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REPÚBLICA DE ANGOLA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
GOVERNO DA PROVÍNCIA DO CUANZA NORTE
MAGISTÉRIO Nº 802 – MAURÍCIO DOMINGOS - DONDO

MATERIAL DE APOIO PARA GEOGRAFIA - 12ª


CLASSE

POR:
JORDÃO PEREIRA ALEXANDRE DA COSTA

Especialidade de História e Geografia.

DONDO, 2023
MAGISTÉRIO Nº 802 – MAURÍCIO DOMINGOS - DONDO

MATERIAL DE APOIO PARA GEOGRAFIA - 12ª


CLASSE

POR:
JORDÃO PEREIRA ALEXANDRE DA COSTA

Especialidade de História e Geografia.

DONDO, 2023
ÍNDICE

TEMA 1 - A GEOGRAFIA FÍSICA E HUMANA NO CONTEXTO DAS CIÊNCIAS ............... 1


1.1. Esquema da classificação das ciências. ................................................................................ 1
1.2. Estrutura das ciências............................................................................................................ 2
1.2.1. Conceito (Geografia). ........................................................................................................ 2
1.2.2. O campo de acção da Geografia ........................................................................................ 3
1.2.3. A Geografia entre as ciências. ........................................................................................... 3
1.3. As grandes correntes da Geografia. ...................................................................................... 4
1.3.1. A Geografia na Antiguidade. ............................................................................................. 6
1.3.2. A Geografia na Idade Média. ............................................................................................. 6
1.3.3. A Geografia na Idade Moderna (Renascimento e as Grandes Navegações) ..................... 7
TEMA 2 - A TERRA: UM PLANETA EM TRANSFORMAÇÃO ............................................. 10
2.1. Formas e dimensões da Terra. ............................................................................................ 10
2.1.1. Provas e consequências da esfericidade da Terra. ........................................................... 13
2.2. Causas das transformações do planeta. ............................................................................... 14
2.3. A Teoria da Deriva Continental e a Teoria da Tectónica de Placas. .................................. 17
2.4. O relevo terrestre ................................................................................................................ 22
TEMA 3 - OS MAPAS GEOGRÁFICOS NO ENSINO DA GEOGRAFIA ............................... 24
3.1. Elementos do mapa geográfico. .......................................................................................... 24
3.1.1 – A escala cartográfica ...................................................................................................... 25
3.1.2 – Tipos de Escala. ............................................................................................................. 25
3.1.3 – Classificação da Escala quanto o tamanho. ................................................................... 26
3.2 – As projecções cartográficas .............................................................................................. 29
3.3 – Coordenadas geográficas .................................................................................................. 31
3.4. Tipos de mapas geográficos. ............................................................................................... 32
3.5. Símbolos nos mapas geográficos. ....................................................................................... 33
3.6. Métodos de elaboração dos mapas geográficos. ................................................................. 34
3.7. Valor pedagógico e científico dos mapas geográficos na prática quotidiana. .................... 34
3.8. O atlas geográfico. .............................................................................................................. 35
TEMA 4 - O SOLO: UM LABORATÓRIO BIOLÓGICO EXTRAORDINÁRIO ..................... 36
4.1. Os constituintes do solo. ..................................................................................................... 36
4.2. Factores de formação dos solos. ......................................................................................... 36
4.2.1. Meteorização. Um caso geral. .......................................................................................... 38
4.3. Tipos de solos. .................................................................................................................... 38
4.3.1. Solo arenoso. .................................................................................................................... 38
4.3.2. Solo calcário. ................................................................................................................... 39
4.3.3. Solo argiloso. ................................................................................................................... 39
4.3.4. Solo franco. ...................................................................................................................... 40
4.4. A textura do solo. ................................................................................................................ 40
4.5. O perfil do solo. .................................................................................................................. 41
TEMA 5 - A AGRICULTURA ..................................................................................................... 43
5.1. O espaço agrário e factores condicionantes da sua organização......................................... 44
5.1.1. Factores físicos: solo, clima e relevo. .............................................................................. 44
5.1.2. Factores humanos: herança do passado e assentamentos humanos. ................................ 46
5.2. A agricultura na economia mundial. Características. ......................................................... 47
5.2.1. Definição de uma política agrícola. ................................................................................. 48
5.3. Tipos de agricultura. ........................................................................................................... 48
5.3.1. Agricultura intensiva e extensiva. .................................................................................... 48
5.3.2. Agricultura de monocultura e policultura. ....................................................................... 49
5.4. Consequências ecológicas da prática de vários sistemas agrários. ..................................... 50
5.5. Importância da agricultura. ................................................................................................. 51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 52
1

TEMA 1 - A GEOGRAFIA FÍSICA E HUMANA NO CONTEXTO DAS CIÊNCIAS

1.1. Esquema da classificação das ciências.

Ao conjunto de conhecimentos previamente sistematizados – organizados, testados e aprovados -,


com o objectivo de justificar ou explicar de modo racional um determinado fenómeno, denomina-
se ciência. Ela se apoia no método científico para realizar os seus estudos.
A palavra ciência etimologicamente tem origem latina, scientia, que significa “aprender ou
alcançar conhecimento”, e grega, scirem, “conhecimento criticamente fundamentado”. A ciência
caracteriza-se pelo conhecimento racional, sistemático, exato, verificável, lógico, objetivo e falível.
A ciência é o conhecimento que explica os fenômenos obedecendo a leis que foram verificadas por
métodos experimentais.1
A ciência ao englobar um vasto conjunto de conhecimentos organizados, se distribui em três ramos
principais, que são:
✓ Ciências Naturais: as ciências da Natureza são as que estudam a natureza, seus aspectos
gerais e fenómenos. Normalmente estudam o universo, formulando leis e regras universais
para o explicar. Utilizam o método científico para reproduzir experimentalmente (isto é,
sob condições controladas) os fenômenos que lhes interessam. Também são conhecidas
como ciências experimentais ou ciências físico-naturais e são exemplos disso: a Biologia,
a Física, a Química, a Astronomia e as Geociências (disciplinas científicas sobre o estudo
da Terra, analisando as rochas, atmosferas, placas tectônicas, oceanos) – Geografia e seus
similares.

✓ Ciências formais: são aquelas que têm a matemática e a lógica como a base dos seus
estudos. A característica fundamental destas, é o uso do raciocínio lógico. O seu estudo é
voltado para os cálculos, expressões matemáticas e as medições. Estuda objetos e sistemas
puramente abstratos, mas que podem ser aplicados ao mundo real. Assim, seus objetos de
estudo existem apenas no mundo da mente, e sua validade não deriva de experimentos, mas
de axiomas, raciocínios e inferências. Exemplos deste tipo de ciência são: a Matemática, a
Lógica, Ciência da Computação. Procuram fornecer resultados exactos.

✓ Ciências Sociais: também conhecido como ciências humanas, este conjunto de disciplinas
se dedica ao estudo da humanidade, mas preservando uma perspectiva empírica, crítica,
orientada pelo método científico. Estas ciências têm como objectivo o estudo do homem ou
da sociedade, abordando aspectos como a cultura e a produção de conhecimentos.
Exemplos deste tipo de ciência são: a Sociologia, a Antropologia, Ciência Política,
Economia e a História. As ciências sociais, encarregam-se de estudar todos os elementos

1
UNIASSELVI. (2014). Metodologia da pesquisa científica.
2

inerentes ao homem – a língua, os hábitos e costumes, a religião, a ética, a moral e outros


fenómenos sociais.

O método da ciência, o método científico, requer a construção do conhecimento de acordo com


critérios de falseabilidade ou refutabilidade (ou seja, que pode ser submetido a testes potenciais
que o contradizem) e de reprodutibilidade ou repetibilidade (ou seja, que outros possam fazer uma
verificação mais de uma vez e encontrar o mesmo resultado). As etapas do método científico são
as seguintes: a observação, hipótese, a experimentação, a teoria e a conclusão.2

1.2. Estrutura das ciências

A ciência é desenvolvida sobre o conhecimento que explicam os factos e fenómenos obedecendo


as leis que foram verificadas por métodos experimentais. Ela baseia-se também na regularidade,
previsão, e controlo de fenómenos que podem ser observados. Assim, as suas principais
características são:

✓ Objectividade: a ciência é um conhecimento que pressupõe uma objetividade, ou seja,


busca ser imparcial, com a mínima influência dos interesses pessoais, com linguagem clara,
rigorosa e precisa para evitar ambiguidades.
✓ Verificabilidade: todas as teorias científicas são postas à prova. Teorias que não resiste à
verificação são descartadas. A verificação deve ser realizada pelo próprio cientista ou por
qualquer pessoa e também passa pelo julgamento da comunidade científica. Possibilita
sempre demonstrar a veracidade das informações;
✓ Sistematicidade: contém um conjunto de conhecimentos que obedecem princípios, leis e
passos bem definidos para a sua efectivação. Os seus conhecimentos devem ser organizados
testados e aprovados ou seja, obedecem um sistema fiel de passos e procediemntos;
✓ Controlo: todos os elementos das ciências devem ser controlados para possibilitar a sua
verificação e reprodução;
✓ Lógica: a ciência é um conhecimento baseado na lógica, não aceita contradições. Ela é
racional, pois a ciência obtém seus resultados por meio da razão.
✓ Generalidade: busca elaborar leis ou normas gerais, que explicam todos os fenômenos de
certo tipo;
✓ Falibilidade: ao contrário de outros sistemas de conhecimento elaborados pelo homem,
reconhece sua própria capacidade de errar;3

1.2.1. Conceito (Geografia).

A palavra Geografia é de origem grega, onde (geo = terra; grafia = descrição; estudo). A mesma
tem como ramos a Geologia, a Geofísica, a Hidrologia, a Climatologia, a Cartografia, Topografia
e a Geomorfologia, que também se ocupam do estudo da Terra.

2
Maria, C. De A. (2009). Metodologia do trabalho científico.

3
Maria, C. De A. (2009). Metodologia do trabalho científico.
3

A Geografia é o ramo do conhecimento humano que se ocupa em identificar, descrever e,


sobretudo, explicar as diferenças que existem na superfície terrestre. Para isso, precisa estudar as
múltiplas relações espaciais responsáveis por tais diferenças. É também entendida como o estudo
explicativo da distribuição dos aspectos físicos, biológicos e humanos na superfície da Terra, suas
causas e as relações destes fenómenos.
A Geografia é a ciência que estuda a envoltura geográfica, seus fenómenos, desenvolvimento e a
relação destes com homem.
Na actualidade, a Geografia representa um Sistema de Ciências constituídas pela Geografia Física
e a Geografia Humana. A Geografia Física (que se encarrega de estudar os aspectos físicos como
o relevo, a vegetação e o clima) e a Geografia Humana (que se encarrega de estudar os aspectos
como a população e a economia). Além dos aspectos mencionados, a Geografia Humana pertence
ao campo das ciências sociais e tem como grande objectivo estudar os complexos territoriais de
produção, o tamanho, crescimento, distribuição, composição e outras características da população.4

1.2.2. O campo de acção da Geografia

O campo de acção ou objecto de estudo é a delimitação e descrição objectiva da realidade que se


pretende estudar, analisar, interpretar ou verificar por meio de métodos científicos. Neste caso, o
objecto de estudo é o foco de estudo para cada ciência.

No caso da Geografia, o seu campo de acção é o espaço geográfico e a relação que o homem
estabelece com o mesmo.

1.2.3. A Geografia entre as ciências.

A Geografia é uma das mais antigas ciências desenvolvidas pela civilização ocidental, tendo seus
conceitos básicos delineados na Grécia Antiga, onde esta se desenvolveu como ciência e método
de pensamento filosófico. No início era conhecida como História Natural ou Filosofia Natural.5

Como maiores contribuintes deste início do desenvolvimento desta, podemos citar Tales de Mileto,
Heródoto, Eratóstenes, Hiparco, Aristóteles, Estrabão e Ptolomeu. Com a expansão grega
promovida por Alexandre da Macedônia (Alexandre, o Grande), o interesse pelo estudo das novas
terras colonizadas aumenta consideravelmente, em especial pelos fatores práticos que o
conhecimento da matéria proporcionava, como incremento das técnicas de navegação, que
contribuiriam para uma atividade comercial mais intensa, e bem como os melhoramentos que a
Geografia adicionava à agricultura, indicando épocas, climas e solos ideais a um melhor cultivo.

4
Zerquera, J. (2011). Geografia – Modos ver, exigências e aspectos metodológicos. Ed: 1ª Edição.

5
Santiago, E. (2011). História da Geografia.
4

Na sua forma de estudo mais tradicional, a Geografia surgiu e foi sempre estudada como a ciência
da descrição da Terra; seus fenómenos e paisagens. Isso colocava a Geografia como uma ciência
da Natureza bem definida.
Com o passar do tempo, na época das expansões e descobrimentos, a ciência Geográfica, passou a
ser utilizada como meio de descobrir lugares de interesse das potências europeias e
consequentemente passou a estudar também as populações das regiões encontradas. Isso mudou
significativamente a sua área de actuação, saindo da área natural para a incorporar nos seus estudos
aspectos sociais.
Foi a partir do século XIX, com o surgimento da Escola Alemã, liderada por Alexander Von
Humboldt (considerado pai da Geografia Moderna) Ratzel e Karl Ritter, que a Geografia se torna
ciência por meio de métodos próprios e conceitos das Ciências da Natureza. Reforçou-se aí a ideia
da Geografia como uma Ciência da Natureza.
Já no século XX, surge a Escola Francesa, liderada por Paul Vilda De La Blache, que concordaram
com o uso da Metodologia de pesquisa das Ciências da Natureza, mas sem descartar a ideia de
Meio Geográfico pela relação sociedade-natureza.
Assim, a Geografia, pela sua caracterização e grande ligação com as ciências sociais, continua a
ser entendida como uma ciência de ligação entre as Naturais e as Sociais. Mas na sua essência, é
uma ciência da Natureza, pois o seu objecto de estudo primário, o Meio Geográfico, lhe dá esta
classificação.6

1.3. As grandes correntes da Geografia.

Com o surgimento da Geografia como uma ciência, também foram surgindo as primeiras correntes
do pensamento geográfico. A partir do século XIX, diferentes concepções e abordagens tomaram
o campo da Geografia, no que diz respeito às relações entre ser humano, sociedade, meio ambiente
e ou espaço.
Algumas linhas de pensamento valorizaram mais a sociedade e a capacidade do homem de
transformar o espaço onde vive. Outras correntes se ocuparam mais das forças da natureza,
colocando-as à frente. As principais correntes são:
✓ Corrente do determinismo geográfico: a corrente determinista também conhecida por
determinismo geográfico, foi fundada por Frederich Ratzel (1844-1904) pertencente à
escola alemã. Nesta corrente defende-se que Todo o facto geográfico é explicável através
das suas causas e que quando as causas estão reunidas, o facto produz-se. A corrente
determinista apoia-se também no positivismo de August Comte que defende que o
pensamento evoluiu em forma de progressão a três níveis, mostrando; o estado teológico
onde a explicação é com base nas forças sobrenaturais; o estado metafisico (simples
modificação geral do primeiro) onde os agentes sobrenaturais são substituídos por formas

6
Zerquera, J. (2011). Geografia – Modos ver, exigências e aspectos metodológicos. Ed: 1ª Edição.
5

abstractas, verdadeiras entidades; e o estado positivo, no qual a explicação dos fenómenos


é feita com base na observação e na razão, considerando as relações causa-efeito entre os
fenómenos.

