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7º ano
HISTÓRIA
MANUAL DO
PROFESSOR
2a. edição - São Paulo - 2012
Vontade de Saber História, 7o ano
Copyright © Adriana Machado Dias, Keila Grinberg e Marco César Pellegrini, 2012
Todos os direitos reservados à
EDITORA FTD S.A.
Matriz: Rua Rui Barbosa, 156 — Bela Vista — São Paulo — SP
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Diretora editorial
Silmara Sapiense Vespasiano
Editora
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Editora adjunta
Alaíde Santos
Editora assistente
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Assistentes de produção
Ana Paula Iazzetto e Lilia Pires
Assistente editorial
Cláudia C. Sandoval
Revisores
Bárbara Borges
Fernando Cardoso Guimarães
Eliana Medina
Coordenador de produção editorial
Caio Leandro Rios
Arte
Projeto gráfico
Marcela Pialarissi (criação e coordenação)
Bruno Sampaio e Laís Garbelini (desenvolvimento)
Ilustrações
André L. Silva/Art Capri/N. Akira/Paula Diazzi
Cartografia
E. Cavalcante
Capa
Marcela Pialarissi
Fotos da capa
IrÞne Alastruey/Glow Images (Guerreiro Terracota)
Sandro Botticelli. 1483. Têmpera sobre tela. Galeria
dos Ofícios, Florença (Detalhe da tela O Nascimento de Vênus)
Wallace Kirkland/Time Life Pictures/Getty Images
(Mohandas K. Gandhi) Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Heini Schneebeli/The Bridgeman Art Library/Keystone (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
(Escultura Iorubá)
Pellegrini, Marco César
Fancy/Veer/Corbis/Glow Images (Menino)
Vontade de saber história, 7o ano / Marco César
Iconografia Pellegrini, Adriana Machado Dias, Keila Grinberg.
Supervisão -- 2. ed. -- São Paulo : FTD, 2012.
Célia Rosa
Bibliografia.
Pesquisa
ISBN 978-85-322-8104-3 (aluno)
Alaíde França (coord.) e Cristina Mota ISBN 978-85-322-8105-0 (professor)
Editoração eletrônica
Diagramação 1. História (Ensino fundamental) I. Dias,
Adriana Machado. II. Grinberg, Keila. III. Título.
Daniela Cordeiro de Oliveira
Tratamento de imagens
José Vitor Costa
12-03244 CDD-372.89
Gerente executivo do parque gráfico
Reginaldo Soares Damasceno Índices para catálogo sistemático:
1. História : Ensino fundamental 372.89
Para você, o que é História? Algumas pessoas pensam
que História é o estudo do passado. Outras, porém, afirmam
que ela serve para entender melhor o presente. Nós acredita-
mos que História é tudo isso e muito mais!
O estudo da História nos ajuda a perceber as ligações exis-
tentes entre o passado e o presente. A escrita, a música, o ci-
nema, as construções magníficas, os aviões, os foguetes...
Tudo aquilo de que dispomos hoje, desde os produtos fabrica-
dos com tecnologia avançada até a liberdade de expressão,
devemos às pessoas que trabalharam e lutaram, enfim, que vive-
ram antes de nós. A História nos permite conhecer o cotidiano
dessas pessoas e perceber como a ação delas foi importante
para construir o mundo como ele é hoje.
A História nos auxilia a conhecer os grupos que formam as
sociedades, os conflitos que ocorrem entre eles e os motivos de
tais conflitos. Ela nos ajuda a tomar consciência da importância
de nossa atuação política e a desenvolver um olhar mais crítico
sobre o mundo. Assim, nos tornamos mais capazes de analisar
desde uma afirmação feita por um colega até uma notícia veicu-
lada pela televisão.
Ao estudarmos História, percebemos a importância do res-
peito à diversidade cultural e ao direito de cada um ser o que é,
e entendemos como esse respeito é indispensável para o exer-
cício da cidadania e para construirmos um mundo melhor.
Bem-vindo ao fascinante estudo da História!
Os autores.
Cubo Images/
SuperStock/
Glow Images
SUMÁRIO
1
Capítulo
■ ■ Política
O tempo e a História.................................. 11
■ ■ Economia
■■ O que é o tempo?
■■ O tempo histórico Explorando o tema.................................... 16
■ ■ A representação do tempo histórico na linha do
■■ A diversidade das fontes históricas
tempo
■ ■ A simultaneidade e as durações do tempo Analisando uma fonte histórica................. 18
histórico
Atividades................................................ 20
Conceitos importantes para os estudos
históricos................................................ 13
2 A formação da
Capítulo
5
A América antes da
Capítulo
■■ O domínio inca
■■ Os povos de Yucatán
■ ■ A organização social
■■ As cidades-estado
■ ■ As grandes obras dos incas
A cultura maia........................................... 81
Os primeiros habitantes do Brasil.............. 86
■■ A escrita
■ ■ O sistema de numeração
■■ A diversidade cultural dos povos indígenas
■ ■ O calendário
Explorando o tema.................................... 88
Os astecas................................................. 82 ■■ Os povos indígenas no Brasil atual
■■ Um povo guerreiro Atividades................................................. 90
■■ A arte em Ifé
■■ A importância dos súditos ■ ■ O Reino do Benin
7 A Europa moderna:
Capítulo
8 A Europa moderna:
Capítulo
10
Capítulo
A colonização na América
espanhola 160 A conquista do Império Inca.................... 166
■■ A chegada de Pizarro
O choque entre dois mundos................... 162 ■■ A execução de Atahualpa
■■ Conquista e destruição
■■ A América entre os séculos XV e XVII A administração das colônias.................. 167
■■ A colonização espanhola
A conquista do Império Asteca................. 164 ■■ Os vice-reinos
A chegada de Cortez
A organização da economia..................... 168
■■
11 A colonização na América
Capítulo
■ ■ O escambo
A presença holandesa............................. 191
A colonização.......................................... 183
■■ A situação política
■■ As invasões no Nordeste
■■ A presença de outros europeus
■ ■ O governo de Nassau
■■ As capitanias hereditárias
■ ■ A mão de obra indígena
Explorando o tema.................................. 192
■ ■ O Governo-geral
A busca por novas riquezas..................... 202 Novas ideias e revoluções pelo mundo.... 210
■■ A procura por minerais preciosos ■■ O Iluminismo
■■ As bandeiras de prospecção ■■ A Revolução Americana
■ ■ A ampliação dos domínios portugueses ■ ■ A Revolução Francesa
■■ Os tropeiros
■■ Os monçoeiros
Atividades............................................... 214
Vittore Carpaccio – Milagre da relíquia da Cruz na ponte Rialto. 1494. Galeria da Academia, Veneza. Foto: The Bridgeman Art Library/Getty Images
A Nessa pintura, feita pelo pintor italiano Vittore Carpaccio em 1494, vemos a movimentação de gôndolas
no Grande Canal de Veneza.
8
Jose Fuste Raga/Corbis/Latinstock
B Fotografia do Grande Canal de Veneza, tirada em 2010.
9
Por que estudar História?
O conhecimento histórico nos permite entender melhor o passado
e agir para transformar o presente.
O que é História?
História é a ciência que estuda as ações dos seres humanos no tempo e
no espaço. Esse estudo procura conhecer as transformações que acontecem
ao longo do tempo nas sociedades e também os aspectos que, mesmo com
o passar do tempo, permanecem semelhantes.
Em A Cigarra. 26/07/1917. Arquivo do Estado de São Paulo, São Paulo. Foto: Neoimagem
dades: suas transformações e permanências, além das
semelhanças e das diferenças que existem entre elas.
A História também procura entender as relações que
os seres humanos estabelecem entre si em diferentes
épocas. Ela nos auxilia a conhecer o passado e, assim,
compreender melhor o presente. Desse modo, nos
tornamos mais capazes de agir para transformar a
sociedade.
Por meio do estudo de História, podemos analisar
os acontecimentos e perceber a ação transformadora
das pessoas em sua cidade, estado ou país. É a partir
do estudo de História que aprendemos como as pessoas
que viveram em outras épocas e lugares agiam para
transformar seu dia a dia.
Conhecendo melhor o nosso passado histórico, po
demos perc eber com mais clareza qual é o nosso Passeata de grevistas, na cidade de São Paulo,
papel na transformação da sociedade em que vivemos em 1917. A greve é um importante recurso
e a importância da nossa luta por um mundo melhor e utilizado pelos trabalhadores na luta por melhores
mais justo. condições de vida.
Ricardo Siqueira
Autor desconhecido. Coleção particular
Os estudos históricos nos permitem afirmar que as coisas nem sempre foram do jeito que são e, também, que elas não
permanecerão iguais para sempre. Pela análise de fotografias, por exemplo, podemos observar as transformações que
ocorrem ao longo do tempo e também aquilo que permaneceu semelhante. Esse é o caso das fotografias acima, que retratam
a praça José de Alencar, no Rio de Janeiro, em dois momentos: no início e no final do século XX.
10
O tempo e a História
capítulo 1
O tempo é essencial para o estudo da História.
Photodisc/Getty Images
O que é o tempo?
O tempo histórico
As transformações sociais não ocorrem sempre no mesmo ritmo: há mu-
Sergio Gaudenti/Kipa/Corbis/Latinstock
danças que ocorrem depressa e outras que demoram mais tempo para
acontecer. O tempo histórico permite que o historiador analise essas trans-
formações e também as permanências, isto é, aquilo que parece não mudar.
Para facilitar o entendimento das transformações e permanências sociais,
o historiador francês Fernand Braudel propôs três diferentes durações do
tempo histórico. Leia o texto a seguir.
[...] De acordo com o autor, o estudo dos fenômenos históricos inclui três níveis: o
tempo dos acontecimentos, de breve duração; o tempo das conjunturas, um período
médio de 10, 20 ou 50 anos no qual um determinado conjunto de acontecimentos se pro- A obra do
longa; e o tempo da longa duração, que abrange séculos e se caracteriza pela estabilidade. historiador Fernand
Braudel (1902-
Para tornar sua teoria mais clara, Braudel compara o tempo histórico às águas do -1985) contribuiu
oceano. O tempo dos acontecimentos é breve e móvel como a água que fica na superfície, para a renovação
agitada pelo vento e pela chuva. O tempo das conjunturas é a camada que fica logo abai- dos estudos
xo, onde as águas são mais calmas e servem de apoio para a água da superfície. Por fim, históricos. Fotografia
o tempo da longa duração é representado pelo fundo do oceano, onde as águas são pra- tirada em 1984.
ticamente imóveis e sustentam as outras duas camadas. Como o oceano, o tempo é um
só, mas inclui camadas temporais da mesma forma que o oceano inclui camadas de água.
Nos dois casos, as camadas são sobrepostas e simultâneas.
Caio César Boschi. Por que estudar história? São Paulo: Ática, 2007. p. 42.
Permanências e rupturas
As diferentes durações do tempo histórico, quando comparadas umas com as outras,
permitem ao historiador perceber as permanências e as rupturas que ocorrem nos
processos históricos.
Os fatos que se transformam lentamente no decorrer de séculos parecem não se alterar
e, por isso, podem ser considerados permanências. A escravidão, que durante cerca de
350 anos foi a principal forma de trabalho no Brasil, é um exemplo de permanência. Já
as rupturas representam as mudanças bruscas que
Juca Martins/
Olhar Imagem
11
A representação do tempo histórico na linha do tempo
As diferentes durações do tempo histórico podem ser representadas em
uma mesma linha do tempo. Na linha do tempo a seguir, por exemplo, estão
representados fatos de curta, média e longa durações relacionados à his
tória do Brasil. Observe.
12
Conceitos importantes para os
capítulo 1
estudos históricos Greenpeace
Organização
Existem alguns conceitos indispensáveis para o desenvolvimento independente
13
Cultura
Dizemos que os indivíduos de um grupo possuem uma Transmissão cultural
mesma cultura quando compartilham ideias semelhantes
Além da família, da escola, do nosso
ou quando possuem um modo parecido de agir e de grupo de amizades etc., a transmissão
sentir as coisas do mundo. A arte, a língua, as técnicas, cultural pode ser feita por outros meios,
os costumes e as leis de um país são exemplos de ex como a televisão, o computador, o rádio,
pressões de uma cultura. Porém, mesmo no interior de os jornais. Através desses meios de
uma sociedade existem diferenças que indicam a varie comunicação, podemos inclusive ter
dade da produção cultural de cada grupo que compõe contato com culturas de outras sociedades
e ser influenciados por elas.
essa sociedade.
A cultura é transmitida de geração em geração por meio dos grupos so
ciais a que estamos ligados. Geralmente é a família que nos transmite os
primeiros valores culturais, depois a escola, em seguida nossos círculos de
amizade, trabalho e assim por diante. Desse modo, a cultura é adquirida
por meio de um processo de construção e transmissão social.
Luiz Cláudio Marigo/Opção Brasil Imagens
Trabalho
O trabalho é a ação produtiva do ser humano, que transforma a natureza
para atender às suas próprias necessidades. Todos os bens de que dispo
mos são frutos do trabalho, desde uma música até um par de sapatos.
O trabalho assume formas diferentes de acordo com as características e
as necessidades das diversas sociedades, porém, de qualquer maneira, ele
é fundamental para o desenvolvimento humano.
Podemos dizer que o trabalho também é uma
Marcelo Spatafora/Pulsar
14
Política
capítulo 1
A política pode ser entendida como a ação de organizar e de administrar
uma sociedade, ou seja, é a capacidade humana de estabelecer um gover Democracia
no. Na atualidade, a atividade política geralmente é realizada com base em sistema de
uma Constituição, que é um conjunto de leis que definem os principais governo caracte
Nas sociedades
Delfim Martins/Pulsar
democráticas, a
população tem o direito
de votar para escolher
seus governantes.
Por meio do voto
consciente, a população
de um país democrático
pode escolher políticos
comprometidos com a
promoção de mudanças
fundamentais para a
sociedade. Fotografia
tirada em 2005.
Economia
A economia é a maneira como a sociedade se organiza para produzir os
bens que atendem às necessidades humanas. A economia envolve o ge
renciamento de diversos fatores que influenciam na produção dos bens, tais
como a utilização da terra, as formas de trabalho, as tecnologias disponíveis,
a comercialização dos bens produzidos, a distribuição da riqueza, os preços
das mercadorias, entre outros.
Sergio Ranalli/SambaPhoto
Plantação de soja no estado do Paraná. Essa atividade Fábrica de automóveis localizada na cidade de Resende,
econômica é realizada na área rural em diversas regiões estado do Rio de Janeiro. As fábricas geralmente
do Brasil. Fotografia tirada em 2006. desenvolvem suas atividades econômicas no espaço urbano.
Fotografia tirada em 2006.
15
Explorando o tema
A diversidade das fontes históricas
Fonte histórica é tudo aquilo que pode nos fornecer informações sobre o passado. Dessa
forma, os vestígios das ações humanas no tempo e no espaço contribuem para a construção
do conhecimento histórico.
Para construir o conhecimento histórico, é necessário levar em consideração vários aspec-
tos, por exemplo, qual é o tipo da fonte analisada, quando ela foi produzida, quem a produziu
e com qual finalidade ela foi produzida. As fontes históricas podem ser escritas, orais, visuais
e materiais.
As fontes escritas
Entre as fontes históricas escritas, podemos citar: cartas,
biografias, livros, textos literários e documentos jurídicos,
como leis e decretos. Romances e poesias, mesmo se tra-
Fac-símile da Declaração de
tando de obras de ficção, também podem fornecer impor- Independência dos Estados Unidos da
tantes informações sobre a época em que foram produzidos. América, que é um bom exemplo de
fonte histórica escrita.
As fontes orais
Photos 12/Alamy/Other Images
Pesquisadores realizando
entrevista com um idoso.
16
capítulo 1
As fontes visuais
As fontes materiais
Vestígios históricos como roupas, cons-
Essa gravura, produzida no século XV,
truções, esculturas, móveis, instrumentos
representa o trabalho de ferreiros. É possível
de trabalho, brinquedos etc., são conside- observar na imagem diversos instrumentos
rados fontes materiais. A análise desse tipo utilizados para este ofício, assim como as
de fonte pode fornecer várias informações técnicas empregadas naquela época.
sobre o modo de vida no passado.
A cultura imaterial
Essas fotografias mostram Nos últimos anos, uma importante fonte de pesquisa
Photodisc/
Getty Images
Em 2005, a tradição
de produção e
venda de comidas
baianas em
Photodisc/Getty Images
tabuleiros também
foi considerada
patrimônio imaterial.
Essa fotografia
retrata uma baiana
e seu tabuleiro de
Fabio Colombini
17
Analisando uma fonte histórica
É por meio da análise das fontes históricas que os historiadores interpretam
os fatos do passado.
Título
O título fornece
uma ideia geral
do que está
representado na
imagem.
Cores
São importantes
para indicar
aspectos como
o relevo, as
depressões, a
praia, e também
para destacar
elementos
menores.
Nomes
O tamanho das
letras dos
nomes dos
lugares
representados
na imagem
geralmente
indica a
importância que
o autor deseja
dar ao local
nomeado.
Escala
A escala nos
fornece a
dimensão real
do lugar
representado na
imagem.
18
Essa imagem representa a batalha que portugueses e espanhóis travaram
capítulo 1
contra os holandeses para expulsálos de Salvador, em 1625. Nessa gra
vura, além da batalha, o autor representou vários elementos que faziam
parte da cidade de Salvador naquela época.
Observe alguns elementos que podem ser analisados nessa fonte histórica.
Bandeiras
As bandeiras dos navios indicam
quais Estados estavam envolvidos no
acontecimento representado na
imagem. Nela, há navios de Portugal,
Espanha e Holanda.
19
Atividades
Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.
Exercícios de compreensão
1 Explique com suas palavras o que é História. de diferentes grupos sociais. E você, de
quais grupos sociais part icipa?
2 Elabore um texto explicando por que é im
portante estudar História. 9 Cite exemplos de conflitos que podem ocor
rer entre grupos sociais com interesses
3 Por que o tempo é essencial para o estudo
divergentes.
da História?
10 Qual a import ância do trabalho para a so
4 Dê exemplos de acontecimentos de curta,
ciedade?
média e longa duração.
11 Quais as principais características da polí
5 Explique com suas palavras o que são as
tica em uma sociedade democrática?
permanências históricas.
12 Explique de que forma fatores como a uti
6 Explique o que é uma ruptura histórica.
lização da terra, formas de trabalho e
Cite um exemplo.
tecnologias disponíveis influenciam na
7 Como o historiador Fernand Braudel com economia de uma região ou país.
parou o tempo ao oceano? Explique essa
comparação com suas palavras. 13 O que são fontes históricas? Por que elas
são importantes para os estudos da his
8 Na página 13, você viu que Charles participa tória?
Expandindo o conteúdo
14 O tempo é essencial para os estudos históricos, porém, ele deve ser considerado em suas
variáveis durações, de acordo com o assunto estudado. O texto a seguir aborda esse tema.
Leia-o.
Os ritmos da duração [do tempo] possibilitam identificar a velocidade com que as mudanças ocor-
rem. Assim, podem ser identificados três tempos: o tempo do acontecimento breve, o da conjuntura e
o da estrutura.
O tempo do acontecimento breve é aquele que representa a duração de um fato de dimensão breve,
correspondendo a um momento preciso, marcado por uma data. Pode ser, no caso, um nascimento, a
assinatura de um acordo, uma greve, a independência política de um país, a exposição de uma coleção
artística, a fundação de uma cidade, o início ou o fim de uma guerra.
O tempo da conjuntura é aquele que se prolonga e pode ser apreendido durante uma vida, como o
período de uma crise econômica, a duração de uma guerra, a permanência de um regime político, o
desenrolar de um movimento cultural, os efeitos de uma epidemia ou a validade de uma lei.
O tempo da estrutura é aquele que parece imutável, pois as mudanças que ocorrem na sua extensão
são quase imperceptíveis nas vivências contemporâneas das pessoas. É a duração de um regime de
trabalho, como a escravidão, de hábitos religiosos e de mentalidades que perduram, o uso de moedas
nos sistemas de trocas ou as convivências sociais em organizações como as cidades.
Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: história, geografia. Brasília: MEC/SEF, 1997. p. 38.
20
capítulo 1
15 Ao analisar uma fonte, os historiadores devem tomar alguns cuidados. Uma pintura, por
exemplo, se produzida para comemorar algum fato, geralmente procura passar uma imagem
gloriosa do acontecimento histórico representado, não correspondendo necessariamente
ao fato tal qual ele aconteceu. Esse é o caso do quadro Independência ou Morte, feito
Pedro Américo – Independência ou Morte. 1888. Óleo sobre tela. Museu Paulista da USP, São Paulo
A
B C
Agora, reescreva em seu caderno as frases abaixo, associando cada uma delas a um
dos elementos indicados por letras na tela. Veja o exemplo: E - O riacho do Ipiranga não
deveria aparecer na tela, pois se localizava a dezenas de metros de distância do local
onde D. Pedro proclamou a independência.
■■ O riacho do Ipiranga não deveria aparecer na tela, pois se localizava a dezenas de metros
de distância do local onde D. Pedro proclamou a independência.
■■ A casa representada no lado direito da tela não existia naquela época. Essa casa, usada
como pousada por viajantes, só foi construída em 1850.
■■ Para viagens longas e cheias de obstáculos, como era o caso da que foi feita por
D. Pedro, o cavalo não era o meio de locomoção mais adequado. Em trajetos como esse,
era mais comum o uso de mulas, animais mais fortes e resistentes.
■■ Não há certeza que D. Pedro tenha erguido uma espada no momento em que proclamou
a independência. Alguns artistas representam D. Pedro segurando uma carta ou um chi
cote em sua mão. No entanto, não há documentos históricos que indiquem que ele segu
rava algum objeto naquele momento.
■■ A comitiva de D. Pedro usa roupas de veludo e os soldados estão vestidos com a farda
da guarda de honra. É mais provável que tanto a comitiva quanto os soldados usassem
roupas mais simples e confortáveis, mais apropriadas para quem percorre um trajeto
longo e difícil.
21
16 A fotografia também é utilizada pelos historiadores como fonte histórica. Entretanto, assim
como uma pintura, a fotografia privilegia o ponto de vista do autor e não revela outros as
pectos importantes de um acontecimento. Observe a tirinha abaixo, que tem como persona
gens o menino Calvin e o tigre Haroldo. Ela demonstra como a fotografia pode retratar ape
nas um aspecto do fato e excluir outros detalhes que podem modificar ou interferir na inter
pretação do acontecimento.
© 1992 Watterson/Dist. by Atlantic
Syndication/Universal Press Syndicate
Discutindo a história
17 Quando um pesquisador se propõe a estudar um determinado fenômeno histórico, deve pri
meiramente escolher suas fontes de pesquisa. Deve também lembrar que as fontes são
produzidas em certos momentos e por determinadas pessoas, por isso elas podem apresen
tar diferentes versões de um mesmo acontecimento. Ao terminar seu trabalho, o historiador
apresenta seu ponto de vista sobre o fenômeno estudado. Esse ponto de vista pode afirmar
ou negar um conhecimento histórico produzido por outro estudioso sobre o mesmo assunto.
Os textos apresentados a seguir mostram opiniões diferentes sobre um mesmo assunto.
Leia-os.
A A antropofagia foi o ritual indígena que mais atraiu a atenção dos europeus. Provavelmente surgido na
época de guerras, esse ritual estava muito longe da selvageria. Era antes uma homenagem à coragem do
adversário batido em combate. [...]
A vida do prisioneiro não era difícil. Ofereciam-lhe uma mulher, que lhe garantia a alimentação e com
quem dividia a rede. Embora proibido de deixar a aldeia, podia andar por onde quisesse e conversar com
todos. Muitas vezes, nascia um filho de seu relacionamento com a mulher que lhe fora destinada. A esta,
na hora do sacrifício, cabiam várias providências, como preparar as vasilhas e as bebidas do evento. En-
quanto isso, os homens tratavam de espalhar a notícia, convidando membros de outras [aldeias].
A cerimônia podia durar vários dias. No primeiro, o prisioneiro recebia uma corda de algodão espe-
cial e era conduzido ao terreiro, onde lhe pintavam todo o corpo. No segundo e no terceiro dias
realizavam-se danças em torno da grande figura. No quarto, ele era levado logo cedo para um banho, e só
então começava o sacrifício propriamente dito. Sua coragem era testada durante todo o tempo, e espera-
va-se que demonstrasse altivez para merecer morte tão importante.
22
No quinto dia consumava-se o sacrifício. Pela manhã a mulher se despedia e ia chorar em sua [caba-
capítulo 1
na]. Toda a preparação ritual, as danças e os cantos chegavam ao fim. Armado de borduna, um guerreiro
valente o abatia; se caía de costas, era sinal de que o matador iria morrer; de bruços, que a [aldeia] teria
grande futuro. Então seus restos eram levados para o lado de uma fogueira. Algumas partes do corpo
eram comidas cruas; outras, mais nobres, eram moqueadas ou assadas.
B A acusação de que os [indígenas] brasileiros comiam carne humana era obviamente o argumento
supremo em favor da conversão [ao cristianismo] — ou, na verdade, de qualquer ato praticado contra
eles. [...] Colombo foi o primeiro a falar dos canibais antilhanos, apesar de nunca ter visto pessoalmente
aquilo que relatava. Nas Cartas Jesuíticas há inúmeras referências à antropofagia, mas nenhum testemu-
nho pessoal [...]. Os jesuítas [...] falam de canibalismo como se os [indígenas] não fizessem outra coisa e
se alimentassem rotineiramente de carne humana.
O antropólogo americano W. Arens, em seu livro The Man-Eating Myth [O Mito do Canibal], procura
comprovar a tese de que a antropofagia nunca existiu de fato, sendo antes um preconceito sempre atribuí
do ao Outro: o canibal é invariavelmente o inimigo [...].
Com base em exaustivo estudo de boa parte das fontes existentes, Arens chega à conclusão de que
todos os registros carecem de confiabilidade científica por não resultarem da observação direta: algumas
descrições chegam a minúcias, mas nunca há nelas o testemunho do autor de que presenciou o que relata.
[...]
No que diz respeito ao Brasil, Arens examina apenas o livro do aventureiro alemão Hans Staden, um
relato sensacional que muito deve ter impressionado o público europeu seiscentista. [...] [Porém], o valor
etnográfico [da obra] é sem dúvida limitado, especialmente porque o autor, não sabendo falar tupi, mes-
mo assim reproduz longas conversações dos nativos [...].
Quanto aos jesuítas, não parece provável que tenham participado dos rituais, apesar de afirmarem
terem visto “vestígios”. Arens poderia aqui argumentar que de fato se “vê” tudo aquilo que se quer ver. [...]
Se é que a antropofagia de fato existiu, não me parece possível estabelecer com certeza o modo como era
praticada, nem qual teria sido seu sentido, a partir de observações meramente exteriores. [...]
Roberto Gambini. Espelho Índio: a formação da alma brasileira. São Paulo: Axis Mundi; Terceiro Nome, 2000. p. 111-2; 116.
23
2
A formação da
capítulo
Europa medieval
Séc. III. Museu Nacional Romano, Roma. Foto: Gianni Dagli Orti/Corbis/Latinstock
24
Dorothy Burrows - Mapa de Constantinopla. c. 1420. Biblioteca Nacional, Paris. Foto: EE Image Library/Heritage Images/Glow Images
Talvez você não tenha resposta para essas perguntas, mas pense nelas
enquanto lê este capítulo.
25
O que é a Idade Média?
Durante muito tempo chamada de “Idade das Trevas”, a Idade Média hoje é
considerada pelos historiadores como o período que deu origem ao mundo
ocidental.
Adam Woolfitt/Corbis/Latinstock
Fotografia recente da cidade medieval de Carcassone, na França. Por ser uma Nação que se formou na Idade Média,
a França possui muitas construções medievais.
26
Períodos da Idade Média
capítulo 2
Observe, na linha do tempo a seguir, como os principais períodos da
Idade Média são estabelecidos pelos historiadores.
400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500
27
O declínio do Império Romano
A diminuição do número de escravos, a crise econômica e as invasões germânicas
levaram à fragmentação do Império Romano.
O Estado romano
O início da Idade Média está relacionado ao de-
Motivos da crise
Depois de atingir o apogeu, no entanto, o Império Romano começou
Flavius Stilicho. c. 400. Díptico em marfim. Basílica de São João Batista, Monza.
Foto: The Bridgeman Art Library/Keystone
a atravessar um longo período de crise. Foram vários os motivos que
geraram essa crise. Conheça os principais deles.
Crise do escravismo
Desde que o Império Romano interrompeu sua expansão e deixou de promover guerras de
conquistas, por volta do ano 100, o número de escravos caiu consideravelmente. Como o
escravismo era um dos pilares da riqueza romana, a falta de escravos gerou uma grave crise
econômica.
Ruralização da economia
Frente à crise pela qual passava o império, houve um enfraquecimento de atividades como a
produção artesanal e o comércio. Assim, milhares de trabalhadores ficaram desempregados e
começaram a deixar as cidades para viver sob a proteção de grandes proprietários de terras.
Desse modo, a área rural começou a se tornar mais importante que a área urbana.
Ocupação germânica
A crise econômica fez com que o Estado romano deixasse de arrecadar os impostos Essa imagem retrata
necessários para sua manutenção. Para proteger as fronteiras, os governantes romanos fizeram Stilicho, guerreiro
acordos com os líderes dos povos germânicos que já ocupavam regiões do Norte da Europa, germânico que se
dentro dos limites do império. O Estado romano cedia territórios aos germânicos que, em troca, tornou comandante do
tinham que guardar as fronteiras e evitar que outros povos invadissem essas regiões. Além exército romano.
disso, eles começaram a ser incorporados ao exército romano. Desse modo, as tropas romanas Relevo produzido por
passaram a contar com um número cada vez maior de germânicos, inclusive nos postos de
volta do ano 400.
comando.
28
A divisão do Império Romano
capítulo 2
Diante das dificuldades cada vez maiores para manter e
As “invasões bárbaras”
administrar o império, os governantes romanos tentaram de
Os romanos chamavam de “bárbaros”
várias formas controlar a crise. No ano de 395, o então impe-
todos aqueles que não compartilha-
rador Teodósio dividiu o império em duas partes: o Império
As invasões germânicas
E. Cavalcante
O L
40° N
0 290 km
0° Império Romano do Ocidente
Fonte: HILGEMANN, Werner; KINDER, Hermann. Atlas Historique. Paris: Perrin, 1992. Império Romano do Oriente
Roma é conquistada
No século V, a cidade de Roma foi conquistada por um grupo de invasores
germânicos que, lide rados por Odoacro, saquearam a cidade e depuseram
Rômulo Augústulo, o então imperador romano. A conquista de Roma signi-
ficou a quebra da unidade política do Império Roma-
Séc. XIX. Coleção particular.
Foto: Bettmann/Corbis/Latinstock
29
Os povos germânicos
Apesar de serem diferentes entre si, os povos germânicos apresentavam
semelhanças em suas formas de organização econômica, política e social.
A organização social
As sociedades germânicas eram patriarcais, e as decisões mais importan-
tes eram tomadas pelo chefe de cada grupo familiar. A união de várias famílias
dava origem a um clã ou comunidade. Os germânicos eram muito indepen-
dentes e autônomos, o que dificultava a formação de um Estado com poder
centralizado. Em épocas de guerras, no entanto, eles escolhiam um chefe,
que tinha poder sobre o comitatus , que era o grupo de guerreiros armados.
Os guerreiros que faziam parte do comitatus juravam fidelidade ao chefe,
prometendo ficar sempre a seu serviço. O chefe, por sua vez, jurava sempre
defender seus comandados.
30
Os reinos germânicos
capítulo 2
Os povos germânicos formaram vários reinos em regiões que antes faziam
parte do Império Romano. Esses reinos apresentavam uma mistura de ele-
mentos herdados do mundo romano e do mundo germânico. Por essa razão,
Pictos N
Mar O L
Irlandeses do Jutos
Norte Daneses
S
Bretões
Anglo-
-Saxões
Frísios Saxões
OCEANO
ATLÂNTICO
Bretões Turíngios
Reino dos Francos Eslavos
Bávaros
Alamanos Lombardos
Reino dos Hunos
Reino dos
Burgúndios Ostrogodos
Suevos Gépidas
Bascos Mar
Negro
Reino dos
Vândalos
Berberes
Mar Mediterrâneo
0 230 km
0°
Fonte: JOTISCHKY, Andrew; HULL, Caroline. The Penguin Historical Atlas of the Medieval World. Londres: Penguin Books, 2005.
Na época de formação dos primeiros reinos germânicos, houve uma grande difusão do
cristianismo. Essa religião tinha como base as pregações de Jesus Cristo, que viveu na Pa-
lestina, uma região dominada pelo Império Romano desde 64 a.C. O cristianismo tinha como
princípio o desapego aos bens materiais e o amor ao próximo, e conquistou muitos segui-
dores em várias regiões do império. No entanto, os cristãos foram duramente perseguidos,
pois recusavam-se a adorar os deuses romanos.
Apesar das perseguições, o cristianismo não parou de crescer. No ano de 313, o impera-
dor Constantino concedeu liberdade de culto aos cristãos e, em 391, o imperador Teodósio
tornou o cristianismo a religião oficial romana. Após a queda do Império Romano do Ociden-
te, a Igreja Católica tornou-se uma instituição poderosa e teve um papel de destaque na
sociedade medieval.
31
O Império Romano do Oriente
Após a divisão, a parte ocidental e a parte oriental do Império Romano tiveram
desenvolvimentos muito distintos.
O Império Bizantino
Enquanto no Império Romano do Ocidente acontecia uma grande fragmen-
tação territorial e a formação dos reinos germânicos, no Império Romano do
Oriente, também conhecido como Império Bizantino, desenvolvia-se um
comércio cada vez mais forte que impulsionava o crescimento das cidades.
Além de Constantinopla, a capital do império, havia outras importantes
cidades, como Antióquia, Alexandria e Niceia. Nessas cidades, além de uma
população numerosa, existiam grandes construções, como igrejas, teatros,
circos, banhos públicos e hipódromos.
Ao lado, gravura
Lokman. 1558. Museu do Palácio de Topkapi, Istambul. Foto: Dost Yayinlari/The Bridgeman Art Library/Keystone
A gravura abaixo,
produzida no século
XV, representa um
homem com uma
remessa de canela.
Esse produto gerava
grandes lucros para
A capital do Império Bizantino os bizantinos.
Mercador de canela. Séc. XV. Biblioteca Estense, Modena.
Foto: The Bridgeman Art Library/Keystone
32
A herança romana
capítulo 2
Os bizantinos consideravam-se os únicos herdeiros do Império Romano,
uma vez que, no Ocidente, o encontro entre romanos e germânicos havia
transformado demais a antiga cultura. Os bizantinos chamavam a si próprios
de romanos e deram o nome de România à sua terra.
A produção de seda
Uma das mais importantes influências da cul
tura oriental em Bizâncio foi a produção da
seda. Os bizantinos tiveram acesso às técnicas
da produção da seda chinesa quando, enviados Autor desconhecido - Caçada ao leão, a cavalo. Séc. VIII. Museus dos Tecidos, Lion
33
O governo de Justiniano
34
A arte bizantina
capítulo 2
A forte religiosidade no Império Bizantino refletiu-se nas manifestações
artísticas. Pinturas, mosaicos, iluminuras, afrescos, esculturas, literatura
e arquitetura eram expressões artísticas que exaltavam principalmente
acontecimentos bíblicos, a vida dos santos, a importância da fé. Além do
35
Explorando o tema
Constantinopla O hipódromo era o local onde se
A capital do Império Bizantino, que chegou a realizavam jogos públicos, corridas,
ter cerca de um milhão de habitantes, era a maior espetáculos, comemorações de vitórias
cidade do mundo medieval. Em Constantinopla, militares e até mesmo execução de
criminosos. O hipódromo media 430
viviam pessoas de diferentes lugares, como gre- metros de comprimento e 160 metros
gos, romanos, árabes, genoveses e venezianos. de largura, e podia abrigar até
Além desses moradores, viajantes de outras re- 100 mil pessoas.
giões se dirigiam à Constantinopla para vender e
comprar diversas mercadorias, movimentando os
mercados e as ruas da cidade.
36
capítulo 2
O Fórum de Constantino era um A rua principal da cidade, O porto natural
local de reunião de negociantes, Mesê (rua do meio), se conhecido como Corno
mercadores e advogados. Atraía estendia da muralha oeste de Ouro era um dos
Art Capri
Olympio, 1970.
Ismail Sadik Oguz/Gallo
Images/Getty Images
Yann Artnus-Bertrand/
Corbis/Latinstock
37
Atividades
Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.
Exercícios de compreensão
1 Quais fatos marcam o início e o final da 10 Produza um texto sobre os povos germ â
Idade Média? nicos, abordando os seguintes aspectos:
■■ como viviam;
2 Por que a Idade Média também foi con
■■ como obtinham seus alimentos;
siderada a “Idade das Trevas”? Por que
atualmente os historiadores não conside ■■ como estava organizada sua sociedade;
ram esse termo adequado? ■■ como eram suas leis;
■■ como eram suas crenças religiosas.
3 Por que diversos historiadores afirmam que
a Idade Média foi o período em que nas 11 Cite o nome de alguns reinos germânicos
ceu o mundo ocidental? formados no território que fazia parte do
Império Romano do Ocidente.
4 Cite algumas características da Alta Idade
Média. Caracterize, também, a Baixa Ida 12 Qual foi a origem do cristianismo? Como
de Média. essa religião se difundiu?
Expandindo o conteúdo
19 Leia o texto a seguir.
38
capítulo 2
Sofia). Ele tinha mais uma grande ambição: recuperar a grandeza perdida da velha
Roma. Ordenou que fossem recenseados todos os inúmeros textos das leis editadas
pela antiga Roma e também as observações que os eruditos e juristas de renome
tinham feito sobre eles. Todos esses escritos foram reunidos no grande livro jurídico
Novgorod O L
Riga
S
Dantzig
Hamburgo
Bruges Kiev ÁSIA
EURO PA
Viena Budapeste Tana
OCEANO Mar
ATLÂNTICO Gênova Veneza Kaffa de Aral 45° N
Marselha Mar Negro Mar Bucara
Nápoles Salônica Cáspio
Trebizonda
Constantinopla
Valência Tebas
Córdoba Messina Khotan
Túnis Antióquia
Septum C r et a
Ch ip r e Alepo
Fez
Mar Mediterrâneo Bagdá Peshawar
Damasco
Jerusalém
Alexandria Basra
Cairo
Jotabe G
ol Ormuz
fo
Pé
rs Daibul
ic
o
Ma
rV
ÁFRICA
erm
Zhaia Caliana
elh
Adulis Golfo de
o
prata seda azeite Fonte: SHERRARD, Philip. Bizâncio. Rio de Janeiro: José Olympio, 1970.
ferro tecido cereais
chumbo sal peixe
pedras preciosas vinho escravos
39
d ) Escreva o nome de algumas cidades ligadas pelas rotas comerciais.
e ) Qual era a importância de Constantinopla para o comércio medieval?
21 O texto a seguir explica como aconteceu a ocupação do território romano pelos povos ger
mânicos, a partir do século IV. Leiao.
Capacete de guerreiro
germânico feito no
século VII.
40
a ) Para os greco-romanos, quem eram os “bárbaros”?
capítulo 2
b) Escreva no caderno os nomes de alguns povos germânicos.
c ) De acordo com o texto, quais foram os fatores que, no século IV, motivaram a incorpo
ração dos germanos ao exército romano?
Trabalho em grupo
22 A ocupação de territórios romanos pelos povos germânicos, comumente chamada de “inva
sões bárbaras”, é considerada por muitos estudiosos como um grande deslocamento po
pulacional. Também chamados de migrações, os deslocamentos populacionais ocorreram
nas mais diversas épocas e regiões, devido a diversos fatores como guerras, crescimento
populacional ou alterações climáticas.
Nos dias atuais, o deslocamento de pessoas é algo bastante comum. Existem as migrações
internas, caracterizadas pelo deslocamento populacional dentro de um mesmo país, e as
migrações externas, quando os habitantes de um país se mudam para outras regiões do
planeta. Geralmente, as migrações são provocadas por questões econômicas, políticas,
militares, ambientais ou sociais.
Realize com os colegas uma pesquisa sobre as migrações internacionais atuais. Veja o roteiro.
a ) Façam um levantamento das principais correntes migratórias atuais e escolham uma
delas para pesquisar.
b ) Pesquisem informações em livros, revistas, internet etc. Procurem descobrir:
■■ quais os principais motivos que impulsionam essa migração;
■■ quais as atividades exercidas pelos migrantes;
■■ como é o cotidiano dos migrantes no país de destino;
■■ se os migrantes costumam retornar ao país de origem;
■■ se esses migrantes sofrem preconceitos no país receptor.
c ) Depois, elaborem um texto coletivo contendo as informações pesquisadas. Finalmente,
produzam um cartaz com os resultados da pesquisa.
Estimule a autonomia na aprendizagem dos alunos solicitando-lhes que realizem a proposta da seção Refletindo sobre
o capítulo. Explique-lhes que, caso não tenham compreendido alguma das afirmações, é importante que o professor
seja informado para que possa retomar o conteúdo correspondente e sanar as deficiências na aprendizagem.
Refletindo sobre o capítulo
Agora que você finalizou o estudo deste capítulo, faça uma autoavaliação de seu apren-
dizado. Verifique se você compreende as afirmações a seguir.
■■ A Idade Média é um período histórico situado entre a Antiguidade e a Idade Moderna.
■■ Após o seu apogeu, o Império Romano passou por um longo processo de crise e declínio.
■■ Vários reinos germânicos foram formados nas regiões antes ocupadas pelo Império Ro-
mano do Ocidente.
■■ Durante a formação do Europa medieval, o cristianismo se difundiu, atingindo quase
todas as regiões do continente.
■■ Império Bizantino, com capital em Constantinopla, é o nome pelo qual ficou conhecido
o Império Romano do Oriente.
Após refletir sobre essas afirmações, converse com os colegas e o professor para certifi-
car-se de que todos compreenderam o conteúdo trabalhado neste capítulo.
41
3
A época medieval
capítulo
na Europa
A Iluminura do livro As
Irmãos Limbourg - Setembro. Museu Condé, Chantilly. Foto: The Granger Collection, NYC/Other Images
Veja nas
Riquíssimas Horas do Orientações
para o
Duque de Berry, professor
produzida no começo alguns
do século XV. Nessa comentários e
iluminura, que se explicações
sobre os
refere ao mês de recursos
setembro, vemos os apresentados
camponeses no capítulo.
realizando a vindima,
ou colheita da uva,
que está sendo
transportada para o
castelo, ao fundo.
B Abaixo, iluminura
produzida no século
XIV, que representa
um grupo de nobres
cavaleiros sendo
abençoados por
religiosos ao partirem
para uma guerra.
Rei Luís IX participando da Sétima Cruzada em 1248. Séc. XIV.
Museu Britânico, Londres. Foto: HIP/TopFoto/Keystone
42
Essa iluminura representa C
Aproveite a seção
Conversando sobre o assunto Conversando sobre o
assunto para ativar o
A Idade Média foi um período histórico que durou mais de mil anos. conhecimento prévio
dos alunos e estimular
Até pouco tempo atrás, esse período foi considerado como sinônimo de seu interesse pelos
decadência material e cultural. No entanto, como estudaremos neste assuntos que serão
desenvolvidos no
capítulo, a época medieval teve grande importância para a formação da capítulo. Faça a
Europa e do próprio mundo moderno. mediação do diálogo
entre os alunos de
Observe as imagens apresentadas nestas páginas e converse com os maneira que todos
Conversando
colegas sobresobre o assunto
as questões a seguir. participem
expressando suas
■ ■ Quem são as pessoas representadas nas fontes A e B? É possível opiniões e
Você já deve ter se perguntado por que ocorrem guerras? Por que respeitando as dos
muitas identificar
pessoas a não
quaistêm
grupos
comidasociais essasou
suficiente pessoas
moradiapertenciam?
adequada? Como colegas.
viveram
■ ■ Qual nossos antepassados?
era a função Como
do castelo surgiram tantos
representado países
na fonte A? com cos-
Podemos
tumes tão diferentes?
estabelecer Neste
relações capítulo,
entre você
as fontes A evai
B?conhecer
Quais? melhor o traba-
lho■■ do historiador,
Descreva profissional
as fontes C e D.que se dedica
Quais ao estudo
elementos indicamdasque
ações huma-
a fonte C
nas representa
em determinados tempo e espaço. Observe as imagens a seguir.
um mercado medieval? Você consegue identificar alguns
■ ■ O que elas representam?
dos produtos que eram comercializados?
■ ■■ O queatividade
é possível
■ Qual eraperceber
realizadasobre os modosrepresentado
pelo cambista de vida das pessoas re-
na fonte D?
tratadas
Essa nas fontes
atividade A e C?
era importante na Idade Média? Por quê?
■ ■ Qual é a relação da fonte B com os estudos históricos?
Pense nessas questões enquanto você lê este capítulo.
43
A formação do Império Carolíngio
Os reinos germânicos tiveram curta duração. Um deles, no entanto,
tornou-se poderoso e teve grande influência na Europa medieval.
Séc. XIV. Biblioteca de São Marcos, Veneza. Foto: The Art Archive/Corbis/Latinstock
reinos nas regiões onde antes existia o Im-
pério Romano do Ocidente. Entre esses
reinos havia o dos visigodos, o dos anglo-
-saxões, o dos vândalos e o dos francos.
Uma das principais características desses
reinos era a combinação de tradições roma-
nas e germânicas.
Os germânicos se diferenciavam dos ro-
manos quanto à organização do Estado: não
tinham leis esc ritas nem instituições políticas,
como o Sen ado ou a Assembleia. Assim, o
poder e o próprio reino eram compreendidos
como propriedades do rei. Nesses reinos, as
relações entre o rei e os súd itos baseavam-
-se nos laços de honra e de fidelid ade.
A iluminura acima
representa uma
O Reino Franco cerimônia em que
Entre os reinos germânicos, houve um que se tornou muito poderoso: o um súdito jura
Reino Franco. Esse reino, localizado na Gália, conseguiu uma maior esta- fidelidade ao rei.
bilidade principalmente devido às relações estabelecidas com a Igreja Ca-
tólica que, naquela época, passava por um período de fortalecimento.
Clóvis, considerado o primeiro grande rei franco,
44
O Império Carolíngio
capítulo 3
O mais importante rei da dinastia carolíngia foi Carlos Magno. Esse rei O Vaticano
cristão conquistou vários reinos germânicos e converteu-os ao cristianismo.
O atual território
As vitórias de Carlos Magno e a conversão dos povos conquistados ao do Estado do
cristianismo deram-lhe grande prestígio junto à Igreja.
E. Cavalcante
Mar Báltico
40° N
Córsega
DUCADO DE
BENEVENTO
Mar Mediterrâneo
45
Os feudos
A descentralização política que acompanhou o declínio do Império Carolíngio
contribuiu para a consolidação do feudalismo.
46
A sociedade feudal
Séc. XII. Biblioteca Britânica, Londres. Foto: The Bridgeman Art Library/Keystone
capítulo 3
Havia três grupos sociais na época do feudalismo: nobreza, clero e
camponeses.
47
Explorando o tema
Os castelos medievais
Os castelos medievais, além de moradias, funcionavam como fortalezas militares para ga-
rantir a defesa contra os ataques de invasores. Os castelos tinham muralhas de pedra muito
altas e torres ainda maiores que as muralhas. Nessas torres, ficavam os arqueiros vigilantes,
sempre atentos para a chegada de possíveis inimigos.
48
capítulo 3
Os castelos na atualidade
Jacky Naegelen/Reuters/Latinstock
Guédelon não envolve somente interesses turís-
ticos, mas também conhecimentos históricos,
técnicos, científicos e educativos.
Photononstop/SuperStock/Glow Images
49
A economia feudal
O feudo era uma unidade produtora autossuficiente. Quase tudo o que seus
moradores necessitavam era produzido no próprio feudo.
Dízimo
Um feudo medieval pagamento
Em um feudo eram praticados vários tipos de artesanato e também al- obrigatório
que os fiéis
gumas atividades comerciais. No entanto, a principal atividade econômica faziam à
era a agricultura. Igreja.
Servos e escravos
A maior parte do trabalho
nos feudos era realizada
pelos servos. No período
medieval, a servidão não
eliminou a escravidão, mas
contribuiu para limitá-la.
O servo, diferentemente do
escravo, não podia ser
vendido, pois estava ligado As atividades de artesanato
à terra e, por isso, também eram executadas por
não podia ser expulso do profissionais como ferreiros,
feudo. Além disso, pelo fato tecelões e sapateiros. Esses
de o servo não ser uma artesãos também trabalhavam
propriedade do senhor nos campos em épocas de
feudal, ele não podia ser colheita ou em outras épocas de
Art Capri
50
O manso senhorial era a terra O castelo era a residência do
capítulo 3
de uso exclusivo do senhor. senhor feudal e de seus familiares,
Porém, eram os servos que criados e cavaleiros. Durante
trabalhavam nele para cultivar os ataques inimigos, os moradores do
produtos agrícolas. Esse trabalho feudo se refugiavam no castelo.
era geralmente feito durante três
Os camponeses
geralmente trocavam
produtos entre si,
praticando um pequeno
comércio. Os feudos
maiores podiam reunir
várias aldeias, sendo
comum que os aldeãos
se reunissem próximo ao
castelo para trocar seus
produtos.
As terras comunais, ou
Para utilizar equipamentos, campos abertos, eram
como fornos e moinhos, os áreas que podiam ser
servos pagavam ao senhor utilizadas por todos os
impostos chamados moradores do feudo. Essas
banalidades. áreas geralmente eram
formadas por matas e
bosques, de onde se
retirava a lenha para o fogo
e a madeira para as
construções e também
onde se caçava.
51
O poder da Igreja Católica
No decorrer da Idade Média, a Igreja Católica consolidou o seu poder e
Matteo di Giovanni di Bartolo – São Nicolau de Bari. Séc XV. Museu Lindenau, Altenburg.
Foto: The Bridgeman Art Library/Keystone
tornou-se a instituição mais influente da Europa.
52
Transformações na Europa feudal
capítulo 3
Por volta do ano 1000, começaram a ocorrer diversas A rotação trienal de culturas
transformações na Europa feudal. Na Antiguidade, as áreas agrícolas
geralmente eram divididas em dois
pela charrua, um arado munido de uma lâmina de metal que podia re-
volver mais profundamente o solo, possibilitando o aumento da produ-
ção agrícola.
■ ■ A substituição do boi pelo cavalo para puxar o arado. O uso do cavalo,
Cavalo atrelado
mais forte e rápido que o boi, tornou mais ágil o trabalho de arar os com garrote.
campos de cultivo.
■ ■ A melhoria no sistema de atrelagem dos animais. Isso foi possível com Ilustrações: Paula Diazzi
53
As Cruzadas
No final do século XI, os cristãos da Europa organizaram expedições militares para
reconquistar dos turcos a “Terra Santa”.
A “Terra Santa”
Os motivos das Cruzadas “Terra Santa” é o
nome dado à
O motivo alegado pelo papa Urbano II para convocar a Primeira Cruzada, Palestina, e, mais
em 1095, era expulsar os turcos que haviam conquistado a Palestina e difi- especificamente,
cultado as peregrinações dos cristãos aos lugares onde Jesus Cristo viveu. à cidade de
Jerusalém,
Porém, além das questões religiosas, outros fatores impulsionaram as localizada no
Cruzadas: a população havia aumentado e não existiam oportunidades de atual Estado de
Israel. Essa região
trabalho para todos. Assim, enviar essas pessoas para combater no Orien-
recebe esse nome
te em nome da fé cristã era também uma maneira de resolver os problemas pois acredita-se
populacionais da Europa. que foi lá que
Jesus Cristo
Havia também muitos nobres que não possuíam terras, pois as heranças viveu. Além dos
costumavam ser transmitidas somente aos filhos mais velhos. Muitos des- cristãos, a cidade
ses nobres sem terra acreditavam que poderiam viver aventuras e conquis- de Jerusalém é
tar riquezas no Oriente e, por isso, apoiaram as Cruzadas. Os comerciantes sagrada para
judeus e muçul-
europeus, por sua vez, apoiaram os cruzados, pois tinham interesse em
manos.
estabelecer novas relações comerciais com o Oriente.
54
As cidades medievais
capítulo 3
Com o crescimento populacional houve também uma revitalização no Uma cidade
comércio e um aumento no número de pessoas que viviam nas cidades. medieval
As corporações de ofício
55
Cambistas e banqueiros A usura
A Igreja Católica
Ao longo das rotas comerciais, geralmente formavam-se feiras e merca-
condenava a
dos. Neles, comerciantes e mercadores se encontravam periodicamente usura, isto é, os
para oferecer suas mercadorias. Esses mercados e feiras possibilitavam a empréstimos a
circulação de muitos produtos de várias regiões e também promoviam um juros praticados
intenso intercâmbio cultural. pelos banqueiros.
Para os católicos,
Nas feiras, os mercadores se deparavam com uma diversidade de moedas emprestar
vindas de lugares diferentes. Para resolver esse problema, surgiram os dinheiro a juros
cambistas. Eles facilitavam as negociações trocando as moedas conforme significava, na
a necessidade dos comerciantes. Como pagamento pelo serviço prestado, verdade, vender o
tempo. Esses
os cambistas ficavam com uma parte das moedas trocadas.
religiosos acredi-
À medida que surgiam novas necessidades, os banqueiros passaram a tavam que o
oferecer também serviços de depósitos: o comerciante depositava seu di- tempo pertencia a
Deus e, por isso,
nheiro no banco e podia resgatá-lo a qualquer momento, evitando os riscos
não poderia ser
de carregar altas quantias de dinheiro em suas viagens de negócios. Além vendido.
disso, os banqueiros passaram a emprestar dinheiro cobrando juros.
Séc. XV. Coleção particular. Foto: Bettmann/Corbis/Latinstock
Juro valor
cobrado de quem
toma dinheiro
emprestado. Os
juros variam de
acordo com a
quantia e com o
tempo de duração
do empréstimo.
Casal de banqueiros
recebendo depósito
de moedas feito por
comerciantes.
Iluminura produzida
no século XV.
Josse Lieferinxe. 1497-99. Museu de Arte Walters, Baltimore. Foto: The Bridgeman Art Library/Keystone
A Peste Negra
Em meados do século XIV, a Europa foi atingida por uma
epidemia de peste bubônica. Conhecida como Peste
Negra, essa doença espalhou-se a partir da Ásia Central
e chegou ao Ocidente trazida pelos navios comerciais.
Transmitida pelas pulgas dos ratos, a doença se alastrou
rapidamente, devido à superpopulação e à falta de
higiene das cidades. A quantidade de mortos era tanta
que em algumas cidades os corpos eram removidos em
carroças e sepultados em valas comuns.
Essa situação foi agravada por uma série de conflitos
envolvendo a França e a Inglaterra, que ficaram conheci-
dos como Guerra dos Cem Anos. Esses conflitos causa-
ram grande destruição dos campos cultiváveis, levando
populações inteiras à fome, além de contribuir para a
disseminação da peste nas aldeias. No auge da epidemia,
em aproximadamente seis anos, a peste dizimou cerca de
um quarto de toda a população europeia.
56
As primeiras universidades
capítulo 3
As universidades promoveram grandes transformações na área da educação
e no pensamento medieval. Por isso, o século XIII é chamado de “século das Iluminura que
universidades”. representa uma
A organização
Cada universidade tinha seu próprio modo de organização, mas geral- Jurista especia-
mente havia três níveis na hierarquia: reitor, mestres e estudantes. lista em leis.
As aulas eram ministradas em latim, língua oficial da Igreja, e baseavam- Laico aquilo
-se na leitura e comentários de textos clássicos, como os de Aristóteles, que não pertence
Cícero e Ptolomeu. Em seguida, havia debates entre mestres e estudantes. ao clero.
Esses textos variavam conforme a época, local de ensino e o curso esco- Reitor diretor
lhido pelo aluno, que podia ser de artes, direito, medicina ou teologia. de universidade.
57
Atividades
Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.
Exercícios de compreensão
1 Quais aspectos diferenciavam os germ â 10 Quem foi São Francisco de Assis? Que
nicos dos romanos? ideias ele defendia?
2 Escreva um pequeno texto sobre o Rein o 11 Que povos invadiram a Europa a partir do
Franco. Procure, em seu texto, contem século X?
plar os seguintes aspectos:
12 Explique com suas palavras o que era a
■■ localização do Reino; rotação trienal de culturas.
■■ primeiro rei franco;
13 Cite exemplos de inovações técnicas que
■■ relação dos reis com a Igreja Católica; possibilitaram mudanças nos métodos de
■■ o governo dos majordomus. produção, por volta do ano 1000. Esc olha
uma dessas inovações e escreva sobre
3 Produza um pequeno texto utilizando as ela.
palavras do quad ro.
14 Que motivos impulsionaram as Cruzadas?
francos cristianismo Quais foram as suas consequências?
imperador Igreja 15 O que eram as corporações de ofício?
papa Carlos Magno 16 Explique com suas palavras qual era o con
texto histórico que possibilitou o sur
4 O que aconteceu com o Império Carolíngio
gimento dos cambistas.
após a morte de Carlos Magno?
17 O que eram os burgos? Explique qual a
5 Quais os elementos romanos e os elementos
relação existente entre os burgos e os
germânicos que contribuíram para a for
burgueses.
mação da sociedade feudal?
18 Sobre a Peste Negra, responda:
6 Cite as principais características do feuda
lismo. a ) Quando aconteceu?
9 O que eram as ordens monásticas e o que 19 Qual foi a importância das universidades a
elas propunham? partir do século XIII?
Expandindo o conteúdo
20 Analise a tabela a seguir.
58
21 Veja a imagem a seguir. Ela representa um feudo na Baixa Idade Média.
capítulo 3
Irmãos Limbourg - Março (detalhe). Séc. XV. Iluminura. Museu Condé, Chantilly. Foto:The Bridgeman Art Library/Getty Images
F
D
C
b ) Agora, produza um texto com base na imagem apresentada. Nele, descreva os elemen-
tos da paisagem e as pessoas que foram representadas. Procure incluir no texto alguns
aspectos do cotidiano dos moradores de um feudo. Depois de pronto, troque seu texto
com o de um colega e verifiquem as semelhanças e as diferenças entre eles.
59
22 As fotografias a seguir retratam duas igrejas medievais que apresentam características ar
quitetônicas diferentes. Observe-as.
A Catedral de Pisa, na
Atlantide Phototravel/Corbis/Latinstock
A Catedral de Chartres,
na França, foi construída
durante o século XII.
23 No início da Idade Média, muitas cidades da Europa Ocidental entraram em declínio e a po
pulação se dirigiu ao campo em busca da proteção dos grandes proprietários de terras.
Porém, algumas cidades europeias continuaram se desenvolvendo nessa época, como
Veneza e Gênova, na atual Itália. Elas são exemplos de cidades medievais importantes
para o comércio entre diferentes regiões. Leia o texto.
[...] As duas maiores cidades comerciantes italianas, Veneza e Gênova, [eram] particularmente desfa-
vorecidas para as atividades agrárias. O estreito contato que elas mantinham com civilizações comerciais
como a bizantina e a muçulmana certamente reforçou [essa] tendência. Por fim, não se pode esquecer que
a tradição comercial e urbana italiana vinha da Antiguidade, e sempre foi lá mais forte do que no resto da
Europa católica.
