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Universidade de Évora

Escola das Ciências Sociais


Curso: História e Arqueologia
Unidade Curricular: Elementos de Geografia de Portugal
Docente: Domingas Simplício
Discente: João Gabriel Caia, nº35644
Ano Letivo 2015/2016

Apontamentos de Elementos de
Geografia de Portugal
Índice
I. Introdução ............................................................................................................................... 5

Conceito de Geografia ........................................................................................................... 5

Tipos de Pesquisa .................................................................................................................. 5

Tipos de Fontes ...................................................................................................................... 5

Breve evolução histórica do pensamento geográfico .................................................... 5

II. Espaço Geográfico ................................................................................................................. 6

III. A Cartografia em Geografia ............................................................................................... 7

Elementos fundamentais de um mapa .............................................................................. 7

Escalas ..................................................................................................................................... 7

Tipos de cartas ....................................................................................................................... 8

IV. Tempo e Espaço ................................................................................................................... 8

V. O Homem e as Transformações do espaço ....................................................................... 9

VI. O território português e a sua posição .......................................................................... 11

VII. As características físicas do território ......................................................................... 11

Enquadramento na Península Ibérica ............................................................................. 11

Unidades morfo-estruturais de Portual.......................................................................... 12

Relevo .................................................................................................................................... 12

Clima ...................................................................................................................................... 13

 Precipitação.................................................................................................................. 14

 Regiões climáticas de Portugal ................................................................................. 14

Contrastes gerais do território ......................................................................................... 15

VIII. População Portuguesa ................................................................................................... 16

Conceitos de população ...................................................................................................... 16

Evolução geral da população desde o numeramento do séc. XVI .............................. 17

Distribuição actual da população e a sua evolução ...................................................... 18

Consolidação do período demográfico moderno .......................................................... 18

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A Emigração .......................................................................................................................... 19

 Causas da emigração................................................................................................... 19

 Consequências da emigração .................................................................................... 20

A Imigração ........................................................................................................................... 20

 Consequências da imigração ..................................................................................... 20

Estrutura etária da população .......................................................................................... 21

 Portugal às portas do séc. XXI ................................................................................... 21

Estrutura activa da população .......................................................................................... 21

 Classificação das actividades económicas .............................................................. 22

IX. O Povoamento .................................................................................................................... 23

Povoamentos típicos portugueses ................................................................................... 23

Variedades de importância local...................................................................................... 24

Evolução dos povoamentos ............................................................................................... 24

Factores condicionantes dos tipos de povoamento...................................................... 24

X. As cidades ............................................................................................................................. 25

Critérios de definição de cidade ....................................................................................... 25

Origem e evolução histórica das cidades........................................................................ 26

Origem e evolução histórica da área urbana de Évora ................................................ 28

Morfologia e estruturas urbanas...................................................................................... 30

 Principais tipos de plantas urbanas ........................................................................ 30

 Elementos presentes na maioria das cidades........................................................ 31

Funções Urbanas ................................................................................................................. 32

Rede Urbana Nacional ........................................................................................................ 34

XI. Divisão geográfica de Portugal Continental ................................................................. 36

Propostas de divisão geográfica ....................................................................................... 36

As três grandes regiões de Orlando Ribeiro .................................................................. 36

As nove regiões de Orlando Ribeiro – características físicas e humanas................. 36

Unidades de Paisagem ........................................................................................................ 38

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I. Introdução

Conceito de Geografia
Geografia: Estudo da Terra. Divide-se em: Geografia Física (estuda aspectos físicos) e
Geografia Humana (aspectos humanos).

Tipos de Pesquisa
 Pesquisa de campo
 Pesquisa de laboratório
 Pesquisa de reconstituição histórica

Tipos de Fontes
 Observação
 Documentais (mapas, cartas, fotografia aérea, internet, etc.)
 Questionários

Breve evolução histórica do pensamento geográfico


1) Idade Média:
 Mundo Ocidental – retrocesso
 Mundo Muçulmano – grande evolução
2) Descobrimentos – retoma da evolução no ocidente
3) Física do globo desmembra-se em várias ciências, a geografia ficou perdida, não havia
a disciplina.
4) Institucionalização da geografia (1800/1890) – ideia de Kant; Humboldt e Ritter são os
“pais”.
5) A primeira sociedade de geografia foi criada em Paris, em 1821; Em Portugal, foi em
Lisboa em 1875.
6) Ratzel (alemão) – fazia a relação entre o homem e a natureza. Desenvolveu o
Determinismo Ecológico – o meio influencia o homem, é preponderante.
7) Vidal de La Blache (francês) – desenvolveu o Possibilismo – o homem e o meio
influenciam-se mutuamente.
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8) Nova Geografia – interesse em estudar o desenvolvimento pós-Revolução Industrial.
Relação com a Matemática.
9) A partir dos anos 60 nasceem as duas mais recentes correntes geográficas:
 Radical – foca-se muito na pobreza e nas situações extremas.
 Humanistas – foca-se nas preocupações e sentimentos das pessoas.

II. Espaço Geográfico

 Espaço absoluto – espaço cartográfico e cosmográfico. Sistema de coordenadas


à superfície da terra, traçado por paralelos e meridianas que mostram a possível
localização precisa de todos os pontos no globo. O lugar é considerado como um
ponto à superfície terrestre definido pela latitude, longitude e altitude. Quadro em que
se regista a cartografia. Representado em mapas e fotografias aéreas.

 Espaço relativo – espaço definido não só pelas sus coordenadas, mas também
pelas propriedades associadas com as substâncias, tornando-se recipiente de
substâncias, definido por diversos atributos e altera-se com o tempo e o custo.
Representado por isolinhas – que ligam pontos de igual distância do centro em
termos de tempo (isócunas) e custo (isócustos) que correspondem a vias de
circulação – e por mapas distorcidos – distorce a realidade em função dos tempos ou
custos, que pode ser de fraca ou forte acessibilidade.

 Espaço percepcionado – ideia que cada pessoa tem de um espaço, em que as


zonas mais pormenorizadas são as mais conhecidas. Percepção através de mapas
mentais, que pode ser de percepção avaliativa, corresponde ao grau de repulsão ou
atracção por um determinado local, geralmente em longas áreas, e por percepção
designativa correspondente à construção das imagens às escalas urbanas. Pode-se
recorrer a inquéritos ou a desenhos efectuados pelos indivíduos.

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 Escala – relação constante que existe entre uma distância medida na carta e a que
lhe corresponde no terreno. Diferença entre distância num mapa e distância real.

III. A Cartografia em Geografia

Elementos fundamentais de um mapa


 Escala; Legenda; Título; Orientação (pontos cardeais; latitude; longitude; altitude)
 Podem ser de ordem:
a) Planimétrica – o que está marcado à superfície.
b) Altimétrica – curvas de nível, relativo ao relevo: curvas de nível intermédias (as mais
finas), de 100 a 100 metros; curvas de nível mestras (as mais espessas), de 50 a
50 metros.
c) Toponímica – relativo aos nomes.

Escalas
 Escala numérica – representada por fracção numérica, em que o numerador
representa uma unidade tomada na carta e o denominador o número de unidades
que lhe corresponde no terreno. A diminuição da escala aumenta a probabilidade de
realismo e o detalhe.
 Escala gráfica – escala desenhada para suprir a falta de uma régua graduada com
que devidamente se possam medir as distâncias gráficas.
 Exercícios práticos:
a) Numa carta à escala 1/50000, a que distância estarão dois pontos que no campo
estão afastados por 9.5km?
9,5km = 950 000cm 1cm ____ 50 000cm X ____ 950 000cm
X = 950 000 x 1 / 50 000 = 19cm.

b) Duas povoações afastadas por 20km estão separadas no mapa por 12cm. Qual
é a escala do mapa?

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20km = 20 000cm 1cm ____ 20 000cm X _____ 12cm
X = 166,660. 1/166,666 = 1/170 000

c) Duas povoações estão separadas por 10 cm num mapa de 1/50 000. Qual a
distância dessas povoações num mapa de escala 1/40 000?
1/5000 ____ 10 1/40 000 _____ X
X = 1/40 000 x 10 / 1/5000 = 1,25km.

