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6º ano
HISTÓRIA
MANUAL DO
PROFESSOR
2a. edição - São Paulo - 2012
Vontade de Saber História, 6o ano
Copyright © Adriana Machado Dias, Keila Grinberg e Marco César Pellegrini, 2012
Todos os direitos reservados à
EDITORA FTD S.A.
Matriz: Rua Rui Barbosa, 156 — Bela Vista — São Paulo — SP
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Diretora editorial
Silmara Sapiense Vespasiano
Editora
Débora Lima
Editora adjunta
Alaíde Santos
Editora assistente
Mariana Albertini
Assistentes de produção
Ana Paula Iazzetto e Lilia Pires
Assistente editorial
Cláudia C. Sandoval
Revisores
Bárbara Borges
Fernando Cardoso Guimarães
Eliana Medina
Coordenador de produção editorial
Caio Leandro Rios
Arte
Projeto gráfico
Marcela Pialarissi (criação e coordenação)
Bruno Sampaio e Laís Garbelini (desenvolvimento)
Ilustrações
Ana Elisa/André L. Silva/Art Capri/Marcela Pialarissi
Mario Henrique/N. Akira/Paula Diazzi
Cartografia
E. Cavalcante
Capa
Marcela Pialarissi
Fotos da capa
IrÞne Alastruey/Glow Images (Guerreiro Terracota)
Sandro Botticelli. 1483. Têmpera sobre tela. Galeria
dos Ofícios, Florença (Detalhe da tela O Nascimento de Vênus)
Wallace Kirkland/Time Life Pictures/Getty Images Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Mohandas K. Gandhi) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Heini Schneebeli/The Bridgeman Art Library/Keystone
(Escultura Iorubá) Pellegrini, Marco César
Vontade de saber história, 6o ano / Marco César
Digital Vision/Getty Images (Menina) Pellegrini, Adriana Machado Dias, Keila Grinberg.
Iconografia -- 2. ed. -- São Paulo : FTD, 2012.
Supervisão
Célia Rosa Bibliografia.
ISBN 978-85-322-8102-9 (aluno)
Pesquisa ISBN 978-85-322-8103-6 (professor)
Alaíde França (coord.) e Cristina Mota
Editoração eletrônica 1. História (Ensino fundamental) I. Dias,
Adriana Machado. II. Grinberg, Keila. III. Título.
Diagramação
Daniela Cordeiro de Oliveira
Tratamento de imagens
José Vitor Costa 12-03243 CDD-372.89
3 Os povos da Mesopotâmia 46
Capítulo
6 Os fenícios 94
Capítulo
7 Os hebreus 108
Capítulo
■ ■ O Êxodo
■■ Os judeus no mundo atual
■ ■ O período dos juízes Atividades............................................... 120
■ ■ A Monarquia e os reis hebreus
10
Capítulo
alguns comentários e
Arquivo/Agência Estado
8
Vanessa Volk
B Fotografia do Viaduto do Chá, em São Paulo (SP), no início do século XXI.
Aproveite a seção
Conversando sobre o assunto Conversando sobre o
assunto para ativar o
No decorrer do tempo, ocorrem transformações nos lugares e no mo- conhecimento prévio
dos alunos e estimular
do de vida das pessoas. Nos estudos históricos, procuramos analisar e seu interesse pelos
compreender como essas transformações acontecem. assuntos que serão
desenvolvidos no
Observe as imagens apresentadas nestas páginas e converse com os capítulo. Faça a
mediação do diálogo
colegas sobre as questões a seguir. entre os alunos de
maneira que todos
■■ O que as imagens representam? participem
expressando suas
■■ Quanto tempo se passou entre a época de produção da imagem A e opiniões e respeitando
da imagem B? as dos colegas.
9
Conhecendo a História
O que é História? Para que ela serve? Quem faz a história? Onde? Como? Quando?
O que é História
História é o campo do conhecimento dedicado ao estudo das ações dos
seres humanos no tempo e no espaço. Esse estudo envolve as realizações
humanas, as transformações que ocorrem nas sociedades, bem como as
permanências, isto é, aquilo que pouco mudou ao longo do tempo.
O que é sociedade?
Sociedade é o conjunto de pessoas que convivem em um espaço, compartilhando as
mesmas regras, costumes, língua etc. A sociedade é composta por grupos sociais,
como a família, a escola, o trabalho. Por meio dos grupos sociais, as pessoas se
integram à sociedade, estabelecendo relações entre si.
As diferentes interpretações
Cada pessoa pode interpretar os acontecimentos do dia a dia de uma
maneira diferente. E essa diversidade é positiva. Já imaginou se todos pen-
sássemos da mesma maneira? Provavelmente não haveria ideias novas.
Os historiadores, quando estudam determinada sociedade, também podem
interpretá-la de diferentes maneiras.
Dependendo dos métodos de pesquisa e das fontes de que dispõe, o
historiador pode dar ênfase, por exemplo, a aspectos políticos, econômicos
ou culturais. A ênfase em um ou mais desses aspectos possibilita ao his-
toriador construir sua própria interpretação histórica com base no enfoque
escolhido por ele e pela documentação analisada.
Bassouls Sophie/Sygma/Corbis/Latinstock
O historiador francês
Jaque Le Goff, por
exemplo, privilegia em
suas pesquisas históricas
aspectos culturais das
sociedades, como seus
costumes e vida
cotidiana.
10
As fontes históricas
capítulo 1
Fonte histórica é tudo aquilo que traz informações sobre o passado, que
Photodisc/Getty Images
serve à construção do conhecimento histórico. São exemplos de fontes
históricas: jornais, livros, cartas, diários, letras de música, histórias em
quadrinhos, pinturas, fotografias, filmes, mapas, moedas, vasos, joias, es-
Photo
Objects/
Keydisc
Photodisc/Getty Images
Photodisc/
Getty Images
Stockdisc/Getty Images
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Photodisc/Gett
Ima
etty
n/G io
l Visita
Dig
Os objetos acima
retratados são
A construção do conhecimento histórico exemplos de fontes
A análise e a interpretação das fontes históricas exigem do historiador históricas. Você
reconhece esses
muita habilidade e cuidado. Quando um historiador se depara com uma
objetos? Sabe qual
fonte histórica, ele já possui uma série de ideias, razões e emoções que a utilidade deles?
interferem em sua análise e em sua interpretação.
Uma mesma fonte histórica pode ser interpretada de diversas maneiras,
dependendo dos critérios de análise de cada historiador. Portanto, se cada
historiador faz a sua própria interpretação dos acontecimentos históricos,
ela não pode ser considerada uma verdade única e absoluta.
Os sujeitos históricos
Por muito tempo, foram considerados sujei tos
David Turnley/Corbis/Latinstock
11
O tempo
O tempo é fundamental para os estudos históricos.
Existem, no entanto, diferentes maneiras de compreender o tempo.
Tempo da natureza
Existe o tempo que passa naturalmente, e não depende da vontade hu-
mana. Esse é o chamado tempo da natureza, que pode ser percebido, por
exemplo, pelo crescimento das árvores e pelo envelhecimento das pessoas.
Hemera
Tempo cronológico
Diferentemente do tempo da natureza, o tempo cronológico é medido,
contado. Esse tempo é um elemento cultural, pois foi o ser humano que
criou as diversas formas de medição do tempo.
O tempo cronológico pode ser dividido em unidades de medida: segundo,
minuto, hora, dia, mês, ano etc. Os principais instrumentos usados para
medir a passagem do tempo cronológico são o relógio e o calendário. Relógio mecânico.
Flávio Florido/Folhapress
Cultura conjun-
to de conheci-
mentos, costu-
mes, valores,
crenças, tradi-
ções etc., que
são transmitidos
de geração a
geração por meio
de ensinamentos
e pela observa-
ção da ação dos
outros.
Tempo histórico
O tempo cronológico, como vimos, pode ser marcado por instrumentos
de medição, por exemplo, o relógio e o calendário, pois sua contagem é
feita com unidades fixas de medida, como a hora, o dia ou o ano.
O tempo histórico, por sua vez, possui diferentes ritmos e durações, e
pode ser verificado principalmente por meio das permanências e transfor-
mações que ocorrem nas sociedades.
12
Transformações e permanências
capítulo 1
As pessoas e as sociedades se transformam no decorrer do tempo, po-
rém, muitas coisas permanecem semelhantes. As fotografias abaixo retratam
a avenida Rio Branco, no centro da cidade do Rio de Janeiro, em duas
épocas diferentes. Repare que, apesar das transformações, alguns elemen-
Iconographia
e das permanências sociais, o historiador francês
Fernand Braudel propôs três diferentes durações do
tempo histórico: a curta, a média e a longa duração.
O tempo histórico de curta duração refere-se a
eventos breves, como uma greve de trabalhadores,
uma disputa esportiva ou a assinatura de uma lei.
O tempo histórico de média duração diz respeito
a eventos ou processos mais demorados, mas que
ainda assim podem ser percebidos no decorrer de
uma vida, por exemplo, uma crise econômica ou a
duração do reinado de um monarca, como o governo
do imperador D. Pedro II no Brasil, que durou 49 anos.
O tempo histórico de longa duração caracteriza
os processos históricos que duram longos períodos.
É o caso, por exemplo, da escravidão no Brasil, que
durou cerca de 350 anos.
É importante observar que os acontecimentos e
processos históricos, apesar de terem diferentes du-
rações, estão interligados e podem ser simultâneos.
Por isso, o historiador, ao analisá-los, precisa levar em
conta essas durações.
A greve é um exemplo de evento de curta
duração. Acima, panfleto convocando os operários
Simultâneos são eventos que ocorrem ao mesmo tempo. de São Paulo a aderir a uma greve, em 1919.
13
Calendários
Existem diferentes tipos de calendários.
O ano bissexto
O calendário gregoriano O ano bissexto é um ano mais longo, pois
O calendário é um instrumento utilizado para medir a tem um dia a mais que os anos comuns.
passagem do tempo e dividi-lo em dias, meses e anos. Seu objetivo é tornar o calendário mais
preciso, pois a Terra, na realidade, demora
Para se estabelecer um calendário, observa-se a mo- cerca de 365 dias e seis horas para dar
vimentação dos astros celestes e procura-se identificar uma volta completa em torno do Sol.
a correspondência entre essa movimentação e a dura- Como os anos comuns têm 365 dias, a
ção de um ciclo anual. cada ano acumula-se uma diferença de
O calendário adotado oficialmente em nosso país é seis horas. Ao fim de quatro anos, a
diferença acumulada é de 24 horas. Para
o gregoriano, introduzido em 1582 pelo então papa
corrigir essa diferença, a cada quatro
Gregório XIII. Esse calendário é solar, ou seja, um ano anos é inserido um dia a mais no mês de
corresponde a uma volta da Terra em torno do Sol. fevereiro, que passa a ter 29 dias. Esse
Nesse calendário, o ano possui 365 dias e, a cada ano, que tem 366 dias, é chamado de
quatro anos, ocorre um ano bissexto. ano bissexto.
a.C./d.C.