Veneza, talvez a maior cidade ocidental, há muito tempo mantinha intensas relações comerciais com o
Oriente. Desde o século VIII levava trigo, vinho, madeira, sal e peixe defumado para Bizâncio, obtendo em
troca especiarias, seda e outros manufaturados. Desde o século IX, os venezianos comerciavam também
com os muçulmanos do Egito, fornecendo-lhes mercadorias escassas naquela região (ferro, madeira, escravos)
em troca de especiarias e ouro. [...]
Gênova, a maior rival veneziana, conquistara em princípios do século XI a hegemonia mercantil no Me-
diterrâneo ocidental derrotando os muçulmanos e se apossando das ilhas de Elba, Sardenha e Córsega.
Assim, para ela os interesses comerciais e o combate ao infiel eram a mesma coisa, o que facilmente a iden-
tificou com as Cruzadas. Mas seu apoio aos cruzados (transporte, provisões, empréstimos) estava sempre
condicionado ao recebimento de privilégios comerciais nas cidades conquistadas por eles. Foi assim que os
genoveses puderam formar um vasto e rico império colonial — arrancado dos bizantinos e muçulmanos
— abrangendo Chipre, as principais ilhas do Egeu e territórios do Mar Negro.
Hilário Franco Júnior. As Cruzadas: Guerra Santa entre Ocidente e Oriente. São Paulo: Moderna, 1999. p. 13-5. (Polêmica).
60
capítulo 3
Passado e presente
24 Leia o texto a seguir sobre hábitos e costumes medievais que ainda hoje fazem parte do
nosso cotidiano.
a) Cite exemplos de objetos que foram inventados durante a Idade Média e que permanecem
em nosso cotidiano.
b ) Além de objetos, muitos costumes do período medieval permanecem em nosso cotidia
no. Cite alguns deles.
c ) Escreva um pequeno texto sobre a importância das invenções do passado que estão
presentes em seu dia a dia.
Estimule a autonomia na aprendizagem dos alunos solicitando-lhes que realizem a proposta da seção Refletindo sobre o
capítulo. Explique-lhes que, caso não tenham compreendido alguma das afirmações, é importante que o professor seja
informado para que possa retomar o conteúdo correspondente e sanar as deficiências na aprendizagem.
61
4
capítulo
A expansão do Islã
Veja nas Orientações
Athar Akrom/Art Directors & TRIP/Alamy/Other Images
para o professor
alguns comentários e
explicações sobre os
recursos
apresentados no
capítulo.
A Fiéis muçulmanos
realizando orações em
Meca, na Arábia Saudita.
A fotografia, tirada no ano
de 2007, destaca a Caaba,
edifício que guarda a Pedra
Negra, objeto sagrado para
o Islã.
Ulpiano Checa Sanz - Cavalaria muçulmana. c. 1880-1916. Coleção particular. Foto: Fine Art Photographic Library/Corbis/Latinstock
B A pintura ao lado,
representa um exército de
cavaleiros muçulmanos
partindo para um combate,
durante a expansão dos
domínios islâmicos. (Pintura
produzida no século XX).
62
C Essa ilustração mostra Aladim fazendo seus pedidos ao gênio
Angus McBride – Aladim dando ordens ao Gênio. Séc XX. Coleção particular. Foto: The Bridgeman Art Library/Keystone
da lâmpada. A história de Aladim se encontra em uma
tradicional obra literária árabe chamada As mil e uma noites.
Processo de destilação. Séc. XVIII. Biblioteca Britânica, Londres. Foto: British Library Board/The Bridgeman Art Library/Keystone
É possível identificar influências árabes em diversas D
áreas, por exemplo, na culinária, na arte e na
arquitetura. A ilustração ao lado representa um
alambique, uma invenção árabe.
Aproveite a seção
Conversando sobre o assunto Conversando sobre
o assunto para ativar
O islamismo, ou Islã, é uma religião monoteísta que teve origem na o conhecimento
prévio dos alunos e
península Arábica. Essa religião é baseada nos ensinamentos do profeta estimular seu
Maomé, e seus seguidores são conhecidos como muçulmanos. No sé- interesse pelos
assuntos que serão
culo VII, os povos árabes se unificaram em torno da fé islâmica, dando desenvolvidos no
início à expansão de seus domínios para outras regiões, como o norte da capítulo. Faça a
África e a península Ibérica. mediação do diálogo
entre os alunos de
Neste capítulo, vamos conhecer melhor o islamismo e entender como maneira que todos
participem
ele influenciou a cultura Ocidental. expressando suas
Observe as imagens destas páginas e converse com os colegas sobre opiniões e
respeitando as dos
as questões a seguir. colegas.
■■ A edificação em destaque na fonte A está localizada na cidade de
Meca. Qual a importância dessa cidade para os muçulmanos? Por
que ela atrai tantos seguidores do Islã?
■ ■ Descreva a fonte B. É possível identificar elementos ligados à expan-
utilizado?
Talvez você ainda não tenha as respostas para essas perguntas, mas
pense nelas enquanto lê este capítulo.
63
O nascimento do Islã
O islamismo foi fundado no século VII por Maomé, um comerciante que habitava
a península Arábica. Atualmente, é a religião que mais cresce em número de
seguidores.
Os povos do deserto
A península Arábica era desértica, porém possuía vários oásis. Os árabes
Caravana grupo
nômades que habitavam essa península eram conhecidos como beduínos. de comerciantes
Eles aproveitavam os oásis para cultivar plantas como trigo, lentilha, cebo- que, por motivo
la, alho e legumes. Praticavam o pastoreio, criando cabritos, carneiros e, de segurança,
também, camelos, que eram seu principal meio de transporte. viajam juntos.
arborizado e com
cia entre os vários oásis. Eles também pra- água, localizado
ticavam o comércio e, com suas caravanas, em regiões
percorriam longas distâncias levando e tra- desérticas.
zendo mercadorias dos mais diversos luga- Peregrino
res. pessoa que viaja
Os beduínos eram politeístas e seus vá- por longas
distâncias.
rios deuses eram representados por ídolos
que ficavam guardados em um templo na
cidade de Meca. Essa cidad e era um impor-
tante centro religioso e atraía peregrinos de
todas as partes da península.
64
A formação do mundo islâmico
capítulo 4
Veja, na linha do tempo a seguir, os principais momentos da história do
islamismo desde seu surgimento, no século VII, até o século XIII.
A expansão do Islã
610 a 661 661 a 750 750 a 1258
Início da expansão Dinastia Omíada Dinastia Abássida
islâmica Durante o governo dos Período de paz interna que perdura até
Nesse período, sob o omíadas, acontecem aproximadamente o ano de 900 e fica
governo de Maomé e várias guerras civis conhecido como a época de ouro dos
de seus sucessores, os que dificultam a união muçulmanos. Nesse período ocorre um
árabes conquistam toda a do Islã. Esse período grande desenvolvimento cultural, com
península Arábica, parte da de disputas internas destaque para as artes, a literatura e
Pérsia e da Mesopotâmia, é marcado pela cisão a ciência. Os xiitas se fortalecem em
além do Egito e da Líbia. entre sunitas e xiitas. países como a Tunísia e o Egito.
600 650 700 750 800 850 900 950 1000 1050 1100 1150 1200 1250 1300
711
610 Os muçulmanos dominam 1037
Maomé começa a a península Ibérica. Os reinos de Navarra, Castela e 1258
divulgar o islamismo. Aragão, apoiados pela Igreja Católica, Hulagu, neto do
conseguem expulsar os muçulmanos imperador mongol Gengis
622 do Norte da península Ibérica. Khan, invade Bagdá e
Maomé migra de Meca para 630 executa o último califa
Iatrib. Esse episódio é conhecido Grande parte da península 645 abássida, Al Musta’sim.
como Hégira, que marca o início Arábica é unificada sob O califa Utman aprova
do calendário muçulmano. o domínio político e e dá início à difusão do
religioso de Maomé. texto sagrado, o Alcorão.
A expansão muçulmana
E. Cavalcante
OCEANO
EUROPA ÁSIA
ATLÂNTICO 45° N
Mar
Mar Negro Cáspio
Península
Ibérica KHAREZM CAXEMIRA
Armênia
Córdoba TRANSOXÂNIA
Merv PUNDJAB
Kairawan Cabul
Mar Mediterrâneo Damasco Karbala Ispahan
Trípoli
MAGREBE
Jerusalém
Fustat Basra
(Cairo)
Deserto do Saara HIJAZ
EGITO
Medina SIND
ÁFRICA OMÃ
Meca
Península
Arábica
N
IÊMEN Mar Árabe
Época de Maomé (622-632) O L
0 675 km
Primeiros califas (632-661) S
45° L
Dinastia omíada (661-750) DEMANT, Peter. O mundo muçulmano. São Paulo: Contexto, 2004.
65
A expansão dos domínios islâmicos
Em menos de duzentos anos, os muçulmanos construíram um grandioso império.
As conquistas territoriais
A partir do século VII, os povos árabes se unificaram em
se converter ao
África da Europa recebeu islamismo, porém,
o nome de Gibraltar em para continuar
homenagem ao general praticando sua
Tarik. Em árabe, Jibral religião, eles
significa monte, portanto, deviam pagar um
Jibral Tarik quer dizer imposto ao líder
“monte de Tarik”. Nessa muçulmano.
imagem, vemos uma
representação do general
Tarik orientando seus
soldados durante a Berbere povo
invasão muçulmana na nômade que vive
península Ibérica. no Norte da África
(Gravura do século XX). e em regiões do
deserto do Saara.
66
A presença muçulmana na península Ibérica
capítulo 4
Nos oito séculos em que permaneceram na península Ibérica, os muçul-
Etnia grupo de
manos deram importantes contribuições culturais para os povos que viviam
indivíduos que
nessa região. compartilham as
A expansão do Islã
Os muçulmanos chamavam a península Ibérica de Al-Andalus. A socie- mesmas caracte-
dade de Al-Andalus englobava uma diversidade de culturas: governantes rísticas sociocul-
turais, como a
árabes, guerreiros berberes convertidos ao islamismo, judeus, cristãos e
língua, a religião,
escravos de diversas etnias. Todos esses grupos transmitiram um rico le- os costumes,
gado cultural às gerações seguintes. e os modos de
sentir, de pensar
e de agir.
O legado técnico e cultural
A presença dos muçulmanos na península Ibérica influenciou e enriqueceu
a cultura daquela região. As pesquisas científicas e a literatura, por exemplo,
foram incentivadas pelos estudiosos árabes. Naquela época, El-Hakam II,
um líder muçulmano, reuniu quatrocentos mil livros e ordenou a construção
de uma biblioteca para guardar essas obras. Filósofos e médicos muçul-
manos que viviam na península ficaram conhecidos no Ocidente pela im-
portância de suas pesquisas.
67
O islamismo
Meca é um lugar sagrado para os muçulmanos, pois é onde se localiza a Caaba,
um importante símbolo do Islã.
A peregrinação à Meca
Todos os anos a cidade de Meca recebe fiéis para o Hajj , a peregrinação,
que acontece no último mês do calendário muçulmano. Atualmente, cerca
de dois milhões de muçulmanos de várias partes do mundo dirigem-se
todos os anos à Grande Mesquita de Meca para cumprir esse dever religioso.
Observe a fotografia a seguir, tirada em 2007.
Nabil Mounzer/epa/Corbis/Latinstock
Próximos à Grande
Mesquita existem vários
hotéis, desde os mais caros
até os mais baratos, para
hospedar os peregrinos.
Alguns peregrinos ficam ao
Princípios do islamismo ar livre ou alojados em
O livro sagrado do Islã é o Alcorão, também tendas e barracas.
chamado de Corão. Os muçulmanos acreditam que
ele contém as palavras de Alá, reveladas ao profeta
Maomé pelo anjo Gabriel. Além do Alcorão, os
muçulmanos dão grande importância ao Hadith,
um conjunto de normas de conduta. Essas normas
são baseadas em palavras e atitudes exemplares de
Maomé que devem ser seguidas pelos muçulmanos.
Um muçulmano deve seguir os Cinco Pilares do
Islã , que são os principais deveres dessa religião.
1o) Shahada: ou testemunho, é a primeira prece
que o muçulmano aprende. Pronunciada em voz
alta, representa a declaração de fé do fiel ao
islamismo.
2o) Salat: são as orações que devem ser feitas por
todos os muçulmanos adultos cinco vezes todos os
dias (pela manhã, ao meio-dia, à tarde, ao pôr do
sol e à noite). Deve-se rezar com a cabeça voltada
para Meca.
3 o) Zakat: contribuição financeira paga pelos fiéis
para fins de caridade, usada principalmente para
ajudar as pessoas necessitadas.
4 o) Sawn: é o jejum feito durante o dia no mês do
Ramadã, quando se comemora a revelação da
palavra de Alá ao profeta Maomé.
5 o) Hajj: é a peregrinação à Meca que deve ser feita
por todo muçulmano pelo menos uma vez na vida,
desde que possua condições físicas e financeiras.
68
A sucessão do profeta
capítulo 4
Maomé não indicou quem seria seu sucessor e, por isso, após sua morte, teve início uma acirrada
disputa entre duas correntes, que tinham visões diferentes sobre como deveria ser feita a sucessão.
A primeira corrente, formada pelos xiitas, defendia que somente os descendentes de Maomé
poderiam ser seus sucessores. Já a segunda corrente, formada pelos sunitas, afirmava que
A expansão do Islã
qualquer fiel poderia ser o sucessor, desde que aceito pela comunidade. Essa segunda corrente foi
vitoriosa, porém os xiitas passaram a contestar a autoridade dos governantes sunitas. Muitos dos
conflitos que ocorrem entre os muçulmanos na atualidade têm origem nessa divisão do islamismo
Lembranças da
peregrinação
Em Meca, os
peregrinos podem
comprar
lembranças de
O Tawaf é o percurso feito em volta sua viagem,
da Caaba. Depois de entrar na desde garrafas
mesquita, o peregrino dirige-se à com água da
Pedra Negra, beija-a e então dá sete fonte Zenzem até
voltas em sentido anti-horário, pedaços da
recitando orações. Kiswa , o pano
que cobre a
Caaba .
69
Explorando o tema
A cultura islâmica
Os muçulmanos preservaram muitos conhecimentos de povos da
As ciências
Os sábios muçulmanos davam grande valor ao conhecimento. Eles
resgataram obras filosóficas, literárias, científicas e técnicas dos
antigos gregos e traduziram-nas para o árabe, preservando esses
O astrolábio é um
conhecimentos antigos. Também recuperaram conhecimentos chi-
instrumento de navegação
neses, persas e indianos, aprimoraram esses saberes e os difundiram que, por meio da medição
por todo o Ocidente. da posição dos astros,
Os muçulmanos procuravam preservar e desenvolver os conheci- auxiliava a identificar a
mentos adquiridos com os povos que eles conquistavam. Por isso, localização de uma
eles foram culturalmente influenciados tanto por africanos quanto embarcação em alto-mar.
por asiáticos e europeus. Ele foi provavelmente
inventado pelos antigos
Os conhecimentos difundidos pelos muçulmanos contribuíram gregos, porém, foram os
para o desenvolvimento das ciências modernas, desempenhando muçulmanos que
um papel importante nas áreas de medicina, química, biologia, físi- aprimoraram e difundiram
ca, matemática, astronomia, arquitetura, história, filosofia e música. esse instrumento na Europa.
Os algarismos
Os algarismos de 0 a 9 usados hoje pela maioria
Paula Diazzi
Índico
dos povos para representar os números e realizar
os cálculos matemáticos derivam de algarismos
criados pelos antigos indianos. Arábico
Quando os muçulmanos entraram em contato com
a cultura indiana, na época da expansão islâmica, Espanhol
eles conheceram esses algarismos e difundiram seu
uso pela Europa, África e Ásia. Italiano
O próprio termo “algarismo” é derivado do nome
de Al-Khowarizmi, sábio muçulmano que es creveu
uma importante obra sobre a utilização dos algaris- Tabela comparativa entre os
mos indo-arábicos, como ficaram conhecidos. números índicos, arábicos,
espanhóis e italianos.
A arquitetura
Nas regiões conquistadas, os muçulmanos construíram grandes obras,
como mesquitas, palácios e fortalezas, utilizando os conhecimentos
adquiridos no contato com outros povos, como os persas, os
egípcios, os chineses e os ibéricos.
A arquitetura islâmica se caracteriza pela grandiosidade
dos edifícios, com pátios e jardins, e pela presença de muitos
objetos decorativos, como vitrais, azulejos e tapetes, entre
outros.
70
capítulo 4
Frances Brundage. Séc. XIX. Coleção particular. Foto: Blue Lantern Studio/Corbis/Latinstock
A literatura
A literatura era muito valorizada pelos muçulma-
A expansão do Islã
nos, que escreveram obras de grande beleza e
importância. A obra literária em idioma árabe mais
difundida pelo mundo chama-se As mil e uma
noites . Nela foram reunidas histórias criadas por
diferentes pessoas ao longo de muitos anos, e que
são narradas por uma jovem princesa chamada
Sherazade. As histórias de As mil e uma noites
mais famosas são “Aladim e a Lâmpada Maravi-
lhosa”, “Ali Babá e os Quarenta Ladrões” e “As
Sete Viagens de Simbad, o Marujo”.
71
Atividades
Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.
Exercícios de compreensão
1 Sobre os beduínos, responda. 8 Sobre o islamismo, responda.
a ) Quem eram? a ) Quando surgiu essa religião?
b ) Onde moravam? b ) O que é o Alcorão?
c ) Que produtos agrícolas cultivavam? c ) Explique o que é o Hadith.
d ) Quais animais criavam? d ) Quais são os Cinco Pilares do Islã? Ex
plique cada um deles.
e ) Como realizavam o comércio de mer-
cadorias? e ) O que é a Caaba? Qual a importância
dela para os muçulmanos?
f ) Como era sua religião?
f ) Qual o nome do tecido preto que cobre
2 Explique como o islamismo foi fundado.
a Caaba? Quando ele é trocado?
3 Explique a diferença entre os termos árabe g ) O que é o Haram Sagrado?
e muçulmano.
h ) O que é o Tawaf?
4 O que é a jihad?
i ) Onde os peregrinos ficam durante o
5 Explique quais fatores motivaram a expan- Hajj?
são islâmica.
9 Qual a importância dos sábios muçulmanos?
6 Descreva como aconteceu a conquista da
península Ibérica pelos muçulmanos. 10 Onde foram criados os algarismos que utili-
zamos atualmente? Como o uso desses
7 Elabore um texto sobre a presença mu algarismos foi difundido pelo mundo?
çulmana na península Ibérica usando as
palavras e expressões a seguir. 11 Qual a obra literária árabe mais conhecida
mundialmente? Cite o nome de duas his
sociedade cientistas tórias presentes nessa obra.
influência cultural islamismo 12 Quem foi Avicena? Qual a sua importância
península Ibérica Al-Andalus para a história da medicina?
muçulmanos agricultura
Expandindo o conteúdo
13 Leia o texto a seguir.
O Sol já estava alto e Aladim sentiu fome. Pediu à mãe algo para comer.
— Ah, meu filho. Ontem à noite você estava com tanta fome que lhe servi toda a comida que
havia em casa — disse ela com pesar.
Aladim ficou calado durante algum tempo, pensando no que fazer. De repente, lembrou-se da
lâmpada que havia trazido. Pegou-a na sacola e disse à mãe:
— Essa lâmpada deve valer alguma coisa. Vou tentar vendê-la e trazer alguma comida para casa.
— Está bem, mas antes deixe-me limpá-la. Assim você pode conseguir um preço melhor por ela.
72
capítulo 4
A mulher pegou a lâmpada e começou a esfregá-la com um pedaço de pano. No mesmo instante,
fez-se um clarão e surgiu um enorme gênio, que disse:
— Ordene o que quiser e obedecerei.
A expansão do Islã
— Quem é você? — perguntou Aladim.
— Sou o gênio da lâmpada. Estou sempre pronto a atender a qualquer pedido de quem tiver essa
lâmpada encantada nas mãos.
A mulher não chegou a ouvir as últimas palavras daquele gigante assustador. Ao vê-lo surgir,
levou um susto tão grande que caiu desmaiada.
Aladim não se espantou tanto com aquela aparição. [...] Conseguiu amparar a mãe, enquanto
prestava atenção ao que o gênio dizia. Depois de acomodar a mulher em uma almofada, pegou a
lâmpada e ordenou ao gênio:
— Traga-me alguma coisa para comer, mas que seja uma refeição deliciosa, digna de um rei.
Em poucos segundos, surgiu uma mesa posta na sala.”
Aladim e a lâmpada maravilhosa. Adap. de Edson Rocha Braga. São Paulo: Scipione, 2001. p. 16-7. (Reencontro Infantil).
a ) Qual o nome da história apresentada acima? Como você chegou a essa conclusão?
b) Essa história faz parte de uma conhecida obra literária árabe. Qual é o nome dessa obra?
c ) Faça um desenho representando uma passagem dessa história.
14 Segundo pesquisas feitas em 2006, o islamismo é hoje a religião com maior número de se-
guidores no mundo. Observe o mapa a seguir.
E. Cavalcante
N
O L
CAZAQUISTÃO
FRANÇA
ALBÂNIA TURQUIA
SÍRIA AFEGANISTÃO
OCEANO MARROCOS IRAQUE IRÃ
ATLÂNTICO ARGÉLIA LÍBIA PAQUISTÃO
EGITO ARÁBIA OCEANO
BANGLADESH
SAUDITA PACÍFICO
OMÃ ÍNDIA
MAURITÂNIA NÍGER
MALI
CHADE IÊMEN
SUDÃO
COSTA NIGÉRIA ETIÓPIA
SURINAME DO
MARFIM CAMARÕES SOMÁLIA MALÁSIA
Equador UGANDA
CONGO QUÊNIA 0°
Meridiano de Greenwich
TANZÂNIA INDONÉSIA
ANGOLA
OCEANO
OCEANO MOÇAMBIQUE
ÍNDICO
PACÍFICO BOTSUANA
de 91% a 100%
de 51% a 90%
de 21% a 50% 0 1 890 km
de 6% a 20% 0°
menos de 5% Fonte: BLACK, Jeremy (Ed.). World History Atlas. Londres: Dorling Kindersley, 2005.
73
a ) O que esse mapa repres enta?
b ) Cite os nomes de alguns países em que mais de 90% da população é muçulmana.
c ) Cite um país americano em que mais de 5% da população é muçulmana.
15 Em 1095, o papa Urbano II declarou aos fiéis católicos que era necessário conquistar Jerusa-
lém, a “Terra Santa”, tomando-a dos muçulmanos. Em 1099, os guerreiros cristãos
participantes da primeira Cruzada conquistaram Jerusalém. O texto a seguir trata sobre es-
se episódio. Leia-o.
Discutindo a história
16 Nos países islâmicos, a religião envolve quase todos os aspectos da vida das pessoas, sejam
homens, mulheres ou crianças. Entretanto, cada país tem a sua própria maneira de inter-
pretar as leis do Alcorão e cada um deles apresenta formas distintas de regulamentar a
vida diária. Leia a seguir uma entrevista concedida por Magda Aref Abdul Latif, uma brasi-
leira muçulmana que estuda a cultura do Islã e é membro do Centro de Estudos e Divulgação
do Islã, que é sediado em Suzano, São Paulo.
74
capítulo 4
Como é a vida da mulher muçulmana?
Não existe a mulher muçulmana. Existem as mulheres muçulmanas. Isso depende de vários fatores, como
condição social e país de origem. A mulher muçulmana reza cinco vezes por dia, mas não são todas que cum-
prem, como em qualquer mandamento religioso. No Brasil, nós usamos o véu [...]. Praticamos as orações,
A expansão do Islã
fazemos jejum no mês de Ramadã. As meninas trabalham, estudam, outras são donas de casa, tem de tudo.
a ) Com base na entrevista e nos seus conhecimentos, escreva um texto apontando quais
são as principais diferenças existentes entre as mulheres muçulmanas e as mulheres
ocidentais que não são muçulmanas.
Estimule a autonomia na aprendizagem dos alunos solicitando-lhes que realizem a proposta da seção Refletindo sobre o
capítulo. Explique-lhes que, caso não tenham compreendido alguma das afirmações, é importante que o professor seja
informado para que possa retomar o conteúdo correspondente e sanar as deficiências na aprendizagem.
■■ Nos séculos VII e VIII os muçulmanos dominaram uma vasta região, que se estendia da
península Ibérica até a Índia.
■■ Muitos elementos da cultura ibérica foram influenciados pela cultura muçulmana.
■■ A cidade de Meca é um lugar sagrado para os muçulmanos, e recebe milhões de fiéis
de várias regiões do mundo.
Após refletir sobre essas afirmações, converse com os colegas e o professor para certifi-
car-se de que todos compreenderam o conteúdo trabalhado neste capítulo.
75
5
A América antes da
capítulo
para o professor
alguns comentários e
explicações sobre os
recursos
apresentados neste
capítulo.
A Alguns povos
americanos, como
os maias e os
astecas,
construíram
pirâmides
gigantescas.
Ao lado, fotografia
de 2011 retratando
uma pirâmide maia,
em Chichén Itzá,
no México.
Autor desconhecido – Guerreiro asteca. c. 1600-1800. Ilustração. Coleção particular. Foto: Bettman/Corbis/Latinstock
B Durante a expansão de
seu império, os astecas
subjugaram vários povos,
que desse modo
passavam a pagar
tributos. Essas
conquistas foram
possibilitadas pela força
de seu exército. Essa
imagem representa um
guerreiro asteca
portando um escudo e
uma lança farpada
chamada atlal. Esses
guerreiros vestiam-se
com pele de jaguar,
grande felino das
florestas americanas. Por
invocar a imagem desse
animal, eram conhecidos
como guerreiros jaguar.
(Gravura do século XIX.)
76
William Mullins/Alamy/Other Images
Rosa Gauditano/Studio R
C Os incas formaram um grande império na América do Sul. D Fotografia recente de pai e filho indígenas da etnia
Todas as regiões do império eram interligadas por uma Waurá, no estado do Mato Grosso.
extensa rede de estradas. Fotografia atual de turistas
caminhando em estrada inca, no Peru.
Aproveite a seção
Conversando sobre o assunto Conversando sobre
o assunto para ativar
Antes da chegada dos europeus, o continente americano era habitado o conhecimento
prévio dos alunos e
por diversos povos indígenas. Cada um desses povos tinha sua própria estimular seu
língua, cultura, crenças e tradições. Neste capítulo, vamos conhecer infor interesse pelos
assuntos que serão
mações sobre alguns povos indígenas da América. desenvolvidos no
Observe as imagens apresentadas nestas páginas e converse com os capítulo. Faça a
mediação do diálogo
colegas sobre as questões a seguir. entre os alunos de
■ ■ A fonte A retrata uma pirâmide construída pelo povo maia. Por que
maneira que todos
participem
alguns povos americanos construíram pirâmides? Você conhece expressando suas
construções semelhantes a essa feitas por outros povos? Quais? opiniões e
respeitando as dos
■ ■ Descreva a fonte B. Como o guerreiro asteca foi representado? Qual colegas.
era importância da guerra para os astecas?
■ ■ A fonte C retrata um trecho de estrada inca. Qual era a importância
77
Os povos da América
Os povos que viviam na América antes da chegada dos europeus
apresentavam grande diversidade cultural.
E. Cavalcante
N
Esquimós O L
Atabascos
Esquimós
Algonquinos
Comanches
Apaches
Mulher e bebê Sioux Mulher e criança
esquimós. Pueblos Musgoguis sioux.
Seminolas
Herbert M. Herget - Nobre maia. Séc. XX. Coleção de Imagens
da National Geographic, Washington. Foto: National
Geographic/Glow Images
ASTECAS
Caraíbas
OCEANO
MAIAS ATLÂNTICO
Aruaques
Aruaques
Chibchas
Equador Caraíbas 0°
Caras
Quéchuas Tupis
OCEANO PACÍFICO INCAS
Jês
Aimarás Guaranis
Homem maia. Trópico de Capricórnio Homem guarani.
Tupis
Hércules Florence – Habitação dos apiacás sobre o Rio Arinos
Autor desconhecido – Mulher inca. Séc. XVI. Ilustração.
Coleção particular. Foto: The Bridgeman Art Library/Keystone
Araucanos
Patagões
0 1 160 km
60° O
Fonte: PEREGALLI, Enrique. A América que os europeus encontraram.
São Paulo: Atual, 1994.
78
Algumas civilizações importantes da América
capítulo 5
Observe, na linha do tempo abaixo, o período de duração de algumas
civilizações americanas.
Ruínas e centros
Prisma/SuperStock /Glow Images
cerimoniais de
Teotihuacan,
que era a
maior cidade
mesoamericana
na época da
chegada dos
europeus.
Teotihuacan
foi declarada
Patrimônio
Cultural da
Humanidade
pela Unesco
em 1987.
79
Os maias
Os maias desenvolveram uma sociedade bastante complexa.
Eles influenciaram muitos povos da Mesoamérica.
Os povos de Yucatán
Os maias habitavam a região da
Em Templo de Bonampak, México. Séc. VIII. Foto: Charles & Josette Lenars/Corbis/Latinstock
península de Yucatán e algumas áreas
próximas. A base da economia dessa
civilização era a agricultura, princ i
palmente o cultivo do milho. Os maias
também plantavam feijão, tomate, ba
tata, mandioca, algodão, entre outros
produtos.
Esse povo pré-colombiano atingiu
o auge de seu desenvolvimento entre
os séculos lV e X, quando chegou a
mais de dois milhões de habitantes
e cerca de 50 cidades-estado. Entre
as principais cidades maias destacam-
-se Chichén Itzá, Cobal, Copán, Tikal
e Palenque.
Esse mural maia,
pintado nas
As cidades-estado paredes do templo
Nas cidades-estado maias havia um núcleo chamado de centro cerimonial, de Bonampak,
representa uma
onde ficavam localizadas as principais construções. Era nesse lugar que cerimônia ritual em
viviam os governantes, os sacerdotes, os artesãos e os mercadores. homenagem aos
O restante da população vivia distante dessa área e se dedicava, princi deuses maias da
palmente, às atividades agrícolas. Essas pessoas costumavam frequentar terra e da
fertilidade.
o centro cerimonial para adquirir produtos e para participar de cerimônias No detalhe acima,
religiosas. Elas também iam a esse local quando eram convocadas pelos foram pintados
governantes para trabalhar na construção de obras públicas, como pirâ músicos que, com
mides, palácios, observatórios astronômicos, monumentos e também na seus instrumentos,
pavimentação de ruas. acompanhavam o
ritual.
Sergio Pitamitz/SuperStock /Glow Images
As pirâmides da Mesoamérica
Muitas pirâmides construídas pelos indígenas
americanos encontram-se espalhadas por toda a
Mesoamérica. Grande parte delas já foi identificada Cidade-estado
e restaurada, mas acredita-se que ainda existam cidade que tem
muitas outras a serem descobertas. seu próprio
governo, suas
De formas e tamanhos bastante variados, essas próprias leis.
construções eram utilizadas como templos, onde
Pré-colombiano
se realizavam rituais religiosos.
nome usado
para se referir aos
povos que viviam
A pirâmide de Kukulkán, ao lado, localizada na na América antes
cidade maia de Chichén Itzá, no México, da chegada de
impressiona por sua beleza e grandiosidade. Cristóvão Colombo
a esse continente.
80
A cultura maia
capítulo 5
Os maias tinham uma cultura rica e variada, e desenvolveram muitos
conhecimentos que usamos até hoje.
O sistema de numeração
Os maias desenvolveram um sistema de
Acervo da editora
81
Os astecas
Os astecas eram grandes guerreiros e conseguiram em pouco tempo conquistar
vários povos da Mesoamérica.
Um povo guerreiro
Os astecas vieram do norte da Mesoamérica e fixaram-se na região cen-
tral do México. No ano de 1325, eles ocuparam uma ilha do lago Texcoco
e fundaram a cidade de Tenochtitlán. Eles eram guerreiros e conquistaram
outros povos que viviam na região, obrigando-os a pagar tributos em forma
de ouro, alimentos ou produtos, como tecidos, cacau e algodão. Dessa
forma, os astecas acumularam muitas riquezas, organizaram um poderoso
exército e continuaram a expandir seus domínios. Em menos de 200 anos,
os astecas já haviam formado um poderoso império.
A importância da religião
82
O poder militar dos astecas
capítulo 5
Um dos principais motivos que possibilitou a rápi
da expansão dos domínios astecas foi o seu poder
militar. O exército asteca estava sempre pronto para
a guerra, tanto para manter o controle sobre os po
O comércio
Zanatzin foi um pochteca que viveu no final do século XV, durante o governo do chefe as
teca Ahuítzotl. Sob as ordens desse soberano, Zanatzin fazia viagens a terras distantes.
Nessas viagens, ele comandava outros comerciantes e também os carregadores que trans
portavam as mercadorias. Zanatzin levava roupas, tapetes e outros produtos para serem
trocados por plumas, tinturas e pedras preciosas.
Além das atividades comerciais, ele desempenhava também o papel de espião, pois, ao
chegar a uma cidade, observava quais eram os principais produtos e a capacidade de defe
sa do povo visitado. Depois, ele levava as informações para o chefe asteca, que o recom
pensava com riqueza e prestígio. Assim, Zanatzin enriqueceu e passou a oferecer banquetes
aos seus companheiros pochtecas e a seus clientes da nobreza asteca.
83
Os incas
No final do século XV, os incas haviam formado um grande império na
Os conquistadores incas
A civilização inca constituiu um poderoso império na América. Eles se
estabeleceram no vale do Cuzco, em meados do século XIII, quando toda
a região já era habitada por diversos povos. Por meio de combates e de
alianças, os incas conquistaram esses povos e estabeleceram seu domínio
na região. A partir de então, os incas expandiram seus domínios, acabando
por formar um império com mais de 3 000 quilômetros de extensão ao longo
da cordilheira dos Andes e do litoral do oceano Pacífico. Os incas não
utilizavam a
O domínio inca escrita. Para
registrar
Ao dominar e agregar vários povos ao seu império, os incas procuravam informações, eles
manter relações amistosas com eles. Para isso, faziam acordos com os povos utilizavam um
instrumento
dominados e permitiam que eles mantivessem vários aspectos de sua cultura. chamado quipo,
Esses povos podiam continuar falando sua própria língua, desde que apren composto de
dessem o quéchua, a língua inca. Eles também podiam cultuar suas divindades dezenas de
locais, porém deviam incluir Inti, o deus Sol, em sua adoração. Além disso, cordões coloridos.
os incas preferiam conservar as estruturas sociais dos povos dominados, Utilizando nós, os
mantendo no poder os chefes locais que jurassem fidelidade a eles. incas criavam
códigos que
permitiam
A organização social controlar, por
exemplo, os
Os incas desenvolveram uma sociedade organizada em camadas, onde estoques de
cada pessoa exercia uma função específica. No topo estava o Inca, como alimentos e o
era chamado o soberano do império, que recebia homenagens e tributos pagamento de
dos povos conquistados. Havia pessoas que tinham vários privilégios, co tributos. A imagem
mo a isenção de tributos: eram eles os chefes militares, os juízes, os ad acima, de 1615,
representa um
ministradores e os contadores. inca utilizando o
A maioria das pessoas, no entanto, dependia apenas do seu trabalho, como quipo.
os marceneiros, os pedreiros e os agricultores. Nesse grupo, o trabalho era
feito por homens e mulheres. Nas épocas de plantação e de colheita, todos
trabalhavam no campo, porém, nos demais períodos do ano, os homens tra
balhavam em grandes obras públicas e, se necessário, prestavam serviços
militares. As mulheres se ocupavam com a produção de cestos e do vestuário
da família, cuidavam das crianças e trabalhavam nas lavouras.
84
As grandes obras dos incas
capítulo 5
Os incas eram excelentes construtores. Além de cidades, eles cons Terraço agrícola
truíram fortalez as, templos, santuários e terraços agrícol as. Muitas sistema de cultivo em
construções incas eram feitas com grandes blocos de rocha que eram degraus, desenvolvido
cortados com ferramentas de cobre. Esses blocos se encaixavam per por vários povos,
Jeremy Horner/Corbis/Latinstock
Fotografia recente que retrata um trecho de uma das estradas construídas pelos
incas. Nesse trecho, localizado no Peru, há uma pequena vila, habitada por
descendentes dos antigos incas.
Na imagem ao lado, um chasqui aparece tocando a concha para anunciar sua
aproximação. Ilustração feita em 1615, pelo inca Guamán Poma de Ayala.
85
Os primeiros habitantes do Brasil
Antes da chegada dos portugueses, o território onde hoje fica o Brasil já era
habitado por uma grande diversidade de povos indígenas.
86
Art Capri
capítulo 5
Essas ilustrações são representações
artísticas feitas com base em estudos
históricos.
E. Cavalcante
foram utilizadas técnicas e AM
O
N
ra escoamento da água.
15° S
Atualmente muitos estudos GO
DF
Fonte: LANGER, Johnni. Caminhos ancestrais. Nossa História. São Paulo: Vera Cruz, ano 2, n. 22, ago. 2005.
87
Explorando o tema
Os povos indígenas no Brasil atual
Depois da chegada dos europeus à América, a partir do final do século XV, o modo de vida
tradicional das sociedades indígenas passou por muitas transformações.
A invasão das terras indígenas e a desestruturação de suas sociedades foram algumas das
consequências sofridas pelos nativos no contato com a sociedade não indígena.
A arte caiapó se
expressa de várias
maneiras, por
exemplo, nos
utensílios como
vasos de cerâmica,
cestas, redes
e esteiras,
que são
ornamentados com
pinturas e
plumagens.
88
capítulo 5
Apesar de todas as dificuldades enfrentadas ao longo dos últimos 500 anos, muitos povos
indígenas conseguiram preservar até hoje vários costumes de seus antepassados. Entre esses
Os caiapós
constroem sua
aldeia próxima a
um rio, no qual
tomam banho,
pescam e
retiram água
para o uso diário.
Alguns costumes
da sociedade não
indígena foram
incorporados
pelos caiapós.
Atualmente, por
exemplo, eles
jogam futebol e
assistem
à televisão.
Essa ilustração é uma representação artística feita com base em estudos históricos.
89
Atividades
Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.
Exercícios de compreensão
1 Quais povos habitavam o continente ame- 6 Responda às seguintes questões sobre os
ricano antes da chegada dos europeus? astecas.
Como era composta essa população? a ) Quando chegaram ao vale do Méx ico?
2 Explique por que é preferível usar o termo b ) Qual o nome de sua principal cidade?
“indígena” e não o termo “índio” para
fazer referência aos povos que viviam na c ) Explique o que era o sacrifício ritual.
América antes da chegada dos europeus. d ) Explique como era feita a conquista de
3 O que significa o termo Mesoamérica? outros povos pelos astecas.
Expandindo o conteúdo
12 Leia o texto a seguir e conheça um pouco mais sobre a formação cultural dos maias, incas
e astecas.
Para entender quem foram e qual a importância dos povos incas, maias e astecas, devemos fazer primei-
ro uma pergunta: o que é a cultura de um povo? De uma forma simples, podemos dizer que cultura é o
conjunto de crenças, tradições, conhecimentos, costumes e comportamentos dos povos. No caso dos incas,
maias e astecas, os pesquisadores acreditam que suas culturas foram construídas a partir das crenças, tradi-
ções, conhecimentos, costumes e comportamentos transmitidos por outros povos que viveram antes ou ao
mesmo tempo que eles. Assim, muitas das características que chamam a atenção nessas três civilizações —
como a construção de grandes cidades, templos majestosos, técnicas de irrigar o solo, calendários, escritas,
estilos artísticos, deuses e rituais religiosos — já faziam parte da vida de grupos ainda mais antigos.
Maria Regina Celestino de Almeida. Incas, maias e astecas: três tesouros na América. Ciência Hoje das Crianças. Rio de Janeiro: SBPC, ano 14, n. 114, jun. 2001. p. 13.
90
capítulo 5
13 Na sociedade asteca, havia dois tipos de escolas: os calmecac e os telpochcalli. Leia o texto
a seguir, e veja qual era a diferença entre elas.
Para chegar a ser guerreiro ou sacerdote, os membros da classe alta mexicana tinham escolas especiais,
os calmecac. Os astecas não tinham uma escrita como a nossa: seus textos constituíam-se de complicados
a ) Quais pessoas estudavam nos calmecac? Explique como era o ensino nessas escolas.
b ) O que eram os telpochcalli ?
c ) Explique com suas palavras a seguinte frase: “A extensão da rede escolar não atingiu no
México, até hoje, o nível que tinha no México pré-hispânico”.
14 A pintura a seguir é um detalhe do mural A grande cidade de Tenochtitlán, produzido pelo ar-
tista mexicano Diego Rivera, em 1945. Nesse detalhe, o artista representou o mercado de
Tlatelolco, o principal centro comercial de Tenochtitlán. Observe-o.
Diego Rivera – A Grande Cidade de Tenochtitlán (mural). 1945. Palácio Nacional, Cidade do México
2 1
3 5
b ) Agora, produza um texto descrevendo o mural. Nesse texto, inclua: o nome do autor,
a data e o título da obra. Além disso, descreva quais pessoas foram representadas
91
(homens, mulheres, crianças); o que essas pessoas estão fazendo, que roupas estão
utilizando; como o artista representou a paisagem, as construções etc. Por fim, apre-
sente no texto sua opinião sobre o mural, as impressões que ele lhe causou e que
aspecto mais chamou sua atenção.
15 Imagine que você fosse um adolescente caiapó. Produza um texto sobre como seriam suas
atividades cotidianas, quais seriam suas principais dificuldades, como você se vestiria,
quais alimentos consumiria, como seria sua casa, seu relacionamento com os demais
membros da aldeia etc.
Passado e presente
16 Muitas características culturais dos indígenas americanos estão, ainda hoje, presentes nas
culturas dos povos latino-americanos. Leia o texto a seguir e, depois, observe a bandeira
do México.
Acervo da editora
Segundo a lenda, os astecas saíram em busca de
um lugar que os deuses lhes haviam prometido. Deve-
riam procurar uma águia pousada num cacto, com
uma serpente no bico. Encontraram a águia numa pe-
dra, numa ilha do lago Texcoco, e ali se estabeleceram.
Ana Maria Machado. Explorando a América Latina.
São Paulo: Ática, 1997. p. 19.
Trabalho em grupo
17 Desde a chegada dos europeus ao continente americano, os povos indígenas do Brasil foram
sendo expulsos da maior parte das terras que ocupavam. Nos dias de hoje, a maioria des-
ses povos vive nas chamadas Terras Indígenas, que são demarcadas pelo governo federal
para garantir a sobrevivência cultural desses povos. Para conhecer um pouco mais sobre
a história e a cultura dos indígenas no Brasil, realize com os colegas uma pesquisa
sobre um desses povos na atualidade. Veja o roteiro.
a ) Escolham um povo indígena que vive no Brasil atualmente e, depois, selecionem as fon-
tes de informação que o grupo vai utilizar, por exemplo, livros, revistas, jornais, sites da
internet.
b ) Procurem descobrir:
■■ onde viviam os ancestrais desse povo ■■ como é o relacionamento desse povo
e onde eles vivem atualmente; com a sociedade não indígena;
■■ quais os costumes, a língua e as tra- ■■ quais são os maiores problemas en-
dições desse povo; frentados por esse povo atualmente.
■■ como é o cotidiano desse povo;
■■ quais as influências desse povo na
cultura brasileira de forma geral;
c ) Façam um cartaz com as informações pesquisadas, inserindo textos, imagens, tabelas etc.
Por fim, apresentem os resultados da pesquisa para o restante da turma.
92
capítulo 5
Discutindo a história
18 Um dos costumes astecas que mais chocou os europeus foi a prática de sacrifícios humanos.
No entanto, essa prática tinha um significado muito importante para os astecas. Leia o
93
6
Reinos e impérios
capítulo
africanos
Veja nas Orientações
Autor desconhecido. Séc. XVI. Coleção particular. Foto: Peter Horree/Alamy/Other Images
para o professor
alguns comentários
e explicações sobre
os recursos
apresentados neste
capítulo.
A Relevo produzido no
século XVI em placa de
metal que representa um
obá, rei africano que
detinha autoridade
religiosa e política nos
reinos iorubás. Ele está
rodeado por seus
guerreiros e servos e, em
sua mão direita, segura
uma espada cerimonial.
StockFolio/Alamy/Other Images
94
Yoshio Tomii/SuperStock/Glow Images
C Mesquita e universidade de Sankore construída entre os séculos XIV e XV, em Tombuctu, cidade
da atual República do Mali. Essa cidade fez parte do império Mali e de Songai, e foi fundada no
século XI, na confluência das rotas comerciais entre o Saara e a África Ocidental. Fotografia tirada
na atualidade.
Aproveite a seção
Conversando sobre o assunto Conversando sobre
o assunto para ativar
o conhecimento
Antes da chegada dos europeus na África, vários povos desse conti prévio dos alunos e
nente estavam organizados em sociedades complexas, que formavam estimular seu
interesse pelos
desde pequenos reinos até grandes impérios. Neste capítulo, você vai assuntos que serão
estudar algumas dessas importantes sociedades. desenvolvidos no
capítulo. Faça a
Observe as imagens apresentadas nestas páginas e converse com os mediação do diálogo
entre os alunos de
colegas sobre as questões a seguir. maneira que todos
■ ■ Como o obá foi representado na fonte A? Quais elementos indicam
participem
expressando suas
seu poder e autoridade? opiniões e
respeitando as dos
■ ■ A fonte B retrata uma caravana de mercadores cruzando o deserto
colegas.
do Saara. Por que as atividades comerciais favoreciam o intercâmbio
cultural entre os povos africanos? É possível estabelecer relações
entre as atividades comerciais e a difusão do islamismo no continente
africano?
■ ■ Descreva a fonte C. Quais elementos indicam a presença do islamis
mo nesse local?
Pense nessas questões enquanto você lê este capítulo.
95
O continente africano
A África abrigou, desde a Antiguidade, uma grande diversidade de povos, cada um
com sua língua, costumes e tradições.
Os povos africanos
Entre os séculos VI e XV, diversos povos habitaram o continente africano.
Cada um deles possuía sua própria língua, tradições e religiosidades. Esses
povos também apresentavam diversidade em relação à forma de organiza
ção social e política. Havia diversos grupos nômades, muitas comunidades
que viviam em pequenas aldeias e também povos que estavam organizados
em grandes reinos e impérios.
Observe o mapa a seguir, que representa a localização de alguns dos
mais importantes reinos e impérios africanos desse período.
E. Cavalcante
EUROPA
N
S
ÁSIA
ISLÂMICOS Cairo
Trópico de
Câncer
Ma
rV
MACÚRIA
er
me
GANA - séc. X
lho
Dongola
Tombuctu
Koumbi Gaô Soba
Saleh Jené CANEM
ALÓDIA
Ri
Lalibela
o
HAUÇÁS
Ní
ge
ETIÓPIA
r
IORUBÁS ue
Ifé Ben
Rio
Rio Nilo
Benin
Rio Congo
Equador
0°
OCEANO
Banza Congo CONGO ÍNDICO
OCEANO SUAÍLI
ATLÂNTICO
ZIMBÁBUE
Grande
Zimbábue
Trópico de Capricórnio
Fonte: BLACK, Jeremy (Ed.). World History Atlas. Londres: Dorling Kindersley, 2005.
96
Uma sucessão de reinos e impérios
capítulo 6
Observe, na linha do tempo abaixo, o período de predominância de alguns
reinos e impérios africanos.
Séculos XV e XVI
500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800
O Saara
O comércio foi uma importante atividade econômica para vários povos africanos. A
grande dimensão territorial e as condições climáticas severas do deserto do Saara não
impediram a circulação de pessoas e mercadorias.
A utilização do camelo foi fundamental para que as pessoas pudessem circular pelo
Saara. Esse animal, introduzido na região pelos árabes, por volta do século II, é resis
tente ao rigoroso clima do deserto e tem a capacidade de passar vários dias sem se
alimentar e sem beber água.
As rotas comerciais que atravessavam o Saara, chamadas de rotas transaarianas,
permitiram a comunicação e a troca de mercadorias entre os habitantes da África
Mediterrânea, os povos do deserto e os grupos que viviam nas regiões de savanas e de
florestas tropicais ao sul do Saara. Entre as mercadorias trocadas estavam o sal, ouro,
tecidos, gêneros alimentícios e escravos.
Rotas transaarianas
E. Cavalcante
EUROPA N
Ceuta Túnis
OCEANO Fez Mar Mediterrâneo
O L
ATLÂNTICO Trípoli S
Sijilmessa
Agmate Siuá Cairo
Gadamés
Fonte: SILVA,
ge
Alberto da Costa e.
r
A enxada e a
lança. Rio de
Rotas transaarianas 0 540 km Janeiro: Nova
20° L Fronteira, 2006.
97
O Reino de Gana Escavações em
Koumbi Saleh
Para o soberano de Gana, ter mais súditos era mais importante Em 1915,
começaram
que possuir terras. a ser realizadas
escavações
arqueológicas na
A importância dos súditos antiga cidade de
Koumbi Saleh.
O Reino de Gana foi fundado no século VI por povos do deserto. Ficava Desde então,
localizado entre o deserto do Saara e os rios Senegal e Níger. As principais essas escavações
cidades de Gana eram Koumbi Saleh e Tegdaoust. têm revelado
importantes
Nesse reino, o soberano era chamado de gana . Seus súditos lhe deviam informações
tributos e eram obrigados a prestar serviços militares em tempos de guerra. sobre como
Uma particularidade do Reino de Gana era que, para seus soberanos, era viviam as pessoas
mais importante ter muitos súditos do que grandes extensões de terra. Leia da cidade. Entre
os vestígios
o texto. escavados, estão
centros religiosos,
[...] Sua soberania exercia-se sobre os homens e não so- moradias e vários
objetos de
bre a terra. O monarca não estava interessado em ampliar cerâmica, metal,
seu poder pela adição de novos territórios, mas em subme- vidro e pedra.
ter números crescentes de sobados, cidades, aldeias e grupos
humanos, que lhe pagassem tributo e lhe pudessem fornecer Sobado
soldados para a guerra, servidores para a corte, lavradores Território que
para os campos reais. [...] ficava sob a
autoridade de um
Alberto da Costa e Silva. A enxada e a lança: a África antes dos portugueses. 3. ed.
líder político
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006. p. 277.
chamado de soba.
[...] A época dos guptas trouxe uma contribuição [...] valiosa aos matemáticos:
os próprios números, tais como os conhecemos. De fato, [...] a numeração “ára-
be”, com seus nove algarismos e seu zero, não é árabe; foi criada pelos matemáticos
Séc. VI. Museu Nacional da Índia, Nova Delhi.
Foto: The Bridgeman Art Library/Keystone
98
O islamismo na África
capítulo 6
A religião islâmica foi difundida em diferentes regiões do continente africano,
conquistando muitos seguidores.
O Alcorão
O livro sagrado
do islamismo é o
Alcorão. Além
dos princípios
religiosos, esse
livro estabelece
normas de
conduta, desde
como se vestir
até como se
comportar em
batalhas.
James Marshall/
Corbis/Latinstock
Atualmente, em países da África, como Argélia, Somália, Sudão e Egito, existem muitos seguidores
do islamismo. Na fotografia acima, tirada em 2000, vemos meninos sudaneses estudando o Alcorão
na escola.
99
O Império Mali
Diferentes povos habitavam o Império Mali. As principais cidades desse império
eram Jené, Gaô e Tombuctu.
A mesquita de Jené é
considerada a maior
construção em adobe
da atualidade e, em
1988, recebeu da
Unesco o título de
Patrimônio da
Humanidade.
100
História em construção Os griôs e a história de Mali
capítulo 6
Em Mali, assim como em outras sociedades da África, a
101
O Império Songai
Quando conquistaram o Império Mali, os songais tomaram Tombuctu
e fizeram de Gaô a capital de seu império.
Os songais
Assim como aconteceu com o Reino de Gana, o Império Mali também foi
conquistado por um povo vizinho. Conhecido como songai, esse povo fun
dou um poderoso império na região do rio Níger: o Império Songai.
Em Tombuctu, os songais conseguiram melhorar o abastecimento de água
da cidade canalizando o rio Níger e perfurando poços. Essas melhorias
também possibilitaram que os agricultores tivessem uma produção maior
e mais estável. Porém, foi na área da educação que os songais mais se
destacaram.
O texto a seguir trata das escolas e universidades criadas pelos songais
em Tombuctu. Leia-o.
O ponto forte dos songais [...] era a cultura, embora eles tenham se destacado tam-
bém em outros campos [...].
Havia constante intercâmbio de professores entre as universidades de Tombuctu,
Córdoba (Espanha), Fez (Marrocos), Cairo (Egito), Bagdá (Pérsia). No século XVI, a
cidade de Tombuctu tinha 180 escolas islâmicas, incluindo o ensino primário, secun-
dário e superior. Berbéria região
O ensino em suas faculdades era semelhante ao das demais universidades euro- litorânea
localizada ao
peias e árabes e incluía Teologia, Tradição, Direito, Gramática, Retórica, Lógica, Norte da África,
Matemática, Geografia, Astrologia, História, entre outras especialidades. Era um às margens
ambiente acadêmico potente, que alimentava um próspero mercado onde, segun- do mar
do Leão, o africano, eram vendidos “muitos livros manuscritos que vinham da Mediterrâneo.
Berbéria”. [...] Os livros não eram apenas importados, mas ali também se copiavam Atualmente, é
onde se localizam
muitos deles e foi esta tradição local de reprodução de obras que permitiu aos eru-
o Marrocos, a
ditos da cidade ter suas próprias bibliotecas, algumas das quais eram sem dúvida Argélia, a Tunísia
muito importantes [...]. e a Líbia.
Isso fez de Tombuctu a cidade dos livros e das bibliotecas. Dessa forma, [...] Leão, o africano
Tombuctu se converteu, entre os séculos XIV e XVI, em uma rica metrópole, “tal- foi como ficou
vez a mais próspera do Sahel”, e também em capital do saber e da cultura. conhecido
Hassan al-Wazzan,
José Carlos Ruy. A Alexandria negra. Retrato do Brasil - Reportagem. depois que
Extraído do site: <www.oficinainforma.com.br>. Acesso em: 9 dez. 2011.
escreveu um livro
relatando as suas
Travel Ink/Gallo Images/Getty Images
viagens pela
África. Hassan
nasceu em
Granada, na
Espanha, e viajou
A produção de
pela África na
manuscritos é uma época do Império
atividade comum Songai.
em Tombuctu até os
dias de hoje. Essa Sahel faixa de
fotografia, tirada terra que se
recentemente, localiza entre o
deserto do Saara
retrata um homem
e as florestas
produzindo um
tropicais mais ao
manuscrito em
sul do continente.
língua árabe.
102
Os reinos iorubás
capítulo 6
Para os iorubás, Ifé era uma cidade de grande importância,
pois além de centro religioso, era a morada do oni.
A arte em Ifé
Escavações arqueológicas realizadas em Ifé revelaram que a arte iorubá
era muito elaborada. Foram encontradas esculturas em terracota, cobre e Terracota
argila cozida no
latão, que datam dos séculos XII ao XV. Entre elas estão algumas esculturas
forno.
que representam cabeças de reis e de outros nobres, feitas com a utilização
da técnica da cera perdida. Observe.
Comissão Nacional de Museus e Monumentos, Ifé. Foto: The Bridgeman Art Library/Keystone
Museu Britânico, Londres. Foto: Boltin Picture Library/The Bridgeman Art Library/Keystone
A técnica da
cera perdida
Escultura feita por volta do século XIII, em Essa escultura de bronze, produzida no
terracota, que representa uma rainha iorubá. século XIV, representa um rei iorubá.
103
O Reino do Benin
Um dos mais importantes reinos iorubás foi o Reino O dendê
do Benin. Fundado pelos edos no século XV, esse reino
Fruto de uma palmeira originária da região
prosperou por conta, principalmente, da atividade mer do Benin, o dendê foi introduzido na
cantil. Pela Cidade do Benin, a maior do reino, passavam América no início do século XVI. De sua
produtos como sal, peixe seco, dendê, tecidos e cobre. semente é extraído um óleo de excelente
Para tornar mais ágeis as trocas comerciais, os edos qualidade, que atualmente é um dos mais
consumidos no mundo. O azeite de dendê
utilizavam como moeda manilhas e barras de cobre. é um ingrediente indispensável na elabo
O poder do reino era centralizado na figura do obá , ração de vários pratos da cozinha afro
brasileira, como o vatapá e o acarajé.
que governava auxiliado por um conselho de nobres. O
obá também controlava os chefes das aldeias que faziam
Rogério Reis/Pulsar
parte do reino.
A arte do Benin
Os artesãos do Benin produziram grande quantidade
de esculturas e relevos em placas de metal, que mostram
diferentes aspectos de sua cultura. Um exemplo dessa
arte é a placa de bronze mostrada abaixo, que repre
senta o obá acompanhado por chefes guerreiros e ser
vos. Observea.
A espada O tamanho do
cerimonial era um personagem é uma
dos principais indicação de sua
símbolos do poder importância na
do obá e da realeza sociedade, por isso,
do Benin. o obá é o
personagem maior.
Esse personagem,
assim como o que O colar de contas,
está do lado oposto que cobre todo o
na imagem, é um pescoço do obá,
dos chefes era reservado
guerreiros do obá. apenas às pessoas
da elite do reino.
Esses dois
personagens são
Picture Library/Heritage Image/Otherimages
Museu Britânico, Londres. Foto: Ann Ronan
servos do obá, e
sua posição social
Manilha
inferior é indicada
objeto em
por seu tamanho
forma de
menor. argola
usado como
adorno.
104
O Reino do Congo
capítulo 6
A atividade comercial era muito importante no Reino do Congo.
N. Akira
O mani Congo
E. Cavalcante
N
auxiliado por um conselho real. O L
o Nsundi Kundi
O reino era muito forte e estava dividido S
Co
ng Okango
o
em províncias, cada qual controlada e admi- Ri Mbula
nistrada por um chefe local. Esses chefes Mpangu Songo
do reino, em gravura
do século XVII. Com
a influência do
cristianismo, essa
cidade teve seu
nome mudado para
São Salvador do
Congo.
105
Explorando o tema
A metalurgia nas
Séc. XVI. Museu Britânico, Londres. Foto: Werner Forman Archive/Glow Images
Espada cerimonial. Museu do Quai Branly, Paris. Foto: JeanGilles Berizzi/RMN/Other Images
sociedades africanas
Os seres humanos desenvolveram
as primeiras técnicas de fundição
há cerca de seis mil anos. O primei
ro metal trabalhado foi o cobre, que
podia ser extraído da natureza com
certa facilidade. Posteriormente,
adicionando outro metal, o estanho,
ao cobre, foi possível produzir o
bronze, uma liga metálica mais re
sistente que o cobre.
Da mesma forma que outros povos,
os africanos dominaram técnicas
de fundição de metais. Acreditase
que no continente africano a meta
lurgia do cobre e do bronze se
desenvolveu, inicialmente, no Egito, Cabeça de bronze encontrada Espada cerimonial de um
utilizando minérios vindos da Ásia na Nigéria. Essa escultura obá do Benin. Sua lâmina
representa Idia, a mãe de um foi confeccionada com
ou de outras regiões da África, co obá do Benin. ferro forjado.
mo no caso do ouro, que era pro
106
capítulo 6
O ferreiro africano
Jonathan Blair/Corbis/Latinstock
Nas sociedades africanas, o ferreiro pertence a
uma casta, que é muito respeitada, porque seus
membros são considerados detentores do saber e
praticantes da magia. Eles só se casam com mu-
lheres de sua casta. [...]