✓ Corrente do possibilismo geográfico: de acordo com esta corrente, a Geografia possui dois
objectos de estudo: o Homem para a Geografia Humana e a Terra para a Geografia Física.
Ou seja, estabelecem-se relações biunívocas; Homem-Meio que definem a reciprocidade e
não a dependência como acontece no Determinismo. O Possibilismo defende que o Homem
pode optar perante as várias possibilidades que o Meio oferece para desenvolver um género
de Vida próprio. O Possibilismo apoia-se na corrente filosófica neo-idealista e neo-kantiana
que divide a matéria e o espírito do pensamento e no historicismo para explicação da
realidade social. O Possibilismo deu muita importância ao método historicista e indutivo
analítico. Por isso, Vidal De La Blache estruturou o seu estudo na análise do meio físico,
seguido pelo estudo das formas de ocupação e finalmente o impacto da integração do
Homem no seu habitat. Para Vidal de La Blache a observação, localização, descrição e
interpretação de cada paisagem com ajuda do método indutivo e historicista e o seu
resultado conduzem a elaboração de monografias.

✓ Corrente corológica: as origens desta corrente remontam antiguidade, mas foram


revigoradas por Kant no século XVIII, ao acentuar o carácter regional, descritivo e
ideográfico da Geografia e tem Alfred Hettner seu fundador. A corologia significa estudo
dos lugares. A corrente corológica analisa a região em termos de estrutura e funções,
pretendendo criar uma ciência unificada, através de uma análise lógica, baseada em novos
conceitos de Física e com uma linguagem comum a todas as ciências. Em termos
metodológicos, a corrente corológica usa um método dedutivo, ao considerar que todo o
trabalho científico consiste em propor teorias e avaliá-las. Os neopositivistas apoiaram-se
nas teorias de jogos e teorias de sistemas para resolver os problemas globais e erguer um
futuro seguro. Como as demais correntes de pensamento e em particular geográficas, o
surgimento da corrente corológica esteve ligado ao contexto do século XX que se
caracterizava por: Crises sociais e económicas dos anos 30/40 do século; a Europa abalada
pela 2ª Guerra Mundial; Falsa urbanização; Excessos populacionais; Desemprego e
conflitos sociais; Racismo nas cidades.7

A Geografia passou por um processo evolutivo muito longo, que acabou dividido em quatro (4)
etapas, seguindo uma ordem cronológica histórica. Assim, na sua evolução encontramos a
Geografia na Antiguidade, a na Idade Média, no Renascimento e nos Tempos Modernos.

7
José, F. (2021). As Grandes Correntes Geográficas: Corrente determinista, Corrente possibilista, Corrente
corológica.
6

1.3.1. A Geografia na Antiguidade.

A Geografia é uma ciência relativamente recente; no entanto, os conhecimentos geográficos são


tão antigos como o próprio homem, pois quando começou a movimentar-se na superfície terrestre
para satisfazer as suas necessidades, passou a observar tudo quanto estava no seu redor.
Nesta etapa da evolução da Ciência geográfica, os conhecimentos estavam associados com os de
outras ciências como a Filosofia fundamentalmente.
As campanhas guerreiras de Alexandre Magno, ampliaram os conhecimentos desde a Pérsia até à
India. Aparecem nesta etapa, investigações e trabalhos dos gregos da antiguidade.
Na antiguidade, aparece ainda Tales de Mileto (640-548 a. C), assimilou os conhecimentos
astronómicos alcançados no Egipto e na Babilónia. Fundou uma doutrina cosmológica. É-lhe
atribuída a predição de um eclipse solar: que realizou valiosas contribuições para o progresso da
Astronomia.
O filósofo grego Aristóteles (384-322 a. C.), elaborou um sistema geocêntrico que, posterior-
mente, foi desenvolvido e ampliado por Cláudio Ptolomeu. A utilização da palavra geografia é
atribuída a Aristóteles quando designou o Conjunto de conhecimentos sobre a Terra. Este sábio
considerou que a Terra era o centro do Universo e que à sua volta giravam os restantes astros.
Esta fase da Geografia se caracterizou pelo dogmatismo religioso exercido pela Igreja, pois a Igreja
Católica era o centro do poder político, religioso e científico. Ainda assim, outros sábios gregos
sistematizaram, em certa medida, os conhecimentos geográficos já acumulados. Aparece uma obra
em sete volumes publicada por Ptolomeu, intitulada Sintasis Magna.
Nesta fase, tivemos também Eratóstenes de Cirene, que nasceu na cidade de Cirene, antiga colônia
grega na atual Líbia, em 276 a.C, foi um importante geógrafo, matemático, astrônomo e filósofo
pré-socrático. É um considerado o pai da Geografia na Antiguidade, em função dos importantes
estudos sobre as medições da Terra que realizou. Foi um dos principais cientistas e pensadores da
Grécia Antiga.8

1.3.2. A Geografia na Idade Média.

Durante toda a época medieval até o século XV, o desenvolvimento da Geografia sofreu uma
estagnação, causada pela Igreja Católica.
No século XIII, as viagens e trabalhos de Marco Polo, ofereceram valiosas informações sobre a
Ásia Oriental. Em 1271, realizou uma longa viagem ao Oriente, que durou mais de vinte anos, e
que permitiu-lhe descrever na sua obra Livro das Maravilhas, seus conhecimentos sobre os países
visitados.

8
Ramos, J. E. M. (2020). Eratóstenes.
7

Influenciados pelas viagens de Marco Polo, no século XV, mercadores venezianos realizam
expedições à China. Neste século, os árabes expandem-se, estendendo-se do Atlântico e da Africa
do Norte até à Asia Central.
O início das grandes descobertas marítimas ocorreu em finais do século XV, com as viagens a
África e, principalmente, com a descoberta da América.
Nas viagens de Cristóvão Colombo em l492, rendo ter chegado à India, chegou à América e do
português Vasco da Gama de m 1498, descobriu diversas ilhas das Antilhas e alguns lugares
costeiros do continente americano.
Nesta etapa da evolução histórica da Geografia, a ciência geográfica manteve o seu carácter
descritivo, dedicando-se ao registo de dados e nomes dos elementos geográficos.

1.3.3. A Geografia na Idade Moderna (Renascimento e as Grandes Navegações)

Durante o renascimento, deu-se uma grande mudança na forma de encarar o Mundo e


consequentemente a ciência e o homem. A mentalidade da época, veio estabelecer novos
paradigmas e colocou o homem no centro do Universo com a ideia antropocentrista.
Esta etapa começa entre os Séculos XIV e XV, período da culminação das grandes descobertas
geográficas. Nesta etapa, tem lugar a primeira viagem de circum-navegação da Terra, realizada por
Fernão de Magalhães e Sebastião Elcano, entre 1519 e 1522. A expedição Magalhães - Elcano,
na primeira metade do século XV, teve uma grande transcendência na história da navegação,
porque demonstrou a esfericidade da Terra; descobriu o estreito que separa, ao sul da América, os
oceanos Atlântico e Pacífico e, pela primeira vez, o Oceano Pacífico foi atravessado. A viagem de
circum-navegação de Magalhães - Elcano, fechou o ciclo das grandes descobertas que muito
contribuíram para o desenvolvimento da Cartografia.9
A acumulação de experiências através das investigações geográficas; a expansão do comércio com
as viagens marítimas e as grandes descobertas, o aperfeiçoamento na arte de fazer mapas pelos
muçulmanos, entre outros factores, ampliaram nesta etapa o horizonte científico, particularmente
dos europeus, e levaram à retificação de falsas concepções sobre a Terra e o Universo.
Durante os séculos XV e XVI desenvolve-se um ambiente de estudo, investigação, descobertas e
invenções. De salientar que também nesta etapa, surge uma nova concepção do Universo com a
teoria heliocêntrica de Nicolau Copérnico.
Nicolau Copérnico (1473-1543), investigador matemático, cartógrafo e cientista polaco, elaborou
uma teoria que desfez as suposições dos gregos e romanos, divulgadas pela Igreja Católica durante
a Idade Média, segundo a qual a Terra encontrava-se imóvel no centro do Universo e que à sua
volta giravam o Sol, a Lua, os planetas e, até e as estrelas.

9
Zerquera, J. (2011). Geografia – Modos ver, exigências e aspectos metodológicos. Ed: 1ª Edição.
8

Copérnico defendeu que a Terra não era o centro do Universo, mas que se movia à volta do Sol,
tal como os restantes planetas.
A teoria heliocêntrica constituía uma verdadeira revolução científica. Outros cientistas, entre os
quais Giordano Bruno e Galileu Galilei, continuadores de Copérnico aprofundaram a teoria
heliocentrista. Giordano Bruno (1548-1600), compreendeu que as lutas pela Ciência conduziriam
à luta contra as falsidades da Igreja Católica, aprofundando ainda mais os estudos de Copérnico a
fim de demonstrar a teoria heliocêntrica. Percorreu diferentes lugares da Europa, realizando
conferências a fim de divulgar suas ideias. Foi perseguido pela Igreja Católica e preso pela
Inquisição que, após vários anos de interrogatórios e torturas para que modificasse as suas
afirmações em favor da Igreja Católica, o que não fez, foi condenado a morrer queimado vivo.
Neste período do surgimento de novas concepções sobre o Universo, surge Galileu Galilei (1564-
1642), matemático, físico e astrónomo italiano. Inventor do telescópio que na época permitiu
observar os objectos de um tamanho até 32 vezes maior, comprovou a teoria de Copérnico. O
Galileu, aos 70 anos, foi encarcerado pela Inquisição e obrigado a retractar-se, caso contrário seria
queimado vivo. Em l633 declarou publicamente que as teorias por ele defendidas eram falsas.
Depois de Galileu, intensifica-se o interesse pelo saber e clarificam-se os conceitos
contemporâneos sobre o Universo. Nos séculos XVI e XVII Surgem novas descobertas que
ampliam aprofundam os conhecimentos sobre a Terra.
Em 1620, Francis Bacon (1561-1626), filósofo inglês e fundador da ciência experimental da Idade
Moderna, teve a ideia de que à costa ocidental de África podia-se justapor a costa oriental da
América do Sul.10
O outro grande nome, é João Kepler (1571-1630), astrónomo alemão, apresenta uma teoria do
planeta Marte e formula as leis que têm o seu nome, Leis de Kepler, de que Newton tirou o primeiro
princípio da atracção universal. Kepler, estabeleceu que a Terra e os restantes planetas giram a
volta do Sol em órbitas elípticas (o movimento de um corpo em torno de outro em um caminho de
forma oval).
Neste período, Isaac Newton (l642-1727), físico, astrónomo e matemático inglês, demonstra a lei
da gravitação universal que regeu movimento de todos os corpos no espaço. Realizam-se
explorações no interior da América, em grande parte da Austrália e no nordeste da Ásia. Nesta
etapa, a Geografia inicia a diferenciação como disciplina independente, ramificando-se dela
estudos especializados em relação com diferentes esferas terrestres: a litosfera, a hidrosfera e a
atmosfera, fundamentalmente.
Nos fins do século XVII, com o avanço da Cartografia, os contornos dos continentes eram bem
conhecidos, e muitos cientistas chamaram de novo a atenção para o facto de que alguns dos limites
continentais pareciam encaixar entre si. Tem início com o princípio do próprio processo de
desenvolvimento científico da Geografia.

10
Zerquera, J. (2011). Geografia – Modos ver, exigências e aspectos metodológicos. Ed: 1ª Edição.
9

A Geografia teve valiosas contribuições de Humboldt e Ritter. O Alexander von Humboldt (1769-
1859), filósofo materialista alemão, acelerou o desenvolvimento dos estudos geográficos,
realizando através de diversas viagens, investigações sobre o clima e as formações vegetais que lhe
permitiram a importantes conclusões sobre a relação entre os diferentes fenómenos geográficos. O
Humboldt é considerado um dos fundadores da Geografia moderna.
Por volta de 1900, começou a empregar-se a Ecossonda que envia uma onda sonora até o solo do
oceano, medindo-se, então, a partir de receptor, o tempo entre a emissão do som e a recepção do
seu eco, o que permitia assim calcular a profundidade do mar.
Em 1912, o cientista alemão Alfred Wegener dá a conhecer a sua famosa teoria sobre a deriva dos
continentes. Em meados do século XX foram exploradas as regiões polares e intensificam-se as
investigações, tanto para penetrar na constituição interna do planeta, como para explicar as
camadas superiores da atmosfera.
Em 1957 é lançado o primeiro Sputnik, iniciando-se as explorações da Terra desde o Cosmos. Este
acontecimento ampliou o campo das investigações científico-geográficas.
Em 1961, o cosmonauta Iuri Gagarine teve a honra de ser o primeiro ser humano a realizar um voo
espacial, podendo confirmar assim a esfericidade da Terra. Em 1969, a nave espacial Apolo II, com
três tripulantes a bordo (Neil Armstrong, Edwin Aldrin e Michael Collins) desce no solo Luna.11
Em 1978 é lançado o satélite Seasat que permitiu revelar aos cientistas desconhecidos do Tundo
dos oceanos, permitindo, também, observar os oceanos, tanto de dia como de noite, e detectar a
altura das vagas, as correntes marítimas, os icebergues as zonas de poluição e outros fenómenos
Outras investigações científicas permitiram nesta etapa, obter mais informações sobre o planeta
Terra, fazendo a concretização da Geografia como ciência – com método próprio, objectivos,
objecto de estudo e linguagem. A partir de então, a Geografia passa a adotar conhecimentos
acessórios como a estatística, além de novos equipamentos, como o computador e o satélite.

11
Zerquera, J. (2011). Geografia – Modos ver, exigências e aspectos metodológicos. Ed: 1ª Edição.
10

TEMA 2 - A TERRA: UM PLANETA EM TRANSFORMAÇÃO

2.1. Formas e dimensões da Terra.

Durante muitos anos, a forma da Terra foi motivo de debates e elaboração de teorias, dividindo a
opinião de estudiosos e cientistas. Na Antiguidade, alguns estudiosos acreditavam que esse planeta
era plano, no entanto, muitos sábios, com destaque aos gregos, já afirmavam que a Terra
apresentava formato “arredondado” ou esférico, isso 500 anos a. C. Este conceito, da esfericidade
da Terra, é o mais aceite no meio científico internacional. O aprimoramento das técnicas
cartográficas e o desenvolvimento tecnológico foram de fundamental importância para esclarecer
tal fato.12

Apesar da Terra ser esférica, ela não é uma esfera perfeita, pois a sua superfície não é uniforme,
apresentando inúmeras irregularidades e variações, causadas pelos movimentos tectónicos,
condições climáticas, a erosão, e a acção do homem que mudam a sua configuração. Neste caso, a
Terra é um geoide - uma esfera abaulada no equador e com leve achatamento nos polos . Tal modelo
foi introduzido em 1828 por Carl Friedrich Gauss, um Matemático alemão.

Fonte: http://jovemastronomo.wikidot.com/forma-da-terra

Quanto as suas dimensões, a Terra é o terceiro planeta do sistema solar, tendo como referência o
Sol. Somente nela é possível encontrar água no estado líquido, sendo que cerca de 70,69 % de sua
superfície é coberta por essa substância. Outra característica peculiar da Terra é que, até o
momento, é o único planeta que abriga seres vivos.

Com a utilização de instrumentos altamente avançados, como, por exemplo, os satélites artificiais
e as sondas espaciais, foi possível estabelecer que a Terra possui cerca de 510 milhões de
quilômetros quadrados, dos quais 149 milhões são de terras firmes e 361 milhões são de água. As
suas linhas costeiras (litorais) somam cerca de 356 milhões km.

12
Francisco, W. de C. e. (2020). A forma da Terra.
11

De acordo com a União Astronômica Internacional (UAI) e a União de Geodésia e Geofísica


Internacional (UGGI), o achatamento da Terra, é pequeno, visto que o diâmetro da Terra no sentido
da linha do Equador é de 12.756 quilômetros, enquanto entre os polos Norte e Sul é de 12.714
quilômetros, ou seja, uma diferença de apenas 42 quilômetros e possui uma circunferência de
40.075 km.

Estrutura da Terra

A forma da Terra, é suportada por uma estrutura interna e uma externa. A estrutura interna, é
constituída pela crosta, o manto e o núcleo. Podemos comparar essa estrutura com a de um
abacate: a casca da fruta sendo a crosta, a polpa sendo o manto e o caroço sendo o núcleo.