No calendário gregoriano, a contagem dos anos tem início na data de
nasc imento de Jesus Cristo. Por isso, nos estudos históricos é comum
encontrarmos as siglas a.C. e d.C., que significam “antes de Cristo” e “de-
pois de Cristo”, respectivamente. Dessa forma, o ano contado a partir do
nascimento de Cristo é o ano 1, o segundo é o ano 2, e assim sucessiva-
mente, em ordem crescente. Os anos “depois de Cristo” podem ou não ser
acompanhados da sigla d.C.
Da mesma forma, o primeiro ano anterior ao nascimento de Cristo é o
ano 1 a.C., isto é, “antes de Cristo”, o segundo é o ano 2 a.C., e assim
sucessivamente, em ordem decrescente.
Outros calendários
Além do calendário gregoriano,
Calendário chinês do
final do século XIX.
14
Linha do tempo
capítulo 1
A linha do tempo é um instrumento importante
que permite a localização dos fatos históricos no tempo.
4000 a.C. 3000 a.C. 2000 a.C. 1000 a.C. ano 1 1000 2000
15
Explorando o tema
A Arqueologia
A Arqueologia é a ciência que estuda o modo de vida dos povos do passado por meio da
análise dos vestígios materiais por eles produzidos. Muito do que sabemos sobre a Antigui-
dade, por exemplo, se deve ao trabalho dos arqueólogos.
Esses profissionais são responsáveis pela escavação, catalogação, pesquisa e interpretação
dos vestígios arqueológicos. Esses vestígios são os mais variados, como vasos, talheres, joias
e armas.
O sítio arqueológico
O local onde são feitas as escavações é chamado de sítio arqueológico. O trabalho de
escavação não é simples e, antes mesmo de começá-lo, existem cuidados que devem ser
tomados. Uma escavação malfeita pode danificar os vestígios e prejudicar os resultados de
uma pesquisa arqueológica.
O estrato arqueológico
Para determinar a datação e interpretar o significado dos vestígios, os arqueólogos levam
em consideração o estrato arqueológico onde esses vestígios foram encontrados. Os estratos
são as camadas identificáveis no solo. Nos estratos mais profundos são encontrados os ves-
tígios mais antigos e nos estratos mais superficiais, os mais recentes.
Os estratos do solo são formados ao longo de milhares de anos, principalmente devido à
ação da natureza, como a erosão, as chuvas, o vento, as atividades vulcânicas e os terremotos.
No entanto, as atividades humanas também influenciam na formação dos estratos do solo.
Isso pode ocorrer, por exemplo, por meio da construção de edifícios, barragens e aterros.
16
capítulo 1
Veja, a seguir, um esquema que representa um sítio arqueológico e os estratos onde são
encontrados vestígios.
Cacos de cerâmica
datados da Antiguidade
podem ser encontrados
em estratos
intermediários.
17
História e outras áreas do conhecimento
Para realizar seu trabalho de construção do conhecimento histórico, os
historiadores precisam da ajuda de profissionais de outras áreas do conhecimento.
Diferentes profissionais
Muitas vezes, o historiador depende da ajuda de outros profissionais,
além dos arqueólogos, para compreender os processos históricos.
Conheça algumas características do trabalho de alguns desses profissionais.
O antropólogo
estuda o ser
humano em seus
aspectos físicos e
culturais, desde a
sua evolução
biológica até sua
formação cultural,
que incluem mitos,
costumes e
linguagem.
Iustrações: Art Capri
O filósofo estuda
as impressões dos
seres humanos
sobre o mundo. A
Filosofia auxilia na
compreensão das
ideias e dos anseios
das pessoas
de determinadas
épocas.
18
capítulo 1
Estudar História é...
O sociólogo
estuda as sociedades
humanas e as
relações que se
estabelecem entre os
indivíduos e os
diversos grupos
sociais, como a
família, a escola
e as associações
de profissionais.
Iustrações: Art Capri
O geógrafo estuda
as transformações
que ocorrem no
espaço terrestre,
tanto aquelas
causadas por
fenômenos naturais
quanto as que são
realizadas pelos
seres humanos.
19
Atividades
Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.
Exercícios de compreensão
1 O que é História? 9 A linha do tempo apresentada na página 15
serve para organizar os acontecimentos
2 Qual é a utilidade da História? da história de todos os povos do mundo?
3 Cite exemplos de fontes históricas. Por quê?
10 Que tipo de trabalho realiza o arqueólogo?
4 Por que, na construção do conhecimento
Qual sua importância para a construção
histórico, não é possível chegar a uma
do conhecimento histórico?
verdade única e absoluta?
11 O que é um sítio arqueológico?
5 Atualmente, quais pessoas são considera
das sujeitos da história? 12 Escreva algumas características do trabalho
dos seguintes profissionais.
6 Escreva, com suas palavras, o que você
entendeu por: tempo da natureza, tempo a ) Antropólogo.
cronológico e tempo histórico. b ) Filósofo.
7 Dê exemplos de acontecimentos de curta, c ) Sociólogo.
de média e de longa duração. d ) Geógrafo.
8 Explique para que servem cada um dos 13 Escreva um texto sobre o que você espera
elementos que compõem uma linha do aprender nas aulas de História durante
tempo. este ano letivo.
Expandindo o conteúdo
14 Leia o texto a seguir.
20
capítulo 1
A História relaciona-se com diferentes ciências, de acordo com
seu objeto de estudo. As ciências humanas, como Sociologia e An-
tropologia, são as mais próximas da História. Mas outras ciências
também podem contribuir. A Biologia, por exemplo, pode auxiliar
a ) De acordo com o texto, quais temas históricos fazem parte da cultura da hum an idade?
b ) Qual a origem do termo historía? Qual é o significado desse termo?
c ) Como era ensinada a História do Brasil antigamente? E nos dias de hoje?
d ) O que é fonte histórica?
e ) Cite exemplos de fontes materiais. Cite também exemplos de fontes imateriais.
f ) Quais ciências podem contribuir com os estudos de História Antiga?
João José Rescala - Água, Ceará. c. 1943. Coleção Museu Nacional de Belas-Artes/IBRAM/MinC
pintura que representa alguns sertanejos do
Nordeste brasileiro na década de 1940.
a ) Que tipo de fonte é essa?
b ) Qual é o nome da obra?
c ) Quem a produziu?
d ) Quando ela foi produzida?
e ) Por meio da análise dessa fonte, o que
você consegue perceber sobre o cotidia-
no dos sertanejos nord estinos daquela
época?
f ) Você já ouviu falar de casos em que pes-
soas têm de enfrentar situações seme
lhantes à que foi representada nessa
pintura? Em caso afirm ativo, descreva
onde e quando isso ocorreu.
21
16 Na construção do conhecimento histórico, muitas vezes o historiador utiliza métodos com-
parativos de análise das fontes. Compare as duas fotografias a seguir.
A B
Hulton-Deutsch Collection/Corbis/Latinstock
Ronnie Kaufman/Corbis/Latinstock
Homem tirando fotografia de Criança tirando fotografia de
um casal, em 1873. um casal, em 2004.
No Brasil
22
capítulo 1
a ) Quais atividades os povos indígenas do Xingu realizam no mês de jan eiro?
c ) Com base na análise desse calendário, dê outros exemplos da ação do tempo da natureza
d ) Produza em seu caderno um calendário semelhante ao dos povos do Xingu. Nesse ca-
lendário anote, por exemplo, os meses em que você frequenta a escola, os meses em
que tem férias, o mês do seu aniversário etc. Ilustre-o com desenhos que representem
suas atividades anuais. Depois, compare-o com o de um colega e verifiquem as seme-
lhanças e as diferenças entre as atividades realizadas por vocês.
18 Faça no caderno uma linha do tempo da sua vida e organize-a registrando nela os fatos que
você considera mais importantes. Depois, apresente-a aos colegas.
19 Você viu que todas as pessoas são sujeitos da história. Você também é um sujeito da histó-
ria, por isso, as ações que você pratica interferem no cotidiano e na história das pessoas
que convivem com você.
Escreva um pequeno texto explicando como suas ações interferem, por exemplo, no cotidiano
e na história de sua família, da escola, do bairro.
Trabalho em grupo
20 Entreviste uma pessoa (parente, vizinho, amigo) com mais de 50 anos. Pergunte como eram
os costumes na época da infância dela, por exemplo: como era a escola, as brincadeiras,
o vestuário. Anote as perguntas que foram feitas e as respostas que foram dadas. Se
possível, produza ilustrações para representar os acontecimentos narrados pela pessoa
entrevistada.
Depois, escreva um texto sobre o que foi possível descobrir por meio da entrevista realizada.
Aponte também as semelhanças e as diferenças entre a época passada e o tempo presen-
te. Mostre esse texto aos colegas e conte como foi a experiência de entrevistar uma pessoa
mais velha.
Estimule a autonomia na aprendizagem dos alunos solicitando-lhes que realizem a proposta da seção Refletindo sobre o
capítulo. Explique-lhes que, caso não tenham compreendido alguma das afirmações, é importante que o professor seja
informado para que possa retomar o conteúdo correspondente e sanar as deficiências na aprendizagem.
Agora que você finalizou o estudo deste capítulo, faça uma autoavaliação de seu apren-
dizado. Verifique se você compreende as afirmações a seguir.
■■ Estudar as ações humanas em outras épocas e lugares nos auxilia a compreender o
mundo em que vivemos.
■■ Fonte histórica é tudo o que nos fornece informações sobre o passado.
■■ Todas as pessoas podem ser consideradas sujeitos históricos, pois participam e influen-
ciam o processo histórico de diferentes formas.
■■ O historiador conta com o auxílio de profissionais de outras áreas do conhecimento
para realizar o trabalho de construção do conhecimento histórico.
Após refletir sobre essas afirmações, converse com os colegas e o professor para certi-
ficar-se de que todos compreenderam o conteúdo trabalhado neste capítulo.
23
2
capítulo
B Ferramentas
de pedra
Maurice Nimmo/Frank
produzidas por
Lane Picture Agency/
Corbis/Latinstock
seres humanos
há milhares de
anos.
24
Peter Jackson - Pinturas rupestres. Séc. XX. Guache sobre papel. Coleção particular. Foto: Look and Learn/The Bridgeman Art Library/Keystone
C Ilustração produzida
na atualidade,
representando
seres humanos que
viveram milhares de
anos atrás pintando
a parede de uma
caverna.
25
O planeta Terra
Há cerca de 3,5 bilhões de anos, surgiram as primeiras formas de vida.
A formação do planeta
O planeta Terra se formou há aproximadamente 4,6 bilhões de anos, a par-
tir da matéria (poeira e gases) liberada durante a formação do Sol (e do próprio
sistema solar). Para obter esses dados, os cientistas buscaram informações
em rochas que existem na Terra, nas rochas lunares e na constituição dos
corpos que, ao longo do tempo, se chocaram com a Terra, como os meteoritos.
1 2 3
26
26
A origem do universo
capítulo 2
Ainda não temos uma explicação definitiva sobre a origem
do Universo. No entanto, existem teorias científicas consis-
tentes e que já possuem comprovação em muitos de seus
aspectos. Atualmente, a mais aceita pelos cientistas é a
Teoria da Grande Explosão, ou Big Bang. De acordo com
Laguna Design/SPL/Latinstock
Universo estava concentrada em um único ponto. Após uma
gigantesca explosão, o Universo começou a se expandir,
dando origem ao tempo, ao espaço e às galáxias.