Nessa fotografia recente,
Também a mulher do ferreiro desempenha na sociedade africana tradicional tirada no Sudão, ferreiros
um papel definido: ela é a oleira da comunidade, fabricando [recipientes cerâmi- estão martelando um
cos]. As funções do ferreiro são transmitidas de pai para filho, e suas crianças objeto de ferro
incandescente sobre uma
começam logo a desempenhar as funções de aprendizes. A oficina é um assunto bigorna, para atingir o
de família: quem provém de outros clãs familiares não pode entrar ali nem nunca formato e o acabamento
poderá tornar-se ferreiro. desejado.
Ahmadou Kourouma. Homens da África. Trad. Roberta Barni. São Paulo: Edições SM, 2009. p. 118-24.
Carlos Julião - Serro Frio. Séc. XVIII. Aquarela. Biblioteca Municipal Mário de Andrade, SP
Metalurgia africana no Brasil
A tradição metalúrgica africana chegou ao Brasil com os africanos
que para cá foram trazidos na condição de escravos.
No Brasil, os escravos de origem banto, especialistas na fundição do
ferro, eram procurados pelos senhores de engenho para a fabricação
de ferramentas em geral, pois era necessário que trocassem cons
tantemente os utensílios de ferro desgastados.
Os conhecimentos metalúrgicos dos africanos colaboraram para
a fabricação das ferramentas para a agricultura, como enxadas e
machados, além de instrumentos próprios para o trabalho de artesãos,
como o enxó, ferramenta utilizada para dar o acabamento em peças de
madeira.
107
Atividades
Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.
Exercícios de compreensão
1 Elabore um pequeno texto sobre o Reino de b ) Qual era o nome de sua capital?
Gana abordando aspectos como: sua fun-
c ) Quais as melhorias promovidas pelos
dação, a região em que ficava localizado e
songais em Tombuctu?
a relação entre o soberano e seus súditos.
d ) Escreva um pequeno texto sobre a edu
2 Sobre a difusão do islamismo na África, cação no Império Songai.
responda.
10 Qual era o nome da mais importante
a ) Quando essa religião começou a ser
cidade iorubá? Explique sua importância.
difundida no continente africano? Qual
era seu principal meio de difusão? 11 Quem era o principal governante iorubá?
b ) Quem eram os ulemás? Qual era sua E os demais reis, como eram cham ados?
imp ortância para a difusão do islamis-
mo na África? 12 Que tipos de objetos foram encontrados
em escavações arqueológicas feitas na
3 Escreva um pequeno texto sobre a es cidade de Ifé?
cravidão nas sociedades islâmicas dando
exemplos das funções exercidas pelos 13 Que produtos eram comercializados no
escravos. Reino do Benin? Quais objetos eram usa
dos como moeda nesse reino?
4 Cite alguns povos que formavam o Império
Mali. 14 Observe a placa de bronze apresentada na
página 104. Que objetos simbolizam o
5 Quais eram as principais cidades do Império
poder do obá?
Mali? Que produtos eram comercializados
nessas cidades? 15 Sobre o Reino do Congo, responda.
6 O que eram as madrasas? Cite o nome de a ) Em que região do continente africano
duas cidades onde elas foram construídas. ficava localizado?
7 Qual a importância dos griôs para o estudo b ) Como era chamado seu principal
da história do Mali? govern ante?
8 Escreva, com suas palavras, quem foi Ibn c ) Quais eram as funções dos chefes das
Battuta. províncias?
9 Sobre o Império Songai, responda. d ) Como ocorreu a introdução do cris
tianismo no Reino do Congo?
a ) Em que região do continente africano
ficava localizado?
Expandindo o conteúdo
16 O texto a seguir trata da escravidão no Reino do Congo. Leia-o.
108
capítulo 6
escravos, onde trabalhavam sob as ordens de um feitor e o máximo que podiam aspirar era ter
uma parcela de terra para trabalhar em proveito próprio. [...] Com a passagem do tempo, a
maior parte dos escravos adquiria, na prática, a maioria dos direitos dos não escravos: podiam
ir e vir, receber heranças, acumular propriedades. O que os distinguiam do senhor era, funda-
a ) Em que atividades eram usados os prisioneiros de origem nobre? Quais eram seus direitos?
b ) Que privilégios tinham os escravos das famílias camponesas?
c ) A que podiam aspirar os escravos que trabalhavam nas fazendas?
d ) Que direitos os escravos adquiriam com a passagem do tempo? Quais direitos não podiam
adquirir?
17 O texto a seguir faz parte do livro Um passeio pela África, escrito por Alberto da Costa e
Silva (1931-), especialista brasileiro em história africana. Nesse livro, o autor conta a histó-
ria da viagem de três jovens brasileiros pela África, narrando suas aventuras e descobertas.
No trecho a seguir, o personagem Ibrahim, que é um guia turístico, apresenta importantes
informações sobre o Império Songai. Leia-o.
“Estamos indo na direção de Gaô, que foi o centro de um outro grande império, o de Songai” —
explicou Ibrahim.
“No fim do século XV, Songai substituiu o Mali como potência predominante nessa região e con-
quistou grande parte dos seus territórios. A própria Tombuctu passou para as mãos do rei de Songai”.
Muitas canoas iam e vinham pelo rio, algumas delas parcialmente cobertas por uma espécie de
abóbada feita de esteira. Nas maiores, viam-se vinte ou trinta pessoas, além de cabritos, carneiros,
cestos de aves, enormes cabaças e todo o tipo de fardos e amarrados.
“No passado, as canoas transportavam também soldados e seus cavalos. O poder militar de Son-
gai baseava-se em grande parte em suas flotilhas, ou grupo de canoas, que permitiam o rápido
deslocamento das tropas pelo rio. Quando chegavam na proximidade do lugar de ataque, os soldados
desciam dos barcos e muitos deles montavam a cavalo. Os arqueiros e os guerreiros, armados de es-
cudos, porretes e azagaias, ou lanças de cabo curto, seguiam a pé. [...]”
“Os songais eram excelentes cavaleiros. Como também os do Mali. Com seus cavalos com sela,
estribo e rédeas, os songais dominavam tão bem as técnicas da cavalaria pesada quanto os cavaleiros
da Idade Média europeia. Do alto de seus animais, protegidos por escudos, capacetes de metal e cotas
de malha, eles atacavam em massa o adversário, com longas lanças e espadas. Os cavalos tinham a
cabeça e o corpo cobertos por um pano acolchoado, o lifidi, que amortecia as flechas inimigas. [...]”
Alberto da Costa e Silva. Um passeio pela África. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006. p. 17-8.
109
18 O relato a seguir foi recolhido por volta do ano de 1960. Leia-o.
Sou griô. Meu nome é Djeli Mamadu Kuyatê, filho de Bintu Kuyatê e de Djeli Kedian
Kuyatê, mestre na arte de falar. Desde tempos imemoriais estão os Kuyatês a serviço dos
príncipes Keita do Mandinga: somos os sacos de palavras, somos o repositório que conser-
va segredos multisseculares. A Arte da Palavra não apresenta qualquer segredo para nós;
sem nós, os nomes dos reis cairiam no esquecimento; nós somos a memória dos homens;
através da palavra, damos vida aos fatos e façanhas dos reis perante as novas gerações.
Recebi minha ciência de meu pai Djeli Kedian, que a recebeu igualmente de seu pai; a
história não tem mistério algum para nós; ensinamos ao vulgo tudo que aceitamos
transmitir-lhe [...].
Conheço a lista de todos os soberanos que se sucederam ao trono do Mandinga. Sei
como os homens negros se dividiram em etnias, porque meu pai me legou todo o seu sa-
ber; sei por que motivo um se chama Kamara; um outro, Keita; e um terceiro, Sidibê ou
Traorê; todo nome tem um sentido, uma significação secreta.
Ensinei a reis a história de seus ancestrais, a fim de que a vida dos antigos lhes servisse
de exemplo, pois o mundo é velho, mas o futuro deriva do passado.
Djibril Tamsir Niane. Sundjata, ou, A epopeia Mandinga. Trad. Oswaldo Biato. São Paulo: Ática, 1982. p.11.
Extraído do site: <www casadasafricas.org.br>. Acesso em: 28 nov. 2011.
a ) Qual é a atividade exercida pela pessoa que fez esse relato? Qual é o nome dessa
pessoa?
b ) De acordo com o relato, qual é a função dos griôs na sociedade africana?
c ) Como é transmitido o conhecimento dos griôs?
d ) Escreva o nome de quatro soberanos do Mali que são citados no texto.
e ) Para o autor do relato, por que é importante que reis conheçam a história de seus ancestrais?
Trabalho em grupo
19 No Brasil, a tradição dos griôs foi transmitida pelos africanos aos seus descendentes e está
presente em nossa sociedade. Realize com os colegas uma pesquisa sobre os griôs no
Brasil atualmente.
a ) Pesquisem em livros, revistas, jornais, internet etc., informações relacionadas aos griôs
brasileiros.
b ) Procurem descobrir:
■■ quais as características dos griôs brasileiros?
■■ quais são os instrumentos musicais utilizados por eles?
■■ o que os griôs contam em suas histórias?
■■ qual é a importância dos griôs para a história do Brasil?
c ) Por fim, produzam um cartaz sobre os griôs contendo os dados obtidos com a pesquisa.
Procurem inserir imagens, trechos de histórias contadas pelos griôs etc.
110
capítulo 6
Passado e presente
20 Em 2005, a Unesco realizou uma pesquisa sobre os impactos ambientais que têm causado
danos a diversos Patrimônios Mundiais, entre eles a cidade de Tombuctu, na atual Repú-
a ) Quais ações foram empregadas pela Unesco para proteger a cidade de Tombuctu contra
os danos causados pela desertificação do Sahel?
b ) Quem são as pessoas que trabalham na restauração das casas e mesquitas?
c ) Em sua opinião, qual é a importância do uso de técnicas tradicionais na restauração das
construções de Tombuctu?
Estimule a autonomia na aprendizagem dos alunos solicitando-lhes que realizem a proposta da seção Refletindo sobre
o capítulo. Explique-lhes que, caso não tenham compreendido alguma das afirmações, é importante que o professor
seja informado para que possa retomar o conteúdo correspondente e sanar as deficiências na aprendizagem.
povos.
■■ Vários povos africanos se converteram ao islamismo a partir do século VII.
■■ Muitos dos aspectos conhecidos atualmente sobre a história de Mali foram transmitidos
de geração em geração pelos griôs.
■■ Havia muitas escolas e várias universidades em Tombuctu, na época do Império Songai.
■■ Os povos africanos dominaram diversas técnicas metalúrgicas, dentre elas a fundição
do ferro.
Após refletir sobre essas afirmações, converse com os colegas e o professor para certifi
car-se de que todos compreenderam o conteúdo trabalhado neste capítulo.
111
7
A Europa moderna:
capítulo
o Renascimento
Veja nas Orientações
Sandro Botticelli – Primavera. c. 1478. Galeria dos Ofícios, Florença. Foto: Photodisc/Getty Images
para o professor
alguns comentários e
explicações sobre os
recursos apresentados
no capítulo.
112
Andreas Cellarius. Séc XVII. Biblioteca Britânica, Londres
C Nicolau Copérnico (1473-1543) foi um dos primeiros a afirmar que a Terra e os demais planetas
giram em torno do Sol. Nessa imagem, datada de 1661, vemos uma representação do Universo
de acordo com a concepção de Copérnico.
Aproveite a seção
Conversando sobre o assunto Conversando sobre o
assunto para ativar o
Neste capítulo, vamos estudar o Renascimento, movimento que teve conhecimento prévio
dos alunos e estimular
início na Europa durante a passagem da Idade Média para a Idade Mo- seu interesse pelos
derna. Esse movimento artístico, cultural e científico buscou romper alguns assuntos que serão
desenvolvidos no
conceitos e valores medievais. capítulo. Faça a
mediação do diálogo
Observe as imagens apresentadas nestas páginas e converse com os entre os alunos de
colegas sobre as questões a seguir. maneira que todos
participem
■ ■ Você sabe quem são os personagens representados na fonte A?
expressando suas
Descreva essa pintura. Quais elementos dessa fonte indicam a influên opiniões e respeitando
as dos colegas.
cia greco-romana na arte renascentista?
■ ■ Analise a escultura reproduzida como fonte B. Além da influência da
113
A Itália renascentista
O movimento renascentista teve início na Itália, mas logo se espalhou
por outras regiões da Europa.
Aspectos políticos
Entre os séculos XI e XIII, a Europa
O mecenato
As grandes cidades mercantis italianas, como Gênova, Veneza e Floren-
114
O que é Renascimento?
capítulo 7
Renascimento é a tradução da palavra italiana rinascita , que significa
“nascer de novo”. O Renascimento foi um movimento que buscou rever as
concepções de mundo que vigoravam até aquele momento. Esse movimento
teve início na Itália, mas logo se espalhou por diferentes regiões da Europa.
[Os] homens do século XVI percebiam que viviam em uma nova época, conside-
ravam a época anterior — o período que passou a ser chamado de Idade Média como
um tempo de trevas e obscurantismo e, para marcarem sua diferença com esse tempo
passado, voltaram-se para o passado mais distante — a Antiguidade. [...] Os próprios
intelectuais daquele tempo chamaram a época em que viviam de Renascimento, co-
Keystone
em três períodos, mais tarde denominados Trecento, Quattrocento e Cinquecento.
1305 1543
Giotto cria pinturas que, mais 1492 Nicolau Copérnico publica uma obra
tarde, são consideradas marcos Cristóvão Colombo chega afirmando que a Terra gira em torno
da transição da arte medieval à América. do Sol.
para a renascentista.
1500 1521
Chegada dos portugueses às terras A expedição de Fernão de Magalhães é a
que hoje pertencem ao Brasil. primeira a dar uma volta completa no planeta.
115
O humanismo
Durante o Renascimento, os humanistas se inspiraram nas ideias da Antiguidade
clássica e valorizaram as capacidades do ser humano.
Os humanistas
Durante a Idade Média, o ensino nas universidades
Leonardo da Vinci – Homem Vitruviano. c. 1492. Galeria da Academia, Veneza. Foto: Corel Stock Photo
No período medieval, de acordo com o pensamento
religioso, Deus era considerado o centro do Universo
(teocentrismo). Os seres humanos eram considerados
pecadores incapazes de pensar livremente.
Porém, durante o Renascimento, a grande valori-
zação das capacidades do ser humano fez surgir a
crença no antropocentrismo. Palavra de origem gre-
ga ( anthropos = homem), significa que o ser humano
passou a ser considerado o mais importante referen-
cial não só nas questões humanas, mas, também, nas
questões universais.
Os humanos passaram a ser vistos como seres do
tados de potencial criativo, capazes de produzir novos
conhecimentos e de transformar a realidade.
116
O Renascimento científico
capítulo 7
Durante o Renascimento, ocorreram grandes inovações no campo científico.
Um período de transformações
No período do Renascimento, o território que viria a ser chamado de Brasil era habitado
por centenas de povos indígenas diferentes. Cada um desses povos tinha seus próprios
costumes, tradições e modo de vida.
Entre esses povos estavam os tupinambás. Eles viviam próximos ao litoral e chamavam
essa região de Pindorama. Os tupinambás viviam em aldeias circulares e suas casas eram
feitas com palha e madeira de árvores que existiam na região. Eles plantavam mandioca,
batata-doce, amendoim, abóbora e abacaxi, entre outros alimentos. Fabricavam canoas e
jangadas, bem como armas e instrumentos musicais. Os
Carl Friedrich Philipp von Martius – Visão do cume da Serra da Estrela
para a Baía de S. Sebastião. Séc. XIX. Coleção particular
tupinambás tinham o costume de fazer pinturas corporais
usando tintas extraídas de plantas, como o urucum e o je-
nipapo. Essas pinturas eram feitas em ocasiões especiais,
como festas e funerais.
Como os tupinambás viviam em regiões próximas ao lito-
ral, eles foram um dos primeiros povos a ter seus territórios
invadidos pelos colonizadores portugueses. Apesar de re-
sistirem e lutarem contra os invasores, os tupinambás foram
dizimados em função das guerras, da escravização e das
doenças trazidas pelos europeus.
117
A arte renascentista
A arte renascentista caminhava junto à ciência.
A arte e a ciência
A arte renascentista deve ser compreendida com os avanços científicos A arte medieval
da época. Os pintores, arquitetos e escultores do Renascimento, além de
Antes do Renasci-
artistas, tinham conhecimentos científicos. As novas técnicas de arte cria- mento, a forma de
das naquela época dependiam, por exemplo, de cálculos matemáticos e de arte predominante
estudos de anatomia. Leia o texto. foi a medieval,
que era basica-
[...] A arte renascentista é uma arte de pesquisa, de invenções, inovações e mente religiosa e
aperfeiçoamentos técnicos. Ela acompanha paralelamente as conquistas da física, simbólica. Os
artistas medievais
da matemática, da geometria, da anatomia, da engenharia e da filosofia. [...] não se preocupa-
Nicolau Sevcenko. O Renascimento. 16. ed. São Paulo: Atual, 1994. p. 27. (Discutindo a história). vam em represen-
tar os objetos e
as pessoas em
A escultura
Michelangelo Buonarroti – Davi. c. 1505. Galeria da Academia, Florença. Foto: Corel Stock Photo
seu tamanho,
forma e cor reais.
A escultura foi outra importante manifestação Por isso, na arte
artística do Renascimento. medieval, não
havia grande
Ela era caracterizada pela harmonia de seus preocupação com
traços, com inspiração nos modelos da Antigui- questões técni-
dade clássica. cas, por exemplo,
noções de profun-
Grande parte das esculturas eram feitas de didade, forma e
mármore e retratavam o desejo de perfeição e o proporção.
culto ao ser humano, características presentes
na arte renascentista. A imagem abaixo,
produzida no século
Escultores como Ghiberti, Donatello e Miche- XVI, retrata o
langelo inovaram nas técnicas e deram grande momento em que
expressividade aos personagens representados. músicos italianos
realizavam um
Michelangelo, além de pintor, era excelente escultor. Ele concerto. Eles
utilizava principalmente o mármore em suas esculturas. Essa utilizavam
obra, Davi, foi esculpida por volta de 1505 e é considerada instrumentos como
uma das mais belas obras de arte da época do Renascimento. a viola de gamba
(em primeiro plano)
e o alaúde (no
A música e a literatura centro da imagem).
118
A pintura
capítulo 7
As primeiras mudanças em relação à pintura medieval podem ser perce-
bidas na obra de Giotto. Ao contrário dos pintores medievais, Giotto repre-
sentava os personagens e os objetos de maneira mais semelhante à qual
vemos, por isso se preocupava com noções de espaço e de profundidade.
A preocupação
Sandro Botticelli – O nascimento de Vênus. c.1485 Galeria
dos Ofícios, Florença. Foto: Corel Stock Photo
com as formas
reais do corpo
humano pode
ser percebida
no detalhe
desta pintura
de Sandro Capela
Botticelli, Sistina
O nascimento
de Vênus, de
cerca de 1485.
Nela, o pintor
representou
divindades da A obra de
Antiguidade Brunelleschi
Clássica.
O arquiteto
italiano Filippo
Brunelleschi
A técnica da perspectiva projetou diversos
edifícios,
A arte renascentista se diferenciou por completo da arte medieval quan- principalmente
do a técnica da perspectiva foi criada. Essa técnica, baseada em cálculos capelas e igrejas,
ma te máticos e geométricos, permitia que os objetos da cena retratada que seguiam as
parecessem estar em profundidades diferentes. mesmas
proporções de
Para causar essa impressão aos observadores, os pintores traçavam linhas antigos edifícios
que se encontravam no chamado ponto de fuga. Observe. romanos.
Ele é mais
Leonardo da Vinci – Adoração dos Magos. Séc. XV. Galeria dos Ofícios,
Florença. Foto: The Bridgeman Art Library/Getty Images
conhecido, no
entanto, como o
Ponto de fuga criador da técnica
da perspectiva.
Cúpula da
Catedral Santa
Maria del Fiore,
Nessa pintura inacabada de Leonardo da Vinci, podemos perceber claramente o estudo de perspectiva em Florença, obra
realizado pelo artista. Repare nas linhas que atraem o olhar do observador para o ponto de fuga. de Brunelleschi.
119
Explorando o tema
A técnica do
Leonardo da Vinci: um gênio renascentista sfumato
Considerado um dos maiores gênios da humanidade, Leonardo da Vinci Leonardo da Vinci
foi um dos mais importantes artistas do Renascimento e, também, um foi o pioneiro no
grande cientista. uso de uma
técnica de pintura
Nascido na pequena cidade italiana de Vinci, em 1452, Leonardo foi, que ficou conheci-
desde pequeno, um apreciador da natureza e das artes. Além de criar no- da como sfumato.
vas técnicas de pintura, como o sfumato , ele tinha conhecimentos de Com essa técnica,
arquitetura, engenharia, escultura, música, matemática e anatomia. o pintor conseguia
suavizar traços e
Leia o texto a seguir. linhas das pinturas
dando um efeito
“esfumaçado”.
Na pintura e no desenho, Da Vinci ex-
plorava a diversidade da natureza. Usava
sombras para dar às coisas aparência tri-
dimensional. Não usava contornos.
Os gestos e as expressões das figuras de
120
capítulo 7
A Mona Lisa
Leonardo da Vinci pintou vários quadros que são admirados até hoje por sua beleza e
A técnica do sfumato
pode ser bem
percebida nos cantos
dos olhos e da boca
de Mona Lisa.
121
O cotidiano nas cidades italianas
A vida nas cidades italianas era muito agitada. Eventos culturais aconteciam
durante o ano todo.
O costume de ir ao campo
122
As atividades de lazer
capítulo 7
Havia muitas festas e diversões nas ruas das cidades italianas. Carnavais,
procissões e espetáculos esportivos, como corridas de cavalos e lutas de
boxe, aconteciam em diferentes épocas do ano. Durante esses eventos, as
pessoas usavam seus trajes mais bonitos e enfeitavam ruas e casas com
Os lutadores combatiam
Durante as festividades,
havia muita dança e
música. Nessa pintura,
vemos músicos tocando
trombetas e tambor.
123
O Renascimento em outras regiões da Europa Teatrólogo
pessoa que
escreve peças
As ideias renascentistas se propagaram por diferentes regiões da Europa, teatrais ou que se
porém em cada lugar elas apresentaram características próprias. ocupa de ativida-
des relacionadas
ao teatro.
Flandres
Durante o Renascimento, a pintura foi uma das principais
França
Essa ilustração, feita pelo artista francês Gustave Doré em 1873, representa
Gargântua sendo alimentado, satisfazendo assim, um de seus prazeres.
Inglaterra
Colin Anderson/Photographer’s Choice/Getty Images
124
Espanha
capítulo 7
As primeiras manifestações do Renascimento espanhol
datam principalmente do início do século XVI. A grande marca
do Renascimento na Espanha é a forte religiosidade presente
nas pinturas e esculturas da época.
Portugal
125
Atividades
Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.
Exercícios de compreensão
1 Explique por que as pessoas do século XVI d ) Que tipos de objetos eles produziam?
chamavam de Renascimento a época em e ) Como era feita a pintura corporal dos
que estavam vivendo. tupinambás? Em que ocasiões eles
2 Escreva sobre os três períodos do Ren as faz iam essas pinturas?
cimento italiano, destacando os principais 12 Explique por que arte e ciência camin ha-
artistas de cada um desses per íod os. ram juntas durante o Renascimento.
3 O que é um mecenas? Qual sua importância 13 Quais as principais características da mú-
no Renascimento? sica e da literatura renascentistas?
4 Por que é possível afirmar que os humanis 14 Que tipo de material os escultores renas
tas realizaram uma reforma educ ac ion al centistas utilizavam em suas obras?
durante o Renascimento?
15 Escreva um pequeno texto sobre Leonardo
5 Quais valores da Antiguidade clássica foram da Vinci, citando exemplos de suas
resgatados pelos humanistas? real izações.
6 Por que era importante para os humanistas 16 Que pessoas geralmente frequentavam as
estudar o grego e o latim? escolas durante o Renascimento? O que
7 O que significa antropocentrismo? elas aprendiam nas escolas?
8 Durante a Idade Média, os seres humanos 17 Faça uma descrição da cidade de Florença
eram considerados pecadores incapazes na época do Renascimento.
de pensar livremente. E durante o Ren as 18 O que são gôndolas? Em qual cidade ita
cimento, como o ser hum ano era visto? liana elas são utilizadas como meio de
9 Cite algumas conquistas científicas da épo transporte?
ca do Renascimento. 19 Cite algumas manifestações do Renas
10 O que é heliocentrismo? cimento nos seguintes lugares da Europa.
a ) Flandres.
11 Sobre os tupinambás, responda.
a ) Como eles chamavam o território onde b ) França.
habitavam? c ) Inglaterra.
b ) Como eram organizadas suas aldeias? d ) Espanha.
c ) Qual era a base da alimentação desse
e ) Portugal.
povo?
Expandindo o conteúdo
126
capítulo 7
Ele também procurou elucidar o movimento dos planetas e das estrelas. Em seu modelo
a Terra era o centro do Universo. Tudo girava ao seu redor. Cada astro circundava a Terra
em sua órbita. Em volta da Terra estariam, primeiro, a Lua; depois, Mercúrio, Vênus, Sol,
Marte, Júpiter e Saturno.
a ) Qual foi o modelo proposto por Cláudio Ptolomeu para explicar o movimento dos planetas
e das estrelas? Que nome foi dado a esse modelo?
b ) Por que Nicolau Copérnico achou que o Sol deveria ser o centro do Universo?
c ) Como ficou conhecido o modelo proposto por Copérnico?
André L. Silva
ponto de fuga
chapados e fora de proporção. Foi durante o Renascimento que
os artistas passaram a usar a perspectiva e começaram a desenhar
as coisas do modo como as viam na natureza.
Pensando bem, não é fácil mostrar profundidade e espaço em
uma figura desenhada sobre uma superfície plana. [...] No mun-
do real, quanto mais longe as coisas estão, menores parecem.
Basta olhar para uma fila de postes de telefone para comprovar.
Os postes mais próximos de você parecem maiores do que os que
estão mais longe, embora tenham o mesmo tamanho. [...] Você
pode ver outro exemplo de perspectiva na ilustração dos trilhos
de trem [...] ao lado. As linhas paralelas parecem se juntar à me-
dida que se distanciam de você. Em arte, esse ponto onde as
linhas se encontram chama-se ponto de fuga.
Janis Herbert . Leonardo da Vinci para crianças.
Trad. Fernanda Abreu. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002. p. 22.
a ) Escreva um pequeno texto explicando o que você entendeu sobre perspectiva e ponto de
fuga. Se precisar, cite exemplos para ajudar na sua explicação.
22 O escritor português Luís Vaz de Camões foi um dos principais representantes do Renasci-
mento em Portugal. Em sua obra, Os Lusíadas (1572), ele narra as aventuras da expedição
de Vasco da Gama em busca do caminho marítimo para as Índias. Leia um trecho de
Os Lusíadas.
127
A reunião dos deuses
Os portugueses navegavam pelo grande oceano desconhecido. O vento manso inchava as velas das
naus. As proas cortavam as águas, deixando a superfície coberta de espuma branca.
Enquanto isso, os deuses estavam reunidos no monte Olimpo, convocados por Júpiter,
senhor dos raios.
Com uma voz de meter medo, o pai de todos os deuses falou:
— Eternos moradores do céu estrelado! Chamei vocês aqui por causa desse pequeno povo da Eu-
ropa descendente do deus Luso e que agora vai realizar grandes feitos. Suas façanhas serão maiores que
as dos assírios, dos persas, dos gregos e dos romanos, os quatro povos que já dominaram o mundo.
E Júpiter continuou falando:
— O destino prometeu a eles o governo do mar do Sol nascente. Assim, é justo que encontrem logo
a terra desejada. [...]
Luís Vaz de Camões. Os Lusíadas. Adap. Edson Rocha Braga. São Paulo:
Scipione, 1998, p. 4-5. (Reencontro infantil).
23 Na pintura medieval as pessoas não eram representadas da forma como nós as vemos, pois
não havia a preocupação com noções de profundidade e proporcionalidade.
Observe as imagens a seguir, que representam as Três Graças, deusas da Antiguidade clássi-
ca. Depois, responda às questões.
A
Museu Britânico, Londres
As Três Graças.
Iluminura de
manuscrito italiano,
século XIV.
128
capítulo 7
B
Sandro Botticelli. c. 1478. Galeria dos Ofícios, Florença. vbvFoto: Corel Stock Photo
a ) Faça uma descrição da imagem A. Anote, por exemplo, a data em que foi produzida,
como as personagens foram representadas e a sensação que a imagem causou em
você.
b ) Proceda da mesma maneira com a imagem B.
c ) Depois, escreva um pequeno texto comparando as duas imagens. Destaque, por exemplo,
os trajes que as personagens estão usando, os tecidos, a maneira como seus cabelos
foram representados, as expressões de seus rostos, as técnicas utilizadas nessas pin-
turas etc.
Estimule a autonomia na aprendizagem dos alunos solicitando-lhes que realizem a proposta da seção Refletindo sobre o
capítulo. Explique-lhes que, caso não tenham compreendido alguma das afirmações, é importante que o professor seja
informado para que possa retomar o conteúdo correspondente e sanar as deficiências na aprendizagem.
129
8
A Europa moderna:
capítulo
as Grandes Navegações
Joannes Stradanus – Caçando criaturas marítimas. Séc. XVII. Coleção particular.
Foto: The Stapleton Collection/The Bridgeman Art Library/Keystone
B Mapa-múndi produzido em
1512 pelo italiano Jerônimo
Marini. Esse foi o primeiro
mapa em que a palavra
Brasil é utilizada para nomear
as terras recém-conquistadas
pela Coroa portuguesa na
América.
130
C A bússola foi um instrumento de
grande importância para as navegações
oceânicas. Ela foi criada por chineses e
Top Foto/Keystone
Aproveite a seção
Conversando sobre o assunto Conversando sobre o
assunto para ativar o
Como vimos no capítulo anterior, a Idade Moderna foi uma época de conhecimento prévio
dos alunos e estimular
profundas transformações. Nesse período, por meio das Grandes Nave- seu interesse pelos
gações, os europeus entraram em contato com outros povos e culturas, assuntos que serão
desenvolvidos no
e também ampliaram seus conhecimentos geográficos. capítulo. Faça a
mediação do diálogo
Observe as imagens apresentadas nestas páginas e converse com os entre os alunos de
colegas sobre as questões a seguir. maneira que todos
participem
■■ Descreva a fonte A. Como as criaturas marítimas foram representadas expressando suas
nessa fonte? Em sua opinião, elas eram reais ou imaginárias? Que opiniões e respeitando
as dos colegas.
informações essa fonte pode fornecer sobre o imaginário europeu na
época das Grandes Navegações?
■■ A fonte B ilustra um mapa-múndi do século XVI. Por que o mundo foi
representado dessa forma? Identifique as semelhanças e as diferenças
entre esse mapa-múndi e os que são produzidos na atualidade.
■■ A fonte C retrata uma bússola. Por que esse instrumento foi impor-
tante para as Grandes Navegações?
■■ Descreva a fonte D. Você sabe qual é a relação entre o comércio de
especiarias e as Grandes Navegações? Comente.
Pense nessas questões enquanto você lê este capítulo.
131
Medo e aventura nos mares
A procura por riquezas levou os europeus a enfrentar seus medos
e a desbravar mares e oceanos desconhecidos.
As Grandes Navegações
E. Cavalcante
OCEANO GLACIAL ÁRTICO N
O L
Círculo Polar Ártico
S
EUROPA
AMÉRIC A
DO N ORTE PORTUGAL ESPANHA ÁSIA
Is. Açores Lisboa
Palos
I. Madeira Ceuta OCEANO
Cabo PACÍFICO
Trópico de Câncer Bojador
AMÉRIC A I. Hispaniola Cabo Calicute
C EN TRAL Verde ÁFRICA
FILIPINAS
Equador
Melinde 0°
OCEANO PACÍFICO AMÉRIC A
DO SUL
OCEANO ÍNDICO
Porto Seguro
Sofala OCEANIA
Trópico de Capricórnio
Cabo da
Boa
OCEANO Esperança
ATLÂNTICO Bartolomeu Dias (Portugal)
Vasco da Gama (Portugal)
Meridiano de
0 2 340 km
0°
Fonte: BLACK, Jeremy (Ed.). World History Atlas. Londres: Dorling Kindersley, 2005.
132
A formação dos Estados modernos
capítulo 8
No século XV, o poder dos reis europeus foi fortalecido com o apoio da nobreza
e da burguesia.
133
As cobiçadas especiarias
Até o início do século XV, o comércio de especiarias na Europa era quase todo feito
por mercadores árabes e italianos.
O comércio de especiarias
Na época das Grandes Navegações, era difícil fazer a conservação dos
alimentos. Por isso, para conservar e melhorar seu sabor, principalmente o
da carne, as pessoas usavam especiarias, como pimenta, cravo, canela, Especiarias
noz-moscada e gengibre. As especiarias, no entanto, eram muito caras na
Europa. Leia o texto a seguir.
[No século XV], [...] a Europa já negociava com o Norte da África e a Ásia,
inclusive com o Extremo Oriente. Como as distâncias entre esses locais eram A tomada de
Ceuta
enormes e os europeus não controlavam sozinhos todas as rotas, havia uma sé-
A cidade de
rie de intermediários no comércio. Os principais intermediários eram os árabes Ceuta, no norte
[...], que traziam a maioria das mercadorias até as cidades italianas, como Vene- da África, era um
za, Gênova, Pisa etc. Daí os produtos eram distribuídos por toda a Europa [...]. importante centro
comercial, onde
Passando por tantas mãos, as mercadorias chegavam muito caras aos destinos.
circulava o ouro
Todo esse comércio era feito basicamente por terra [...]. A pequena parte do comércio
marítima se realizava sempre junto à costa ou em mares fechados (como o transaariano.
Com o objetivo de
Mediterrâneo, o mais importante mar comercial da época), porque os europeus controlar esse
não sabiam como velejar em mar aberto. comércio, os
Janaína Amado; Ledonias Franco Garcia. Navegar é preciso: grandes descobrimentos
portugueses
marítimos europeus. São Paulo: Atual, 1989, p. 14-5. (História em documentos). atacaram e
conquistaram
Photodisc/Getty Images
Ceuta, em 1415.
Além do ouro,
outros produtos
comercializados
nessa cidade
eram muito
cobiçados pelos
portugueses,
As especiarias, como cravo, pimenta, folha de louro e canela, são principalmente as
encontradas facilmente na atualidade, porém, na época das Grandes especiarias.
Navegações, elas eram consideradas artigos de luxo.
Transaariano
A tomada de que atravessa o
Séc. XV. Coleção particular. Foto: Roger–Viollet/Top Foto/Keystone
134
O caminho marítimo para as Índias
capítulo 8
Insatisfeitos com os altos preços dos produtos orientais, portugueses e espanhóis
se lançaram ao mar na busca de um caminho marítimo para as Índias.
Cabo porção de
A chegada à América
135
O Tratado de Tordesilhas
Logo após a chegada de Colombo à Améri-
ca, os reis espanhóis tentaram garantir a pos- Os tratados entre Portugal e Espanha
se do território para a Espanha. Eles recorreram
E. Cavalcante
N
S
publicou a chamada bula Inter Coetera . Essa
EUROP A
bula estabelecia uma linha imaginária localiza-
da a 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo Açores
Verde: as terras encontradas a leste dessa linha Madeira
seriam portuguesas e as terras a oeste seriam Canárias
espanholas. ÁFRICA
AMÉRICA
Insatisfeito com essa partilha, o rei de Portugal Ilhas de
Cabo Verde
pro pôs que a linha divisória ficasse a 370 léguas Equador
0°
a oeste das ilhas de Cabo Verde, aumentando a
Meridiano de Greenwich
área de domínio português. Esse acordo, conhe- OCEANO
ATLÂNTICO
cido como Tratado de Tordesilhas, foi assinado
pelo papa e pelos reis portugueses e espanhóis
OCEANO
em 1494. PACÍFICO
A chegada às Índias
Poucos anos depois, o governo português en-
A chegada ao Brasil
Animados com o sucesso da expedição de Vasco da Gama, os gover-
Bula documento
nantes portugueses financiaram uma nova expedição para buscar especia- religioso que traz
rias e estabelecer contatos comerciais com os indianos. Essa expedição, determinações do
composta por 13 embarcações, partiu de Portugal sob o comando de Pedro papa.
Álvares Cabral. Légua antiga
Antes de chegar ao seu destino, no entanto, a expedição se afastou de- medida de
distância equiva-
mais da costa africana e acabou chegando ao litoral do atual estado da lente a cerca de
Bahia, no Brasil, em 22 de abril de 1500. Os portugueses permaneceram 6,5 quilômetros.
neste território cerca de dez dias, fizeram contatos com os indígenas e
depois seguiram viagem rumo à Índia.
136
História em construção A polêmica do descobrimento
capítulo 8
O uso da expressão “descobrimento” do
J. L. Bulcão/Pulsar
Brasil vem sendo cada vez mais contestado.
De acordo com a versão tradicional, a frota de
Descobrimento é um termo tradicionalmente empregado pela historiografia [...], desde o século XIX,
para se referir à chegada dos primeiros europeus à América e ao início da colonização desse continente. [...]
Capistrano de Abreu, historiador do final do século XIX [...] utiliza, de acordo com o uso então comum, a
expressão “descobrimento do Brasil” para falar das primeiras expedições ao que viria ser o território brasi-
leiro. Mas o termo parece ter caído em desuso no fim do século XX. A crítica ao processo predatório de
colonização rendeu frutos e atualmente a maioria dos historiadores [...] prefere nem mesmo falar de desco-
brimento, mas de conquista e de colonização. [...]
Kalina Vanderlei Silva; Maciel Henrique Silva. Dicionário de conceitos históricos. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2006. p. 93.
Portugueses ou espanhóis?
Outras questões polêmicas ainda envolvem o episódio da chega-
Causalidade ou intencionalidade?
Até algumas décadas atrás, a historiografia privilegiou a teoria de que os portugueses não
sabiam da existência do território brasileiro e que chegaram aqui por acaso. Atualmente, no
entanto, vários historiadores têm contestado essa versão e argumentam que os portugueses
já sabiam da existência destas terras.
De acordo com esses historiadores, foi por isso que, na época da assinatura do Tratado
de Tordesilhas, em 1494, os portugueses insistiram tanto em deslocar para oeste a linha
imaginária que dividia as possessões da Espanha e de Portugal.
137
Explorando o tema
O cotidiano em alto-mar
A tripulação de uma caravela vivia um cotidiano difícil e perigoso, com viagens longas e
desconfortáveis. Os viajantes estavam sujeitos a vários riscos, como naufrágios ou ataques
de piratas. O dia a dia das embarcações era marcado pelo desconforto, pela fome e pela
falta de higiene. As precárias condições de vida facilitavam a disseminação de doenças que
ameaçavam toda a tripulação.
Crianças e adolescentes
entre nove e dezesseis
anos eram alistadas
nas embarcações para
trabalhar como
grumetes. Os grumetes
faziam o mesmo
trabalho pesado que os
marinheiros e
frequentemente sofriam
maus-tratos.
138 Essa ilustração é uma representação artística feita com base em estudos históricos.
capítulo 8
O mestre orientava e
dava ordens aos
O comandante
planejava o trajeto da
viagem, mapeava o
caminho a ser seguido e
calculava as distâncias. A cartografia dos séculos XV e XVI baseava-se nas cartas-portulano:
Além disso, ele mapas desenhados sobre pergaminhos. Esses mapas possuíam
registrava em um diário instruções náuticas sobre as direções e distâncias aproximadas, que
de bordo os principais orientavam os comandantes. Após cada viagem os portulanos eram
acontecimentos da atualizados com os conhecimentos adquiridos nas novas terras.
viagem.
A alimentação dos tripulantes era composta de carne seca, peixes
secos, queijo, cebola, grãos, ervilhas secas e biscoitos. Por causa
das dificuldades de conservação, no entanto, os alimentos e
O capitão-mor também a água logo se deterioravam. Leia a seguir uma breve
chefiava e organizava descrição sobre uma doença muito comum no interior das carave-
toda a viagem. Era ele las, o escorbuto.
quem recebia o maior
pagamento, a melhor De todas as calamidades físicas que se abatiam sobre os marujos dos
alimentação e o séculos XVI e XVII, nenhuma era mais devastadora e repulsiva que o
alojamento mais escorbuto. Doença provocada pela carência de vitamina C, o escorbuto
confortável. provoca hemorragias e causa rompimento das paredes de vasos sanguí-
neos. [...] O efeito mais conhecido da doença é o inchaço das gengivas,
que apodreciam, ficavam muitíssimo malcheirosas e tinham que ser cor-
tadas a navalha. As vítimas do escorbuto em geral morriam após dois
meses de grandes sofrimentos.
Eduardo Bueno. A viagem do descobrimento: a verdadeira história da expedição de Cabral. Rio de Janeiro:
Objetiva, 1998. p. 41. (Terra Brasilis).
139
Atividades
Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.
Exercícios de compreensão
1 Explique com suas palavras o que foram as 9 O que determinou o Tratado de Tordesilhas?
Grandes Navegações.
10 Qual era o objetivo da expedição coman
2 Produza um pequeno texto explicando os dad a por Pedro Álvares Cabral? Antes de
principais motivos que levaram à forma chegar ao seu destino, em que lugar essa
ção dos Estados modernos. expedição aportou? Quando isso ocorreu?
3 Com qual objetivo os portugueses atacaram
11 No ano de 1500, quantos indígenas habita
Ceuta?
vam o território onde hoje é o Brasil?
4 O que eram as chamadas Índias?
12 Por que o uso da expressão “descoberta
5 Antes da descoberta do caminho marítimo do Brasil” vem sendo cada vez mais con
para as Índias, como era feito o comércio testado?
de especiarias? Que povos controlavam
esse comércio? 13 Alguns historiadores afirmam que a ex
pedição comandada por Pedro Álvares
6 Onde fica localizado o cabo da Boa Espe
Cabral chegou ao Brasil por acaso. Outros
rança? Como era chamado esse cabo
historiadores, no entanto, discordam des
antes de 1487?
sa versão. Produza um texto explicando
7 Qual era o objetivo da expedição coman quais são os argumentos defendidos por
dada por Cristóvão Colombo? Em que esses dois grupos de estudiosos.
continente essa expedição acabou che
gando? Quando isso ocorreu? 14 Cite algumas tarefas realizadas pelos tripu
lantes de uma caravela durante uma via
8 O que determinava a bula Inter Coetera? gem na época das Grandes Navegações.
Em que ano ela foi publicada?
Expandindo o conteúdo
15 Leia o texto a seguir sobre uma viagem marítima que aconteceu no ano de 1500.
Sexta-feira, 20 de março de 1500. O piloto Pero Escolar aposta que daqui a três dias os marinhei-
ros verão o arquipélago de Cabo Verde. Há que se dar crédito à previsão de Escolar. É dos mais
experientes tripulantes desta frota, ostenta um raro currículo de sucessos no mar. Há 12 anos, em
1488, participou da frota de Bartolomeu Dias na expedição que venceu o cabo das Tormentas, no sul
da África. Também estava no timão do navio de Vasco da Gama quando os portugueses descobriram
o caminho marítimo para as Índias. Na hierarquia das esquadras, o piloto é figura-chave. É o moto-
rista do barco, fica no timão. Daí ser chamado de timoneiro.
No mar, há dois tipos de profissionais: a ‘‘gente do mar’’ e a ‘‘gente das armas’’. O primeiro grupo
cuida de todas as tarefas náuticas; o segundo, da parte bélica. Entre a ‘‘gente do mar’’ estão coman-
dantes, pilotos, grumetes, pajens, remendadores de velas. O grupo das armas é o quartel flutuante
[...]. Nele servem soldados e artilheiros, ou bombardeiros. Trabalham sob as ordens do artilheiro-
-mestre e do sargento. [...] A turma de guerreiros é imensa. Responde por quase a metade da
tripulação: são 700 soldados, distribuídos pelos 13 barcos e a maioria com menos de 20 anos de
idade. Não recebem treinamento e sequer têm formação militar. Antes de embarcar, eram artesãos,
sapateiros e alfaiates no comércio lisboeta. Não estão felizes em alto-mar, são recrutados a força e
ganham uma mixaria de cinco cruzados anuais. A ‘‘gente do mar’’ também não é das mais alegres a
bordo. O trabalho infantil é corriqueiro. Nesta esquadra, 10% da tripulação é de crianças com
140
capítulo 8
idade entre 9 e 15 anos. São os grumetes e os pajens, personagens frequentes em todos os barcos que
deixam Lisboa. Chegam alistados pelos próprios pais interessados em receber o pequeno soldo pago
aos meninos. Os pajens servem aos religiosos e oficiais. Os grumetes fazem de tudo. Lavam o convés,
os banheiros e, por vezes, trabalham como remendadores de velas. É um ofício ininterrupto: as velas
16 Leia o texto a seguir, que trata da formação dos Estados modernos na época das Grandes
Navegações.
A sociedade medieval baseava-se, internamente, [em uma] hierarquia consagrada pela Igreja,
onde cada indivíduo ocupava o lugar que Deus havia lhe predeterminado. Por isso, a tentativa de
mudar a situação social era vista como um ato de rebeldia contra a vontade divina. Esse controle da
Igreja era exercido principalmente sobre os moradores das cidades medievais, de mentalidade con-
servadora e atrelada às normas tradicionais.
Mas com o desenvolvimento do comércio, a burguesia adquiriu um poder sem precedentes.
Pequenos mercadores foram se transformando em grandes comerciantes e deram início a um pro-
cesso de dissolução das estruturas e concepções da antiga ordem social. Foi surgindo, então, pouco a
pouco, uma classe burguesa, que, com base em seu poder econômico e cultural, começou a romper
os vínculos com o clero e a nobreza. [...]
A nobreza, por sua vez, a partir do início do século XVI, foi se tornando cada vez mais dependen-
te dos monarcas.
Sob ameaça de pena de morte, os nobres foram proibidos, por exemplo, de possuir canhões ou
recrutar tropas em seus territórios. Sem poder guerrear e arruinada economicamente, a nobreza
aproximou-se dos reis [...].
Com a falência política e econômica da nobreza, estabeleceu-se uma nova relação entre [os gru-
pos sociais]. A burguesia e a Monarquia aliaram-se. Para a burguesia, essa aliança significava,
141
sobretudo, livrar-se do antigo imposto feudal e aumentar suas possibilidades de enriquecimento, já
que podia negociar diretamente com o Estado, ter uma moeda mais estável e ligar-se ao aparelho
administrativo.
Os monarcas europeus, embora oriundos da aristocracia, buscavam formas de se libertar dos
laços de suserania e vassalagem. Tolhidos por esses compromissos feudais, eles reinavam, mas não
governavam. Assim, a ambição política da Monarquia absorveu de bom grado o nascente ideal
nacionalista que se difundia nas cidades. E recebeu, em troca, o apoio político e econômico da bur-
guesia. Foram surgindo as fortes monarquias europeias, que se tornaram Estados [...] soberanos.
Assim, a aliança burguesia-realeza foi uma consequência [...] de ambições comuns.
Conhecer 2000: História — Da Idade Média à Idade Moderna. São Paulo: Nova Cultural, 1995. v. 10. p. 92-3.
(Enciclopédia Ilustrada de Pesquisa).
17 Escreva um pequeno texto contando como seria seu cotidiano se você fosse um marinheiro
na época das Grandes Navegações. Conte como seria sua alimentação, sua higiene, suas
dificuldades, seus medos. Conte também sobre suas diversões nos momentos de folga.
Depois de pronto, apresente seu texto aos colegas.
Discutindo a história
18 No ano de 2000, na cidade de Porto Seguro, na Bahia, foram realizados vários eventos co
memorativos da chegada dos portugueses ao Brasil. Naquele mesmo ano, no entanto,
autoridades de outro município brasileiro, o Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco,
fizeram algumas reivindicações. Leia o texto.
142
Além disso, o convênio de irmandade, firmado com Palos de La Frontera — o qual constitui-se
capítulo 8
[em um] compromisso de colaboração econômica, social e de intercâmbio cultural —, tem o objeti-
vo de captar investimentos e consequentemente desenvolvimento para o município. “Queremos abrir
as portas do Cabo e de Pernambuco para os espanhóis, que demonstram interesse em relação às nossas
a ) De acordo com o prefeito do Cabo de Santo Agostinho, quem foi o primeiro navegador
europeu a chegar ao Brasil?
b ) Qual é a cidade natal desse navegador? Em que país ela fica localizada?
c ) Qual o objetivo do convênio de irmandade assinado pelas autoridades de Palos de La
Frontera e Cabo de Santo Agostinho?
d ) Quais atividades foram programadas para comemorar a passagem de Pinzón por Per
nambuco?
e ) Em sua opinião, o dia do “descobrimento” do Brasil deveria ser mudado de 22 de abril
para 26 de janeiro? Por quê? Escreva um pequeno texto dando sua opinião e apresente-o
aos colegas.
Estimule a autonomia na aprendizagem dos alunos solicitando-lhes que realizem a proposta da seção Refletindo sobre o
capítulo. Explique-lhes que, caso não tenham compreendido alguma das afirmações, é importante que o professor seja
informado para que possa retomar o conteúdo correspondente e sanar as deficiências na aprendizagem.
árabes.
■ ■ O objetivo da expedição de Cristóvão Colombo, quando chegou à América, era encon-
143
9
A Europa moderna: reformas
capítulo
religiosas e Absolutismo
Hyacinthe Rigaud, Retrato de Luís XIV. 1701. Museu do Louvre, Paris
H. Vogel - Lutero pregando suas 95 teses. 1890. Coleção particular. Foto: Akg-Images/Latinstock
A Retrato do rei Luís XIV, principal representante B Imagem que representa Martinho Lutero (1483-
do Absolutismo francês. Pintura feita em 1701. -1546), líder da Reforma protestante, afixando na
porta da catedral de Wittenberg, na Alemanha, um
cartaz contendo 95 argumentos que contestavam
algumas ações da Igreja Católica. (Imagem
produzida por H. Vogel, em 1890).
Autor desconhecido - O início da impressão de livros. c. 1960. Coleção particular.
Foto: Westfälisches Schulmuseum/Akg-Images/Latinstock
144
Jan Luyken - Tribunal da Santa Inquisição. 1664. Água-forte. Arquivo de Notícias de Arte e História, Berlim. Foto: Akg-Images/Latinstock
D Essa gravura, produzida no século XVIII, representa a execução de hereges na fogueira, durante a Inquisição.
Aproveite a seção
Conversando sobre o assunto Conversando sobre o
assunto para ativar o
Na Europa, durante a Idade Moderna, os campos religioso e político conhecimento prévio
dos alunos e estimular
passaram por grandes transformações. A unidade religiosa europeia foi seu interesse pelos
quebrada por diversos movimentos reformadores que contestavam a assuntos que serão
desenvolvidos no
autoridade da Igreja Católica. Já no campo político, os reis procuravam capítulo. Faça a
aumentar seu poder. Neste capítulo estudaremos as reformas religiosas mediação do diálogo
entre os alunos de
e a formação dos Estados Absolutistas. maneira que todos
participem
Observe as imagens apresentadas nestas páginas e converse com os expressando suas
colegas sobre as questões a seguir. opiniões e respeitando
as dos colegas.
■■ Descreva a fonte A. Quais elementos dessa fonte indicam o poder
real de Luís XIV?
■■ Como o personagem em destaque na fonte B foi representado? Você
sabe quem foi Martinho Lutero? Quais práticas da Igreja Católica
foram contestadas por ele?
■■ A fonte C ilustra uma prensa do século XV. Essa invenção possibilitou
um aumento na difusão de livros pela Europa e pelo mundo. Identifi-
que os elementos dessa fonte que estão relacionados à impressão
de livros.
■■ Você já ouviu falar sobre a Inquisição? Descreva a fonte D. Como os
personagens foram representados nessa fonte?
Talvez você ainda não tenha as respostas para essas perguntas, mas
pense nelas enquanto lê este capítulo.
145
A Europa nos séculos XVI e XVII
Os séculos XVI e XVII, na Europa, foram marcados por profundas transformações
científicas, culturais e econômicas.
O contexto histórico
Hegemonia
No início do século XVI, as ideias humanistas difundidas durante o Re- influência predo-
nascimento circulavam cada vez mais e, com isso, vários pensadores passa minante, autori-
ram a quest ionar a posição hegemônica da Igreja Católica nas sociedades dade absoluta.
europeias.
No campo científico, ocorreram impor-
Luigi Sabatelli - Galileu apresentando seu telescópio ao Senado de Veneza. Séc. XIX.
Museu de Física e História Natural, Florença. Foto: Alfredo Dagli Orti/The Art Archive/
Corbis/Latinstock
tantes inovações nesse período. A inven-
ção da luneta, por exemplo, possibilitou
que a teoria geocentrista — defendida
pela Igreja — fosse contestada com base
em argumentos científicos.
Além disso, por conta de várias inova-
ções técnic as, as ideias começavam a ser
transmitidas com maior rapidez. Entre
essas inovações estavam a substituição
do pergaminho pelo papel e, também, a
invenção da prensa, que contribuíram pa-
ra diminuir os custos de produção de livros,
fazendo com que mais pessoas tivessem
acesso a eles. Esses fatores contribuíram
para a expansão da alfabetização, princi-
palmente a partir do século XVI. Na imagem acima,
Galileu
(1564-1642)
A situação da Igreja Católica é representado
Nesse contexto, na Europa cristã do mostrando sua
Bartolomé Bermejo – São Domingos de Silos. c. 1475. Museu do Prado, Madri
146
Os séculos XVI e XVII na Europa
capítulo 9
As reformas religiosas ocorridas no século XVI tiveram grande influência
sobre os acontecimentos políticos do século seguinte.
Pedro Berruguete - Cenas da Vida de São Domingos de Gusmão. Séc. XV. Museu do
Prado, Madrid. Foto: Scala Florence/Glow Images
Manifestações heréticas Dogma conjun-
Desde que o cristianismo foi adotado como to de princípios
religião oficial do Império Romano, foram religiosos
considerados hereges todos aqueles que nega- estabelecido
como verdade
vam a autoridade da Igreja, ou que não aceitavam
indiscutível.
os dogmas. A partir do século XI, os movimentos
heréticos, como os cátaros (“puros”), os fraticelli e Heresia
os valdenses ganharam força. atitudes e ideias
que questionam
Uma das principais manifestações heréticas era o as práticas
movimento dos cátaros, que se expandiu princi- estabelecidas
palmente pelo sul da França. Esse movimento era pela Igreja
formado tanto por clérigos como por leigos, que Católica.
sustentavam uma doutrina dualista, ou seja,
Tese argumen-
acreditavam na existência de duas divindades: a
to, proposta.
do Mal seria responsável pela criação de todo o
universo material, e a do Bem, que seria respon-
sável pelo mundo espiritual.
Assim, os cátaros identificavam com o Mal tudo
que fosse ligado à matéria, como a sexualidade,
a riqueza e a própria instituição da Igreja
Católica. As comunidades formadas por cátaros Essa pintura, do final do século XIV,
aumentaram de tal modo que a Igreja Católica representa a queima de livros
organizou uma Cruzada (1209-1229) e dizimou considerados hereges pela Igreja
seus seguidores. Católica.
147
A Reforma As indulgências
Indulgenciar é o
Inconformado com a venda de indulgências, Martinho Lutero inicia um movimento mesmo que
perdoar. Na época
religioso conhecido como Reforma protestante. de Lutero, os
líderes da Igreja
Católica estavam
Martinho Lutero perdoando as
pessoas mediante
Nascido na cidade alemã de Eisleben, em 1483, Martinho Lutero teve uma pagamentos em
educação rígida com base nos ensinamentos católicos. Estudou em colégios dinheiro. Era
religiosos e, em 1505, formou-se em Teologia. possível comprar
indulgências para
Nesse mesmo ano, foi contratado para dar aulas na Universidade de pessoas já
Wittenberg, onde tomou conhecimento dos abusos cometidos pela Igreja falecidas ou até
Católica por meio da venda das indulgências. para pecados que
ainda não tinham
sido cometidos.
As teses de Lutero
Em 1517, em protesto contra a presença de um vendedor de
Svenja-Foto/Zefa/Corbis/Latinstock
indulgências em Wittenberg, Lutero afixou na porta da igreja da
cidade um cartaz com 95 teses que denunciavam esse procedi-
mento da Igreja Católica. Conheça três dessas teses.
21. Erram, pois, os pregadores das indulgências que dizem que, pelas indul-
gências do papa, o homem fica livre de toda a pena e fica salvo. [...]
32. Serão condenados para toda a eternidade, com os seus mestres, aqueles
que creem estar seguros da sua salvação por cartas de indulgências. [...]
43. É preciso ensinar aos cristãos que aquele que dá aos pobres, ou empres-
ta a quem está necessitado, faz melhor do que se comprasse indulgências.
Martinho Lutero. Obras. In: Adhemar Marques e outros. História moderna através de textos. 11. ed.
São Paulo: Contexto, 2005. p. 119-20. (Textos e documentos).
148
A Contrarreforma
capítulo 9
Para tentar conter o avanço do protestantismo, líderes da Igreja Católica
organizaram um movimento que ficou conhecido como Contrarreforma.
A Companhia de Jesus
Fundada pelo espanhol Inácio de Loyola,
em 1540, a Companhia de Jesus acabou
se tornando uma das principais represen-
tantes do movimento da Contrarreforma.
Os jesuítas, como eram chamados seus
membros, fundaram vários colégios com
o objetivo de ensinar a fé católica. Além
disso, muitos deles participaram ativa-
mente das reuniões do Concílio de Trento.
Concílio
assembleia de
autoridades da
Igreja Católica
para tratar de
Essa pintura representa líderes
assuntos
da Igreja Católica reunidos no
doutriná rios,
Concílio de Trento. (Afresco do dogmáticos e
século XVII.) disciplinares.
149
Explorando o tema
A Inquisição
A Inquisição foi criada no século XIII pela Igreja Católica com o objetivo de investigar e
combater as práticas que contestavam os dogmas da Igreja. Essa instituição também ficou
conhecida como Tribunal do Santo Ofício. Os métodos empregados pela Inquisição, assim
como as vítimas das perseguições, foram os mais variados. Os historiadores costumam divi-
dir a Inquisição em dois momentos distintos: a inquisição medieval e a inquisição moderna.
Durante a Idade Média, a Inquisição ligava-se diretamente ao Vaticano. Era uma instituição
que protegia a Igreja das ameaças à fé católica na Europa. Todas as opiniões ou práticas
contrárias aos dogmas católicos eram consideradas heresias. Dessa forma, as principais
vítimas dos tribunais eram pessoas ou grupos de católicos que se desviavam das condutas
estabelecidas pela Igreja, criando novas crenças.
A Inquisição alcançou o auge da repressão entre os séculos XVI e XVIII. Na Idade Moderna,
essa instituição esteve submetida ao Estado, defendendo os interesses das monarquias eu-
ropeias centralizadas. Milhares de homens e mulheres foram julgados e condenados pelos
tribunais da Inquisição. Apesar do principal objetivo em comum, havia diferenças entre as
inquisições espalhadas pela Europa. As vítimas variavam, assim como o caráter repressivo
das perseguições e o número de condenados em cada Estado.