✓ A crosta, é a camada superficial, podendo ser chamada de litosfera. É nessa camada que
estamos, que se localizam relevos, oceanos, mares, rios e a biosfera. Para os seres humanos,
é a camada em que há o desenvolvimento da vida. Para ter-se uma ideia, a espessura da
crosta pode variar de 5 km a 70 km. Mesmo com esse tamanho, ela é só a “casca” do planeta,
o que revela a imensidão dele. A crosta oceânica, é a parte que está abaixo do mar, tendo
de 5 km a 15 km de espessura. É menos espessa do que a crosta continental. Ela pode ter
uma espessura de 30 km a 70 km, sendo a parte do planeta que forma os continentes. As
suas temperaturas podem chegar aos 1000º C, sendo que a mesma aumenta à medida que
“entramos” no planeta;

✓ O manto está situado a uma profundidade que pode variar de 70 km a 2900 km. É formado
pelo magma, que tem em sua constituição elementos como sílica, magnésio e ferro. Nessa
grande área, está localizado o magma, uma camada viscosa que envolve o núcleo e
é responsável pela movimentação das placas tectônicas, situadas na litosfera.
O manto superior está abaixo da litosfera, numa profundidade de até, aproximadamente,
670 km. Nele encontramos a astenosfera, uma área de característica viscosa que permite a
movimentação da crosta ao longo de milhares de anos, modificando o relevo terrestre.
O manto inferior, localizado a uma profundidade de 670 km a 2900 km, encontramos
a mesosfera, parte sólida dessa estrutura que chega próximo ao núcleo. Ele é sólido devido
à pressão exercida pelo peso da Terra e com temperaturas que chegam aos 2.000°C;

✓ O núcleo é a camada mais profunda do planeta, chegando a 6700 km. O núcleo externo é
líquido, tendo uma espessura de, aproximadamente, 1600 km. Já o núcleo interno é sólido,
com vários compostos minerais, entre eles níquel e ferro. Essa camada é responsável pelo
campo magnético que existe ao redor do planeta. A temperatura nessa região pode chegar
a 6500 ºC.13

13
Matias, Á. (S.a). Planeta Terra.
12

Fonte: https://static.mundoeducacao.uol.com.br/mundoeducacao/2022/10/esquema-
camadas-terrestres.

Além da estrutura interna da Terra, é necessário o estudo sobre as esferas da mesma:

O planeta Terra é constituído por três esferas: a atmosfera (camada gasosa), a hidrosfera (o
conjunto de águas), a litosfera (as rochas e os minerais) e elas formam a biosfera (a vida, os biomas)

✓ A atmosfera é a camada gasosa que envolve o nosso planeta, acompanhando seus


movimentos e unida a ele pela ação da gravidade. Essa estrutura é formada por
uma mistura de gases que compõe o ar e é indispensável para a existência dos animais e
vegetais que habitam a Terra. Como atua na manutenção do equilíbrio térmico do planeta,
a atmosfera fornece o oxigênio necessário à respiração, permite a transmissão do som, a
combustão e absorve grande parte da radiação emitida pelo sol. Isso é muito importante,
pois apenas a energia necessária à vida chega até a superfície terrestre. A maior parte da
atmosfera é composta por nitrogênio (78%), seguida por oxigênio (21%) e gás carbônico
(1%). Apenas uma pequena parte da sua composição apresenta vapor de água e outros
gases. É basicamente formada por oxigênio, nitrogênio e água, mas contém outros
elementos químicos, tendo as seguintes camadas: a troposfera, a estratosfera, a mesosfera,
a ionosfera e a exosfera;

✓ A hidrosfera engloba todas as partes formadas por água (estado líquido ou sólido) no globo
terrestre, abrangendo os oceanos, rios, lagos, glaciares, águas subterrâneas e neve. Ela
ocupa cerca de 70,69 % da superfície total da Terra e 0,03% do seu volume total (o que se
compreende, dado que apenas diz respeito à água situada à superfície da Terra);
13

✓ A litosfera é a porção mais externa da esfera terrestre. Ela é formada por solos, rochas e
minerais que compõem grandes blocos rochosos chamados de placas. Na litosfera, temos
a formação de continentes e ilhas, as terras emersas. É uma das poucas áreas do mundo
conhecidas de forma direta pelo ser humano;

As três esferas juntas, formam a biosfera. Na biosfera, nós temos os elementos orgânicos e
inorgânicos e os seres vivos, que auxiliam na prosperidade da vida do planeta.14

2.1.1. Provas e consequências da esfericidade da Terra.

Há mais de dois mil anos, o filósofo grego Aristóteles, por meio de observações do posicionamento
das estrelas, afirmou que a Terra deveria possuir o formato circular. Em 500 a.C., os gregos
observaram que, em diferentes posições na Terra, as constelações no céu mudam, e que navios se
aproximando da costa mostram primeiro o mastro (topo). Essas evidências comprovam que
estamos sobre uma esfera, e não em um sistema plano.15

Entre as provas da esfericidade da Terra temos:

✓ As circum-navegações

Fernão de Magalhães e Sebastião Elcano, no século XVI, executaram a primeira circum-


navegação bem-sucedida. Ao seguir sempre na mesma direção, o navio, após determinado tempo,
retornava ao ponto inicial, confirmando o formato circular da Terra.

✓ Veja um barco a navegar em direção ao horizonte

Ao observar um barco a partir do porto, entendemos que se a Terra fosse plana, veríamos o barco
só a ficar cada vez mais pequeno à medida que se afastava da costa. Mas como a Terra é quase
esférica (quase, porque é ligeiramente achatada nos polos), à medida que ele se afasta da praia
vemos a base a esconder-se primeiro e depois o topo, temos a sensação de que ele está a afundar-
se ou a mergulhar no horizonte. Associado a isso, a Terra faz uma curvatura a cada 5 km. Essa
curvatura não nos permite ver a mais de 5 quilómetros em linha reta.

✓ Os fusos horários

Para um planeta com formato plano, o Sol deveria nascer ao mesmo tempo para todos os habitantes,
porém não é isso que se observa. Neste caso, todos os lugares da Terra, teriam a mesma hora solar.
Amanheceriam e anoiteceriam a mesma hora. Mas, quando a luz do Sol brilha em determinado

14
Stoodi. (2020). Estrutura da Terra: interna e externa.
15
Júnior, J. S. da S. (2018). Qual é o formato da Terra?
14

lugar, sempre é noite em um ponto oposto, e isso acontece somente porque a Terra possui formato
arredondado.

✓ Explorações e evidências espaciais

As órbitas dos satélites, a Estação Espacial Internacional, o lançamento de astronautas desde Iuri
Gargarine, primeira pessoa a sair do planeta, e as imagens captadas por satélite são excelentes
evidências do formato circular do planeta.

✓ Observe um eclipse
Um eclipse lunar ocorre quando a Lua é ocultada pela sombra da Terra. Ora, como o nosso planeta
é redondo, a sombra também é redonda e vai cobrindo assim a superfície lunar. Se ela fosse plana,
a sombra da Terra não passaria de uma linha que atravessava a Lua. E, como sabemos, não é isso
que observamos.

Essas e muitas outras constatações comprovam que o planeta possui formato esférico, com os polos
achatados. A Terra mantém um movimento de rotação com velocidade de 1645 km/h e gira ao
redor do Sol, estrela que nos fornece luz e calor.

2.2. Causas das transformações do planeta.

O nosso planeta formou-se há mais ou menos 4,6 bilhões de anos. De lá para cá, a Terra passou
por constantes mudanças, algumas nítidas, outras bem longas e que os seres humanos não
percebem. Tais mudanças podem ocorrer de fatores internos, como a energia do núcleo, ou fatores
externos, como chuvas, processos erosivos e a ação humana.16

Os agentes do relevo são classificados conforme a origem de suas ações, aqueles que atuam abaixo
dos solos são chamados de agentes endógenos ou internos e aqueles que atuam sobre a superfície
são chamados de agentes exógenos ou externos.

Agentes Internos

Os agentes internos ou endógenos também são chamados de formadores e são: o tectonismo,


os abalos sísmicos e o vulcanismo.

✓ Tectonismo: Também chamado de diastrofismo, é todo e qualquer movimento realizado a


partir de pressões advindas da região localizada sobre o magma da Terra e que mexem com
as placas tectónicas. Aqueles processos de duração longa (sob o ponto de vista do tempo
geológico) são chamados de epirogênese e aqueles de curta duração são chamados
de orogênese. Dentre as paisagens formadas pelo tectonismo, temos as montanhas, as
cordilheiras, os vulcões e todas as paisagens que, posteriormente, são novamente
modificadas pelos agentes externos de transformação do relevo.

16
Matias, Á. (S.a). Planeta Terra.
15

✓ Abalos sísmicos: estão diretamente ligados à dinâmica tectônica. São gerados pelo
movimento agressivo das massas da crosta interior da Terra ou do manto terrestre,
resultante de abruptas acomodações das camadas rochosas. Podem ser resultantes do
choque entre duas placas que se encontram (movimentos convergentes), do afastamento
entre elas (movimentos divergentes) ou quando placas vizinhas movimentam-se
lateralmente, raspando uma na outra (movimentos transformantes).

✓ Vulcanismo: são atividades de erupção do magma localizado no interior da Terra em


direção à superfície. Esse material quente e pastoso costuma encontrar brechas para a sua
ascensão nas zonas de encontro entre duas placas tectônicas, onde existem falhas e fraturas
que permitem a sua passagem. Dos agentes endógenos de transformação do relevo, o
vulcanismo é o que provoca mudanças na superfície de forma mais rápida, através da ação
do magma sobre os solos, mas a formação dos próprios vulcões é lenta, o que leva milhares
de anos para acontecer. Geralmente, os solos localizados em regiões vulcânicas, ou cuja
origem remonta a atividades vulcânicas em tempos pretéritos, costumam ser extremamente
férteis, em virtude da quantidade de minerais que são liberados durante as erupções.

Agentes externos

Os Agentes externos ou exógenos, também chamados de transformadores, são responsáveis


pela erosão (desgaste) e sedimentação (deposição) do solo. Eles são: os ventos e as águas.

✓ O agente externo mais atuante sobre a transformação dos solos é a água, seja de origem
pluvial (chuvas), seja de origem fluvial (rios e lagos), ou até de origem nival (derretimento
do gelo). A ação das águas também pode ser dividida em fluvial, marinha e glacial. A água
provoca transformação e modelagem dos solos e contribui para a formação de processos
erosivos.

✓ Outro importante agente externo são os ventos, que atuam no relevo também em um
processo lento e gradual, esculpindo as formações rochosas e transportando os sedimentos
presentes no solo em forma de poeira. A ação dos ventos sobre o relevo é também chamada
de erosão eólica. Este agente, forma também as dunas.

Além dos processos erosivos, há também o intemperismo, que é resultante da ação de


transformações físicas, químicas e biológicas sobre os solos. Esse processo também é conhecido
como meterorização e é responsável pela desintegração e decomposição dos solos e das rochas.

Influência do homem na transformação do meio.

Tudo o que está ao nosso redor advém da natureza. Ela é a condição fundamental para a
sobrevivência humana, desde seu estágio natural até a sua transformação executada pela ação
humana, a chamada segunda natureza.

A interferência do homem na natureza é indispensável para a continuidade do funcionamento da


sociedade, mas por outro lado é preciso lembrar que a natureza e seus recursos são esgotáveis e
16

que ela necessita de respeito e cuidados especiais. Por vezes percebemos que o homem esquece
que faz parte da natureza.17

O homem com as suas actividades diárias, tem poluído o ambiente com a emissão de plásticos nos
oceanos e a elevação dos níveis de CO2.

A poluição é um dos elementos fundamentais da transformação do Planeta. A poluição atmosférica


que é a alteração do equilíbrio físico, químico ou biológico, que tem efeitos adversos no normal
funcionamento das formas de vida. São causadas pela industrialização, crescimento urbano e a
circulação rodoviária.

No clima, se regista mudanças que nos levam ao aquecimento global, através do efeito estufa. Neste
caso, o aquecimento global, consiste no aumento anormal da temperatura na superfície terrestre.

O efeito estufa é uma produção natural gasosa que contém parte da radiação solar (A radiação
solar é a energia proveniente do Sol emitida por meio de ondas eletromagnéticas. Ela é a principal
fonte de calor para a Terra), na atmosfera terrestre. Sem o efeito estufa, a Terra seria 30º C mais
fria em relação ao que é hoje, o que dificultaria a existência da vida no planeta.

O efeito estufa consiste no aquecimento das baixas camadas da atmosfera devido a intercepção
pelas nuvens, poeiras e gases (principalmente os poluentes) das radiações infravermelhas (ondas
de calor) emitidas para a superfície do nosso planeta.

A radiação solar corresponde a radiação luminosa (luz) e a radiação calorífica em que sobressaem
as radiações infravermelhas e as luminosas, são de pequeno comprimento de onda e atravessam
facilmente a atmosfera, diferente das radiações infravermelhas (radiações caloríficas), que são de
grande comprimento de onda pelo que têm mais dificuldades de atravessar a atmosfera. A radiação
luminosa absorvida pela camada superficial da Terra é convertida em radiação infravermelha
(calor) que vão sendo continuamente liberadas no processo da radiação terrestre (Radiação
terrestre: radiação emitida pela superfície terrestre).

A atmosfera funciona como o vidro de uma estufa, deixa-se atravessar pelas radiações luminosas,
que depois são absorvidas pela camada superficial da Terra e são convertidas em energia calorífica.

A energia calorífica tende a escapar para o alto e a atmosfera, tal como o vidro é pouco permeável
e faz uma barreira, dificultando a subida do ar, onde uma parte vai para a camada mais baixa e faz
elevar a temperatura.

17
Freitas, E. de. Transformação da natureza; Brasil Escola.
17

São os principais responsáveis deste processo o vapor de água, o dióxido de carbono (CO2), os
óxidos de azoto, o metano e as partículas sólidas e líquidas da atmosfera.18

Os gases de efeito estufa, como o CO2 e outros poluentes como os Metano (CH4), Óxido Nitroso
(N2O), Hexafluoreto de Enxofre (SF6) e duas famílias de gases, Hidrofluorcarbono (HFC) e
Perfluorcarbono (PFC), são agravados, maioritariamente pelas actividades humanas, pela queima
de combustíveis fósseis (carvão mineral, o petróleo e o gás natural), pelas indústrias e o
funcionamento dos veículos.

Como consequências, temremos a médio ou longo prazo, as inundações e longos períodos de


estiagem (seca), isto nos países tropicais; grandes quantidades de chuva, derretimento dos gelos,
nos países polares e subpolares; o aumento do nível do mar, o desaparecimento de algumas ilhas,
a falta de água potável, os incêndios florestais, a queda na produção agrícola, a diminuição da
biodiversidade e as chuvas ácidas.

2.3. A Teoria da Deriva Continental e a Teoria da Tectónica de Placas.

A Teoria da Deriva Continental

A Deriva continental é uma Teoria que explica o movimento das massas continentais ao longo do
tempo geológico, considerando que anteriormente os continentes estavam todos agregados e
possuíam outras formas e localizações.

A Teoria em referência, foi formulada pelo cientista alemão Alfred Wegener em 1912, quando este
afirmou que entre 200 e 300 milhões de anos atrás, com base em observações realizadas em várias
expedições, teria existido uma única massa continental a Pangeia (Todas as terras), cercado por um
só oceano, o Pantalassa (todos os mares). Nesta época iniciou-se o processo de transformações que
chegaram até aos nossos dias, com a seguinte ordem geológica:

✓ A aproximadamente 250 milhões de anos, surge a Pangeia, uma massa continental que
agregava todos os continentes;

✓ A aproximadamente entre 150 milhões de anos dá-se a separação do supercontinente


formando a Laurásia e a Gondwana;

✓ A aproximadamente 100 milhões de anos dá-se a separação da Gondwana, surgindo a


América do Sul, a África, a Austrália e a Antárctica/Antártida;

18
Chova, J; Zequera, J. (s.a). Geografia 10ª Classe – 2º Ciclo do Ensino Secundário. Luanda, Angola.
18

✓ A aproximadamente 65 milhões de anos, se dá a divisão da Laurásia, em América do Norte


e a Eurásia. Deu-se também a configuração actual dos continentes.