Tipos de cartas
 Hidrográficas – indicam portos, ancoradouros, baías cursos de água, etc.
 Orográficas – representa o relevo.
 Itinerárias – indicam os caminhos, estradas e extensões dos diversos traços.
 Temáticas – têm em vista uma determinada finalidade, tais como: carta agrícola; carta
geológica; carta de solos; carta de distribuição da vegetação.

IV. Tempo e Espaço


 Relação tempo/espaço = a distância espaço pode ser convertida em tempo. Por
natureza própria, o espaço é temporal. Existem diferentes conceitos de
espaço/tempo, visto que estes são agressões da sociedade à qual a Geografia faz a
leitura científica.
 Três concepções de tempos diferentes:
a) Cósmico – é universal. Regula completamente as nossas actividades.
b) Vivido – tempo biológico e psicológico de cada um.
c) Social – tempo convencionado pelas sociedades (fins-de-semana, horas de
trabalho, etc.)
 Balanços que relacionam espaço/tempo: atribui os espaços aos tempos. Nos tempos
arcaicos as pessoas eram regidas pelo sol e nas sociedades modernas utilizam-se mais
tempos e mais espaços.

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 Depois da Revolução Industrial desenvolvem-se os tempos e os espaços sociais. A
aceleração do tempo e a compreensão do espaço estão a mudar a organização dos
territórios, as relações sociais, os próprios conceitos de tempo e de espaço, as nossas
vivências. No mesmo espaço cruzam-se diferentes tempos como, por exemplo, o do
trabalho e o do lazer, o do jovem e o do idoso, o da forma urbana e o das vivências
quotidianas, uns rápidos, outros lentos. Todo o lugar é produto social, como a cidade,
onde encontramos coexistência de territórios apropriados para diversos usos e funções,
com diferentes ritmos e vários tempos. Os tempos ordenam os eventos, devido às nossas
limitações biológicas e à nossa capacidade limitada de participar em várias actividades ao
mesmo tempo.

V. O Homem e as Transformações do
espaço

O homem sempre sentiu necessidade de consumir bens e serviços.


a) Sociedade Arcaica
 Os homens eram nómadas e viviam do que a natureza lhes dava.
 Não ficaram marcas do homem na paisagem.
 Recolha de frutos e raízes.
 Acção ténue sobre a natureza com contacto permanente.
 Fraco nível técnico.
 Ausência de meios de comunicação.
 Uso descontínuo do espaço.
A Revolução do Neolítico é um marco histórico da passagem da sociedade arcaica para a
tradicional, com a introdução da cultura de plantas, domesticação de animais e técnicas de
irrigação.
b) Sociedade Tradicional
 Divisão de tarefas.
 Desenvolvimento de formas de artesanato.

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 Comércio.
 Intensificação das alterações da paisagem (introdução de novas plantas e técnicas e
o fogo provoca desequilíbrio ecológicos e aparecimento de povoações).
 Excedentes de produtos e aumento da mão-de-obra.
 Tecnologia de transportes medíocre.
 Cidades pequenas.
A Revolução Industrial, ocorrida no século XIX no Império Britânico, transformou a
sociedade, com a existência de mais dinheiro, um subsolo rico e o aparecimento de novas
técnicas.
c) Sociedade Industrial e Pós-Industrial
 Alteração da posição da cidade no campo.
 Transformação máxima da paisagem.
 Grande crescimento das cidades em extensão e cultura.
 Explosão demográfica.
 Êxodo Rural.
 O homem ocupa cada vez mais espaço, mesmo os de condições inóspitas.
 Afastamento máximo do contacto com a natureza.
 O sector agrícola deixou de ser o mais importante
d) Tendências recentes
 Fuga das grandes cidades para os subúrbios.
 Avanço da agricultura.
 Melhoria das condições de vida no campo.
 Atenuou-se a rusticidade do meio rural.
 Tendências para a uniformização.
 Preocupação por urbanização de melhor qualidade.
 O campo perde o carácter próprio e as regiões assemelham-se entre si.
 A nova humanidade perde o sentido das raízes.

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VI. O território português e a sua
posição
a) Significado geográfico da posição de Portugal
 Portugal localiza-se no sudoeste da Europa. Faz fronteira com Espanha.
 Está longe do centro da Europa, o que prejudica o país porque o afasta das grandes
instituições de poder e decisão.
 No entanto, devido a uma posição estratégica às portas do Mediterrâneo, mantém
grandes relações com o resto do mundo, nomeadamente com os continentes
Africano e Americano.
 Tem influências mediterrâneas a Sul, e influências Atlânticas a Norte.
b) Individualização de Portugal
 Estado independente no século XII, define fronteiras no século XIII, o actual sistema
político é o Republicano Democrático, desde 25 de Abril de 1974.
c) Portugal e a Europa
 Mantém ótimas relações políticas e económicas com a Europa. É país pertencente à
União Europeia desde 1986, ano em que aderiu juntamente com a Espanha.
 No entanto, tem pouca influência política. Situa-se na zona sul da Europa, a mais
débil.

VII. As características físicas do


território

Enquadramento na Península Ibérica


Portugal situa-se na zona oeste da Península Ibérica, faz fronteira com Espanha a norte e
a este. É um país bastante litoral, com um clima idêntico ao da Espanha, mas um relevo menos
acidentado.

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Unidades morfo-estruturais de Portual
 A Península Ibérica é constituída por uma grande área de Maciço Antigo (rochosa)
separada ao meio por 5 cordilheiras.
 O Maciço Antigo é constituído por um conjunto de 5 bandas de características diferentes.
 Portugal é constituída por uma zona centro com grandes movimentos tectónicos, uma
zona morena (mármores), cristas quartzíticas (serras com rochas mais duras).
 As Bacias do Tejo e do Sado foram afectadas pela regressão e transgressão marinha
(materiais detríticos). Esta área das bacias está em aprofundamento.

Relevo
 Em Portugal predominam as áreas de baixa altitude: 71,4% do solo está a menos de 400
metros, e apenas 11,6% acima de 700 metros.
 A representação das zonas de relevo faz-se, no entanto, de maneira muito desigual no
Norte e no Sul, tendo o rio Tejo como linha de separação.
 O Sul possui 61,5% das terras baixas, inferiores a 200 metros; é a região das planícies
e dos planaltos médios, de extensas bacias fluviais deprimidas e terrenos molemente
dobrados, com raros retalhos montanhosos e apenas uma serra que culmina a mais de
1000 metros (S. Mamede: 1025 metros).
 O Norte, pelo contrário, compreende 95,4% das áreas superiores a 400 metros. A terra
alta está presente por toda a parte e cumes de mais de 1000 metros levantam-se a 50
quilómetros do mar. As zonas baixas, à excepção do triângulo litoral de fraco relevo com
os vértices em Espinho, Coimbra e Cabo da Roca, ainda assim acidentado de cabeços
e retalhos de planalto, encontram-se apenas nas margens apertadas dos rios principais.
As grandes plataformas monótonas ou de suave ondulação que, à primeira vista,
evocam o Alentejo, estão em Trás-os-Montes e na Beira Transmontana algumas
centenas de metros acima dele.
 As serras mais altas situam-se a norte do Douro, com excepção da serra da Estrela,
devido aos movimentos tectónicos e diferenças rochosas.
 Os arquipélagos são de origem vulcânica. A ilha da Madeira tem relevo muito inclinado
e nos Açores situa-se o ponto mais alto de Portugal (o Pico).