Nicolas Eymerich -
Directorium inquisitorum
(Manual do Inquisidor).
1376. Roma
A Inquisição definia como feitiçaria ou bruxaria
A Inquisição no Brasil
Autor desconhecido - Aparatos médicos cafres. Coleção
particular. Foto:The Bridgeman Art Library/Keystone
151
A formação dos Estados absolutistas
No século XVII, durante a formação dos Estados absolutistas europeus,
ocorreram muitos conflitos entre católicos e protestantes.
O mercantilismo
Tratado de Vestfália
O Tratado de Vestfália, assinado em 1648, pôs fim à Guerra dos Trinta Anos. A principal
resolução desse tratado foi dar aos governantes o direito de oficializar uma religião em
seu território, fosse ela católica, luterana ou calvinista. Com o tratado, o princípio do
interesse nacional ganhou precedência frente às reivindicações religiosas.
152
Os Estados absolutistas europeus
capítulo 9
Após a assinatura do Tratado de Vestfália, houve uma reorganização
territorial dos Estados europeus. O tratado determinou também o princípio
de soberania nacional, ou seja, os países seriam autônomos e não pode-
riam sofrer intervenção internacional em seu território.
E. Cavalcante
N
153
A prensa de Gutenberg
Gutenberg criou uma prensa que revolucionou as técnicas de produção de livros.
Imprimindo um livro
Por volta de 1450, o alemão Johannes Gutenberg aprimorou antigas téc-
nicas chinesas de impressão e criou um método mais prático de produção
de livros. Observe.
Jacqui Hurst/Corbis/Latinstock
O compositor
encaixava os tipos de
trás para a frente para
que a impressão
saísse correta.
154
O impressor passava a As folhas O papel era colocado na prensa sobre os tipos
capítulo 9
tinta na composição com impressas eram organizados e, então, o tipógrafo girava a manivela
uma almofada de couro. colocadas em um da prensa e fazia descer a placa de metal que,
A tinta era feita de óleo e varal para secar. apertando o papel sobre os tipos, imprimia o texto.
fuligem, e o papel podia
ser feito de couro fino ou
155
Atividades
Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.
Exercícios de compreensão
1 Escreva um pequeno texto sobre o contex- 7 Sobre o Concílio de Trento, responda.
to histórico europeu nos séculos XVI e a ) Onde ocorreu?
XVII.
b ) Quando ocorreu?
2 Qual era o procedimento da Igreja Católica
c ) Quem foram seus organizadores?
mais contestado por Lutero em suas 95
teses? Explique esse procedimento. 8 Explique o que foi a Inquisição.
3 Escolha uma das teses de Lutero apre 9 Cite algumas práticas do mercantilismo.
sentadas na página 148 e explique com
10 O que foi a Guerra dos Trinta Anos? Quais
suas palavras o que você entendeu.
foram suas consequências?
4 Como ficaram conhecidos os seguidores
11 O que foi o Tratado de Vestfália? Quais foram
de Lutero? Cite o nome de três movi
as consequências desse tratado?
mentos reformistas.
12 Cite as principais características do Abso-
5 O que foi a Contrarreforma? lutismo francês.
6 Sobre a Companhia de Jesus, responda. 13 Na época de Gutenberg, quais eram as
a ) Quem foi seu fundador? matérias-primas usadas na fabricação
dos tipos, do papel e da tinta?
b ) Quando foi fundada?
14 Descreva as principais etapas de impressão
c ) Como eram chamados seus membros?
no sistema criado por Gutenberg. Qual foi
d ) Qual era seu principal objetivo? a importância dessa invenção?
Expandindo o conteúdo
15 O texto a seguir apresenta a resolução do Concílio de Trento sobre a venda de indulgências.
Leia-o.
a ) O que o Concílio de Trento decidiu sobre o uso de indulgências pela Igreja Católica?
b ) De acordo com o texto, o que aconteceria com aqueles que afirmassem que as indul
gências eram inúteis?
c ) O que esse decreto estabeleceu em relação à concessão de indulgências pela Igreja?
156
capítulo 9
16 Observe e analise as imagens a seguir.
Nicolas de Largillière – Retrato do pintor com a família. c. 1710. Museu do Louvre, Paris
a ) Nas fontes A e B, identifique: o nome dos artistas que produziram as obras, os títulos
e as datas.
b ) Compare as duas imagens e verifique: quantas pessoas foram retratadas em cada uma
delas; o que as pessoas estão vestindo; quais são as diferenças entre seus trajes;
como são suas expressões faciais; em que ambiente foram retratadas; o que parecem
estar fazendo.
c ) Elabore um texto descrevendo as semelhanças e as diferenças entre as duas imagens
apresentadas. No texto, escreva também quais as suas conclusões sobre a sociedade
da época por meio da análise das imagens.
157
17 Leia o texto a seguir.
A revolução de Galileu
Galileu era francamente favorável ao heliocentrismo, mas, até então, não havia nada que provasse
essas ideias e nem uma prova evidente de que o sistema geocêntrico estivesse errado. Tendo ouvido
falar que um holandês [...] havia construído um “aparelho” que aproximava os objetos distantes,
Galileu, por sua conta, estudou como deveria ser e passou a construí-lo.
Essa primeira luneta logo foi apontada para o céu em busca de novos conhecimentos. Com ela
foram feitas as descobertas que abalaram seu tempo: a Lua não era uma esfera geometricamente
perfeita como se pensava; lá existiam vales, montanhas e outros acidentes, como na Terra.
Júpiter tinha ao seu redor várias pequenas luas. Isso era uma grande prova, pois, segundo o pen-
samento dominante, todos os objetos celestes deviam girar ao redor da Terra, centro do Universo.
Achava-se que o Sol, como todas as coisas do céu, devia ser perfeito e, portanto, sem manchas.
Mas as manchas do Sol apareceram na luneta de Galileu.
E a mais importante descoberta dessa série foram as fases de Vênus. Esse planeta apresentava fa-
ses semelhantes às da Lua. E mais: seu tamanho, visto com a mesma luneta, apresentava variações
que evidenciam seu movimento ao redor do Sol, e não da Terra. [...]
Para Galileu, parecia evidente que, depois dessas provas, o heliocentrismo seria aceito como ver-
dade científica. Isso, entretanto, não aconteceu. Ele foi chamado pela Inquisição e advertido para que
não voltasse a pregar o “erro” e a “heresia”. Em 1638 publicou os seus Diálogos com argumentos
ainda mais claros em defesa das novas ideias. Pouco depois, para escapar às torturas, teve que, em
público e diante do Tribunal da Inquisição, abjurar, isto é, confessar e reconhecer o “mal” que faziam
suas ideias. [...]
Aqueles que o prenderam e o
a ) Que instrumento possibilitou a Galileu comprovar que a Terra não era o centro do
Universo?
b ) Por meio de suas observações, o que Galileu descobriu sobre a Lua?
c ) E sobre o Sol, o que ele descobriu?
d ) De acordo com o autor do texto, qual foi a mais importante descoberta de Galileu?
e ) O que aconteceu com Galileu quando ele apresentou suas conclusões?
f ) Em sua opinião, por que o autor do texto afirmou que Galileu é um “patrimônio da
humanidade”?
158
18 Leia o texto a seguir.
capítulo 9
Já em 1700 a.C., o povo minoico, de Creta, impri-
159
10
A colonização na
capítulo
América espanhola
Códice mexicano Lienzo de Tlaxcala. c.1550. Coleção particular. Foto: Archives Charmet/The Bridgeman Art Library/Keystone
A Ilustração de um códice
mexicano, de 1550, que
representa uma batalha entre
os astecas e os invasores
espanhóis e seus aliados.
Diego Rivera – A Conquista ou a Chegada de Hernán Cortez a Vera Cruz (detalhe).
1951. Palácio Nacional, Cidade do México
160
Corel Stock Photo
C A Praça das Três Culturas, no México, contém elementos indígenas, coloniais e contemporâneos.
Aproveite a seção
Conversando sobre o assunto Conversando sobre
o assunto para ativar
Com a chegada dos espanhóis ao continente americano, ocorreram o conhecimento
prévio dos alunos e
profundas transformações no modo de vida das populações nativas. A estimular seu
conquista e a colonização espanhola na América causaram a morte de interesse pelos
assuntos que serão
milhares de indígenas, em decorrência de guerras, maus-tratos, trabalho desenvolvidos no
compulsório e doenças de origem europeia. capítulo. Faça a
mediação do diálogo
Observe as imagens apresentadas nestas páginas e converse com os entre os alunos de
colegas sobre as questões a seguir. maneira que todos
participem
■■ Identifique os personagens representados na fonte A. Que tipos de expressando suas
opiniões e
armas eram usadas pelos espanhóis? E pelos indígenas? Que infor- respeitando as dos
mações sobre a conquista espanhola na América podem ser obtidas colegas.
com base na análise dessa fonte?
■■ Observe a fonte B. De acordo com as informações que podem ser
extraídas dessa fonte, como foram os primeiros anos de colonização
espanhola na América? O que é possível compreender sobre as re-
lações de trabalho na América espanhola ao analisar essa fonte?
■■ A praça apresentada como fonte C recebeu esse nome porque con-
tém elementos indígenas, espanhóis (coloniais) e mexicanos (contem-
porâneos). Você consegue identificar esses elementos?
Talvez você ainda não tenha as respostas para essas perguntas, mas
pense nelas enquanto lê este capítulo.
161
O choque entre dois mundos
A chegada dos europeus marcou o início de uma catástrofe
para as populações indígenas da América.
Conquista e destruição
Quando Cristóvão Colombo chegou à América, em 12 de outubro de
1492, esse continente era habitado por cerca de 80 milhões de pessoas.
Essa população era composta por diferentes sociedades, cada uma com
sua língua, seus costumes e seu próprio modo de vida. Havia desde pe-
quenos grupos habitando as florestas tropicais até grandes impérios, como
o dos incas e o dos astecas, formados por milhões de indígenas.
Para a população nativa da América, a chegada dos europeus represen-
tou uma verdadeira catástrofe. No caminho aberto por Colombo, vieram
conquistadores interessados em riquezas, principalmente o ouro e a prata.
Na busca pelo enriquecimento rápido, esses conquistadores deixaram um
rastro de devastação e sofrimento.
Os sobreviventes das guerras de conquista foram incorporados ao pro-
cesso de colonização. Os colonizadores se apossaram das terras, escravi-
zaram e impuseram suas leis e sua cultura aos indígenas. Além disso, a
fome, a violência e as doenças causaram a morte de milhões de indígenas
e a destruição de povos inteiros.
A conquista e a colonização do continente americano podem ser consi-
deradas como um choque entre dois mundos. Desse encontro nasceu um
“Novo Mundo”: um continente produtor de grandes riquezas que, no entanto,
foram distribuíd as de maneira desigual. As consequências da conquista,
com o as desigualdades e as injustiças sociais, deixaram marcas prof undas
que até hoje estão presentes principalmente nas sociedades da América
Latina.
Corel Stock Photo
Essa fotografia
retrata área central
da Cidade do México,
capital mexicana na
atualidade. Nela, é
possível observar, em
primeiro plano, as
ruínas do Templo
Maior, principal
edifício cerimonial
dos astecas, que foi
destruído pelos
espanhóis. Ao fundo,
a catedral da cidade,
símbolo do
catolicismo, religião
que teve papel de
destaque na
colonização da
América Latina e até
hoje exerce grande
influência cultural
sobre os povos
latino-americanos.
162
A América entre os séculos XV e XVII
capítulo 10
Observe, na linha do tempo a seguir, alguns fatos importantes da con-
quista e da colonização da América.
Essa reprodução de
um códice asteca
mostra a violência
dos espanhóis
contra os indígenas.
163
A conquista do Império Asteca
Os primeiros confrontos entre espanhóis e astecas resultaram na O regresso de Quetzalcoatl
morte de muitas pessoas. Antes da chegada dos astecas,
os povos indígenas que viviam
no vale do México eram politeís-
A chegada de Cortez tas, mas tinham um deus
principal, chamado Quetzalcoatl.
A conquista do Império Asteca pelos espanhóis foi coman- Quando os astecas conquista-
dada por um jovem oficial espanhol chamado Hernán Cortez. ram a região, impuseram a esses
Cortez partiu de Cuba, à frente de um grupo de 100 marinheiros povos o culto a outro deus,
e 600 soldados, e desembarcou em Vera Cruz, no litoral do Huitzilopochtli, destronando
assim o antigo deus.
México, em 1519. No entanto, eles acreditavam no
poder de Quetzalcoatl e pensa-
A prisão de Montezuma vam que um dia esse deus
retornaria à região para resgatar
A notícia da presença de pessoas estranhas na região chegou seu trono.
rapidamente ao conhecimento de Montezuma, o imperador Por isso, quando Cortez chegou
ao vale do México, os astecas
asteca. Por causa de uma profecia, ele acreditou que Cortez
acreditaram que ele fosse
fosse um antigo deus asteca que havia regressado. Quetzalcoatl.
Por isso, quando Cortez chegou em Tenochtitlán, a capital
Werner Forman/Corbis/Latinstock
do império, ele foi recebido respeitosamente e ficou hospedado
no palácio de Montezuma. Os espanhóis, no entanto, aprovei-
tando-se da situação, aprisionaram o imperador, obrigando-o
a contar onde estavam escondidos os tesouros dos astecas.
A população asteca, no entanto, só percebeu claramente seu
engano quando um fato inesperado deflagrou o conflito: em
uma cer imônia religiosa ocorrida durante a ausência de Cortez,
os espanhóis fecharam as portas do templo e massacraram
cerca de 2 000 astecas. A população se revoltou e atacou os
espanhóis, matando muitos deles e perseguindo os sobreviven- Escultura que representa
tes até a saída da cidade. Durante os conflitos, no entanto, o Quetzalcoatl.
imperador Montezuma foi morto.
164
História em construção Por que os espanhóis venceram?
capítulo 10
Durante muito tempo, a vitória dos espanhóis sobre os astecas foi explicada pelos histo-
riadores por meio de uma interpretação eurocêntrica, que atribuía a vitória espanhola a uma
suposta inferioridade “natural” das populações indígenas tidas como “selvagens”. No entanto,
A conquista do Império Asteca teve a participação decisiva de uma indígena que ficou
conhecida como Malinche. De origem asteca, ela foi vendida como escrava a um chefe maia
que, depois, a ofereceu como presente a Hernán Cortez. Malinche falava o nahuatl , língua
dos astecas, e também a língua dos maias.
Autor desconhecido - Cortez encontra Montezuma (detalhe).
Séc. XIX. Biblioteca Britânica, Londres. Foto: The Bridgeman
Art Library/Keystone
165
A conquista do Império Inca
A morte do imperador inca desestabilizou a sociedade
e facilitou a conquista espanhola.
Felipe Guaman Poma de Ayala - Primeiro encontro entre Pizarro e Atahualpa em 1532. c. 1600. Foto: The Granger Collection/Other Images
A chegada de Pizarro
Assim como ocorreu com os astecas, a conquista
do Império Inca foi liderada por um oficial espanhol,
porém mais experiente que Hernán Cortez, chamado
Francisco Pizarro.
Pizarro chegou à América do Sul em 1532,
acompanhad o de cerca de 180 homens vestidos com
armaduras de metal, trazendo 30 cavalos e muitas
armas, como arcabuzes, espadas e canhões. Ao
chegar, ele tomou conhecimento de que o imperador
Atahualpa encontrava-se na cidade de Cajamarca,
acompanhado de cerca de 30 mil soldados incas.
A execução de Atahualpa
Acompanhado de seus homens e de um grupo de
indígenas hostis aos incas, Pizarro partiu para Caja-
marca. Ao chegar à cidade, convidou Atahualpa
para um encontro pacífico. O imperador aceitou o
convite e dirigiu-se ao lugar combinado acompanha-
do de cerca de cinco mil homens desarmados. Ao
Essa imagem, produzida no século XVI, representa o
sinal de Pizarro, os soldados espanhóis atacaram os primeiro encontro entre Pizarro e Atahualpa. Além dos
homens de Atahualpa e prenderam o imperador. soldados incas que faziam a guarda de seu soberano,
Para que fosse libertado, Atahualpa ofereceu aos nota-se, na imagem, a presença de um religioso e
espanhóis uma enorme quantidade de ouro. Pizarro de outros membros da expedição espanhola.
aceitou a proposta e em pouco tempo o ouro foi reunido e entregue ao con- Arcabuz antiga
quistador. Pizarro, no entanto, em vez de cumprir sua parte no acordo, man- arma de fogo de
dou executar Atahualpa. Em seguida, comandou a tomada de Cuzco, a capital cano curto e
do império. Em 1535, Pizarro fundou a cidade de Lima, no litoral, e instalou largo, semelhante
ali a sede do governo espanhol, assumindo o controle do Império Inca. a uma espingarda.
166
A administração das colônias
capítulo 10
Depois de um período inicial de grande violência contra os indígenas, o governo
espanhol procurou organizar a administração dos territórios conquistados.
E. Cavalcante
Santa Fé N
Trópico de Câ
-reinos: o da Nova Espanha e o do Peru. ncer
Havana
Mérida
Para administrar os territórios conquis- Cidade do
México Vera Cruz Santo Domingo
tados, o governo espanhol enviou vice-
Cartagena
-reis, que tinham amplos poderes para Caracas OCEANO
Panamá ATLÂNTICO
governar. Esses governantes geralmente Santa Fé
de Bogotá
prestavam contas de suas atividades ao Equador
Quito 0°
Cidades e universidades
Poucos anos após o início da colonização espanhola na América, os coloni
zadores espanhóis fundaram várias cidades em suas colônias. Essas
cidades foram fundadas com o objetivo de organizar a administração e de
facilitar o comércio e a cobrança de impostos nas colônias. Ainda no século
XVI, a Coroa espanhola incentivou a instalação de universidades na América.
A primeira universidade foi criada em 1538, em São Domingo e, em 1553,
foi fundada a Universidade Real e Pontifícia da Cidade do México. O
governo espanhol acreditava que as universidades facilitariam a transmissão
da cultura e dos valores europeus aos habitantes da América.
167
A organização da economia
A economia na América espanhola baseou-se na mineração e na produção agrícola,
desenvolvidas principalmente com a exploração da mão de obra indígena.
A mineração
A exploração das minas de metais preciosos nas colônias espanholas Catequizar
na América contribuiu para o desenvolvimento econômico da Espanha. converter à fé
Após a conquista e a pilhagem das sociedades conquistadas, o governo católica.
espanhol investiu na mineração de prata e de ouro. As minas de ouro logo Charque tipo
se esgotaram, mas foram encontradas grandes jazidas de prata em Zaca- de carne bovina
tecas, no México, e em Potosí, na atual Bolívia. A exploração de metais que é salgada e
preciosos nas colônias fez da Espanha o Estado mais poderoso da Euro- seca ao Sol.
pa no século XVI.
Para abastecer os grandes centros minera-
ção e subme-
A mita , de origem inca, foi adaptada pelos espanhóis.
tê-los ao
Eles sorteavam alguns indígenas em suas comunidades trabalho de
e os obrigavam a trabalhar em outras regiões da colô- forma pacífica.
nia. Esses indígenas, chamados de mitayos , geralmen-
te trabalhavam por quatro meses e recebiam um
pequeno salário. A mita foi muito usada nas minas do Bartolomé de
Peru, onde as péssimas condições de trabalho e os Las Casas.
abusos dos proprietários causaram a morte de milhares
de indígenas.
168
A sociedade colonial
capítulo 10
A sociedade colonial espanhola era dividida de acordo com critérios étnicos.
Os grupos sociais
169
A mineração em Potosí
Em pouco mais de um século, a mina de Potosí chegou a produzir cerca de 18 mil
toneladas de prata.
Extraindo a prata
A extração de prata em Potosí foi essencial para a economia da América
espanhola. Por volta de 1600, essa região era a maior produtora de prata
do mundo, possibilitando à Espanha conquistar uma posição de destaque
na economia mundial.
A pintura abaixo, produzida no século XVI, representa as principais etapas
da produção de prata em Potosí.
Os azogueros
supervisionavam
o trabalho dos
indígenas.
Os cajones eram tanques de A tina era um tanque com Os indígenas eram a principal mão de obra nas minas
pedra onde os indígenas faziam água usado para separar a espanholas da América. Eram eles que trabalhavam
o amálgama, isto é, a mistura do prata das impurezas e do em todo o processo de produção da prata, desde a
minério de prata com o mercúrio. excesso de mercúrio. extração do minério até a fundição do metal.
170
Enquanto isso... nas colônias inglesas e francesas
capítulo 10
A partir do século XVI, a Inglaterra e a França tentaram estabelecer e explorar colônias
na América. Porém, foi somente no século XVII que franceses e ingleses ocuparam efetiva-
mente territórios no continente americano.
E. Cavalcante
as péssimas condições de vida de grande O
N
L
parte da população e as perseguições S
grande número de povos indígenas, como NOVA FRANÇA Filadélfia Nova Iorque
Richmond
os sioux e os cherokees . Esses indígenas Jamestown
aos invasores.
30˚ N
Depois de conquistar territórios na Amé-
rica do Norte e nas Antilhas, comerciantes Trópico de Câncer
viagem daqueles que não podiam pagá-la. Fonte: BLACK, Jeremy (Ed.). World History Atlas. Londres: Dorling kindersley, 2005.
171
Explorando o tema
Os indígenas na América Latina atual
De acordo com estimativas recentes, a população da América Latina é composta por cerca
de 35 milhões de indígenas.
Apesar da violência de que foram vítimas desde a época da chegada dos europeus, os
indígenas latino-americanos têm grande participação na formação populacional e cultural de
vários países da América Latina.
A conquista e a colonização da América pelos europeus deixaram marcas profundas nos
países latino-americanos. Os indígenas, que formam grande parte da população camponesa
desses países, frequentemente são expulsos de suas terras e deixados à margem da econo-
mia e da política dos países onde vivem.
Martin Alipaz/epa/Corbis/Latinstock
Sergio Dorantes/Corbis/Latinstock
172
capítulo 10
Os Movimentos Sociais Indígenas
Bernard Bisson/Corbis/Latinstock
Nacional (EZLN) é uma organização político-militar,
que possui apoio de vários setores da sociedade
mexicana, como professores, artistas, estudantes,
sindicatos, ONGs, entre outros.
Formado essencialmente por camponeses de
origem indígena, o EZLN luta pelo direito à posse
coletiva da terra e o fim da opressão.
173
Atividades
Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.
Exercícios de compreensão
1 Escreva um pequeno texto sobre a diversi ■■ Francisco Pizarro chega à América do Sul.
dade da população americana na época ■■ Cristóvão Colombo desembarca na
da chegada de Cristóvão Colombo. América.
2 Quais as consequências, para a população ■■ Hernán Cortez chega em Vera Cruz.
indígena americana, da chegada dos eu ■■ Espanhóis conquistam a capital do Im
ropeus na América? pério Asteca.
3 Quem foi Montezuma? Por que ele recebeu ■■ Francisco Pizarro funda a cidade de
Hernán Cortez respeitosamente em Teno Lima, no Peru, assumindo o controle do
chtitlán? Império Inca.
4 Como ocorreu a tomada da capital asteca? 8 Explique as funções do Conselho das Índias,
das Audiencias e dos Cabildos.
5 Sobre a conquista do Império Inca, responda.
a ) Quem liderou a conquista? 9 Por que o governo espanhol procurou fun
dar cidades e incentivou a criação de
b ) Quem foi Atahualpa? universidades em suas colônias na Amé
c ) Descreva como foi o encontro entre rica?
Atahualpa e Pizarro.
10 Quais eram as principais atividades eco
d ) O que Atahualpa ofereceu a Pizarro pe nômicas desenvolvidas nas colônias es
la sua libertação? Qual dos dois lados panholas?
não cumpriu o acordo? Explique.
11 Cite alguns produtos agrícolas cultivados
e ) Qual era o nome da capital do Império nas colônias americanas da Espanha pa
Inca? Qual cidade os espanhóis cons ra serem comercializados na Europa.
truíram para ser a sede do govern o
espanhol? 12 Explique com suas palavras o que era a
encomienda e o que era a mita.
6 Explique o contexto brasileiro na época da
conquista do Império Inca. 13 Quem foi Bartolomé de Las Casas?
Expandindo o conteúdo
17 O texto a seguir foi escrito por um indígena da América que aprendeu a língua espanhola,
alguns anos após a conquista do Império Asteca. Esse texto narra a morte de muitos indí
genas em decorrência de uma epidemia de varíola, transmitida a eles pelos soldados de
Cortez. Leia-o.
174
capítulo 10
destruidora de gente. Alguns bem os cobriu, por todas partes (de seu corpo) se estendeu.
Na cara, na cabeça, no peito etc.
Era uma enfermidade destruidora. Muitas pessoas morreram dela. Ninguém podia
andar, no máximo estavam deitadas, estendidas em sua cama. Ninguém podia mover-se,
Passado e presente
18 O texto a seguir, publicado em 2007, relata uma descoberta arqueológica feita por pes
quisadores peruanos. Leia-o.
175
Após as escavações de 2004 a 2006, o corpo com o crânio perfurado foi analisado em
um microscópio eletrônico [...].
Os cientistas detectaram a presença de rastros de ferro ao redor do impacto do projétil
na parte posterior do crânio, sem dúvida uma bala de mosquete, uma arma de fogo que
começou a ser utilizada na Europa no início do século XVI.
Arqueólogo peruano descobre primeiro índio morto a tiros na conquista da América.
Agence France-Presse. Extraído do site: <www.afp.com>. Acesso em: 17 jan. 2012.
a ) Escreva com suas palavras qual foi a descoberta arqueológica feita pelo pesquisador
Guillermo Cock.
b ) Quais elementos da descoberta arqueológica permitem aos cientistas afirmar que o in
dígena foi morto durante um conflito contra espanhóis?
a ) De acordo com o texto, por que as colônias do norte não atendiam aos interesses me
tropolitanos? Quais eram esses interesses?
b ) Quais fatores contribuíram para o desenvolvimento do cultivo do tabaco nas colônias
do sul?
c ) O que levou a utilização do trabalho escravo nas colônias do sul?
d ) Explique as principais diferenças sociais e econômicas entre as colônias do norte e as
do sul.
176
capítulo 10
20 Observe o gráfico a seguir.
Acervo da editora
População do Império Inca (1530-1590)
2,5
1,5
0 Anos
1530 1560 1590
Fonte: BETHEL, Leslie (Org.). História da América Latina. A América Latina Colonial.
São Paulo: Edusp/Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2004. v. 1.
Estimule a autonomia na aprendizagem dos alunos solicitando-lhes que realizem a proposta da seção Refletindo sobre o
capítulo. Explique-lhes que, caso não tenham compreendido alguma das afirmações, é importante que o professor seja
informado para que possa retomar o conteúdo correspondente e sanar as deficiências na aprendizagem.
177
11
A colonização na
capítulo
América portuguesa
A Esse mapa representa o
Lopo Homem – Terra Brasilis. Mapa do Atlas Miller. 1515-1519. Departamento de Planisférios e Cartografias da Biblioteca Nacional, Paris
178
Delfim Martins/Pulsar
Aproveite a seção
Conversando sobre o assunto Conversando sobre
o assunto para ativar
A colonização portuguesa na América teve início nas primeiras décadas o conhecimento
prévio dos alunos e
do século XVI. Ela foi feita com base no trabalho de indígenas e de africa- estimular seu
nos e seus descendentes. Neste capítulo você irá estudar como os portu- interesse pelos
assuntos que serão
gueses exploraram as riquezas do território americano. desenvolvidos no
capítulo. Faça a
Observe as imagens apresentadas nestas páginas e converse com os mediação do diálogo
colegas sobre as questões a seguir. entre os alunos de
maneira que todos
■ ■ Quais elementos são destacados no mapa reproduzido como fonte A? participem
Quem são os personagens e qual atividade estão realizando? expressando suas
opiniões e
■■ Descreva a paisagem e os personagens representados na fonte B. Você respeitando as dos
colegas.
sabe qual era a importância do açúcar para a colonização do Brasil?
■ ■ Por que há protestos, nos dias de hoje, de descendentes de africanos
179
A chegada dos europeus
Quando aqui chegaram, em 1500, os portugueses estabeleceram contato
com os tupiniquins.
Os primeiros contatos
Em 22 de abril de 1500, uma esquadra portuguesa comandada por Pedro
Álvares Cabral chegou às terras que hoje formam o Sul do estado da Bahia.
No dia seguinte, os portugueses avistaram um grupo de indígenas na praia
e desembarcaram para estabelecer os primeiros contatos.
Alguns fatos ocorridos nesse primeiro encontro foram narrados em uma
carta que o escrivão português Pero Vaz de Caminha enviou ao rei de Portugal.
Leia a seguir um trecho dessa carta.
A carta de Caminha
A carta que Pero Vaz de Caminha escreveu ao rei de Portugal, conhecida como Carta
do Achamento do Brasil, relata o primeiro encontro dos portugueses com os nativos
da terra e as impressões que seus hábitos causaram nos portugueses. Também
contém descrições geográficas e impressões
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Lisboa
180
Os indígenas
capítulo 11
Os indígenas com os quais os portugueses estabeleceram os primeiros
contatos eram tupiniquins. Eles falavam a língua tupi e habitavam o litoral
brasileiro.
Pintura produzida em
1827 pelo artista francês
Aimé-Adrien Taunay
(1803-1828).
Ela representa indígenas
bororos ouvindo um
caçador narrar uma de
suas histórias.
1500 1510 1520 1530 1540 1550 1560 1570 1580 1590 1600
1500
Navegadores
1530 1549 1565
portugueses chegam O governo português Os portugueses expulsam
Criação do Governo-geral e
ao território brasileiro. envia uma expedição, os franceses da Guanabara
início da construção da cidade
comandada por e fundam a vila de São
de Salvador, na capitania da
1501 Martim Afonso Sebastião do Rio de Janeiro.
Bahia de Todos os Santos,
de Souza, com o
O governo português envia para ser a capital da Colônia.
objetivo de iniciar 1580
a primeira expedição a colonização do
de reconhecimento do 1554 Filipe II, rei da
território brasileiro. Os jesuítas fundam um colégio na Espanha, assume o
território brasileiro.
região dos campos de Piratininga, trono português e
1516 1532 no interior da capitania de São passa a governar,
Martim Afonso de Souza Vicente, que posteriormente deu ao mesmo tempo,
Cristóvão Jacques Espanha e Portugal.
comanda a primeira funda São Vicente, a primeira origem à vila de São Paulo.
vila do Brasil. Nesse mesmo Esse fato marca o
expedição “guarda-costas”, início da União Ibérica.
cujo objetivo é impedir que ano, o governo português 1555
franceses explorem a costa divide o território brasileiro Os franceses fundam uma
brasileira. em capitanias hereditárias. colônia denominada França
Antártica, na Guanabara.
181
As primeiras formas de
Art Capri
exploração
O pau-brasil foi o produto que mais interessou aos
europeus no início da exploração do território.
As feitorias
Nos primeiros anos após a chegada da expedição
de Cabral ao território dos indígenas, os portugueses
demonstraram pouco interesse em ocupar essas fei-
torias. Eles se limitaram a explorar seus recursos
naturais, construindo feitorias em diferentes pontos
do litoral.
O escambo
Desde que aqui chegaram, os portugueses precisaram da ajuda dos in-
dígenas para explorar o pau-brasil. Para conseguir a colaboração deles, os
portugueses começaram a realizar um tipo de comércio baseado em trocas,
conhecido como escambo.
Árvore de pau-
Os indígenas cortavam, transportavam e armazenavam as toras de pau-
-brasil, localizada
-brasil nas feitorias, deixando-as prontas para serem embarcadas nos navios. em São Paulo.
Em troca, eles recebiam objetos e ferramentas que não conheciam, como Fotografia tirada,
facas, foices e machados. em 2007.
O texto a seguir trata desse assunto. Ele foi escrito pelo viajante
Fabio Colombini
182
A colonização
capítulo 11
Interessados nas riquezas do Brasil e preocupados com a presença de outros
europeus, os portugueses iniciaram a colonização do território dos indígenas. Colonização
ocupação e
183
O Governo-geral
Diante das dificuldades enfrentadas pelos donatários
184
A mão de obra africana
capítulo 11
Desde que eram presos na África, até chegarem ao Brasil, os africanos
escravizados percorriam uma longa trajetória, repleta de sofrimentos e incertezas.
Na África
Os africanos eram capturados em suas aldeias
e levados para as feitorias próximas aos portos
de embarque. A compra e o transporte de africanos
para o Brasil eram realizados por comerciantes
185
Nos navios
Nos mercados
Ao chegar ao Brasil, geralmente os africanos
Cabo N
Verde
O L
Bissau
ÁFRICA S
Ajudá Lagos
São Jorge
da Mina
Equador São Tomé
0˚
Belém São Luís Cabinda
OCEANO
Luanda ÍNDICO
Recife
BRASIL Cassanje
Meridiano de Greenwich
Benguela
Salvador
OCEANO Moçambique
ATLÂNTICO
Rio de Janeiro
Trópico de Capricórnio
OCEANO
PACÍFICO
0 930 km
Principais rotas do comércio 0˚
atlântico de escravos para o
Brasil, do século XVI ao XIX Fonte: Souza, Marina de Mello e. África e Brasil africano. São Paulo: Ática, 2006.
Entre os séculos XVI e XIX, mais de 11 milhões de africanos escravizados foram enviados para a América. Desse total,
cerca de 4 milhões vieram para o Brasil.
186
História em construção A opção pela escravização de africanos
capítulo 11
O comércio internacional de escravos movimentou a economia colonial da América até a
metade do século XIX. Os africanos escravizados eram levados de diversas regiões da
África para países da Europa e colônias na América. No Brasil, por cerca de trezentos anos,
[...] Por que será que os portugueses lançaram mão da escravidão do negro africano no lu-
gar da escravidão indígena ou mesmo da mão de obra livre europeia?
Durante muito tempo essa questão foi explicada como consequência de fatores sociocultu-
rais. Portugal tinha uma população pequena, não existia gente suficiente para colonizar todo o
império que os portugueses haviam conquistado. Além disso, a escravidão indígena não teria
tido êxito em virtude das características culturais dos “índios indolentes”. Assim, a única solu-
ção encontrada para a falta de portugueses e para a inaptidão indígena teria sido a utilização
do negro africano. No entanto, ao longo do tempo os historiadores estudaram mais a fundo
essa questão e puderam perceber que a escravidão negra se justifica muito mais por fatores
econômicos. O tráfico, o comércio intercontinental de escravos, foi uma atividade extrema-
mente lucrativa para as coroas europeias durante a época moderna, e é pela ótica das práticas
mercantilistas que ele deve ser entendido. O escravo era uma das mais valiosas mercadorias
que a metrópole vendia para a colônia, enriquecendo os comerciantes portugueses e facilitan-
do a exploração do império português. A captura do índio nativo não proporcionava lucro
algum para a metrópole, no máximo, gerava um comércio interno e um contato maior entre as
diversas regiões da colônia, o que nem sempre era interessante para Portugal, uma vez que um
tal contato geraria o aquecimento de um mercado interno do qual a metrópole não participa-
va, não recebia tributos e, portanto, não lucrava [...]. A relação entre escravidão e comércio fica
mais evidente quando se percebe que, embora iniciado pelos portugueses, o tráfico de escravos
foi praticado por todas as potências mercantilistas da época moderna, como Holanda, França
e Inglaterra.
Mauro Bertoni; Jurandir Malerba. Nossa gente brasileira: textos e atividades para o ensino fundamental. Campinas: Papirus, 2001. p. 50.
Litografia. Coleção particular. Foto: Bettmann/Corbis/Latinstock
187
O engenho de açúcar
O açúcar era produzido em uma grande propriedade rural, chamada de engenho
de açúcar.
O trabalho no engenho
O engenho era uma grande propriedade rural, onde eram realizadas
todas as etapas da produção de açúcar, desde a plantação da cana-de-
-açúcar até a embalagem do produto.
Apesar de haver alguns trabalhadores livres, o trabalho nos engenhos
era baseado na mão de obra escrava. Além das atividades relacionadas à
produção açucareira, os trabalhadores de um engenho plantavam vários
alimentos, cuidavam dos rebanhos de animais, faziam os trabalhos do-
mésticos e produziam suas próprias roupas.
Nos canaviais, a maior parte do trabalho era A senzala era o local onde As matas forneciam
realizada pelos escravos recém-chegados da os escravos ficavam madeira para
África, os chamados “escravos novos”. abrigados depois da construções e lenha
jornada de trabalho. Essa para o funcionamento
construção geralmente era das caldeiras.
feita com paredes de
barro e telhado de palha.
188
Localizada nas proximidades da casa- O dono do engenho, chamado de senhor de engenho, morava
capítulo 11
-grande, a capela era o centro das com sua família na casa-grande, que era uma construção
festividades e cerimônias religiosas. ampla e confortável. Na casa-grande trabalhavam escravos
Os escravos, assim que chegavam da domésticos, principalmente mulheres, que cuidavam dos
África, eram batizados na capela e filhos dos senhores, servindo como amas de leite e
recebiam um nome cristão. realizando a maior parte dos trabalhos domésticos.
189
A produção do açúcar
Para transformar a cana em açúcar, era necessário o trabalho de muitas pessoas.
1 2
Os trabalhadores cortavam e recolhiam a cana Assim que chegavam com a cana na casa
e, em seguida, a transportavam até a casa de de engenho, os trabalhadores a moíam para
engenho. extrair seu caldo.
3 4
5 6
Ilustrações: Art Capri
Essas ilustrações
são representações
artísticas feitas com
base em estudos
históricos.
Depois que o açúcar solidificava e branqueava, Assim que secava, o açúcar era encaixotado
era retirado da forma, batido e colocado ao Sol e levado ao porto para ser transportado
para secar. para a Europa.
190
A presença holandesa
capítulo 11
No século XVII, os holandeses invadiram e dominaram a mais importante região
produtora de açúcar do Nordeste brasileiro.
O governo de Nassau
Entre 1637 e 1644, a região ocupada pelos holandeses foi gover- Albert Eckhout – Mulher Tupi. 1641. Museu Nacional da Dinamarca, Copenhague
Essa pintura, que representa uma mulher indígena, foi feita pelo
artista holandês Albert Eckhout (1610-c.1665). Durante o
período em que esteve no Brasil, Eckhout produziu diversas
pinturas de indígenas, paisagens e alimentos existentes no país.
191
Explorando o tema
A resistência africana
Os africanos resistiram de diversas formas à do-
E. Cavalcante
O quilombo dos Palmares
minação portuguesa. Uma dessas formas era a N
Essa ilustração é uma representação artística feita com base em estudos históricos.
192
capítulo 11
Os quilombolas
Os quilombolas, como eram chamados os moradores dos quilombos, viviam em liberdade.
A cultura afro-brasileira
A cultura afro-brasileira é o resultado da mistura de elementos culturais
africanos na formação da cultura brasileira. Ao serem trazidos para o Brasil,
os africanos passaram a conviver com os povos indígenas que aqui habita-
vam, com os colonizadores europeus, em especial os portugueses, e também
com outros africanos trazidos de diferentes regiões da África.
Apesar da violência, da segregação e das privações que sofreram, os africanos
preservaram muitos aspectos de sua cultura. Além disso, por meio da miscigena- zumbi, o principal líder do
ção e das trocas culturais, forneceram elementos importantes para a formação quilombo dos Palmares,
da sociedade brasileira. tornou-se símbolo da luta dos
Em nosso país, a herança cultural africana se manifesta, por exemplo, na afro-brasileiros contra a
religião, na culinária, na música e na dança, bem como nas palavras e opressão e a discriminação.
expressões incorporadas ao português falado no Brasil. Essa pintura, feita pelo artista
brasileiro Antônio Parreiras
Atualmente, no dia 20 de novembro, é comemorado o Dia Nacional da
Consciência Negra. Nesse dia, muitos brasileiros vão às ruas para protestar
(1860-1939), representa
contra a discriminação e lutar pela igualdade de direitos em nosso país. zumbi.
Metalurgia conjunto
de técnicas que
possibilitam a fabrica-
ção de objetos e
Sérgio Pedreira/Folhapress
ferramentas de metal.
193
Atividades
Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.
Exercícios de compreensão
1 Sobre o documento histórico transcrito na b ) Com que objetivo foi implantado?
página 180, responda.
c ) Quais eram os principais funcionários
a ) Qual é o título desse documento? que aux iliavam o governador-geral?
Qual função cada um deles exercia?
b ) Quem é o autor desse documento?
A quem ele era destinado? 11 Qual foi a participação dos jesuítas na co-
c ) Em que ano ele foi escrito? lonização do Brasil?
d ) No trecho apresentado, o que o autor 12 No início da colonização, os portugueses
do documento descreve? escravizaram muitos indígenas que aqui
viviam. Depois, eles passaram a trazer
2 O que é escambo?
africanos para trabalhar como escravos
3 Com que finalidade o pau-brasil era utili no Brasil. Quais foram os principais mo-
zado na Europa? tivos que levaram os portugueses a
optarem pela escravização de africanos?
4 De acordo com Jean de Léry, como era
possível aos portugueses realizarem em 13 Com suas palavras, descreva o que acon
pouco tempo o corte do pau-brasil e o tecia em cada uma das seguintes etapas
embarque da madeira nos navios? da trajetória dos escravos africanos que
eram trazidos para trabalhar no Brasil.
5 Como os portugueses conseguiram so
breviver na época em que começaram a a ) Na África.
explorar o novo território? b ) Nas feitorias.
6 O que significa “colonizar”? c ) Nos navios.
8 Como era chamada a pessoa que rece 14 O que foi a União Ibérica? Qual foi seu pe-
b i a uma capitania? Quais eram suas ríodo de duração?
obrigações?
15 Quais motivos levaram os holandeses a in
9 No início da produção de açúcar no Brasil, v adir o Brasil?
os colonos escravizaram indígenas para
16 Por que os holandeses preferiram invadir o
trabalhar nos canaviais. Como os indíge-
Nordeste brasileiro?
nas reagiram a essa situação?
17 Qual foi a outra região invadida pelos ho-
10 Sobre o Governo-geral, responda.
landeses nessa época? Qual era o obje-
a ) Quando foi implantado? tivo dessa invasão?
Expandindo o conteúdo
18 Leia o texto a seguir sobre o modo de vida de alguns povos indígenas na época da chegada
dos portugueses.
Os [indígenas] viviam em aldeias, praticando a agricultura, a caça, a pesca e a coleta [...]. Essas aldeias po-
diam mudar de lugar depois de alguns anos à medida que as comunidades necessitavam deslocar-se à procura
de locais mais apropriados ao exercício das atividades que lhes garantiam a sobrevivência, áreas de solo mais
rico ou regiões de maior abundância de caça, peixes ou frutas de acordo com as estações. Assim, populações
indígenas tinham grande mobilidade e poucos bens, que deviam ser transportados de um lugar a outro.
194
capítulo 11
[Eles] cultivavam basicamente a mandioca, mas também podiam plantar milho [...], feijão, batata-doce.
Alguns plantavam cará, abacaxi, abóbora, além de algodão e tabaco. Consumiam praticamente tudo o que
produziam e nunca formavam grandes estoques. O objetivo de seu trabalho não era a acumulação de bens.
O [indígena] só tinha a propriedade pessoal de suas armas e enfeites e partilhava todo o resto, principal-
19 Observe a imagem abaixo, que representa a chegada dos portugueses, em 1500, às terras
que hoje formam o Sul do estado da Bahia.
Oscar Pereira da Silva – Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro, 1500.
1922. Museu Paulista da USP, São Paulo
a ) Quem é o autor dessa obra? Qual o título da obra? Quanto tempo depois da chegada
dos portugueses ela foi produzida?
b ) Faça uma descrição da tela destacando as características da paisagem, das embarcações
e dos trajes utilizados pelos portugueses e indígenas.
c ) Releia o trecho da carta de Cam in ha da página 180. Quais são as principais diferenças
entre a desc rição feit a dos indígenas na carta e sua rep resentação na tela?
d ) Explique por que um mesmo ac ontecim ent o histórico pode ser apres entado de maneiras
diferent es.
195
20 O relato a seguir é de um africano, chamado Baquaqua. No início do século XIX, ele foi cap-
turado em sua aldeia e transportado como escravo para o Brasil. Leia-o.
[...] Levaram-me à casa de um homem branco, onde [permaneci] até a manhã seguinte [...]. Depois
[...], levaram-me ao rio e colocaram-me num barco. [...] Estávamos há duas noites e um dia nesse rio,
quando chegamos a um lugar muito bonito, cujo nome não me lembro. Não ficamos ali por muito tem-
po, tão logo os escravos foram reunidos e o navio estava pronto para velejar [...].
Quando estávamos prontos para embarcar, fomos acorrentados uns aos outros e amarrados com
cordas pelo pescoço e assim arrastados para a beira-mar. O navio estava a alguma distância da praia. [...]
Por fim, quando chegamos à praia, [...] escravos vindos de todas as partes do território estavam ali e
foram embarcados. O primeiro barco alcançou o navio em segurança, apesar do vento forte e do mar
agitado; o próximo a se aventurar, porém, emborcou e todos se afogaram, com exceção de um homem.
Ao todo, trinta pessoas morreram. [...] Fui colocado no próximo barco que seguiu rumo ao navio. [...]
Fomos arremessados, nus, porão adentro, os homens apinhados de [um] lado e as mulheres do ou-
tro. O porão era tão baixo que não podíamos ficar em pé, éramos obrigados a nos agachar ou a sentar
no chão. Noite e dia eram iguais para nós, o sono nos sendo negado devido ao confinamento de nossos
corpos. Ficamos desesperados com o sofrimento e a fadiga.
Oh! A repugnância e a imundície daquele lugar horrível nunca serão apagadas de minha memória.
Não: enquanto a memória mantiver seu posto nesse cérebro distraído, lembrarei daquilo. [...]
Que aqueles “indivíduos humanitários”, que são a favor da escravidão, coloquem-se no lugar do es-
cravo no porão barulhento de um navio negreiro, apenas por uma viagem da África à América, sem
sequer experimentarem mais que isso dos horrores da escravidão; se não saírem abolicionistas convic-
tos, então não tenho mais nada a dizer a favor da abolição. [...]
Muitos escravos morreram no percurso. Houve um pobre companheiro que ficou tão desesperado
pela sede que tentou apanhar a faca do homem que nos trazia água. Foi levado ao convés e nunca mais
o vi. Suponho que tenha sido jogado no mar.
Mahommah G. Baquaqua. Biografia de Mahommah G. Baquaqua. Revista Brasileira de História.
São Paulo: Anpuh; Marco Zero. vol. 8, n. 16., mar. 1988, p. 270-2.
a ) Com base no que você aprendeu neste capítulo, como era chamado o local na praia
onde Baquaqua e os demais escravos esperavam antes de embarcar para o Brasil?
b ) Produza um pequeno texto explicando por que os navios negreiros foram chamados de
“tumbeiros”.
c ) Qual é a sugestão de Baquaqua àqueles “indivíduos humanitários” que são a favor da
escravidão? Você acredita que se essas pessoas seguissem a sugestão elas se tornariam
abolicionistas? Justifique sua resposta.
Discutindo a história
21 Os textos a seguir apresentam opiniões divergentes a respeito da catequização dos indígenas
pelos jesuítas na época da colonização. Leia-os.
A [...] É realmente para admirar-se [a] grandeza moral com que [os jesuítas] [...] vinham aqui
assumir com tanta coragem a função de resgatar à barbárie toda uma família humana que andava
perdida. [...]
Rocha Pombo. História do Brasil. 9. ed. São Paulo: Melhoramentos. 1960, p. 84.
196
capítulo 11
B Reunidos [nas missões], a vida cotidiana dos [indígenas] foi completamente remodelada, tendo
por base a estreita conjugação do trabalho com vida religiosa. No lugar da moradia conjunta, os [in-
dígenas] foram obrigados a residir em casas que compartimentavam as famílias. Em vez da vida
ritmada pela natureza, passaram a se submeter ao tempo tal como o concebiam os europeus [...]. O
a ) Escreva, com suas palavras, qual é a opinião expressa pelo autor do texto A sobre a
catequização de indígenas.
b ) Qual a perspectiva defendida pelo autor do texto B sobre a catequização dos indígenas
promovida pelos jesuítas?
c ) Discuta com os colegas os dois pontos de vista e, para finalizar, escrevam um texto co-
letivo explicando qual a opinião de vocês sobre esse assunto.
22 Agora que você já estudou as mais importantes formas de resistência à escravidão utilizadas
no Brasil pelos africanos e seus descendentes, dentre elas a fuga e a formação de quilom-
bos, vamos fazer uma pesquisa sobre esse tema na atualidade. Para isso, reúna-se a um
grupo com alunos de sua turma e, sob a orientação do professor, pesquise se em sua ci-
dade, região ou estado existem comunidades remanescentes de quilombos. Essas comu-
nidades existem em praticamente todas as regiões do nosso país, muitas delas com seus
direitos já reconhecidos, mas também há várias que ainda lutam, principalmente, para terem
seus territórios demarcados. Em sua pesquisa, procure informações em livros, jornais,
revistas e na internet. Depois de finalizada a pesquisa, organize o material encontrado,
como fotografias, reportagens, artigos, dentre outros, e monte um painel com as informa-
ções obtidas.
Estimule a autonomia na aprendizagem dos alunos solicitando-lhes que realizem a proposta da seção Refletindo sobre o
capítulo. Explique-lhes que, caso não tenham compreendido alguma das afirmações, é importante que o professor seja
informado para que possa retomar o conteúdo correspondente e sanar as deficiências na aprendizagem.
de diferentes maneiras.
■ ■ A principal mão de obra utilizada nos engenhos de açúcar era a de africanos escravizados.
cobrimento” do Brasil, pois para eles esse acontecimento marcou o início da invasão de
suas terras.
■ ■ O Dia Nacional da Consciência Negra é muito importante para a valorização da dignidade
197
12
A expansão das fronteiras da
capítulo
Colônia portuguesa
A As expedições para o interior do
Henrique Bernardelli - Retirada do Cabo de São Roque. 1927.Óleo s/ tela. Museu Paulista da USP, SP. Foto: José Rosael
198
Johann Jacob Steinmann – Caminho dos Órgãos. 1834. Coleção particular
Joaquim da Rocha Ferreira – Provedor das Minas. 1963. Museu Paulista da USP, São Paulo
C Caravana de tropeiros com suas mulas carregadas de mercadorias. Tela
produzida em 1834 pelo artista suíço Johann Steinmann (1800-1844).
Aproveite a seção
Conversando sobre o assunto Conversando sobre
o assunto para ativar
o conhecimento
Nos primeiros 200 anos de colonização do Brasil, como vimos, as ativi- prévio dos alunos e
dades econômicas ficaram concentradas próximas ao litoral. A partir do estimular seu
interesse pelos
século XVIII, no entanto, a colonização portuguesa avançou em direção ao assuntos que serão
desenvolvidos no
interior do continente, ultrapassando os limites estabelecidos no Tratado capítulo. Faça a
de Tordesilhas. Neste capítulo, estudaremos como se deu esse processo mediação do diálogo
entre os alunos de
e também as consequências da expansão das fronteiras da colônia. maneira que
todos participem
Observe as imagens apresentadas nestas páginas e converse com os expressando suas
opiniões e
colegas sobre as questões a seguir. respeitando as dos
■■ Como a expedição bandeirante foi representada na fonte A? Qual era a
colegas.
199
Um período de crise
Ao final da União Ibérica, Portugal passava por crises econômicas, territoriais e militares.
Linha do tempo
Observe, na linha do tempo, alguns fatos importantes ocorridos durante
a colonização portuguesa na América.
1693 1789
Bandeirantes paulistas encontram as primeiras minas de ouro Ocorre em Minas Gerais a
em Minas Gerais. Conjuração Mineira.
200
As companhias de comércio
capítulo 12
Para reforçar o controle sobre o comércio e limitar a participação de es-
trangeiros nos negócios da Colônia, a Coroa portuguesa criou as compa
nhias de comércio.
201
A busca por novas riquezas
Com a queda dos lucros da atividade açucareira, a Coroa portuguesa aumentou
o incentivo à procura por metais preciosos no Brasil.
Os bandeirantes
Henrique Bernardelli - Os Bandeirantes. c. 1889. Biblioteca Municipal de São Paulo, São Paulo
diversas expedições que tinham como objetivo principal locali-
zar jazidas de minerais preciosos. Essas expedições, chamadas
bandeiras de prospecção, eram formadas por pequenos grupos
de até cinquenta pessoas, que percorriam o interior do territó-
rio à procura, principalmente, de minas de ouro e de pedras
preciosas.
Finalmente, em 1693, os bandeirantes paulistas encontraram
as primeiras minas de ouro, em uma região próxima à atual
cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais. Nos anos seguintes,
várias outras minas foram encontradas nessa região.
202
A mineração
capítulo 12
A notícia da descoberta de ouro no interior da Colônia se espalhou rapidamente
e atraiu muitas pessoas para a região das minas.
Barra de ouro
“quintada”.
Novas
descobertas
Em 1718, foram
O quinto era apenas um dos impostos cobrados pelo governo português e encontradas
equivalia a 20% de toda a produção de ouro e pedras preciosas. A Coroa por- novas minas de
tuguesa cobrava impostos sobre mercadorias e, também, sobre pessoas que ouro no atual
circulavam na região das minas. Havia impostos cobrados, por exemplo, sobre Mato Grosso e,
em 1725, no atual
os produtos trazidos de outras regiões da Colônia, sobre o trabalho escravo estado de Goiás.
utilizado na extração dos minérios e sobre o uso de estradas ou pontes.
Por volta de 1729,
foram também
O contrabando descobertas
jazidas de dia-
Insatisfeitos com a alta tributação paga ao governo de Portugal, muitos mantes em Serro
mineradores tentavam contrabandear o ouro para evitar o pagamento dos Frio, na capitania
impostos. Eles procuravam esconder o metal extraído dentro de suas botas de Minas Gerais.
Próximo às lavras,
ou chapéus, debaixo da sela do cavalo ou dentro de suas armas, de manei- desenvolveu-se o
ra a passar despercebidos pelos fiscais e evitar o pagamento do quinto real. Arraial do Tijuco,
Outra maneira de esconder o ouro era colocá-lo dentro de estatuetas de que deu origem
à cidade de
santos feitas de madeira e ocas por dentro. Essas estatuetas ficaram conhe-
Diamantina.
cidas como “santos do pau oco”.
203
A mina de ouro
Nas minas, a maioria dos trabalhos era realizada por escravos.
A extração do ouro
A extração do ouro exigia o trabalho de muitas pessoas. No Brasil, a maior
parte da mão de obra na mineração era composta por escravos. Observe
a seguir como era feita a extração do ouro em uma mina.
Para tornar mais eficiente a cobrança O dono da mina A bateia é uma vasilha redonda e
de impostos, a Coroa portuguesa criou precisava ter pelo afunilada, feita de madeira ou metal,
o cargo de fiscal da Coroa. Esse menos 12 escravos utilizada para separar o ouro da areia
funcionário era responsável pela para ter o direito de e do cascalho. Esse instrumento foi
cobrança dos impostos na Colônia. explorar uma jazida. introduzido no Brasil pelos africanos.
Quando um escravo
encontrava uma grande
pepita de ouro, ele era
recompensado com parte
desse metal e podia até
comprar a liberdade.
Os feitores geralmente
eram trabalhadores livres
encarregados de vigiar o
trabalho dos escravos.
A grupiara era a escavação feita nas encostas das montanhas. Nesse tipo de
exploração, a água era canalizada para descer pelas encostas dos morros e
arrastar o mineral precioso até o tanque de coleta, chamado mundéu. Esse tanque
Art Capri
era forrado com couros de boi, que retinham o ouro e deixavam a água escorrer.
204
O ouro retirado das margens dos rios era chamado
capítulo 12
de ouro de aluvião. Essa forma de exploração do
ouro foi muito praticada, pois era simples e não
exigia grandes investimentos. As reservas de ouro
de aluvião, no entanto, logo se esgotavam.
A mineração de
galeria era a
exploração do ouro
no interior dos
morros. Conforme
se escavava, os
túneis eram
escorados com
estacas de
madeira. Esse tipo
de mineração era
muito perigoso por
causa dos riscos
de desabamentos.
Art Capri
205
O abastecimento das minas
As regiões de mineração eram abastecidas principalmente por tropeiros e monçoeiros.
Os tropeiros
Nas regiões de mineração, a principal atividade desenvolvida era a extra-
ção de minérios. Por isso, ferramentas, roupas, animais e grande parte dos
alimentos eram trazidos de outras regiões da Colônia. Abastecimento
de Minas Gerais
A maioria dessas mercadorias era levada no lombo de mulas por comer-
ciantes conhecidos como tropeiros. Leia o texto.
206
As consequências da mineração
capítulo 12
A mineração foi uma atividade fundamental para a expansão
A transferência
e o povoamento do território brasileiro. da capital
E. Cavalcante
rio é a Nação que efetivamente o N
L
O
ocupa. Antes da assi natura do S
ia
á
a
ru
p
de
espanhol. Após a assinatura do
r
Ju
a T Natal
a
M íba
na Oeiras Paraíba
tratado, essa cidade passou a per-
ia
gua
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Pa
Recife
Ara
Salvador
Fran
Cuiabá Goiás
Minas Novas
portuguesa e as colônias espanho-
ai
gu
OCEANO
P ara
Diamantina
las, na América, seriam determina- Mariana ATLÂNTICO
á
Vitória
das, principalmente, por limites
ran
OCEANO
Pa
PACÍFICO
naturais, como rios e montanhas. São Paulo Rio de Janeiro
Santos
São Vicente Trópico
de Capricó
Desde a assinatura do Tratado rnio
Desterro
de Ma dri, a configuração territorial Laguna
i
ua
Porto Alegre
Ur
Rio Grande
0 515 km
40° O
Fonte: HOLANDA, Sérgio Buarque de; CAMPOS,
Áreas sob influência das vilas e cidades
Pedro Moacyr de (Dirs.). A Época Colonial. Áreas conhecidas, mas sem vilas ou cidades
São Paulo: Difusão Editorial, 1981. v. 1
207
Explorando o tema
A arte barroca no Brasil
Juvenal Pereira/Pulsar
O barroco é um estilo artístico que surgiu
na Europa no final do século XVI. No Brasil,
esse estilo se desesenvolveu com base no
modelo europeu. No entanto, foi adaptado às
condições brasileiras. Dessa forma, o barro-
co brasileiro ganhou características próprias,
e suas influências podem ser observadas em
diversas áreas, como a arte, a literatura e a
arquitetura.
O barroco no Brasil
Na arte barroca, há grande variedade de
traços e riqueza de detalhes. As obras bar-
rocas possuem, também, uma forte tendência
religiosa. Essa tendência está presente na
construção e decoração de igrejas, na pintu-
ra e na escultura de santos e anjos.
Fotografia tirada em 2011, da igreja de São Francisco
O estilo barroco chegou ao Brasil por meio de Assis, localizada na cidade de Mariana, no estado
de artistas portugueses que passaram a en- de Minas Gerais.
sinar suas técnicas aos aprendizes brasileiros.
Manuel da Costa Ataíde. Em Igreja de São Francisco de Assis, Ouro Preto. Foto: Rômulo Fialdini
Conforme os artistas brasileiros produziam
suas obras, no entanto, eles desenvolviam
características próprias que as diferenciavam
das obras barrocas europeias.