Art Capri
1 Na época em que foi formada, a Terra era
extremamente quente, uma massa em
ebulição, constantemente atingida por
meteoros e cometas. Aos poucos, o planeta
foi esfriando, e uma camada rochosa foi se
formando em sua superfície.
27
A evolução dos seres humanos
O processo de hominização ocorreu no continente africano,
por isso a África é chamada de “berço da humanidade”.
Photodisc/Getty Images
Grande parte da
O criacionismo evolução humana
ocorreu nas savanas
Além da teoria evolucionista, a mais aceita pelos cientistas, existem outras explicações
africanas. Essa
para a origem do ser humano, como as de cunho religioso. Uma das mais conhecidas
fotografia retrata a
dessas explicações é aquela que se encontra na Bíblia . De acordo com a versão bíblica,
paisagem atual de
defendida pelos chamados criacionistas, Deus criou o Universo e todos os seres vivos
em apenas seis dias, descansando no sétimo.
uma savana africana
localizada no Quênia.
28
A hominização
capítulo 2
O desenvolvimento de características típicas do ser humano, isto é, a cm 3 centímetro
hominização, proporcionou aos nossos ancestrais uma grande capacidade cúbico. Unidade
de adaptação aos mais diferentes ambientes. de medida de
volume que
Os Homo erectus viveram entre 1,8 milhão e 200 mil anos atrás.
Tinham aproximadamente 1,75 metro de altura e pesavam
70 quilogramas. O cérebro media cerca de 950 cm3. Desenvolveram
técnicas eficientes de caça, incluindo a de grandes animais, e
melhoraram a qualidade dos artefatos de pedra que produziam.
Estudiosos acreditam que foi o Homo erectus que aprendeu a
dominar o fogo, há cerca de 250 mil anos.
29
O Paleolítico e o Neolítico
Os seres humanos passaram por grandes transformações
físicas e culturais durante os períodos Paleolítico e Neolítico.
2 500 000 2 250 000 2 000 000 1 750 000 1 500 000 1 250 000 1 000 000 750 000 500 000 250 000
30
A vida no Paleolítico
capítulo 2
No período Paleolítico, o Homo sapiens levava uma vida nômade, e sobrevivia
praticando a caça e a coleta.
N
pouco de palha
O L
ÁSIA para queimar.
EUROPA S
Acrescentavam
pequenos grave-
tos e, depois,
pedaços maiores
de madeira até
OCEANO formar uma
fogueira.
Ilustrações: Paula Diazzi
PACÍFICO
ÁFRICA
Equador
0°
OCEANO ÍNDICO
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANIA
0 1 400 2 800 km
75° L
Fonte: BLACK, Jeremy (Ed.). World History Atlas. Londres: Dorling Kindersley, 2005.
31
A especialização do trabalho no Paleolítico
No período Paleolítico, prevaleceu uma divisão sexual do trabalho: as
O surgimento
mulheres eram encarregadas da coleta de frutos, folhas e raízes e do cui-
de crenças
dado com as crianças. Os homens eram encarregados da caça e da pro-
No período
cura de animais mortos para alimentar os membros do grupo.
Paleolítico
Além da divisão sexual do trabalho, alguns estudiosos acreditam que no surgiram as
período Paleolítico já havia também uma certa especialização na realização primeiras crenças
das tarefas cotidianas. Essa hipótese é reforçada pela grande variedade de em forças sobre-
instrumentos e objetos encontrados em sítios arqueológicos desse período. naturais. Essas
crenças se
Em alguns sítios arqueológicos foram encontrados anzóis, arpões, agulhas manifestavam
para costura e vários outros instrumentos tão elaborados que só pod eriam principalmente
ter sido feitos por trabalhadores especializados. nos rituais, por
exemplo, nas ceri-
mônias fúnebres:
Artistas especializados
Rupestre termo
A arte é um outro exemplo de que havia especialização do trabalho no que se refere a
períod o Paleolítico. De acordo com alguns estudiosos, a arte produzida no rocha, geralmente
Paleolítico é tão aprimorada que só poderia ter sido produzida por artistas usado para
especializados, que não precisavam realizar outras atividades e podiam designar pinturas,
dedicar grande parte de seu tempo à realização dessas pinturas. gravuras ou
desenhos feitos
As pinturas geralmente eram feitas no interior de cavernas e representa- em superfícies
vam principalmente animais e seres humanos. rochosas.
32
Enquanto isso... no continente americano
capítulo 2
No final do período Paleolítico, o continente americano já era habitado por diversos povos,
chamados de paleoíndios. Esses povos, de modo geral, eram caçadores e coletores que sobre-
viviam praticando a caça, a pesca e a coleta de frutos e raízes.
33
História em construção O povoamento da América
Existe consenso entre os estudiosos de que o continente americano foi povoado depois
da África, Europa, Ásia e Oceania, ou seja, de que na América o homem não se desenvolveu
a partir de outros hominídeos, tal como ocorreu na África. No entanto, esses estudiosos não
chegaram a um acordo sobre algumas questões: quando teriam chegado os primeiros po-
voadores da América, de onde vieram e quais teriam sido os caminhos por eles percorridos?
Observe o mapa a seguir.
E. Cavalcante
N
O L
AMÉRICA
DO NORTE
ÁSIA
EUROPA
OCEANO
ATLÂNTICO
ÁFRICA OCEANO
PACÍFICO
Equador
0˚
Meridiano de Greenwich
AMÉRICA
OCEANO DO SUL
ÍNDICO
OCEANIA
Fonte: PARFIT, Michael. O enigma dos primeiros americanos. National Geographic. São Paulo: Abril, ano 1, n. 8, nov. 2000.
Hipótese da Rota de Bering: os primeiros habitantes da América teriam saído da Ásia, passando pelo estreito de Bering.
Acredita-se que durante a última Era Glacial, uma ponte de gelo teria se formado no estreito, tornando possível a passagem
da Ásia para a América.
Hipótese da Rota Costeira: os primeiros habitantes da América teriam saído da Ásia em pequenas embarcações e, nave-
gando próximo à costa, teriam chegado ao continente americano.
Hipótese da Rota Transpacífica: saídos também da Ásia, os primeiros povoadores da América teriam migrado para a
Oceania. Utilizando pequenas embarcações e navegando de ilha em ilha, eles teriam atravessado o oceano Pacífico, che-
gando à América do Sul.
Hipótese da Migração Atlântica: os primeiros povoadores teriam saído da Europa e, utilizando embarcações feitas de
couro, teriam navegado pelo oceano Atlântico até chegar ao norte da América.
34
Há pelo menos 50 mil anos
capítulo 2
Um dos sítios arqueológicos mais importantes para o estudo do povoam ento da América
é o Boqueirão da Pedra Furada, localizado no município de São Raimundo Nonato, no Piauí.
Nesse lugar foram encontrados vestígios da presença humana com mais de 50 mil anos de ida-
O Boqueirão da
Pedra Furada fica no
Parque Nacional
Serra da Capivara,
onde já foram
identificados mais
de 700 sítios
arqueológicos.
Muitos deles
apresentam pinturas
e gravuras, e
também artefatos
humanos paleolíticos.
Essa fotografia
retrata uma pintura
rupestre feita em
uma rocha localizada
no Parque Nacional
Serra da Capivara.
Niéde Guidon. As ocupações pré-históricas do Brasil (excetuando a Amazônia). Manuela Carneiro da Cunha (Org.). História dos índios no Brasil.
São Paulo: Companhia das Letras/Secretaria Municipal de Cultura/FAPESP, 1992. p. 38.
35
O período Neolítico
Uma grande mudança marcou o fim do período Paleolítico e o início do
Neolítico: o desenvolvimento da agricultura e da pecuária.
O início da agricultura
Há cerca de 12 mil anos, alguns grupos humanos começaram a cultivar
plantas comestíveis e a criar animais. Embora à primeira vista isso possa
parecer algo sem grande importância, na verdade o desenvolvimento da
agricultura e da pecuária causou uma grande transformação no modo de
vida desses grupos, mudando o curso da história da humanidade.
Tudo começou quando alguns seres humanos perceberam que as semen-
tes que caíam no chão davam origem a novas plantas. Eles começaram,
então, a enterrar as sementes e constataram que, tempos depois, essas
plantas produziam uma quantidade maior de grãos.
A criação de animais
Art Capri
Na mesma época em que começaram a ser
cultivadas as primeiras lavouras, começou também
a domesticação de animais. O cachorro foi pro-
vavelmente o primeiro animal a ser domesticado
pelo ser humano. Pouco depois, animais como
carneiros, cabritos e bois também passaram a ser
domesticados.
A formação de aldeias
A agricultura combinada com a pecuária teve grande impacto sobre o modo
de vida das populações primitivas. A agricultura fornecia cereais, que consti- As mulheres e
tuíam a base da alimentação, e a criação de animais fornecia carne e leite, e a agricultura
também lã e couro para a confecção de vestimentas. Além disso, a força ani- Enquanto os
homens caça-
mal podia ser usada para facilitar a realização de várias tarefas, principalmen-
vam, as mulheres
te a de arar a terra para plantar. permaneciam nos
Como resultado, houve um grande aumento na oferta de alimentos, com a arredores do
produção de excedentes que podiam ser armazenados. Isso propiciou o au- acampamento,
praticando a
mento da população, que passou a se fixar nos vales férteis dos rios, forman- coleta e cuidando
do as primeiras aldeias. Assim, o ser humano foi deixando a vida nômade e, das crianças. Por
aos poucos, foi se tornando sedentário. isso, foram elas
que puderam
A Idade dos Metais observar a
germinação das
No final do período Neolítico, há cerca de seis mil anos, os seres humanos sementes e
desenvolveram as primeiras técnicas de fundição. Utilizando o cobre e o estanho, praticar os primei-
metais extraídos do solo com certa facilidade, eles conseguiram produzir o bron- ros plantios.
ze, uma liga metálica muito resistente. Com o bronze, nossos ancestrais pude-
ram construir instrumentos mais eficazes para a caça, para o cultivo agrícola e
para outras atividades cotidianas.
36
O desenvolvimento de instituições
capítulo 2
Com a sedentarização e o novo tipo de convivência social em aldeias,
começaram a surgir as primeiras instituições. As instituições são estruturas
sociais que servem para organizar a vida de um determinado povo. Geral-
mente, as instituições estão baseadas nos costumes e tradições desse
A família
Uma das mais antigas instituições humanas é a família [...]
[que] sempre representou uma unidade mais ou menos per-
manente, composta dos pais e de sua prole, e que atende aos
fins de proteção dos [...] [filhos], divisão do trabalho, aquisi-
ção e transmissão de propriedade, conservação e transmissão
de crenças e costumes [...].