Wegener foi acumulando dados das mais diferentes origens, a partir das quais levantou a hipótese
de que todos os continentes, em tempos remotos, teriam estado unidos, formando uma única massa
terrestre. As observações foram a base da Teoria e levaram as seguintes provas:

✓ Semelhanças entre as costas continentais: consultando antigos mapas, Wegener


considerou que que haviam grandes semelhanças entre as costas de África e América do
Sul e que teriam estado juntos. Outros continentes, quando deslocados de certa maneira,
pareciam ser peças adicionais do mesmo puzzle. Vendo as semelhanças das respectivas
costas, foi construído um mapa da Terra onde os todos os continentes formavam um
Supercontinente a que chamou Pangeia - palavra derivada do grego e que significa “toda a
terra”. A parte norte da Pangeia é geralmente designada Laurásia, e a parte sul Gondwana.

✓ Dados paleontológicos: alguns fósseis dos répteis que foram encontrados na América do
Sul e em África, eram compatíveis. O Wegener verificou que, reconstituindo a Pangeia,
esses fósseis se encontravam em lugares próximos desses continentes. Estudou também a
localização de um fóssil vegetal, semelhante aos fetos, chamado Glossopteris. Fósseis desta
planta foram encontrados na Antárctica, África, Austrália, América do Sul e Índia. A fim
de desvendar o porquê dos mesmos fósseis se encontrarem em continentes separados por
milhares de quilómetros, Wegener marcou no mapa da Pangeia os locais;

✓ Dados paleoclimáticos: a paleoclimatologia é a ciência que estuda os antigos climas.


Wegener era meteorologista e geólogo e, como tal, sabia que determinados tipos de rochas
sedimentares só se formam em determinadas zonas da Terra. Por exemplo, os glaciares e
os sedimentos glaciários só se formam a baixas temperaturas e, geralmente, a grande
altitude. Os desertos e as rochas que neles se encontram aparecem apenas entre as latitudes
30° Norte e 30º Sul, aproximadamente. Os recifes de corais e zonas pantanosas encontram-
se em zonas de climas equatoriais ou tropicais. Sendo assim, as rochas sedimentares
reflectem as latitudes em que se teriam formado;

✓ Dados geológicos: Wegener verificou que uma rocha pouco comum ou uma sequência
diferente de rochas se encontravam de um e outro lado do oceano Atlântico. Quando
assinalou essas rochas no mapa da Pangeia, verificou que as formações do lado ocidental
do Atlântico tinham continuidade no lado oriental do mesmo oceano. Por exemplo, as
rochas deformadas existentes na África do Sul são idênticas às existentes na província de
Buenos Aires, na Argentina.19

19
Chova, J; Zequera, J. (s.a). Geografia 10ª Classe – 2º Ciclo do Ensino Secundário. Luanda, Angola.
19

A teoria de Alfred Wegener levou os Cientistas mais cépticos a pedir uma explicação que
justificasse o mecanismo do movimento dos continentes. Wegener, tinha evidenciado que os
continentes se tinham deslocado, mas nada disse sobre o modo como se moviam ou qual era a
origem da força responsável pelo seu movimento. Finalmente, depois de muita discussão,
apresentou duas possibilidades alternativas para explicar esse mecanismo: 1° - Os continentes
abrem caminho através da crosta oceânica impelidos como um barco através da água; e 2° - A
crosta continental flutua sobre a crosta oceânica.

Vários físicos provaram imediatamente que as duas hipóteses propostas eram impossíveis. A crosta
oceânica é extremamente resistente, pelo que os continentes, não podiam abrir caminho nem flutuar
nela. Os cálculos dos físicos, foram rapidamente aceites por muitos cientistas para provar que a
Teoria proposta por Wegener, sobre a deriva dos Continentes estava errada. Apesar de estes dados
físicos só provarem que o mecanismo estava errado e não negarem as evidências da semelhança
das costas, dos dados paleontológicos, paleoclimáticos e geológicos. A partir de 1930 (ano da morte
de Wegener), durante uma expedição à Gronelândia, quase todos os geólogos ignoraram a sua
teoria.

Tempos depois, em 1960, inesperadamente, se ressuscitou a teoria de Wegener, em resultado de


novas informações sobre o campo magnético terrestre. Actualmente, a importância dos contributos
de Wegener é reconhecida.

Em 1968, o desenvolvimento dos conhecimentos sobre o fundo dos Oceanos, a actvidade sísmica
e o campo magnético terrestre, permitiram provar uma nova teoria conhecida como Teoria da
Tectónica de Placas.20

20
Chova, J; Zequera, J. (s.a). Geografia 10ª Classe – 2º Ciclo do Ensino Secundário. Luanda, Angola.
20

Teoria da Tectónica de Placas

A Teoria da Tectónica de Placas envolve um conjunto de informações sobre a Deriva Continental


e a Expansão dos fundos oceânicos. É uma Teoria unificadora, que ganhou força nos anos 60,
quando novas investigações sobre o campo magnético da Terra e dos fundos oceânicos.

O conceito de Placa Tectónica foi proposto em 1967 por McKenzie e Parker e mais tarde por W.
Joson Morgan, com o fundamento de que a litosfera está dividida em placas que se movem na
superfície terrestre com uma velocidade que varia entre 1 à 18 centímetros por ano.

Os limites entre as Placas Tectónicas é o ponto de grande actividade geológica e serve para explicar
também a formação do relevo, das cadeias montanhosas, vulcões, sismos e outros fenómenos
geológicos que acontecem na Terra.21

As placas tectónicas são grandes blocos rochosos semirrígidos que compõe a crosta terrestre,
movimentando-se de forma lenta e contínua podendo aproximar-se ou afastar-se uma da outra. As
mesmas, possuem uma espessura média de 40 Km e flutuam sobre o magma (astenosfera).

Existem 14 placas tectónicas principais que são: a placa Africana, a placa do Pacífico, a placa de
Nazca, a placa de Cocos, a placa das Caraíbas/Caribe, a placa da Grécia, a placa da Anatólia, a
placa da Iraniana, a placa Arábica, a placa Antárctica, a placa Euroasiática, a Placa Indo-
australiana, a das Filipinas e a Sul americana.

Fonte: https://www.google.com/amp/s/mundoeducacao.uol.com.br/amp/geografia/as-
principais-placas-tectonicas.htm

21
Souza, R. (s.a). Placas tectônicas; Brasil Escola.
21

A movimentação das placas tectónicas

As placas tectónicas movem-se em função do movimento convectivo que transfere o calor do


núcleo (a camada mais interna da Terra), para as camadas mais externas, provocando a separação
ou junção dos continentes por causa dos movimentos. A crosta terrestre encontra-se sobre o manto,
que é composto por magma. O calor intenso proveniente do interior, provoca uma pressão e
consequentemente uma movimentação circular do manto e esta pressão, por sua vez, move as
placas tectónicas.

Limites das placas tectónicas

Limites das placas tectônicas correspondem às zonas de encontro entre as placas, ou seja, são as
fronteiras ou margens das placas, nas quais ocorre intensa movimentação, como atividades sísmicas
e vulcanismo. Entre os limites, temos os seguintes:

✓ Limite divergente: no movimento divergente, as placas afastam-se umas das outras,


formando fendas e rachaduras na crosta terrestre. Assim, quando ocorre o movimento das
correntes convectivas ascendentes, o magma do interior da Terra atravessa as fendas, sendo
levado para a superfície. O magma, então, resfria-se e é acrescentado às bordas das placas,
que aumentam de tamanho. A separação das placas oceânicas dá origem a dorsais
mesoceânicas (cadeias montanhosas submersas no oceano), que provocam expansão do
fundo oceânico, originando terremotos e vulcões. Já a separação das placas continentais
pode originar terremotos e formar vulcões e vales em rifte (regiões em que a crosta terrestre
sofre uma fratura, provocando afastamento das porções vizinhas da superfície terrestre);

✓ Limite convergente: no movimento convergente, as placas aproximam-se e chocam-se


umas contra as outras. Quando o movimento convergente ocorre entre uma placa oceânica
e uma placa continental, a primeira retorna ao manto, enquanto a segunda enruga-se,
formando dobras. Isso ocorre porque as rochas das placas oceânicas são mais densas que
as rochas das placas continentais. Quando ocorre um choque entre duas placas oceânicas,
apenas uma das placas afundará, no caso, a mais densa entre as duas. Quando o choque
ocorre entre duas placas continentais, não há afundamento das placas, visto que a densidade
das duas é a mesma, logo, ambas sofrem dobramento. Um exemplo desse tipo de choque
foi o que ocorreu entre as placas Euroasiática e a Indiana, que deu origem à Cordilheira do
Himalaias, em que se encontra o Monte Evereste;

✓ Limite transformante: no movimento transformante, as placas deslizam umas em relação


as outras, provocando rachaduras na região de contacto entre as placas. Nesse movimento,
não há destruição nem criação de placas, podendo, em alguns casos, originar falhas. Um
grande exemplo de movimento transformante ocorreu entre a Placa do Pacífico e a Placa
Norte-América, resultando na falha de San Andreas, no estado da Califórnia, nos Estados
Unidos.
22

2.4. O relevo terrestre

A formação do relevo terrestre está ligada as dinâmicas interna e externa do planeta. No caso, a
dinâmica interna, é responsável pela formação do relevo, enquanto que a dinâmica externa é
responsável pela sua modificação. Entre os agentes internos temos: o tectonismo, o vulcanismo e
os abalos sísmicos; já os agentes externos são o vento e a água. De modo geral, a acção dos agentes
externos é dominada pela erosão. O trabalho da erosão tem três etapas fundamentais: o desgaste
ou remoção, o transporte e a deposição ou acumulação dos materiais que formam a crosta.

O relevo é o conjunto de formas que são observadas na superfície terrestre – as diferentes formas
que um terreno apresenta. Em outras palavras, podemos dizer que o relevo corresponde às variadas
feições da litosfera, camada mais externa do planeta, que são ocasionadas pela atuação de uma
série de fatores combinados que modelam a superfície. A área do conhecimento responsável pelo
estudo das formas de relevo é a Geomorfologia.22

A partir da análise do modelado terrestre, é possível fazer a identificação de quatro formas


principais. São elas: montanhas, planaltos, planícies e depressões.

✓ Montanhas: constituem as maiores elevações da superfície terrestre, podendo atingir


milhares de metros acima do nível do mar, caracterizadas ainda pelas encostas íngremes
(vertentes bastante inclinadas) e pelos vales profundos formados entre uma encosta e outra.
As montanhas e cadeias montanhosas (cordilheiras) são formadas pela ação de agentes
endógenos, como o soerguimento de partes da crosta terrestre a partir do encontro de placas
convergentes que formam o que chamamos de dobramentos. Os dobramentos modernos
constituem as feições mais novas e elevadas da litosfera atualmente, as quais sofreram
pouca interferência dos processos erosivos. Como exemplo, podemos citar as cordilheiras
dos Himalaias e dos Andes. Os dobramentos antigos são aqueles em que as forças exógenas
atuaram por um maior período de tempo, constituindo assim formas mais rebaixadas
modeladas a partir de um substrato mais antigo, dando origem a outras feições de relevo
(serras, planaltos). O Monte Evereste, na Cordilheira do Himalaia, é um exemplo de
montanha formada em uma região de dobramentos modernos.

✓ Planaltos: os planaltos são áreas elevadas compostas por feições planas ou onduladas onde
predomina a ação dos processos erosivos - são áreas elevadas com relevo acidentado,
apresentando feições aplainadas com escarpas íngremes que os separam das áreas mais
rebaixadas -, isto é, os agentes exógenos. Localizam-se acima dos 300 metros de altitude e
são mais baixos do que as cadeias montanhosas. Caracterizam-se ainda por formas como
chapadas e mesas, que possuem topo plano e escarpas íngremes nas laterais – possuem
vertentes inclinadas.

✓ Planícies: correspondem a áreas rebaixadas e de feições planas, formadas a partir de


processos de deposição de sedimentos pela ação das águas de rios, lagos, mares e também

22
Guitarrara, P. (s.a). Relevo;
23

de geleiras. As planícies são compostas por terrenos baixos e pouco acidentados, cujas
elevações máximas chegam aos 200 metros, aproximadamente.

✓ Depressões: as depressões são unidades de relevo caracterizadas por serem mais rebaixadas
do que as áreas que a circundam, com terrenos planos ou levemente inclinados formados a
partir de longos e intensos processos erosivos. São, superfícies bastante acidentadas.
Quando as áreas rebaixadas estão situadas a altitudes menores que a do nível do mar, são
chamadas de depressões absolutas. As depressões relativas situam-se em cotas altimétricas
superiores à do nível do mar. A depressão do Mar Morto é considerada a depressão absoluta
mais profunda do mundo, com cotas que chegam a 400 metros abaixo do nível do mar.

É importante notar que a ação antrópica acelera os processos de intemperismo e erosão,


transformando, assim, a paisagem e as formas de relevo.23

23
Guitarrara, P. (s.a). Relevo;
24

TEMA 3 - OS MAPAS GEOGRÁFICOS NO ENSINO DA GEOGRAFIA

O mapa é a representação cartográfica plana de uma região mais ou menos grande, que obedece a
uma escala. É ainda definida como a “representação simbolizada da realidade geográfica, com
aspectos e características seleccionados, resultante do esforço criativo do autor, que é concebida
para ser utilizada quando as relações espaciais têm importância essencial”.24

Hoje, o conjunto de informações que os mapas podem retratar é muito amplo, abrangendo
características físicas e humanas ou económica dos lugares, por este motivo, eles tornaram-se
também indispensáveis para o nosso quotidiano.

3.1. Elementos do mapa geográfico.

Os elementos do mapa geográfico constituem aspectos fundamentais para a leitura e a utilização


dos mapas. O mapa, tem cinco (5) elementos fundamentais, a saber: o título, a legenda, a escala, a
orientação e a fonte.

✓ O título: é o elemento que indica o tema e a natureza das informações, o tempo e a


localidade. Muitos mapas podem apresentar subtítulos e também informações adicionais ao
título, como datas, períodos históricos e unidades de medida, facilitando a sua interpretação.
O título vem regularmente posicionado na parte superior do mapa, sendo assim a primeira
informação com a qual o leitor entra em contato.

✓ A Legenda: indica o significado dos símbolos empregados nos mapas. Esses símbolos
podem ser as cores adotadas, o tipo de traço (linha contínua, linha pontilhada, linha dupla),
formas geométricas (chamadas de pontos), o preenchimento da área (hachura, pontilhado,
linhas na diagonal) ou mesmo os desenhos que indicam construções, estabelecimentos ou
elementos fixos da paisagem (como estradas, rodovias, aeroportos, hospitais).

✓ A Escala: indica quantas vezes a superfície real foi reduzida para que pudesse ser
representada no mapa. As escalas aparecem geralmente na porção inferior de um mapa, e
podem ser expressas tanto na sua forma gráfica (reta graduada) quanto na forma numérica
(razão entre a medida no mapa e a medida no real).

✓ A Orientação: indica a posição do Norte geográfico e dos demais pontos cardeais,


orientando na localização da área representada e na forma de se compreender o mapa. Pode
ser representada por meio de uma seta indicando o ou também por meio de uma rosa dos
ventos.

✓ A Fonte: indica a origem das imagens aéreas e/ou dos demais arquivos (base cartográfica)
utilizados para a confecção do mapa.