O barroco mineiro
Em meados do século XVIII, a região de
Minas Gerais se destacava como um dos mais
importantes centros econômicos e urbanos
do Brasil. Nessa época, os artistas mineiros
foram muito influenciados pelo barroco, esti-
lo artístico que predominava na Europa.
Na capitania de Minas Gerais, localizada no
interior brasileiro e de difícil acesso, essa
diferenciação entre a arte local e a arte euro-
peia foi ainda mais marcante do que na região
litorânea do país. Por isso, o barroco mineiro
foi considerado a primeira expressão artística
genuinamente brasileira.
208
capítulo 12
Aleijadinho e o barroco mineiro
Ricardo Azoury/Pulsar
Manoel Novaes
Os Doze Profetas estão localizados na Essa fotografia retrata duas das doze
entrada da igreja de Bom Jesus de esculturas de profetas localizados na entrada
Matosinhos, em Congonhas do Campo, da igreja de Bom Jesus de Matosinhos.
Minas Gerais. Esculpidas em pedra-sabão, essas esculturas
representam os profetas Jeremias e Ezequiel.
209
Novas ideias e revoluções pelo mundo
Enquanto a mineração no Brasil entrava em declínio,
revoluções aconteciam na América do Norte e na Europa. O suíço Jean-Jacques
Rousseau foi um
importante pensador
O Iluminismo iluminista.
Na época da grande mineração no Brasil, ganhava força na Europa
A Revolução Americana
Enquanto isso, na América do Norte, os habitantes das Treze Colônias es- Em 1777, foi criada
tavam insatisfeitos com os altos impostos que tinham de pagar à Inglaterra e, uma bandeira para
além disso, se sentiam prejudicados com a intervenção inglesa em sua orga- a nova Nação. Ela
possuía 13 estrelas
nização política e econômica. Como forma de protesto, os colonos resolveram
e 13 faixas,
boicotar a venda de produtos ingleses na América. Com isso, teve início o representando as
processo de independência das Treze Colônias inglesas, movimento também Treze Colônias.
conhecido como Revolução Americana.
Em 1776, depois de uma série de conflitos entre as tropas coloniais
Acervo da editora
e inglesas, os líderes americanos assinaram a Declaração de Indepen
dência, documento que determinou a independência política das Treze
Colônias. Em seguida, foi instaurada uma República, governada por
presidentes eleitos por meio de voto. A união das Treze Colônias deu
origem aos Estados Unidos da América.
A Revolução Francesa
Nessa mesma época, cresciam as desigualdades
Claude Cholat. Museu Carnavalet, Paris
210
A Conjuração Mineira
capítulo 12
A Conjuração Mineira, também conhecida como Inconfidência Mineira, foi
resultado da crescente insatisfação dos habitantes da capitania de Minas Gerais
com a alta tributação cobrada pelo governo português.
Acervo da editora
para planejar a revolta, que seria iniciada no dia da co-
brança da derrama. Depois que a capitania se tornasse
autônoma, os conjurados pretendiam, entre outros pla-
nos, instalar manufaturas na região, iniciar a exploração
de ferro e implantar uma universidade em Minas Gerais.
O governador da capitania de Minas Gerais, no entan-
to, foi informado dos planos dos conspiradores, e orde-
nou a suspensão da derrama. Desarticulados, os líderes
do grupo decidiram esperar por uma melhor oportunida-
de para iniciar o movimento, porém acabaram presos e A atual bandeira do estado de Minas Gerais foi
condenados. idealizada na época da Conjuração Mineira.
Alferes oficial
Entre os envolvidos na Conjuração de um exército
Mineira, estava o alferes Joaquim José que ocupa
da Silva Xavier (1746-1792). Ele era posição inferior
conhecido como Tiradentes e foi um na hierarquia
dos membros mais ativos do movimen- militar.
to. Quando a conjuração foi descober- Conjuração
ta pelas autoridades, Tiradentes foi associação de
preso e assumiu toda a responsabilida- pessoas contrá-
de pela organização do movimento. rias a um governo
ou autoridade e
Assim, enquanto os demais conjurados
que possuem
foram condenados ao exílio na África, objetivos comuns.
Tiradentes foi o único condenado à
Derrama
morte.
cobrança de
impostos atrasa-
dos devidos pelos
mineradores.
Página da sentença de condenação
Exílio expulsão
dos conjurados assinada pela
de um indivíduo
rainha portuguesa, D. Maria, em
de sua terra natal.
abril de 1792.
211
História em construção A figura de Tiradentes
Tiradentes foi transformado em “herói nacional” da história política brasileira. Em vários mo-
mentos da história do Brasil, a imagem de Tiradentes foi apresentada pelos historiadores e de-
fendida por diferentes governos como um exemplo de luta e sacrifício em defesa da liberdade.
A criação do herói
212
A Conjuração Baiana
capítulo 12
No final do século XVIII, a população da Bahia estava indignada com as péssimas
condições de vida e exigia mudanças.
Acervo da editora
demonstrou sua insatisfação com o governo português. A maior parte da
população baiana pagava altos impostos e vivia em condições precárias.
Um grupo de intelectuais começou a se reunir e a discutir propostas de
mudanças. Em pouco tempo, escravos, soldados e trabalhadores livres e
pobres uniram-se ao movimento e deram uma nova condução à revolta.
Entre esses trabalhadores, estavam pedreiros, sapateiros, artesãos e alfaia-
tes. Por isso, o movimento também ficou conhecido como a Conjuração Bandeira da
Conjuração Baiana.
dos Alfaiates. As cores azul,
vermelha e branca
Reivindicações da população também estão
presentes na atual
Insatisfeitos com a Coroa portuguesa e profundamente influenciados bandeira do estado
pelos ideais da Revolução Francesa, os revoltosos pretendiam proclamar a da Bahia.
República, abrir o porto de Salvador ao livre comércio e conquistar melho-
res condições de vida.
Para divulgar os ideais do movimento, em 1798, os conjurados afixaram
manifestos contrários ao governo português e à escravidão em diferentes
pontos da cidade.
213
Atividades
Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.
Exercícios de compreensão
1 Quais eram os maiores problemas enf ren 11 O que eram as monções?
tados pelo governo português na época
do fim da União Ibérica? 12 Cite algumas consequências da mineração
no Brasil.
2 Quais os objetivos da criação do Conselho
Ultramarino? 13 Quando a capital da Colônia foi transferida
para o Rio de Janeiro? Quais foram os
3 Sobre as companhias de comércio, res principais motivos dessa transferência?
ponda.
14 O que foi o Tratado de Madri? Nesse tra
a ) Por que elas foram criadas? tado, qual princípio prevaleceu? O que
b ) Quais funções essas companhias de ele significava?
veriam exercer?
15 Quais as principais características do bar
c ) Por que as companhias de comércio roco mineiro?
não funcionaram como o governo por
tuguês esperava? 16 Quem foi Aleijadinho?
4 Por que o açúcar produzido pelos holande 17 Explique como as ideia s iluministas e as
ses nas Antilhas prejudicou a venda do revoluções na América do Norte e na Eu
açúcar brasileiro? ropa influenciaram as revoltas coloniais
brasileiras.
5 Responda às seguintes questões sobre as
bandeiras. 18 Responda às seguintes questões sobre a
Conjuração Mineira.
a ) Quais eram os dois principais tipos de
bandeiras? Qual era o objetivo prin a ) Qual foi o principal motivo da revolta?
cipal de cada um deles? b ) Quais eram os planos dos conjurados?
b ) Qual a relação das bandeiras com a c ) Quais grupos sociais participaram do
expansão territorial brasileira? movimento?
6 Por que o governo português criou as Ca d ) Como o governo português reagiu à
sas de Fundição? conjuração?
Expandindo o conteúdo
20 A gravura a seguir, feita por Rugendas no século XIX, representa a extração de ouro em uma
mina. Observe-a.
214
capítulo 12
Johann Moritz Rugendas – Lavagem de minério de ouro. c. 1835. Biblioteca do Instituto de Estudos Brasileiros/USP, São Paulo. Foto: Neoimagem
[...] O resultado [da grande produção de ouro nas Minas Gerais] foi a redução de Portugal à con-
dição de entreposto, de um lado para os produtos importados da Inglaterra e do Norte da Europa
demandados pelos brasileiros, mas que Portugal era incapaz de suprir; de outro, para as remessas do
ouro brasileiro, que chegavam ao [rio] Tejo apenas para serem despachadas para Londres para pagar
essas importações. [...] O ouro brasileiro [...] estimulou o comércio e as exportações inglesas para
Portugal durante toda a primeira metade do século XVIII. (É possível dizer que o ouro brasileiro
lançou as bases para a futura Revolução Industrial na Inglaterra) [...].
A.J.R. Russell-Wood. O Brasil colonial. In: Leslie Bethell (Org.). História da América Latina: América Latina Colonial. Trad. Mary Amazonas Leite de Barros;
Magda Lopes. São Paulo/Brasília: Edusp/Fundação Alexandre de Gusmão, 2004. v. 2. p. 524.
215
a ) De acordo com o texto, qual foi o resultado para Portugal da grande produção de ouro
em Minas Gerais?
b ) De onde provinham os produtos importados consumidos no Brasil? Qual era a função de
Portugal nesse comércio?
c ) Qual era o destino final do ouro brasileiro?
22 O gráfico a seguir mostra a produção do ouro brasileiro no século XVIII. Observe-o.
Acervo da editora
Produção do ouro no Brasil no século XVIII
Toneladas
16 15,8
14,8 Goiás
14,1 14,1
14 Minas Gerais
12,6
12 Mato Grosso
10,5 9,8
10 Total
8,5 9,0 8,8
7,6 8,1
8 6,5 6,5 6,3
6 4,9 4,5
4,4 4,4
4
1,5
2
0
1705 1710 1715 1720 1725 1729 1734 1739 1744 1749 1754 1759 1764 1769 1774 1779 1784 1789 1794 1799 Anos
Fonte: PINTO, Virgílio Noya. In: BETHELL, Leslie (Org.). História da América Latina: América Latina Colonial.
São Paulo/Brasília: Edusp/Fundação Alexandre de Gusmão, 2004. v. 2.
Trabalho em grupo
23 A cobrança de impostos é uma característica comum às sociedades humanas de diversas
épocas. No entanto, a destinação dada a esses impostos varia de acordo com os interes
ses das sociedades e de seus governantes. Nas sociedades democráticas, o objetivo
principal do governo é garantir o bem-estar da população, atendendo aos interesses da
maioria. Desse modo, é muito importante que os cidadãos de cada país saibam como o
dinheiro recolhido é aplicado pelo governo. Realize com os colegas uma pesquisa sobre
os impostos no Brasil atualmente.
a ) Pesquisem em livros, revistas, jornais, internet etc., informações sobre o tema.
b ) Procurem descobrir:
■■ quais os nomes dos principais impostos pagos atualmente pelos brasileiros;
■■ como o dinheiro recolhido por meio dos impostos é utilizado pelo governo.
c ) Em sala, conversem com os colegas dos outros grupos sobre a aplicação do dinheiro pú
blico. Depois, produzam um texto coletivo com as opiniões de vocês sobre o assunto.
d ) Por fim, produzam um cartaz explicativo sobre os impostos no Brasil usando os dados
obtidos na pesquisa. Apresentem seu cartaz aos colegas.
Discutindo a história
24 O texto a seguir apresenta diferentes opiniões sobre o bandeirantismo paulista. Leia-o.
216
capítulo 12
[...] O bandeirantismo e os bandeirantes figuram entre os grandes mitos da historiografia
brasileira, sobretudo a produzida em São Paulo [...] no século XIX e início do XX. O viajante
francês Saint-Hilaire, que esteve no Brasil entre 1816 e 1822, encantou-se com as conquistas dos
paulistas e escreveu sobre os longos percursos das bandeiras e a expansão territorial, consideran-
minas.
■■ A mineração provocou a migração de muitas pessoas para a região das minas, promoven-
brasileira.
■ ■ Importantes revoltas ocorridas no Brasil no século XVIII foram influenciadas pelas ideias
217
Ampliando seus conhecimentos
Veja algumas sugestões de livros, sites e filmes que tratam de temas
relacionados aos assuntos estudados neste volume.
Livros
■■ A história do mundo em quadrinhos: a Europa medieval e os
invasores do Oriente, de Larry Gonick. São Paulo: Jaboticaba.
(Reencontro infantil).
Esse livro apresenta, por meio de quadrinhos, referências para a
compreensão de acontecimentos importantes da História. O autor
apresenta fatos marcantes ocorridos durante a Idade Média, como
a origem de algumas nações e vários conflitos políticos e religiosos,
que ajudam a entender o mundo contemporâneo.
■■ ABC do mundo árabe, de Paulo Daniel Farah. São Paulo: Edições SM.
O livro aborda a influência árabe sobre diversas culturas do mundo.
Essa influência está presente, por exemplo, em várias palavras do vo-
cabulário português e do espanhol e também em muitas outras áreas
do conhecimento como arquitetura, aritmética, astronomia e literatura.
218
■■ Leonardo da Vinci e seu supercérebro, de Michael Cox. Trad.
Eduardo Brandão. São Paulo: Companhia das Letras.
Leonardo da Vinci foi um dos intelectuais mais importantes do
período Renascentista. Além de pintor, se destacou também em
diversas outras áreas, como engenharia, anatomia e matemática.
Nesse livro, o leitor vai conhecer um pouco mais sobre esse ar-
tista, que teve papel decisivo no desenvolvimento de diversas
áreas do conhecimento.
219
Sites
■■ www.wdl.org/pt – Biblioteca digital mundial.
Esse site disponibiliza, em diversas línguas, importantes documen-
tos originários dos mais diversos países. Nele, encontram-se desde
fotografias e mapas até livros completos, organizados de acordo
www.socioambiental.org.
Acessado em: 01 de
mar. de 2012
■■ pib.socioambiental.org/pt – Povos indígenas do Brasil.
Nesse site você poderá conhecer um pouco mais sobre os diversos
povos indígenas que vivem no Brasil atualmente, por exemplo, sua
história, modo de vida, costumes e localização.
Filmes
■■ As mil e uma noites (2000), dirigido por Steve Barron.
Esse filme mostra a história do sultão persa Schariar, que, após
ser traído por sua esposa, a mata. A partir de então, para não ser
traído novamente, decide se casar cada dia com uma jovem e
matá-la após a noite de núpcias. Isso se repete até o dia em que
ele se casa com Sherazade, que todas as noites narrava para o
sultão fantásticas histórias. Ele fica tão encantado que decide
poupar Sherazade a cada dia, para que pudesse ouvir mais his-
tórias. Esse filme recria várias lendas árabes famosas do clássico
As mil e uma noites .
220
Filme de Jean-Jacques Annaud. O nome da rosa. 1986.
Itália, Alemanha e França
■■ O nome da Rosa (1986), dirigido por Jean-Jacques Annaud.
A história do filme gira em torno das misteriosas mortes que passam
a ocorrer em um mosteiro na Itália, no ano de 1327. Essas mortes
ocorrem em meio a um intenso debate religioso entre monges e
frades sobre o futuro da Igreja. Produzido sob a orientação do his-
toriador Jacques Le Goff, especialista em Idade Média, o filme
apresenta muitas informações sobre o período medieval, abordando
elementos da moral cristã e do pensamento filosófico da época.
221
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XVIII ao Choque das Civilizações do século XXI. Petrópolis (RJ): Vozes, 2000.
Orientações
para o professor
Vivemos atualmente em uma sociedade tecnológica em que as trans-
formações ocorrem com grande rapidez e diariamente somos bombar-
deados por uma enorme quantidade de informações. Nessa sociedade
consumista, em que tudo rapidamente se torna “velho” e “ultrapassado”,
os alunos acabam vivenciando um presente sem historicidade, desco-
nhecendo os vínculos existentes entre o presente e o passado. Esse
desconhecimento histórico torna mais difícil para eles compreenderem
e questionarem a própria realidade em que vivem.
Diante dessa situação, adquire cada vez mais importância o papel
do historiador e do professor de História. A análise das transformações
que ocorrem nas sociedades constitui a essência dos estudos históricos
e, por isso, estudar História torna os alunos mais capazes de processar
o grande volume de informações que recebem e convertê-lo em conhe-
cimento. Dessa forma, eles se tornarão mais críticos e terão melhores
condições de entender as transformações sociais e como elas afetam
nossas vidas.
Para auxiliar o professor nessa tarefa, elaboramos esta coleção. Pro-
curamos fazer uma seleção de conteúdos relevantes, em que são de-
senvolvidos conceitos fundamentais para o estudo de História. Os temas
históricos são abordados em consonância com as pesquisas historio-
gráficas mais recentes e são trabalhados em um texto claro e acessível
aos alunos.
Em todos os volumes da coleção, encontra-se uma grande quanti-
dade de fontes históricas, principalmente imagéticas, que são contex-
tualizadas e, em muitos casos, exploradas por meio de atividades. A
coleção tem uma estrutura regular e está organizada de modo a facili-
tar o trabalho do professor, que pode, exercendo seu papel como
mediador, promover um aprendizado significativo para os alunos e
instrumentalizá-los para que adquiram maior autonomia e para que
possam continuar seu aprendizado ao longo da vida, ajudando a cons-
truir uma sociedade mais justa e democrática.
Os autores.
Sumário
Orientações gerais................................................................................................. 5
A estrutura da obra ................................................................................................................ 5
As seções ............................................................................................................................ 5
Orientações gerais
esta coleção apresenta uma estrutura organizada. Todos os doze capítulos de
cada volume são compostos por duas páginas de abertura e quat ro páginas de
atividades. Os títulos apresentam uma hierarquia clara e o texto didático respei
ta a faixa etária dos alunos. Em todos os volumes, os conteúdos são acompa
nhados de imagens, boxes auxiliares e glossário.
A sequência dos conteúdos está organizada de acordo com critérios cronológi
cos. Além disso, procuramos explorar relações de simultaneidade, integrando,
sempre que possível, os conteúdos de história geral e de história do Brasil e
ress altando as relações entre diferentes processos históricos.
Veja, a seguir, informações mais detalhadas sobre a estrutura dos capítulos.
As seções
Enquanto isso...
■■ Além do texto principal, dos boxes auxiliares e do glossário, em todos os
volumes da coleção o professor encontrará a seção Enquanto isso... O
princip al objetivo dessa seção é proporcionar um espaço para o trabalho
com a sim ultaneidade e com os tempos históricos. Assim, por exemplo,
enquanto o Império Inca estava sendo conquistado pelos espanhóis, no
Brasil os portug ueses iniciavam a colonização das terras indígenas. É muito
5
importante promover a articulação entre os conteúdos que se apresentam
em uma mesma temporalidade, pois, assim, os alunos têm condições de
perceber que a história não acontece de maneira intercalada. Essa seção
pode auxiliar nesse sentido, no entanto, o papel do professor como mediador
entre o livro didático e os alunos é indispensável para promover uma apren
dizagem mais significativa. Cabe ao professor a decisão fundamental sobre
o uso do apoio pedagógico que é o livro didático: construir critérios de se
leção dos tem as dos capítulos de que fará uso, levando-se em conta o
projeto pedagógic o da escola, as condições da turma e a carga hor ária da
grade curricular. Além disso, da maneira como a coleção está estruturada,
o professor tem autonomia pedagógica para decidir sobre quais capítulos
abordar ou deixar de abordar, no todo ou em partes; sobre seguir a ord em
apresentada ou reagrupar os capítulos pelos critérios organizativos que es
colher, e fazer as pontes entre os capítulos dentro destes critérios.
O sujeito na história
■■ A seção também está presente em todos os volumes e seu principal objetivo
é mostrar aos alunos que, além dos agentes coletivos, existem pessoas que
participaram ativamente do processo histórico por meio de suas ações indivi
duais. Provavelmente a maioria das pessoas retratadas em O sujeito na his-
tória é pouco conhecida pelos alunos. O papel do professor é importante
nesse momento, incentivando pesquisa sobre esses sujeitos históricos em
fontes diversas e posteriores debates na classe. A seção pretende reforçar
que a ação de todos os sujeitos históricos, incluindo os próprios alunos, pode
mudar os rumos da história.
História em construção
■■ Seção que pode aparecer em qualquer parte do texto antes das Atividades.
Seu objetivo é mostrar aos alunos que a disciplina de História é um campo
em constante transformação e que as narrativas sobre o passado também
possuem uma história. Nessa seção, apresentamos as discussões mais re
centes no campo da historiografia, além de textos de historiadores, que
abordem problemáticas históricas, conflitos de interpretação e revisões de
temas clássicos da historiografia nacional e internacional.
Explorando o tema
■■ Presente em todos os capítulos, a seção Explorando o tema aparece antes
das Atividades. Esta seção propõe leitura e interpretação de textos citados
de autores diversos, acompanhados de imagens, como fotografias, ilustra
ções, obras de arte e outros recursos iconográficos. Trata-se de uma abor
dagem temática relacionada a algum assunto apresentado no capítulo.
6
Atividades
Orientações gerais
Exercícios de compreensão
■■ Subseção fixa, sempre no início das atividades. O principal objetivo desses
exerc ícios é revisar o conteúdo trabalhado no capítulo. Eles geralmente são
apres entados respeitando a ordem em que aparecem no capítulo, no entanto,
cabe ao professor escolher a melhor ordem para trabalhá-los com os alunos.
Além disso, é fundamental que o professor estimule os alunos a produzir res
postas com suas próprias palavras com base na interpretação dos conteúdos
e não da simples cópia. Embora possam parecer questionamentos simples,
eles contribuem com a formação da competência leitora, visto que os alunos,
para respondê-los de maneira satisfatória, precisam retomar os conteúdos
trabalhad os.
Expandindo o conteúdo
■■ Essa subseção traz questionamentos que complementam e extrapolam os
conteúdos do capítulo. Geralmente são apresentados diferentes gêneros tex
tuais acompanhados de questões de compreensão, interpretação, análise e
levantamento de hipóteses. Os níveis de dificuldade dos questionamentos
aum entam gradativamente: para os estudantes do 6 o ano, há maior ocorrência
de questões de interpretação; já para os estudantes do 9 o ano, maior ocor
rência de questões de levantamento de hipóteses.
Passado e presente
■■ Propicia momentos de ligações temáticas entre os aconteciment os do passa
do e o tempo presente. A realização dessas atividad es estimula, nos alunos,
a percepção das permanências e das transformações no processo histórico.
No Brasil
■■ Com o objetivo principal de relacionar os conteúdos trabalhados com a hist ória
e a realidade brasileiras, essa subseção proporciona aos alunos uma melhor
percepção de que aquilo que aconteceu ou acontece no mundo está direta ou
indiretamente relacionado com o Brasil, e vice-versa.
Trabalho em grupo
■■ Com o objetivo de promover a interação entre os alunos, essa subseção ge
ralmente propõe temas a ser pesquisados em grupo. Cabe ao professor auxi
liar os alunos nas diferentes etapas que compõem um trabalho de pesquisa,
desde a seleção do material de consulta até a elaboração de um texto, indi
vidual ou coletivo, com os resultados da pesquisa. Em muitos casos, com o
intuito de proporcionar momentos de criatividade, a última etapa do trabalho
7
em grupo é a confecção de painel com cartazes e a socialização desses car-
tazes entre os alunos. Verificar se os alunos têm uma postura colaborativa ao
trabalhar em equipe é um dos pontos essenciais da avaliação do professor.
Discutindo a história
■■ Aparece geralmente ao final das Atividades. O principal objetiv o dessa sub-
seção é apresentar temas polêmicos e geradores de debates. Em muitos
casos, são apresentadas mais de uma opinião acerca de um mesmo tema, de
forma a possibilitar aos alunos uma maior percepção de que a Hist ória não é
feita de verdades absolutas e que um assunto, mesmo que aparentemente já
esteja esgotado, sempre pode ser reinterpretado. Além disso, os alunos são
convidados a expressar suas próprias opiniões.
8
Os conteúdos da coleção
1 Estudar História é... Estudar História é... Estudar História é... Estudar História é...
Capítulo
A Segunda
2 A origem
do ser humano
A formação da
Europa medieval
O Antigo Regime Revolução Industrial
Orientações gerais
e o imperialismo
Capítulo
3 Os povos da
Mesopotâmia
A época medieval
na Europa
O Iluminismo
Os primeiros tempos
da República no Brasil
Capítulo
A Primeira Guerra
4 A África Antiga:
os egípcios
A expansão do Islã A Revolução Americana Mundial e a Revolução
Socialista na Rússia
Capítulo
O mundo
5 A África Antiga:
os cuxitas
A América antes da A Revolução Francesa e
chegada dos europeus o Império Napoleônico
depois da
Primeira Guerra
Mundial
Capítulo
6 Os fenícios
Reinos e impérios
africanos
A Revolução Industrial
O fim da República
Velha e a Era Vargas
Capítulo
7 Os hebreus
A Europa moderna:
o Renascimento
As independências na
América espanhola
A Segunda Guerra
Mundial
Capítulo
8 Os persas
A Europa moderna: as
Grandes Navegações
A independência
do Brasil
O mundo durante a
Guerra Fria
Capítulo
O pós-guerra no Brasil:
10 Os antigos gregos
A colonização na
América espanhola
O apogeu do Império do
Brasil
democracia e
populismo
Capítulo
O fim da Monarquia e a
11 Os antigos romanos
A colonização na
América portuguesa
proclamação da
República
A ditadura militar no
Brasil
Capítulo
A expansão das
12 A cultura clássica fronteiras da Colônia
portuguesa
A África no século XIX
O mundo
contemporâneo
9
10
Mapa de conteúdos e recursos
Principais
Principais temas Procedimentos Atitudes Principais recursos
Conceitos e noções
■ ■ ■ ■ ■
Importância da História História Interagir com os colegas e com o professor Respeitar e valorizar as Pintura
■ ■ ■ ■
Tempo Tempo da natureza Observar, ler e descrever opiniões dos colegas e do Fotografia recente
Capítulo
■ ■ ■ ■
Linha do tempo Tempo cronológico Interpretar uma linha do tempo professor Castelo medieval
■ ■ ■ ■ ■
Conceitos importantes para Tempo histórico Interpretar fontes escritas e iconográficas Valorizar o trabalho do Jornal antigo
■ ■ ■
1 os estudos históricos Ritmos de tempo Exercitar a escrita historiador Fotografia antiga
■ ■ ■ ■ ■
Estudar Fontes históricas Sociedade Comparar imagens Valorizar os indígenas como Linha do tempo
■ ■ ■
Cultura Construir o conhecimento coletivamente sujeitos históricos Planta antiga da cidade
História é... ■ ■ ■
Respeitar e valorizar a cultura de Salvador
Trabalho Fazer uma autoavaliação
■ ■
Política indígena e outras culturas Tirinha
■ ■
■ Sensibilizar-se com a luta dos Diferentes gêneros
Economia
■ trabalhadores brasileiros por textuais
Fonte histórica
■
melhores condições de vida Litogravura
■ ■
Conscientizar-se da Fac-símile da
necessidade de preservação da Declaração de
natureza Independência dos
■
Agir de maneira colaborativa Estados Unidos da
com os colegas América
■ ■ ■ ■ ■
Conceito de Idade Média Medievalidade Interagir com os colegas e com o professor Respeitar e valorizar as Ilustração
■ ■ ■ ■
Períodos da Idade Média Obscurantismo Observar, ler e descrever opiniões dos colegas e do Alto-relevo
Capítulo
■ ■ ■ ■
A formação da Europa Mundo ocidental Interpretar uma linha do tempo professor Edifício construído pelos
■ ■ ■
medieval Estado Interpretar fontes escritas e iconográficas Respeitar os costumes étnicos bizantinos
■ ■ ■ ■
2 Visões historiográficas Escravidão Analisar mapas dos povos germânicos Fotografia recente
■ ■ ■ ■
A formação sobre a Idade Média Ruralização da Exercitar a escrita Respeitar e valorizar as Linha do tempo
■ ■ ■
da Europa Divisão do Império Romano economia Trabalhar em equipe manifestações artísticas dos Mosaico
■ ■ ■ ■
As invasões bárbaras Migração Construir o conhecimento coletivamente povos germânicos Mapa
medieval ■ ■ ■ ■ ■
Organização social dos Patriarcalismo Fazer uma autoavaliação Valorizar diferentes crenças Gravura antiga
■ ■
povos germânicos Animismo religiosas Seda bizantina
■ ■ ■ ■
Práticas religiosas Politeísmo Respeitar e valorizar as Iluminura
■ ■ ■
Reinos germânicos Cristianismo manifestações artísticas dos Infográfico
■ ■ ■
O Império Romano do Direito bizantinos Capacete germânico
■ ■ ■
Oriente Dogmatismo Agir de maneira colaborativa Diferentes gêneros
■ ■
Manifestações artísticas “Bárbaros” com os colegas textuais
■ ■
bizantinas Intercâmbio cultural Reconhecer a importância da
■
Cisma da Igreja preservação dos patrimônios
■
Elaboração do Corpo do históricos
Direito Civil
■
O legado bizantino
■
A cidade de Constantinopla
■
Relações comerciais
■ ■ ■ ■ ■
Formação do Império Império Interagir com os colegas e com o professor Respeitar e valorizar as Fotografia recente
■ ■ ■
Carolíngio Estado Observar, ler e descrever opiniões dos colegas e do Castelo medieval
Capítulo
■ ■ ■ ■
Organização política Cristianismo Analisar mapas professor Iluminura
■ ■ ■ ■ ■
Desenvolvimento do Feudalismo Interpretar fontes escritas e iconográficas Respeitar e valorizar as Mapa
■ ■ ■
3 feudalismo Imobilidade social Analisar gráfico manifestações artísticas da Gravura
■ ■ ■ ■
A época Sociedade feudal Catolicismo Exercitar a escrita medievalidade Infográfico
■ ■ ■ ■ ■
medieval na Economia feudal Militarização Analisar tabela Valorizar diferentes crenças Gráfico
■ ■ ■ ■
Os castelos medievais Cooperativismo Associar texto com imagem religiosas Ilustração
Europa ■ ■ ■ ■ ■
O poder da Igreja Católica Usura Comparar imagens Valorizar o modo de vida das Tabela
■ ■ ■ ■
Transformações na Europa Burgueses Perceber permanências medievais no modo de vida pessoas que moram na área Diferentes gêneros
■
feudal Racionalidade das sociedades atuais rural textuais
■ ■ ■ ■
Espiritualidade medieval Intercâmbio cultural Relacionar fatos históricos simultâneos Sensibilizar-se com as difíceis
■ ■
Cruzadas Fazer uma autoavaliação condições de vida da população
■
Desenvolvimento de europeia na época da Peste
cidades Negra
■ ■
Desenvolvimento comercial Respeitar os costumes dos
■
Peste Negra povos medievais
■
Primeiras universidades
■ ■ ■ ■ ■
Civilizações da península Politeísmo Interagir com os colegas e com o professor Respeitar e valorizar as Fotografia recente
■ ■ ■
Arábica Nomadismo Observar, ler e descrever opiniões dos colegas e do Edifício construído pelos
■ ■ ■
Capítulo
O início da pregação de Monoteísmo Interpretar uma linha do tempo professor muçulmanos
■ ■ ■ ■
Maomé Jihad Interpretar fontes escritas e iconográficas Respeitar e valorizar diferentes Ilustração
■ ■ ■ ■
4 Formação do mundo Etnia Analisar mapas crenças religiosas Linha do tempo
■ ■ ■ ■
islâmico Islamismo Exercitar a escrita Valorizar o modo de vida das Mapa
A expansão ■
Expansão dos domínios ■
Difusão cultural ■
Comparar números índicos, arábicos espanhóis e pessoas que moram no deserto ■
Astrolábio
do Islã ■ ■ ■
islâmicos Intercâmbio cultural italianos Respeitar a cultura islâmica Tabela
■ ■ ■
Conquista islâmica da Diferenciar o termo árabe do termo muçulmano Gravura
■ ■
península Ibérica Analisar texto da literatura árabe Diferentes gêneros
■ ■
Práticas religiosas Elaborar desenho com base em texto textuais
■ ■ ■
Aspectos culturais Fazer uma autoavaliação Pintura
■
islâmicos Mesquita islâmica
■
O legado técnico e cultural
islâmico
■ ■ ■ ■ ■
Diversidade étnica no Indígena Interagir com os colegas e com o professor Respeitar e valorizar as Fotografia recente
■ ■ ■
continente americano Etnia Observar, ler e descrever opiniões dos colegas e do Códice
■ ■ ■ ■
Capítulo
Civilizações americanas Civilização Interpretar uma linha do tempo professor Mapa
■ ■ ■ ■ ■
5 Organização política maia Mesoamérica Analisar mapas Valorizar diferentes crenças Gravura antiga
■ ■ ■ ■
A América Aspectos culturais maias Pré-colombiano Interpretar fontes escritas e iconográficas religiosas Gravura recente
■ ■ ■ ■ ■
antes da Organizações política e Cidade-estado Exercitar a escrita Valorizar o modo de vida das Linha do tempo
■ ■ ■
chegada militar asteca Trabalho Associar texto com imagem pessoas que viviam na América Pintura
■ ■ ■ ■
dos Aspectos culturais astecas Politeísmo Relacionar fatos históricos simultâneos antes da chegada dos europeus Ilustração
■ ■ ■ ■
Relações comerciais Sacrifício ritual Analisar códices pré-colombianos no continente Infográfico
europeus astecas ■
Militarização ■
Trabalhar em equipe ■
Respeitar e valorizar as ■
Bandeira
■ ■ ■ ■
Organização política inca Império Realizar uma pesquisa manifestações culturais pré- Diferentes gêneros
■ ■ ■
Sociedade inca Sociedade Construir o conhecimento coletivamente -colombianas textuais
■ ■ ■ ■
Aspectos culturais incas Patrimônio histórico Reconhecer-se como sujeito histórico Ruínas
11
Orientações gerais Orientações para o professor
12
Principais
Principais temas Procedimentos Atitudes Principais recursos
Conceitos e noções
■ ■ ■ ■ ■
Aspectos culturais dos Sistema de numeração Fazer uma autoavaliação Sensibilizar-se com a luta dos Mural maia
■ indígenas da América para ■
primeiros habitantes do Hieróglifos Pirâmide maia
■ manter viva sua cultura ■
Brasil Diversidade cultural Sistema numérico
■ ■
Povos indígenas no Brasil Respeitar os costumes étnicos
atual dos povos pré-colombianos
■
Reconhecer a importância da
preservação dos patrimônios
históricos
■ ■ ■ ■ ■
Diversidade étnica no Diversidade étnica Interagir com os colegas e com o professor Respeitar e valorizar as Fotografia recente
continente africano ■ ■ ■
Cultura tradicional Observar, ler e descrever opiniões dos colegas e do Escultura
■ ■ ■ ■
Capítulo
Formação de reinos e Civilização Interpretar uma linha do tempo professor Mapa
impérios africanos ■ ■ ■ ■
Império Analisar mapas Valorizar diferentes crenças Linha do tempo
■
Organizações políticas e ■ ■ ■
Reino Interpretar fontes escritas e iconográficas religiosas Alcorão
sociais africanas
6
Reinos e ■
Práticas religiosas
■
Islamismo ■
Exercitar a escrita ■
Reconhecer a importância da ■
Mesquita islâmica
■ ■ ■
■
Escravidão Relacionar fatos históricos simultâneos preservação dos patrimônios Diferentes gêneros
impérios Sociedade de Gana ■ ■
■
Difusão do islamismo no Tradição oral Trabalhar em equipe históricos textuais
africanos ■ ■ ■ ■
continente africano Sociedade Realizar uma pesquisa Agir de maneira colaborativa Gravura antiga
■ ■ ■
■ Cristianismo Construir o conhecimento coletivamente com os colegas Ilustração
Escravidão islâmica
■ ■ ■ ■
■ Patrimônio histórico Fazer uma autoavaliação Respeitar e valorizar as Placa de bronze
Sociedade de Mali
■ ■ ■
Aspectos culturais songais Intercâmbio cultural manifestações culturais Objetos feitos com metal
■ africanas
Organização política dos
■
reinos iorubás Respeitar os costumes étnicos
■
Aspectos culturais iorubás dos povos africanos
■ ■
Sociedade iorubá Reconhecer a importância do
■
Organização política do trabalho do arqueólogo
Reino do Congo ■
Valorizar a história narrada por
■
Difusão do cristianismo no meio da tradição oral
Reino do Congo
■
A metalurgia nas
sociedades africanas
■ ■ ■ ■ ■
Conceito de Renascimento Renascimento Interagir com os colegas e com o professor Respeitar e valorizar as Pintura
■ ■ ■ ■
Períodos do Renascimento Humanismo Observar, ler e descrever opiniões dos colegas e do Gravura antiga
Capítulo
italiano ■ ■ ■
Racionalidade Interpretar uma linha do tempo professor Linha do tempo
■
O mecenato ■ ■ ■ ■
Antropocentrismo Interpretar fontes escritas e iconográficas Reconhecer a importância da Afresco
■
Desenvolvimento do ■ ■ ■
7 Cultura clássica Exercitar a escrita preservação dos patrimônios Desenho de Leonardo da
humanismo ■
Heliocentrismo ■
Comparar imagens históricos Vinci
A Europa ■
Aspectos do Renascimento ■
Ciência ■
Analisar quadro Mona Lisa ■
Valorizar as expressões ■
Tela de Leonardo da Vinci
moderna: o científico ■ ■ ■
■
Aspectos artísticos do Mecenato Analisar trecho de Os Lusíadas artísticas europeias Tela de Von Martius
Renascimento ■ ■ ■
Renascimento Geocentrismo Perceber construção do conhecimento histórico Ilustração antiga
■ ■
■ Fazer uma autoavaliação Escultura
Leonardo da Vinci
■
■ Iluminura
Cotidiano das cidades
■
italianas renascentistas Capa do livro Os
■ Lusíadas
Aspectos do Renascimento
■
em outras regiões da Europa Ilustração
■
Diferentes gêneros textuais
■ ■ ■ ■ ■
Conceito de Grandes Grandes Navegações Interagir com os colegas e com o professor Respeitar e valorizar as Diferentes gêneros
■ ■
Navegações Estado moderno Observar, ler e descrever opiniões dos colegas e do textuais
Capítulo
■ ■ ■ ■
Formação dos Estados Centralização do poder Interpretar fontes escritas e iconográficas professor Ilustração antiga
■ ■ ■ ■
modernos Tratado diplomático Exercitar a escrita Agir de maneira colaborativa Mapa
■ ■ ■ ■
8 As rotas das navegações Descobrimento Analisar mapas com os colegas Gravura
■ ■ ■ ■
A Europa As cobiçadas especiarias Reconhecer-se como sujeito histórico Sensibilizar-se com dificuldades Pintura
■ ■ ■
moderna: as A tomada de Construir o conhecimento coletivamente enfrentadas pela tripulação de Bússola
■ ■
Constantinopla Fazer uma autoavaliação uma caravela na época das Fotografia recente
Grandes ■ ■
O caminho marítimo para Grandes Navegações Iluminura
Navegações as Índias ■
Respeitar a mentalidade ■
Fotografia aérea
■ ■
O Tratado de Tordesilhas europeia na época das Grandes Infográfico
■ ■
Chegada dos europeus à Navegações Mapa-múndi antigo
■
América Painel
■
Discussão historiográfica
sobre o “descobrimento”
do Brasil
■
O cotidiano em alto-mar
■ ■ ■ ■ ■
Contexto histórico europeu Humanismo Interagir com os colegas e com o professor Respeitar e valorizar as Diferentes gêneros
■ ■ ■
Desenvolvimento do Heresia Observar, ler e descrever opiniões dos colegas e do textuais
Capítulo
■ ■ ■
movimento reformista Reforma Interpretar fontes escritas e iconográficas professor Gravura
■ ■ ■ ■ ■
Aspectos da Indulgência Comparar imagens Valorizar diferentes crenças Pintura
■ ■ ■
9 Contrarreforma Inquisição Exercitar a escrita religiosas Fotografia recente
■ ■ ■ ■ ■
A Europa A Inquisição Estado Relacionar fatos históricos simultâneos Valorizar as expressões Linha do tempo
■ ■ ■ ■
moderna: O mercantilismo Absolutismo Interpretar uma linha do tempo artísticas europeias Texto com trechos das
■ ■ ■ ■
A prensa de Gutenberg Mercantilismo Analisar teses de Martinho Lutero Respeitar o modo de vida dos teses apresentadas por
reformas ■ ■ ■
Formação dos Estados Soberania Nacional Inter-relacionar fatos religiosos e políticos europeus que viveram durante Lutero
religiosas e absolutistas ■
Burguesia ■
Analisar mapas os séculos XVI e XVII ■
Mapa
Absolutismo ■ ■ ■ ■ ■
Absolutismo francês Contrarreforma Fazer uma autoavaliação Apresentar posicionamento Infográfico
■
Bruxaria crítico
■ ■ ■ ■ ■
Encontro entre europeus e Choque cultural Interagir com os colegas e com o professor Respeitar e valorizar as Fotografia recente
■ ■ ■
indígenas da América Indígena Observar, ler e descrever opiniões dos colegas e do Gráfico
Capítulo
■ ■ ■ ■
Conquista da América Sociedade Interpretar fontes escritas e iconográficas professor Códice
■ ■ ■ ■
pelos europeus Colonização Analisar códices Valorizar diferentes crenças Linha do tempo
■ ■ ■ ■
10 Genocídio americano Genocídio Exercitar a escrita religiosas Diferentes gêneros
■ ■ ■ ■
A Conquista do Império Império Relacionar fatos históricos simultâneos Valorizar os indígenas como textuais
■ ■ ■
colonização Asteca Politeísmo Interpretar uma linha do tempo sujeitos históricos Escultura
■ ■ ■ ■ ■
Motivos que explicam a Estado Analisar mapas Respeitar e valorizar a cultura Ilustração
na América ■ ■ ■
vitória dos europeus nas Trabalho Analisar gráficos indígena e outras culturas Mapa
espanhola guerras de conquista ■
Demarcação de terras ■
Fazer uma autoavaliação ■
Sensibilizar-se com as ■
Infográfico
■ ■ ■
Conquista do Império Inca Patrimônio histórico dificuldades enfrentadas pela Pintura mural
■ ■ ■
Aspectos da administração Intercâmbio cultural população indígena da América Tela de Benedito Calixto
■ ■
espanhola nas colônias Respeitar os costumes étnicos Ruínas
■
Organização econômica dos povos americanos
■ ■
Sociedade colonial Reconhecer a importância da
■
A mineração em Potosí preservação dos patrimônios
históricos
13
Orientações gerais Orientações para o professor
14
Principais
Principais temas Procedimentos Atitudes Principais recursos
Conceitos e noções
■ ■
Aspectos da colonização Sensibilizar-se com a luta dos
inglesa na América indígenas da América para
■
Aspectos da colonização manter viva sua cultura
francesa na América
■
Indígenas na América
Latina atual
■ ■ ■ ■ ■
Encontro entre portugueses Choque cultural Interagir com os colegas e com o professor Respeitar e valorizar as opiniões Mapa histórico
■ ■ ■
e indígenas Indígena Observar, ler e descrever dos colegas e do professor Pintura
Capítulo
■ ■ ■ ■ ■
Aspectos culturais Colonização Interpretar fontes escritas e iconográficas Valorizar diferentes crenças Fotografia recente
■ ■ ■
indígenas Estado Interpretar texto de Pero Vaz de Caminha religiosas Carta de Pero Vaz de
■ ■ ■ ■
11 Primeiras formas de Trabalho Exercitar a escrita Valorizar os indígenas como Caminha
■ ■ ■
A exploração Escravidão Interpretar uma linha do tempo sujeitos históricos Linha do tempo
■ ■ ■ ■ ■
colonização Aspectos da colonização Catequização Analisar texto sobre escambo de Jean de Léry Respeitar e valorizar a cultura Diferentes gêneros
■ ■
portuguesa da América Resistência Associar imagem e texto indígena e outras culturas textuais
na América ■ ■ ■ ■ ■
A mão de obra africana Patrimônio histórico Analisar mapas Sensibilizar-se com as Ilustração
portuguesa ■
Relações comerciais ■
Intercâmbio cultural ■
Analisar diferentes perspectivas historiográficas dificuldades enfrentadas pela ■
Trecho de texto de Jean
■ ■
Funcionamento de um Construir o conhecimento coletivamente população indígena da América de Léry
■ ■ ■
engenho de açúcar Fazer uma autoavaliação Reconhecer a importância da Gravura
■ ■
Etapas da produção do preservação dos patrimônios Mapa
■
açúcar históricos Infográfico
■ ■ ■
Presença holandesa na Sensibilizar-se com as Trecho de texto de
Colônia portuguesa dificuldades enfrentadas pelos Baquaqua
■
Formas de resistência africanos para resistirem à
africana à dominação dominação portuguesa
■
portuguesa Respeitar e valorizar a cultura
africana
■
Valorizar os africanos como
sujeitos históricos
■
Sensibilizar-se com as lutas dos
afro-brasileiros por melhores
condições de vida
■ ■ ■ ■ ■
Contexto político e Fronteira Interagir com os colegas e com o professor Respeitar e valorizar as Pintura
■ ■ ■
econômico português no Bandeira Observar, ler e descrever opiniões dos colegas e do Fotografia recente
Capítulo
■ ■ ■
final do século XVII Economia Interpretar fontes escritas e iconográficas professor Linha do tempo
■ ■ ■ ■ ■
Administração portuguesa Trabalho Exercitar a escrita Sensibilizar-se com a luta dos Gravura
■ ■ ■
12 na América Escravidão Interpretar uma linha do tempo conjurados baianos e mineiros Documento oficial
■ ■ ■ ■ ■
A expansão Conflito entre holandeses, Política Analisar documento oficial das Casas de Fundição Agir de maneira colaborativa Barra de ouro “quintada”
■ ■
das portugueses e brasileiros Cultura de Minas Gerais com os colegas Infográfico
■ ■ ■ ■ ■
Bandeirantismo Iluminismo Analisar barra de ouro “quintada” Reconhecer a importância da Mapa
fronteiras ■ ■ ■ ■
Aspectos da mineração no República Interpretar página de condenação dos conjurados preservação dos patrimônios Esculturas de Aleijadinho
da Colônia Brasil ■
Absolutismo mineiros históricos ■
Bandeira
portuguesa ■ ■ ■ ■
Relações comerciais Conjuração Analisar mapas Diferentes gêneros
■ ■
internas Tributação Analisar gráficos textuais
■ ■ ■ ■ ■
Consequências da Resistência Associar texto e imagem Valorizar o modo de vida das Ilustração
■ ■ ■
mineração Patrimônio histórico Analisar diferentes perspectivas historiográficas pessoas que viviam no Brasil Gráfico
■ ■ ■ ■
Aspectos artísticos União Ibérica Trabalhar em equipe nos séculos XVII e XVIII Litogravura
■ ■ ■ ■
brasileiros Bandeirantismo Realizar uma pesquisa Respeitar e valorizar a cultura Tela de Johann
■ ■ ■
Novas ideias e revoluções Arte barroca Construir o conhecimento coletivamente indígena Steinmann
■ ■
pelo mundo Fazer uma autoavaliação Valorizar os indígenas como
■
Conjuração Mineira sujeitos históricos
■ ■
Conjuração Baiana Valorizar a participação dos
africanos na construção da
história do Brasil
■
Sensibilizar-se com as
dificuldades enfrentadas pelos
africanos no Brasil
■
Valorizar os africanos como
sujeitos históricos
■
Respeitar e valorizar as
manifestações artísticas
brasileiras
15
Orientações gerais Orientações para o professor
Orientações didáticas e metodológicas
16
No período de elaboração da nova Constituição brasileira, em defesa de in-
Orientações gerais
em 1997, foi resultado das lutas e dos debates travados por profissionais de
diversas áreas ligados à educação. A partir de então, novas concepções educacio
nais foram instituídas, como o trabalho com temas transversais e com a interdis
ciplinaridade, e novos objetivos foram estabelecidos para a educação em geral
e para o ensino de História em particular.
A interdisciplinaridade
A interdisciplinaridade se constitui com base na interação entre diferentes
discip linas e áreas do conhecimento, como História, Filosofia, Psicologia, Artes,
Ling uística, Crítica Literária, Economia, Sociologia, Geografia etc. A contribuição
que uma disciplina pode dar à outra amplia consideravelmente o campo de
análise e interpretação dos conteúdos escolares. Por isso, é importante, sempre
que poss ível, que professores de diferentes disciplinas troquem experiências e
busquem fortalecer os laços entre as áreas do saber.
17
Além disso, as novas propostas curriculares estabelecem um objetivo primor
dial para o ensino de História.
[...] Para a maioria das propostas curriculares, o ensino de História visa con
tribuir para a formação de um “cidadão crítico”, para que o aluno adquira uma
postura crítica em relação à sociedade em que vive. As introduções dos textos
oficiais reiteram, com insistência, que o ensino de História, ao estudar as sociedades
passadas, tem como objetivo básico fazer o aluno compreender o tempo presente
e perceber-se como agente social capaz de transformar a realidade, contribuindo
para a construção de uma sociedade democrática. [...]
BITTENCOURT, Circe. Capitalismo e cidadania nas atuais propostas curriculares de História. In: BITTENCOURT, Circe
(Org.). O saber histórico na sala de aula. 6. ed. São Paulo: Contexto, 2002. p. 19. (Repensando o Ensino).
A proposta de ensino
Para atingir esse objetivo, procuramos fazer uma seleção de conteúdos histó
ricos relevantes, compostos de textos acessíveis para os alunos e com a presen
ça de um grande número de fontes históricas, principalmente imagéticas. Para
que esses conteúdos sejam significativos para os alunos, no entanto, é necessá
rio que o professor assuma o papel de mediador. Nesse sentido, consideramos
um importante referencial a proposta sociointeracionista, desenvolvida com
bas e nos estudos do psicólogo russo Lev Vygotsky (1896-1934).
De acordo com essa proposta, o conhecimento é construído socialmente e, por
isso, o desenvolvimento intelectual ocorre na interação do indivíduo com o meio
social. Na condição de sujeito no aprendizado, o indivíduo não tem acesso direto
ao conhecimento, mas sim um acesso mediado, seja explicitamente ou não, pe-
las pessoas com as quais ele convive e pelos sistemas simbólicos de que dispõe,
principalmente a linguagem. Por isso, o desenvolvimento intelectual consiste na
interação do indivíduo com o meio social, mediada por várias relações.
18
O papel de mediador do professor é fundamental para o desenvolvimento
[...] O ensino, para Vygotsky, deve se antecipar ao que o aluno ainda não sabe
nem é capaz de aprender sozinho, porque, na relação entre aprendizado e desen
volvimento, o primeiro vem antes. É a isso que se refere um de seus principais
conceitos, o de zona de desenvolvimento proximal, que seria a distância entre o
desenvolvimento real de uma criança e aquilo que ela tem o potencial de aprender
— potencial que é demonstrado pela capacidade de desenvolver uma competência
com a ajuda de um adulto. Em outras palavras, a zona de desenvolvimento proximal
Orientações gerais
é o caminho entre o que a criança consegue fazer sozinha e o que ela está perto de
conseguir fazer sozinha. Saber identificar essas duas capacidades e trabalhar o per
curso de cada aluno entre ambas são as duas principais habilidades que um profes
sor precisa ter, segundo Vygotsky. [...]
NOGUEIRA, Nilcéia (Dir.). Nova Escola: Grandes Pensadores. São Paulo: Abril, n. 178, dez. 2004. Edição especial. p. 60.
Concepção de história
Outro aspecto importante a ser discutido é a concepção de história que ser-
viu de referencial para a elaboração desta coleção. Diante dos objetivos a serem
ating idos, consideramos mais apropriados os referenciais teóricos presentes na
corrente historiográfica denominada história nova. Essa corrente originou-se no
final da década de 1920, a partir da chamada Escola dos Annales, fundada
pelos historiadores franceses Lucien Febvre e Marc Bloch. Esse movimento
historiográfic o se desenvolveu como uma crítica à chamada história tradicional,
praticada pelos historiadores metódicos, considerados positivistas.
Febvre e Bloch acreditavam que os campos de análise historiográfica, assim
com o o leque de fontes e sujeitos históricos deveriam ser ampliados. A consti-
tuição de uma “história total”, como defendiam, passava por uma necessária
renovação metodológica, pela ampliação do campo documental e pela aliança
com outras disc iplinas. O resultado dessa renovação seria, nas palavras de
Jacques Le Goff, a instituição de uma “história nova”.
19
Ao longo da segunda metade do século XX, a história nova afirmou-se como
uma corrente historiográfica aberta às influências e contribuições de diversas
disciplin as, como a Geografia, a Demografia, a Sociologia, a Psicologia, a An-
tropologia. Além disso, seus historiadores não acreditam na possibilidade de se
chegar a uma “verdade” histórica e defendem uma abordagem que reconheça
o papel do tempo presente na formulação das questões que fazem ao passado.
De acordo com a história nova, os documentos não falam por si, o historiador
é quem os faz falar, é ele quem constrói a narrativa histórica com base em uma
vasta gama de fontes.
Assim, adotamos alguns pressupostos teóricos da história nova por considerá
-los pertinentes à nossa ideia de conhecimento histórico em permanente cons
trução, aberto à multiplicidade de fontes e análises e favorável ao diálogo inter
disciplinar. As abordagens sugeridas pela história nova são essenciais para a
inc lusão de temas antes pouco valorizados, como a história do cotidiano, das
class es oprimidas e da cultura de um povo. Além disso, abrem espaço para que
se destaquem sujeitos históricos que geralmente estão ausentes no discurso
tradic ional, e também para ressaltar as lutas e contestações à ordem vigente,
movid as tanto por indivíduos quanto por grupos sociais.
Buscando atingir os objetivos estabelecidos pelas novas propostas curricula-
res que norteiam o ensino de História, principalmente os PCN, procuramos fazer
uma seleção de conteúdos e uma abordagem que propiciem que os alunos
identifiquem as suas vivências pessoais com a de outros sujeitos históricos do
pass ado, estimulando não apenas o seu aprendizado, mas também promoven-
do a conscientização e a instrumentalização necessárias para o sentido funda-
mental de sua participação ativa no processo histórico.
As fontes históricas
No século XVIII, estudiosos franceses inseridos na tradição iluminista desenvol
veram um método erudito de crítica das fontes. Esse método consistia na crítica
interna e externa dos documentos, de modo a comprovar, sob rígidos parâme-
tros cientificistas, a sua autenticidade, como a comparação entre os docum entos
por meio de seu estudo filológico. No século XIX, institucionalizada na Alemanha,
a história se tornou uma disciplina acadêmica, e os historiadores recorrer am ao
método erudito dos franceses para o desenvolvimento de sua crítica histórica,
privilegiando os documentos escritos e de cunho oficial, principalmente os
documentos diplomáticos, o que gerou uma produção historiográfica centrad a
na história política. Na passagem do século XIX para o século XX, alguns so
ciólogos já criticavam a pretensa objetividade do método histórico.
No final dos anos 1920, a contestação a essa rigidez documental partiu dos
hist oriadores franceses ligados à Escola dos Annales , responsáveis pela amplia-
ção do campo documental à disposição dos historiadores. A ampliação das
fontes, o desenvolvimento de novos temas e novas abordagens têm, lentamen-
te, chegado às escolas brasileiras.
20
dos das mentalidades e representações estão sendo incorporados; pessoas comuns
Orientações gerais
Novos temas nas aulas de história. São Paulo: Contexto, 2009. p. 7.
[...] A iconografia é, certamente, uma fonte histórica das mais ricas, que traz
embutidas as escolhas do produtor e todo o contexto no qual foi concebida, idea
lizada, forjada ou inventada. Nesse aspecto, ela é uma fonte como qualquer outra
e, assim como as demais, tem que ser explorada com muito cuidado. Não são raros
os casos em que elas passam a ser tomadas como verdade, porque estariam retra
tando fielmente uma época, um evento, um determinado costume ou uma certa
paisagem. Ora, os historiadores e os professores de História não devem, jamais, se
deixar prender por essas armadilhas metodológicas. [...]
A imagem, bela, simulacro da realidade, não é realidade histórica em si, mas traz
porções dela, traços, aspectos, símbolos, representações, [...] induções, códigos,
cores e formas nelas cultivadas. Cabe a nós decodificar os ícones, torná-los inteli
gíveis o mais que pudermos, identificar seus filtros e, enfim, tomá-los como teste
munhos que subsidiam a nossa versão do passado e do presente, ela também, ple
na de filtros contemporâneos, de vazios e de intencionalidades. Mas a História é
isto! É construção que não cessa, é a perpétua gestação, como já se disse, sempre
ocorrendo do presente para o passado. É o que garante a nossa desconfiança salu
tar em relação ao que se apresenta como definitivo e completo, pois sabemos que
isso não existe na História, posto que inexiste na vida dos homens, que são seus
construtores. [...]
PAIVA, Eduardo França. História & Imagens. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. p. 17-9. (História &... Reflexões).
21
Fontes arqueológicas, audiovisuais e relatos orais são outros tipos de fontes
importantes para o historiador. As fontes arqueológicas, também chamadas de
“cultura material”, são os únicos recursos disponíveis para o estudo das socie
dades ágrafas e das chamadas “pré-históricas”. Mesmo para a compreensão
de sociedades com escrita, a arqueologia colabora fornecendo elementos que
ger almente não figuram nos documentos escritos, como aspectos do cotidiano
obs erváveis em objetos domésticos, entre outros.
Política
Política é um termo polissêmico, ou seja, pode ser usado em vários sentidos.
O uso do termo teve origem nas cidades-estado da Grécia Antiga, com a pala-
vra grega politika derivando de polis , como explica o historiador Moses Finley:
22
[...] Não deixa de ser verdadeira [...] a afirmativa de que, efetivamente, os gregos
Orientações gerais
clamado pelos escritores gregos. [...] A isso se chama política. [...]
FINLEY, Moses I. (Org.). O legado da Grécia: uma nova avaliação. Trad. Yvette Vieira Pinto de Almeida. Brasília: Editora da
Universidade de Brasília, 1998. p. 32; 34.
23
líticas podem ter lugar. Essa ampliação dos espaços reivindicativos na sociedade
civil pode ser entendida de duas formas: por um lado, indica um avanço da politi
zação de amplos setores sociais; por outro, é um sintoma da descentralização das
ambições políticas, que se tornaram cada vez mais pulverizadas. [...]
SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2006. p. 337.
O trabalho
De modo geral, o trabalho é todo ato de transformação feito pelo ser humano.
O trabalho, ao longo do tempo, adquiriu diversas formas, organizaç ões e valores.
Nas sociedades ditas “tribais”, ou seja, aquelas formadas por caç adores e co-
letores, somadas às que praticavam a pecuária e a agricultura prim itivas, o
trabalho não era uma atividade separada de outros afazeres cotidianos. Ao
contrário, nas sociedades “tribais” o trabalho se misturava às esferas religios as,
ritualísticas, míticas, era dividido sexualmente e estava ligado às relações de
parentesco. Nessas sociedades, o trabalho não visava à acumulação de exceden
tes, mas ao suprimento das necessidades da comunidade.