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Clima
 Existem várias classificações climáticas. Em Portugal é utlizada a classificação de
Kopper, que distingue 5 tipos de clima:
a) Tropicais quentes
b) Secos
c) Temperados
d) Frios, com algumas temperaturas médias mensais negativas
e) Muito frios
 Para caracterizar o clima é necessário ter os valores de temperatura e precipitação.
 Portugal tem um clima temperado mediterrânico com estação seca:
a) Considera a temperatura média do mês mais fria entre 0 a 18ºC.
b) Tem de ter pelo menos 1 mês com >30mm de precipitação.
c) 4 estações mais ou menos definidas, embora estejamos a perder as estações
intermédias, com sol e verão seco.
 Clima marcado por 4 situações meteorológicas – faixa de anticiclones tropicais que
se deslocam em latitude, altas pressões, baixas pressões e superfícies frontais,
associadas a depressões ciclónicas:
a) O clima vai variando ao longo do ano devido à faixa dos anticiclones subtropicais
que protegem e se posicionam ao longo da costa impedindo o mau tempo,
provocando situações de muito sol e temperaturas altas.
b) No verão há um conjunto de dias mais quentes devido a centros de alta pressões,
em que o vento sopra das altas para as baixas pressões com ventos quentes e
secos. Noutros dias instalam-se centros de baixas pressões, com oscilações que
provocam instabilidade.
c) No inverno os anticiclones continuam a descer e deixamos de estar sob a sua
influência, entrando os ventos de oeste no território.
d) Instalação de altas pressões, devido aos ventos da Sibéria que empurram as
depressões frontais, resultando em dias frios com sol.
e) Na primavera, os anticiclones começam a subir com oscilações, protegendo o Sul
de tal maneira que quando chegamos ao verão os anticiclones voltam a proteger
o território.

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f) Vegetação do Norte com influências atlânticas de folha caduca. No Sul há uma
vegetação de influência mediterrânica de folha persistente (plantas que se
adaptam ao clima).
g) A terra quente transmontana tem o clima semelhante ao do Algarve.

 Precipitação
 A precipitação em Portugal é irregular:
a) Varia muito de ano para ano.
b) Chove muito mais no Norte (litoral) do que no Sul.
c) Varia muito ao longo do ano (chove mais no inverno e menos no verão).
d) No norte do país, por ser mais montanhoso, há mais chuvas orográficas e é mais
atingido por chuvas frontais.
 Situações mais frequentes no inverno:
a) “Mau tempo” (céu nublado e chuva) – resultante das baixas pressões subpolares
e das perturbações da frente popular.
b) Céu limpo com arrefecimento nocturno – resultante de um anticiclone de origem
térmica.
 Situações mais frequentes no verão;
a) “Bom tempo” (céu limpo ou pouco nublado) – resultante da acção do anticiclone
dos Açores.
b) Céu nublado e chuva (trovoadas) – resultante da acção de um centro de baixas
pressões de origem térmica.
 Gráficos Termo pluviométricos – representam a temperatura e a precipitação.
 Mês seco – ocorre quando a precipitação é inferior ao dobro da temperatura.

 Regiões climáticas de Portugal


 Norte Litoral – clima temperado mediterrânico com influência oceânica:
a) Temperaturas amenas (verões e invernos suaves).
b) Fraca amplitude térmica anual (inferior a 12ºC).
c) Precipitações elevadas.
d) Dois meses secos.
 Norte Inferior – clima temperado mediterrânico com influência continental:
a) Temperaturas altas no verão e baixas no inverno.
b) Elevadas amplitudes térmicas (superiores 12ºC).
c) Precipitação baixa.

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d) 3 a 4 meses secos.
 Centro e Sul – clima temperado mediterrânico:
a) Verões quentes, longos e secos.
b) Invernos suaves e curtos.
c) Amplitude térmica moderada.
d) Precipitação reduzida.
e) Mais de 4 meses secos.
 Açores – clima temperado oceânico:
a) Temperaturas amenas.
b) Amplitudes térmicas reduzidas.
c) Precipitação abundante.
d) 0 a 2 meses secos.
 Madeira – clima temperado mediterrânico:
a) Microclimas (o clima muda bastante de zona para zona).
b) Vertente Norte: mais chuvosa devido ao relevo: chuvas orográficas.
c) Vertente Sul: menos chuvosa

Contrastes gerais do território


 Entre o Norte e o Sul: o primeiro mais atlântico, rico de águas, verdejante, onde a Nação
se fez Estado, dominado pela sua gente densa; o segundo mais mediterrânico,
ressurgido por longos estios, escasso de população, tardiamente integrado na
comunidade nacional.
 Entre o litoral e o interior: campos, matas e prados do noroeste carregam-se de uma
verdura espessa, em oposição às terras transmontanas, por onde a aridez já se
pressente a cujos vales chegam o calor, a secura e uma vestimenta vegetal comuns ao
extremo Sul do país. Na economia dos campos, com folhas de cereal e pousio de pasto,
no penteado largo dos estabelecimentos humanos entre solidões despovoadas, o
Alentejo difere do Minho ou da Beira Litoral, colmeia humana onde não pára o zumbido
do trabalho no solo retalhado e produtivo, à força de ser constantemente remexido e
regado.
A faixa de terrenos modernos que se estende do Vouga ao Sado e no Sul do Algarve,
com diversas formas de relevo e variadas aptidões agrárias, representa, junto com as
fainas próprias do litoral, uma área propícia à actividade e ao adensamento de

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população, contrastando com os monótonos descampados interiores da mais vasta e
uniforme província portuguesa, o Alentejo.
 Entre as terras altas e baixas: Serra e ribeira, campo e monte, montanha e vale,
exprimem, no conceito do povo que criou e aplica estas designações, o contraste
determinado pela atitude e decorrentes feições do clima, da economia e do
povoamento. No Norte, a montanha é sempre mais húmida e conserva os traços
arcaizantes de uma economia agro-pastoril de fisionomia tradicional, aparentada com
a Europa média, enquanto, pelas bacias e vales interiores, muito secos, as
plantações de vinha e árvores de fruto insinuam, entre retalhos de terra alta, manchas
de paisagem mediterrânea. No Sul, as serras não calcárias, derradeiro refúgio dos
arvoredos de folha caduca e do regadio atlântico, repetem aspectos setentrionais
desconhecidos nas baixas planícies que as rodeiam; mas os relevos calcáreos, secos
e descarnados, onde o gado miúdo e as queimadas degradaram a floresta primitiva,
marcam, nas regiões onde se levantam, um traço de vigorosa e inconfundível
meridionalidade.

VIII. População Portuguesa

Conceitos de população
 Natalidade – número de nados vivos ocorridos durante um ano num determinado
território. (N)
 Mortalidade – número de óbitos ocorridos durante um ano num determinado território.
(M)
 Crescimento natural – diferença entre natalidade e mortalidade ocorridos durante um
ano, num determinado território. CN= N – M
 Saldo migratório – diferença entre as migrações de entrada e de saída. CN= I – E
 Crescimento efectivo – crescimento real da população de um dado território, durante um
ano, que corresponde ao somatório de crescimento natural com o saldo migratório. CE=
CN + SM.

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 Taxa de natalidade – nº de nados vivos ocorridos durante um ano, num dado território,
por mil habitantes. TN= nº nados vivos / População total X 1000
 Taxa de mortalidade – nº de óbitos ocorridos durante um ano, num dado território, por
mil habitantes. TN= nº óbitos / População total X 1000
 Taxa de crescimento natural – crescimento natural durante um ano, num dado território,
por mil habitantes. TCN= TN – TM
 Taxa de crescimento migratório – saldo migratório num dado território, durante um ano,
por mil habitantes. TCM= SM / População total X 1000
 Taxa de crescimento efectivo – crescimento real da população de um dado território,
durante um ano, por mil habitantes. TCE= CN+SM / População total X 1000
 Taxa de fecundidade – número de nados vivos, ocorridos num ano, por mil mulheres em
idade fértil.
 Índice sintético de fecundidade – número médio de filhos por mulher em idade fértil.
 Índice de renovação de gerações – número máximo de filhos que, em média, cada
mulher deveria ter durante a sua vida fecunda, para assegurar a sua substituição de
geração. O número médio é 2,1.