24
Nassel, C. W. (2011). Princípios Básicos de Cartografia e Sistemas de Informação Geográfica (SIG), p. 2
25

Rosa-dos-ventos

Pontos cardeais Pontos subcolaterais


N – Norte
S – Sul NNE – Nor-nordeste
E – Este ENE – És-nordeste
O – Oeste ESE – És-sudeste
SSE – Sul-sudeste
Pontos colaterais NNO – Nor-noroeste
NE - Nordeste ONO – Oés-noroeste
SE - Sudeste OSO - Oés-sudeste
SO - Sudoeste SSO – Sul-dudoeste
Fonte: Apostila Pré-vestibular de Geografia Física, 2012. NO – Noroeste

3.1.1 – A escala cartográfica

A escala é a relação de proporcionalidade entre a distância real e a distância no mapa.


Normalmente, procura-se fazer a representação da superfície terrestre sobre um planisfério, mas
em uma dimensão menor que a realidade, não descartando os detalhes essenciais existentes na
mesma.

Nesta relação de proporcionalidade a representação deve-se também ter em conta a proporção a


adaptar para representar cada área. A escala indica-nos o número de vezes que o mapa foi reduzido
em relação a realidade. Deste modo, uma escala de 1/50.000, que também pode ser representada
por 1:50.000, significa que 1 centímetro medido no mapa corresponde a 50.000 centímetros na
realidade ou seja 500 metros, é esta a relação de proporcionalidade que caracteriza as escalas.

E = Escala numérica; D = um comprimento tomado no terreno, que denomina a distância real ou


natural, normalmente representada por m ou km; d = um comprimento homólogo no desenho,
denominada distância no mapa, normalmente representada por mm ou cm. (CARVALHO;
ARAÚJO, 2008, p 2)

3.1.2 – Tipos de Escala.

Existem dois tipos de escala, a saber: a escala gráfica e a escala numérica.

✓ A escala gráfica é a representação de distâncias sobre uma linha reta graduada. Esta
representação determina a mesma realidade que a lida através da escala numérica, cada
intervalo da reta graduada no mapa corresponde a 1 cm, e este por sua vez, equivale ao
valor pautado pela escala numérica. A escala gráfica trata-se de uma representação gráfica
da escala numérica. São compostas por um segmento de recta de comprimento variável e
que é normalmente dividido em espaços de um centímetro”. Significa que uma escala
gráfica, embora seja presentada em uma linha recta, a sua representação é feita também na
presença de números, pois os gráficos por si só, não explicam o tamanho da mesma;
26

✓ A escala numérica é aquela que é representada por uma fracção, onde o numerador
representa a distância no mapa e o denominador a distância no real ou no terreno. Escala
numérica - é representada por uma fração na qual o numerador representa uma distância no
mapa, e o denominador, a distância correspondente no terreno. Nesta ordem de ideias, a
escala, por ser uma fração ou relação entre dois valores com o mesmo tipo de unidade de
medida ou comprimento, após a simplificação não tem unidade métrica definida. A esta
representação, estabelece-se que 1 (é a distância no mapa) e o 50.000 (a distância real ou
no terreno). Quanto maior for o denominador menor é a escala e quanto menor for o
denominador, maior é a escala.25

3.1.3 – Classificação da Escala quanto o tamanho.

Os mapas classificam-se em mapas de pequena escala, os de média escala e os de grande escala.

✓ O mapa de pequena escala, que tem o marco de 1:500 000 para escalas inferiores, é
designado por mapa de reconhecimento ou de síntese, pois nos apresenta de modo
abreviado a descrição dos mapas, ou seja, tem pouca informação, estes apresentam uma
área muito grande e deixam de parte os detalhes. Os mapas com este tipo de escalas,
normalmente, servem para mapas gerais, como os mapas de países, continentes e o mapa-
múndi;

✓ O mapa de escala média, varia de 1:500 000 à 1:50 000, é considerado um mapa de semí-
detalhes, pois apresenta uma área mais reduzida em relação ao mapa de escala pequena,
embora seja uma escala esclarecedora e muito prática, não apresenta na íntegra os detalhes
possíveis em um mapa. É neste em que enquadramos os mapas topográficos;

✓ O mapa de escala grande, tem o marco aos 1:50 000 para escalas superiores, esta é
considerada, escala de detalhes, pois apresenta uma área mais reduzida e com todos os
detalhes da área, embora não se pode obter todos os detalhes em um levantamento, fruto da
impossibilidade humana e dos custos. Aqui, apresentam-se os mapas como as plantas
cadastrais, planos topográficos, levantamento de detalhes, projectos de engenharia e
construção civil;

Essa é uma parte muito delicada no estudo das escalas, pois, existem um jogo de vocabulários que
acabam por dificultar a compreensão, mas na prática continua a ser uma modalidade de se perceber.
Assim sendo a ideia de mapa, torna-se geral, pois pode-se apresentar denominações diferentes,
fruto do tamanho ou a informação.26

25
Chova, J; Zequera, J. (s.a). Geografia 10ª Classe – 2º Ciclo do Ensino Secundário. Luanda, Angola.

26
Nassel, C. W. (2011). Princípios Básicos de Cartografia e Sistemas de Informação Geográfica (SIG.
27

Aspectos técnico-metodológicos para o cálculo da escala cartográfica

Para fazer o estudo da escala, precisamos de conhecimentos básicos de matemática, como o


domínio das unidades de comprimentos, os exercícios de multiplicação e divisão
fundamentalmente.
Existem cinco tipos de problemas com escalas que consistem em:

✓ Converter escalas numéricas em escalas gráficas;


✓ Converter escalas gráficas em escalas numéricas.
✓ Calcular distâncias reais;
✓ Calcular distâncias no mapa;
✓ Calcular a escala do mapa;

Devemos entender que para maior eficácia, é necessário dominar o funcionamento da tabela das
unidades de comprimento, assim sendo, temos:

Quilómetro Hectómetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro

Km Hm Dam M Dm Cm Mm

Da esquerda para a direita, devemos adicionar casa, ou seja, multiplicar e da direita para a esquerda,
devemos eliminar casas, ou seja, dividir. O número para mediar tanto a divisão, quanto a
multiplicação é 10.

Para uma compreensão mais facilitada, devemos entender que na maioria das vezes, os exercícios
têm as escalas métricas mais comuns: km, metros e cm. Logo, é necessário entender o seguinte:
✓ de km para cm: adiciona-se 5 zeros.
✓ de cm para km: corta-se 5 zeros.
✓ de km para metro: adiciona-se 3 zeros.
✓ de metro para km: corta-se 3 zeros.
✓ de cm para metro: corta-se 2 zeros.
✓ de metro para cm: adiciona-se 2 zeros.

Conversão de escala gráfica em escala numérica

1º - Analise um mapa com a seguinte escala gráfica: 0 500 Km


Converte numa escala numérica.
2 cm

Dados: Cálculos:
Escala numérica=?
____2____ = ____1____
Distância no mapa = 1 cm 50 000 000 X

Distância real = 500 Km = 50 000 000 cm X = 1 x 50 000 000 = 25 000 000 cm


2
28

R.: A escala numérica do mapa é de 1/ 25 000 000.

Conversão de escala numérica em escala gráfica

2º - Converte numa escala gráfica, um mapa com a seguinte escala numérica: 1/ 7 500 000.

Dados: Cálculos e resposta:

Escala = 1/ 7 500 000 0 75 Km


Distância no mapa = 1 cm
Distância real = 7 500 000 cm = 75 Km 1 cm
Cálculo de escalas
3º - Para de estudar um dos mapas da província do Uíge, o professor de Cartografia do Isced do
Uíge, fornece aos estudantes os seguintes dados: 8 cm e 70 km. Determine a escala do mapa em
questão.

Apresentação dos dados Resolução do problema


Dados E= D/d
D= 70 km = 7.000.000 cm E= 7.000.000/8
d= 8 cm E=875.000 cm
E=?

R: A escala do mapa em estudo é de 1: 875.000.

Cálculo de distâncias reais

3º - Em um mapa de escala 1: 100 000, a distância em linha recta entre duas cidades é de 5 cm.
Qual a distância real entre elas?

Apresentação dos dados Resolução do problema


Dados Fórmula e Resolução
E=1:100 000 D=E x d
d=5 cm D=100 000 x 5
D=? D=500 000 cm
D=5 km

R: A distância real, medida em linha recta entre as duas cidades é de 5 km.

Cálculo de distâncias no mapa

4º - Em um mapa de escala 1: 2.000.000, quantos centímetros serão necessários para representar


uma reta de 250 km reais?
29

Apresentação dos dados Resolução do problema


Dados d= D/E
E= 1: 2.000.000 d= 25.000.000/2.000.000
D= 250 km = 25.000.000 cm d= 12,5 cm
d=?

R: serão necessário 12,5 cm para representar 250 km, num mapa de escala 1: 2.000.000.

3.2 – As projecções cartográficas

As projeções cartográficas são representações da superfície esférica da Terra em um plano,


possibilitando a construção de um mapa. Um mapa corresponde à representação aproximada da
superfície terrestre em um plano utilizando as coordenadas geográficas.

Tipos de projeções cartográficas

Existem diversos tipos de projeções, sendo assim, nenhuma representa fielmente essa superfície,
pois nunca estará livre de distorções. Entre elas temos as seguintes:

✓ Projeção plana ou azimutal: corresponde à projeção em que a superfície terrestre é


projetada sobre um plano tocante. O ponto tocante ao plano normalmente representa ou o
polo norte ou o polo sul. Nessa projeção, os paralelos e meridianos são projetados formando
círculos concêntricos. Essa projeção pode ser de três tipos: polar, equatorial e oblíqua. É
normalmente utilizada para representar áreas menores.

✓ Projeção cônica: corresponde à projeção em que a superfície terrestre é projetada sobre um


cone tocante. Assim, para planificar a área esférica, a base utilizada é um cone. Nessa
projeção, os meridianos convergem para os polos e os paralelos formam arcos concêntricos.
Assim, as deformações aumentam conforme há o afastamento do paralelo que se encontra
em contato com o cone. Esse tipo de projeção é normalmente utilizado para representar
regiões continentais.

✓ Projeção cilíndrica: corresponde à projeção cuja superfície esférica terrestre é projetada


sobre um cilindro tocante. Assim, para planificar a área esférica, a base utilizada é um
cilindro. Normalmente, as regiões polares nessa projeção são representadas com exagero.
Esse tipo de projeção geralmente é utilizado para representar o globo como um todo, tal
como o mapa-múndi.27

27
Freitas, E. de. (s.a). Projecções cartográficas; Brasil Escola.
30

Fonte: https://www.todamateria.com.br/projecoes-cartograficas/

Modelos de projeções

Devido aos variados tipos de projeções cartográficas, foram desenvolvidos diversos modelos de
projeções cartográficas por muitos geógrafos, cartógrafos e estudiosos da área. Os modelos mais
conhecidos são:

✓ Projeção de Mercator: a projeção de Mercator, apresentada em 1569 pelo cartógrafo


Gerhard Mercator, corresponde a uma projeção cilíndrica, cujos paralelos (linhas retas
horizontais) e meridianos (linhas retas verticais) cruzam-se em ângulos retos. Nessa
projeção, a superfície sofre deformação no sentido leste-oeste e os polos apresentam-se em
exagero.

✓ Projeção de Peters: a projeção de Peters foi apresentada em 1973 pelo historiador Arno
Peters. Contudo, a versão de Peters é uma reformulação de uma representação de 1885,
proposta por James Gall. Assim, essa projeção é também conhecida como Projeção Gall-
Peters. Essa projeção corresponde a uma projeção cilíndrica equivalente e sua principal
característica é o achatamento no sentido leste-oeste e a deformação no sentido norte-sul.
Essa característica dá a impressão de que os países em altas latitudes são menores, dando
maior destaque aos países “menos desenvolvidos”.

✓ Projeção de Robinson: a Projeção de Robinson foi proposta em 1961 pelo geógrafo e


cartógrafo Arthur H. Robinson. Ela corresponde a uma projeção afilática e pseudocilíndrica
apesar de não possuir nenhuma superfície de projeção, suas características assemelham-se
à projeção cilíndrica. Nessa projeção, há alteração das formas e das áreas. A representação
dos meridianos ocorre por meio de curvilíneas e os paralelos por linhas retas. A intenção
dessa projeção é reduzir as distorções angulares, o que gera uma distorção mínima das áreas
continentais, sendo, portanto, considerada a projeção que melhor apresenta as massas de
terra.
31

Mercator Projeção de Peters Projeção de Robinson

Devido à grande dificuldade de representar algo esférico em uma superfície plana, as projeções
cartográficas costumam apresentar distorções, sejam elas na área, na forma ou no ângulo. Assim,
cada projeção, entre as centenas existentes, prioriza algum aspecto em sua representação e nunca
estará livre de distorções, portanto, não representará fielmente a superfície. Pode-se dizer então que
não há uma projeção cartográfica ideal. A escolha de cada uma estará relacionada com o propósito
daquilo que se quer representar. A representação que apresenta menos problemas quanto às
alterações, e mais se aproxima da realidade, é o globo.

3.3 – Coordenadas geográficas

O sistema de coordenadas geográficas é formado por linhas imaginárias traçadas sobre a superfície
terrestre. Coordenadas geográficas são um conjunto de linhas imaginárias, entre meridianos e
paralelos, que se cruzam, formando uma rede sobre o globo. É sobre coordenadas que são
identificadas as medidas de latitudes e longitudes, respectivamente. As mesmas, dão a localização
exacta dos elementos e constituem o meio mais eficaz para a localização de elementos na
natureza.28

Podendo ser calculadas sobre um planisfério ou obtidas via GPS, as coordenadas geográficas de
qualquer referencial são obtidas por meio do ponto formado pelo cruzamento entre um paralelo e
um meridiano. Sendo assim, podemos tratar dos dois elementos dela:

✓ Latitude: é a distância em graus de qualquer ponto na superfície terrestre até a Linha do


Equador. O Equador representa o ponto inicial de contagem das latitudes e, por essa razão,
é considerado o paralelo de latitude de 0°. As latitudes são sempre medidas
horizontalmente, no sentido norte-sul (ou sul-norte), e variam de 0 a 90° em ambos os
hemisférios. Quando escrevemos uma latitude, devemos deixar indicada a qual hemisfério
ela corresponde: norte (N) ou sul (S, ou com sinal de negativo antes do valor). As latitudes
formam os paralelos. Os paralelos são linhas imaginárias traçadas horizontalmente sobre o
globo terrestre, dando uma volta completa sobre ele. Elas recebem esse nome por serem

28
Freitas, E. de. Coordenadas geográficas; Brasil Escola.
32

paralelas ao Equador, sobre o qual foi delimitada a Linha do Equador, que divide a Terra
em Hemisfério Norte e Hemisfério Sul. Nota-se que os paralelos se tornam menores à
medida que se distanciam do Equador e se aproximam dos polos. Os paralelos têm como
principal função a medição das latitudes. Algumas latitudes importantes são: O equador:
0º; Círculo Polar Ártico: 66º33’ N; Trópico de Câncer: 23º27’ N; Trópico de
Capricórnio: 23º27’ S; Círculo Polar Antártico: 66º33’ S.

✓ Longitude: é a distância em graus de qualquer ponto na superfície terrestre até o Meridiano


de Greenwich. Esse meridiano foi escolhido como o ponto de partida para a contagem das
longitudes, motivo pelo qual tem o valor de 0°. As longitudes são medidas sempre no
sentido leste-oeste (ou oeste-leste), e a sua gradação vai de 0 a 180° em ambos os
hemisférios. É preciso sempre indicar a qual hemisfério a longitude que escrevemos está
relacionada: leste (L) ou oeste (O, ou com sinal de negativo). As longitudes formam os
meridianos. Os meridianos são linhas imaginárias traçadas verticalmente sobre o globo
terrestre, perpendicularmente aos paralelos. Têm como principal função a determinação das
longitudes. O Meridiano de Greenwich é o meridiano de referência para o sistema de
coordenadas geográficas, na determinação das longitudes, e também para a contagem dos
fusos horários.