24
trab alho que se conhece na história. O desenvolvimento da maquinofatura, da
Orientações gerais
aula em torno do trabalho é sua multiplicidade histórica: primeiro, trabalho não é
emprego. Não é porque alguém — como uma dona de casa, por exemplo — não
tem um emprego que ela não trabalha. Segundo, o trabalho é mutável, na forma
como as pessoas o veem ao longo do tempo. Assim, não apenas entendemos o
objetivo do trabalho de forma diferente de um japonês, como também definimos
trabalho de forma diferente de um grego do tempo de Péricles. O risco de anacro
nismo na análise histórica de trabalho é grande. Precisamos estar atentos a essas
questões em sala de aula e acabar de vez, por exemplo, com a visão de que os índios
eram preguiçosos, não gostavam de trabalhar e, logo, não serviam para a escravi
dão. Além disso, importante contribuição para a cidadania brasileira é a valorização
do trabalho doméstico, do trabalho feminino e o reconhecimento de que a maioria
das mulheres realiza uma jornada dupla de trabalho. Enquanto o trabalho domés
tico não for considerado trabalho no Brasil, a maioria das mulheres brasileiras,
principalmente as de baixa renda, continuará a trabalhar duplamente sem reconhe
cimento profissional ou social. [...]
SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2006. p. 403-4.
Sociedade
Sociedade é o conjunto de pessoas que convivem em um determinado espa-
ço, que seguem as mesmas regras e que compartilham valores, costumes,
língua etc. Um dos principais elementos comuns a todas as sociedades hierar-
quizadas é a existência de conflitos sociais. Os conflitos sociais expressam as
contradições em nível econômico e político. Eles evidenciam as tensões e dis-
putas, por exemp lo, entre diversos grupos ou classes, ou entre setores da so-
ciedade civil organiz ada contra medidas públicas que os prejudicam.
[...] Quem de nós já não vivenciou, como participante ativo ou como simples
espectador de TV, cenas de manifestações de grupos, ou mesmo de multidões, em
defesa, por exemplo, do ensino público e gratuito ou contra a poluição do meio
ambiente? Quem não leu nos jornais notícias sobre greves de trabalhadores da
indústria da construção civil ou da indústria automobilística, para forçar patrões a
atender a suas reivindicações salariais? E quem já não viu nessas cenas a presença
de policiais golpeando com seus cassetetes braços, pernas e cabeças de manifestan
tes, em nome da ordem pública e da segurança? Com certeza todos já viram, porque
são incontáveis os casos de manifestações e movimentos sociais [...].
[...] O que primeiro nos chama a atenção é o iminente confronto com a polícia
— cena bastante comum em movimentos desse tipo. Mas devemos observar que
nem todo movimento social tem como um dos seus desdobramentos o enfrenta
25
mento com a polícia. Como também não é verdade que todo enfrentamento com
a polícia significa um movimento social. Entretanto, a situação descrita evidencia um
conflito. E o conflito é um elemento constitutivo de todo movimento social. [...]
TOMAZI, Nelson Dacio (Coord.). Iniciação à sociologia. São Paulo: Atual, 2000. p. 224.
Cultura
A cultura é criada e transmitida na interação social, e é apreendida em nossas
relações grupais, em que adquirimos identidades particulares que nos distinguem
de outros grupos e de outras culturas. Por meio da interação, apropriamo-nos
de certas “verdades” socialmente aceitas que se integram ao nosso código
cultural, e esse mesmo processo ocorre no sentido inverso, ao apreendermos
culturalmente o que deve ser negado, odiado ou desprezado. Dito de outra
forma, a cultura sintetiza nossa forma de valoração do mundo, um conjunto de
valores que nos são transmitidos pela família, escola, universidade, círculo de
amizades, trabalho, meios de com unicação etc.
[...] Cultura é uma perspectiva do mundo que as pessoas passam a ter em comum
quando interagem. É aquilo sobre o que as pessoas acabam por concordar, seu
consenso, sua realidade em comum, suas ideias compartilhadas. O Brasil é uma
sociedade cujo povo tem em comum uma cultura. E no Brasil, cada comunidade,
cada organização formal, cada grupo [...] possui sua própria cultura (ou o que al
guns cientistas sociais denominam uma subcultura, pois se trata de uma cultura
dentro de outra cultura). Enquanto a estrutura ressalta as diferenças (as pessoas
relacionam-se entre si em termos de suas posições diferentes), a cultura salienta as
semelhanças (de que modo concordamos).
Fazer parte da “cultura jovem” no Brasil, por exemplo, é ter em comum com
várias pessoas certas ideias sobre verdade, política, autoridade, felicidade, liberdade
e música. Nas ruas, na palavra escrita e falada, nas universidades, em shows e filmes,
desenvolve-se uma perspectiva à medida que as pessoas compartilham experiên
cias e se tornam cada vez mais semelhantes umas às outras, por um lado, enquan
to se diferenciam crescentemente das que se encontram fora de sua interação.
Desenvolve-se uma linguagem comum entre os que compartilham a cultura, con
solidando a solidariedade e excluindo os de fora. [...]
Cultura é o que as pessoas acabam por pensar em comum — suas ideias sobre o
que é verdadeiro, correto e importante. Essas ideias nos guiam, determinam mui
tas de nossas escolhas, têm consequências além de nosso pensamento. Nossa cul
tura, compartilhada na interação, constitui nossa perspectiva consensual sobre o
mundo e dirige nossos atos nesse mundo.
CHARON, Joel M. Sociologia. Trad. Laura Teixeira Motta. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 103-4.
26
A construção da cidadania
Orientações gerais
dania, os PCN apontam para a necessidade de democratização dos direitos
sociais, culturais e políticos. Assim, o objetivo é a formação de cidadãos críticos
e cientes de que possuem identidades próprias.
27
ria e cultura indígenas nos ensinos fundamental e médio, vemos a expansão dos
direitos de grupos tradicionalmente marginalizados e que agora devem ter sua
cultura e sua contribuição para a construção do Brasil reconhecidas, ao mesmo
tempo em que as especificidades desses grupos devem ser valorizadas como
resp onsáveis por contribuições originais na formação da sociedade brasileira.
Esse direito à diferença, que ganhou força com o multiculturalismo, não deve
ser confundido com aquiescência às desigualdades, sendo justamente neste
ponto que essas alterações no currículo escolar tradicional devem intervir.
28
Um exemplo característico das conquistas femininas desse período foi a libe
Orientações gerais
salários mais baixos que os dos homens, mesmo exercendo funções idênticas.
Consideramos que o mais importante é a criação de um espaço comum entre
homens e mulheres, em que a diferença de identidades não seja motivo para a
diferença de direitos, e a sala de aula é um local privilegiado para isso.
A inclusão na escola
Os direitos das pessoas portadoras de necessidades especiais (também cha
madas de portadoras de deficiência) foram estabelecidos na Convenção de
Guatemala, de 1998. O documento, promulgado pelo Brasil em 2001, estabe-
lece que as pessoas portadoras de necessidades especiais têm direitos idênti-
cos aos das demais. No caso das crianças em idade escolar, a própria Consti-
tuição da Rep ública proíbe que qualquer unidade escolar as exclua. Assim, é
nec essário que as escolas se adaptem às necessidades desses alunos, cujas
defic iências podem ser físicas, visuais, auditivas ou mentais.
A adaptação passa pela adoção de práticas criativas na sala de aula e mudan
ças no projeto pedagógico, mas existem orientações específicas para casos de
deficiência. As mudanças não são fáceis, e sua eficácia depende de vontade e
empenho por parte dos profissionais envolvidos. Além da necessidade de adap
tação da arquitetura da escola, os professores precisam buscar orientações
esp ecializadas, conversar com os pais dos alunos e, principalmente, dar atenção
especial a esses alunos. Quando os resultados começam a aparecer, não só o
aprendizado dos alunos portadores de necessidades especiais progride, mas
tod a a escola se torna mais cidadã.
29
Comparada), organizado pela OECD (do inglês, Organização para Cooperação
e Desenvolvimento Econômico), corroboram os exames nacionais. Realizad os
de três em três anos, esse exame internacional avaliou alunos na faixa dos 15
anos de idade nas escolas públicas e privadas de vários países, por meio de
análises comparativas de competência em leitura, Matemática e Ciências.
Segundo os resultados divulgados pelo PISA em 2009, os jovens bras ileiros
continuam com média inferior à de muitos país es, desde o primeiro exame rea-
lizado em 2000, ocupando o 53º lugar no ranking dos 65 países avaliados.
(Faça o download do relatório PISA 2009. Extraído do site : <www.oecd.org/do
cument/61/0,3746,en_32252351_32235731_46567613_1_1_1_1,00.html>.
Acesso em: 26 jan. 2012.)
30
No Nível Operacional encontram-se as ações coordenadas que pressupõem o
Orientações gerais
As especificidades da
leitura na disciplina de História
Atualmente, o fato de um aluno ser considerado alfabetizado, ou seja, capaz
de ler e escrever, não significa que ele possa utilizar esses recursos como uma
man eira de conhecer e de se expressar.
[...] Ser alfabetizado pode significar apenas que estes alunos leem mecanicamente o
que lhes cai pela frente: propagandas, anúncios, placas na rua, trechos do livro didático,
avisos, exercícios passados pelo professor etc. Ou seja, eles são “atingidos” pelas coisas
escritas, mas pouco interagem com elas. De todo modo, a maior parte dos indivíduos
hoje em dia sabe mais do mundo através especialmente da televisão e do rádio, frente
aos quais habituamo-nos a ter uma atitude passiva e receptiva acrítica. [...]
SEFFNER, Fernando. Leitura e escrita na história. In: NEVES, Iara Conceição Bitencourt e outros. Ler e escrever:
compromisso em todas as áreas. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2007. p. 111-2.
31
Símbolos utilizados na coleção
Em muitos textos citados ao longo dos quatro volumes desta coleção, o
leitor pod e se deparar com alguns símbolos, entre eles: c. = cerca de; [...]
= texto suprimido do original; [texto] = texto inserido no original.
Esses símbolos são utilizados para explicitar as intervenções que, por
necessidad e de concisão ou de clareza, foram feitas nos textos de outros
autores citados nesta coleção.
[...] “Escrever para aprender”, lembra Gisele de Carvalho, que assim recupera
algumas das grandes tarefas do educador: “Se [...] escrever significa registrar os
caminhos da reflexão, parece que nós, professores, independentemente da matéria
que ensinamos, temos uma tarefa em comum [...]: se todos nós, de uma forma ou
de outra, ensinamos a pensar, logo todos nós ensinamos a escrever...”.
Admiramos hoje a desenvoltura com que os jovens manejam seus computadores,
navegam nesses mares antes inimagináveis da Internet, criam seus blogs, repagi
nam-se permanentemente, enviam e recebem mensagens em tempo real (usando
uma língua um tanto estranha, é bem verdade!). Aparentemente nenhum mistério
os detêm, e eles nos dão demonstrações diárias de habilidade, curiosidade, criati
vidade. Nosso desafio, prepará-los nessa era planetária para a grande aventura do
conhecimento e da lucidez, talvez seja mais fácil de superar do que pensamos.
RIBEIRO, Marcus Venicio. Não basta ensinar História: para uma boa formação, os alunos precisam entender bem o que
leem e saber pensar e escrever. Nossa História. São Paulo: Vera Cruz, ano 1, n. 6. abr. 2004. p. 78.
A pesquisa escolar
Procedimentos básicos
O ato de realizar pesquisas é fundamental para a disciplina de História. Nes-
sa coleção, em vários momentos os alunos são convidados a realizar pesquisas,
tanto individuais como em grupos.
Para que a pesquisa escolar obtenha resultados satisfatórios, existem algumas
dicas que o professor pode fornecer aos alunos antes de sua realização. Veja.
■■ Definição do tema: além dos temas sugeridos na coleção, fica a critério do pro
fessor escolher novos temas, de acordo com as especificidades de cada turma.
■■ Após a definição do tema, estabelecer um roteiro para a pesquisa, que inclui:
os objetivos da pesquisa (no caso, pesquisa escolar); definição das fontes
que serão utilizadas (livros, jornais, revistas, internet, dicionários, enciclopé-
dias, fot ografias, documentários, filmes, CD-ROM etc.) e definição dos pra-
zos para a entrega da pesquisa. Para as pesquisas realizadas na internet,
leia para os alunos as seguintes dicas.
32
Na internet, você pode encontrar sites sobre os mais variados assuntos. Pode
Orientações gerais
que são mais confiáveis.
JUNQUEIRA, Sonia. Pesquisa escolar: passo a passo. Belo Horizonte: Formato Editorial, 1999. p. 23. (Dicas e informações).
33
A avaliação do ensino-aprendizagem
A utilidade da avaliação
Atualmente muito se discute sobre a utilidade da avaliação no processo de ensi
no-aprendizagem nas escolas. Seria a prática de avaliação um instrumento repres
sor e autoritário que formaliza o conhecimento do aluno ou a avaliação seria um
instrumento que contribui para seu crescimento intelectual e espírito crítico?
O método tradicional de avaliação atualmente tem sido alvo de várias críticas,
pois, durante muitos anos, as instituições escolares se responsabilizaram por
uma aprendizagem homogênea e linear, que não considera as dificuldades e
qualidad es de cada aluno no processo de aprendizagem. Neste sistema, a ava-
liação é uma forma de seleção e exclusão dos alunos, focada na quantidade de
saber acum ulado e nos princípios de eficiência e competitividade, como as
provas de vestibular, por exemplo. Assim, o pedagogo Jansen Felipe da Silva
afirm a que esse modelo “contribui eficientemente para a marginalização socio-
econômica e cultural de grande parcela da população brasileira, principalmente
a pertencente às classes mais carentes”.
Por outro lado, a proposta formativa reguladora de avaliação leva em consi
deração aspectos do cotidiano em sala de aula. A avaliação é tida como um
proc esso contínuo, diário e qualitativo que respeita o ritmo de cada estudante.
Ao contrário do modo tradicional de avaliação, a maneira como o sujeito apren-
de passa a ser mais importante do que aquilo que aprende.
Neste sentido, a prática pedagógica se torna reflexiva e transformadora, uma
vez que exige dos professores uma postura ativa sobre as dificuldades dos alunos.
Sendo a avaliação formativa reguladora constante, é necessário também diver
sificar os instrumentos de avaliação (provas dissertativas, objetivas, trabalhos
em grupo, debates etc.). Esses instrumentos, quando utilizados com coerência,
lev am em consideração não somente as capacidades cognitivas, mas também
as dimensões afetiva, social, cultural de cada aluno, aprofundando as relações
ent re aluno e professor em sala de aula. Na proposta formativa reguladora, es-
ses instrumentos de avaliação são usados para compreender as necessidades
de cad a aluno, a fim de melhorar suas qualidades, diagnosticar e intervir de
maneira pos itiva (e não simplesmente o classificar, selecionar e excluir).
34
A autoavaliação
Orientações gerais
provocando-o a refletir sobre o que está fazendo, retomar passo a passo seus pro
cessos, tomar consciência das estratégias de pensamento utilizadas. Mas não é ta
refa simples. Para tal, ele precisará ajustar suas perguntas e desafios às possibi
lidades de cada um, às etapas do processo em que se encontra, priorizando uns e
outros aspectos, decidindo sobre o que, como e quando falar, refletindo sobre o seu
papel frente à possível vulnerabilidade do aprendiz. Nesse sentido, o caráter intui
tivo e ético do educador faz-se fortemente presente, porque ele precisará promover
tal reflexão a partir do papel que lhe cumpre e da forma de relacionamento que
deseja estabelecer com seus alunos. [...]
HOFFMANN, Jussara. Avaliar para promover: as setas do caminho. Porto Alegre: Mediação, 2006. p. 54.
HOFFMANN, Jussara. Avaliar para promover: as setas do caminho. Porto Alegre: Mediação, 2006. p. 53.
35
■■ O que estou aprendendo?
■■ O que eu aprendi?
■■ Como se aprende/se convive?
■■ De que forma poderia aprender melhor?
■■ Como poderia agir/participar para aprender mais?
■■ Que tarefas e atividades foram realizadas?
■■ O que aprendi com elas? O que mais poderia aprender?
■■ O que eu aprendi com meus colegas e professores a ser e fazer?
■■ De que forma contribuí para que todos aprendessem mais?
Anotações
36
Tabela de conversão de séculos
Orientações gerais
século XIX a.C. (século 19 a.C.): de 1900 a 1801 a.C.
século XVIII a.C. (século 18 a.C.): de 1800 a 1701 a.C.
século XVII a.C. (século 17 a.C.): de 1700 a 1601 a.C.
século XVI a.C. (século 16 a.C.): de 1600 a 1501 a.C.
2o milênio a.C. século XV a.C. (século 15 a.C.): de 1500 a 1401 a.C.
século XIV a.C. (século 14 a.C.): de 1400 a 1301 a.C.
Antes de Cristo
3o milênio d.C. século XXI d.C. (século 21 d.C.): de 2001 a 2100 d.C.
37
Sugestões de leitura
sobre o ensino de História
ABREU, Martha; SOIHET, Rachel (Orgs.). Ensino de história: conceitos, temáticas
e metodologia . Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003.
BITTENCOURT, Circe. Ensino de História: fundamentos e métodos , vol. 1. 2. ed.
São Paulo: Contexto, 2002. (Repensando o Ensino).
. (Org.). O saber histórico na sala de aula . 6. ed. São Paulo: Con-
texto, 2002. (Repensando o Ensino).
CASTRO, Mary Garcia; ABRAMOVAY, Miriam. (Coords.). Drogas nas escolas .
Brasília: UNESCO, 2002.
FONSECA, Selva Guimarães. Didática e prática de ensino de história: Experiên-
cias, reflexões e aprendizados . Campinas: Papirus, 2003. (Magistério: Forma-
ção e Trabalho Pedagógico).
FONSECA, Thais Nívia de Lima e. História & ensino de História . 2. ed. Belo Ho-
rizonte: Autêntica, 2006. (História &... reflexões).
GRINBERG, Keila; LAGÔA, Ana Maria Mascia; GRINBERG, Lúcia. Oficinas de
história: projeto curricular de Ciências Sociais e de História. Belo Horizonte:
Dimensão, 2000.
JARES, Xesús R. Educação para a paz: sua teoria e sua prática. 2. ed. Trad.
Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed, 2002.
KARNAL, Leandro (Org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propos-
tas . São Paulo: Contexto, 2003.
LUCINI, Marizete. Tempo, narrativa e ensino de História. Porto Alegre: Mediação, 1999.
MONTEIRO, Ana Maria F. C.; GASPARELLO, Arlette Medeiros; MAGALHÃES,
Marcelo de Souza (Orgs.). Ensino de História: sujeitos, saberes e práticas . Rio
de Janeiro: Mauad X; FAPERJ, 2007.
MUNANGA, Kabengele (Org.). Superando o racismo na escola . 3. ed. Brasília:
MEC/SEF, 2001.
NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula . São Paulo: Con-
texto, 2003.
PAIVA, Eduardo França. História & imagens . 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica,
2006. (História &... reflexões).
PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). Novos temas nas aulas de História . São Paulo:
Contexto, 2009.
SAMARA, Eni de Mesquita; TUPY, Ismênia Spínola Silveira Truzzi. História & Do-
cumento e metodologia de pesquisa . Belo Horizonte: Autêntica, 2007. (His-
tória &... reflexões).
SCHIMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. Ensinar História . São Paulo:
Scipione, 2004. (Pensamento e ação no magistério).
SILVA, Marcos; FONSECA, Selva Guimarães. Ensinar História no século XXI: Em
busca do tempo entendido . Campinas: Papirus, 2007. (Magistério: Formação
e Trabalho Pedagógico).
TURAZZI, Maria Inez; GABRIEL, Carmen Teresa. Tempo e história . São Paulo:
Moderna, 2000.
38
Objetivos, comentários e
1
Capítulo
39
Comentários e sugestões
Páginas 8 e 9
Página 10
■■ Desde o final da década de 1960, colocou-se um problema no campo da
História: seria ela ciência ou arte? Alguns historiadores acreditam que o
40
processo de construção do conhecimento histórico é mais artístico do que
Explorando a imagem
■■ Oriente os alunos a compararem as fotografias da praça José de Alencar,
apontando as permanências e transformações no espaço. Explore com eles
os detalhes, os meios de transporte, monumentos, edificações, habitações,
pessoas circulando, a paisagem natural. Em seguida, proponha que elaborem
um texto apresentando essa análise. Para contextualizá-los historicamente
sobre as duas fotografias, apresente-lhes as informações do texto a seguir.
41
Página 12
■■ Aproveite a linha do tempo apresentada nessa página e explore com os
alunos a noção de simultaneidade. Reforce com eles que, no tempo históri-
co, é possível que dois ou mais acontecimentos ocorram em um mesmo
momento, isto é, que sejam simultâneos. Faça-lhes perguntas utilizando os
termos enquanto, no tempo em que, durante etc.
Página 14
■■ Analise os elementos das fotografias com os alunos. Comente que, corri-
queiramente utilizado pelo gaúcho do Rio Grande do Sul, a pilcha — nome
tradicional de sua vestimenta — é composta de botas de couro, bombachas,
uma calça de cós largo abotoada no tornozelo e com dois bolsos grandes
nas laterais, camisa, lenço atado ao pescoço (podendo ter diferentes tipos
de nós), e chapéu para se proteger do sol.
O vaqueiro do sertão nordestino, por sua vez, veste-se com o tradicional
gibão de couro, uma espécie de casaco utilizado para sua proteção, além
das calças com perneiras, alpargatas, luvas e chapéu de couro.
Comente com os alunos que a cultura pode também ser determinada pelo
país, estado, região ou cidade. Alguns países do Oriente Médio, por exemplo,
identificam-se por aspectos culturais relacionados a sua religiosidade. O isla-
mismo nesses países caracteriza seus modos, usos e costumes. Por outro lado,
na Argentina, as províncias do sul do país, que compõem a Patagônia, apresen-
tam regiões desérticas de clima frio e úmido e, por esse motivo, é escassamen-
te povoada. Parte da região, no entanto, é habitada pelos indígenas Mapuche,
que ainda mantêm tradições e ritos de sua cultura, originários de seus antepas-
sados. Nas províncias da região central do país, por sua vez, região conhecida
como Pampas, localizam-se terras férteis para a produção agrícola e de gado;
por conta disso, parte de sua população apresenta costumes e tradições antigas
que ainda estão presentes: a população é essencialmente rural.
Páginas 16 e 17
Sugestão de atividade
Materiais
■■ Livros, revistas ou jornais que contenham um antigo documento escrito, ou se
possível, o próprio documento, por exemplo, cartas, cartões-postais, jornais,
panfletos, registros de nascimento, cardápios etc.
■■ Dicionários.
■■ Caderno para anotações.
Faça uma análise prévia dos documentos, verificando se são adequados
para a faixa etária a que se destinam.
42
Se possível, leve para a sala de aula diferentes documentos escritos e divida
43
2
Capítulo
Objetivos
■■ Compreender o conceito de Idade Média.
■■ Verificar quais foram os principais motivos do declínio do Império Romano.
■■ Conhecer aspectos da organização econômica, política e social dos povos
germânicos.
■■ Perceber que vários reinos germânicos se formaram nas regiões do antigo
Império Romano.
■■ Conhecer aspectos históricos do Império Romano do Oriente.
■■ Perceber a influência do Direito Romano nos códigos de leis de vários Estados
modernos.
44
Estudar História — de qualquer época ou de qualquer local — não deve ser ta-
Comentários e sugestões
Páginas 24 e 25
45
Conversando sobre o assunto
■■ Na fonte A, o relevo apresenta homens em combate: romanos lutando por
conta da invasão das fronteiras do império pelos germânicos. No relevo, os
romanos se sobressaem em relação aos germânicos, com suas indumentárias
e objetos que os auxiliariam no combate. Desse modo, submetem os germâ-
nicos à sua força. Os povos germânicos eram aqueles que viviam fora das
fronteiras do Império Romano, tinham seus próprios costumes, que eram di-
ferentes dos costumes romanos, habitavam a região da Germânia, e não fa-
lavam latim. Possuíam uma economia baseada na agricultura de subsistência,
vivendo em pequenas povoações.
■■ Na gravura, a fragilidade do Império Romano pode ser percebida pelo grande
número de combatentes comandados por Alarico, representando a decadên-
cia do poderio militar do exército romano.
■■ A fonte C é um mapa de Constantinopla, que delineia o espaço que representou
a capital do Império Romano do Oriente até meados do século XV. Ela se tornou
a capital, sobretudo por conta de sua estratégica localização, entre a Europa e a
Ásia, região por onde passavam parte das rotas comerciais marítimas e terrestres.
■■ As imagens podem indicar uma sequência de acontecimentos que levaram à
queda do Império Romano do Ocidente e à transferência da capital do Impé-
rio Bizantino para a cidade de Constantinopla. Apesar de as fontes A e B
serem contrapostas, denotam a batalha entre os povos germânicos e os ro-
manos. A primeira sugere uma supremacia dos romanos em detrimento dos
germânicos; a segunda, o poderio do exército de Alarico, rei dos visigodos,
ao saquear Roma. Essas batalhas desencadearam o enfraquecimento e a
consequente queda do Império Romano, dividindo-o em duas partes, Império
Romano do Ocidente e Império Romano do Oriente e transferindo a capital do
último para a cidade de Constantinopla (fonte C).
Página 26
■■ Comente com os alunos que a Idade Média é um período histórico situado en-
tre a Antiguidade e a Idade Moderna. Muitos historiadores consideram que a
Idade Média tem início com a queda do Império Romano do Ocidente, no ano
de 476, e termina com a tomada da cidade de Constantinopla pelos turco-
-otomanos, em 1453. Esses acontecimentos, no entanto, são apenas referências
estabelecidas por historiadores para facilitar os estudos históricos. Dependendo
do objeto de estudo, outras periodizações e outros marcos históricos podem
ser utilizados. Além disso, os acontecimentos se desenvolvem em razão de uma
série de fatores e, por isso, não são interrompidos com rupturas pontuadas
naquele tempo ou espaço exato. São inúmeros fatos que influenciam nas mu-
danças e que se desenvolvem em continuidades e descontinuidades.
Página 27
■■ Explore a linha do tempo com os alunos. Faça perguntas como: Qual fato
marca o início da Idade Média?; A passagem da Alta para a Baixa Idade
Média é marcada por quais fatos?; Qual fato marca o término da Idade Mé-
dia? etc. Cite um fato de curta duração ocorrido durante a Idade Média.
Em seguida comente com os alunos que a periodização da Idade Média em
Alta Idade Média (do século V ao X) e Baixa Idade Média (do século XI ao
46
XV) não é compartilhada por todos os historiadores que se dedicam ao es-
[...] Jacques Le Goff propôs a hipótese de uma longa Idade Média, do século IV
ao XVIII, quer dizer, “entre o fim do Império Romano e a Revolução Industrial”. É
verdade que, não mais do que o tradicional milênio medieval, esta longa Idade
Média também não é imóvel e seria absurdo negar as especificidades de sua última
fase, que chamamos habitualmente Tempos Modernos (efeitos da unificação do
mundo e da difusão da imprensa, ruptura da Reforma, fundação das ciências mo-
dernas com Galileu, Descartes e Newton, Revolução Inglesa e Estado absolutista,
Páginas 28 e 29
■■ Sobre o processo de declínio do Império Romano, a partir do século III,
apresente aos alunos as seguintes informações.
Tendo se encerrado a fase de expansão militar [no século II], tratava-se agora de
garantir as melhores condições de manutenção e defesa dos territórios conquista-
dos. As atividades bélicas deixaram de ter caráter ofensivo, passando a assumir um
caráter eminentemente defensivo.
No princípio do século IV, as antigas formações militares (legiões e guarda pre-
toriana) foram praticamente dissolvidas e em seu lugar apareceram duas unidades
militares específicas: as tropas de fronteira, colocadas em fortificações permanentes
nos limes, isto é, nos limites do mundo romano, com a incumbência de protegê-los
de eventuais invasões; e uma força tática móvel, colocada em posições estratégicas
no interior do território imperial.
A tais formas correspondem novas formas de recrutamento. As consequências eco-
47
nômico-financeiras da crise afetaram a estabilidade militar devido à dificuldade de
remuneração dos soldados. No século IV, uma das formas de pagamento do serviço
militar consistia na concessão de lotes de terra de fronteira a soldados regularmente
recrutados e incorporados aos quadros do exército quando cumpriam seu tempo regu-
lar de serviço ao fim de 25 anos. Era uma maneira de assegurar a presença de pessoas
capacitadas a defender as fronteiras em caso de ataque. Além disso, assiste-se a uma
gradual incorporação de tropas auxiliares germânicas aos efetivos do exército.
Com efeito, paralelamente aos fatores internos da crise do Império Romano, há
que se considerar o fator externo, relacionado com a irrupção de povos germânicos
no interior do império. Eles eram chamados pelos romanos de “bárbaros”, desig-
nação genérica de todos os povos que não falavam latim nem adotavam os padrões
da civilização greco-romana. Habitavam ao norte das fronteiras imperiais em regi-
ões da atual Europa Centro-Oriental e passaram a pressionar as fronteiras locali-
zadas nas proximidades dos rios Reno, Danúbio e Don.
Embora tivessem um longínquo parentesco, de uma matriz indo-europeia co-
mum (algo que se revela em traços sociais, religiosos e linguísticos [...]), nos sécu-
los IV-VI os povos germânicos estavam organizados em tribos e confederações de
tribos, podendo ser divididos em três grandes grupos étnico-regionais: os escandi-
navos (anglos, saxões e jutos) que habitavam nas proximidades do mar do Norte,
os germanos ocidentais (suevos, turíngios, burgúndios, alamanos e francos) que
habitavam nas proximidades do rio Elba, e os germanos orientais (godos, alanos,
alamanos, vândalos e lombardos) que habitavam entre os rios Elba e Don. A eles
vieram juntar-se um povo originário das estepes asiáticas, os hunos, cuja pressão
militar foi a principal responsável pela entrada dos germanos em território romano,
dando início à “avalanche bárbara”. Essa penetração, ora pacífica e ora violenta,
alteraria o mapa político do império, acirrando a crise já existente e contribuindo
decisivamente na fragmentação da unidade imperial. Dos escombros do claudican-
te Império Romano é que emergiriam os reinos bárbaros da Alta Idade Média.
MACEDO, José Rivair. Conquistas bárbaras. In: MAGNOLI, Demétrio (Org.). História das guerras. São Paulo: Contexto,
2006. p. 79-80.
Página 30
■■ Sobre o direito consuetudinário, comente com os alunos que, baseado na
oralidade, e como produto dos costumes, esse princípio era considerado
uma propriedade do indivíduo, amparando-o em qualquer lugar que estives-
se. Valendo-se das tradições orais, em detrimento das leis escritas, o direito
dos germânicos influenciou sobremaneira a época medieval.
3
Capítulo
Objetivos
■■ Compreender o conceito de feudalismo.
■■ Perceber que a sociedade feudal foi formada pela combinação de tradições
romanas e tradições germânicas.
■■ Entender que a Igreja Católica se tornou a instituição mais influente da Europa
ocidental no decorrer da Idade Média.
■■ Perceber as transformações que marcaram a passagem da chamada Alta
Idade Média para a Baixa Idade Média.
■■ Estudar o que foram as Cruzadas, seus objetivos e consequências.
48
Feudalismo
Comentários e sugestões
Páginas 42 e 43
49
■■ O mercado medieval representado na fonte C apresenta o cotidiano do co-
mércio na cidade. Estabelecimentos com vendas de tecidos, especiarias, e
ervas medicinais compõem o contexto retratado na iluminura. No plano de
fundo, vê-se um barbeiro em atividade, atendendo seu cliente. A arquitetura
com janelas pequenas caracteriza o período medievo, assim como a indumen-
tária dos personagens da imagem, que vestem tanto saios — um tipo de
vestido sem botões que chegavam até os joelhos —, vestimenta típica das
camadas pobres, quanto gloneles — espécie de vestido com mangas largas
— e túnicas que iam até o pescoço e eram apertadas na cintura, vestes das
camadas ricas. Pelas vestimentas é possível perceber, pois, que os mercado-
res medievais tinham a possibilidade de enriquecer com o comércio de seus
produtos. Comente com os alunos que, diferentemente da fonte B, produzida
no século XIV, esta iluminura já apresenta um desenho em perspectiva, com
os elementos dispostos em camadas e em profundidade.
■■ Outra iluminura medieval, a fonte D representa a atividade de um cambista. O
homem ganha destaque no centro da imagem, com cores trabalhadas em
fundo branco. Sentado, ele apoia as mãos no suporte onde ficam suas moedas.
Comente com os alunos que as atividades dos cambistas estão na origem do
sistema bancário moderno, e que a representação da atividade na iluminura
indica o seu costume na Europa medieval, sobretudo com o aumento do fluxo
populacional nas cidades.
Página 44
■■ Comente com os alunos que a expressão “carolíngio” se refere ao nome do
imperador Carlos Magno.
■■ Sobre os reinos romano-germânicos, comente com os alunos que a Europa
medieval emergiu a partir da fusão destes dois reinos. Os povos germânicos
que ocuparam a Europa Ocidental encontraram um mundo ruralizado, no
50
qual se destacavam os latifúndios e uma grande massa de camponeses e
Página 45
■■ Nos séculos VIII e IX ocorreu um movimento de renovação cultural no Impé-
rio Carolíngio. Esse movimento, conhecido como Renascimento Carolíngio,
se caracterizou pelo incentivo à atividade intelectual e pela criação de centros
educacionais e culturais. Além disso, foram feitas cópias manuais de livros
antigos e foram publicados vários manuais pedagógicos e filosóficos.
Página 46
■■ Comente com os alunos que o período feudal se caracterizou pelas relações
de vassalagem e de servidão. Independentemente da condição social dos
indivíduos, havia entre eles uma relação de dependência pessoal. Quando um
nobre ou um cavaleiro se vinculavam ao senhor feudal, tornavam-se vassalos
do senhor feudal, e ele um suserano. Quanto aos camponeses pobres, quan-
do se vinculavam ao senhor feudal, passavam a ser seus servos. Sobre essas
relações de dependência no período medieval, leia o texto a seguir.
Páginas 48 e 49
■■ O texto a seguir trata dos castelos medievais no imaginário ocidental.
51
feudal, desde o século X até a Revolução Francesa, formaram uma camada funda-
mental das realidades materiais, sociais e simbólicas da Europa. De modo geral,
pode-se identificar uma evolução lenta, mas constante, do castelo medieval, que
passa da posição de fortaleza à de residência. Como ele está intimamente associado
à atividade militar, é notável que sua transformação tenha sido suscitada de forma
decisiva por uma revolução técnica nos séculos XIV-XV, ou seja, a artilharia. Suas
muralhas não resistem mais ao canhão, e o castelo medieval passa a ter o status de
relíquia, símbolo, ruína e, para muitos, nostalgia. Porém, com relação ao período
[chamado de] longa Idade Média [séculos IV a XVIII] que nos interessa aqui, pro-
pomos uma definição do castelo medieval: a de fortaleza habitada.
Do século X ao XII, o castelo medieval surge primeiramente sob duas formas:
na Europa do Norte, com torres e habitações modestas e fortificadas erigidas sobre
lugares altos naturais ou artificiais (trata-se do castelo em cima de um montículo);
na Europa Meridional, este castelo precoce é erguido mais frequentemente sobre
locais altos naturais e rochosos, os rochedos. [...]
De modo geral, o castelo, bem como o claustro, não pode ser separado do seu
ambiente natural. O castelo enraizou o feudalismo no solo. [...] O castelo permanece
associado ao campo e mais ainda à natureza, embora em certas regiões da Europa ele
seja construído dentro das cidades, como Normandia (Caen), na Flandres (Gante) e
principalmente na Itália. Ele constitui a unidade do conjunto espacial de habitação
estabelecido pelo feudalismo na realidade e no imaginário europeu. [...] De modo
geral, a imagem do castelo medieval ainda viva no imaginário ocidental lembra que
naquela época a guerra era onipresente, e o herói principal, ao lado do santo desig-
nado pela graça de Deus, um guerreiro que se distinguia antes pelo prestígio de sua
residência estreitamente ligada à guerra que por suas proezas.
Outro sinal da permanência do castelo medieval no imaginário europeu [e oci-
dental] é a importância que esta imagem adquiriu na sensibilidade das crianças. O
castelo medieval é objeto de exercícios e desenhos em sala de aula. Ele povoa os
desenhos animados, filmes, propagandas de televisão, espetáculos de sons e luzes.
Dentre as maravilhas medievais, o castelo aumentou sua influência pela conquista
dos espíritos e sensibilidades infantis.
LE GOFF, Jacques. Heróis e maravilhas da Idade Média. Trad. Stephania Matousek. Petrópolis: Vozes, 2009. p. 90-2; 105.
Páginas 50 e 51
Explorando a imagem
■■ Explore os elementos do infográfico com os alunos. Comente que a principal
atividade econômica no período medieval era a agricultura. No entanto, nos
últimos séculos da Idade Média, atividades como o artesanato e o comércio se
multiplicaram e passaram a fazer parte do cotidiano das pessoas que viviam
tanto nos feudos quanto nas cidades. Essas atividades permitiram maiores
trocas culturais e monetárias no período, o que provocou a expansão da eco-
nomia feudal. Em seguida, peça aos alunos que, em dupla, analisem os elemen-
tos do infográfico, apontando as características do ambiente retratado, a pai-
52
sagem natural no plano de fundo, as atividades dos servos no manso senhorial
É importante lembrar que para os medievos não havia arte pela arte, imagens
feitas apenas pelo seu valor estético. A finalidade didática delas era essencial.
No românico essa característica era muito acentuada, daí, por exemplo, as fre-
quentes cenas do Juízo Final colocadas logo na entrada, lembrando que somente
dentro da igreja (edifício religioso) e da Igreja (instituição) era possível a salvação.
A arquitetura sólida, de largas paredes, grossos pilares e poucas janelas, não era
apenas resultado das limitações técnicas da época, mas, sobretudo da necessidade
de fazer das igrejas “fortalezas de Deus”. Na mesma linha, o românico não tinha
preocupação de retratar a realidade visível, pouco importante, e sim de revelar a
essência das coisas, daí o forte simbolismo daquela arte.
No gótico, arte urbana sem deixar de ser religiosa — as referências medievais
sempre permaneceram ligadas ao sagrado —, o espaço da cultura vulgar era maior.
O fundamental continuava a ser a arquitetura religiosa, mas as catedrais góticas
contavam, para ser erguidas, com a indispensável colaboração da burguesia local e
da monarquia. Atendiam, portanto, a necessidades espirituais e práticas diferentes
das do românico. Expressão de uma nova sociedade em formação, o gótico estava
ligado à cultura que se desenvolvia nas escolas urbanas, ao pensamento que procu-
rava harmonizar Fé e Razão. Concebia-se Deus como luz (daí os vitrais) e valori-
zava-se seu lado humano (daí o culto à Virgem).
53
A natureza passava a ser vista como parte essencial da criação, por isso se pro-
curava retratá-la com realismo. Essa postura revela tanto uma nova sensibilidade
(cuja melhor expressão é São Francisco) quanto uma nova preocupação intelectu-
al, cuja melhor expressão é a retomada de Aristóteles. O gótico estava exatamente
nesse equilíbrio entre as coisas tão diferentes como as representadas pelo santo e
pelo filósofo.
FRANCO JR., Hilário. A Idade Média: nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2006. p. 111.
Página 55
■■ Para complementar o tópico sobre os burgos e os burgueses, comente com
os alunos que, com o crescimento das cidades e do comércio internacional,
os mercadores se instalaram inicialmente nos subúrbios das cidades, em
bairros localizados fora das muralhas, onde comercializavam seus produtos.
Conforme foram se destacando econômica e politicamente, conquistaram
vários privilégios. Primeiramente, foi promovida a ampliação da muralha ao
redor de seus bairros, que foram chamados de burgos. Os mercadores que
controlavam os burgos, denominados burgueses, receberam o título de ci-
dadãos livres e conquistaram, por meio das cartas comunais, maior autono-
mia para comercializar seus produtos, bem como o direito de pegar em armas
para defender seus interesses. Com todos esses privilégios, eles ascenderam
socialmente e passaram a criticar os privilégios feudais, além de reclamar
por maior participação política.
Sugestão de atividade
■■ Conhecer os vários aspectos da Idade Média é importante para que os alunos
não construam uma visão estereotipada sobre esse importante período histó-
rico. Apresente a eles o texto abaixo e, depois, faça-lhes os questionamentos
apresentados em seguida.
[A Idade Média] conservou o nome que lhe foi dado pelo Renascimento e que
tinha, no começo, um sentido pejorativo: [era] uma época cruel ou “tenebrosa”, ao
mesmo tempo violenta, obscura e ignorante. Sabemos, atualmente, que essa imagem
é falsa, mesmo que tenha existido uma Idade Média da violência: não apenas contra
judeus, com o começo do antissemitismo, e repressão contra os rebeldes aos ensina-
mentos da Igreja, aqueles que eram chamados de “hereges”, por meio da Inquisição.
As Cruzadas, evidentemente, também fazem parte do balanço negativo.
Mas a Idade Média foi também, acho até que principalmente, um grande período
criativo. Podemos ver isso nos domínios da arte, das instituições, sobretudo nas
cidades (por exemplo, nas universidades), ou ainda no campo do pensamento — a
filosofia que chamamos de “escolástica” atingiu altos patamares do saber. Também
vimos até que ponto a Idade Média criou “lugares de encontro” comerciais e fes-
tivos (as feiras, as festas), que continuam a nos inspirar.
Além disso, a Idade Média realizou uma curiosa combinação entre a diversida-
de e a unidade. A diversidade é o nascimento daquilo que começa a constituir as
Nações: a França e a Alemanha, a partir do século IX, a Inglaterra, no final do
século XI, e também a Espanha, quando Castela e Aragão se reuniram pelo casa-
mento de Isabel de Castela e Fernando de Aragão, no final do século XV. A uni-
54
dade, ou uma certa unidade, vem da religião cristã, que se impõe por toda parte.
4
Capítulo
A expansão do Islã
Objetivos
■■ Conhecer aspectos culturais dos povos que viviam na península Arábica no
século VII.
■■ Estudar a formação do Império Islâmico.
■■ Estudar a contribuição técnica e cultural dos muçulmanos na península Ibérica.
■■ Conhecer os cinco princípios fundamentais do islamismo.
55
A reação da maioria não muçulmana: do sonho da integração à
islamofobia
[...] A presença crescente de muçulmanos na Europa (e nos EUA) tem tornado
o Islã um elemento permanente no tecido social. Espera-se, em seguida, o surgi-
mento de um Islã ocidental, assim como há um budismo ocidental, um catolicismo
chinês etc. [...] A questão não é apenas como a imigração moldará o Islã da mino-
ria muçulmana, mas também como a civilização ocidental mudará sob a influência
da implantação muçulmana em seu seio. É aí que predominam as resistências.
O elemento da rejeição, na verdade, tem sido mais forte que o da integração. O anglo-
-irlandês Fred Halliday, conhecido especialista em relações internacionais e Oriente
Médio, chama isto de “antimuçulmanismo”. Outros autores, como o francês Alain
Gresh, cunharam o termo “islamofobia” para definir o conjunto de atitudes negativas
frente ao Islã. Tais atitudes, que se encontram de Portugal até a Suécia (além de ter
correlatos, por exemplo, na civilização ortodoxa Sérvia e entre os hindus na Índia),
certamente são anteriores ao atual encontro com o Islã e mesmo à época imperialista
[...]. O encontro entre a Europa e o Islã é mais antigo; nem sempre foi hostil mas, mes-
mo assim, os preconceitos estão enraizados em ambos os lados. Encontros históricos
mais remotos, como as Cruzadas e o assédio de Viena, são realimentados nessa ideo-
logia. Trata-se de uma “invenção de tradição”, com crescente apelo popular.
Portanto, se islamofobia [...] instrumentaliza velhos estereótipos, como construção
ideológica ela é nova, ligando dois grupos de fenômenos percebidos como perigosos:
por um lado, ameaças estratégicas (relacionadas com o petróleo, o terrorismo, os
palestinos, as armas de destruição em massa); por outro, ameaças de ordem demo-
gráfico-cultural (questões de imigração e de (in)compatibilidade religiosa, racial ou
cultural). Na Europa se desenvolve mais a islamofobia demográfica — fomentada
ainda pela crise econômica e trazendo em seu bojo reações xenofóbicas — do que a
estratégia. A causa é clara: a Europa que, ao contrário da América, nunca se conside-
rou terra de imigração, está sendo desafiada com o repentino influxo de um grupo,
apesar das nuances, claramente muçulmano e, daí, “impossível de ser assimilado”.
DEMANT, Peter. O mundo muçulmano. São Paulo: Contexto, 2004. p. 179-80.
Comentários e sugestões
Páginas 62 e 63
56
■■ Produzida no século XX, a fonte B é uma pintura que representa a partida de
Página 65
■■ Explore a linha do tempo com os alunos. Faça perguntas como: Em qual
século teve início a expansão islâmica?; Qual fato ocorreu antes: a morte de
Maomé ou a conquista da península Ibérica pelos muçulmanos? etc. Cite um
fato de curta duração ocorrido durante a dinastia Abássida.
Página 66
■■ Sobre o jihad , leia as informações a seguir.
57
islã implicava, desde o começo e até hoje, tanto para o indivíduo quanto para a co-
munidade, assumir um compromisso total — para reger a própria vida nos moldes
prescritos por Deus, para imbuir a sociedade com a letra e o espírito da lei divina e
para propagar a verdadeira religião no mundo inteiro. Jihad, então, pode apontar
para a disciplina da transformação interior (o grande jihad) tanto quanto para o
empenho na guerra de conversão dos infiéis, externa e, se necessário, violenta (o
pequeno jihad). “Luta” ou “militância” aproximariam melhor o sentido da palavra.
DEMANT, Peter. O mundo muçulmano. São Paulo: Contexto, 2004. p. 36.
Página 67
■■ O texto a seguir expõe alguns aspectos da sociedade islâmica na Espanha.
Enquanto Cristóvão Colombo partia de Palos rumo a um continente que ele não
imaginava encontrar, um número bem maior de pessoas corria aos portos em bus-
ca de navios que os conduziriam a destinos igualmente incertos. Por decreto real,
os judeus da Espanha — ou de Sefarad, como eles a chamavam — estavam obriga-
dos a optar entre a conversão à “verdadeira fé católica ou o exílio. 1492 está mar-
cado em nossa imaginação como o início de uma era, o ano da descoberta da
América. Mas é também um triste marco final. Isabel de Castela e Fernando de
Aragão, os monarcas espanhóis que comissionaram o capitão genovês para desbra-
var uma rota alternativa até o Extremo Oriente, também enterraram para sempre
uma das mais ricas experiências de tolerância religiosa da história ocidental. [...]
A Idade Média não se resume a feudalismo, peste e cruzadas. A Espanha islâmica
— chamada de Al-Andalus em árabe, daí o nome atual da região sul do país, Anda-
luzia — era um lugar luminoso, a vanguarda cultural e científica da Europa. Sobre-
tudo, era um espaço raro (aliás, único) de convivência pacífica e de intercâmbio
criativo entre as três grandes fés monoteístas, islamismo, cristianismo e judaísmo. [...]
Em janeiro de 1492, no episódio culminante da “reconquista”, o último e acuado
soberano islâmico cederia a chave do belíssimo palácio de Alhambra, sede do gover-
no de Granada, a Isabel de Castela e Fernando de Aragão. Os reis católicos assinaram
um tratado em que se comprometiam a preservar a liberdade religiosa dos muçul-
manos. Não o cumpriram. O espírito da época era outro e a Espanha firmava-se
como uma nova nação, unificada sob uma só igreja e falando uma só língua. [...]
TEIXEIRA, Jerônimo. Muçulmanos, judeus e cristãos em paz: a idade das luzes. Extraído do site: <http://historia.abril.com.
br/cotidiano/muculmanos-judeus-cristaos-paz- idade-luzes-433401.shtml>. Acesso em: 16 fev. 2012.
Sugestão de atividade
Pesquisa
■■ Muitas são as influências árabes sobre outras culturas. O legado cultural dos
al-Andalus — como eram chamados os árabes pelos habitantes da península
Ibérica — permeou espaços e costumes. Além do legado técnico e científico,
os árabes influenciaram o mundo com sua culinária.
Os árabes [...] não só introduziram novas culturas como divulgaram seus ban-
quetes refinados e o uso do açúcar na confeitaria. Além disso, difundiram frutos
cítricos, como o limão siciliano, o limão taiti e a laranja azeda [...] e o gosto por
58
amêndoas, tâmaras, damascos e pistaches. Também foi nesse período que renasceu
■■ Após a leitura do texto com os alunos, proponha que realizem uma pesquisa
sobre receitas de doces árabes. Peça para que levem uma receita para a sala
de aula e troquem-na com os colegas. Aproveite o momento e comente sobre
a influência árabe em nosso cotidiano, valorizando e respeitando a diversidade.
Página 69
■■ Sobre os conflitos entre sunitas e xiitas, comente com os alunos que desde
a vitória dos sunitas em relação à sucessão de Maomé, no século VII, eles
assumiram a hegemonia do mundo islâmico. Em vários momentos da histó-
ria muçulmana, os embates entre sunitas e xiitas (e também no interior des-
ses grupos) deram origem a conflitos violentos. Atualmente, xiitas e sunitas
estão em conflito em várias partes do mundo muçulmano, principalmente no
Oriente Médio. Nessa região, países como o Iraque, Irã, Líbano, Iêmen, Afe-
ganistão e até mesmo a rica Arábia Saudita, estão sujeitos às lutas entre
esses grupos. Os confrontos geralmente acontecem entre milícias armadas
que se enfrentam nas ruas, mas também ocorrem por meio de ataques com
carros-bombas. Os principais alvos são lugares de grande concentração de
pessoas. Esses ataques têm como consequência, na maior parte das vezes,
a morte de civis, pessoas comuns não ligadas aos grupos em confronto.
59
Página 71
Sugestão de atividade
Análise de Filme
■■ Para conhecer um pouco mais sobre a literatura de idioma árabe, assista com
os alunos, se julgar conveniente, ao filme As mil e uma noites .
Um dos maiores clássicos da literatura árabe, As mil e uma noites teve suas
principais histórias adaptadas para uma versão cinematográfica. O filme, lançado
em 2000, apresenta-nos a história de Schariar, um sultão da Pérsia que mata
sua esposa adúltera (no filme, ele é vítima de uma tentativa de assassinato
pela esposa) e, desde então, decide que jamais será traído novamente. Para
tanto, ele adota uma rotina cruel: cada dia ele se casaria com uma jovem virgem,
a qual, após a noite de núpcias, seria degolada.
Isso se repete até o dia em que ele se casa com Sherazade, que começa a
narrar histórias fantásticas para o sultão até que ele durma. Ele fica fascinado com
as histórias e poupa sua nova esposa a cada dia para ouvir o fim das histórias.
Com muitos efeitos especiais, esta versão para o cinema recria várias histórias
e contos árabes famosos de As mil e uma noites, como Ali Babá e os quarenta
ladrões, As sete viagens de Simbad, o marujo e Aladim e a lâmpada maravilhosa.
dos europeus
Objetivos
■■ Compreender que, antes da chegada dos europeus à América, uma diversida-
de de povos já habitava esse continente.
■■ Conhecer aspectos da organização política, econômica, social e cultural dos
chamados povos pré-colombianos.
■■ Perceber que, antes da chegada dos portugueses, cerca de três milhões de
indígenas viviam no território onde hoje fica o Brasil.
■■ Estudar a diversidade dos povos indígenas que viviam no Brasil antes de 1500.
■■ Conhecer aspectos do cotidiano dos povos indígenas do Brasil na atualidade.
60
A América e os vestígios de seus primeiros habitantes
Comentários e sugestões
Páginas 76 e 77
61
Conversando sobre o assunto
■■ A construção de pirâmides por alguns povos, como os da América pré-colom-
biana, faz parte de seus costumes e rituais religiosos. Algumas construções
semelhantes a essa são as pirâmides feitas pelos egípcios e outros povos da
África antiga, como os cuxitas.
■■ O guerreiro asteca ilustrado na fonte B (gravura do século XIX) foi representa-
do utilizando pele de jaguar e portando escudo e lança farpada nas mãos. Os
astecas guerreavam, sobretudo, para capturar pessoas para a realização de
sacrifícios nos rituais religiosos.
■■ A rede de estradas construída pelos incas — fonte C — facilitava o transpor-
te de pessoas e mercadorias. Além disso, fez uma interligação entre todas as
regiões que compunham o império inca.
■■ Os indígenas retratados na fonte D são pai e filho da etnia Waurá. Ambos usam
pinturas no rosto e adornos nos braços. O indígena adulto usa pintura também
no corpo, além de colar e brincos. Apesar de esses elementos indicarem cos-
tumes tradicionais dos indígenas, após o contato com os europeus, muitos
deles perderam suas tradições e costumes.
Página 78
■■ Sobre os esquimós, comente com os alunos que são povos que habitam regiões
do Alasca, do Canadá e da Groelândia. Sua alimentação baseia-se em peixes
e mamíferos marinhos, como a foca, e vestem-se com peles dos animais que
caçam. Alguns deles habitam os iglus, casas construídas com blocos de neve
endurecidos pelo frio e pelo vento. A denominação “esquimó”, atualmente, vem
sendo questionada por alguns historiadores, que a consideram pejorativa, pois
significa “comedor de peixe”, ou, “comedor de carne crua”. Estes historiadores
utilizam a expressão “inuit” (nome da etnia) para denominar estes povos.
Página 79
■■ Explore a linha do tempo com os alunos. Faça perguntas como: Qual a civi-
lização mais antiga da Mesoamérica?; Qual a cidade mais antiga: Tenotihuacán
ou Tenochtitlán? Peça para que citem o nome de civilizações que existiram
simultaneamente na América, isto é, durante um mesmo período de tempo.
Páginas 80 e 81
■■ O mural maia apresentado na página 80 está em um sítio arqueológico de
Bonampak, no estado de Chiapas, no México. Esse sítio arqueológico, com-
posto de três pirâmides e algumas ruínas, localiza-se dentro de uma densa
floresta e, por esse motivo, só foi encontrado pelos pesquisadores na déca-
da de 1940. Comente com os alunos que os murais narram aspectos da
história dos maias. Na primeira pirâmide, as pinturas fazem referência à
consagração do líder maia Chaan Muan II; a segunda pirâmide conta a his-
tória de uma guerra para aprisionar cativos para o sacrifício em honra aos
deuses maias, além de cenas da própria cerimônia ritual; a terceira pirâmide
mostra a celebração realizada durante e após o sacrifício, onde aparecem
músicos e dançarinos.
62
■■ Sobre a pirâmide de Kukulkán, comente com os alunos que, nos equinócios
Página 83
■■ Sobre a sociedade asteca, apresente aos alunos as seguintes informações.
63
Os escravos, situados na faixa mais baixa da escala social, tinham um estatuto bas-
tante curioso. Trabalhavam sem salário, eram bem tratados e moravam na casa de seus
donos, que os alimentavam e vestiam. As dívidas de jogo eram a causa mais corrente
da escravatura, pois, diante da impossibilidade de pagá-las, os devedores ofereciam-se
voluntariamente para a ocupação servil. Em outros casos, uma família que passava
necessidades vendia um de seus membros. Entretanto, esse estatuto não era perpétuo:
o escravo ou seus parentes podiam comprar de volta a liberdade, e seus filhos, necessa-
riamente, nasciam livres. Além disso, não se podia vendê-los sem seu consentimento.
ACOSTA, Rosário. A vida na monumental Tenochtitlán. História Viva. São Paulo: Duetto, ano 4, n. 44, jun. 2007. p. 46.
Explorando a imagem
■■ Comente com os alunos que, entre os astecas, uma das funções dos códices
era registrar dados econômicos e comerciais, como os números da produção
agrícola e os produtos pagos pelas cidades conquistadas como tributo. Dadas
estas informações, e com o infográfico a seguir, explore o Códice Mendoza,
apresentado na página, com os alunos.
Manto Grande
Manto
Roupas de
guerreiro, feitas
Símbolo que de penas.
representa o
número 20. Escudos feitos
de penas.
Símbolo para
duas caixas de Símbolo que
colheita de representa o
cereais. número 400.
Páginas 86 e 87
■■ Há muita controvérsia em relação à origem do nome Brasil. É comum rela-
cionar essa denominação ao nome de uma espécie de árvore abundante que
existia nesse território: o pau-brasil. No entanto, alguns estudiosos datam
do século XIV a primeira representação cartográfica em que aparece uma
ilha chamada Hy Brazil, localizada no oceano Atlântico, entre a ilha de Aço-
res e a Irlanda. Diga aos alunos que Hy Brazil povoava o imaginário europeu
no final do século XIV, pois várias lendas narravam sua história. Em uma
dessas lendas, era apresentada como uma ilha misteriosa, que desaparecia
atrás da névoa sempre que os navegadores se aproximavam dela.
■■ Sobre a cultura dos povos indígenas que habitavam o Brasil antes da che-
gada dos europeus, leia as seguintes informações.
64
Quanto à organização social, variou consideravelmente de tribo para tribo. Entre
Sugestão de atividade
A diversidade indígena no Brasil*
Poucos sabem que o território brasileiro foi um grande corredor pelo qual
passaram centenas e centenas de povos indígenas, cruzando a região em todos
65
os sentidos. Segundo estudos recentes, no continente deve ter havido cerca de
1500 línguas, sendo a metade de povos da região amazônica. Essa dispersão
de grupos de várias procedências fez com que possuíssemos uma das maiores
diversidades étnicas do continente. [...]
Para entrar nesse grande universo cultural, tão desconhecido da maioria dos bra-
sileiros, podemos usar dois tipos de classificação: a linguística e a geográfico-cultural.
Seguindo o critério linguístico, hoje essas nações ou etnias são classificadas
em troncos e famílias linguísticas, fazendo desaparecer uma antiga divisão, que
indicava apenas dois grupos: tupi e tapuia. Na realidade, o termo tapuia, usa-
do pelos falantes da língua tupi, significava “o inimigo”, “o contrário” e referia-
-se àqueles que não falavam tupi.
São conhecidos [...] dois [grandes] troncos linguísticos: o tupi, com sete famí-
lias (arikém, juruna, mondí, munduruku, ramarama, tupari e tupi-guarani), e o
macro-jê, com seis famílias (borôro, botocudo, kariri, jê, karajá e maxakali).
Há também catorze famílias linguísticas que não puderam ser agrupadas em
troncos, devido ao grande processo de destruição de que foram vítimas, como
as famílias aruak, aruá, bora, guaikuru, karib, maku, mura, nambikuara, pano,
txapakura, tukano e yanomami. Cada família reúne de dois a vinte grupos.
Ainda há dez povos que possuem línguas isoladas, isto é, que não apresentam
semelhanças com outras línguas, como os tikuna, myky, irantxe e outros. Além
desses, há também 31 povos que perderam sua língua original, como os pata-
xó, os xokó, os pankararu, os xakriabá, os tupinikim e outros. [...]
Outro critério [de classificação] leva em consideração as áreas culturais.
Trata-se do critério geográfico-cultural, que reúne esses povos em quatro gru-
pos: horticultores de região úmida, horticultores de região seca, coletores e grupos
da região nordestina. Os horticultores recebem esse nome por exercerem tra-
dicionalmente uma agricultura elementar, ao contrário dos andinos, que exer-
ciam uma agricultura intensiva.
HECK, Hegon; PREZIA, Benedito. Povos indígenas: terra é vida. São Paulo: Atual, 1999. p. 12-3. (Espaço e debate).
*Título dado pelos autores
6
Capítulo
Objetivos
■■ Conhecer aspectos culturais e políticos de alguns reinos e impérios africanos.
■■ Compreender que, a partir do século VII, o islamismo foi difundido em diferen-
tes regiões do continente africano.