Evolução geral da população desde o numeramento do


séc. XVI
 A primeira contagem da população feita em Portugal foi o numeramento do séc. XVI,
concluindo 1 milhão e 100 mil pessoas, contando-se as casas e multiplicando-se por 4
e 5. Porém, não havia uma distribuição igual da população neste século.
 Antes do recenseamento houve um período de taxa de mortalidade muito elevada,
devido à Peste Negra.
 O primeiro recenseamento em Portugal foi em 1984. Depois em 1878, 1890, de 10 em
10 anos. Em 1910 não houve devido à implantação da República. Também em 1980
passa para 1981, com a entrada na C.E.E.
 No geral a população foi sempre crescendo, mas o ritmo de crescimento não foi sempre
o mesmo:
a) 1864 a 1991 – ritmo regular.
b) 1911 a 1920 – quebra de crescimento, causado pela instabilidade, gripe pneumónica
e 1ª guerra mundial.

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c) 1920 a 1950 – grande crescimento da população.
d) 1950 a 1960 – quebra de crescimento, devido à emigração de milhares para países
europeus e à redução de taxa de natalidade.
e) 1960 a 1970 – única década de diminuição do crescimento, causada pela emigração
de jovens e famílias que fogem à guerra colonial.
f) 1970 a 1980 – grande crescimento da população (1,6%), regresso dos retornados e
quebra da emigração.
g) 1981 a 2001 – quebra de crescimento da população.
h) 2001 – aumento do crescimento da população, devido aos imigrantes.

Distribuição actual da população e a sua evolução


 No séc. XVI a população concentrava-se em Lisboa e Porto (distribuição heterogénea).
 Ao longo dos anos as densidades populacionais têm-se concentrado ao longo do litoral.
 Os concelhos que ganharam população foram os do litoral, enquanto que os do interior
estão a perder população.
 No Alentejo a população é mais envelhecida, logo, a taxa de mortalidade é maior.
 Ao longo do Douro há uma gradação completa.

Consolidação do período demográfico moderno


a) Declínio da mortalidade:
 Melhoria da alimentação.
 Melhoria dos hábitos de higiene pessoal.
 Melhoria da assistência médica.
 Melhoria do saneamento básico.
 Melhoria das condições de trabalho.
 Diminuição da taxa de analfabetismo.
b) Declínio da mortalidade infantil:
 Melhoria da assistência médica moderno-infantil.
 Vacinação.
 Procura por parte das mães dos serviços médicos associados à maternidade.
 Melhoria das condições de higiene.
 Melhoria da alimentação.

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c) Declínio da natalidade e da fecundidade:
 Desenvolvimento do planeamento familiar e generalização dos métodos
anticoncepcionais.
 Crescente entrada da mulher no mercado de trabalho.
 Aumento das despesas com os filhos, que até aí eram fontes de rendimento.
 Melhoria do nível de vida.
 Diminuição do número de casamentos e aumento do número de divórcios.
 Aumento da idade do casamento e do nascimento do primeiro filho.
 Dificuldades na aquisição de habitação.
d) Aumento da esperança média de vida.
e) Aumento do envelhecimento da população.
f) Três revoluções consolidaram o período demográfico moderno:
 Revolução demográfica – envelhecimento da população.
 Revolução epidemiológica – mudanças das causas de morte para problemas
oncológicos e cardiovasculares.
 Revolução familiar – diminuição do tamanho das famílias.

A Emigração
 Nas últimas décadas o saldo migratório está a comandar o crescimento da população.
 A população cresceu muito quando a emigração era menor.
 1910 – 1960: o principal destino era o Brasil. A partir dos anos 30 houve um declínio da
emigração, devido à crise económica, a moeda começou a desvalorizar e as viagens
eram muito caras e longas, o Brasil tornou-se menos atractivo.
 1950/60 – 1970: pique do aumento da emigração. O principal destino era a França, que
era mais perto, os salários eram melhores e podia-se ir clandestinamente, o que muitos
jovens fizeram para fugir à guerra.
 1970: quebra na emigração, devido ao choque petrolífero.
 Séc. XXI: piques devido à crise económica. Passa a ser uma emigração temporária, feita
sobretudo por jovens qualificados. Os locais de destino são cada vez mais diversificados.

 Causas da emigração
 Conjuntura político-económica (desemprego, baixos salários, deterioração da vida rural,
guerras, regimes políticos repressivos, etc.).

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 Pressão demográfica.
 Baixo nível cultural da população.
 Aversão ao serviço militar.
 Tradição de emigração.
 Reduzidos obstáculos às migrações (melhoria de rede de transportes, políticas
permissivas, abertura de fronteiras).

 Consequências da emigração
 Baixo crescimento populacional em 30 anos.
 Despovoamento das aldeias e vilas.
 Abandono dos campos.
 Redução de mão-de-obra.
 Modificação de padrões de consumo.
 Transformação de comportamentos.
 Descaracterização das paisagens.
 Diminuição da taxa de natalidade devido à escassez de população jovem e adulta.
 Envelhecimento da população.
 Ocorrência de classes ocas em determinados níveis etários.

A Imigração
 1ª fase (1975-80): a partir da descolonização, houve um grande aumento da população
proveniente de África (Cabo Verde, Angola, Moçambique).
 2ª fase: asiáticos (indianos, paquistaneses) e sul americanos.
 3ª fase (anos 90): dá-se uma inversão com saldo positivo.
 4ª fase (finais do séc. XX e inícios do séc. XXI): Europa de Leste.
 5ª fase (2001 – 2011): maioria brasileiros.
 A população estrangeira cresceu mais de 70% e representa mais de 2,6% da população,
sendo que Lisboa tem a maior percentagem de imigrantes.

 Consequências da imigração
 Estrutura demográfica (aumento da população residente, rejuvenescimento da
população, por os países de emigração terem índices de fecundidade superiores dos
nossos, equilíbrio da composição por sexos, aumento da população activa).

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 Económicas e sociais (mistura de tradições através das ideias dos imigrantes, possível
aparecimento de bairros degradados e dificuldades de aceitação de novas culturas,
línguas e costumes).
 Paisagísticas (estabelecimentos que marcam a paisagem urbana).

Estrutura etária da população


 Para uma população ser jovem, 35% da população tem de ser jovem com idade inferior
a 20 anos, enquanto que os idosos não podem ultrapassar os 12%, com idade superior
a 60 anos, e o índice de envelhecimento (idosos/jovens) não pode ser superior a 0,4.
 O Alentejo tem o maior índice de envelhecimento, como o centro. As regiões autónomas
são as mais jovens.
 O índice de envelhecimento tem aumentado bastante ao longo dos anos.
 1960: pirâmide etária jovem. Todos os concelhos tinham menos de 15% de idosos e
mais de 20% de jovens.
 2001-2011: pirâmide envelhecida. Duplo envelhecimento da população, em que o topo
da pirâmide está a alargar e a base a envelhecer.
 O saldo migratório está a equilibrar a população portuguesa.

 Portugal às portas do séc. XXI


 Taxa de fecundidade baixa (1,46%).
 Taxa de mortalidade pouco superior à média europeia (10,2%).
 Taxa de mortalidade infantil baixa e em quebra.
 Esperança média de vida crescente (75 para homens e 81 para mulheres).
 Envelhecimento global na estrutura etária.
 Crescimento da população positivo, mas baixo.

Estrutura activa da população


 População em idade activa – população em idade de trabalhar.
 População activa civil – população que tem emprego ou que o procura.
 População não activa – população que não tem emprego nem procura.
 População que tem emprego – população que desenvolve uma actividade produtiva.
 A taxa de actividade desceu de 2001 para 2011, devido ao desemprego, ao
envelhecimento da população e à mecanização.

21
 Em 2011, 42% da população estava empregada.
 Taxas de actividade altas no litoral e baixas no interior. Taxas de desemprego altas no
interior e baixas no litoral.
 Em 1940 mais de metade da população encontrava-se no sector primário. Ao longo dos
anos este sector foi diminuindo e em 2011 quase que desaparece.
 O sector secundário manteve-se mais ou menos igual com um ligeiro aumento, ao longo
dos anos.
 Nos anos 40 o sector terciário era reduzido, tendo um grande aumento a partir dos anos
60. Em 2011 já representa mais de metade da população activa.

