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Universidade Aberta UnISCED

Faculdade de Ciências de Educação


Curso de Licenciatura Em Ensino de Geografia

Importância das correntes do pensamento geográfico no ensino de geografia

Nome do Estudante: Cristina Magaia Bacar


Código do estudante: 96230618

Cuamba, aos 18 de Maio de 2023


Universidade Aberta UnISCED

Faculdade de Ciências de Educação


Curso de Licenciatura Em Ensino de Geografia

Importância das correntes do pensamento geográfico no ensino de geografia

Trabalho de Campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Licenciatura
em Licenciatura em Ensino de Geografia
a
da Universidade Aberta UnISCED.

Tutor:

Nome do Estudante: Cristina Magaia Bacar

Código do estudante: 96230618

Lichinga, aos 18 de Maio de 2023


Índice
1. Introdução............................................................................................................................ 3

1.1. Objectivos .................................................................................................................... 3

1.1.1. Geral ......................................................................................................................... 3

1.2. Específicos ................................................................................................................... 3

2. Metodologia ..................................................................................................................... 3

3. Importância das correntes do pensamento geográfico no ensino de geografia. .................. 4

3.1. Categorias fundamentais do conhecimento geográfico ............................................... 4

3.1.1. Espaço geográfico .................................................................................................... 4

3.1.2. Espaço e tempo......................................................................................................... 4

3.1.3. Sociedade ................................................................................................................. 4

3.1.4. Lugar ........................................................................................................................ 4

3.1.5. Paisagem................................................................................................................... 4

3.1.6. Região....................................................................................................................... 4

3.2. As correntes do pensamento geográfico .......................................................................... 5

3.2.1. Determinismo ........................................................................................................... 5

3.2.2. Possibilismo Geográfico .......................................................................................... 6

3.2.3. Geografia Regional ou Método Regional................................................................. 6

3.2.4. Geografia Pragmática (Nova Geografia, Geografia Teorética ou Quantitativa) ...... 6

3.2.5. Geografia Crítica ou Geografia Marxista ................................................................. 7

3.2.6. Geografia Humanística ou Cultural.......................................................................... 8

3.2.7. Geografia Ambiental ................................................................................................ 9

3.3. Relação entre o Pensamento geográfico e o Ensino de geografia ................................... 9

4. Conclusão .......................................................................................................................... 11

5. Bibliografia........................................................................................................................ 12
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1. Introdução

A geografia é uma ciência que tem por objectivo o estudo da superfície terrestre e a
distribuição espacial de fenómenos significativos na paisagem. Também estuda a relação
recíproca entre o homem e o meio ambiente (Geografia Humana).
Vale ressaltar que, actualmente, não existe mais essa separação de Geografia Física e
Geografia Humana, pois uma depende da outra, uma não existe se a outra não existir, é algo
inseparável. (CARVALHO,2002).

A sistematização da Geografia teve inicia em meados do século XIX, com Humboldt e Ritter.
Derivando destes dois autores surgem as correntes de pensamento geográfico. Destacam-se
como correntes de pensamento geográfico: o Determinismo Ambiental, o Possibilismo, o
Método Regional, a Nova Geografia e a Geografia Crítica. Segundo CORREA (2000) cada
uma delas com suas práticas teóricas, empíricas e políticas, seguindo uma sequência histórica
predomina e, ou coexiste com outra corrente.

1.1. Objectivos

1.1.1. Geral
Compreender a importância das correntes do pensamento geográfico no ensino de
geografia.

1.2. Específicos
Definir as seguintes categorias fundamentais do conhecimento geográfico: Espaço,
Território, Paisagem e População;
Estabelecer a relação entre o Pensamento geográfico e o Ensino de geografia;
Descrever o papel do Determinismo geográfico para o meio ambiente.

2. Metodologia
Para execução de qualquer actividade, é necessário ter o caminho e os procedimentos que o
guiarão ao alcance dos objectivos previamente traçados. Contudo para realização do presente,
a autora usou a pesquisa bibliográfica.
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3. Importância das correntes do pensamento geográfico no ensino de geografia.


Pode-se dizer que, hoje a geografia crítica é a corrente, mais relevante, adequada para o
ensino, pois esta procura romper com o a compartimentalização dos estudos geográficos, que
é ainda tão presente no sistema educacional. É através da concepção crítica que o ensino de
geografia, sairá das amarras alienantes imposta pelo Estado-maior, pois esta possibilitará um
norte, para a constituição de futuros cidadãos, com plena autonomia, capacitados de
criticidade, reflexivos, sujeitos de sua própria história. (SANTOS,2006,p.10-13).