66
Orientações para o professor
■■ Compreender o conceito de escravidão sob a perspectiva islâmica.
■■ Perceber que muitos aspectos da história do continente africano foram trans-
mitidos à posteridade por meio da tradição oral.
■■ Conhecer elementos da educação e da arte de alguns povos africanos.
Mali
Império do Mali não tinha organização distinta da de seu antecessor, o de Gana. Não
era um estado unitário, nem homogêneo. Compreendia as mais diversas formas polí-
Comentários e sugestões
Páginas 94 e 95
67
■■ A fonte B é uma fotografia recente que retrata uma caravana de mercadores
passando pelas dunas do deserto do Saara, na África. O uso do camelo era
e é comum entre esses povos. Chame a atenção dos alunos para o fato de os
camelos serem animais muito resistentes. Além de armazenar gordura na cor-
cova, o que lhes possibilita permanecer muitos dias sem comida, eles têm três
pálpebras que protegem seus olhos durante as tempestades de areia. Os
camelos também têm grande tolerância a temperaturas elevadas.
■■ A fotografia apresentada como fonte C retrata a Universidade de Sankore, em
Tombuctu. O território da cidade de Tombuctu fez parte do império Mali e do
império de Songai. Sua localização estratégica, na confluência das rotas co-
merciais, entre o Saara e a África Ocidental, denota a sua importância.
Página 96
■■ Comente com os alunos que, atualmente, o continente africano ainda apre-
senta uma grande diversidade de línguas. De acordo com o historiador e
diplomata brasileiro Alberto da Costa e Silva, é possível que lá sejam faladas,
nos dias de hoje, mais de mil línguas. Algumas delas, como o hauçá e o
suaíli, são faladas por milhões de pessoas, enquanto outras são comparti-
lhadas por apenas algumas dezenas de falantes.
■■ Estimule os alunos a opinar sobre os elementos da cultura africana que
compõem a cultura brasileira. Diga-lhes que nossa língua é influenciada pe-
las línguas dos povos africanos, por isso, muitas palavras que fazem parte
do nosso vocabulário têm origem africana, tais como: farofa, canjica, samba,
berimbau e moleque. A culinária, indumentária e religião brasileiras também
apresentam elementos da cultura africana. Cuscuz, vatapá e acarajé são
exemplos da influência africana na culinária brasileira, além do uso de leite
de coco e óleo de dendê como temperos. As religiões afro-brasileiras, que
sincretizam elementos do candomblé, do catolicismo e do espiritismo, tam-
bém são importantes contribuições dos africanos à cultura brasileira.
Página 97
■■ Aproveite a linha do tempo apresentada nessa página e explore com os
alunos a noção de simultaneidade. Reforce que, no tempo histórico, é pos-
sível que dois ou mais acontecimentos ocorram em um mesmo momento,
68
isto é, que sejam simultâneos. Faça-lhes perguntas utilizando os termos
Página 99
O texto a seguir traz informações complementares sobre o islamismo na África.
A relação entre árabes e africanos datam de muitos séculos. Mas, é com o advento do
islamismo que, de fato, os árabes começaram a se estabelecer no continente africano, um
processo iniciado a partir de 639 d.C. Os árabes chegam ao Egito e iniciam a sua obra de
“conversão”. Entre avanços e recuos, num confronto por vezes violento com a religião tradi-
cional, o Islã vai se impondo, e intercambiando com essa religião aspectos fundamentais.
Depois da conquista pelas armas, os mercadores árabes passaram a atingir re-
giões onde buscavam fortuna em forma de marfim, ouro e, principalmente, escra-
vos. Com eles, levaram sua religião: o africano não tinha qualquer alternativa; ou
se tornava um crente ou era tachado de infiel.
A ideia muçulmana da existência de um Deus único supremo não era desconhe-
cida dos africanos. E a lei do Alcorão não conflitava, basicamente, com os costumes
das tribos. O setor das crenças e práticas religiosas dos nativos da Nigéria oferece
uma clara ilustração da unidade latente que caracteriza as tradições dos diversos
grupos étnicos do país. Todos os povos da Nigéria acreditam na existência de um
Ser Supremo, conhecido por Olorum ou Olodumaré entre os Yorubás, Osenabua
entre os Idos, Chineke entre os Ibos, Obasi entre os Efiks, Ogheges entre os Isokos,
Oritses entre os Itsekiris e Awundus entre os Tivs, para citar alguns exemplos. [...]
Sem dúvida o islamismo negro é uma religião sincrética, na mesma medida em que na
própria Arábia a prática islâmica estaria permeada de usos considerados supersticiosos. [...]
LIMA, Claudia. O islamismo na África. Extraído do site: <www.claudialima.com.br/pdf/O_ISLAMISMO_NA _AFRICA.
pdf>. Acesso em: 28 fev. 2012.
69
■■ Comente com os alunos que, apesar da difusão, na África, do cristianismo e,
posteriormente, do islamismo, as religiões tradicionais africanas continuam
fortemente arraigadas na população. Sua presença permanece forte mesmo
em regiões onde o islamismo se impôs há séculos. Nas crenças africanas
tradicionais, não há separação rígida entre o mundo natural e o sobrenatural,
pois os seres humanos, os espíritos ancestrais, as entidades e as divindades
fazem parte de um mesmo universo. Um exemplo de resistência ao Islã e de
apego às antigas tradições foi dado pelo povo dogon. Entre os séculos XIII
e XV, esse povo migrou de sua região, no atual Mali, para fugir da islamização,
e se fixou em áreas de difícil acesso, a leste do rio Níger, de modo que pu-
deram preservar suas tradições até os dias de hoje.
Página 100
■■ Comente com os alunos que um dos objetivos da Unesco é definir e prote-
ger o Patrimônio Cultural ou Natural da Humanidade, como paisagens exu-
berantes, edificações ou até mesmo cidades inteiras.
Página 101
■■ Comente com os alunos que, em várias regiões do continente africano, os
griôs se destacam como importantes agentes históricos, pois transmitem de
geração em geração as histórias de seus pensamentos. Leia o texto a seguir.
Mas afinal quem são os griôs? São trovadores, menestréis, contadores de histó-
rias e animadores públicos para os quais a disciplina da verdade perde rigidez,
sendo-lhe facultada uma linguagem mais livre. Ainda assim, sobressai o compro-
misso com a verdade sem o qual perderiam a capacidade de atuar para manter a
harmonia e a coesão grupais, com base em uma função genealógica de fixar mito-
logias familiares no âmbito de sociedades tradicionais. [...]
Muitas vezes respaldados pela música e valendo-se da coreografia contam coisas
antigas, cantando as grandes realizações dos “bravos e dos justos”, celebrando o
heroísmo e a salvaguarda da honra. Em contrapartida, evocam o desprezo pelo
medo da morte e denunciam os desonestos e os ladrões, revelando aos nobres os
exemplos a serem seguidos ou repudiados.
Por seu turno, emprestando um caráter mítico às áreas narrativas, os griôs ver-
sam sobre epopeias de heróis, desde os seus nascimentos até suas mortes, como
símbolos da gênese de seus povos e de suas trajetórias. Dois exemplos clássicos são
as recitações sobre Sundjata Keita, fundador do Império Mali, e de Chaka, funda-
dor do reino Zulu, no sul da África.
HERNANDEZ, Leila Maria Gonçalves Leite. A África na sala de aula: visita à história contemporânea. São Paulo: Selo
Negro, 2005. p. 30-1.
70
Para esses estudiosos, as técnicas podem ter tido origens diversas e segui-
Sugestão de atividade
■■ Comente com os alunos que uma das importâncias de se estudar a história
da África está em conhecer mais a fundo a diversidade cultural desses povos.
Leia o texto abaixo, que aborda aspectos culturais de diferentes etnias africa-
nas. Após o texto apresentamos sugestões de questionamentos.
Os povos africanos*
Os [africanos] que vivem ao norte [do Saara] são predominantemente brancos,
e os que vivem ao sul, negros. Mas estes também são diversos entre si. Um amara
da Etiópia é tão distinto de um ambundo de Angola quanto, na Europa, um escan-
dinavo de um andaluz. E um jalofo do Senegal é diferente de um xona de Zimbá-
bue como um russo de um siciliano.
Na região meridional do continente, há um complicador: os chamados coissãs,
que compreendem os bosquímaros e os hotentotes. São povos baixos, pardo-ama-
relos, com face e nariz achatados, olhos estreitos como os dos chineses, cabelos
que de tão encarapinhados mais parecem um gorro feito com grãos de pimenta-
-do-reino, e falam línguas que possuem cliques ou estalidos com valor de conso-
antes. Os coissãs ocupavam, no passado, as áreas semidesérticas e desérticas [...].
Alguns povos africanos, como os pigmeus das florestas do Congo e os sãs ou bos-
químaros das áreas semiáridas da África do Sul, vivem da caça e da coleta de raízes,
frutas e mel. Outros, como os cóis ou hotentotes, os fulas e os massais, da criação de
gado. A maioria retira o sustento do cultivo da terra. Mas os pastores, enquanto con-
duzem o gado de uma pastagem para outra, colhem os frutos das árvores e o mel das
colmeias que encontram no caminho, e suas mulheres podem cultivar cereais em
pequenos roçados. Os lavradores não só pescam, caçam e recolhem o que lhes dá
naturalmente a terra, como também podem possuir cabras, ovelhas e bois. [...]
Alguns Estados estendiam-se por amplos territórios e eram formados por várias
nações, sob o comando de uma delas — e a esses estados chamamos impérios.
Havia reinos menores, com uma ou mais [etnias]. E outros ainda menores, que
podemos comparar às cidades-estado da Grécia antiga. Essas várias entidades po-
líticas eram compostas geralmente de uma família real, ou de duas ou mais famí-
lias reais que se revezavam no poder ou disputavam pelo voto ou pelas armas. [...]
Em algumas sociedades, os ferreiros, os ourives, os escultores, as oleiras e os
bardos formavam castas profissionais. [...] Os ferreiros transformavam o minério
em facas, pontas de lança e enxadas. Os escultores cortavam em um pedaço de
71
madeira a imagem de um ancestral. As oleiras faziam com o barro potes e gamelas.
E os bardos, dielis ou griôs, que eram músicos, poetas e historiadores, davam uma
função nova às palavras quando compunham versos.
SILVA, Alberto da Costa e. A África explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2008, p. 16; 18-9.
(Explicado aos meus filhos).
*Título dado pelos autores
7
Capítulo
Objetivos
■■ Entender o que foi o Renascimento.
■■ Estudar as principais características do humanismo.
■■ Perceber que durante o Renascimento ocorreram grandes inovações no cam-
po científico.
■■ Conhecer os principais aspectos da arte renascentista.
■■ Estudar aspectos do cotidiano das cidades italianas na época do Renascimento.
■■ Perceber que o movimento renascentista se propagou por diferentes regiões
da Europa.
A Renascença*
[...] [O termo “Renascença”] foi cunhado em referência à tentativa de artistas e
filósofos de recuperar e aplicar a antiga erudição e modelos da Grécia e de Roma.
Durante esse período, os indivíduos demonstraram uma crescente preocupação
com a vida terrena, aspirando conscientemente a traçar seus destinos – atitude que
caracteriza a modernidade.
72
É claro que a Renascença não constituiu um rompimento completo e súbito com
Comentários e sugestões
73
entanto, apresenta elementos da cultura clássica, como a indumentária da
personagem representada por Maria, que se aproximam das vestimentas ro-
manas. A passagem bíblica é a do momento seguinte à crucificação de Jesus
Cristo, em que Maria o segura em seus braços. Para denotar o tema, Miche-
langelo representou Maria com cabeça e ombros curvados e Jesus com a
cabeça e corpo estirados no colo de sua mãe.
Comente com os alunos que a palavra pietà significa piedade, devoção. Co-
mente também que, para produzirem suas obras, os artistas do Renascimen-
to estudavam os elementos a serem trabalhados de modo a representá-los de
maneira muito próxima da realidade. Os personagens da escultura de Miche-
langelo, por exemplo, apresentam uma visão detalhada da anatomia humana.
■■ A imagem apresentada como fonte C representa a concepção de Universo de
Nicolau Copérnico, astrônomo e matemático renascentista, que defendia o
chamado heliocentrismo. De acordo com esta teoria, o Sol é o centro do Sis-
tema Solar e, tanto a Terra quanto os demais planetas, se movimentavam ao
redor dele. Apesar de hoje não haver mais questionamentos quanto à validade
dessa teoria, na época de Copérnico ela não foi imediatamente aceita e pro-
vocou sérias desavenças entre ele e outros cientistas da época e a Igreja.
A figura é trabalhada com adornos e apresenta inscrições em latim. No centro
da imagem, o círculo compõe-se dos doze signos da astrologia, até a chega-
da do Sol como figura central. Fora do círculo, a imagem de Ptolomeu está à
esquerda, e a de Nicolau Copérnico à direita, com um globo terrestre e com-
passo nas mãos.
Página 114
■■ Explore o conhecimento prévio dos alunos: incentive-os a exercitar a memó-
ria a respeito dos conteúdos já estudados. Comente com eles sobre os
períodos de crise que agravaram a situação da Europa no século XIV, entre
eles os conflitos da Guerra dos Cem Anos e a disseminação da Peste Negra.
Pergunte-lhes a respeito do contexto da Guerra dos Cem Anos e suas con-
sequências para a França e para a Inglaterra, como falta de recursos, tribu-
74
tos pesados, fracas colheitas, e agravamento da Peste Negra, doença que
[...] Os fatores que têm sido apontados pelos historiadores como os principais
responsáveis por esse refluxo do desenvolvimento econômico são: a Peste Negra, a
Guerra dos Cem Anos e as revoltas populares. Essa crise do século XIV tem sido
denominada também crise do feudalismo, pois acarretou transformações tão drás-
Página 115
■■ Explore a linha do tempo com os alunos, chamando-lhes a atenção para o
período de transição representado. Faça-lhes perguntas como: Qual foi o
período de duração do Quattrocento ?; Qual século ficou conhecido como
“Idade do Ouro” na Itália renascentista?. Peça que citem alguns artistas que
se destacaram no Cinquecento etc.
Página 116
■■ Explique aos alunos que o antropocentrismo é um conceito que permeia
algumas correntes filosóficas ou crenças religiosas que consideram o ser
humano o centro do Universo. De acordo com essa perspectiva, os humanos
são vistos como seres dotados de potencial criativo, capazes de produzir
novos conhecimentos e de transformar a realidade.
75
■■ Comente com os alunos que o afresco é uma técnica em que a pintura é
feita sobre uma base de gesso. Nela o artista aplica pigmentos puros diluídos
somente em água, permitindo que as cores adentrem na superfície. O nome
deriva da palavra italiana fresco, que em português tem o mesmo significado.
■■ Leonardo da Vinci realizou, na década de 1490, o desenho intitulado Homem
Vitruviano . Para fazer esse desenho sobre as medidas e proporções consi-
deradas ideais do corpo de um homem, Leonardo da Vinci se inspirou no
estudo das proporções do corpo humano feito pelo arquiteto romano Marcos
Vitrúvio Polião, no século I a.C. Para enriquecer o trabalho com esse docu-
mento, observe o infográfico a seguir.
O homem apresentado
Leonardo da Vinci – Homem Vitruviano. c. 1492. Galeria da Academia, Veneza. Foto: Corel Stock Photo
com proporções
O quadrado
perfeitas representa
representa o
um modelo ideal de
mundo físico e os
beleza para o ser
quatro elementos:
humano, de acordo
ar, fogo, terra e
com um padrão
água. O círculo
estético idealizado na
simboliza o espírito
cultura clássica.
humano.
O padrão de
O umbigo do homem
medidas e
como eixo central da
proporções
figura significa a
considerado ideal
razão.
para o corpo
humano, poderia
servir, por A área do círculo é
extensão, para exatamente igual à
todo o Universo. área do quadrado.
Uma junção perfeita
de formas
matemáticas.
76
Página 124
A introdução da
tinta a óleo O livro representado é
permitiu melhor provavelmente um
qualidade e guia litúrgico de
detalhamento na orações e salmos,
pintura conhecido como Livro
renascentista. das Horas, assim
chamado por indicar
as orações específicas
para as ações feitas ao
longo do dia.
O cambista
examina e pesa
alguns dos
objetos sobre a
mesa. É possível
ver moedas e
anéis de ouro, No espelho convexo há a
pérolas e pesos. figura de um homem de
turbante ao lado da janela.
É possível que esse
personagem seja um
autorretrato do pintor, como
também pode representar
um ladrão que observa o
trabalho do casal.
■■ Após a análise, peça aos alunos que exponham suas opiniões sobre o conte-
údo da pintura. Proponha que troquem informações com os colegas e com-
partilhem suas interpretações a respeito do documento.
77
Sugestão de atividade
Análise de Filme
■■ Sobre o Renascimento em outras regiões da Europa, em especial na Inglater-
ra, assista com os alunos ao filme Romeu & Julieta .
O filme Romeu & Julieta , de 1996, foi dirigido pelo cineasta australiano Baz
Luhrmann. O roteiro baseia-se na peça homônima escrita pelo inglês William
Shakespeare na década de 1590. Essa adaptação foi feita em comemoração
aos 441 anos da peça e ganhou características modernas, fazendo prevalecer,
no entanto, a linguagem poética e dramática da literatura shakespeariana. A
trama se passa na cidade fictícia de Verona Beach, marcada pela violência en-
tre duas famílias rivais, os Montecchio e os Capuleto. Essa hostilidade, entre-
tanto, não impediu que o jovem Romeu, um Montecchio, se apaixonasse pela
jovem Julieta, uma Capuleto. As disputas e rivalidades entre as famílias são
acompanhadas pela mídia da cidade, que anunciou o desfecho trágico da his-
tória de amor entre Romeu e Julieta.
Navegações
Objetivos
■■ Compreender o que foram as Grandes Navegações.
■■ Perceber que a formação dos Estados europeus contribuiu para que os reis
investissem na procura por novos territórios e riquezas.
■■ Relacionar a tomada de Constantinopla pelos turco-otomanos com a procura
dos europeus por novos caminhos que os levassem às Índias.
■■ Perceber que Portugal e Espanha foram os primeiros Estados europeus a in-
vestir na navegação atlântica.
■■ Estudar o momento da chegada dos portugueses ao território onde atualmen-
te se localiza o Brasil.
■■ Conhecer diferentes pontos de vista sobre o “descobrimento” do Brasil.
■■ Estudar o cotidiano em uma caravela na época das Grandes Navegações.
78
A Era das explorações marítimas*
Comentários e sugestões
Páginas 130 e 131
79
O Oriente, mais tarde o Novo Mundo foram inspirações para tamanha sede de
exotismo, não uma base concreta, pois os seres criados não tinham correspondên-
cia com a realidade natural ou histórica das regiões distantes da Europa.
DUMÉZIL, Bruno. Era dos descobrimentos e imaginário medieval. História Viva. São Paulo: Duetto, n. 35, s/d.
p. 72-3. Edição Especial: Grandes Temas.
80
anteriormente, quatro personagens aparecem na cena: dois homens atrás do
81
quipélago dos Açores e contornando os ventos alísios e a corrente de Nordeste,
foram elementos importantíssimos no processo de expansão. A abertura dessa “au-
toestrada”, por assim dizer, no Atlântico Norte, possibilitou a volta segura das via-
gens à costa ocidental da África, e, posteriormente, à América e às Índias. [...]
Outros fatores pesaram, entretanto, para que Portugal se tornasse pioneiro entre
as monarquias cristãs no empreendimento da expansão comercial europeia rumo
ao desconhecido. A posição geográfica do pequeno reino seria de grande vantagem,
dada a proximidade com o continente africano e a presença de correntes marítimas,
que levavam quase naturalmente para as ilhas do Atlântico.
LOPEZ, Adriana; MOTA, Carlos Guilherme. História do Brasil: uma interpretação. São Paulo: Senac, 2008. p. 43; 47; 54-8.
Página 134
■■ Explore o conhecimento prévio dos alunos perguntando-lhes quais especia-
rias conhecem ou já consumiram. Comente que muitos desses produtos
estão presentes em nosso cotidiano, utilizados no preparo de pratos ou
para curas de doenças e alívios de dores. A canela, por exemplo, é larga-
mente utilizada para aprimorar o sabor de alguns doces como o curau e o
arroz-doce; já a noz-moscada tempera pratos salgados, como molhos, ou
purê de batatas, por exemplo. O gengibre, além de ser utilizado para fins
culinários, é um dos ingredientes para o preparo de xaropes caseiros para
curar tosses.
Página 135
■■ Caso queira complementar o estudo da página, comente com os alunos que
o pioneirismo português e espanhol no processo de expansão marítima po-
de ser explicado por alguns motivos, entre os quais:
■■ Conquista de Ceuta: em 1415 os portugueses conquistaram a cidade de
Ceuta, que era dominada pelos mouros, o que possibilitou aos lusitanos o
controle de um importante centro comercial e estratégico no norte da África.
■■ Conquista de Constantinopla: com a tomada de Constantinopla pelos turco-
-otomanos em 1453, os europeus encontraram dificuldade para conseguir
especiarias provenientes das Índias percorrendo caminhos terrestres. Dian-
te disso, tiveram que utilizar a navegação para consegui-las.
■■ Conquista de Granada: em 1492, o recém-formado Estado espanhol pôs
fim ao processo de reconquista da península Ibérica, dominada pelos mou-
ros desde o século VII.
■■ Acúmulo de metais preciosos: o acúmulo de metais preciosos, entre eles o
ouro, era uma prática comum nos Estados europeus dos séculos XV e XVI.
Esses metais, além de servirem para a cunhagem de moedas, eram usados
em estado bruto nas trocas comerciais.
■■ Religiosidade: o ideal de evangelização, ou seja, levar a fé cristã a pessoas
que não a conheciam, era muito forte nos Estados de Portugal e Espanha
nos séculos XV e XVI.
82
Sugestão de atividade
Página 136
■■ Comente com os alunos que Inter Coetera é uma expressão latina que sig-
nifica “entre outros” e que esta foi a primeira bula de determinação papal
para dividir as terras encontradas entre Portugal e Espanha.
e Absolutismo
Objetivos
■■ Estudar o contexto histórico da Europa nos séculos XVI e XVII.
■■ Conhecer os principais aspectos das reformas religiosas ocorridas no século XVI.
■■ Compreender o processo de formação dos Estados absolutistas europeus.
■■ Estudar características do Absolutismo francês.
■■ Conhecer o cotidiano de trabalho em uma tipografia da época de Johannes
Gutenberg.
83
A Reforma e a Idade Moderna
[...] A Reforma contribuiu, em muitos aspectos importantes, para a formação da
modernidade. Ao dividir a cristandade em católica e protestante, destruiu a unida-
de religiosa da Europa, a principal característica da Idade Média, e enfraqueceu a
Igreja, principal instituição da sociedade medieval. Fortalecendo o poder dos mo-
narcas às expensas dos órgãos religiosos, a Reforma estimulou o crescimento do
Estado moderno, secular e centralizado. [...]
A Reforma contribuiu também para a criação da ética individualista que caracteriza
o mundo moderno. Uma vez que os protestantes, ao contrário dos católicos, não tinham
nenhum intérprete oficial das Escrituras, ficava a cargo do indivíduo a terrível respon-
sabilidade de interpretar a Bíblia de acordo com os ditames de sua consciência.
[...] A devoção não era determinada pela igreja, mas pelo indivíduo autônomo, cuja
consciência, iluminada por Deus, era a fonte de todo julgamento e autoridade. [...]
Ao ressaltar a consciência individual, a Reforma pode ter contribuído para o de-
senvolvimento do espírito capitalista, que fundamenta a economia moderna. Assim
argumentou o sociólogo alemão Max Weber em [Ética protestante e o espírito do ca-
pitalismo] (1904). [...] Os homens de negócio protestantes acreditavam ter a obrigação
religiosa de enriquecer, e sua fé lhes dava a autodisciplina necessária para isso. [...]
[...] O protestantismo produziu, portanto, uma atitude profundamente individu-
alista que valorizava a força interior, a autodisciplina e o comportamento sóbrio e
metódico — atributos necessários a uma classe média em busca de sucesso num
mundo altamente competitivo.
MARVIN, Perry. Civilização ocidental: uma história concisa. 3. ed. Trad. Waltensir Dutra; Silvana Vieira. São Paulo:
Martins Fontes, 2002. p. 244-6.
Comentários e sugestões
[...] Luís XIV inventou o luxo tal como o conhecemos hoje. Os diamantes e o
champanhe, por exemplo, tornaram-se sinônimo de sofisticação e glamour em seu
reinado. Os sapatos de salto alto [na época, adotado por homens e mulheres], in-
dispensáveis para as mulheres elegantes, foram ideia dos artesãos palacianos. A
84
gastronomia francesa, com seus chefs, e a alta-costura, com seus estilistas-estrelas,
■■ A imagem apresentada como fonte B mostra uma cena em que Martinho Lu-
tero, líder da Reforma Protestante, afixa um documento na porta de Igreja
Católica de Wittenberg, na Alemanha. O conteúdo desse documento trazia
algumas considerações contra a Igreja e ficou conhecido como 95 Teses de
Lutero. Em primeiro plano, pessoas observam a ação do religioso.
■■ A fonte C é uma imagem que representa várias pessoas trabalhando no
processo de produção de um livro, entre elas, Johannes Gutenberg, o inven-
tor da prensa de tipos móveis. Gutenberg, ao fundo, confere uma página
impressa enquanto os outros indivíduos realizam atividades diversas, como
leitura e prensa das folhas. Nota-se, pela observação das páginas pendura-
das no alto da imagem, que o processo de secagem das folhas impressas
não era rápido.
■■ A gravura — fonte D — faz a representação de uma cena em que os hereges
são queimados na fogueira durante a Inquisição. O fato ocorre no plano de
fundo da imagem, com presença de um réu sobre um cadafalso, enquanto
algumas pessoas acendem fogueiras em volta dele. Participam também pes-
soas da nobreza e da Igreja, como pode ser observado pelo sacerdote, com
um crucifixo na mão, em primeiro plano. Comente com os alunos que o auto
de fé era um evento público promovido pela Coroa espanhola em vilas, cidades
e abadias, a fim de punir as pessoas condenadas pelo Tribunal do Santo Ofí-
cio (a Inquisição Católica) por heresia. De acordo com os costumes da época,
o auto de fé começava com uma procissão, que partia da prisão da Inquisição
e ia até a praça central. Participavam dessa procissão todos os habitantes
locais, incluindo os condenados. Na praça, era realizada uma longa missa e,
em seguida, começavam os rituais de punição dos hereges.
85
■■ Os elementos relacionados à impressão de livros, na fonte C, são a prensa de
tipos móveis, as páginas com os conteúdos impressos, a secagem das pági-
nas e as formas de tipos móveis empilhadas sobre uma mesa, que está atrás
de Gutenberg.
■■ A Inquisição foi criada pela Igreja Católica com o objetivo de investigar e punir
aqueles que cometiam ações consideradas condenáveis pela Igreja. As penas
da Inquisição podiam variar, desde a perda de liberdade até a morte, com o
indivíduo queimado na fogueira. Os personagens na fonte D foram represen-
tados participando de um auto de fé. Entre estes estão sacerdotes, pessoas
pertencentes à nobreza e o réu.
Página 147
■■ Explore a linha do tempo com os alunos, fazendo-lhes perguntas como:
Quando teve início o Concílio de Trento? O que foi esse concílio?; Quando
teve fim a Guerra dos Trinta Anos e qual documento marcou esse fim? etc.
■■ Comente com os alunos que fraticelli foi uma congregação fundada por um
grupo de religiosos franciscanos em 1294. Os fraticelli tiveram uma relação
conflituosa com a Igreja, pois contestavam o luxo e a ostentação de alguns
clérigos em um momento em que a Europa passava por sérias crises de
fome e pestes. Por se oporem a esse comportamento dos clérigos, em 1318
foram condenados pelo Papa João XXII.
■■ A expressão valdense deriva do nome do criador da seita, o mercador Pedro
Valdo, no ano de 1174 em Lyon. Pedro Valdo queria pregar o Evangelho em
seu idioma, por isso mandou traduzir a Bíblia . No entanto, o pedido de sua
ação foi negado pelo bispo diocesano no Concílio de Latrão, em Roma, o
que ocasionou conflito com a Igreja Católica. Porém, mesmo sem liberdade
de culto e sofrendo constantes perseguições, os valdenses mantiveram seus
princípios após a Reforma protestante.
Página 148
■■ Comente com os alunos que Lutero, ao fundamentar sua doutrina, baseou-
-se na ideia de justificação pela fé, ou seja, a salvação cristã dependeria da
crença das pessoas em Deus, e não na realização dos rituais católicos. Além
disso, acreditava que somente a Bíblia podia revelar a vontade de Deus, sem
precisar da interpretação teológica dos clérigos católicos. Outro importante
elemento da doutrina luterana era o sacerdócio universal, isto é, o princípio
de que todos os fiéis seriam membros do sacerdócio, eliminando a diferen-
ça entre leigos e clérigos. Consequentemente, deveria ser eliminada toda a
autoridade do papa e da Igreja. Lutero também traduziu a Bíblia do latim
para o alemão, possibilitando que mais pessoas pudessem ter acesso direto
ao que os cristãos consideram a palavra de Deus. A tradução contribuiu
para a sistematização da escrita em alemão, contribuindo para o desenvol-
vimento da Língua Alemã moderna.
Página 149
■■ Explique aos alunos que, no período medieval, o tribunal da Igreja respon-
sável por julgar as pessoas consideradas hereges chamava-se Tribunal do
86
Santo Ofício. Esse tribunal normalmente punia os pecadores com a exco-
Página 151
■■ Sobre a Inquisição no Brasil, leia o texto a seguir. Se julgar conveniente,
apresente as principais informações aos alunos.
Tudo mudou com a chegada da visitação, que integrou nova estratégia inquisi-
torial, em tempo de União Ibérica, voltada para o Atlântico hispano-português. A
estreia do Santo Ofício no Brasil amedrontou mais do que prendeu os cristãos-
-novos, embora tenha destroçado a sinagoga de Matoim, no Recôncavo Baiano. Em
todo caso, deixou um rastro deletério, rompendo a solidariedade cotidiana que
unia cristãos-velhos e novos da Colônia.
Ao longo do século XVII, outras visitações deram seguimento à ação inquisitorial,
reforçada, no século XVIII, pela consolidação de uma rede de familiares e comissários,
além da justiça eclesiástica, que pinçava suspeitos de heresia em suas visitas diocesanas.
Foi esta a máquina que viabilizou a Inquisição no Brasil, resultando no seguinte balan-
ço: 1 074 presos, sendo 776 homens e 298 mulheres; 48% deles e 77% delas eram cris-
tãos-novos acusados de judaizar; a grande maioria dos homens presos (62%) morava
na Bahia, em Pernambuco e no Rio de Janeiro, enquanto a maioria das mulheres (54%)
vivia em terra fluminense, seguidas de longe pelas mulheres da Bahia (14%).
O auge da ação inquisitorial ocorreu na primeira metade do século XVIII (51%
dos presos). Vinte homens e duas mulheres da Colônia foram queimados em Lis-
boa, todos por judaizar. Dentre eles, o dramaturgo carioca Antônio José da Silva
(1739) e a octogenária Ana Rodrigues, matriarca do engenho de Matoim. A velha
sinhá embarcou para Lisboa acompanhada de uma escrava e morreu no cárcere em
1593. Nem assim ela escapou da fogueira. O Santo Ofício desenterrou seus ossos
para queimá-lo em auto de fé, no Terreiro do Paço.
VAINFAS, Ronaldo. O que a Inquisição veio fazer no Brasil? Revista de História da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro:
Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional, ano 7, n. 73, out. 2011. p. 21.
87
Páginas 154 e 155
■■ A substituição do pergaminho pelo papel foi essencial para a invenção da pren-
sa. Enquanto o pergaminho era feito com peles de animais e tinha um preço
muito elevado, o papel, feito de trapos moídos, tinha um preço bem mais baixo,
possibilitando a popularização dos livros impressos. Contudo, apesar de
a prensa de Gutenberg ter revolucionado o mundo editorial e rompido com a
tradição medieval de produção de manuscritos, alguns costumes daquela épo-
ca foram mantidos. Leia, a seguir, um texto do historiador Roger Chartier sobre
as permanências medievais na produção de livros após a invenção da prensa.
Página 157
Explorando a imagem
88
torno de uma pequena mesa, enquanto os outros estão próximos ao fogo.
Saleiro
O sal era usado como tempero e
também para conservar o alimento.
Objetivos
■■ Estudar as consequências do encontro entre europeus e indígenas americanos.
■■ Compreender os principais motivos que possibilitaram a conquista europeia
sobre os povos indígenas da América.
■■ Estudar os principais aspectos da colonização dos territórios americanos ocu-
pados pelos europeus.
■■ Entender que as principais atividades econômicas dos europeus na América
foram a mineração e a agricultura.
■■ Perceber que a mão de obra indígena e africana foram amplamente exploradas
pelos europeus em suas colônias na América.
■■ Estudar a organização da sociedade colonial na América.
■■ Conhecer aspectos da sociedade latino-americana atualmente.
89
Uma forma comum de exploração do trabalho indígena ficou conhecida como
encomienda: os índios eram colocados sob a responsabilidade de um espanhol, que
explorava seu trabalho em troca de dar-lhes uma educação cristã. Este sistema
agradava ao rei, pois garantia a educação cristã, e agradava ainda mais aos colonos
espanhóis, pois garantia, na prática, mão de obra abundante e gratuita em troca de
algumas poucas aulas de catequese. [...]
Outra forma de exploração dos índios foi reparti-los sob a tutela de um funcio-
nário real, pagando-se a eles uma espécie de salário pelos seus serviços. Na prática,
nem este sistema (usualmente chamado de repartimiento) nem a encomienda im-
pediam a total e aberta exploração dos índios.
Esgotados no trabalho das minas de prata do México, explorados nas plantações
pelos encomenderos, destruídos pelas constantes epidemias trazidas da Europa, a
população indígena declinou de cerca de 25 milhões para menos de 1 milhão na
região central do México. [...]
[Mas] não bastava controlar os índios e extrair o fruto do seu trabalho. [...] A
imensa riqueza e os excessos cometidos por eles [colonizadores], porém, levaram
o rei a procurar ter um controle mais direto sobre as áreas conquistadas. O México
recebeu, então, um vice-rei. [...]
O vice-rei prestava obediência somente ao rei. Porém, era mais comum que sua
comunicação não fosse diretamente com o soberano, mas com o conselho criado
para tratar da América: o Conselho das Índias. Este grupo de pessoas recebia, na
Espanha, as cartas vindas das autoridades na América; resolvia as disputas e nome-
ava as autoridades.
Grandes regiões foram subdivididas em áreas administrativas chamadas de Au-
diências. Os membros das Audiências faziam visitas de inspeção pelas cidades e
aldeias. Muitas cidades também tiveram um Cabildo, espécie de Câmara de Vere-
adores ou governo municipal. Os membros do Cabildo eram escolhidos entre a
elite local: grandes proprietários ou grandes comerciantes.
Muito cedo, nos Cabildos, surgiria um tipo de conflito que marcaria a história
da América até o século XIX: os interesses daqueles brancos descendentes de espa-
nhóis que já tinham raízes na região muitas vezes se chocavam com os interesses
dos recém-chegados da Espanha. Os brancos nascidos na América eram chamados
de criollos. Os espanhóis passaram a ser apelidados de chapetones. Como o governo
espanhol confiava mais nestes últimos do que nos criollos e só nomeava autoridades
chapetones para os cargos, as tensões foram crescendo.
Havia vários impostos cobrados sobre o México. Um dos mais famosos era o
quinto (em geral 20%), imposto sobre a produção de metais. O rei também recebia
dinheiro pelos produtos exportados e importados pelo México. Havia monopólios
reais, ou seja, produtos que somente a Coroa podia explorar como o sal, a pólvora
e o mercúrio, metal utilizado para extrair a prata do solo. Estes impostos garantiram
que os reis espanhóis tivessem muito poder e transformassem seu país na grande
potência europeia dos séculos XVI e XVII.
KARNAL, Leandro. A conquista do México. São Paulo: FTD, 1996. p. 34-6. (Para conhecer melhor).
90
Comentários e sugestões
91
Conversando sobre o assunto
■■ Os personagens representados na fonte A são espanhóis e indígenas astecas.
Os primeiros utilizavam espada e lança como armas, enquanto os indígenas
utilizavam arco e flecha e porretes. Pela fonte, infere-se que os espanhóis
saíram vitoriosos na batalha, matando os indígenas (despedaçados ao chão)
por meio de suas armas de maior porte.
■■ Nota-se, pela fonte B, que os primeiros anos de colonização espanhola na
América significaram violência, submissão e morte de muitos nativos. Os eu-
ropeus que ali chegaram dominaram o território e submeteram os indígenas a
trabalhos forçados e à conversão religiosa. Sobre as relações de trabalho, fica
evidente, pela análise da fonte, que os europeus usaram métodos violentos
contra os indígenas (açoites, acorrentamento, mutilação).
■■ Os elementos representados na fotografia são as escadarias, de origem indí-
gena; a catedral, de origem colonial europeia; e os prédios, edificados con-
temporaneamente.
Página 163
■■ Comente com os alunos que, em menos de um século após a chegada dos
europeus ao continente americano, grande parte dos 80 milhões de indíge-
nas que viviam na América havia morrido. Essas mortes foram provocadas
pelas guerras de conquistas, travadas entre os indígenas e os europeus,
pelas doenças disseminadas entre os nativos que, por não possuírem anti-
corpos para combater os vírus, acabaram morrendo, e por fim, pelas difíceis
condições de trabalho a que foram submetidos pelos colonizadores.
92
■■ Explique aos alunos que a figura de Malinche é extremamente contraditória
Página 166
■■ Comente com os alunos, caso julgue conveniente, que os incas não aceita-
ram passivamente a dominação espanhola e, em vários momentos, lutaram
Explorando a imagem
■■ Proponha aos alunos que analisem a gravura Primeiro encontro entre Pizarro
e Atahualpa em 1532 e, em seguida, discutam sobre o domínio espanhol no
Império Inca, de modo a explorar sua percepção sobre o genocídio indígena,
a aculturação, os motivos da conquista e, de que maneira esse contexto his-
tórico se reflete na situação dos indígenas da América na atualidade. Peça
para que observem os elementos que identificam a cultura inca e a espanho-
la, desde as vestes e adornos até a fisionomia destes personagens na gravu-
ra. Além disso, destaque a organização dos incas: a posição ocupada por
Atahualpa e a quantidade destes nativos com relação aos espanhóis. Dos
últimos, que percebam a cordialidade para com Atahualpa e seu povo — que
seria desmistificada após sua morte —, além da presença do padre, que indi-
ca a tentativa de conversão dos indígenas ao catolicismo.
93
Página 169
■■ Sobre os grupos sociais na América espanhola, comente com os alunos que as
relações de poder dependiam da posição social de cada pessoa. O que
designava o lugar ocupado pelo indivíduo na sociedade eram o seu local de
nascimento ou a sua descendência. Aos espanhóis que viviam nas colônias
e aos seus descendes diretos, nascidos na América, delegavam-se posições
e cargos de maior prestígio. Aos grupos formados por aqueles que tinham
descendência indígena, eram indígenas nativos ou africanos, restavam po-
sições e trabalhos relegados pela elite da sociedade colonial.
Página 170
■■ Sobre o trabalho dos indígenas nas minas de Potosí, leia as informações a seguir.
94
Além dos textos jornalísticos da cobertura dos meios de comunicação e dos
■■ Após a leitura do texto com os alunos, peça para manifestarem suas opiniões
sobre o uso de mídias, como a internet, em seu cotidiano. Indague-os a
respeito de fatos de grande repercussão, publicados em páginas da internet,
ou mesmo acontecimentos locais ligados ao cotidiano dos alunos, seja a
comercialização de algum produto, uma manifestação a respeito de algo
ocorrido no Brasil ou no mundo ou, até mesmo, a divulgação de uma festa
em um site de relacionamento. Incentive-os a refletir sobre como a internet
pode interferir na vida das pessoas. Aproveite o momento para debater sobre
o uso dessas mídias com ética e respeito ao próximo.
Sugestão de atividade
Análise de Filme
■■ Sobre a conquista e a colonização da América pelos europeus, assista, se
julgar conveniente, ao filme Aguirre , a cólera dos deuses .
Esse filme foi produzido, escrito e dirigido pelo alemão Werner Herzog. Lan-
çado em 1972, apresenta uma visão onírica dos Andes e da Amazônia, trazendo
como personagem central o soldado Lope de Aguirre, interpretado por Klaus
Kinski. Inspirado no personagem histórico homônimo, de origem basca, Aguirre
é um assassino ávido por riquezas que, no decorrer da história, se torna cada
vez mais insano.
Fazendo referência a um acontecimento histórico de 1560, a narrativa come-
ça no Peru, onde se encontram Aguirre, sua filha Flóres e dois nobres espanhóis,
Pedro de Ursúa e Fernando de Guzman. Em nome da Coroa espanhola, eles
começam uma expedição descendo o “Rio Grande” (o Amazonas) em jangadas,
acompanhados por soldados espanhóis, guias indígenas e um padre. O princi-
pal objetivo da expedição era encontrar a cidade mítica de El Dorado, onde,
segundo a lenda, havia ouro em abundância.
Enquanto desce o rio, a expedição se depara com vários problemas, como
redemoinhos e, principalmente, ataques de indígenas da região. Para impres-
95
sioná-los, a expedição traz consigo um cavalo — animal desconhecido pelos
indígenas — e um homem de pele escura — característica física que eles tam-
bém não conheciam.
Em meio a muitas adversidades, os dois nobres são assassinados e Aguirre
assume o comando da expedição. Acreditando que organizaria uma rica colônia,
Aguirre ordena aos soldados que o sigam numa rebelião contra a Coroa espa-
nhola, assassinando quem não concordasse com ele.
Apesar de a expedição incluir personagens históricos que não faziam parte
dela, e de apresentar um desfecho idealizado para Aguirre, o filme mostra rela-
ções de poder e modos de agir característicos do início da colonização da
América espanhola.
Objetivos
■■ Conhecer os principais acontecimentos que marcaram os primeiros anos da
colonização do Brasil.
■■ Estudar as atividades econômicas desenvolvidas pelos portugueses nas pri-
meiras décadas da colonização.
■■ Compreender que a mão de obra africana foi a base da economia brasileira
durante todo o período colonial.
■■ Compreender o funcionamento de um engenho de açúcar no período colonial.
■■ Conhecer os principais aspectos da presença holandesa no Nordeste brasilei-
ro durante algumas décadas do século XVII.
■■ Compreender que os africanos resistiram à dominação portuguesa por meio
de negociações, lutas e fugas.
96
O início da colonização do Brasil
97
Comentários e sugestões
■■ A imagem apresentada como fonte B foi produzida pelo artista holandês Frans
Post, no século XVII, no contexto da colonização e do trabalho nos engenhos
de açúcar. Ela representa um engenho de açúcar no Brasil. Nessa pintura, Frans
Post representou os trabalhadores do engenho e os africanos escravizados
exercendo suas funções. Alguns estão transportando a cana-de-açúcar para o
moinho, onde outros escravos trabalham tirando o suco da planta. Há também
um grupo de escravos carregando uma liteira, provavelmente ocupada pelo
senhor de engenho. Ao fundo, Frans Post representou a casa-grande, que era
o local onde morava o proprietário, sua família e seus escravos domésticos.
■■ A fonte C é uma fotografia que retrata uma manifestação de indígenas duran-
te a comemoração dos 500 anos do “Descobrimento do Brasil”. A imagem
apresenta uma multidão de pessoas utilizando trajes como camisetas e ber-
mudas, além de adornos indígenas, como cocar, saias feitas de palha e cola-
98
res. Esses indivíduos estão protestando contra a comemoração da data, uma
Página 181
■■ Caso julgue conveniente, leia para os alunos o texto a seguir, que trata da
importância dos conhecimentos indígenas para a sobrevivência dos primei-
ros colonizadores europeus.
Cada navio que aportava no Brasil deixava uma leva de europeus. Sobreviviam
os que casavam com índias, aceitos pelos nativos segundo a praxe de oferecer ao
visitante uma mulher da tribo. Numa época de guerras, era vantajosa a absorção
dos estrangeiros, que se tornaram peças-chave em um esquema de escambo que
abrangia, além do pau-brasil, o abastecimento das naus.
Os europeus pagavam com facas e espelhos. Para os índios, os objetos de metal
eram um enorme avanço e os espelhos, espantosos. [...] Os europeus integrados às
tribos comandavam seus parentes homens no corte e no transporte da madeira,
faziam as transações e reforçavam o poderio do grupo, fornecendo-lhe instrumen-
tos de ferro. Essas tribos tinham vida muito melhor e os novos membros, posição
privilegiada. [...]
Esses europeus se adaptaram bem à nova situação, tornando-se quase índios.
Andavam nus, comiam mandioca, aprendiam o nome das plantas, a época certa do
cultivo, a língua nativa. E geravam filhos [...] brasileiros: identificados com o pai
poderoso, mas herdeiros dos costumes da mãe. Criados no cruzamento da cultura
materna e das informações paternas, constituíram a base na qual se assentaria a
colonização. [...]
99
A solução encontrada pelos portugueses para assegurar a posse da terra foi as-
sociar-se a uma tribo indígena a fim de promover guerra aos inimigos desta. A
partir de 1553, os recém-chegados firmaram acordos com os tupis contra os ta-
puias, ou seja, todos os não tupis. Tais alianças eram vitais, pois no Rio de Janeiro,
os franceses, que disputavam com os portugueses a posse do Brasil, haviam se
aliado aos inimigos dos tupis. Além disso, os escravos tão necessários para os bran-
cos podiam ser capturados nas tribos inimigas.
[...] Para os portugueses, a convivência com os tupis era essencial para que pu-
dessem se fixar na terra. Enquanto tentavam adaptar as sementes trazidas da
Europa, aprendiam a sobreviver nos trópicos: os índios lhes mostravam as plantas
comestíveis, as boas madeiras, ensinavam-nos a dormir em redes, caçar, pescar e
cultivar a terra. Na prática, tratava-se de uma aliança informal, baseada em uma
grande novidade para época: o casamento. A ocupação do território dependia,
assim, do bom relacionamento com os nativos. [...]
CALDEIRA, Jorge. Viagem pela História do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. p. 22-3; 31; 33-4.
Página 183
■■ O mapa apresentado nessa página, desenhado pelo português Luís Teixeira,
em 1574, mostra a divisão do Brasil em capitanias hereditárias.
Página 187
■■ Observe a litografia do navio negreiro com os alunos. Em seguida, se julgar
conveniente, apresente-lhes as informações a seguir.
O número de escravos por navio era... o máximo possível. Uns quinhentos numa
caravela, setecentos num navio maior [...] iniciavam a viagem que demorava de 35
a 50 dias a partir de Angola até Recife, Bahia ou Rio de Janeiro, numa viagem nor-
mal. Calmarias ou correntes adversas podiam prolongar a travessia até cinco ou
seis meses, tornando mais dantescas as cenas de homens, mulheres e crianças es-
premidos uns contra os outros, vomitando e defecando frequentemente em seus
100
lugares, numa atmosfera de horror que o calor e o mau cheiro se encarregavam de
Explorando a imagem
Página 193
■■ O texto a seguir, trata sobre o Dia Nacional da Consciência Negra. Apre-
sente-o aos alunos.
101
ção da população afrodescendente brasileira, mantendo luz sobre nosso passado escra-
vista e criando formas de construir ações de combate ao seu legado funesto. [...]
Portanto, [...] é igualmente um momento para potencializar as estratégias de
ações afirmativas que permitam à população afrodescendente e, por extensão, ao
conjunto da população brasileira marginalizada, reafirmar sua presença social, sua
cidadania. [...]
OLIVEIRA, Marco Antonio de. 20 de novembro (1995) Dia da Consciência Negra. In: BITTENCOURT, Circe (Org.).
Dicionário de datas da história do Brasil. São Paulo: Contexto, 2007. p. 271; 274.
Sugestão de atividade
A produção de açúcar no Brasil
■■ Leia o texto a seguir sobre o modelo de produção de açúcar implantado no
Brasil colonial.
102
O desenvolvimento dos engenhos e o uso extensivo da terra atenderam à gran-
da colônia portuguesa
Objetivos
■■ Conhecer o contexto político e econômico de Portugal no século XVII.
■■ Estudar o papel dos bandeirantes na economia colonial brasileira.
■■ Compreender que a mineração impulsionou a migração de grande número de
pessoas para o interior do país.
■■ Estudar as etapas do trabalho de mineração.
■■ Compreender que as regiões mineradoras no interior do Brasil eram percorridas
e abastecidas pelos tropeiros.
■■ Estudar as principais consequências da mineração, como a formação de vilas
e cidades e a delimitação das fronteiras.
■■ Perceber que as novas ideias e revoluções que ocorriam pelo mundo durante
os séculos XVII e XVIII influenciaram vários movimentos revoltosos no Brasil.
103
das primeiras jazidas e a decadência dos filões auríferos: pouco tempo para o tér-
mino de um sonho que envolveu milhares de pessoas e favoreceu a primeira explo-
são urbana da vida brasileira. Incentivando a fundação de cidades, Portugal pro-
curava facilitar a cobrança de impostos; em curto prazo, no entanto, as vilas criadas
voltaram-se contra a Coroa, protestando contra o fisco e seus abusos. Um modo de
ser brasileiro começava a exprimir-se, não só nos protestos, mas também na obra
de numerosos artistas que o ouro inicialmente atraiu, depois forjou: músicos, po-
etas, pintores, arquitetos, escultores, entalhadores. Trabalhando em geral como
simples operários — muitos dos quais permanecem até hoje anônimos —, esses
homens fizeram explodir o barroco na terra mineira. [...]
FEIST, Hildegard (Ed.). Saga: a grande história do Brasil, vol. 2. São Paulo: Abril Cultural, 1981. p. 103
Comentários e sugestões
104
Conversando sobre o assunto
Página 200
■■ Caso julgue conveniente, apresente aos alunos as informações a seguir, que
tratam da retomada do trono português, por D. João IV.
■■ Explore a linha do tempo com os alunos. Peça para que observem os fatos
destacados e associem com os conteúdos apresentados, por exemplo, a
expulsão dos holandeses, em 1654. Pergunte-lhes qual a relação deste fato
com a coroação de D. João IV no trono português.
Página 201
■■ O texto a seguir trata do período de domínio holandês no Brasil. Se julgar
interessante, comente as informações com os alunos.
105
Numa certa noite de março de 1644, o conde Johann Mauritius van Nassau (ou
João Maurício de Nassau) — governador e mecenas do Brasil — conclamou o po-
vo de Recife a assistir uma grande festa durante a qual, garantiu ele, um boi iria
voar. Houve quem logo duvidasse, é claro. Até os mais céticos, porém, devem ter
pensado duas vezes antes de rir na cara do conde. Afinal, não estavam eles na ci-
dade mais cosmopolitana e avançada da América? Um jardim não floria onde antes
fora charco? O porto não fervilhava repleto de navios e de mercadorias de todo o
mundo? Não produziam a pleno os engenhos? Oficiais ingleses e investidores ju-
deus, aventureiros suecos, mascates escoceses, negociantes alemães e franceses às
centenas não percorriam ruas impecavelmente pavimentadas? Além disso, naque-
la mesma tarde não fora inaugurada a maior ponte da América, um prodígio ar-
quitetônico de 318 metros de comprimento? Desde que assumira como governa-
dor, capitão e almirante-general das terras conquistadas ou por conquistar pela
Companhia das Índias Ocidentais no Brasil, Nassau tinha tirado a colônia do chão.
No dia da inauguração da ponte e da festa do boi voador, porém, ao príncipe só
restavam dois meses de Brasil. Mesmo que um boi voasse, a obra de Nassau logo
iria por água a abaixo.
Por 24 anos, os holandeses foram senhores de sete das dezenove capitanias em
que se dividia o Brasil do final do século XVII. Velhos parceiros comerciais de
Portugal atacaram a maior das colônias lusas, entre outras razões, porque travaram
com a Espanha a guerra por sua independência. Invadir o Brasil era unir o útil do
lucro açucareiro ao agradável da vingança contra um inimigo ancestral. A tomada
da zona produtora de açúcar do Brasil foi o plano minuciosamente articulado pela
Companhia das Índias Ocidentais — empresa de capital privado que obteve do
governo holandês o monopólio do comércio com a América e a África. A invasão
de Salvador, em 1624, durou apenas um ano e deu prejuízo à companhia. Mas, em
março de 1630, os holandeses tomaram a cidade de Recife — e lá ficaram até a sua
expulsão, em janeiro de 1654. Ao longo desse quarto de século, os sete anos conhe-
cidos como o tempo de Nassau (1637 a 1644) marcaram o apogeu do domínio
holandês no Brasil, originando a tradição segundo a qual o destino desse país seria
mais nobre caso o projeto colonial da Companhia das Índias Ocidentais tivesse
sido mantido. Mas o fato é que, como o próprio Nassau previra, menos de um ano
depois de sua partida — antes da qual o conde fez voar um couro de boi cheio de
palha por fios que a noite escondia —, azedou-se de vez o doce Brasil holandês.
BUENO, Eduardo. Brasil: uma História. A incrível saga de um país. São Paulo: Ática, 2002. p. 88.
Página 202
■■ A gravura de Debret intitulada Soldados índios escoltando selvagens foi
produzida em 1827. Chame a atenção dos alunos para o fato de que, nessa
imagem, tanto os perseguidores quanto os perseguidos são indígenas. Isso
se deve ao fato de que, durante o período das bandeiras de preação, os
indígenas e mestiços da costa se aliaram aos portugueses para capturar indí-
genas do interior e escravizá-los. Comente com eles que isso acontecia em
razão de uma série de fatores, entre eles, o fato de muitos mestiços serem
filhos dos próprios portugueses com mulheres indígenas; além disso, desde
antes da chegada dos portugueses ao continente, muitos povos indígenas
já eram inimigos entre si.
106
Página 203
No fim do documento há um texto descrevendo as quantias que serão revertidas em quintos: “Em que
se mostra importar o Real 5 o neste 3 o Trimestre de 1767, a quantia de vinte, sete arrobas, onze
marcos, sete onças, quatro oitavas, dezoito gr. E dois 5 os: O 7.m. 2. onc. 5/8. 7.gr. e 1/5 pertencente
as 5 a de Minas Nova, que não faz além da cota”.
Página 206
■■ Caso julgue conveniente, comente com os alunos que a alimentação dos
tropeiros consistia principalmente em carne seca, mandioca e leguminosas
como o feijão. O feijão com farinha, quase sem caldo, misturado à carne
seca e/ou à linguiça deu origem ao prato conhecido como feijão tropeiro.
■■ A pintura intitulada Partida da Monção , de 1897, representa a partida dos
monçoeiros para mais uma expedição. O quadro foi uma encomenda espe-
cial do governo de São Paulo, que buscava valorizar a identidade regional
107
resgatando a história dos bandeirantes, tropeiros e monçoeiros. O artista
José Ferraz de Almeida Júnior demorou três anos para finalizar a obra e,
durante sua elaboração, visitou várias vezes a cidade representada, Porto
Feliz, às margens do rio Tietê. Atualmente este quadro está exposto no
Museu Paulista da Universidade de São Paulo.
Páginas 208
■■ O barroco caracteriza-se pela exuberância das formas nas obras de arte.
Inspirado pela Contrarreforma, movimento do século XVI de restauração da
Igreja Católica, o estilo barroco trazia um forte fervor religioso, que foi espe-
cialmente acentuado em Minas Gerais, em razão da competição entre as
irmandades católicas. No início do século XVII, as ordens monásticas, como
a dos jesuítas, começaram a estimular a utilização do estilo artístico barroco
no Brasil. A partir de meados do século XVIII, o barroco mineiro passou a
adquirir feições próprias, sob a influência do estilo rococó, caracterizado
pela policromia (uso de diversas cores) e pelo aumento da utilização de dou-
rados, imprimindo elegância às obras. O barroco mineiro possui uma grande
originalidade, notável pela introdução de elementos que, na época, eram
inovadores, como a utilização de tons fortes das cores azul e vermelha, e a
representação de anjos com feições afro-brasileiras.
■■ Comente com os alunos que, na época da mineração brasileira, foram for-
madas associações de fiéis católicos nas regiões das minas. Essas associa-
ções ficaram conhecidas como irmandades. As irmandades exerciam um
importante papel na promoção do convívio social, pois reuniam pessoas de
diferentes grupos da sociedade mineira. Além disso, atuavam na melhoria
dos serviços públicos, promoviam a construção de asilos, orfanatos e hos-
pitais, prestavam assistência àqueles que necessitavam de alimentação,
vestuário ou moradia. Além disso, realizavam procissões e festas religiosas,
que contavam com a participação de músicos e artistas de Minas Gerais. No
final do período colonial, estima-se que existiam cerca de 300 irmandades
nessa capitania. Apresente aos alunos o texto a seguir, que trata da impor-
tância das irmandades mineiras para os escravos. Em seguida, apresentamos
sugestões de questionamentos.
Sugestão de atividade
As irmandades
[...] Para as populações escravas, as irmandades eram o único espaço de so-
ciabilidade consentido [...] pelas autoridades. Ao invés de ameaça à ordem social,
eram entendidas pelo Estado absolutista português como instrumentos de con-
trole da sociedade. Controle, mas sem inibir a manifestação de sentimentos. Ao
contrário, sendo as mais numerosas, as irmandades de negros impunham-se
como veículos de expressão da cultura e da religiosidade negra africana, sobre-
tudo no que diz respeito a festas e celebrações de rituais religiosos.
[...] No Brasil, o catolicismo — religião do colonizador — se sobrepôs, mas
não substituiu as religiões dos africanos. Sob o seu manto protetor e aliadas a
elementos cristãos, cultivaram-se e preservaram-se tradições religiosas africa-
108
nas. Ritos e práticas religiosas de origem africana juntaram-se e se fundiram
109
Respostas das atividades
1
onde as águas são mais calmas e servem de
Capítulo
Estudar História é... apoio para a água da superfície. Por fim, o tem-
po da longa duração é representado pelo fundo
Exercícios de compreensão do oceano, onde as águas são praticamente
1 História é a ciência que estuda como os seres imóveis e sustentam as outras duas camadas.
humanos agem no tempo e no espaço, suas 8 Resposta pessoal. São exemplos de grupos so-
realizações em sociedade e as transformações e ciais: família, escola, comunidade de bairro,
permanências que ocorrem ao longo do tempo.
grupos de amigos e amigas, igreja, grupos ar-
2 Estudar História é importante porque ela nos tísticos (musicais, teatrais, literários), grêmios
ajuda a compreender as transformações e per- escolares, recreativos ou esportivos etc.
manências das sociedades ao longo do tempo,
9 São exemplos de conflitos que podem acontecer
além das semelhanças e das diferenças existen-
entre grupos socais com interesses divergentes:
tes entre elas, em diferentes épocas e lugares.
relações entre patrões e empregados, e o con-
Além disso, a História procura explicar as rela-
flito entre membros do grupo social Greenpeace
ções estabelecidas entre os seres humanos, de
e os membros do grupo social dos caçadores
maneira a nos auxiliar na compreensão dos
de baleia.
acontecimentos passados. Dessa forma, pode-
mos entender melhor o mundo em que vivemos 10 O trabalho é importante para a sociedade porque
e nos tornar mais capazes de agir para transfor- permite ao ser humano transformar a natureza
mar a sociedade. em seu benefício, a fim de atender às suas pró-
prias necessidades. Ele assume formas diferen-
3 O tempo é essencial para o estudo da História
tes de acordo com as características e neces-
porque ele permite a análise da duração das
sidades da sociedade em que é realizado. O
transformações e das permanências que ocor-
trabalho é essencial para o desenvolvimento
rem na sociedade.
humano.