A religião
Uma segunda instituição, conhecida anteriormente, mas
desenvolvida em forma mais complexa pelo homem do Neolí-
tico, foi a religião. [...] A religião é, em toda parte, a expressão,
sob uma forma ou outra, de um sentimento de dependência
em face de um poder exterior a nós mesmos [...]. As popula-
ções primitivas dependiam universalmente da natureza — da
sucessão regular das estações, da queda de chuvas nas ocasiões
apropriadas, do crescimento das plantas e da reprodução de
animais. De acordo com essa ideia, esses fenômenos naturais
não ocorriam a menos que o homem cumprisse certos sacrifí-
cios e ritos. [...]
O Estado
Ainda outra das grandes instituições desenvolvidas pelo ho-
mem do Neolítico foi o Estado. [...] Uma sociedade organizada
que ocupa um território específico e que possui um governo efe-
tivo, independente do controle externo. [...]
A principal explicação para o surgimento dos Estados [...] re-
side no desenvolvimento da agricultura. [...] Em certas áreas onde
não havia agricultura estabilizada, é evidente que os Estados sur-
Ilustrações: Art Capri
Edward McNall Burns e outros. História da civilização ocidental: do homem das cavernas às naves espaciais.
40. ed. Trad. Donaldson M. Garshagen. São Paulo: Globo, 2000. p. 12-3.
37
O cotidiano no período Neolítico
Com a sedentarização e a formação das primeiras aldeias, houve uma grande
mudança no modo de vida dos seres humanos.
38
Por que
capítulo 2
Pré-história?
O termo Pré-história foi criado por
pensadores do século XIX, para se referir
ao período da história anterior ao desen-
39
Explorando o tema
Das primeiras fogueiras à queima indiscriminada de combustíveis fósseis
Como vimos neste capítulo, o domínio do fogo teve papel fundamental no desenvolvimen-
to biológico e cultural de nossos ancestrais. A utilização do fogo nas atividades cotidianas
alterou o ritmo de vida dos seres humanos, causando grandes transformações.
Além de possibilitar a ocupação humana em regiões de clima frio, o domínio do fogo favo-
receu a produção de utensílios de cerâmica, como potes e vasos, utilizados para armazenar
água e alimentos.
Posteriormente, o uso do fogo tornou
Ilustração de Alphonse de Neuville, gravura de Charles Laplante - Ferraria primitiva
na Africa. 1866. Xilogravura. Coleção particular. Foto: Akg-Images/Latinstock
O petróleo
A partir do final do século XIX, outro combustível fóssil começou a ser usado na indústria e
nos transportes: o petróleo. Nessa época, ocorreu um salto na produção e no consumo deste
combustível, devido, principalmente, ao crescimento da economia mundial e à descoberta de
grandes reservas petrolíferas.
A partir de meados do século XX, no entanto, a queima destes combustíveis fósseis atingiu
níveis perigosamente altos. Esse aumento está causando problemas ambientais muito graves,
principalmente a poluição das águas e do ar. Além disso, de acordo com muitos estudiosos, a
queima em grande escala do carvão mineral e do petróleo é a principal causa do efeito estufa.
40
capítulo 2
O efeito estufa e o aquecimento global
O efeito estufa é um fenômeno causado pelo acúmulo de
A emissão de gases e o
aumento da temperatura global
Mudança de
temperatura (ºC)
4
Gases do efeito estufa
3
O petróleo é uma
2 das principais
41
Atividades
Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.
Exercícios de compreensão
1 Produza um pequeno texto narrando alguns 8 Produza um pequeno texto sobre o início
dos principais eventos que fazem parte da especialização do trabalho no período
da história da Terra. Procure abordar te Paleolítico.
mas como: a formação do planeta, o
surgimento das primeiras formas de vida, 9 No período Paleolítico surgiram as primeiras
a evolução das espécies e o surgimento crenças em forças sobrenaturais. Cite um
dos primatas. exemplo desse tipo de crença.
7 Como o Homo sapiens obtinha seus alimen 14 Se você fosse um Homo sapiens do perío
tos no período Paleolítico? Como era a do Paleolítico, como seria o seu dia a dia?
divisão do trabalho nesse período? Produza um texto contando o que você
faria, o que comeria, como dormiria etc.
Expandindo o conteúdo
15 O texto a seguir apresenta as principais ideias da teoria evolucionista, criada pelo naturalista
inglês Charles Darwin, no século XIX, e aperfeiçoada por muitos estudiosos ao longo do
século XX.
42
capítulo 2
Seleção natural: a vida é uma luta em busca de alimento, espaço vital, com-
panheiros e outras coisas essenciais. Algumas características podem facilitar essa
luta, como dentes afiados no caçador, ou mais sementes na flor. Tais característi-
cas acomodam ou adaptam melhor um indivíduo ao meio ambiente,
a ) O que diz a teoria evolucionista sobre a variação nos membros das proles?
b ) O que é seleção natural?
c ) Como são preservadas as características que são vantajosas?
d ) Qual é o principal fator que determina o desaparecimento de algumas espécies e o sur
gimento de outras?
A B
Frank Lukasseck/Corbis/Latinstock
George Holton/Photoresearchers/Latinstock
a ) Qual das duas pinturas representa uma atividade típica do período Paleolítico? Just ifique
sua resposta.
b ) Qual representa uma atividade que só começou a ser praticada no Neolítico? Just if ique.
43
17 Observe o mapa.
E. Cavalcante
N
NOROESTE DA
EURÁSIA O L
S
Girassol Aveia
Abóbora Arroz africano
ESTEPES DO ÁSIA CENTRAL
EUROPA SUDOESTE
Algodão Banana AMÉRICA DO NORTE
OCEANO CHINA
Trigo Centeio ORIENTE
ATLÂNTICO INDUS
PRÓXIMO
Ervilha Batata
Milho Abacaxi
Tomate
AMÉRICA CENTRAL SUDESTE DA ÁSIA
Mandioca
Abacate Arroz ÁFRICA OCIDENTAL
Soja
Equador PLANÍCIE DA
AMÉRICA DO SUL 0°
Meridiano de
Greenwich
Camelo Peru OCEANO ÍNDICO
bactriano ANDES
Rena Lhama
Cavalo Alpaca
Porco Galinha
OCEANO PACÍFICO
Boi Ganso
0 1 880 km
0°
Fonte: BARRACLOUG, Geoffrey (Ed.). Atlas da História do Mundo. São Paulo: Folha da Manhã, 1995.
Discutindo a história
18 A arqueóloga brasileira Niéde Guidon levantou uma grande polêmica entre os estudiosos
quando, na década de 1970, passou a afirmar que o povoamento da América teria ocorrido
há pelo menos 50 mil anos. Leia o artigo a seguir, publicado em 20/11/2006.
A arqueóloga Niéde Guidon riu por último. Evidências apresentadas ontem indicam que as ferra-
mentas de pedra descobertas pela pesquisadora no Boqueirão da Pedra Furada, em São Raimundo
Nonato, foram mesmo feitas por seres humanos e têm entre 33 mil e 58 mil anos de idade. São, portanto,
a evidência mais antiga da ocupação da América.
Durante mais de duas décadas Guidon, paulista de origem francesa, foi ridicularizada por seus cole-
gas por propor uma idade tão antiga para os instrumentos. Mas uma análise das ferramentas da Pedra
Furada apresentada ontem por Eric Boeda, da Universidade de Paris, e Emílio Fogaça, da Universidade
Católica de Goiás, silenciaram os críticos. “Do meu ponto de vista, esta é uma evidência incontestável de
que os artefatos foram feitos por humanos”, disse à Folha o arqueólogo Walter Neves, da USP, até então
principal adversário intelectual de Guidon. “Ela merece esses louros”, disse, referindo-se à colega.
Os artefatos têm causado controvérsia desde a sua descoberta, em 1978. Eles foram achados junta-
mente com supostas fogueiras no abrigo, cujo carvão foi datado em até 50 mil anos. Uma datação
realizada depois na Austrália recuou a idade ainda mais: 58 mil anos.
44
capítulo 2
O problema era que, naquela época, as evidências apontavam que a presença humana tinha no máxi-
mo 15 mil anos no continente. [...]
Pedras rolantes
a ) De acordo com estudos recentes, quantos anos de idade têm as ferramentas de pedra
encontradas por Guidon em São Raimundo Nonato?
b ) O que os pesquisadores Eric Boeda e Emílio Fogaça concluíram após analisarem essas
ferramentas?
c ) Por que na época em que foram encontrados os artefatos de Pedra Furada, na década
de 1970, Niéde Guidon foi ridicularizada por seus colegas?
d ) “Niéde Guidon riu por último”. O que os autores do texto quiseram dizer com essa frase?
Estimule a autonomia na aprendizagem dos alunos solicitando-lhes que realizem a proposta da seção Refletindo sobre
o capítulo. Explique-lhes que, caso não tenham compreendido alguma das afirmações, é importante que o professor
seja informado para que possa retomar o conteúdo correspondente e sanar as deficiências na aprendizagem.
Agora que você finalizou o estudo deste capítulo, faça uma autoavaliação de seu apren-
dizado. Verifique se você compreende as afirmações a seguir.
■■ O surgimento e a evolução do ser humano ocorreram na África.
■■ Durante grande parte do processo evolutivo, os hominídeos sobreviveram graças à
caça e à coleta de frutos e raízes.
■■ Sedentário é o nome que se dá ao grupo de pessoas que deixaram a vida nômade e
se fixaram em um lugar.
■■ Os principais fatores que permitiram a sedentarização foram o domínio da agricultura
e da criação de animais.
■■ A sedentarização foi o que possibilitou a formação de aldeias e o desenvolvimento de
instituições, como a família, a religião e o Estado.
■■ O ser humano chegou ao continente americano há pelo menos 50 mil anos.
Após refletir sobre essas afirmações, converse com os colegas e o professor para
certificar-se de que todos compreenderam o conteúdo trabalhado neste capítulo.
45
3
capítulo
Os povos da Mesopotâmia
Veja nas Orientações para o professor alguns comentários e explicações sobre os
recursos apresentados no capítulo.
Museu Britânico, Londres. Foto: AAAC/TopFoto/Keystone
A Painel mesopotâmico datado de 2500 a.C., representando diferentes cenas de uma guerra.
Schutze+Rodemann/Arcaid/Corbis/Latinstock
46
Gianni Dagli Orti/Corbis/Latinstock
C Relevo datado de 860 a.C., encontrado na Mesopotâmia.
da análise da fonte A?
■ ■ Você sabe o que é a escrita cuneiforme, que pode ser observada na fonte B? Como era
L Mar
retrata os campos
S Cáspio cultivados às
Ri margens do rio
oT
igr
e Eufrates, no Iraque.
Nínive
Ri
o
Eu
fra Assur
te
s
Sippar
Babilônia
Agade Nippur
Lagash
Uruk
Nina
Ur
30° N
Golfo
Pérsico
0 112 km
45° L
Fonte: BLACK, Jeremy (Ed.). World History Atlas. Londres: Dorling Kindersley, 2005.
48
Uma sucessão de povos
capítulo 3
Além dos sumérios e dos babilônios, vários outros povos habitaram a
Mesopotâmia, como assírios e caldeus. Alguns desses povos já viviam ali,
outros vieram de lugares distantes, atraídos pela riqueza da “terra entre
rios”. Eles travaram muitas guerras pelo
Os povos da Mesopotâmia
Detalhe de um
3500 a.C. 3000 a.C. 2500 a.C. 2000 a.C. 1500 a.C. 1000 a.C. 500 a.C.