 Classificação das actividades económicas


a) Comissão Estatística das Nações Unidas: agricultura; silvicultura; pesca; indústrias
extractivas; indústrias manufactureiras; construção e obras públicas; electricidade; gás
e água; comércio; bancos e seguros; transportes e comunicações; serviços; outras
actividades.
b) A classificação de Colin Clarck, em 1957, foi a primeira a ser realizada. Porém é criticada,
porque a construção está no sector terciário, enquanto deveria estar no secundário,
como também o fabrico de pão em modo industrial que está no sector primário.
c) O Instituto Nacional de Estatística (INE), é utilizado em Portugal, sendo que o sector
terciário tem maior diversidade e população, é um sector residual. Sobre o INE:
 O INE divulga ou não a sua produção e informação não produzida, comunicando com
outras unidades estatísticas.
 Toda a sua informação encontra-se online e é fidedigna.
 Impulsionador da Literacia Estatística na sociedade.
 Compromisso em parcialidade. Muitas vezes criticado por não fazer análises.
 Respeito pelos prestadores de informação primária.
 Profissionalismo, em que assinam um contrato de exclusividade.
 Composto por Conselho Directivo e Conselho Superior de Estatística.
 Em Évora a primeira unidade estatística surgiu em 1775.
 Principais divulgações: território (ambiente); população; educação (cultura e
desporto); saúde; turismo; política; mercado de retalho (proteção social); contas
nacionais; preços; empresas (comércio internacional); agricultura; florestas; pescas;
construção e habitação; transporte; rendimento e condições de vida.
 O recenseamento é feito de 10 em 10 anos ímpares, entre Março e Abril.

22
 Modelos de censo: modelo clássico, sem recurso a ficheiros administrativos; modelo
clássico, com recurso a ficheiros administrativos; com inquérito; sem inquérito.
 No INE fazem-se dois testes e um inquérito, no qual trabalham 25000 pessoas.
 O INE criou sanções estatísticas(divisão das freguesias), o que possibilita igualmente
fazer estudos sobre bairros e outros lugares.

IX. O Povoamento
 Povoamento concentrado – em Trás-os-Montes as povoações pequenas estão muito
próximas umas das outras devido ao regime agrário comunitarista, em que a população
vivia em comunidade. No Alentejo as casas estão muito próximas, formando grandes
aldeias afastadas umas das outras, entre as povoações existem os montes constituídos
por um conjunto de casas, com algumas capelas (pequenas aldeias).
 Povoamento disperso – relação casa/trabalho/campo, encontrado no Minho (minhoto),
mais recentemente em algumas áreas do litoral que se tornaram produtivas. Em algumas
áreas há os forros.
 Povoamento misto – grandes povoações compactas, em que a partir de certa altura
surgem casas dispersas. Encontrado na Estremadura, com a difusão do milho no séc.
XVI e com a industrialização em meados do séc. XX. O Algarve tinha um povoamento
concentrado, até que nos anos 60/70, com a divulgação das praias, surgem locais
turísticos entre as povoações.

Povoamentos típicos portugueses


 Minhoto: dispersão absoluta antiga. Lugares de casas afastadas, casais e quintas.
 Transmontano: aldeias compactas, não muito afastadas umas das outras com exclusão
quase completa de lugares, casais e quintas.
 Alentejano: aldeias grandes, compactas, muito afastadas e quintas.
 Estremenho: várias formas de povoamento, aldeias, casais, lugares, quintas.
Aglomeração com dispersão intercalar.

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Variedades de importância local
 Montanhesa: lugares de casas juntas. Raros casais e aldeias.
 Litoral: disseminação completa.
 Ria de Aveiro: povoamentos alargados. Grandes ruas com povoamento de ambos os
lados.
 Quintas: povoamento disperso em volta das grandes cidades.

Evolução dos povoamentos


 Povoamento original ou primário:
a) Concentrado.
b) Disperso.
 Povoamento derivado ou secundário:
a) Concentrado.
b) Disperso intercalar.
c) Disperso de substituição

Factores condicionantes dos tipos de povoamento


 Factores físicos:
a) Recursos hídricos – em zonas de rochas permeáveis é difícil obter água em poços,
o que provoca a concentração de população.
b) Constituição do solo – em solos húmidos e férteis as populações dispersam-se,
enquanto que em solos secos e pobres as populações concentram-se.
 Factores humanos:
a) Tradição étnica e passado histórico.
b) Condições de segurança – em zonas de pouca segurança há uma tendência para a
concentração e vice-versa.
c) Estrutura da sociedade agrária.

24
X. As cidades

Critérios de definição de cidade


 Critérios quantitativos:
a) População absoluta (número total de habitantes) – estabelece-se um número mínimo
de habitantes, a partir da qual uma aglomeração é considerada cidade, variando de
país para país, logo, a aplicação deste critério não pode ser universal, como na Índia
onde há aldeias com milhares de habitantes, enquanto que em outros países 1000
habitantes já constitui uma cidade.
b) Densidade populacional (número de habitantes por km2) – embora seja um critério
vulgarmente aceite, também apresenta disparidades, porque as cidades que crescem
em altura apresentam maior densidade que aquelas que crescem em superfície.
 Critérios qualitativos: oposição aos quantitativos, sendo uma definição local, em que
uma cidade é aquilo que está implícito na linguagem da população local quando ela
chama “cidade” a uma localidade, é um contacto ténue entre a população.
 Critérios funcionais: dependente das diferentes actividades da população activa de um
aglomerado, sendo considerada cidade quando predominam os sectores secundário e
terciário. Porém existem cidades que albergam grandes percentagens de efectivos
agrícolas, e também existem aglomerados em que a população trabalha nesses
sectores, mas não são consideradas cidades por terem função de dormitório.
 Critérios morfológicos e paisagísticos: relacionado com a fisiologia, morfologia e
paisagem do local. A poluição, a diversidade da população, os monumentos (marcas do
passado, planta da cidade, hierarquia das ruas, etc.), diversidade/heterogeneidade das
malhas urbanas, espaços verdes.
 Critérios administrativos e jurídicos: atribuição de foral (jurídico), como acontece em
Évora. Para se ser capital regional é preciso ser cidade (administrativa).
 É a conjugação destes critérios (e outros) que permite definir uma cidade.
 A Assembleia da República (no continente) e as Assembleias Regionais (Ilhas) atribuem
o estatuto de cidade.
 Aglomeração Urbana – cidade com os seus arredores mais ou menos dependentes.

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 Conurbação Urbana – conjunto de cidades que estão relativamente próximas mas cada
uma é independente.
 Cidades dormitório – as pessoas só estão residentes nestas cidades. Está dependente
de outra cidade principal, onde estão os serviços e comércio. Há pouca vida económica
e poucos empregos.
 Cidades satélites – é uma cidade dormitório que evolui, ficando independente, com
comércio e serviços próprios. Tem vida própria, com muitos empregos e actividades
económicas, podendo ser elevada a cidade.

Origem e evolução histórica das cidades


 Origem das cidades na pré-história, após a revolução do neoliítico (4.5 mil a.C., no
Oriente).
 Características das primeiras cidades:
a) Localização em áreas húmidas e férteis, perto dos rios.
b) Vivia-se das actividades agrícolas (sociedades agrárias).
c) Eram evoluídas para a altura.
d) Aparecimento de artesãos e comerciantes.
e) Ligadas aos aspectos cerimoniais e de culto.
 Cidades da Antiguidade Clássica:
a) Gregos: cidades-estado com 10/20 mil habitantes; morfologia urbana geométrica;
muralhas; acrópole; ágora com colunas (principal centro da cidade).
b) Romanas: orientados por dois eixos perpendiculares; planta ortogonal; muralhas;
fórum (centro romano); teatros e anfiteatros; templos e casas mais ornamentadas no
centro.
 Período Medieval:
a) Desenvolvimento das cidades na Idade Média: regime feudal; ascensão da
burguesia; papel importante da Igreja; aumento demográfico; trocas/desenvolvimento
do comércio.
b) Cidades planeadas: fundadas por reis ou nobres que delimitaram a cidade com
muralha; interior para actividades; estabelecids ruas (malha urbana ortogonal);
função defensiva e de mercado.