4 Exemplo de acontecimento de curta duração: a
11 Em uma sociedade democrática, a atividade
assinatura de uma lei; exemplo de acontecimen-
política é realizada com base em uma Constitui-
to de média duração: o governo de Dom Pedro
ção, que é um conjunto de leis que definem os
II; exemplo de acontecimento de longa duração:
principais direitos e deveres de um país. Além
o sistema escravista.
disso, a população tem o direito de votar para
5 Os fatos que se transformam lentamente no decor- escolher seus governantes.
rer de séculos parecem não se alterar e, por isso,
12 Porque a economia envolve o gerenciamento de
podem ser considerados permanências históricas.
diversos fatores, como os citados na questão,
6 Ruptura histórica é uma mudança brusca ocor- e eles definem a forma como a sociedade se
rida no processo histórico. Geralmente são organiza para produzir bens que atendem as
acontecimentos breves, como uma revolução. necessidades humanas.
7 Braudel comparou o tempo histórico às águas 13 Fonte histórica é tudo aquilo que pode nos for-
do oceano. De acordo com a comparação de necer informações sobre o passado. São exem-
Braudel, o tempo dos acontecimentos é breve plos de fontes históricas: documentos escritos,
e móvel como a água que fica na superfície, como livros, cartas, decretos e biografias; do-
agitada pelo vento e pela chuva. O tempo das cumentos imagéticos, como pinturas, fotografias
conjunturas é a camada que fica logo abaixo, e caricaturas.
110
Expandindo o conteúdo de distância do local onde D. Pedro procla-
111
Discutindo a história 3 Porque ao longo desses mil anos, foram formadas
várias das atuais Nações da Europa; muitas das
17 a ) O ponto de vista do autor do texto A é de que
línguas faladas atualmente também surgiram na
o ritual antropofágico era uma prática comum
Idade Média. Nesse período a Igreja católica
entre os indígenas brasileiros, que atraía
tornou-se a mais importante instituição religiosa
pessoas de outras aldeias e chamava a aten-
do Ocidente. Além disso, foi no final da Idade
ção dos europeus; ele descreve o ritual com
Média que o capitalismo, sistema econômico
riqueza de detalhes.
adotado na maioria dos países da atualidade,
b ) O ponto de vista do autor do texto B é de que começou a se fortalecer. Por isso, vários histo-
não é possível afirmar se os rituais antropo- riadores consideram que a Idade Média foi o
fágicos de fato ocorriamentre os indígenas, período em que nasceu o mundo ocidental.
ou se essa é uma visão deturpada, criada
pelos europeus, que viam no “outro” (no in- 4 A Alta Idade Média é o período que vai do sécu-
dígena) os defeitos inaceitáveis que queriam lo V ao século X, época em que vários povos
ver, mas que não necessariamente existiam. germânicos invadiram o Império Romano e for-
maram diversos reinos. O cristianismo se forta-
c ) Resposta pessoal. Lembre os alunos que, nos
leceu durante a Alta Idade Média e, nesse período,
estudos de História, não existem “verdades pron-
ocorreu a lenta consolidação do sistema feudal.
tas” ou “absolutas”, mas, sim, verdades
A Baixa Idade Média é o período que vai do
parciais que vão sendo construídas conforme
século XI ao século XV, época em que o sistema
os estudos históricos avançam. Por isso, é
feudal entrou em crise e que houve uma revita-
comum encontrar versões diferentes sobre
lização das cidades e do comércio. Foi na Baixa
um mesmo acontecimento histórico. Promo-
Idade Média que surgiu a burguesia e que foram
va entre os alunos o respeito às diferentes
formadas as primeiras monarquias centralizadas
opiniões que possam surgir.
na Europa. No final desse período, teve início a
expansão marítima europeia.
2
Capítulo
112
mento de atividades como a produção artesanal tência de um paraíso. Além disso, tinham cultos
113
tura e arquitetura eram expressões artísticas que d ) São exemplos de cidades que eram ligadas
exaltavam principalmente acontecimentos bíbli- pelas rotas comerciais: Fez, Córdoba, Vene-
cos, a vida dos santos, a importância da fé. Além za, Cairo, Zhaia, Caliana, Bruges, Hamburgo,
do aspecto religioso, a arte bizantina valorizava Budapeste, Constantinopla, Kiev, Peshawar,
a figura do imperador, apresentando-o como um Bagdá, etc.
mediador entre Deus e o ser humano. Assim e ) Constantinopla era importante para o comér-
como os demais aspectos da cultura bizantina, cio medieval porque por ela passavam muitas
a arte também apresentava características ro- rotas comerciais vindas da Ásia, da África e
manas, gregas, orientais e cristãs. da Europa.
18 Alguns países da atualidade que receberam maior 21 a ) Os greco-romanos chamavam de “bárbaros”
influência da cultura bizantina são: Rússia, Bulgá- os povos estranhos a sua cultura e a seu
ria, Ucrânia e Hungria. O alfabeto utilizado nesses mundo.
países, por exemplo, mantém grande semelhança
b ) São exemplos de povos germânicos: visigo-
com o alfabeto grego, utilizado em Bizâncio. Além
dos, ostrogodos e hérulos (góticos); francos,
disso, a religião predominante nesses países é o
anglos, vândalos e lombardos (teutônicos).
cristianismo ortodoxo. A influência bizantina tam-
bém pode ser notada na arquitetura e no planeja- c ) De acordo com o texto, os fatores que, no sé-
mento urbano desses países. culo IV, motivaram a incorporação dos germa-
nos ao exército romano foram: a crise do Es-
Expandindo o conteúdo tado romano, que precisou incorporar muitas
tribos germânicas ao exército imperial para
19 a ) Justiniano governou o Império Bizantino no
policiar as fronteiras; e a diminuição da procu-
século VI.
ra pela carreira militar por parte dos romanos,
b ) Justiniano viveu em Constantinopla, que era
provocada pelo recuo demográfico da popula-
a capital do Império Bizantino.
ção e pela sua crescente cristianização.
c ) O texto afirma que, para “recuperar a grande-
d ) As invasões germânicas propriamente ditas
za perdida da velha Roma”, Justiniano orde-
foram precipitadas pela pressão de um povo
nou que fossem recenseados todos os inú-
oriental, os hunos, que levaram os germanos
meros textos das leis editadas pela antiga
em fuga a entrarem maciçamente em territó-
Roma e também as observações que os
rio romano.
eruditos e juristas de renome tinham feito
sobre eles. e ) As principais consequências das invasões
germânicas no Império Romano foram:
d ) Todos os escritos jurídicos coletados na épo-
a conquista da cidade de Roma, em 476, a
ca de Justiniano foram reunidos no grande
deposição do último imperador romano,
livro jurídico do Direito Romano, cujo nome
a quebra da unidade política anterior e o sur-
em latim é Corpus Juris Civilis Justiniani .
gimento de vários reinos germânicos. Esses
Essa obra é importante até hoje porque mui-
fatores marcaram o início da Idade Média.
tas leis atuais fazem referência a ela.
114
3
mento do poder dos reis e um fortalecimento do
Capítulo
115
possuíam muitas terras e, como em geral eram 11 A partir do século X, houve uma nova onda de
os únicos letrados, cuidavam da administração invasões na Europa, empreendida por árabes,
dos reinos e dos feudos. Os membros do baixo húngaros e vikings .
clero, por sua vez, não tinham origem nobre e
12 A rotação trienal de culturas foi uma técnica de
eram os encarregados de prestar atendimento
plantio que consistia em dividir as áreas agríco-
espiritual e auxílio material às pessoas pobres e
las em três campos: enquanto dois eram culti-
necessitadas das paróquias onde atuavam. Por
vados, um permanecia em repouso. Isso permi-
fim, havia o grupo dos camponeses, formado
tiu um grande aumento nas áreas cultivadas,
basicamente pelos servos da gleba. Eles podiam
promovendo uma maior oferta de alimentos.
usar algumas terras do feudo e, em troca, deviam
trabalhar para o senhor e permanecer nesse 13 Resposta pessoal. Dentre as inovações técnicas
feudo, assim como seus filhos e netos, por toda que possibilitaram mudanças nos métodos de
a vida. Além dos servos, o grupo dos campone- produção, por volta do ano 1000, estão a char-
ses era composto pelos vilões. Os vilões eram rua, a utilização do cavalo, a colhera de espá-
descendentes de antigos romanos, proprietários duas e os moinhos de água e de vento. O uso
de pequenos lotes de terra, que tiveram que da charrua, que era um arado munido de uma
ceder essas terras a senhores feudais em troca lâmina de metal, possibilitou revolver mais pro-
de proteção. Por causa de sua origem, os vilões fundamente o solo, aumentando a produção
eram camponeses livres, e não estavam presos agrícola. O uso do cavalo, que era mais forte e
à terra como os demais servos. Porém, tanto os rápido que o boi, tornou mais ágil o trabalho
servos como os vilões deviam ao senhor feudal de arar os campos de cultivo. O uso da colhera de
uma série de obrigações. espáduas possibilitou a concentração da força
8 Resposta pessoal. Na época feudal, a Igreja tinha de tração no peito do animal, aumentando sua
grande importância, pois muitas pessoas seguiam eficiência. A difusão dos moinhos movidos pela
os ensinamentos cristãos e se submetiam às água ou pelo vento promoveu o aumento na
suas regras. A Igreja recebia muitas doações de oferta de farinhas de cereais, melhorando a
dinheiro e de terras, o que a transformou na maior qualidade da alimentação.
proprietária de terras na Europa. Cada vez mais 14 Os motivos alegados pelo papa Urbano II para
rica e poderosa, a Igreja exercia grande influência convocar a Primeira Cruzada era expulsar os
política, por meio de alianças com reis e nobres. turcos que haviam conquistado a Palestina e
9 O enriquecimento da Igreja acabou criando pro- dificultado as peregrinações dos cristãos aos
blemas internos. Diversos membros do alto lugares onde Jesus viveu. Porém, além das
clero passaram a levar uma vida de luxo e rique- questões religiosas, outros fatores impulsiona-
za, afastando-se das questões religiosas. Muitos ram as Cruzadas. A população havia aumentado
cristãos, no entanto, não concordavam com e não existiam oportunidades de trabalho para
essa vida de luxo e acreditavam que a Igreja todos. Assim, enviar essas pessoas para com-
deveria retornar às suas origens. Alguns desses bater no Oriente em nome da fé cristã era tam-
religiosos criaram, então, as ordens monásticas, bém uma maneira de resolver os problemas
as quais, de modo geral, defendiam que os populacionais da Europa. As principais conse-
católicos deveriam viver de maneira simples, quências das Cruzadas foram: intensificação do
rezando, estudando, trabalhando e ajudando os comércio na Europa; aumento do consumo de
pobres e necessitados. produtos orientais; navegação pelo mar Medi-
terrâneo por mercadores europeus e crescimen-
10 São Francisco de Assis era filho de um rico co-
to das cidades europeias. Todos esses fatores
merciante que renunciou à herança e passou a
contribuíram para enfraquecer o poder dos
viver de esmolas, dedicando-se à religiosidade
nobres e desestruturar o sistema feudal.
e praticando a caridade. Francisco de Assis
queria provar que era possível viver na pobreza 15 As corporações de ofício, também chamadas de
e na humildade que, segundo ele, eram valores guildas, eram associações de artesãos que
originais do cristianismo. exerciam a mesma profissão. Esses profissionais
116
se agrupavam em corporações para defender Nessas universidades, mesmo sem abandonar
117
22 a ) A Catedral de Pisa possui paredes largas, com Passado e presente
poucas janelas; colunas retas, com o topo 24 a ) Alguns dos objetos inventados durante a Ida-
em formato de triângulo; e portais quadrados de Média que permanecem em nosso coti-
com a parte alta redonda. A Catedral de diano são: roupas de baixo, calças compri-
Chartres possui duas torres altas e colunas das, cintos com fivela, botões, óculos, espe-
que parecem se inclinar conforme ascendem; lhos de vidro, janelas de vidro, relógios me-
várias janelas enormes, decoradas com vi- cânicos, colheres e garfos.
trais; e portais com formato oval, com a b ) Alguns dos costumes do período medieval que
parte alta triangular. permanecem em nosso cotidiano são: o há-
bito de olhar o relógio, de comer com talhe-
b ) O estilo arquitetônico da Catedral de Pisa é
res e de utilizar bancos e cartórios para
românico; o estilo arquitetônico da Catedral
funções específicas.
de Chartres é gótico.
c ) Resposta pessoal. Espera-se que o aluno
c ) As diferenças entre as duas catedrais são: a atente para a importância de objetos que fo-
de Pisa é mais sóbria que a de Chartres, que ram inventados no passado e que continuam
possui vários adornos; a de Pisa possui tra- sendo usados em larga escala até hoje. Co-
ços que se alinham enquanto a de Chartres mente com os alunos que, por vezes, tratamos
possui traços que se sobrepõem; a de Pisa esses objetos com certa displicência, como
possui poucas janelas e nenhum vitral, en- se eles não tivessem tanta importância, mas,
quanto a de Chartres possui várias janelas na verdade, se não fosse pelos objetos inven-
tados na Idade Média, nosso modo de vida
com vitrais.
atual seria bastante diferente. Além disso, o
23 a ) Veneza e Gênova, na Idade Média, se tornaram progresso científico ocorre a partir do princípio
as duas maiores cidades comerciantes italia- de que novas invenções só podem surgir se
nas. Esse desenvolvimento mercantil foi fa- baseadas em invenções mais antigas.
vorecido pelo fato de as duas cidades serem
4
particularmente desfavorecidas para as ati-
Capítulo
b ) No Oriente, os venezianos vendiam trigo, vi- c ) Os beduínos aproveitavam os oásis para cul-
tivar plantas como trigo, lentilha, cebola, alho
nho, madeira, sal e peixe defumado, além de
e legumes.
ferro, madeira e escravos. De Bizâncio, os
venezianos traziam especiarias, seda e outros d ) Os beduínos criavam cabritos, carneiros e
camelos.
manufaturados; do Egito, traziam especiarias
e ouro. e ) Com suas caravanas, percorriam longas dis-
tâncias levando e trazendo mercadorias dos
c ) O acordo entre genoveses e cruzados consis- mais diversos lugares. O camelo era seu
tia no apoio genovês aos cruzados (com principal meio de transporte.
transporte, provisões e empréstimos), em f ) A religião dos beduínos era politeísta e seus
troca do recebimento de privilégios comer- vários deuses eram representados por ídolos
ciais nas cidades conquistadas por eles. Foi que ficavam guardados em um templo na
assim que os genoveses puderam formar um cidade de Meca. Essa cidade era um impor-
vasto e rico império colonial — arrancado dos tante centro religioso e atraía peregrinos de
bizantinos e muçulmanos. todas as partes da península.
118
2 De acordo com a tradição islâmica, no ano de 7 Resposta pessoal. Os muçulmanos permanece-
119
e ) A Caaba (palavra que em árabe significa “Ca- conhecidas dessa coletânea são: “Ali Babá e os
sa de Deus”) é um edifício cúbico, de apro- Quarenta Ladrões” e “As Sete Viagens de Sim-
ximadamente 15 metros de altura, que, se- bad, o Marujo”.
gundo a tradição religiosa, foi construído por
12 Avicena (em árabe Ibn Sina) foi um médico e fi-
Ibrahim (Abraão) e seu filho Ismael, em obe-
diência a uma ordem de Alá. É na Caaba que lósofo muçulmano que viveu entre os anos de
fica a Pedra Negra, chamada Hajjar-al-Aswad, 980 e 1037. Ele estudou filosofia, direito, geo-
objeto sagrado do Islã. metria, aritmética, lógica e física, e escreveu
importantes obras, que reúnem grande parte
f ) O tecido preto que cobre a Caaba se chama
dos conhecimentos científicos e filosóficos da
Kiswa . A Kiswa é bordada com inscrições em
ouro e é feita pela mesma família há várias época. Seus estudos sobre medicina inovaram
gerações. Ela é trocada todo ano no período na forma de tratar as doenças. Alvicena acredi-
do Hajj . tava que o bem-estar das pessoas doentes era
fundamental para curá-las. Por essa razão, ele
g ) O Haram Sagrado é o espaço no interior da
geralmente recomendava aos seus pacientes
mesquita que é utilizado para a circulação
escutar música e observar belas paisagens.
dos fiéis. Atualmente possui capacidade pa-
ra receber cerca de 300 mil peregrinos ao Seus textos sobre medicina foram utilizados
mesmo tempo. pelos médicos europeus até o século XVII.
120
b ) De acordo com o texto, a tomada de Jerusa- Patagões, Tupis, Guaranis e Gês. Essa popula-
121
nados com as áreas de engenharia, matemática, e ) Entre os tributos pagos para os astecas pelos
astronomia, escultura, cerâmica e escrita. A povos dominados estavam os mantos, rou-
escrita maia era composta por hieróglifos, que pas de guerreiros, escudos, milho, algodão,
eram símbolos que representavam ideias. Os feijão e pimenta.
hieróglifos eram gravados em placas de pedra f ) Alguns dos produtos comercializados no mer-
ou pintados em objetos de cerâmica, em pare- cado de Tlatelolco: pedras preciosas, plumas,
des ou nos códices. Os códices eram tipos de sal, mel, conchas, pérolas, animais, produtos
livros elaborados por escribas especializados, agrícolas e artesanais.
que abordavam diversos assuntos, como: reli-
g ) Os pochtecas eram os mercadores astecas.
gião, história, geografia e produção agrícola.
Além dos hieróglifos, os maias desenvolveram 7 Os incas se estabeleceram no vale do Cuzco, em
um elaborado sistema de numeração, conside- meados do século XIII, quando toda a região já
rado por muitos historiadores como um dos mais era habitada por diversos povos.
completos do mundo. Eles também desenvol-
8 Os incas eram excelentes construtores. Além de
veram calendários extremamente precisos,
cidades, eles construíram fortalezas, templos,
graças à observação dos astros que eles reali-
santuários e terraços agrícolas. Muitas constru-
zavam do alto das pirâmides. A base da econo-
ções incas eram feitas com grandes blocos
mia maia era a agricultura, e os principais pro-
de rocha que eram cortados com ferramentas de
dutos cultivados eram: milho, feijão, tomate,
pedra e instrumentos de cobre. Esses blocos se
batata, mandioca e algodão.
encaixavam perfeitamente e não necessitavam de
6 a ) Os astecas chegaram ao vale do México por cimento ou qualquer outra substância para uni-los.
volta de 1325. Eles ocuparam uma ilha do lago
9 Os terraços agrícolas eram um sistema de culti-
Texcoco e fundaram a cidade de Tenochtitlán.
vo em degraus, que foi desenvolvido por vários
b ) A principal cidade dos astecas era Tenochtitlán. povos, como incas, chineses e indianos, para
c ) O deus do Sol, Huitzilopochtli, que também possibilitar o cultivo agrícola nas encostas das
era o deus da guerra, era o principal deus montanhas.
asteca. Para agradar a esse deus, os astecas
10 Resposta pessoal. Os incas construíram uma
faziam sacrifícios humanos. Segundo a cren-
ampla rede de estradas que interligavam todas
ça asteca, no início do mundo, os deuses
as regiões do império e facilitava o transporte
tinham dado seu próprio sangue para que o
de pessoas e de mercadorias. Para facilitar a
Sol se movesse. Portanto, exigiam sangue
comunicação, as estradas tinham vários postos,
humano para manter o mundo em funciona-
distribuídos em intervalos regulares, onde fica-
mento. Como o sangue é o principio da vida,
vam mensageiros, chamados de chasquis.
apenas o sangue poderia manter o tempo
Quando um chasqui recebia uma mensagem a
andando. Sem os sacrifícios, o mundo termi-
ser transmitida, ele partia correndo pela estrada
naria. Assim, faziam guerra especialmente
para capturar prisioneiros e ofertar seu san- até chegar ao próximo posto. Então, transmitia
gue nos templos. a mensagem a outro chasqui , que se encarre-
gava de passá-la adiante, e assim sucessiva-
d ) Quando queriam dominar uma cidade, por
mente, até que a mensagem chegasse ao seu
exemplo, os astecas enviavam embaixadores
destino.
ao local. Os habitantes dessa região tinham,
então, a possibilidade de escolher se iriam 11 O caminho do Peabiru é um sistema de estradas
submeter-se ao domínio asteca ou não. Ca- construído pelos indígenas há mais de 1200 anos.
so eles decidissem aceitar as ordens do Essas estradas atravessavam o continente e li-
chefe asteca, teriam de pagar tributos, mas gavam desde o litoral sul do atual Brasil ao Peru,
poderiam manter seu próprio líder. Caso totalizando cerca de três mil quilômetros de ex-
contrário, os astecas atacavam a cidade e, tensão. Recentemente, pesquisas têm sido feitas
se fossem vitoriosos na guerra, obrigavam o para se tentar descobrir quem construiu esse
povo conquistado a pagar pesados tributos. caminho e qual a sua finalidade. Algumas hipó-
122
teses indicam que os indígenas que habitavam o b ) Resposta pessoal. O mural intitulado A gran-
123
Discutindo a história 3 Resposta pessoal. A escravidão estava presente
em várias sociedades africanas islamizadas.
18 a ) Em latim, sacrificare significa tornar sagrado.
Apesar de sua importância, no entanto, o co-
b ) De acordo com o texto, parte dos registros
mércio de escravos não era a principal atividade
dos povos mesoamericanos foi destruída
econômica dessas sociedades. De acordo com
durante a colonização espanhola. Então, a
os costumes islâmicos, só podiam ser escravi-
visão religiosa dos astecas em relação aos
zadas aquelas pessoas que não aceitavam o
sacrifícios rituais foi substituída pelos relatos
islamismo como sua religião. Os escravos de-
dos missionários e conquistadores, que viam sempenham diferentes funções. Muitos deles
nos sacrifícios humanos a comprovação de prestavam serviços administrativos e militares,
que os nativos eram realmente bárbaros. outros realizavam serviços domésticos. Além
c ) Huitzilopochtli era o deus da guerra e do Sol, disso, havia aqueles que trabalhavam nas minas
que apreciava receber oferendas de sangue de sal, na agricultura e na produção artesanal.
humano para que o Sol continuasse a nascer
4 A população do Mali era composta de várias
a cada manhã.
etnias, sendo os mandingas a principal delas.
d ) Para os astecas, os sacrifícios humanos pos-
No século XIV, o império era composto de povos
sibilitavam a continuação da existência de
da região do rio Senegal, como jalofos, sereres,
todos os seres, pois eles acreditavam que a
tucolores e fulas; das cabeceiras do Níger, como
ausência da devoção causaria a extinção do
bambaras e soninquês.
astro-rei, e, sem seu calor, simplesmente não
haveria vida no planeta. 5 Algumas das principais cidades do Império Mali
eram Jené, Gaô e Tombuctu. Entre os produtos
comercializados, estavam sal, ouro, cobre, mar-
6
Capítulo
124
Essas melhorias também possibilitaram que poder do obá : a espada cerimonial (um dos
125
podiam adquirir, porque eram direitos que Brasil, podem ser identificados como rappers ,
somente o senhor possuía e que os distinguia violeiros, repentistas ou como um membro de
dos escravos: o direito de se casar com mu- alguma comunidade que conhece histórias co-
lheres livres e de participar de assuntos po- nhecidas por poucas pessoas. O griô é uma
líticos. espécie de compêndio da memória coletiva. Ele
mantém viva uma cultura em extinção, daí sua
17 a ) Gaô e Tombuctu são duas das cidades con-
importância para a história. Comente com os
quistadas pelos songais.
alunos sobre a importância da tradição oral
b ) Quando pretendiam realizar um ataque militar,
para a constituição da memória coletiva.
os songais utilizavam suas canoas para trans-
portar soldados e cavalos.
Passado e presente
c ) Flotilhas são grupos de canoas. Os songais
20 a ) As ações empregadas pela Unesco para prote-
utilizavam-nas para um deslocamento rápido
ger a cidadede Tombuctu contra os danos
das tropas pelo rio.
causados pela desertificação do Sahel foram:
d ) Como cavaleiros, os songais possuíam as
a restauração das mesquitas e casas danifica-
mesmas habilidades técnicas dos cavaleiros
das; a remoção da areia nas proximidades das
da Idade Média europeia. Do alto de seus
mesquitas; a criação de zonas-tampão para
animais, protegidos por escudos, capacetes
proteger as mesquitas da invasão de areia; a
de metal e cotas de malha, eles atacavam em
melhoria dos sistemas de drenagem pluviais.
massa o adversário, com longas lanças e
b ) A Unesco incluiu no projeto de proteção de
espadas. Os cavalos eram equipados com
Tombuctu artesãos locais para auxiliarem nos
sela, estribo e rédeas; e tinham a cabeça e
o corpo cobertos por um pano acolchoado, trabalhos de restauração, pois as técnicas
o lifidi , que amortecia as flechas inimigas. tradicionais utilizadas por esses artesãos
constituem uma verdadeira lição de conser-
18 a ) A pessoa que fez esse relato é um griô e se vação do patrimônio cultural frente aos im-
chama Djeli Mamadu Kuyatê. pactos ambientais.
b ) Segundo o relato, os griôs são os mestres na c ) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos
arte de falar; o repositório que conserva se- atentem para o fato de que as técnicas tradi
gredos multisseculares; a memória dos ho- cionais utilizadas por esses artesãos consti-
mens; por meio das palavras, eles dão vida tuem uma lição de conservação do patrimônio
aos fatos e às façanhas dos reis perante as porque são técnicas de conservação que vêm
novas gerações. sendo usadas há séculos pelos artesãos lo-
c ) Os conhecimentos dos griôs são transmitidos cais e que, com o passar do tempo, se tornam
de pai para filho; e os griôs ensinam ao vulgo cada vez mais aprimoradas e mais eficientes,
tudo o que é permitido transmitir-lhes. permitindo a constante conservação das
d ) Kamara, Keita, Sidibê e Traorê são soberanos casas e mesquitas da cidade.
do Mali citados no texto.
e ) Para o autor do relato, é importante que os
7
Capítulo
126
2 Trecento: Período de transição entre os valores 9 São exemplos de conquistas científicas realizadas
5 Os humanistas buscavam inspiração nos antigos 12 A arte renascentista deve ser compreendida com
escritores gregos e romanos. Alguns dos princi- os avanços científicos da época. Os pintores,
pais valores da Antiguidade clássica foram reto- arquitetos e escultores do Renascimento, além
mados, como a exaltação das capacidades do de artistas, tinham conhecimentos científicos.
indivíduo e a valorização da liberdade individual. As novas técnicas de arte criadas naquela épo-
ca dependiam, por exemplo, de cálculos mate-
6 Para melhor interpretar os textos dos autores antigos.
máticos e de estudos de anatomia. Era uma
7 Antropocentrismo: palavra de origem grega ( àn- arte de pesquisa, invenções, inovações e aper-
thropos = homem), significa que o ser humano feiçoamentos técnicos, que acompanhava as
passou a ser considerado o mais importante conquistas da física, matemática, geometria,
referencial não só nas questões humanas, mas, anatomia, engenharia e filosofia.
também, nas questões universais.
13 Os músicos renascentistas procuraram criar no-
8 Durante o Renascimento, os humanos passaram vas formas e estruturas musicais, além de aper-
a ser vistos como seres dotados de potencial feiçoarem vários instrumentos para que pudes-
criativo, capazes de produzir novos conhecimen- sem produzir maior variedade de sons. Temas
tos e de transformar a realidade. rejeitados pela Igreja durante a Idade Média
127
passaram a ser incorporados nas canções, as- das principais manifestações artísticas em
sim como os instrumentos musicais – entre eles Flandres, região da atual Bélgica. Os flamen-
o alaúde, o saltério e as violas de gambá. No gos, como eram chamados os habitantes
campo literário, gêneros literários clássicos, dessa região, foram os criadores da tinta a
como a poesia lírica e a epopeia, foram retoma- óleo. Um dos temas que se popularizaram
dos e renovados pelos autores renascentistas. nas pinturas foram as cenas do cotidiano
familiar.
14 Os escultores da época do Renascimento faziam
suas obras utilizando o mármore como material. b ) Os franceses se destacaram nas mais diferen-
tes manifestações artísticas renascentistas,
15 Resposta pessoal. Leonardo nasceu na cidade como a pintura, a escultura e a arquitetura.
de Vinci, na Itália, em 1452. Por isso, ele ficou A atuação dos mecenas foi muito importante
conhecido como Leonardo da Vinci. Ele é con- na França, pois, além dos artistas, eles finan-
siderado um dos mais importantes artistas do ciaram o trabalho de humanistas, linguistas
Renascimento, pois, além de criar novas técni- e poetas, pintores e arquitetos.
cas de pintura, como o sfumato , tinha conheci-
c ) O Renascimento inglês começou no final do
mentos de arquitetura, engenharia, escultura,
século XV e ficou marcado principalmente
música, matemática e anatomia. Leonardo da
pela atuação de músicos, escritores e teatró-
Vinci explorava, na pintura, a diversidade da
logos. O principal representante do teatro
natureza. Usava sombras para dar às coisas
inglês foi William Shakespeare (1564-1618),
aparência tridimensional, porém, não usava autor de peças como Romeu e Julieta, Hamlet
contornos. Usava a perspectiva aérea, ou at- e Rei Lear .
mosférica, técnica que dava ao fundo um as-
d ) As primeiras manifestações do Renascimento
pecto impreciso e empalidecido, para dar a
espanhol datam principalmente do início do
impressão de distância.
século XVI. A grande marca do Renascimen-
16 Em algumas cidades italianas, havia escolas que to na Espanha é a forte religiosidade presen-
geralmente eram frequentadas apenas pelas te nas pinturas e esculturas da época.
pessoas de famílias ricas. Os alunos dessas e ) O Renascimento português se desenvolveu
escolas, além de praticar esportes como nata- no início do século XVI. Em Portugal, as prin-
ção e hipismo, aprendiam sobre literatura clás- cipais manifestações renascentistas ocorre-
sica, matemática, política e boas maneiras — ram na literatura e no teatro. O grande nome
modos de falar, ouvir, comer, se vestir, se portar da literatura portuguesa foi Luís Vaz de Ca-
em locais públicos, por exemplo. mões (1525-1580), autor de Os Lusíadas . No
17 Na época renascentista, Florença era uma das teatro, o principal expoente foi Gil Vicente
maiores cidades europeias, com cerca de 60 mil (1470-1536), autor de peças como o Auto da
habitantes. A cidade era cercada por muralhas barca do inferno , o Auto das almas e A farsa
e possuía grandes portões de madeira, vigiados de Inês Pereira .
dia e noite por sentinelas armados, que contro-
lavam a entrada e a saída das pessoas e mer- Expandindo o conteúdo
cadorias vindas de outras regiões da Itália e, 20 a ) O nome dado ao modelo proposto por Cláudio
também, de diferentes regiões do mundo. Em Ptolomeu para explicar o movimento dos
suas ruas, havia muitas lojas, oficinas, e também planetas e das estrelas foi geocentrismo. De
igrejas e palácios. acordo com esse modelo, a Terra era o cen-
tro do Universo e, por isso, os planetas e
18 Gôndolas são pequenas embarcações utilizadas
estrelas giravam ao seu redor. Em volta da
para fazer o transporte de pessoas e de merca-
Terra estariam girando a Lua, Mercúrio, Vê-
dorias pelos canais da cidade de Veneza, na
nus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno. O mode-
Itália. As gôndolas também eram alugadas por
lo de Ptolomeu era baseado na física de
pessoas que visitavam a cidade de Veneza.
Aristóteles, e foi assumido como verdadeiro
19 a ) Durante o Renascimento, a pintura foi uma pela Igreja ao longo da Idade Média.
128
b ) Copérnico pensou ser o Sol o centro do Uni- manos, por fim, atingiram seu apogeu entre
129
3 Os portugueses atacaram Ceuta interessados em chegar ao seu destino, essa expedição se afas-
controlar o comércio naquela importante região, tou demais da costa africana e acabou chegan-
por onde circulavam o ouro e as especiarias das do ao litoral do atual estado da Bahia, no Brasil,
rotas comerciais transaarianas. em 22 de abril de 1500.
4 Na época das Grandes Navegações, os europeus 11 No ano de 1500, cerca de três milhões de indí-
chamavam de “Índias” diferentes regiões, prin- genas já habitavam o território onde hoje é o
cipalmente do continente asiático, como a Chi- Brasil.
na, o Japão e a Índia.
12 O uso da expressão “descobrimento” do Brasil
5 Antes da descoberta do caminho marítimo para vem sendo cada vez mais contestado porque a
as Índias, o comércio de especiarias na Europa versão tradicional, que afirma que a frota de
era feito basicamente por terra. A pequena par- Pedro Álvares Cabral desviou-se da rota previs-
te marítima se realizava junto à costa ou em ta e acabou chegando ao litoral do atual estado
mares fechados (como o Mediterrâneo, o mais da Bahia, é cada vez menos aceita pelos histo-
importante mar comercial da época) porque os riadores, visto que apresenta várias distorções.
europeus não sabiam como velejar em mar Uma delas é o fato de que, quando a frota de
aberto. Como as distâncias eram enormes e os Cabral aqui chegou este território já era habita-
europeus não controlavam sozinhos todas as do por cerca de três milhões de indígenas.
rotas, havia uma série de intermediários no co- Desse modo, não poderia ter ocorrido uma
descoberta.
mércio. Os principais intermediários eram os
árabes, que traziam a maioria das mercadorias 13 Resposta pessoal. Até algumas décadas atrás,
até as cidades italianas, de onde os produtos a historiografia privilegiou a teoria de que os
eram distribuídos por toda a Europa. portugueses não sabiam da existência do terri-
tório brasileiro e que chegaram aqui por acaso.
6 O cabo da Boa Esperança fica localizado no
Atualmente, no entanto, vários historiadores têm
extremo sul do continente africano. Antes de
contestado essa versão e argumentam que os
1487, ele era chamado de cabo das Tormentas.
portugueses já sabiam da existência destas
7 O objetivo da expedição comandada por Cristóvão terras; o que explicaria o fato de, na época da
Colombo era encontrar um caminho marítimo assinatura do Tratado de Tordesilhas, os portu-
para as Índias, conforme desejavam os reis es- gueses insistirem tanto em deslocar mais para
panhóis, que apoiaram a expedição. Essa expe- oeste a linha imaginária que dividia as posses-
dição acabou chegando, em 1492, ao continen- sões da Espanha e de Portugal.
te que, mais tarde, seria chamado de América.
14 Resposta pessoal. Os alunos devem apresentar
8 A bula Inter Coetera estabelecia uma linha ima- no texto elementos presentes no infográfico das
ginária localizada a 100 léguas a oeste das ilhas páginas 138 e 139 do livro do aluno.
de Cabo Verde: as terras encontradas a leste
dessa linha seriam portuguesas e as terras a
Expandindo o conteúdo
oeste seriam espanholas. Essa bula foi publica- 15 a ) Os dois principais grupos de profissionais pre-
da pelo papa Alexandre VI em maio de 1493. sentes nas embarcações são: a ‘‘gente do
mar’’, que cuida das tarefas náuticas, e a
9 O Tratado de Tordesilhas determinou que a linha
‘‘gente das armas’’, que cuida da parte bélica.
divisória das terras espanholas e portuguesas fi-
b ) A ‘‘gente do mar’’ é composta por: coman-
casse a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo
dante, que é a autoridade máxima do barco;
Verde, aumentando a área de domínio português
piloto, que fica no timão pilotando o barco;
que havia sido estabelecida pela bula Inter Coetera.
imediato, que trata da proa; contramestre,
10 A expedição de Pedro Álvares Cabral foi finan- que cuida da popa; guarda, que cuida do
ciada pelos reis portugueses com o objetivo de convés; grumetes, que são crianças e jovens
buscar especiarias e estabelecer contatos co- que executam diversas tarefas braçais; pa-
merciais com os indianos. Porém, antes de jens, que são crianças e jovens que servem
130
aos religiosos e oficiais; calafates, que vedam moeda mais estável e ligar-se ao aparelho
131
da Igreja Católica nas sociedades europeias. No 6 a ) A Companhia de Jesus foi fundada pelo es-
campo científico, foi inventada a luneta, que panhol Inácio de Loyola.
possibilitou maior contestação dos cientistas em b ) O ano de fundação da Companhia de Jesus
relação à teoria geocentrista, defendida pela é 1540.
Igreja. Além disso, por conta de várias inovações
c ) Os membros da Companhia de Jesus eram
técnicas, as ideias começavam a ser transmiti-
chamados de jesuítas.
das com maior rapidez. O aumento na disponi-
d ) O principal objetivo dos jesuítas era fundar
bilidade da Bíblia possibilitou que muitos cató-
colégios para ensinar a fé católica.
licos letrados interpretassem individualmente os
escritos sagrados e, além disso, muitos religio- 7 a ) O Concílio de Trento foi realizado na cidade
sos se manifestavam contra o enriquecimento italiana de Trento.
da Igreja e o afastamento de seus membros das b ) As reuniões do Concílio de Trento ocorreram
questões espirituais. O que causava maior des- entre os anos de 1545 e 1563.
contentamento era a institucionalização de
c ) Os organizadores desse concílio foram os lí-
práticas como a simonia, além do comporta-
deres da Igreja Católica.
mento desregrado de muitos clérigos, que não
observavam os votos de castidade. 8 A Inquisição foi um órgão da Igreja Católica cria-
do no século XIII, que ganhou força durante o
2 O procedimento da Igreja Católica mais contes-
movimento da Contrarreforma. A partir de então,
tado por Lutero era a venda das indulgências,
em várias regiões da Europa, os juízes do cha-
ou seja, a venda de perdão. Na época de Lute-
mado Tribunal da Inquisição torturaram e con-
ro, era possível comprar indulgências para pes-
denaram à morte milhares de homens e mulhe-
soas já falecidas ou até para pecados que ainda
res cristãos acusados de heresia.
não tinham sido cometidos.
9 São práticas do mercantilismo: metalismo, ba-
3 Resposta pessoal. Na tese de número 21, Lute-
lança comercial positiva e o exclusivo comercial.
ro diz que os vendedores de indulgências erram
ao dizer que, pela compra das indulgências do 10 A Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) foi o último,
papa, o homem fica livre de todo o pecado e se o mais longo e o mais destrutivo dos conflitos
salva; na tese 32, ele afirma que aqueles que religiosos iniciados por líderes católicos e pro-
compram as indulgências acreditando que es- testantes. A estimativa é que esse conflito tenha
tarão salvos, assim como aqueles que as ven- causado a morte de mais de 4 milhões de pes-
dem, serão condenados por toda a eternidade; soas. Os protestantes, reunidos principalmente
na tese 43, Lutero diz que é melhor que os em torno de uma coligação de principados
cristãos ajudem aos pobres e necessitados do alemães e contando com o apoio da França,
que comprem indulgências. acabaram derrotando os católicos, reunidos em
torno dos soberanos Habsburgos do Sacro
4 Os seguidores de Matinho Lutero foram chama-
Império Romano Germânico e da Espanha. Es-
dos de luteranos ou protestantes. São exemplos
sa derrota pôs fim ao projeto da Contrarreforma
de outros movimentos reformistas: o zwinglia-
de erradicar o protestantismo na Europa.
nismo, o anabatismo e o calvinismo.
11 O Tratado de Vestfália foi assinado em 1648,
5 Contrarreforma é o nome dado para a reação
marcando o fim da Guerra dos Trinta Anos. A
organizada pelos líderes da Igreja Católica, in-
principal resolução desse tratado foi dar aos
conformados com a grande aceitação das ideias
governantes o direito de oficializar uma religião
de Lutero na Europa. Foram realizados encon-
em seu território, fosse ela católica, luterana ou
tros entre 1545 e 1563 para discutir as formas
calvinista. Com o tratado, o princípio do interes-
de combater o movimento protestante e reava-
se nacional ganhou precedência frente às reivin-
liar a conduta dos líderes do catolicismo. Esses
dicações religiosas.
encontros ocorreram na cidade italiana de
Trento, por isso ficaram conhecidos como Con- 12 As principais características do Absolutismo
cílio de Trento. francês foram: demissão de funcionários e mi-
132
nistros de origem nobre e substituição desses b ) Na pintura A, foram representadas oito pes-
133
c ) Sobre o Sol, Galileu descobriu que ele não era A colonização na América
10
Capítulo
perfeito, pois apresentava várias manchas. espanhola
Além disso, ele percebeu que Vênus girava
em torno do Sol, o que contribuiu para que Exercícios de compreensão
a teoria heliocêntrica de Copérnico ganhasse 1 Na época da chegada de Cristóvão Colombo na
destaque. América, a população que habitava o continen-
te americano era bastante diversificada e com-
d ) De acordo com o autor do texto, a mais im-
punha sociedades distintas entre si, cada uma
portante descoberta de Galileu foi perceber
com sua língua, seus costumes e seu modo de
as fases de Vênus. Esse planeta apresentava
vida. Havia desde pequenos grupos habitando
fases semelhantes às da Lua. E mais: seu
as florestas tropicais até grandes impérios, como
tamanho, visto com a mesma luneta, apre- o dos incas e o dos astecas, formados por
sentava variações que evidenciam seu movi- milhões de indígenas.
mento ao redor do Sol, e não da Terra.
2 Para a população nativa da América, a chegada
e ) Galileu foi chamado pela Inquisição para que
dos europeus representou uma verdadeira catás-
não voltasse a falar desse “erro” e “heresia”. trofe. No caminho aberto por Colombo, vieram
Em 1638, publicou os Diálogos , em que conquistadores interessados em riquezas, prin-
apresentava argumentos ainda mais claros cipalmente o ouro e a prata. Na busca pelo enri-
em defesa das novas ideias. Pouco depois, quecimento rápido, esses conquistadores deixa-
para escapar às torturas da Inquisição, teve ram um rastro de devastação e sofrimento. Os
que admitir em público que confessava e sobreviventes das guerras de conquista foram
reconhecia o “mal” que faziam suas ideias. incorporados ao processo de colonização. Os
colonizadores se apossaram das terras, escravi-
f ) Resposta pessoal. Comente com os alunos
zaram e impuseram suas leis e sua cultura aos
que a obra de Galileu foi fundamental para o
indígenas. Além disso, a fome, a violência e as
desenvolvimento tecnológico e científico,
doenças causaram a morte de milhões de indí-
possibilitando que cientistas posteriores a ele
genas e a destruição de povos inteiros.
se utilizassem das suas ideias para poder
construir novas teorias científicas. Promova 3 Montezuma era o imperador asteca na época da
entre os alunos o respeito às diferentes opi- chegada dos espanhóis à América. Ele recebeu
Cortez respeitosamente por causa de uma pro-
niões que possam surgir durante a realização
fecia, que o fez acreditar que Cortez era
dessa atividade.
Quetzalcoatl, um antigo deus asteca.
18 a ) O tipo móvel foi inventado em 1040, pelo al-
4 Para tomar a capital asteca, Cortez promoveu
quimista chinês Pi Sheng.
um cerco a Tenochtitlán e envenenou as fontes
b ) Foram os tipógrafos coreanos que, no século de água da cidade. Durante o cerco, que durou
XV, inventaram os tipos de bronze. 75 dias, milhares de astecas morreram envene-
c ) De acordo com o texto, Gutenberg ficou co- nados ou em razão da fome e das doenças. Por
nhecido pela invenção da tipografia porque fim, em agosto de 1521, os espanhóis invadiram
ele aperfeiçoou bastante a tecnologia dos a cidade, mataram o sucessor de Montezuma e
conquistaram a capital asteca.
tipos e da prensa, tornando mais viável o
processo. E em parte porque, como muitos 5 a ) A conquista do Império Inca foi liderada por um
outros inventores, teve sorte. Com 26 letras oficial espanhol, chamado Francisco Pizarro.
simples, o alfabeto europeu é mais fácil de b ) Atahualpa era o imperador inca na época da
ser impresso do que os ideogramas asiáticos. chegada de Pizarro ao território inca.
Além disso, seus contemporâneos, os inte- c ) Pizarro enviou um convite para que Atahualpa
lectuais do Renascimento, aproveitaram a se encontrasse com ele. Atahualpa se dirigiu
nova tecnologia para disseminar suas ideias. ao lugar combinado acompanhado de cerca
134
de cinco mil homens desarmados. Ao sinal a administração e de facilitar o comércio e a
135
fornecedores de produtos e como banqueiros, 16 As atuais lutas dos indígenas na América Latina
além de ocuparem os cargos administrativos estão voltadas à defesa de seus direitos. Seus
mais importantes. Os criollos eram os descen- principais objetivos são: garantir a posse de suas
dentes de espanhóis nascidos na América, que terras e preservar sua cultura e suas tradições.
possuíam grandes propriedades rurais e minas,
mas eram excluídos dos cargos mais importan- Expandindo o conteúdo
tes da administração colonial. Os mestizos eram 17 a ) De acordo com o autor, os sintomas da do-
um importante grupo social, composto por filhos ença que atacou os indígenas eram: dores
de espanhóis e de mulheres indígenas, que no corpo, na cabeça, no peito. As pessoas
geralmente exerciam trabalhos ligados ao arte- não podiam andar, e por isso ficavam deita-
sanato e ao pequeno comércio. Os indígenas das, não podiam virar o pescoço nem movi-
eram a maioria da população colonial e traba- mentar o corpo, não podiam deitar de cabe-
lhavam principalmente na mineração e na agri- ça para baixo nem sobre as costas, não
cultura. Os escravos africanos trabalhavam podiam mover-se de um lado para o outro.
como pedreiros, carregadores de mercadorias, Quando algumas delas se moviam, davam
prestadores de serviços domésticos e, nas An- gritos de dor.
tilhas, trabalhavam no cultivo de cana-de-açúcar. b ) Além dessa doença, muitos também morreram
15 Os ingleses que vieram para a América no sécu- de fome.
lo XVII tiveram que lutar contra um grande nú- c ) A doença durou sessenta dias.
mero de povos indígenas, submetendo-os ou d ) O adoecimento dos indígenas facilitou a con-
exterminando-os. Depois de conquistar territó- quista do Império Asteca pelos espanhóis
rios na América do Norte e nas Antilhas, comer- porque os tornou fracos para a batalha e
ciantes de Londres e de Plymouth conseguiram desestabilizou a organização da sociedade.
do governo inglês a autorização para a criação
de duas companhias de comércio para adminis- Passado e presente
trar a colonização das Treze Colônias da Amé-
18 a ) O pesquisador Guillermo Cock descobriu, em
rica do Norte. Essas companhias deveriam atrair
um cemitério inca perto de Lima, o primeiro
imigrantes para a América, facilitando a aquisi-
esqueleto de um ameríndio morto a tiros
ção das terras e financiando a viagem daqueles
pelos conquistadores europeus.
que não podiam pagá-la. A colonização france-
b ) Os cientistas acreditam que o indígena foi
sa na América, por sua vez, foi empreendida
morto durante um conflito contra espanhóis
pelas companhias de comércio, organizadas por
porque ele foi enterrado de forma rápida e
particulares e sem o apoio financeiro do gover-
com pouca profundidade, sem seguir a tra-
no francês. A partir dos primeiros núcleos de
dição inca de posicionar os mortos com a
povoamento, teve início a penetração no terri-
cabeça virada para o leste. Além disso, havia
tório canadense e foram estabelecidos os pri-
cerca de 72 corpos de indígenas nessa mes-
meiros contatos com os nativos. Os franceses
ma vala, o que leva a crer que tenham sido
tiveram que enfrentar uma forte resistência de
vítimas de um confronto com os espanhóis.
diversos povos nativos que viviam na região.
Além disso, os constantes conflitos entre fran- 19 a ) De acordo com o texto, as colônias do norte
ceses e ingleses pela posse de territórios difi- não atendiam aos interesses metropolitanos,
cultaram a colonização francesa na região. Nas pois apresentavam o clima temperado, seme-
Antilhas, os franceses ocuparam várias ilhas e lhante ao europeu. Dificilmente esta área po-
deram início ao cultivo de produtos tropicais, deria oferecer algum produto de que a Ingla-
utilizando principalmente o trabalho escravo terra necessitasse, como é o caso do tabaco.
africano. Na América do Sul, os franceses con- b ) As colônias do sul possuíam solo e clima
quistaram um pequeno território que, atualmen- propícios para uma colonização voltada para
te, se chama Guiana Francesa, onde produziram os interesses europeus, como era o caso do
principalmente algodão, cana-de-açúcar e café. tabaco.
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c ) A falta de mão de obra para o tabaco em 3 A madeira dessa árvore, de cor avermelhada, era
137
11 Os padres jesuítas tinham como objetivo conver- alguns cuidados de saúde, com o objetivo de
ter os indígenas ao catolicismo. A Igreja Católica melhorar sua aparência e aumentar o seu
condenava a escravização destes e, em toda a preço de venda. Os escravos, então, ficavam
Colônia, os jesuítas fizeram forte oposição à uti- expostos à venda e eram examinados minu-
lização de indígenas como escravos. Para cate- ciosamente pelos compradores, que procu-
quizar os indígenas, os jesuítas organizaram ravam identificar os mais fortes e sadios.
missões em várias regiões do continente ameri- Depois de vendidos, alguns escravos eram
cano. Nessas missões, os indígenas aprendiam levados para trabalhar nas vilas e cidades. A
a língua e os costumes portugueses, além de maioria, porém, era levada para às áreas
realizarem vários trabalhos agrícolas e artesanais. rurais para trabalhar na produção de açúcar.
12 Durante muito tempo essa questão foi explicada 14 União Ibérica é o nome dado ao período em que
como consequência de fatores socioculturais. o rei da Espanha, Felipe II, assumiu o trono
Contudo, ao longo do tempo os historiadores português, passando a governar Portugal e
estudaram mais a fundo essa questão e pude- Espanha ao mesmo tempo. O períodode dura-
ram perceber que a escravidão negra se justifi- ção da União Ibérica foi de 60 anos.
ca muito mais por fatores econômicos. O tráfico,
15 Em 1581, depois de muitas lutas, os holandeses
o comércio intercontinental de escravos, foi uma
proclamaram sua independência, que não foi
atividade extremamente lucrativa para as coroas
aceita pelos espanhóis. Os holandeses decidi-
europeias durante a época moderna, e é pela
ram, então, dar continuidade à guerra contra a
ótica das práticas mercantilistas que ele deve
Espanha invadindo o Brasil, que, devido à União
ser entendido. O escravo era uma das mais
Ibérica, era considerado um território espanhol.
valiosas mercadorias que a metrópole vendia
para a colônia, enriquecendo os traficantes 16 Os holandeses tinham um grande interesse no Nor-
portugueses e facilitando a exploração do im- deste brasileiro porque, naquela época, os enge-
pério português. nhos da Bahia e de Pernambuco eram os maiores
produtores de açúcar da Colônia, e o preço desse
13 a ) Na África, os africanos eram capturados em
produto estava em alta no mercado europeu.
suas aldeias e levados para as feitorias pró-
ximas aos portos de embarque. A compra e 17 Os holandeses invadiram e dominaram Angola,
o transporte de africanos para o Brasil eram na África. O objetivo da invasão e domínio ho-
realizados por traficantes portugueses e luso- landês em Angola foi garantir o fornecimento de
-brasileiros, que negociavam com os chefes escravos para trabalhar nos canaviais e enge-
africanos, oferecendo produtos como teci- nhos do Nordeste brasileiro.
dos, armas e tabaco em troca de escravos.
b ) Nas feitorias, os escravos ficavam presos em Expandindo o conteúdo
um recinto com paredes altas e geralmente 18 a ) Os indígenas geralmente mudavam suas al-
sem cobertura, onde ficavam expostos ao sol deias de lugar à medida que necessitavam
e à chuva. Essa situação podia durar várias deslocar-se à procura de locais mais apro-
semanas. priados ao exercício das atividades que lhes
c ) Nos navios que partiam rumo ao Brasil, para garantiam a sobrevivência, áreas de solo mais
aumentar os lucros, os traficantes levavam rico ou regiões de maior abundância de caça,
um número excessivo de escravos. Além peixes ou frutas de acordo com as estações.
disso, na maioria dos casos, a água e os b ) Os principais produtos cultivados pelos indí-
alimentos eram insuficientes. Nessas viagens, genas eram: mandioca, milho, feijão, batata-
que podiam durar meses, as condições eram -doce, cará, abacaxi, abóbora, algodão e
precárias e causavam a morte de muitas tabaco.
pessoas. c ) Os únicos objetos que eram de propriedade
d ) Nos mercados brasileiros, os africanos cos- pessoal de um indígena eram as armas e os
tumavam receber uma alimentação melhor e enfeites.
138
d ) Os homens indígenas caçavam, pescavam, Além disso, Caminha afirma que apenas uma
c ) Na Carta, Caminha afirma que cerca de sete 21 a ) O autor do texto A admira-se com a grandeza
ou oito indígenas estavam na praia e que os moral dos jesuítas que, com tanta coragem
outros foram chegando ali conforme o batel vinham para o Brasil assumir a função de res-
se aproximava. Na pintura, no entanto, existe gatar os indígenas da barbárie em que viviam,
mais do que oito nativos na beira da praia. da perdição que era o seu modo de vida.
139
b ) O autor do texto B afirma que o cotidiano dos b ) As companhias de comércio deveriam contro-
indígenas foi inteiramente modificado a partir lar a venda dos produtos consumidos pelos
do momento em que eles foram reunidos nas colonos, garantir o fornecimento de escravos,
missões. Eles deixaram de viver na moradia manter uma frota armada para proteger os
conjunta, sendo divididos em núcleos fami- navios e financiar o transporte do açúcar
liares, de acordo com a perspectiva jesuítica para a Europa.
de família. A percepção do tempo foi modifi- c ) As companhias de comércio não funcionaram
cada e o cristianismo foi introduzido no coti- como o governo português esperava porque,
diano desses indígenas, sufocando as mani- em muitos casos, elas não cumpriram suas
festações culturais que lhes eram próprias. funções e, em outros, abusaram nos preços
Enfim, de acordo com o autor desse texto, dos produtos, provocando muita insatisfação
os jesuítas contribuíram para a extinção da entre os colonos e a eclosão de revoltas.
cultura indígena.
4 Depois que foram expulsos do Nordeste, os ho-
c ) Resposta pessoal. Promova entre os alunos
landeses passaram a produzir o açúcar em suas
o respeito às diferentes opiniões que possam
colônias nas Antilhas, utilizando as técnicas
surgir durante a realização e apresentação
aprendidas no Brasil. Como os holandeses pos-
dos trabalhos.
suíam contatos comerciais na Europa, eles
22 Resposta pessoal. Incentive os alunos a perce- conseguiram negociar preços melhores para a
berem a importância da preservação dessas venda de seu produto. Isso causou uma drásti-
comunidades e a valorizarem sua luta constan- ca redução da venda do açúcar brasileiro na
te pelo reconhecimento de seus direitos, como Europa, aumentando ainda mais a crise econô-
a demarcação de seus territórios. mica de Portugal.
140
parte devida à Coroa, o restante do ouro era 14 O Tratado de Madri foi o principal tratado assi-
141
ploração de ferro e implantar uma universi- podem ser realizadas de diferentes formas,
dade em Minas Gerais. sendo que algum aspecto pode ser destaca-
c ) Vários grupos sociais participaram desse mo- do ou até mesmo omitido, de acordo com as
vimento, como proprietários de minas, polí- observações de cada um.
ticos, advogados, poetas, militares e padres.
21 a ) Para Portugal, o resultado da grande produção
d ) O governo português reagiu à Conjuração
de ouro em Minas Gerais foi sua redução à
Mineira prendendo os conjurados e os con-
condição de entreposto comercial, pois pas-
denando ao exílio na África, exceto o alferes
sou a mediar o comércio da Inglaterra e
Tiradentes, que foi o único condenado à
morte. Norte da Europa com o Brasil.
b ) Os produtos importados consumidos no Brasil
19 Resposta pessoal. A Conjuração Baiana foi um
vinham da Inglaterra e do Norte da Europa.
movimento liderado por um grupo de intelectuais
Nesse comércio, Portugal tinha a função de
que começou a se reunir para discutir propostas
de mudanças na sociedade baiana, em que mui- entreposto comercial, recebendo esses pro-
tas pessoas viviam em condições precárias e dutos importados e enviando-os para o Brasil.
pagavam altos impostos. Escravos, soldados, c ) O destino final do ouro brasileiro era a Inglaterra.
trabalhadores livres e pobres aderiram ao movi-
22 a ) A capitania brasileira que produziu a maior
mento. Entre esses trabalhadores, estavam pe-
dreiros, sapateiros, artesãos e alfaiates. Por isso, quantidade de ouro no século XVIII foi a de
o movimento também ficou conhecido como a Minas Gerais.
Conjuração dos Alfaiates. Devido à insatisfação b ) O ano em que a capitania de Goiás extraiu
com o governo português e à influência dos ide- cerca de seis toneladas de ouro foi 1754.
ais da Revolução Francesa, os revoltosos preten-
c ) Em 1739, foram extraídas da capitania do
diam proclamar a República, abrir o porto de
Mato Grosso pouco menos de duas tonela-
Salvador ao livre comércio e conquistar melhores
das de ouro.
condições de vida. Em 1798, os conjurados afi-
xaram manifestos contrários ao governo portu- d ) O ano em que o Brasil produziu maior quan-
guês e à escravidão em diferentes pontos da tidade de ouro foi 1754, quando foram pro-
cidade. Pouco tempo depois, muitos participan- duzidas 15,8 toneladas de ouro.
tes do movimento foram presos e interrogados. e ) Resposta pessoal. A Conjuração Mineira ocor-
Os principais líderes da conjuração foram conde- reu em 1789, motivada pelos excessivos
nados à morte. Outros participantes do movimen-
impostos portugueses sobre o ouro brasilei-
to foram exilados na África.
ro. Pela análise do gráfico, é possível perce-
ber que, nessa época, a produção de ouro
Expandindo o conteúdo
estava em pleno declínio no Brasil, inclusive
20 a ) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos
em Minas Gerais. Por isso, é provável que os
apresentem no texto informações contidas
impostos estivessem se tornando cada vez
na imagem de Rugendas e no infográfico
mais prejudiciais à população que dependia
apresentado nas páginas 204 e 205. Se julgar
do ouro para sobreviver em Minas Gerais.
necessário, auxilie os alunos a fazerem uma
relação dos itens propostos na questão e
aqueles que aparecem no infográfico, por
Trabalho em grupo
exemplo: pessoas: fiscal da Coroa, dono da 23 Resposta pessoal. Se julgar necessário, auxilie
mina, feitores e escravos; tipos de mineração: os alunos a pesquisar o significado dos nomes
retirada do ouro de aluvião, mineração de dos impostos (que normalmente vêm em siglas),
galeria, grupiara; objetos: bateia, almocafre, explicando que, ao analisar o nome do imposto,
couros de boi que ficam no mundéu. é possível deduzir sobre qual atividade ele inci-
b ) Resposta pessoal. Comente com os alunos o de. Promova entre os alunos o respeito às dife-
quanto a análise e interpretação de uma obra rentes opiniões que possam surgir.
142
Discutindo a História c ) Para Viana Moog, os bandeirantes eram como
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