3.1. Categorias fundamentais do conhecimento geográfico

3.1.1. Espaço geográfico


Aquele que foi modificado pelo homem ao longo da história. Que contém um passado
histórico e foi transformado pela organização social, técnica e econômica daqueles que
habitaram ou habitam os diferentes lugares (“o espaço geográfico é o palco das realizações
humanas”). (CARLOS,2002).

3.1.2. Espaço e tempo


São as unidades geográficas que condicionam as formas e os processos de apropriação dos
territórios.

3.1.3. Sociedade
Consideradas as relações permeadas pelo poder, a sociedade apropria-se dos territórios e
define as organizações do espaço geográfico em suas diferentes manifestações: território,
região, lugar entre outros.

3.1.4. Lugar
Manifestação das identidades dos grupos sociais e das pessoas. Noção de pertencimento a
certos territórios.

3.1.5. Paisagem
É o resultado da combinação, num dado território, dos elementos físicos, biológicos e
humanos que constituem sua unidade orgânica e se encontram estreitamente relacionados. Em
outras palavras, paisagem é tudo aquilo que você, sente a sua volta.

3.1.6. Região
Qualquer área geográfica que forme uma unidade distinta em virtude de determinadas
características, um recorte temático do espaço e que mantenha relações internas e externas.
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3.2. As correntes do pensamento geográfico

3.2.1. Determinismo

Teoria formulada no século XIX pelo geógrafo alemão Friedrich Ratzel que fala das
influências que as condições naturais exerceriam sobre o ser humano, sustentando a tese de
que o meio natural determinaria o homem. Nesse sentido, os homens procurariam organizar o
espaço para garantir a manutenção da vida. (CARVALHO,2002).

O maior sinal de perca de uma sociedade seria a perda do território. As afirmações de Ratzel
estavam fortemente ligadas ao momento histórico que vivia, durante a unificação da alemã. O
expansionismo do Império Alemão, arquitetado pelo primeiro-ministro da Prússia Otto von
Bismarck (1815-1898), foi legitimado pelas duas principais correntes de pensamento
ratzeliano, o determinismo geográfico e o espaço vital (espaço necessário à sobrevivência de
uma dada comunidade).

A primeira explicaria a superioridade de algumas raças – nesse caso, a alemã -, que


naturalmente se desenvolveriam mais do que outras, e a segunda justificaria a conquista de
novos territórios para suprir a maior demanda de recursos para seu desenvolvimento, ou seja,
ou expansionismo.

Os discípulos do determinismo foram além das proposições ratzelianas,


chegando a afirmar que o homem seria um produto do meio. Defendiam
que um meio natural mais hostil proporcionaria um maior nível de
desenvolvimento ao exigir muita organização social para suportar todas
as contrariedades impostas pelo meio.

Ex: O inverno justificaria o desenvolvimento das sociedades europeias, que não tiveram
grandes dificuldades em subjugar os povos tropicais, mais indolentes e atrasados. Essa ideia
justificou o expansionismo neocolonial na África e na Ásia entre o fim do século XIX e o
início do século XX. Pensamentos que, mais tarde, foram aproveitadas pelos cientistas e
políticos da Alemanha Nazista. (CARVALHO,2002).
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3.2.2. Possibilismo Geográfico


Teve origem na França, com Paul Vidal de la Blache.

Enquadrado no pensamento político dominante, num momento em que a França tornou-se


uma grande soberania, ele realizou estudos regionais procurando provar que a natureza
exercia influências sobre o homem, mas que homem tinha possibilidades de modificar e de
melhorar o meio, dando origem ao possibilismo.

A natureza passou a ser considerada fornecedora de possibilidades e o homem o principal


agente geográfico.

3.2.3. Geografia Regional ou Método Regional

Representou a reafirmação de que os aspectos próprios da Geografia eram o espaço e os


lugares. O método era comparar regiões, segundo critérios de similaridade e diferenciação.
Os geógrafos regionais dedicaram-se à colecta de informações descritivas sobre lugares,
dividir a Terra em regiões. (COSTA & ROCHA,2010).

As bases filosóficas foram desenvolvidas por Vidal de La Blache e Richard Hartshorne.


Hartshorne não utilizava o termo região: para ele os espaços eram divididos em classes de
área, nas quais os elementos mais homogêneos determinariam cada classe, e assim as
descontinuidades destes trariam as divisões das áreas. Este pensamento geográfico ficou
conhecido como método regional.

3.2.4. Geografia Pragmática (Nova Geografia, Geografia Teorética ou Quantitativa)

Corrente de pensamento da década de 1950 que surgiu da necessidade de exatidão, através de


conceitos mais teóricos e apoiados em uma explicação matemático-estatística. As principais
características dessa corrente geográfica são:

Todo o conhecimento apoia-se na experiência (empirismo);


Deve existir uma linguagem comum entre todas as ciências;
Recusa de um dualismo científico entre as ciências naturais e as ciências sociais;
Maior rigor na aplicação da metodologia científica;
O uso de técnicas estatísticas e matemáticas;
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A investigação científica e os seus resultados devem ser expressos de uma forma clara,
o que exige o uso da linguagem matemática e da lógica.