26
c) Cidades adaptadas – desenvolviam-se ao longo do tempo, podem ser cidades
Mosteiro (em volta do Mosteiro) e cidades mercado (em volta do mercado); planta
radiocêntrica (desenvolve-se em volta de um porto/centro comercial).
d) Muralha (defesa), ruas estreitas, casas pequenas altas, cidades com função
comercial, geomórficas, com muitas praças, minorias religiosas eram segregadas
para fora da muralha (mouros e judeus).
 Idade Moderna:
a) Condicionantes das características das cidades: necessidade de construir
fortificações adaptadas às armas que haviam (as muralhas já não chegavam),
utilização de carruagens, o que levou à construção de avenidas e ruas mais largas,
ostentação das casas, com jardins em volta; em cada país apenas se desenvolveram
mais as capitais.
b) Planta radiocêntrica. Grupos sociais mais numerosos, como artesãos. Actividades
que não eram bem vistos iam para fora da cidade.
 Idade Contemporânea:
a) Depois da Revolução Industrial, as cidades desenvolvem-se em duas fases (há um
grande êxodo rural, pois a cidade tinha atrações económica, demográfica e
psicológicas.).
b) A população urbana cresceu: 1800-1850, a população mundial aumenta 39% e a
população urbana 175%; 1850-1900, a população mundial aumentou 37% e a urbana
192%; 1900-1950, a população mundial aumentou 49% e a urbana 228%.
c) 1ª fase: aparecem cidades novas, mas que crescem pouco. Aparecem em função do
caminho de ferro ou das minas e da concentração industrial.
d) 2ª fase: com a electricidade e o carro há um grande desenvolvimento das cidades,
que crescem em extensão e altura, trabalhando-se matérias primas que são
transformadas nas cidades.
e) O grande crescimento das cidades provoca problemas como poluição, doenças
urbanas, marginalidade, criminalidade, desemprego, afastamento das pessoas à
natureza.

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Origem e evolução histórica da área urbana de Évora
 A cidade romana:
a) Atribuição da sua fundação aos Eburanes (antigos povos da Hispânia), em 2059 a.C.
com o nome de Ebora ou Eburesial a 700 a.C. por várias tribos germanas, os
Eburanes.
b) As primeiras referências escritas sobre a cidade foram formuladas por Plírio, no séc.
I a Ebora Cerealis como um ponto fortificado importante, interior ao período de
domínio romano.
c) Évora foi ocupada pelos romanos tendo sofrido forte romanização. A sua posição
favoreceu o interesse militar, com grande importância regional.
d) A estrutura urbana detinha uma posição central na vida da cidade. As portas
orientadas segundo os pontos cardeais e dela partiam duas vias que se cruzavam no
centro social da cidade, a Acrópole, compreendendo o Templo Romano e a área da
actual Sé. Estas vias influenciaram a estrutura urbana futura, em vias que se
transformaram em ruas quando a cidade extravasou a cerca primitiva.
e) A Praça do Giraldo desempenhava um papel importante na organização urbana.
 A cidade muçulmana:
a) O espaço urbano intramuros estaria dividido em duas partes: a alcáçovas de castelo
e a cidade propriamente dita.
b) A área urbana extramuros era constituída por arrabaldes diferenciados pelas suas
comunidades.
c) Marcante influência muçulmana no traçado urbano, perdurado na Mouraria, nas suas
ruas estreitas de direcção irregular, com bruscos alargamentos ou súbitas mudanças
de orientação, desembocando, às vezes, em pátios ou becos sem saídas.
 A cidade medieval:
a) Centro estratégico e político importante, com foral em 1166.
b) A primeira grande obra edificada foi a Sé.
c) Movimentos migratórios em relação a Évora, o casario é obrigado a extravasar das
muralhas, com também alguns conventos e expansão dos arrebaldes.
d) Acentua-se a importância das principais praças públicas.
e) Construção das arcadas que ladeiam a Rua João de Deus e a Praça do Giraldo.
f) A expansão urbana não ocorreu de forma planificada.
g) Constituída por duas partes distintas: a cidadela e a periferia com arrabaldes.

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h) Construção de uma nova cerca, como forma de um polígono irregular.
i) Cidade amuralhada de planta radio-concêntrica.
j) Hierarquia de ruas: ruas direitas de intenso movimento comercial e ruas agrupadas
por “mesteres”. As ruas mais importantes estavam pavimentadas.
k) Edifícios, em grande parte, de um piso.
l) As praças públicas eram poucas e de pequenas dimensões, nas quais se
individualizou a Praça do Giraldo. O Rossio foi um local de realização de feiras e
mercados, e feira anual anteriormente feita no Giraldo.
 A cidade no séc. XVI:
a) Construção do Paço Real, inúmeros palácios e casas solarengas, conventos, igrejas,
colégios, Universidade e Aqueduto das Águas de Prata, que provocou algumas
alterações na malha urbana.
b) A Praça do Giraldo e o Largo das Portas de Moura são os principais núcleos de
concentração da actividade urbana que se ligam pelo principal eixo urbano.
 A renovação urbana no séc. XX – áreas de intervenção, programas e medidas:
a) Programa Casa Caiada – programa anual de subsídio a fundo perdido atribuído às
pessoas interessadas de forma a pintarem as suas casas.
b) Recuperação de caixilharias de madeira – programa anual de subsídio, até 75% dos
encargos, com o objectivo de os inquilinos recuperarem as caixilharias.
c) PRAUD/PMRF – desde 1990, é um subsídio a fundo perdido para reabilitar imóveis
degradados.
d) Preservação e valorização do património monumental.
e) Controle na transformação do uso dos edifícios.
f) Recuperação e reutilização de edifícios de grande porte.
g) Aplicação de diversos graus de protecção aos edifícios.
h) Valorização de espaços públicos.
i) PROCOM – aplicado ao tecido comercial, mas também aos espaços públicos.
j) Animação socio-cultural da cidade – “Viva a Rua”, festivais gastronómicos, concertos,
jornadas musicais, exposições.
k) Primeiras organizações fora do centro histórico, nas décadas de 30/40, com bairros
clandestinos.
l) Actualmente existem vários bairros fora do centro histórico legalizados.

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Morfologia e estruturas urbanas
 Posição: localização à escala regional, posicionamento face a outros núcleos de
povoamento ou às vias de comunicação, relacionado cm a função original da cidade
estratégica, de acordo com os recursos naturais.
 Sítio da cidade: conjunto de características do local concreto onde se implantam as
construções topográficas e geológicas, espaço físico ou centro de onde se desenvolveu
a cidade, área de controlo de cruzamento e de contacto geológico.
 Para cada posição há mais do que um sítio possível.
 A posição de Évora é mais ou menos no eixo que liga Lisboa a Badajoz, na província
alentejana e o seu sítio é o largo do Templo Romano.
 A escolha do sítio pode relacionar-se com a função e por razões práticas, de defesa da
povoação, facilidade de abastecimento, disponibilidade de materiais de construção,
melhor exposição ao sol ou protecção dos ventos.
 Sines desenvolve-se em relação dos complexos e navios de grande porte, onde as
águas são mais profundas.
 Santo André é uma cidade dormitório.
 Aljustrel surge devido aos recursos minerais.
 Caldas-da-Rainha aparece por causa das águas termais.
 Os sítios das cidades ganham ou perdem importância em relação aos eixos de
circulação ou meios de transporte.
 A população quando cresce vai para as periferias e abandona o sítio.
 Elementos que condicionam a planta urbana:
a) As plantas urbanas resultam da relação dos espaços contruídos e não construídos –
Morfologia Urbana.
b) A função, as características topográficas do sítio, aspectos ideológicos e evoluções
a pouco e pouco ou drásticas, como catástrofes naturais ou humanas, podem
condicionar a planta urbana.

 Principais tipos de plantas urbanas


 Plantas regulares:
a) Ortogonal – traçado geométrico e regular das ruas direitas, entre si paralelas e
perpendiculares. Surge nas áreas novas das cidades ou nas áreas planas.
Vantagens: facilidade de traçar, organizar, administrar e de gerir o trânsito.