49
A formação de cidades na Mesopotâmia
Por volta de 3500 a.C., várias aldeias mesopotâmicas já haviam crescido e se
transformado em cidades.
Um espesso muro e um
fosso protegiam a cidade
contra ataques inimigos.
As moradias de Ur eram
construídas com tijolos
de argila secos ao Sol.
50
Desenvolvendo uma civilização
capítulo 3
Como era necessário o esforço conjunto de muitos agricultores para
construir e manter os diques e canais de irrigação, surgiram também es
pecialistas no planejamento e administração dos trabalhos, o que acabou
Os povos da Mesopotâmia
dando origem a um sistema de governo. Para defender suas terras contra
a invasão de povos estrangeiros, foram organizados exércitos.
Como havia necessidade de se registrar as atividades agrícolas e comer
ciais para controlar a cobrança de impostos, os sumérios desenvolveram
um sistema de escrita. Havia também os sacerdotes, pessoas que se de
dicavam às questões espirituais. Eles eram os condutores de uma religião
que tinha numerosos deuses e dava explicações às questões relativas ao
ser humano e à natureza.
Os povos mesopotâmicos, por volta do ano 3500 a.C., já haviam desen
volvido vários elementos que caracterizam uma civilização, como um go
verno organizado, uma religião, um sistema de escrita, uma divisão do
trabalho, entre outros.
A cidade-estado de Ur
Observe uma ilustração que representa a cidadeestado de Ur, por volta
de 2500 a.C.
O palácio era a sede do governo da cidade. Nele, Nos portos eram realizadas
moravam o rei e sua família. Além disso, circulavam muitas trocas comerciais com
pelo palácio diariamente muitos funcionários, como povos estrangeiros.
sacerdotes, fiscais, chefes militares, mercadores,
escribas e soldados.
Mario Henrique
Dique construção
feita para represar
a água.
Escriba pessoa
que, na Antiguidade,
era responsável por
fazer registros
Essa ilustração é uma representação artística feita com base em estudos históricos.
Baseado em A era dos reis divinos: 3000-1500 a.C. Rio de Janeiro: Cidade Cultural, 1989. escritos.
51
A sociedade mesopotâmica
A sociedade mesopotâmica era formada por diversos grupos sociais.
52
Atividades econômicas
capítulo 3
A economia mesopotâmica baseava-se nas atividades desenvolvidas em dois
espaços diferentes: o campo e a cidade.
Os povos da Mesopotâmia
O trabalho no campo e na cidade
Na área rural, os mesopotâmios plantavam principalmen
Mar de N
Aral
Mar Negro O L
S
ANATÓLIA
Mar
Cáspio
M
Ri
ES
o
O
Ti
PO
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Ri
oE TÂ
e
Mar
Cobre ufr
Mediterrâneo ate MI PÉRSIA
Estanho s A
Prata
Ouro 45° N
EGITO
do
Lápis-lazúli
In
o
Ri
Cornalina
Ri
ARÁBIA Golfo
o
Ni
Turquesa Pérsico
lo
Mar
Esteatita (talco) Vermelho
Sílex 0 375 km
30° L
Granito
Madeira Fonte: REDE, Marcelo. A Mesopotâmia. São Paulo: Saraiva, 1997.
53
A religião na Mesopotâmia
Assim como a maioria dos povos antigos, os mesopotâmios também davam grande
importância às práticas religiosas.
As crenças religiosas
Os mesopotâmios [...] acreditavam que deuses e deusas eram responsáveis por tudo o
que acontecia no mundo. [...] Zelavam também por determinadas vilas, cidades e pessoas.
Cada mesopotâmio era protegido por um deus ou deusa, assim como as cidades. [...]
Os deuses esperavam que as pessoas sacrificassem animais e seguissem rituais para
mantê-los felizes. Sacerdotes e sacerdotisas especiais lavavam e vestiam imagens dos
deuses todos os dias, perfumando-as e adornando-as com joias. [...]
Se os deuses estivessem felizes, cumpriam suas missões — faziam as plantas crescer
e o povo prosperar. Se estivessem irados, puniam o povo. Causavam fomes, doenças e
derrotas em batalha. [...]
Marian Broida. Egito Antigo e Mesopotâmia para crianças. Trad. Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002. p. 74. Estátua
representando
Abu, deus
Os zigurates mesopotâmico
da vegetação.
Os zigurates eram grandes construções feitas pelos mesopotâmios. Era
no alto dos zigurates que ficavam localizados os templos onde os cultos
eram realizados. Os cultos consistiam em orações, sacrifícios de animais e
oferendas aos deuses.
Patrimônio histórico
No Iraque, ainda existem ruínas do grande zigurate de Ur. Essas ruínas são considera-
das patrimônio histórico do Iraque.
Patrimônio histórico é tudo aquilo que tem significado histórico para uma determinada
sociedade, por exemplo: edificações, pinturas, utensílios domésticos, roupas, danças e
pratos típicos.
Grandes
construções
Ruínas do grande zigurate de Ur. da Antiguidade
54
A mitologia mesopotâmica: o dilúvio
capítulo 3
A palavra mitologia (do grego mythos = fábula; logía = estudo) significa o
conjunto de histórias que pretendem explicar a origem do ser humano, do
Universo e seu funcionamento por meio da ação de deuses e heróis.
Os povos da Mesopotâmia
Para explicar a ocorrência de eventos naturais, entre eles terremotos e
Dilúvio grande
dilúvios, os povos mesopotâmicos criaram seus próprios mitos. O mito do di inundação.
lúvio, que muitos conhecem como uma história da Bíblia , por exemplo, é de
origem mesopotâmica. Leia o texto.
Katie S. Atkinson - Arca de Noé. Séc. XX. Coleção particular. Foto: Images.com/Corbis/Latinstock
Pintura que representa a passagem bíblica em que os animais entram na Arca de Noé, antes do
grande dilúvio.
55
Explorando o tema
A escrita cuneiforme
A escrita cuneiforme é uma das mais antigas do mundo. Desenvolvida pelos sumérios no
terceiro milênio antes de Cristo, seu nome vem de “cunha”, que era o formato do instrumen
to de bambu utilizado para gravar os sinais nas plaquetas úmidas de barro. Após serem
gravadas, as plaquetas eram expostas ao Sol para secar e, depois, colocadas em um forno
para serem cozidas e ganhar resistência. Povos como os sumérios, os babilônios e os as
sírios utilizaram a técnica cuneiforme para escrever.
A escrita facilitava o controle da pro
No princípio, os sinais cuneiformes eram pictográficos, ou seja, desenhavam aproximadamente aquilo que
queriam significar: o desenho de uma mão significava a palavra “mão”; um galho de cereal significava “cereal” ou
“grão de cereal”. Após, os desenhos passaram a expressar ideias mais abrangentes: a mão poderia significar “força”
ou o verbo “proteger”. Esse segundo estágio chama-se ideográfico.
Mais tarde, os sinais ganharam valores fonéticos (passaram a expressar sons, geralmente sílabas: ab, ba, bab).
Assim, a mão — que em sumério se lia SHU — deu origem a sinais que poderiam ser lidos, nas línguas acadianas,
como shu; qat; qad. Juntando-se vários sinais silábicos, formava-se uma palavra, por exemplo:
Mesmo com o desenvolvimento de alguns sinais fonéticos, a maioria dos sinais cuneifor
mes continuou a ser ideográfica. Por isso, a escrita mesopotâmica era muito difícil de ser
aprendida, sendo seu uso reservado aos escribas.
56
capítulo 3
O Código de Hammurabi
Os povos da Mesopotâmia
O Código de Hammurabi foi organizado entre 1792 e 1750 a.C., durante o governo de
Hammurabi, rei da Babilônia. Era composto de 282 artigos que tratavam de temas variados,
desde pequenos delitos até crimes graves. O código era baseado em um antigo princípio
mesopotâmico, o princípio de Talião (“Olho por olho, dente por dente”). De acordo com esse
princípio, o responsável por um crime deveria receber um castigo semelhante ao crime que
cometeu. Veja os exemplos.
57
Atividades
Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.
Exercícios de compreensão
1 Escreva com suas palavras como os pri 5 Descreva a sociedade mesopotâmica.
meiros grupos humanos se estabeleceram
na Mesopotâmia e como eles trabalharam 6 Quais eram os principais trabalhos rea
para ampliar a produção agrícola. lizados no campo e nas cidades da Me
sopotâmia?
2 Quais foram as consequências do aumento
da produção de alimentos na Meso 7 Para quais regiões os mercadores mes o
potâmia? potâmicos viajavam para realizar troc as
comerciais? Quais produtos eles compra
3 Produza um pequeno texto explicando co vam nessas regiões? Quais prod utos eles
mo ocorreu o desenvolvimento da civili vendiam?
zação mesopotâmica.
8 Explique com suas palavras como era a
4 Sobre a cidade de Ur, responda às questões. religião dos mesopotâmios.
a ) Qual era a principal função dos canais 9 Por que os zigurates eram importantes pa
de irrigação? ra os mesopotâmios?
b ) Qual matéria-prima era usada na cons 10 Como era a técnica cuneiforme de es
trução das moradias? crita?
c ) Onde eram realizadas as cerimônias 11 Qual era a importância da escrita para os
religiosas? mesopotâmios?
d ) Onde eram realizadas as trocas comer
12 O que é o Código de Hammurabi?
ciais com povos estrangeiros?
Expandindo o conteúdo
13 Sobre o poder do rei na Mesopotâmia, leia o texto a seguir.
A figura do rei apareceu muito cedo na Mesopotâmia. Tudo indica que os membros de uma assem-
bleia (provavelmente formada pelos homens adultos) elegiam um rei para cuidar de tarefas específicas.
Mas esse cargo não era fixo e foi criado somente para os casos de necessidade de um comando mais
forte sobre a população, por exemplo, durante as guerras. Nessa época, o rei parece ter sido, antes de
mais nada, um representante da comunidade, inclusive diante dos deuses, acumulando também fun-
ções sacerdotais. Com o tempo, o rei fortaleceu seu poder e impôs a sua vontade sobre o restante da
comunidade. Foi o início de uma forte tendência de concentração do poder nas mãos do soberano, que
marcou toda história política mesopotâmica.
Paralelamente, o rei tornou-se uma autoridade independente do templo e de seus sacerdotes. De
fato, as escavações arqueológicas constataram que, por volta de 2600 a.C., surgiu nas cidades uma se-
gunda grande estrutura arquitetônica, além do templo: o palácio, que seria, a partir de então, a
morada do rei e o novo centro do poder.
Marcelo Rede. A Mesopotâmia. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 34-5. (Que história é esta?).