Todas as coordenadas geográficas são expressas em graus (°), minutos (´) e segundos (´´). A
localização das coordenadas geográficas pode ser feita mediante o uso de instrumentos e
equipamentos cartográficos, sejam eles analógicos ou digitais, como mapas, sobre os quais é
possível calcular as coordenadas com o auxílio de escalímetros ou réguas, GPS de navegação e
aplicativos que podem ser acessados em qualquer computador ou celular. No caso dos meios
digitais de localização, os valores de latitude e longitude já são fornecidos automaticamente.

3.4. Tipos de mapas geográficos.

Na classificação dos mapas, existem dois grandes grupos bem definidos, que são os mapas físicos
e os mapas humanos. Os mapas físicos são aqueles que representam os aspectos naturais da
superfície terrestre, isto é, da forma mais exacta possível. Entre eles, destacam-se o mapa
Hipsométrico, o mapa da vegetação, o mapa geológico, o mapa das precipitações, o mapa das
temperaturas e o mapa topográfico. Já os mapas humanos são aqueles que representam todas as
actividades humanas, quer sejam elas do fórum político, urbanístico, económico ou demográfico.

Mapa Topográfico

Este tipo de mapas, usa as linhas de curvas de nível para representar o relevo. Representa a visão
aérea do relevo, com as linhas mais próximas representando o topo dos relevos, e as linhas mais
distantes a base desses relevos.

A Curva de nível é o nome usado para designar uma linha que agrupa os pontos que possuem a
mesma altitude dentro de um mapa. Por meio dela são confeccionados os mapas topográficos, pois
a partir da observação o técnico pode interpretar suas informações através de uma visão
tridimensional do relevo. Uma curva de nível refere-se a curvas altimétricas ou linhas isoípsas
33

(ligam pontos de mesma altitude), essa é a mais eficiente maneira de representar as irregularidades
da superfície terrestre (relevo).

Os relevos de maiores altitudes possuem curvas de níveis mais próximas umas das outras, enquanto
que as mais distantes representam terrenos mais planos. Quanto mais próximas são as curvas, mais
inclinado é o relevo, quanto mais separado, menos inclinado é.

A partir da visualização de uma curva de nível é


possível identificar se o relevo de uma determinada
área é acidentado, plano, montanhoso ou íngreme.
Diante dessa afirmação, percebe-se que as
configurações das linhas são determinadas pelas
características do relevo da área mapeada.

3.5. Símbolos nos mapas geográficos.

A simbologia ou a definição dos símbolos, passa


pelas convenções cartográficas em um mapa,
representam as últimas transformações que a
informação é submetida.

Uma das grandes vantagens de um documento


cartográfico é a sua universalidade. Na realidade,
Fonte: https://www.facebook.com/ingeosmart
ele não precisaria de uma linguagem escrita
padronizada para que possa ser analisada e
interpretada.
Qualquer linguagem, utiliza símbolos para poder traduzir uma ideia ou um determinado fenómeno.
Assim, pela associação de símbolos, chega-se perfeitamente a uma analogia e ou mesmo uma
comparação de fenómenos para facilitar a comunicação. A comunicação deve ser clara, legível e
nítida. Uma boa carta, pode ser lida sem legendas, porém, necessita dela para uma interpretação
mais aprofundada e nisso, os símbolos devem estar em sintonia e com a natureza e conceito do
objetco a representar.
Tipos de símbolos

Existem vários tipos de símbolos, em função dos dados espaciais a representar. Daí destacamos
três tipos, a saber: os pontuais, os lineares e os zonais ou de áreas.

✓ Os símbolos pontuais, são convenções individuais, tais como pontes, triângulos ou estrelas,
usadas para representar um lugar ou uma cidade;
✓ Os símbolos lineares, são convenções lineares para indicar elementos com características
de linhas, tais como os cursos de água, rodovias ou fronteiras;
✓ Os símbolos zonais ou de áreas, são convenções que se estendem no mapa, caracterizando
a área de ocorrência de um fenómeno como a água, as jurisdições administrativas, o tipo de
solo ou a vegetação.
34

Associados aos símbolos, existem as cores mais usadas com as suas devidas representações:

✓ Azul: representa fenómenos hidrológicos como lagos, rios, pântanos ou mares;


✓ Verde: indica a vegetação em geral, tal como as florestas, pomares e grandes plantações;
✓ Castanho: todos os fenómenos do relevo, tais como as curvas de níveis ou cortes;
✓ Preto: indica os fenómenos culturais ou construções humanas;
✓ Vermelho: é usado em algumas ocasiões para indicar rodovias;
✓ Rosa: serve para indicar áreas urbanizadas;29

3.6. Métodos de elaboração dos mapas geográficos.

Os meios cartográficos são produzidos de forma padronizada, com custos de produção muito
elevados, sendo por isso que normalmente a mesma é feita por organismos estatais ou públicos,
empregando engenheiros geógrafos e hidrógrafos.

Os processos Cartográficos para a execução dos mapas são:

1. Recolha e selecção de dados para a elaboração de mapas;


2. Manipulação e tratamento de dados, para o desenho e realização de mapas;
3. Produção e simbolização de mapas;
4. Leitura Resposta ou interpretação dos dados (layout final – Mapa);

A elaboração de um mapa, o que compreende a concepção e à produção do mapa, implica:

✓ Recolha de dados (sensor remoto, trabalho de campo, censos, estatísticas várias, GPS.);
✓ Selecção e classificação (escolha e tratamento da informação);
✓ Simplificação (ou generalização cartográfica, no seu sentido mais lato);
✓ Simbolização (codificação dos dados que passam a símbolos gráficos);
✓ Reprodução (impressão ou outro tipo de multiplicação e difusão do original).

O mapa construído é uma representação selectiva da realidade (contendo localizações e atributos


de tais localizações) e não a própria realidade enquanto.30

3.7. Valor pedagógico e científico dos mapas geográficos na prática quotidiana.

A Cartografia, fornece um instrumento indispensável para a prática da pedagogia em algumas


ciências. Este instrumento é o mapa, que é um recurso pedagógico ligado ao Ensino da Geografia,
que nos possibilita a análise do espaço nas suas dimensões e formas utilizando as representações
cartográficas, que possibilitam visualizar o que se aprende e se ensina.

O seu valor a nível didáctico é de dinamizar a prática de sala de aula e a nível científico é de
reforçar o poder da investigação e o conhecimento dos lugares. O seu valor, passa também pela

29
Campos, A. C. (2007). Cartografia Básica.
30
Nassel, C. W. (2011). Princípios Básicos de Cartografia e Sistemas de Informação Geográfica (SIG), p. 3
35

aquisição do conhecimento e a formação de indivíduos capazes de analisar os fenómenos


geográficos e relacioná-los quando possível. A importância dos mapas para a aprendizagem da
Geografia, torna-se imensurável, pois que eles são recursos o fundamentais para o ensino e a
pesquisa.

Os conceitos cartográficos (escala, legenda, orientação, coordenadas, meridianos e paralelos) e os


geográficos (localização, sociedade, paisagem, região, território e lugar), podem ser construídos
perfeitamente a partir das práticas quotidianos, quer em sala de aula, como fora dela.

Se ao ler um texto escrito, atribuímos significado ao mesmo e reforçamos os nossos conhecimentos


sobre a realidade que nos rodeia, podemos igualmente dizer que, ler um mapa é também atribuir
significados, reconstruir representações ou revisitar lugares por meio das representações.31

3.8. O atlas geográfico.

O Atlas é o conjunto de mapas que constituem um livro para representar diversas informações
sobre a natureza e outras particularidades de um lugar. É uma das mais importantes ferramentas de
localização e estudo dos lugares. O mesmo pode ter mapas da Terra toda, de um continente, um
país, região ou cidade. Em geral, os mapas que encontramos nos Atlas, apresentam características
físicas (como o relevo, a vegetação, a hidrografia, o clima ou os solos) e elementos humanos,
como (a população, actividades económicas, culturais e as divisões administrativas).

O Atlas possui diversas finalidades. É usado como fonte para a pesquisa, como meio de consulta,
como material didáctico, como guia de viagem e referência para inúmeras actividades. Ele pode
ser encontrado no formato físico ou digital.
Com a modernização dos meios e a utilização regular do Sistema de Informação Geográfico (SIG)
e suas ferramentas, como o GPS (Sistema de Posicionamento Geográfico), o Google Maps, o
Google Earth e a bússola digital, os mapas impressos têm sido deixados em segundo plano.
Entretanto, para fins específicos, como a pesquisa e consulta escolar, os mapas impressos ainda são
essenciais.

31
Campos, A. C. (2007). Cartografia Básica.
36

TEMA 4 - O SOLO: UM LABORATÓRIO BIOLÓGICO EXTRAORDINÁRIO

O solo é a camada que cobre a superfície terrestre. Os solos são corpos formados por meio do
intemperismo químico e do intemperismo físico das rochas, sendo constituídos essencialmente por
minerais, matéria orgânica, água e ar. O mesmo corresponde à porção superficial da Terra onde é
realizada a maior parte das atividades humanas. Trata-se de uma parte integrada da paisagem,
responsável pela sustentação da vida vegetal e da manutenção dos recursos naturais relacionados.
Acima de tudo, o solo é também um importante recurso natural.

O processo de formação dos solos é chamado de pedogênese e ocorre principalmente em razão da


ação do intemperismo, responsável pelo desgaste de uma rocha original (rocha mãe) e sua gradativa
transformação em sedimentos, que dão origem ao material que compõe os solos.32

O solo, tem uma profundidade efetiva e apresenta-se dividida em cinco categorias: muito rasa (<25
cm); rasa (25 a 50 cm); moderadamente profunda (50 a 100 cm); profunda (100 a 200 cm); e muito
profunda (>200 cm).

4.1. Os constituintes do solo.

A composição do solo é variável de um tipo de solo para outro, pois os elementos químicos
presentes na sua composição variam por meio de fatores como: umidade, Sol, vento, organismos
vivos, clima e até a presença de biodiversidade. No entanto, encontra-se na composição dos solos,
de modo geral, 45% de elementos minerais, 25% de ar, 25% de água e 5% de matéria orgânica.

O solo é composto por três fases distintas: sólida, que compreende matéria orgânica e
inorgânica; líquida, que é a solução do solo ou água do solo; e a gasosa, que é o ar do solo. As
matérias orgânica ou inorgânica compreendem partículas minerais do solo, originadas do
intemperismo da rocha, ou seja, da sua desintegração. Há também materiais orgânicos provenientes
de animais e plantas, que entram em decomposição e formam a camada de húmus (primeira camada
do solo).

4.2. Factores de formação dos solos.

A característica dos solos, o seu tempo de constituição, a sua profundidade e sua estrutura estarão
relacionados com os elementos atuantes nesse processo, chamados de fatores de formação dos
solos, a saber: o intemperismo ou a meteorização, o material de origem, o relevo, os organismos
vivos, o clima e o tempo. O principal factor da sua formação é o intemperismo.

✓ Material de origem

O material de origem corresponde à formação rochosa original que foi intemperizada para dar
origem aos solos, dando a ele suas principais características. Por mais que existam solos cuja

32
Pena, R. F. A. Fatores de formação dos solos. Brasil Escola.
37

composição advém do depósito sedimentar oriundo de diferentes áreas, é a rocha mãe que
determina suas principais características. Assim, materiais rochosos compostos por arenitos, por
exemplo, darão origem a solos arenosos.
✓ Relevo

O relevo também é decisivo no processo de formação dos solos, pois ele exerce direta influência
na forma de atuação dos agentes responsáveis pelo intemperismo, como a água e os ventos. Em
áreas de relevo mais inclinado, a infiltração da água é menor, o que provoca uma menor ação do
intemperismo sobre a rocha mãe e também uma remoção maior dos sedimentos na superfície,
formando solos mais rasos. Já em áreas mais baixas, o acúmulo de água é maior, provocando uma
maior ação intempérica e, por outro lado, dificultando a drenagem, o que ocasiona a redução do
ferro e solos mais orgânicos. Além disso, o grau de inclinação do relevo torna-o menos ou mais
exposto à iluminação solar, o que também afeta a sua composição e textura.
✓ Organismos vivos

Os organismos vivos atuam de forma contínua sobre o solo, tanto na sua formação quanto na sua
transformação, conservando-o ou alterando sua composição físico-química. Nessa categoria,
podemos incluir desde os micro-organismos até os seres humanos. Os micro-organismos, como as
bactérias, algas e fungos, atuam na ação do intemperismo biológico, fazendo-se presentes na
decomposição das rochas e também na alteração dos compostos vegetais ou mineralógicos dos
solos, tornando-os mais férteis ou mais pobres. As plantas atuam na contenção do transporte de
sedimentos e os animais também exercem influência e impactos. No caso dos seres humanos, os
impactos são rápidos e, muitas vezes, profundamente sentidos, como nas ocorrências de erosões,
desertificações e outros processos.
✓ Clima

A maior parte dos agentes intempéricos está relacionada com processos meteorológicos e
climatológicos, a exemplo da água das chuvas, dos ventos e da temperatura. Assim, o tipo de clima
e suas variações ao longo do tempo são determinantes para a formação dos solos e também para a
velocidade do desgaste do material original. Regiões de clima mais quente tendem a apresentar
processos mais acelerados de formação dos solos, pois o calor acelera as relações químicas. A
intensidade e frequência das chuvas, a pressão atmosférica, o índice anual de insolação e a força
dos ventos também são fatores importantes nesse contexto.
✓ Tempo

O período de tempo também precisa ser considerado no processo de formação dos solos. Áreas
formadas em épocas geológicas mais recentes estiveram por menos tempo expostas aos agentes
intempéricos e, por isso, apresentam solos jovens e mais rasos, geralmente com menor quantidade
de material orgânico. Já as áreas geologicamente mais antigas podem apresentar solos mais
38

profundos (a depender dos fatores anteriormente citados) e, em muitos casos, mais “lavados” e
alterados quimicamente.33

4.2.1. Meteorização. Um caso geral.

Designa-se por Meteorização Rochosa ou intemperismo, o processo de alteração das características


e de decomposição gradual das rochas. Embora a maioria das rochas sejam extremamente sólidas
e compactas, estas podem ser decompostas por um conjunto de processos mecânicos ou físicos,
químicos ou mesmo orgânicos. Nos processos mecânicos ou físicos, as rochas são fragmentadas
em pedaços cada vez mais pequenos (por ação dos ventos, das mudanças de temperatura e das
águas), sem que hajam alterações químicas que alterem a sua composição. Já na meteorização
química, provocada pela ação de agentes químicos (incluindo a água) existem alterações na
composição das rochas, levando à sua dissolução e à formação de novos compostos. Quanto à
meteorização orgânica, o agente mecânico ou químico são plantas e fungos (por exemplos os
líquenes). Por norma, estes processos de meteorização são extremamente lentos, sendo difícil
serem percebidos no tempo de uma vida humana.

Geralmente apenas as rochas que se encontram à superfície são afetadas pelos processos de
meteorização, embora aconteçam também processos de meteorização no subsolo (por vezes a
centenas de metros de profundidade) originados pela infiltração da água que lentamente vai
dissolvendo até as rochas mais duras. Em geral, quanto mais extremas forem as condições
climatéricas, mais rápidos são os processos de meteorização rochosa.

4.3. Tipos de solos.

Existem vários tipos de solos. Mas destacamos aqui quatro (4). Entre eles, temos o solo arenoso,
solo calcário, solo argiloso e o solo franco.

4.3.1. Solo arenoso.

O Solo Arenoso, chamado também de “solo leve”, que possui uma textura leve e granulosa, sendo
composto, em grande parte, por areia (70%) e, em menor parte, por argila (15%). Por isso, nos
solos arenosos em geral o escoamento de água através dos poros costumam ser rápidos e secam
rápido após as chuvas. Nesse escoamento, a água pode levar consideravelmente sais minerais,
contribuindo para tornar o solo pobre desses nutrientes. A sua coloração é amarelo claro ou creme.

