/2 DL que aprova o CPA) de 60 dias
para o legislador elaborar esta lei – não há regime que permita dizer que a execução depende
de titulo judicial porque o artigo acima não teve até hoje qualquer execução.
Artigo 6.º DL 4/2015 – enquanto não for publicada esta lei, mantem-se em vigor o regime do
artigo 149.º/2 do CPA de 1991: regra quanto ao privilegio da execução prévia da
administração.
10/05/2022
Estado de necessidade administrativa: não envolve intervenção de órgão de soberania,
permite fazer aquilo que em circunstâncias normais não seria permitido.
Contratos
Procedimento contratual:
Procedimento dos contratos administrativos e o procedimento respeitante aos contratos de
direito privado da administração.
Distinção entre contratos administrativos e contratos de direito privado da AP:
Regime substantivo aplicado – os primeiros são aqueles que em termos materiais e
substantivos são regidos pelo direito administrativo e os seguidos são regidos pelo direito
privado.
Contratos de direito administrativo e de direito privado estão ambos regulados no código dos
contratos públicos e no CPA: ambos, quanto à sua formação, regem-se por regras
procedimentais do direito administrativo.
Lei n.º 30/2021, 21 maio objeto de retificação pelo 25/2021 de 21/07
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Peças do procedimento:
• Espécies: anuncio – ato através do qual se comunica que vai ser lançado um
procedimento contratual, programa do procedimento (41.º) e caderno de encargos –
peça que contém as clausulas que irão depois ser incluídas no contrato (42.º/1),
comunicação aos particulares.
A administração procura qual é o agente que reúne melhores condições para celebrar
um contrato com a administração.
• Convidar agentes económicos para a apresentação de propostas: podem ser vistas
como ato unilateral pois expressa a vontade da administração em desencadear o
procedimento ou pode entender-se como uma proposta contratual preliminar sobre as
regras do procedimento pois cada um dos interessados, quando apresenta uma
proposta, não só apresenta como ao fazê-lo manifesta a vontade que concorda com as
regras implicitamente.
Problema jurídico: principio da estabilidade das peças processuais – a administração não
pode a meio do jogo alterar as regras. Este principio conhece limites: artigo 50.º, podem
existir erros ou omissões que justifiquem a AP corrija ou altere as peças- sempre respeitando
a concorrência e transparência dessas correções.
Problema jurídico: como resolver as antinomias entre estas peças? Uma pode dizer que a
solução é X e a outra dizer que para aquela matéria a solução é Y – problema de critérios de
resolução de antinomias.
2. Principio da não plenitude da subordinação dos contratos públicos ao regime do CCP: nem
todos os contratos públicos estão sujeitos a um procedimento regulado pelo CCP.
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Fases do procedimento:
• Fase anterior à abertura do procedimento: administração recolhe informações que
permite elaborar o caderno de encargos e programa do procedimento.
• Decisão de contratar: ato pelo qual ela manifesta a vontade de contratar e ato de
permissão da despesa publica + escolha do procedimento + peças do procedimento: o
caderno de encargos e programa é diferente do ajuste direto para o concurso publico.
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17/05/2022
Principio do sancionamento da violação da legalidade + tutela e garantias que os
administrados têm.
5. Sancionamento da violação da juridicidade:
A invalidade dos atos procedimentais que ocorram ao longo de todo o procedimento da
criação do contrato vai se repercutir na decisão de adjudicação.
• Ato de adjudicação: ato final que consagra em si todas as situações patológicas que
ocorreram em momento anterior – comunicabilidade entre o que se passa ajusante.
As invalidades podem dar origem a responsabilidade contraordenacional ou responsabilidade
criminal (ex.: aquando da apresentação da proposta, o interessado tem de apresentar certidão
que não tem dividas à segurança social, que a empresa nunca foi condenada pela pratica de
atos contrários há economia: se apresenta certidão falsa, há crime – acarreta responsabilidade
criminal, para além de toda a invalidade).
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Execução do contrato:
1. Principio do cumprimento das vinculações contratuais ilegais:
Ambas as partes devem acatar/cumprir quer as vinculações que emergem do próprio contrato
(lei entre as partes) como devem respeitar e cumprir as determinações da lei.
Principio da boa-fé (286.º CCP): bilateralizado – ambos devem agir de boa-fé: dever de
executar. Deveres de vigilância.
Se existir incumprimento, esse é objeto de sancionamento (464.º-A CCP).
2. Estabilidade contratual:
Não podem existir durante a vida do contrato alterações do regime, o contrato deve manter-se
o mesmo. Não é possível alterar os termos.
As modificações são sempre modificadas e só nos casos previstos na lei:
• quanto ao objeto (311.º a 315.º) – alterações de circunstancias e razoes de interesse
publico. A regra é a estabilidade a exceção é modificação.
• A titulo de poder exorbitante, a lei admite que a entidade publica altere (302.º, c)
CCP).
• A modificação pode ser unilateral ou bilateral.
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depois é descoberto o gás, eletricidade, esta vem substituir. A empresa privada que tinha a
seu cargo a iluminação a petróleo, adaptou-se à eletricidade, sem custos – razões de interesse
publico – entidade publica reequilibrou o contrato.
Ou razoes de alteração das circunstâncias: na sequencia da pandemia, as autoestradas tiveram
quebras das receitas porque a pandemia determinou confinamento, as pessoas não podiam
circular de concelho em concelho. Entidade tem direito ao risco financeiro pois houve
alteração do quadro circunstancial.
• Repor a situação inicial do contrato quando exista uma causa justificada.
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