58
14 Leia o texto.
capítulo 3
[...] Durante séculos, aproveitando as noites quentes e claras, [...] [os meso-
Os povos da Mesopotâmia
potâmios] observavam o curso das estrelas. [...] Logo conseguiram identificar
as estrelas que estavam todas as noites no mesmo lugar da abóbada celeste e
que, portanto, pareciam imóveis. Viram formas nas constelações e lhes deram
nome, como falamos hoje do Cruzeiro do Sul ou da Ursa Maior. [...] Achavam
que a Terra fosse um disco rígido e que a abóbada do céu fosse uma espécie de
bolha oca que todos os dias girasse por cima da Terra. Certamente ficavam
muito admirados ao constatar que nem todas as estrelas eram fixas, ou seja,
que algumas não eram grudadas na abóbada celeste [...].
Hoje nós sabemos que não são as estrelas que giram com a Terra em torno
do Sol. São os “planetas”. Mas naquele tempo [...] [os mesopotâmios não] po-
diam saber disso. Por isso acreditavam na intervenção da magia. Deram nomes
a essas estrelas e sempre as interrogavam. Pensavam que as estrelas fossem se-
res poderosos e que sua posição no céu tivesse um significado para o destino
dos homens. Achavam então que fosse possível prever o futuro pelo estudo da
posição dos astros. Hoje essa crença recebe o nome de astrologia [...].
Ernst Hans Gombrich. Breve história do mundo. Trad. Mônica Stahel. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 36-7.
stock rbis/Latin
res. Foto: Bettmann/Co
B
A
C D E
59
Passado e presente
16 Leia o texto a seguir.
O Iraque, que ocupa grande parte da Mesopotâmia, possui uma área de 434 128 km2 (pouco maior
que o estado do Mato Grosso do Sul) e tem como capital a cidade de Bagdá. O país tem uma população
de cerca de 25 milhões de habitantes, em sua maioria formada por muçulmanos.
Nas últimas décadas, o Iraque foi devastado por três conflitos armados: a guerra contra o Irã, na
década de 1980; a Guerra do Golfo, em 1990; e a invasão liderada pelos Estados Unidos, em 2003.
Os vários conflitos armados devastaram o Iraque e acabaram agravando a situação de pobreza vivi-
da por grande parte da população, gerando uma terrível situação de miséria. Além dos prejuízos
sofridos pela população, esses conflitos também passaram a ameaçar o patrimônio histórico da região.
Devido a esses conflitos, grande parte dos sítios arqueológicos e monumentos históricos foram da-
nificados e muitos deles completamente destruídos. Além da destruição, as guerras propiciaram a
ocorrência de saques aos sítios arqueológicos, feitos por pessoas interessadas em lucrar com a venda
dos achados arqueológicos no mercado ilegal de antiguidades.
Hoje, estima-se que existam aproximada-
Patrick Robert/Corbis/Latinstock
a ) Quais foram os três conflitos que devastaram o Iraque nas últimas décadas? Que
tipo de prejuízos esses conflitos geraram para a população iraquiana?
b ) Quais são as consequências dos danos ao patrimônio histórico da Mesop ot âmia?
c ) O que você entende por “patrimônio histórico”? Cite três exemplos de patrimônios
históricos.
d ) Nas proximidades do lugar onde você vive, podem ser encontrados casos de danos
aos patrimônios históricos? Cite um exemplo.
No Brasil
17 Neste capítulo, você conheceu a importância dos rios para os mesopotâmios. Assim como
eles, povos de diversos lugares do mundo se fixaram próximos aos rios para obter água
para beber, banhar-se, irrigar suas plantações e desenvolver a pecuária.
a ) Pesquise em jornais, revistas ou internet informações sobre pessoas que vivem nas pro
ximidades de rios no Brasil. Procure saber, por exemplo: a importância que o rio tem
para as pessoas; como suas águas são utilizadas; se o rio está poluído ou não; o que
as pessoas fazem para preservá-lo; se o rio é utilizado como via de transporte; quais as
dificuldades enfrentadas pelos moradores e o que fazem para superá-las etc.
b ) Traga as informações para a sala de aula e apresente-as para os colegas.
60
Discutindo a história
capítulo 3
18 O texto a seguir apresenta uma discussão acerca da invenção da escrita em diferentes
lugares do mundo. Leia-o.
Os povos da Mesopotâmia
Até [...] [alguns anos atrás, acreditava-se que a escrita teria sido inventada] há cerca de 5 000 anos na
Mesopotâmia, atual Iraque. A região era ocupada pelos sumérios, que já cavavam canais de irrigação
para fazer agricultura em grande escala. “Depois que aprenderam a controlar a produção de alimentos,
eles foram os primeiros a se agrupar em cidades com uma administração central. Isso os forçou a criar
um modo de organizar a sociedade”, conta o maior especialista brasileiro em escrita mesopotâmica,
Emanuel Bouzon, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. “Para tanto, aprenderam a
escrever antes que os outros.”
Desde [...] [1998], porém, a história da escrita está sendo reescrita. Novos achados arqueológicos, a
milhares de quilômetros dos sumérios, sugerem que a ideia ocorreu a diversos povos ao mesmo tempo.
Um deles foi anunciado no Egito, [...] pelo arqueólogo Günter Dreyer, do Instituto Arqueológico Ale-
mão. Escavando uma tumba real na margem do Nilo, em Abidos, ele desenterrou 180 placas de barro
com formas rudimentares de hieróglifos [...]. Elas podem ter sido gravadas há até 5 400 anos — três
séculos antes das sumérias.
Em maio de 1999, os americanos Jonathan Kenoyer, da Universidade de Wisconsin, e Richard
Meadow, da Universidade de Harvard, jogaram ainda mais lascas na fogueira. Encontraram, no atual
Paquistão, pedaços de vasos com [...] [escrita feita] há 5 300 anos pelo povo dravda, os construtores de
Harappa, uma das grandes cidades da Índia Antiga.
Ainda não há consenso sobre as descobertas. “Mas a importância dos achados é incontestável”, afir-
ma [...] o egiptólogo John Baines, da Universidade de Oxford, na Inglaterra. Ele desconfia que os
manuscritos egípcios não são mais antigos que os mesopotâmicos. Apesar disso, indicam que a arte de
registrar palavras por sinais estava sendo desenvolvida em mais de um lugar na mesma época. [...]
[A invenção da escrita] tanto pode ter acontecido às margens do Nilo quanto no deserto iraquiano ou,
ainda mais longe, nos vales da Ásia.
Denis Russo Burgierman. O primeiro dia da História. Superinteressante. São Paulo: Abril, ano 13, n. 142, jul. 1999. p. 52-3.
62
Roger Wood/Corbis/Latinstock
C Fotografia recente dos campos férteis às margens do rio Nilo.
Aproveite a seção
Conversando sobre o assunto Conversando sobre o
assunto para ativar o
Neste capítulo você vai conhecer melhor os egípcios, um povo que de conhecimento prévio
dos alunos e estimular
senvolveu uma civilização milenar às margens do rio Nilo. seu interesse pelos
assuntos que serão
Observe as imagens apresentadas nestas páginas e converse com os desenvolvidos no
colegas sobre as questões a seguir. capítulo. Faça a
mediação do diálogo
■ ■ Quem são as pessoas que aparecem trabalhando na fonte A? Em que entre os alunos de
atividades elas trabalhavam? maneira que todos
participem expressando
■ ■ Quais informações sobre a região onde se desenvolveu a civilização suas opiniões e
respeitando as opiniões
egípcia é possível obter por meio da observação da fonte C? É pos dos colegas.
sível estabelecer alguma relação entre as fontes A e C?
■ ■ Os monumentos retratados na fonte B foram construídos pelas mes
63
A formação da civilização egípcia
Os egípcios desenvolveram sua sociedade às margens de um grande rio,
construindo uma grande civilização em uma região desértica do continente africano.
S
L
unificado.
Com a unificação, as funções que antes eram
exercidas pelos chefes dos nomos passaram a
ser realizadas pelos funcionários do Estado. ALTO
EGITO
Entre essas funções, estavam a aplicação das
leis, a fiscalização das atividades econômicas
Tebas
— como agricultura, criação de animais e comér
cio — e o controle sobre a construção de obras
hidráulicas, por exemplo, canais de irrigação,
Fronteira entre o
diques e poços. Assouan Baixo e o Alto Egito
Regiões desérticas
Regiões férteis
Faraó principal governante do Egito Antigo, era
considerado filho dos deuses na Terra e exercia
autoridade administrativa, judicial e religiosa. Abu Simbel
Semneh 0 115 km
Fonte: KINDER, Hermann; HILGEMANN, Werner.
The Penguin Atlas of World History. Londres: Penguin, 2010. 30° L
64
Períodos da história do Egito Antigo
capítulo 4
Os egiptólogos costumam dividir a história do Egito Antigo em três perío
dos: Antigo Reino, Médio Reino e Novo Reino. Veja, na linha do tempo,
alguns acontecimentos importantes que marcaram a trajetória da civilização
egípcia em cada um desses períodos.
Os períodos intermediários
As três grandes fases da história do Antigo Egito foram encerradas pelos chamados
períodos intermediários. Apesar do grande poder que a maioria dos faraós desfrutou, na
história do Antigo Egito foi recorrente a tensão entre a centralização e a fragmentação
da autoridade.
Quando o poder central se enfraquecia e as disputas entre os chefes locais aumentavam,
o equilíbrio da sociedade e da economia se rompia, e o Egito ficava vulnerável aos ataques
externos. A produção agrícola declinava, pois a força de trabalho saía do controle estatal e
os diques, represas e canais — fundamentais para a agricultura — ficavam sem a devida
manutenção.
Além disso, durante esses períodos turbulentos, as trocas comerciais ficavam compro
metidas, enfraquecendo ainda mais o poder central.
65
As camadas sociais
Ao longo do tempo, a sociedade egípcia mudou muito pouco.
Nela, quase não havia mobilidade social, pois o nascimento era um
fator determinante para marcar a posição social de um indivíduo.
Forman/TopFoto/Keystone
O faraó era considerado um deus vivo. Nessa condição, ele e sua família
A elite egípcia
Abaixo do faraó e sua família, havia uma camada de pessoas que tinham
muitos privilégios na sociedade. Faziam parte dessa camada:
■ ■ os sacerdotes, que conduziam as cerimônias religiosas;
66
A moradia de um artesão egípcio
capítulo 4
No Egito Antigo, havia trabalhadores que, apesar de fazerem parte da
camada mais pobre da população, conquistavam melhores condições de
vida. Entre esses trabalhadores estavam os artesãos, como ourives, meta
lúrgicos, carpinteiros, ceramistas e tecelões.
Mario Henrique
O almofariz (pilão) ficava
encaixado no chão da cozinha
e era usado para moer cereais.
67
Explorando oExplorando
tema o tema
As práticas religiosas no Antigo Egito
A principal característica da religião no Egito Antigo era o politeísmo, isto
c. 530 a.C. Museu Egípcio, Cairo. Foto: Werner Forman/TopFoto/Keystone
As múmias eram preparadas por sacerdotes especiais. Utilizando facas afiadas, eles,
primeiro, removiam os órgãos internos do corpo. O fígado, os pulmões, o estômago e os
intestinos eram colocados em recipientes, denominados vasos canopos, e [...] [sepulta-
dos] com a múmia. O coração, tido como centro da inteligência, ficava no lugar. O
cérebro era em geral descartado.