Foi usada como um forte instrumento de poder estatal, pois manipulava dados através de
resultados estatísticos. Predominou na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, principalmente na
década de 1960 a meados de 1970. A partir da década de 1960, a Geografia Pragmática
começou a sofrer duras críticas.

Uma das principais críticas é o fato de não considerar as peculiaridades dos fenômenos, pois o
método matemático explica o que acontece em determinados momentos, mas não explica os
intervalos entre eles, além de apresentar dados considerando o “todo” de forma homogênea,
desconsiderando, portanto, as particularidades. (CARVALHO,2002).

3.2.5. Geografia Crítica ou Geografia Marxista

A expressão Geografia Crítica foi criada na obra “A Geografia – isso serve, em primeiro
lugar, para fazer a guerra”, de Yves Lacoste. Essa corrente de pensamento geográfico surgiu
na França, em 1970, e depois na Alemanha, Brasil, Itália, Espanha, Suíça, México e outros
países. (COSTA & ROCHA,2010).

Ganhou mais força na Alemanha, Espanha, França e Brasil, com um grande movimento de
renovação da geografia na década de 80. No Brasil, o grande nome da Geografia Crítica foi
Milton Santos, que publicou os primeiros trabalhos da nova escola nesse país. A Geografia
crítica estabelece o rompimento da neutralidade no estudo da geografia e propõe engajamento
e criticidade junto a toda a conjuntura social, econômica e política do mundo.

Estabelece também uma leitura crítica frente aos problemas e interesses que envolvem as
relações de poder e pró-atividade frente as causas sociais, defendendo a diminuição das
disparidades sócio-econômicas e diferenças regionais. Defendia ainda a mudança do ensino
da geografia nas escolas, ao estabelecer uma educação que estimulasse a inteligência e o
espírito crítico. O pensamento crítico na geografia significou, principalmente, uma
aproximação com os movimentos sociais, principalmente na busca da ampliação dos direitos
civis e sociais, como o acesso à educação de boa qualidade, a moradia, pelo acesso à terra, o
combate à pobreza, entre outras temáticas. (CHRISTOF,2013,p.11-19).
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3.2.6. Geografia Humanística ou Cultural

Tem como base os trabalhos realizados por Yi-Fu Tuan, Anne Buttimer, Edward Relph e
Mercer e Powell.

A Geografia Humanística ou Cultural os termos se equivalem, procura valorizar a experiência


do indivíduo ou grupo, visando um meio para compreender o comportamento e as maneiras
de sentir das pessoas em relação aos seus lugares, ou seja, a cultura dos grupos sociais. Para
cada indivíduo, para cada grupo humano, existe uma visão diferente do mundo, ou seja, cada
grupo tem seu ponto de vista, criticando ou elogiando as condições ambientais que por sua
vez se expressa através das suas atitudes e valores para com o ambiente. (BUITONI &
SANTIAGO,2009.p.111-118).

É o contexto pelo qual a pessoa valoriza e organiza o seu espaço e o seu mundo, e nele se
relaciona. Os geógrafos culturais argumentam que sua abordagem merece o rótulo de
“humanística”, pois estudam os aspectos do homem que são mais distintamente humanos:
significações, valores, metas e propósitos (ENTRIKIN, 1976).

O lugar é aquele em que o indivíduo se encontra ambientado no qual está integrado, tem
significância afectiva para uma pessoa ou grupo de pessoas. O espaço envolve um complexo
de ideias. A percepção visual, o tato, o movimento e o pensamento se combinam para dar o
sentido característico de espaço, possibilitando a capacidade para reconhecer e estruturar a
disposição dos objectos. (KOZEL & FELIZOLA,1996,p.18).

A integração espacial faz-se mais pela dimensão afectiva que pela métrica. Estar junto, estar
próximo, significa o relacionamento afectivo com outra pessoa ou com outro lugar. Lugares e
pessoas fisicamente distantes podem estar afectivamente muito próximos. O estudo do espaço
é a análise dos sentimentos e ideias espaciais das pessoas e grupos de pessoas. Valoriza-se o
contexto ambiental e os aspectos que redundam no encanto e na magia dos lugares, na sua
personalidade e distinção. (CARVALHO,2002).
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3.2.7. Geografia Ambiental

Ramo da geografia que descreve os aspectos espaciais da interacção entre humanos e o


mundo natural. Requer o entendimento dos aspectos tradicionais da geografia física e
humana, assim como os modos que as sociedades conceitualizam o ambiente.