As principais características desse tipo de solo são:

✓ Consistência granulosa (grãos grossos, médios e finos);


✓ Alta porosidade e permeabilidade;
✓ Pouca humidade;
✓ Seca rapidamente;
✓ Pobre em nutrientes e água;

33
Pena, R. F. A. Fatores de formação dos solos. Brasil Escola.
39

✓ Deficiência em cálcio;
✓ pH (potencial de hidrogénio), ácido e baixo teor de matéria orgânica;
✓ Presença de grandes poros (macroporos) entre os grãos de areia;
✓ Dificulta a sobrevivência de plantas e organismos;
✓ Altamente suscetíveis à erosão.

Para a utilização sustentável do solo arenoso na agricultura, faz-se necessário a adoção de práticas
de conservação como o cuidado do solo por meio de técnicas de manejo, utilização do sistema de
plantio direto, integração lavoura-pecuária, rotação de culturas, adubação verde (adubo orgânico),
dentre outros. No tocante à pobreza de nutrientes dos solos arenosos, é indicado a aplicação de
resíduos vegetais e adubos orgânicos (bagaço de cana, bagaço de coco e estercos de animais) com
fosfato e potássio, já que para a acidez do solo, recomenda-se a adição de calcário.

4.3.2. Solo calcário.

O solo calcário é um tipo de solo que contém muito cálcio ou cal, um material muito usado na
construção de casas. São solos calcários os que apresentarem mais de 30% de calcário. O solo
calcário é de fácil identificação, pois ele contém um grande número de pedras em sua composição.
Ele é impróprio para cultivo, pois as pedras não permitem que a raiz das plantas se desenvolva.

As principais características desse tipo de solo são:

✓ Excesso de pedras;
✓ Altamente permeável;
✓ Não retém água;
✓ Pobre em nutrientes.

Regiões áridas e semiáridas. Coloração é de um branco intenso, cinzento escuro, acastanhada,


devida a baixa concentração de matéria orgânica. Extrema dificuldade para o plantio por sua baixa
concentração de nutrientes quantidade de pedras que dificultam o desenvolvimento e fixação das
raízes.34

4.3.3. Solo argiloso.

O solo argiloso, chamado de “solo pesado”, é uma terra húmida e macia, composto por mais de 45
% de argila, alumínio e ferro. O solo argiloso é uma terra húmida e macia, composto pela argila,
alumínio e ferro.

Características do Solo Argiloso:

✓ Grãos pequenos (microporos) e compactos;


✓ Impermeável a líquidos;
✓ Grande retenção de água;
✓ Alta impermeabilidade;
34
Significados. (2020). Tipos de solos.
40

✓ Grande concentração de nutrientes;


✓ Pouca acidez;
✓ Propício para o cultivo e atividade agrícola;
✓ Mais resistentes à erosão.

O mesmo é utilizado na agricultura e como matéria-prima para fabricação de utensílios e cerâmicas,


além de servir para a fabricação de telhas e tijolos cerâmicos. A sua coloração é amarelada ou
avermelhada

4.3.4. Solo franco.

O solo franco (por vezes loma) é a designação dada nas ciências agrárias e em pedologia aos solos
cuja textura e composição se aproxima do solo ideal para efeitos de cultivo. O mesmo tem a
coloração escura ou acinzentada. Nestes solos, ainda que possam existir variações, as frações de
areia e silte são similares e em torno dos 40% em peso, cada, com a fração de argilas a completar
o peso, com cerca de 15-20% do total.

É um tipo de solo de alta produtividade agrícola, em virtude de ter: uma textura relativamente solta,
facilitada pela areia; elevada fertilidade, fornecido pelo elevado teor em silte; e uma retenção de
humidade adequada, favorecida pelas argilas. É também conhecido por solo misto. Podemos assim
referir que um solo franco é um solo intermédio.

Embora a composição dos solos francos possa variar ligeiramente, as seguintes proporções
percentuais, em peso, podem ser consideradas indicativas: areia – 45 %; silte – 40 %; e argila – 15
%. No solo franco podem ocorrer variações, dependendo do componente com maiores proporções.
Se ocorrer o seguinte: (1) o teor de areia é um pouco mais do que ótimo, é denominado «solo
franco-arenoso»; (2) há algum excesso argila, dando origem a um «solo franco-argiloso».35

4.4. A textura do solo.

Textura é a proporção relativa das partículas sólidas na massa do solo, ou seja, é a proporção
relativa entre areia, silte e argila em um material de solo. A textura escreve a distribuição das
dimensões das partículas constituintes da parte mineral da matriz do solo com base no seu diâmetro
eficaz, em geral considerando apenas as partículas com menos de 2 mm de diâmetro, o que inclui
a areia, a silte e as argilas. Este parâmetro serve de base aos sistemas de classificação usados tanto
no campo quanto no laboratório para determinar as classes do solo com base na sua textura física.
A textura do solo pode ser determinada usando métodos qualitativos, como a determinação da
textura pelo tacto, e métodos quantitativos, como o método do hidrómetro baseado na lei de Stokes.

No campo, a textura pode ser percebida pelo manuseio de amostras. Humedecendo-se uma porção
do solo, trabalha-se com ela entre os dedos atentando-se para a sensação tátil. O manuseio de
amostras é um bom método para se definir a textura do solo.

35
Wikipédia. (s.a). Solo franco.
41

No material onde predomina areia, a sensação é de uma massa áspera e pouco pegajosa, com a qual
não se consegue fazer pequenos rolos alongados. No predomínio da fração siltosa, a sensação tátil
é de um material sedoso, semelhante ao talco, que pode formar rolos alongados que, no entanto,
quebram-se facilmente. Quando há predomínio da fração argila a sensação é de suavidade e
pegajosidade, moldando-se rolos que podem ser manuseados com facilidade, formando argolas
sem que se quebrem.

Para uma análise mais detalhada, as amostras são levadas para laboratório, onde serão tratadas
pesadas e separadas por um conjunto de peneiras calibradas. O peso do material retido em cada
uma das peneiras é comparado com o peso do material tratado, definindo-se aí o percentual de cada
fração.36

4.5. O perfil do solo.

Os materiais que compõem um solo estão dispostos por meio de camadas que recebem o nome
de horizontes. O número de horizontes presentes em um solo não é o mesmo para todos, e a sua
variação acontece em função do tempo de desenvolvimento daquele perfil.

Quando bem desenvolvidos, os solos apresentam, pelo menos, cinco horizontes, os quais
descrevemos abaixo.

✓ Horizonte O: é o horizonte orgânico do solo, representa a camada superficial formada por


matéria orgânica e água. Apresenta coloração mais escura do que os demais horizontes;
✓ Horizonte A: camada formada por minerais e matéria orgânica, o que lhe confere também
uma coloração escura;
✓ Horizonte B: camada formada por nutrientes lixiviados das camadas superiores do solo e
outros minerais decorrentes da decomposição química da rocha. É mais espesso que os
horizontes superiores, e a presença de matéria orgânica é muito baixa;
✓ Horizonte C: corresponde ao horizonte de transição entre a rocha-mãe e as demais camadas
do solo. Apresenta minerais decorrentes do intemperismo químico e também fragmentos
da rocha original, produto do intemperismo químico. Não apresenta matéria orgânica;
✓ Horizonte R: corresponde a rocha não alterada que deu origem ao solo.

A formação dos solos tem início por meio da decomposição química e desestruturação mecânica
de uma camada de rocha, que, então, passa a ser chamada de rocha-mãe ou rocha matriz, uma vez

36
Soil Science Division Staff. (2017). Soil survey sand. C. Ditzler, K. Scheffe, and H.C. Monger (eds.). USDA
Handbook 18. Government Printing Office, Washington, D.C.
42

Perfil do solo
que é ela quem dá origem ao perfil de solo. Dá-se o nome
de pedogénese ao processo de formação de um solo.

A transformação do corpo rochoso recebe o nome de


intemperismo, que, no caso em questão, se dá tanto na sua
forma química quanto física. Na primeira, há a
modificação dos minerais presentes na rocha; enquanto a
segunda é caracterizada fragmentação e divisão dela em
pedaços menores. A constituição de um perfil de solo
somente é possível porque o material intemperizado não é
transportado para outros locais, ou seja, ele permanece
sobre a rocha de origem.

A formação do solo é um processo muito lento que decorre


na escala de tempo de milhares de anos. O
desenvolvimento de somente 2,5 centímetros de um solo
leva de algumas centenas até dois mil anos.

É importante ressaltar, no entanto, que essa é somente uma estimativa que pode variar de acordo
com vários fatores, principalmente o tipo de rocha e a ação dos agentes intempéricos.37

37
Araguaia, M. (s.a). Constituição do Solo. Brasil Escola.
43

TEMA 5 - A AGRICULTURA

A palavra agricultura é uma adaptação do latim agricultūra, de ager “campo” e cultūra “cultivo”
ou “crescimento”.
A agricultura é a atividade que se encarrega da produção alimentar e seus derivados, por meio da
lavragem do solo, com o objetivo de abastecer a população e alavancar a economia. A agricultura
é uma atividade econômica pautada no sistema de cultivo e de produção de vegetais, voltada para
o consumo humano.38

A agricultura foi o principal ponto na ascensão da civilização humana sedentária, por meio da qual
o uso de espécies domesticadas criou excedentes de alimentos que permitiram às pessoas viver nas
cidades. A história da agricultura começou há milhares de anos. Depois de coletar grãos silvestres
por pelo menos 105 mil anos, os primeiros agricultores começaram a plantá-los há cerca de 11,5
mil anos. Animais como porcos, ovelhas e bois foram domesticados há mais de 10 mil anos. As
plantas foram cultivadas independentemente em pelo menos onze regiões do mundo. Desde o
século XX, no entanto, a agricultura industrial baseada na monocultura em grande escala passou a
dominar a produção agrícola, embora cerca de 2 bilhões de pessoas ainda dependiam da agricultura
de subsistência.39

A mesma começou durante o período Neolítico, há cerca de 10 mil anos atrás, nas civilizações
antigas. Na Eurásia, os sumérios começaram a viver em aldeias por volta de 8 mil anos a.C.,
contando com os rios Tigre e Eufrates e um sistema de canais para irrigação. Os arados aparecem
em pictogramas (a forma de escrita pela qual ideias e objetivos são transmitidos através de
desenhos) por volta de 3 000 a.C.. Os agricultores cultivavam trigo, cevada, vegetais como
lentilhas, cebolas e frutas, incluindo tâmaras, uvas e figos. No Egipto, a agricultura dependia do rio
Nilo e de suas inundações sazonais.

As culturas alimentares básicas eram grãos, como trigo e cevada, ao lado de culturas de
manufaturas, como linho e papiro. Na Índia, o trigo, a cevada e a Macã-da-Índia, foram
domesticados por volta de 9 000 a.C., logo seguidos por ovelhas e cabras. O Gado - ovelhas e
cabras-, foram domesticados por volta de 8 000-6 000 a.C. O algodão foi cultivado pelo V-IV
milênio a.C. Além disso, as evidências arqueológicas indicam que o arado puxado já foi utilizado
por volta de 2 500 a.C. na Civilização do Vale do Indo.

Na China, a partir do século V a.C. havia um sistema de celeiros em todo o país e uma agricultura
de seda generalizada. Moinhos de grãos movidos a água estavam em uso no século I a.C., seguidos
pela irrigação. No final do século II, arados pesados foram desenvolvidos com arados de ferro e
aivecas. Estes se espalharam para o oeste através da Eurásia. O arroz asiático foi domesticado entre
8,2 mil e 13,5 mil anos atrás – dependendo da estimativa do relógio molecular que é usado – no
Rio das Pérolas no sul da China com uma única origem genética do arroz.

38
Toda a matéria. (2023). Agricultura
39
Wikipédia. (s.a). Agricultura.
44

Na Grécia e em Roma, os principais cereais eram o trigo e a cevada, juntamente com vegetais,
incluindo ervilhas, feijões e azeitonas. OO gado ovino e caprino eram criados principalmente para
produtos lácteos.

Nas Américas, as culturas domesticadas na Mesoamérica (além do teosinto) incluem abóbora,


feijão e cacau. O cacau estava sendo domesticado pela cultura mayo-chinchipe do alto Amazonas
por volta de 3 000 a.C. Havia ainda, um sistema de plantio companheiro chamado Três Irmãs foi
desenvolvido na América do Norte. As três culturas eram abobrinha, milho e feijão.

Os indígenas australianos, há muito tempo considerados como caçadores-coletores nômades,


praticavam queimadas sistemáticas possivelmente para aumentar a produtividade natural na
agricultura com varas de fogo. Estudiosos apontaram que os caçadores-coletores precisam de um
ambiente produtivo para apoiar a coleta sem cultivo. Como as florestas da Nova Guiné têm poucas
plantas alimentícias, os primeiros humanos podem ter usado “queimadas seletivas” para aumentar
a produtividade das árvores frutíferas selvagens de karuka para sustentar o modo de vida caçador-
coletor.

5.1. O espaço agrário e factores condicionantes da sua organização.

Espaço agrário é a área ocupada com a produção agrícola (vegetal, pastagens e florestas),
habitações dos agricultores e, ainda, infraestruturas e equipamentos que se relacionam com a
atividade mercantil de produção agrícola. O espaço agrário, além de corresponder à área de
produção agrícola, também corresponde à estrutura fundiária (conjunto de normas e leis).

5.1.1. Factores físicos: solo, clima e relevo.

São inúmeras as causas que estão por detrás da organização do espaço agrário, ou seja, vários são
os factores que contribuem para facilitar ou dificultar a expansão da área cultivada, nomeadamente
os factores físico-naturais e factores humanos ou socioeconómicos.

Factores físico-naturais
As plantas cultivadas exigem, para crescer, uma certa quantidade de água e calor, repartidos de
modo preciso ao longo do ano. De uma maneira geral, são os valores mínimos (frio e secura) que
impõem os limites absolutos. Os factores naturais que comandam a organização do espaço agrário
e cuja acção se exerce sobre a produção agrícola são: o clima (temperatura, precipitação, vento e
humidade); o relevo; e o solo.

✓ Clima
A influência climática é a mais importante, e exerce-se em consequência das variações da
temperatura e da humidade. Quando as plantas são de ciclo vegetativo curto, ou seja, levam menos
de seis meses entre o plantio e a colheita, podem adaptar-se a vários tipos de climas. Deste modo,
o trigo, cultura típica de climas temperados, é cultivado em regiões frias, quando a variedade
45

cultivada é de ciclo vegetativo curto, como ocorre nas planícies do Canadá e da Rússia. As terras
do hemisfério sul são as mais favorecidas relativamente temperatura, comparativamente às do
hemisfério norte. Isto acontece por estarem mais próximo do equador e devido à fraca
continentalidade do hemisfério sul. Também a grande extensão oceânica modera o clima da porção
de terra arável. A agricultura depende igualmente da disponibilidade de água (rede hidrográfica).
As grandes civilizações, quer da Antiguidade e mesmo dos países que asseguraram actualmente a
segurança alimentar mundial, fazem-no e o seu desenvolvimento foi possível gravas ao controlo
da água.

✓ Os solos
O solo é o componente principal da prática agrícola. São as características físicas de um solo como
a textura (a maneira como os diferentes elementos estão agrupados), a estrutura, as características
e a composição químicas, que contribuem para a distribuição das espécies vegetais. Assim, a
textura do solo condiciona certas propriedades físicas do solo e dela depende a porosidade; se o
solo apresentar muita porosidade, a água escoar-se-á por gravidade e os espaços encher-se-ão de
gás. Em contrapartida se estes forem mais pequenos, o solo retém água. Se a água ocupa todos os
poros do solo, este torna-se asfixiante pala a planta e é necessária a drenagem. A presença ou não
da manta morta (restos de matéria orgânica - húmus) no solo é fundamental para o desenvolvimento
das culturas. Quanto à composição química, há plantas que exigem mais determinados nutrientes
(potássio, fósforo, nitrogénio, entre outros) enquanto que outras o exigem para outros elementos.
Algumas plantas como o coqueiro e o amendoim preferem solos silicosos/arenosos enquanto outras
plantas preferem solos argilosos. De qualquer modo, para cada tipo de cultura corresponde um tipo
apropriado de solo.