Extraídos os órgãos, os sacerdotes lavavam o corpo com especiarias [...] e óleos
de cheiro doce e o cobriam com natrão, uma espécie de sal, para absorver a
Art Capri
umidade, por 40 dias. No fim desse período, o corpo desidratado era embru-
lhado em faixas de linho e colocado em um caixão de madeira.
Zahi Hawass. Como eram feitas as múmias. A maldição dos faraós: minhas aventuras entre as
múmias. Publicado pela National Geographic Society. São Paulo: Abril, 2004. p.142.
68
capítulo 4
Nem todos eram mumificados
69
História em construção Os trabalhadores das grandes pirâmides
70
capítulo 4
Zhang Ning/Xinhua Press/Corbis/Latinstock
Em 2010, Hawass anunciou a descoberta de
outro cemitério de trabalhadores das pirâmides.
A partir de achados como esse, os arqueólogos
Mario Henrique
Para elevar os blocos de pedra, eram
construídas rampas ao redor das
pirâmides. Sobre as rampas, eram
colocadas toras de madeira para facilitar
o deslocamento dos blocos de pedra.
Essa ilustração é uma representação artística feita com base em estudos históricos.
Baseado em Lionel Casson. Antigo Egito. Rio de Janeiro: José Olympio, 1983.
71
Um rio de grande importância
O rio Nilo era a principal fonte de água e vida para os egípcios.
Existiam, às margens do
rio, pequenos mercados A pesca no rio Nilo era uma
onde eram atividade comum. Os
comercializados diferentes pescadores usavam grandes
produtos, muitos deles redes para pescar; depois, eles
trazidos de lugares vendiam os peixes nos
distantes. mercados.
72
capítulo 4
A África Antiga: os egípcios
Crocodilos e hipopótamos existiam
em grande quantidade no rio Nilo.
Os egípcios temiam os ataques
desses animais; no entanto, sua
Mario Henrique
caça era considerada um esporte.
As embarcações eram o
principal meio de transporte
de pessoas e mercadorias no
Egito Antigo.
Essa ilustração é uma representação artística feita com base em estudos históricos.
Baseado em Jacqueline Morley. Como seria sua vida no Antigo Egito? São Paulo: Scipione, 1996.
73
Atividades
Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.
Exercícios de compreensão
1 De acordo com estudos arqueológicos, 8 Por que os egípcios mumificavam as pes
quando teve início a ocupação das mar soas que morriam?
gens férteis do rio Nilo?
9 Estudos recentes indicaram que os traba
2 O que eram os nomos? lhadores das grandes pirâmides, ao contrá
rio do que se pensava, não eram escravos.
3 Explique como ocorreu a unificação do
Egito. a ) Quais descobertas arqueológicas leva
ram Zahi Hawass a acreditar que os
4 Cite algumas das funções desempenhadas trabalhadores das grandes pirâmides
pelos funcionários do Estado no Egito não eram escravos?
Antigo.
b ) De acordo com o egiptólogo Zahi Ha
5 Produza um pequeno texto sobre a socie wass, o que motivava os trabalhadores
dade egípcia antiga. das pirâmides a realizar essas obras
gigantescas?
6 Descreva a casa de um artesão que vivia
no Egito Antigo. 10 Cite algumas atividades que os egípcios
desenvolviam no rio Nilo e nas áreas pró
7 Como era a religião dos antigos egípcios? ximas às suas margens.
Expandindo o conteúdo
11 O texto a seguir é um relato que foi escrito por um antigo egípcio. Leia-o.
a ) Em sua opinião, que profissão exercia o autor desse relato na sociedade egípcia antiga?
Cite um trecho do relato que o ajudou a chegar a essa conclusão.
b ) De acordo com o texto e com o que foi estudado, qual era a importância desses profis
sionais para a sociedade egípcia antiga?
12 Leia o texto.
74
capítulo 4
Além dessas, outras culturas se destacavam no mundo egípcio. A Líbia fa-
zia fronteira com o deserto a oeste do Nilo [...]. A Síria e Canaã ocupavam o
litoral entre o Egito e a Mesopotâmia. Ali viviam os israelitas, os filisteus e os
fenícios, entre outros povos. Barcos cruzavam o Mediterrâneo, vindos das
No Brasil
13 Leia o texto.
Você pode conhecer um pouco mais sobre o Egito aqui no Brasil também.
É só fazer uma visita ao Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio de
Janeiro, onde há uma exposição permanente de algumas peças da antiga civi-
lização egípcia.
A coleção do Museu Nacional conta com mais de 700 peças, incluindo
sarcófagos, amuletos, máscaras e múmias, e foi adquirida pelo imperador
D. Pedro I em 1826. Dentre as principais peças podemos destacar a múmia do
sacerdote Hori, que viveu entre 1100 e 1050 a.C. [...]
Outra raridade da coleção do Museu Nacional da Quinta é o único sarcófa-
go existente na América Latina, que ainda não foi aberto. [...] Este sarcófago foi
oferecido ao imperador do Brasil, D. Pedro II, pelo [...] [governante egípcio]
Ismail, quando o imperador viajou pelo Egito, em 1876. As inscrições sobre o
sarcófago incluem um hieróglifo muito raro. [...]
75
Há ainda muita coisa para se ver: múmias de crianças, de gatos e de croco-
dilos; lápides de rochas que registram grandes feitos de certos administradores
ou inscritas com pedidos e preces que ficavam dentro da tumba; amuletos,
colares, estatuetas e vasos tanto de cosméticos como outros especiais destina-
dos a conter os órgãos internos dos corpos mumificados.
Theresa Baumann. Uma visita à coleção egípcia do Museu Nacional
no Rio de Janeiro. In: Marian Broida. Egito Antigo e Mesopotâmia para crianças.
Trad. Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002. p. 82-3.
D. Pedro II, imperador do Brasil entre 1840 e 1889, fez duas viagens ao Egito: a primeira em 1871 e a segunda em 1876. M. Delie E E. Bechard. 1871. Coleção particular
Nessa fotografia, tirada no Egito em 1871, vemos o imperador (sentado à direita) com membros da família real, um grupo
de guias e egiptólogos estrangeiros.
a ) Em que lugar do Brasil há uma exposição permanente de antigas peças egípcias? Cite
algumas peças que fazem parte desse acervo.
b ) Reescreva no caderno os trechos do texto que indicam que os imperadores do Brasil,
D. Pedro I e D. Pedro II, se interessaram pela cultura egípcia.
Discutindo a história
14 Alguns países milenares, como Egito e Grécia, têm promovido ações para tentar recuperar
peças antigas que fazem parte de seu patrimônio histórico e que foram levadas para outros
países. Leia informações sobre esse assunto no texto a seguir.
76
capítulo 4
Quero minha múmia
[...] [Egito e Grécia lideram um grupo de países] que lu-
tam para receber de volta os tesouros arqueológicos que
a ) Cite alguns dos países que possuem peças egípcias em seus museus.
b ) Quais são as duas principais opiniões acerca do que deve ser feito com as peças antigas
que foram retiradas de seus países de origem?
c ) Você concorda com alguma das opiniões? Qual? Justifique sua resposta.
Estimule a autonomia na aprendizagem dos alunos solicitandolhes que realizem a proposta da seção Refletindo sobre o
capítulo. Expliquelhes que, caso não tenham compreendido alguma das afirmações, é importante que o professor seja
informado para que possa retomar o conteúdo correspondente e sanar as deficiências na aprendizagem.
■ ■ Os egípcios acreditavam na vida após a morte e por isso desenvolveram técnicas sofis
77
5
A África Antiga:
capítulo
os cuxitas
Veja nas Orientações
Benjamin Lowy/Corbis/Latinstock
para o professor
alguns comentários e
explicações sobre os
recursos
apresentados no
capítulo.
78
Werner Forman/TopFoto/Keystone
C Relevo representando a rainha-mãe Amanishaketo, nas ruínas do Templo do Leão, em Naga, no Sudão. Esse templo
foi construído por volta do século II a.C. Também chamadas de candaces, as rainhas-mães exerciam grande poder
na sociedade cuxita. Essa imagem representa Amanitare dominando seus inimigos.
Aproveite a seção
Conversando sobre o assunto Conversando sobre o
assunto para ativar o
A África é um continente que tem uma grande diversidade de povos e conhecimento prévio
dos alunos e estimular
culturas. Neste capítulo estudaremos algumas características de um seu interesse pelos
desses povos: os cuxitas, que mantiveram frequentes contatos com ou- assuntos que serão
desenvolvidos no
tros povos africanos, principalmente com os egípcios. capítulo. Faça a
Observe as imagens destas páginas e converse com os colegas sobre mediação do diálogo
entre os alunos de
as questões a seguir. maneira que todos
■ ■ Analisando as fontes A e B, quais informações podem ser obtidas participem
expressando suas
sobre a cultura cuxita? opiniões e respeitando
■ ■ Houve trocas culturais entre os cuxitas e outros povos? Quais são os
as dos colegas.
79
A África na Antiguidade
Desde a Antiguidade, o continente africano apresenta uma grande
diversidade de povos.
E. Cavalcante
N
Cartago
Fez Mar Mediterrâneo O L
S
ÁSIA
Cairo
Trópico de GARAMANTES EGITO
Câncer Tebas
Ma
rV
er
SAARA NÚBIA
me
Querma
lho
Tombuctu Napata
GANA CUXE Méroe
Gaô
Ri
Axum
o
Rio
SAHEL
Ní
AXUM
ge
Vol
r
ta
NOK ue
Ben
Rio
Rio Nilo
Equador
0°
Lago
Vitória
OCEANO OCEANO
ATLÂNTICO Lago ÍNDICO
Tanganica
Vegetação
Florestas
Lago
Savanas Maláui
Estepes
Vegetação mediterrânea
Deserto
Oásis
Trópico de Capricórnio
CALAHARI
Os oásis africanos
Os oásis são porções de terra, localizadas em pleno deserto, que
possuem água e cobertura vegetal onde podem ser cultivadas algumas
plantas mais resistentes, como amoreiras, oliveiras e tamareiras. Os
oásis são utilizados há centenas de anos como ponto de parada e
descanso para os comerciantes das caravanas que cruzam os desertos.
Fotografia que retrata um oásis localizado no deserto do Saara.
80
Organização social e política
capítulo 5
No continente africano se desenvolveram povos com culturas, costumes e religiões
diferentes. Havia, no entanto, algumas semelhanças na maneira de organizar a
sociedade, o governo e a religião.
Aspectos políticos
Muitos reinos africanos da Antiguidade eram patriarcais, ou seja, eram
sociedades dirigidas pelos homens, geralmente os mais idosos e mais res-
peitados do grupo. Esses reinos africanos eram governados por reis, com
sucessão hereditária de poder. Em alguns casos, no entanto, o poder não
era transferido de pai para filho, mas de irmão para irmão, respeitando
sempre a linhagem real.
A mulher tinha um papel muito importante nas sociedades africanas da
Antiguidade. Elas exerciam funções religiosas e administrativas. Algumas
sociedades da África Antiga eram matriarcais, isto é, as mulheres eram as
principais autoridades.