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Inconvenientes: invisibilidade dos cruzamentos e não se adapta a terrenos
acidentados. Exemplo: Vila Real de Santo António e Baixa Pombalina.
b) Radioconcêntrica – vem de épocas remotas da Europa Medieval. Apresenta o núcleo
central e à sua volta apareceram vias circulares, concêntricas, e as ruas, a partir do
núcleo central, atravessam todas as outras, sendo muito mais fácil chegar ao centro.
Planta perfeita, mas nem sempre é assim, como em Milão ou em Beaune. Vantagens:
rapidamente se chega ao centro, os cruzamentos têm maior visibilidade, não é
monótona, adapta-se qualquer relevo. Inconvenientes: as distâncias são mais
alongadas, cruzamentos das vias radiais e circulares criam lugares muito irregulares
(parte antiga de Évora e Óbidos).
c) Linear – plantas que se desenvolvem ao longo de uma linha alongada.
 Plantas irregulares: aspecto desordenado das ruas, muito cinuosas, tortas, estreitas,
muitas vezes sem saída, com difícil circulação, um autêntico labirinto, não se consegue
estabelecer uma hierarquia, está relacionada com a topografia do espaço, aparece
geralmente em zonas históricas e bairros clandestinos que cresceram com aspecto
desorganizado e resulta de um crescimento espontâneo.
 Plantas de prestígio: plantas planeadas com o objectivo de prestigiar algum elemento ou
função (ex.: Versalhes e Brasília).

 Elementos presentes na maioria das cidades


 Portugal, do ponto de vista da construção, não tem cidades muito recentes.
 Espaços construídos:
a) Várias praças – muitas cidades portuguesas nasceram na época medieval, em que
havia muitas praças irregulares ou com especialização/função. Em Évora a Praça do
Giraldo foi o primeiro rossio, actualmente é o de S. Brás.
b) Bairros de lata – de classes mais desfavorecidas (ex.: Bairro do Escurinho).
c) Bairros clandestinos – em Évora nos anos 40, com o êxodo rural, foram construídos
bairros de acordo com as características de onde as pessoas provinham; nos anos
70, das pessoas saíram do Centro Histórico, com o desenvolvimento terciário,
apareceram muitas que construíram casas diversificadas, mostrando uma
competição de decoração de casa e enorme heterogeneidade.
 Espaços não construídos: até à 2ª fase da Revolução Industrial as pessoas não
necessitaram de espaços não construídos, a partir daí começaram a sentir necessidade
de um contacto com a natureza. Começou-se a construir espaços verdes nas cidades,

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com planeamento urbano conjunto, ou seja, deve ter um contínuo urbano (rede de
espaços verdes), funções e serem planeadas juntamente com os espaços construídos.
Existem 4 tipos de espaços não construídos:
a) Espaços de permanência – jardins, praças, de convívio, comércio, espetáculo,
manifestações culturais e sociais.
b) Espaços públicos de circulação – por onde as pessoas e os carros podem circular ou
estacionar.
c) Espaços públicos de utilização condicionada – edifícios públicos, mais utilizados por
quem mais trabalha ou estuda.
d) Espaços privados – quintais, quintas.

Funções Urbanas
 As funções podem estar ligadas aos nomes das ruas. Por exemplo: Rua da Direita, Rua
do Rossio, Rua 5 de Outubro, Rua da Celaria, Rua dos Mercadores.
 Funções urbanas em 3 categorias:
a) Enriquecimento – produzir fluxos monetários totais ou relacionadas com outros locais
ou países; o objectivo é a rentabilidade:
 Função Industrial – motor de desenvolvimento de algumas cidades, podendo,
igualmente, fazer surgir algumas (ex.: cidades de deserto). Quando isto acontece
a indústria está no centro da cidade, quando se desenvolve depois aparece nas
periferias (ex.: Covilhã). Esta função surge muito mais tarde em Portugal.
 Função Comercial – antiga função muito importante de épocas remotas, está
associada à indústria e aos meios de transporte (ex.: Leiria). Nos Países em
Desenvolvimento faz-se a nível local e nos Países Desenvolvidos faz-se com
outros países.
 Função Turística (terapêutica) – quando existem elementos de atracção
turística que podem ser explorados. Cidades sazonais com muitos pontos de
encontro, hotéis, restaurantes. As cidades termais têm a componente terapêutica
e turística.
 Função Religiosa – cidades de peregrinação que vivem da religiosidade, têm um
ponto de atração turística, vendendo aspectos ligados à religião entre outros,
surgem ao acaso, existindo apenas em algumas cidades, ao contrário das
turísticas.

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 Função Agrícola – em Portugal não existe.
 Função ligada às actividades piscatórias.
 Função Financeira – multiplicação de dinheiro e recursos, em bancos,
companhias de seguros, agências.
 Função Residencial – quanto maior o número de habitantes, maior é esta função.
b) Responsabilidade – o seu principal objectivo não é gerar dinheiro. Está ligado à
administração pública e a um conjunto de serviços municipais:
 Função Político-administrativa – as capitais das cidades são mais
desenvolvidas, associadas a uma vida de luxo, mais intensa, monumental e
artística.
 Função Intelectual-Cultural – ensino muito hierarquizado e associações
culturais, museus, escolas de arte, música.
 Função de Defesa – polícia e guarda.
 Função Militar – a decair um pouco, ao contrário da defesa.
 Função de Saúde – clínicas, hospitais, centros de saúde.
c) Transmissão – difusão e transmissão de conhecimento da civilização, em que a
cidade exerce um poder de formação e transmissão, com os transportes, internet,
televisão, revistas, jornais e redes sociais.
 Nas cidades existem áreas específicas para certas funções:
a) C.B.D (Central Business District) – área mais conhecida da cidade e de maior
acessibilidade, constituída por uma concentrada área terciária composta por
comércio, serviços, bancos, companhias de seguros, clínicas e animação cultural.
Tornou-se menos atractiva por ser uma área muito cara, onde apenas se instalam as
actividades que têm meios para subsistirem, é de difícil circulação e estacionamento.
b) Áreas residenciais – compostas por áreas de classes sociais mais favorecidas (de
moradias unifamiliares ou apartamentos, com vários equipamentos ou serviços, em
áreas de prestígio social ou bem localizadas), áreas de classe média (de edifícios
plurifamiliares com um elevado número de pisos e andares, em áreas periféricas),
áreas de classes menos favorecidas (em áreas antigas da cidade de edifícios
degradados, bairros de habitação social e bairros de habitação precária, nas
periferias em solos expectantes) e bairros clandestinos.
c) Áreas industriais – constituídas por indústrias “interiores” (ocupam pouco espaço,
não são poluidoras, transforma matérias-primas de fácil transporte, necessitam de
contacto directo com o mercado consumidor e especializado), indústrias

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“suburbanas” (junto dos portos, na periferia da cidade próximos dos grandes eixos de
circulação em solos de baixo custo) e zona industrial (área exclusiva para actividade
ligada à indústria, infraestruturada, ampla, de preço reduzido ou simbólico, perto de
boas vias de comunicação, do lado contrário aos ventos dominantes).

Rede Urbana Nacional


 Primeira Rede Urbana:
a) Data da época romana um sistema de vias que cruzavam toda a Península Ibérica.
b) Nos séculos XI e XII, Portugal encontrava -se dividido, a Norte, com os Suevos e
Visigodos, Braga continua a ser uma importante cidade, assim como Coimbra, Porto e
Chaves. A Sul, com os árabes, onde Lisboa já era importante e prosperavam Santarém,
Alcácer do Sal, Silves, Évora e Mértola, formando novos padrões de cidades, com as
“mourarias”.
c) A Reconquista implicou uma distribuição de uma Nação em localidades que foram
criadas junto à costa.
d) No séc. XIV, o Porto cresce por dependência à coroa. Lisboa domina do ponto de vista
urbano, devido à sua óptima posição face ao Estuário do Tejo.
 A Rede Urbana do séc. XVI:
a) Maior desenvolvimento das urbes portuguesas junto à costa.
b) A maioria das cidades ultrapassava os seus limites muralhados.
c) No numeramento de D. João III, 29 das 37 cidades com mais de 500 fogos encontravam-
se ao longo do Tejo ou a sul desse rio.
d) O Porto passa a segunda maior cidade, sendo Lisboa a maior cidade da Península
Ibérica.
 Evolução da Rede Urbana e características actuais:
a) O grande “boom” das cidades portuguesas foi entre 1986 e 1999, devido à entrada para
a Comunidade Europeia, em que muitas vilas passam a cidades para receberem verbas
financeiras que só eram entregues para o desenvolvimento de cidades.
b) Actualmente existem 150 centros urbanos.
c) Reforço da população urbana em todas as auto-regiões, mesmo naquelas em que a
população total diminui entre 1981 e 1991.