✓ Relevo
O relevo também tem uma influência muito grande sobre a agricultura, pois as regiões tropicais,
em certas áreas, gozam de temperaturas amenas (entre 15 a 20 graus centigrados) durante todo o
ano. Esta amenização da temperatura, possibilita o desenvolvimento de culturas típicas de regiões
de clima temperado em regiões equatoriais e tropicais como frutas, trigo, batata, chá, entre outras.
É o que acontece em regiões de climas modificados pela altitude no Planalto de Angola (Huambo,
Bié e Huila). Portanto, o relevo influi grandemente na distribuição das culturas pois as plantas
organizam-se diferentemente em função da altitude, não só devido às variações da temperatura,
como também pela água. Nos locais do planeta Terra onde aparecem grandes cadeias montanhosas,
Africa, Europa, Ásia e América Latina, os homens lutam contra este factor natural. Muitas vezes,
quando a altitude é excessiva e a temperatura baixa, as grandes montanhas são propicias ao
46

crescimento e desenvolvimento de florestas, ou então ao crescimento de pastos de verão para a


alimentação do gado.

5.1.2. Factores humanos: herança do passado e assentamentos humanos.

A agricultura não depende unicamente de factores naturais, mas também de factores humanos,
nomeadamente, económicos, sociais, culturais e técnicos. Variadas vezes, regiões que possuem
condicionantes naturais similares sujeitam-se a explorações diferentes do solo — o campo tem
tamanhos e formas diversas, a tecnologia usada é relativamente avançada e os produtos cultivados
são variados.

Actualmente, o Homem, servindo-se das tecnologias disponíveis, consegue subverter a acção


rigorosa do clima, umas vezes construindo grandes abrigos (estufas) para evitar a exposição aos
excessos térmicos (frio ou calor), outras vezes irrigando para minimizar o efeito da seca sobre as
culturas. As grandes estufas mantém um microclima artificial, cuja finalidade é cultivar, no
Inverno, produtos de grande valor comercial que, por estarem fora da estação, alcançam maiores
preços – ocorre também em certos países (Japão e Israel) casos de prática de agricultura sem solo
(hidroponia): com esta técnica as raízes recebem uma solução nutritiva balanceada, que contém
água e todos os nutrientes essenciais ao desenvolvimento da planta.

Para melhorar a qualidade do solo e para o conservar, o agricultor serve-se de diferentes técnicas
como, por exemplo, a irrigação (se o solo sofrer de stress hídrico), a drenagem (se os solos tiverem
excesso de água ou encharcados) e a correcção de solos (feita com o recurso aos adubos, mistura
de solos, entre outras). Modernamente, os agricultores adquirem cada vez mais formação e um
conjunto de recursos científicos e tecnológicos, que lhes permitem com menos esforço, produzir
maiores quantidades com maior qualidade, dispensando muita mão-de-obra.

A densidade populacional também contribui para a existência de diferentes estruturas agrárias. Em


regiões onde predomina uma elevada pressão demográfica existe a tendência para o parcelamento
da propriedade criando uma paisagem de campo fechado e para a prática de policulturas intensivas.
Em regiões onde a densidade populacional é fraca ou existe o progressivo abandono da prática
agrícola que leva transformação progressiva da paisagem em campo aberto (openfield), a
consolidação da grande propriedade e a prática de monocultura contribui para diferentes usos e
ocupação do solo como, por exemplo, a urbanização. A lei da oferta e da procura também age como
um factor importante na transformação da paisagem e dos sistemas agrícolas. A agricultura
tradicional ou de subsistência encontra-se muito ligada à preservação de tradições, crenças e
47

costumes, sendo adversa a aplicação de novas técnicas e tecnologias, e não produzindo para o
mercado. Pelo contrário, a agricultura comercial encontra-se profundamente ligada ás leis do
mercado e nesse aspecto, concorrência. Altamente mecanizada, usa técnicas e tecnologia avançada
que permitem maximizar a produção no sentido de obter o máximo lucro.40

5.2. A agricultura na economia mundial. Características.

Atualmente, a agricultura é um dos setores mais estratégicos da economia, visto que é fundamental
para o desenvolvimento econômico e social. O setor propicia um grande volume de empregos e
impostos, contribuindo para o crescimento da economia mundial.

No mundo, sete países (Somália; Burundi; Comores; Sudão do Sul; República Centro-Africana;
Síria e o Iêmen), concentram dois terços do número de pessoas que passam por fome no planeta.
Apesar disso, em boa parte dos países em desenvolvimento, a agricultura continua sendo uma das
atividades econômicas mais importantes, compreendendo ate 30% do Produto Interno Bruto (PIB).

Cerca de 821 milhões de pessoas no mundo ainda passam fome (1 em cada 9 pessoas). Ainda falta
comida suficiente para a maior parte da população mundial manter uma vida saudável, de modo
que 10% da população mundial está exposta à insegurança alimentar grave.

Em 2007, 13,1% das pessoas do mundo se encontravam em estado de desnutrição. Segundo os


últimos dados da FAO, em 2017, esse percentual diminuiu para 10,9%, sendo que a maior parte
reside na África.

A disponibilidade de alimentos para a população é uma condição que impacta a segurança


alimentar. Fatores como conflitos políticos, mudanças e desastres climáticos enfraquecem essa
oferta e elevam os índices de fome no mundo. No entanto, essa disponibilidade não é o único
desafio. O grau de acesso aos alimentos também é determinado pela renda das famílias, os preços
das mercadorias e a infraestrutura física para se chegar aos produtos.

A maior parte dos alimentos consumidos no mundo é produzido em regiões próximas. Mesmo onde
o mercado local não atende a demanda, o comércio tem potencial para suprir essa carência. Entre
as culturas mais produzimos temos o milho que lidera o ranking, com 1,2 bilhão de toneladas,
correspondente a 40% da produção mundial, seguido pelo arroz, com 512 milhões, e pela soja, com
371 milhões. Os quatro maiores produtores são responsáveis por 54% de todos os grãos. Quando
somadas as colheitas, o volume chega a quase 1,8 bilhão de toneladas.

No ranking dos 12 países que mais importaram em 2016, a ordem ficou assim: China; Estados
Unidos da América; Alemanha; Países Baixos; Japão; França; Itália; Bélgica; Canadá; Espanha;
Índia; México. Em relação aos países que mais exportaram: Estados Unidos; Países Baixos;
Brasil; Alemanha; França; Espanha; Canadá; China; Bélgica; Itália; Austrália; Indonésia.

Manso, F. J; Victor, R- (2010). Geografia 12ª Classe – Pré-universitário. 1ª Edição. Longman Moçambique,
40

Maputo.
48

5.2.1. Definição de uma política agrícola.

A Política agrícola é o conjunto de medidas que orientam as atividades agropecuárias, conforme


os interesses da economia rural, prestando assistência ao produtor e amparo à propriedade de
terra.41 Em outras palavras, a política agrícola busca garantir o pleno uso da terra e a integração do
setor agropecuário com as demais atividades econômicas do país. Para definirmos uma política
agrícola, devemos ter em conta alguns pontos que beneficiam a população, entre eles, podemos
citar:

✓ Assistência e acesso facilitado ao crédito;


✓ Garantia de preços justos e compatíveis com o mercado;
✓ Progresso técnico às lavouras e à produção;
✓ Difusão do escoamento da produção e das redes de armazenamento;
✓ Apoio às atividades de comércio;
✓ Criação de programas para a construção de moradias e escolas rurais;
✓ Acesso aos meios de comunicação;
✓ Assistência médica.

Em uma política agrícola inclusiva e que permite um desenvolvimento sustentável, são muitos os
beneficiários. Os pequenos, os médios e os grandes produtores saem ganhando porque há espaço
para todos contribuírem para o crescimento econômico. A população em geral é beneficiada com
a segurança alimentar, ao consumir produtos de qualidade, e também ao ver os impactos ambientais
diminuindo, com uma exploração mais consciente dos recursos naturais.

E, por fim, o estado, que pode integrar as atividades agropecuárias com outros setores importantes
da economia, como a indústria, por exemplo, e ver o PIB do país crescer.

5.3. Tipos de agricultura.

Os tipos de agricultura correspondem a diferentes maneiras de produção agrícola, as quais se


adequam às características do ambiente no qual serão realizadas. Essas características podem ser a
formação vegetal que constitui o local, as condições climáticas do ambiente, o relevo, a composição
do solo e a demanda de produção existente.

5.3.1. Agricultura intensiva e extensiva.

As atividades agrícolas que correspondem a todas as fases de plantio (preparação, correção,


adubação, plantio, colheita e venda) dividem-se em dois tipos, geralmente segundo o tamanho da
área e da produtividade alcançada:

✓ Agricultura intensiva: corresponde à prática agrícola com altos índices de produtividade e


capital investido. Conta com a mão de obra qualificada, um alto nível de mecanização e
tecnologia. Há rotação de culturas e uso intenso de fertilizantes e insumos, que colaboram

41
BRASIL. Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964.
49

para o aumento da produção. As áreas destinadas a essa produção possuem custo elevado.
As sementes usadas no plantio passam por rigorosa seleção. É comum o esgotamento dos
solos em razão de seu uso permanente. A produção é destinada para a exportação ou
comercialização em larga escala.

✓ Agricultura extensiva: esse tipo de sistema agrícola não conta com muito capital investido.
Não há emprego de tecnologias avançadas, portanto, a mão de obra é rudimentar e pouco
qualificada. Como não há muita exploração das terras, a produtividade é baixa. Não é
comum o uso de adubos e fertilizantes. Também não há correção dos solos, contando então
apenas com a fertilidade natural dele. A mão de obra do homem sobrepõe-se à mecanização.
A produção é voltada para o mercado interno.

A fim de ganhar mais eficiência, a agricultura intensiva usa praticamente todo o solo disponível na
propriedade e todo o trabalho é otimizado por meio de maquinários e técnicas bem-planejadas. Em
contrapartida, a agricultura extensiva tem uma ampla quantidade de terra, mas com baixa utilização
e produtividade, embora seja a mais sustentável.

5.3.2. Agricultura de monocultura e policultura.

Na agricultura, a monocultura é uma técnica que se baseia no cultivo de apenas um tipo de cultura
ao mesmo tempo num campo específico. Para isso, é necessário a preparação prévia da terra. A
monocultura constitui um dos aspectos mais discutíveis na agricultura. A crescente população atual
e, por conseguinte, da demanda de alimentos faz da agricultura de monocultura a solução mais
simples para resolver estes problemas. Porém, como as suas consequências têm uma influência no
sustento das pessoas, o conceito de monocultura tem que ser analisado mais de perto, considerando
suas vantagens e inconvenientes, assim como, sua alternativa mais importante, a policultura.
Suas principais vantagens:
✓ Aumento da Produtividade e Eficiência;
✓ Abrir Espaço para as Novas Tecnologias;
✓ Produção Especializada;
✓ Aumento do Rendimento;
✓ Maior Facilidade de Gestão
Desvantagens da monocultura:
✓ Gestão de Pragas;
✓ Maior Utilização de Pesticidas;
✓ Degradação do Solo e Perda de Fertilidade;
✓ Maior Utilização de Fertilizantes;
✓ Maior Utilização da Água.

A policultura é a prática agrícola que consiste no cultivo de várias espécies na mesma área ou
campo, seja de modo simultâneo, seja em sequência (com a rotação de culturas). A atividade é o
oposto da monocultura, técnica de cultivar uma única cultura em grande escala, e gera uma série
50

de benefícios para as plantas, para o solo e para o meio ambiente, mas existem algumas dificuldades
para a sua implantação e manutenção.
A policultura é o método de produção mais sustentável e com menor impacto ambiental. Praticado
em diversas partes do mundo, principalmente na produção de alimentos destinados ao mercado
local, a policultura é a solução natural para vários problemas enfrentados pelo agronegócio de
exportação.
A policultura tem muitas vantagens, entre elas:
✓ Maior biodiversidade;
✓ Melhoria da saúde do solo;
✓ Diminui a dependência de insumos sintéticos;
✓ Lucratividade
A grande desvantagem da policultura é que pode dificultar o uso de máquinas agrícolas.
A policultura pode ser encontrada em diversas regiões e tipos de sistemas agrícolas em todo o
mundo, no entanto, é mais comumente praticado em sistemas de agricultura de pequena escala, de
subsistência e na agricultura familiar. Isso ocorre porque a policultura pode ser uma forma mais
sustentável e eficiente de produzir alimentos em pequenos lotes de terra, onde recursos como água
e fertilizantes podem ser limitados.42

5.4. Consequências ecológicas da prática de vários sistemas agrários.

O processo de modernização da agricultura, baseado no uso intensivo de insumos industrializados,


promoveu grande aumento da produção agropecuária. A agricultura moderna com insumos
industrializados, apesar de aumentar a produção agropecuária, não faz bem à saúde. Hoje, observa-
se em todo o mundo uma preocupação com a vulnerabilidade do sistema de produção agrícola
baseado no uso irracional de insumos modernos.

Outra marcante preocupação com o sistema de agricultura moderna é a tendência de diminuição da


capacidade produtiva do solo, resultante da erosão e da perda de matéria orgânica, da tendência de
degradação do meio ambiente e da contaminação dos produtos obtidos através do uso abusivo de
produtos químicos.

Problemas mais impactantes na produção com uso de produtos químicos:

✓ Degradação do solo: a agricultura moderna, recomenda aração mecânica, gradagem e


cultivos, muitas vezes, com máquinas pesadas. Esses processos mecânicos intensivos na
terra, acabam degradando permanentemente o solo.

42
Kogut, P. (s.a). Monocultura Agrícola.
51

✓ Contaminação do solo e da água: intensificou-se o uso de insumos modernos, quais sejam,


adubos químicos, defensivos químicos (insecticidas) e sementes híbridas, em todos os
campos agrícolas do mundo inteiro, inclusive dos países pobres. Em poucos anos, as terras
ficaram degradadas, erodidas, sem vida, isto é sem microrganismos benéficos, e surgiram
pragas e moléstias, afetando gravemente a lavoura. Como consequência, todas as terras
agrícolas e os rios que correm nessas terras foram demasiadamente contaminados.

✓ Resistência de pragas e moléstias aos defensivos químicos: As pragas e moléstias ficaram


mais resistentes aos defensivos químicos, demandando doses crescentes para o seu controle,
o que colocou em risco a saúde dos produtores e dos consumidores

A agricultura natural e o uso racional dos produtos químicos, são as soluções para estes problemas,
já que consiste na liberação plena da potencialidade das forças naturais do solo e o não uso de
produtos químicos.43

5.5. Importância da agricultura.

A agricultura é uma atividade de grande importância alimentícia, estratégica e econômica. A


produção de alimentos é de suma importância, tanto para o suprimento das sociedades quanto para
o fornecimento de matérias-primas. Os países grandes produtores de alimentos têm um papel de
destaque na cadeia mundial de suprimentos, sendo importantes atores em termos geopolíticos. Esse
cenário é ainda mais descartável em um contexto de mudanças climáticas e de recorrentes crises
alimentares.

Atualmente, a agricultura é um dos setores mais estratégicos da economia, visto que é fundamental
para o desenvolvimento econômico e social. O setor propicia um grande volume de empregos e
impostos, contribuindo para o crescimento da economia mundial. Ademais, ele também contempla
diversas inovações tecnológicas, desde a área de máquinas e equipamentos até a de biotecnologia,
que são significativas para o aumento da produção alimentar.44

43
Anna, L. M. (s.a). Problemas da agricultura moderna.
44
Campos, M. (s.a). Agricultura.
52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Edição.

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