Emergiu como um ponto de ligação entre a geografia física e humana como resultado do
aumento da especialização destes dois campos de estudo. Como a relação do homem com o
ambiente tem mudado em consequência da globalização e mudança tecnológica, uma nova
aproximação é necessária para entender esta relação dinâmica e mutável. (MORAES &
LOBO,2005,p.20).

Exemplos de áreas de pesquisa em geografia ambiental incluem administração de emergência,


gestão ambiental, sustentabilidade e ecologia política.

3.3. Relação entre o Pensamento geográfico e o Ensino de geografia


O pensamento geográfico ao longo dos tempos foi se aprimorando, como também o ensino
de geografia quanto a sua natureza. A imposição capitalista marca o processo educacional
com implicações sobre o processo de ensino e aprendizagem tratados em sala de aula.

Mas ao professor de geografia compete relacionar estes campos para fazer com que o
educando amplie a sua visão de mundo. Sobre essas situações, os depoimentos dos sujeitos
que vivenciam o contexto escolar assim como as suas práticas inseridas neste sistema,
exemplificam com maior fundamento nossos argumentos. Neste sentido indagamos aos
entrevistados. (CORRÊA,2011).

A educação tanto formal quanto a informal devem dar ênfase a carga educativa que antecede a
escola, e busca estabelecer uma relação entre o que é trabalhado dentro da sala de aula com a
vida cotidiana do educando, o espaço, o lugar, tem um papel fundamental neste contexto, na
medida que estão repletos de significantes e significados.

Verifica-se que os professores, apesar de relatarem que direccionam seus métodos com base
na Geografia Crítica, no entanto, suas práticas pedagógicas estão alicerçadas na geografia
tradicional. No sentido que os mesmos se prendem a praticas tradicionais é o que verificasse
na análise das metodologias dos professores. (COSTA & ROCHA,2010).
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Os problemas enfrentados pela geografia, tem deixado parecer que professores e alunos não
possuam um modelo para seguir, como também a opção pelo senso comum, deixando dessa
forma, de interpretar a ciência geográfica visando as mais diversas noções.

Actualmente a geografia é entendida como uma ciência social, mas que enfrenta vários
problemas em relação a seus métodos, a busca de uma identidade, a utilização de novas
metodologias para revigorar a ciência, como também desprender da amarra positivista. A
relação geografia e educação deve priorizar o diálogo entre docente e discente, o professor
deve ter uma leitura ampla de vários temas, o diálogo com vários textos, e relaciona-los ao
cotidiano do aluno, entender que há uma pluralidade de realidades em sala de aula.
(CARVALHO,2002).
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4. Conclusão

Portanto, o professor de geografia deve abordar em suas aulas, questões que possibilite uma
visualização reflexiva da zona rural, urbana, a ligação campo cidade, as mais diversas
culturas, as histórias, as novas linguagens tecnológicas. É neste prisma que o aluno deve ser
incentivado a desenvolver o conteúdo tratado em sala de aula na sua vivência interagindo com
o mundo, aproximando assim, a geografia do real vivido por ele.

Nesta fase intermediária da pesquisa percebemos que o ensino de geografia no Ensino


Fundamental apresenta-se como um componente curricular importante na formação de
crianças e adolescentes matriculadas na escola pública, mas o que observamos quanto aos
conceitos, características e estruturas do desenvolvimento do ensino da disciplina, e sua
relação com o pensamento geográfico, decorre de uma fragmentação do conhecimento
geográfico
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5. Bibliografia
1. BUITONI, Marísia M. Santiago. Geografia: ensino fundamental. Ministério da
Educação, Secretaria da Educação Básica, (Coleção Explorando o Ensino; v.
22).Brasília: 2010.
2. CARVALHO, Gisélia Lima. Região: A Evolução de uma Categoria de Análise da
Geografia. Boletim Goiano de Geografia, volume 22, n° 01, jan./jun. de 2002.
3. CHRISTOF, A. As perspectiva dos estudos geográficos. In: (Org.). Perspectivas da
Geografia. São Paulo: Difel, 2013. p. 1136.
4. CORRÊA, Roberto Lobato. Região e Organização Espacial. São Paulo: Ática, 2000.
5. COSTA, Fábio Rodrigues da; ROCHA, Márcio Mendes. Geografia: Conceitos e
paradigmas – apontamentos preliminares. Revista Geomae. V.1 N. 2, p 25-56, Jun-
dez, 2010.
6. KOZEL Salete; FILIZOLA Roberto. Didácticas de Geografia: Memorias da Terra. In:
O espaço vivido/São Paulo: FTD, 1996. P.11-17.
7. MORAES, A.C.R. Geografia: pequena história crítica, 20a ed. São Paulo, Annablume,
2005.

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