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d) Retração demográfica de um pequeno número de centros urbanos, como Lisboa e Porto,
devido à terciarização, envelhecimento dos seus activos demográficos e da saída da
população para a periferia (16%).
e) A partir de 1960, o crescimento da população urbana é superior ao crescimento da
população em geral.
f) Desenvolvimento nas grandes áreas metropolitanas e em outros centros urbanos da
faixa litoral, aumentando a população nestas áreas.
g) Ausência de centros urbanos de média dimensão no interior do país.
h) Urbanização difusa das sedes de municípios de redes complementares.
i) Situações repressivas em Lisboa, Porto e cidades do interior.
j) Situações dinâmicas em volta das áreas metropolitanas e do litoral algarvio.
k) Actualmente, mantem-se o domínio das duas áreas metropolitanas.
l) Reforço da litoralização da rede urbana.
m) Mantem-se uma urbanização diusa com núcleos pequenos.
n) Reforço da importância populacional no Interior e Sul.
o) Mantem-se reduzido o número de cidades de média dimensão.
p) Os factores mais influentes no local de residência são os que valorizam o ambiente, o
património, a paisagem, a cultura e o sossego.
 Perspectivas futuras:
a) Domínio das duas áreas metropolitanas.
b) Emergência de cidades de média dimensão.
c) Reforço da importância das redes de município.
d) Direccionar as preocupações para problemas relacionados com a qualidade de vida.
 Hierarquia das cidades com base nos equipamentos:
a) Excluindo Lisboa e Porto, só Coimbra é um centro macro-regional (nível 1), com centros
de saúde e ensino que servem todo o território.
b) Regional (nível 2) – Braga (equipamentos sociais) e Évora (equipamentos
administrativos).
c) Sub-Regional (nível 3) – todas as restantes capitais de distrito.
d) Supra-local ou local (nível 4) – em 1990, 73% dos centros urbanos do continente eram
deste nível.

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XI. Divisão geográfica de Portugal
Continental

Propostas de divisão geográfica


 Barros Gomes (1878)
 Amorim Girão (1933)
 Lautensach (1937)
 Orlando Ribeiro (1945): hierarquização tendo em conta factores físicos e humanos, cuja
diferença está na Estremadura. Para Orlando, esta fica a norte do Tejo, faz uma
regionalização das áreas homogéneas, complementares. Esquematiza três grandes
divisões: contraste entre Norte/Sul; divisão do Norte em Atlântico e Transmontano;
subdivisão do território em 23 “unidades de paisagem”.

As três grandes regiões de Orlando Ribeiro


 Norte Atlântico: Precipitações muito elevadas; densidade populacional elevada;
povoamento disperso; propriedade muito dividida; uso muito intensivo dos terrenos
agrícolas; culturas principais: milho e vinha.
 Norte Transmontano: Maior recurso e maior amplitudes térmicas; população menos
densa; povoamento mais concentrado; culturas principais: centeio e batata.
 Sul: verões mais prolongados e secos; baixa densidade populacional; povoamento
concentrado; sistema de grande propriedade; cultura principal: trigo; domínio do sobreiro
e da azinheira.

As nove regiões de Orlando Ribeiro – características


físicas e humanas
 Noroeste: maiores influências atlânticas; pluviosidade mais interna; amplitude térmicas
fracas; relevo acentuado; vales largos em algumas áreas; terrenos muito divididos;
bastante férteis; densidade populacional muito elevada; povoamento disperso (minhoto);
agricultura intensiva; as famílias vivem do que as terras lhes dão; culturas de milhhho e

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vinha; com sistema campo – prado; criação de gado em estábulos; pinheiro bravo e
carvalho roble; casas de pedra de dois pisos; industrialização; caracterização da
paisagem urbana devido à emigração.
 Beira Alta: região de transição – características litorais e interiores; densidade
populacional mais baixa; povoamento menos disperso; uso do solo menos intensivo;
grande importância da vinha e do olival; vastas áreas de pinhal; coexistência dos
carvalhos roble e negral.
 Cordilheira Central: transição entre norte-sul; área muito escarpada; zonas aplanadas
(natureza da rocha granítica); grande pluviosidade; densidade populacional muito baixa;
agricultura pouco intensiva, povoamento concentrado; exploração florestal; gado miúdo
(ovelhas e cabras); algumas culturas intensivas diversas na cova da Beira; pinheiro
bravo; indústria de lanifícios (ameaçada), couro e madeira; pastoreio nas áreas mais
altas.
 Norte Transmontano: relevo mais acidentado; blocos desnivelados devido a acidentes
tectónicos e tipos de rocha; Terra Quente: vales fundos do Douro com temperaturas
altas; clima seco; menores valores de pluviosidade anual; socalcos para vinhas, oliveiras
e amendoeiras; Terra Fria: menor pluviosidade; grandes amplitudes térmicas; agricultura
menos intensiva, centeio, batata, castanheiros e carvalho negral; criação de gado em
lameiras e pousios; menor densidade populacional; povoamento mais concentrado em
pequenas aldeias e terrenos menos divididos, devido ao regime agrário comunitarista.
 Estremadura: Orla ocidental; região heterogénea diversificada de rochas e paisagens;
de gradual transição norte-sul; grande pluviosidade; clima húmido; importância de área
de cultura de milho; arrozais, pinhal, olivais, eucalipto, vinhas, trigo, hortas e pomares de
regadio; pesca; industrialização urbana; densidade populacional elevada; povoamento
misto com dispersão intercalar (estremenho).
 Ribatejo: Bacias do Tejo e do Sado. Lezíria: área plana, baixa, fértil, utilização agrícola
intensiva e diversificada; melão, milho, tomate, arroz, girassol, cereais e legumes; gado
bovino e cavalos; povoamento mais concentrado. Norte da Lezíria: relevo mais
movimentado, colinas calcárias; agricultura diversificada; terraços arenosos do Tejo;
hortas e arrozais nos vales.
 Beira Baixa e Alentejo: clima – redução da pluviosidade e mais duração e intensidade
do verão; relevo – predomínio das áreas planas ou ligeiramente onduladas; densidade
populacional muito baixa; povoamento aglomerado em aldeias grandes e “montes”;

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regime de grande propriedade; campos limpos ou arborizados; cultura principal é o trigo;
domínio do sobreiro e azinheira; pastoreio de gado miúdo e bovino; importância do olival,
tomate e arroz; casa típica – rebocada e caiada, só um piso e com chaminé; Alqueva:
nova cultura de sequeiro, o girassol; expansão assinalável do Eucalipto.
 Algarve: Serra: relevo acentuado; terrenos pobres; árvores dispersas; matagais de
estevas; baixa densidade populacional; áreas de montado com periódicas culturas de
cereais. Barrocal: fase de transição serra-litoral; relevos calcários; povoações pequenas
e concentradas; zonas de pomares de sequeiro e olivais; terrenos pobres e pedregosos.
Litoral: densidade populacional elevada; povoamento aglomerado com dispersão
intercalar; casa caiada com açoteia e chaminé trabalhada; agricultura diversa; pesca;
turismo; costa escarpada e baixa.

Unidades de Paisagem
Paisagem Sistema dinâmico
factores naturais culturais
 Componentes:
a) Ecológica – características físicas e biológicas dos ecossistemas.
b) Cultural – factores históricos e questões de identidade.
c) Socioeconómica – factores sociais e actividades económicas.
d) Sensorial – sensação provocada pela paisagem no observador.

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