Aspectos religiosos
Werner Forman/TopFoto/Keystone
81
O Império Cuxe
Desde que era uma colônia egípcia, Cuxe chamava a atenção
por suas riquezas naturais.
A influência egípcia
Situada ao Norte do atual Sudão, na Núbia, a região de Cuxe foi muito
importante para os egípcios, principalmente pelo fornecimento de riquezas
naturais como o ouro.
Quando esteve sob domínio do Egito, a partir do século XVI a.C., Cuxe
sofreu forte influência cultural. Os cuxitas passaram a construir templos e
cidades com características egípcias, além de venerarem deuses semelhan-
tes. Porém, ao longo dos séculos desenvolveram uma identidade própria. Estela placa de
Entre os anos de 730 a.C. e 650 a.C., os pedra muito
82
História em construção Fontes para a história da África
capítulo 5
Durante muito tempo, a África foi tratada como um continente sem história. Essa ideia foi
criada e divulgada por estudiosos não africanos, que acreditavam que a história da África
não merecia ser objeto de estudos científicos.
George Steinmetz/Corbis/Latinstock
negligenciada, fornece muitas informações
sobre a história das sociedades africanas,
além de permitir que se saiba mais sobre
os valores que fundamentam as culturas
nativas da África. Desse modo, a tradição
oral revela ao historiador um conhecimen-
to que os africanos transmitiram de geração
em geração, ao longo dos séculos, e que
não se encontra nos relatos escritos.
c.1530 a.C. a c.1070 a.C. 730 a.C. a c. 670 a.C. 591 a.C. a 350 a.C.
Período do domínio egípcio Período de domínio cuxita Período de Méroe, que
sobre a região da Núbia, onde sobre os egípcios. Os faraós passa a ser a capital dos
viviam os cuxitas. negros cuxitas criaram a XV cuxitas devido à destruição
dinastia do Egito. de Napata pelos egípcios.
2500 a.C. 2000 a.C. 1500 a.C. 1000 a.C. 500 a.C. ano 1 350
83
As pirâmides cuxitas
Os imperadores cuxitas acreditavam que eram herdeiros diretos dos antigos faraós
egípcios.
Os túmulos reais
Os imperadores cuxitas adotaram rituais, símbolos e costumes há tempos
abandonados pelos egípcios. Esses imperadores chamavam a si mesmos de
faraós e ordenaram a construção de pirâmides para lhes servirem de túmulo.
Observe.
84
Chauabitis
capítulo 5
Os chauabitis
Os principais materiais Algumas pirâmides eram eram estatuetas
utilizados na construção das construídas com paredes feitas de madeira,
pirâmides eram o arenito e o lisas, e outras, com frisos pedra ou marfim
cascalho, extraídos na região. horizontais. que representavam
85
A transferência da capital cuxita
No início do século VII a.C., os cuxitas transferiram a capital de seu império
para Méroe.
86
As candaces
capítulo 5
Quando a capital do Império Cuxe foi transferida para Méroe, as mulheres,
que já exerciam grande influência religiosa, passaram a exercer também o
poder político na sociedade cuxita.
87
Explorando o tema
Sociedades matriarcais
Neste capítulo, você estudou que algumas sociedades africanas se destacaram pelo poder
exercido pelas mulheres. Esse modo de organização social foi denominado matriarcado.
Uma das principais características das sociedades matriarcais é a posição na qual as mu-
lheres se encontram. No matriarcado, quem ocupa o papel principal na família ou na comuni-
dade é a mulher, geralmente a mãe, e por meio dela são transmitidos o poder e os privilégios.
Mosuo
No sudoeste da China, em razão de seu isolamento geográfico, o povo mosuo mantém
viva a tradição do matriarcado. A sociedade é centrada nas mulheres, que possuem autori-
dade sobre as decisões da família e da comunidade.
Entre os mosuo, são as mulheres que es-
Michael S. Yamashita/Corbis/Latinstock
88
capítulo 5
Earl & Nazima Kowall/Corbis/Latinstock
Kuna
No arquipélago de San Blas, no Panamá, os indígenas da etnia kuna mantêm uma tradição
milenar transmitida pelas mulheres. Elas são consideradas guardiãs da cultura e das tradições
do povo. A figura da mulher é o que sustenta a sociedade. Elas chefiam a casa e os homens
trabalham para o seu sustento.
Como a linhagem depende da mãe, quando um homem kuna se casa, é ele quem vai morar
com a família da esposa. Cada família possui uma propriedade, mas segundo suas leis ne-
nhuma terra pode ser vendida a estrangeiros, sob o argumento de que a terra pertence à
natureza.
89
Atividades
Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.
Exercícios de compreensão
1 Explique o que são sociedades matriarcais. d ) O que eram os chauabitis?
Explique também o que são socied ades
4 Escreva um pequeno texto explicando o
patriarcais.
que é escarificação e quais seus sign if i
2 Descreva as principais características das cados para os antigos povos africanos.
religiões dos antigos povos africanos.
5 Quem eram os garamantes? Como eles
3 Sobre o Império Cuxe, responda. cons eguiam desenvolver atividades agrí
colas e pecuárias em pleno deserto?
a ) Em que período os cuxitas dominaram
o território egípcio? 6 Segundo Filipe Vidal, historiador angolano,
qual era o papel das mulheres nas antigas
b ) Quem eram os chamados faraós ne
sociedades africanas? Por que, para esse
gros?
intelectual, os jovens devem pesquisar os
c ) Descreva uma pirâmide cuxita. aspectos tradicionais africanos?
No Brasil
7 Em 2007, uma tradicional escola de samba do Rio de Janeiro, a Acadêmicos do Salgueiro,
prestou uma homenagem às candaces em seu samba-enredo. Leia um trecho da letra.
Candaces
90
capítulo 5
Discutindo a história
8 Cada vez mais as discussões sobre a história da África têm ocupado lugar de destaque em
universidades e escolas. No entanto, esse interesse é recente, visto que durante muito
Texto A
A África não é uma parte histórica do mundo. Não tem
movimentos, progressos a mostrar, movimentos históricos
próprios dela. Quer isto dizer que a sua parte setentrional
[norte] pertence ao mundo europeu ou asiático. Aquilo
que entendemos precisamente pela África é o espírito
a-histórico, o espírito não desenvolvido, ainda envolto em
condições naturais e que deve ser aqui apresentado apenas
como no limiar do mundo.
Friedrich Hegel. In: Marina Gusmão de Mendonça. Histórias da África.
São Paulo: LCTE, 2008. p. 15.
Texto B
[...] Os racistas não cessavam de proclamar que a história
da África não tinha importância nem valor: os africanos não
poderiam ser os autores de uma “civilização” digna desse
nome e por isso não havia entre eles nada de admirável que
não houvesse sido copiado de outros povos. É assim que os
africanos se tornaram objeto — e jamais sujeito — da histó-
ria. Eram considerados aptos a recolher as influências
estrangeiras sem dar em troca a mínima contribuição ao
mundo.
O racismo pseudocientífico exerceu sua influência máxi-
ma no início do século XX. Após 1920, tal influência
declinou entre os especialistas em ciências sociais e naturais,
e após 1945, virtualmente desapareceu dos meios científicos
respeitáveis. Mas a herança desse racismo perpetuou-se. [...]
P. D. Curtin. Tendências recentes das pesquisas históricas africanas e contribuição à história em
geral. In: Joseph Ki-Zerbo (Org.). História geral da África: Metodologia e pré-história da África.
São Paulo: Ática/UNESCO, 1998, v. 1. p. 40-1.
a ) Qual é a visão defendida pelo autor do texto A sobre a África? Como ele a justifica?
b ) Quais as causas do racismo e do preconceito mencionados no texto B?
c ) Em sua opinião, quem são os “racistas” apontados no texto B? Por que seria tão difícil
atingir a cura dos preconceitos?
d ) Como a herança do racismo pode ser observada na atualidade? Cite exemplos.
e ) Você considera importante a discussão apresentada? Justifique sua resposta.
91
Passado e presente
9 Na página 86, conhecemos algumas características dos antigos povos do deserto do Saara.
O texto a seguir, que aborda as lutas atuais dos seus descendentes, é um trecho de uma
reportagem feita por Jeffrey Tayler, em 2005. Leia-o.
92
capítulo 5
Depois da independência, o governo marroquino controlado por árabes adotou
uma política de não interferência nas montanhas. Nas cidades, os protestos, os jornais
clandestinos, o ensino do antigo alfabeto berbere, chamado tifiagh, em salas de aula e
conversas sobre a revolução têm sido aspectos da nascente luta dos berberes por reco-
c ) Quem foram os conquistadores dos povos berberes no século VII? O que os berberes
herdaram desses conquistadores?
d ) Atualmente, o que os berberes urbanos têm feito para recuperar sua identidade cultural?
93
6
capítulo
Os fenícios
Museu do Louvre, Paris. c. 772-705 a.C. Relevo em alabastro. Foto: Topham Picturepoint/TopFoto/Keystone
A Fenícios carregando madeira em suas embarcações. Veja nas Orientações para o professor
alguns comentários e explicações sobre
Baixo-relevo datado de cerca de 700 a.C. os recursos apresentados no capítulo.
94
Museu Nacional de Arqueologia, Cagliari. Foto: Alinari/TopFoto/Keystone
Carmen Redondo/Corbis/Latinstock
C
B Pedra com inscrições fenícias. No alfabeto fenício, Pedra com inscrições latinas. O alfabeto latino, utilizado
criado por volta de 1000 a.C., cada letra representava pelos antigos romanos, foi muito influenciado pela
um som. escrita fenícia.
Aproveite a seção
Conversando sobre o assunto Conversando sobre
o assunto para ativar
Neste capítulo, estudaremos os fenícios, que eram excelentes navega- o conhecimento
prévio dos alunos e
dores e se destacaram nas atividades comerciais. Eles realizavam o estimular seu
comércio de mercadorias em todo o mundo Mediterrâneo e propiciaram interesse pelos
assuntos que serão
trocas culturais entre diversos povos da Antiguidade. desenvolvidos no
capítulo. Faça a
Observe as imagens destas páginas e converse com os colegas sobre mediação do diálogo
as questões a seguir. entre os alunos de
maneira que todos
■ Descreva os elementos apresenta dos na fonte A. Quais características
participem
do povo fenício foram representadas? expressando suas
opiniões e
■ Compare as fontes B e C. É possível perceber semelhanças entre os respeitando as dos
colegas.
caracteres representados nestas inscrições? Você consegue identifi-
car alguns desses caracteres? Quais?
Reflita sobre essas questões enquanto você lê este capítulo.
95
Um povo voltado para o mar Semita de acordo
com a Bíblia,
semita significa
Os fenícios ocuparam uma estreita faixa de terra às margens do mar Mediterrâneo. descendente de
Sem, filho de Noé.
Aspectos geográficos Historicamente,
semita significa um
Por volta do ano 3000 a.C., o povo fenício se fixou na costa oriental do tronco linguístico
composto por várias
mar Mediterrâneo. A antiga Fenícia era uma estreita faixa de terra, localiza- línguas e povos
da entre o mar Mediterrâneo e uma cadeia de montanhas, que dispunha de correspondentes,
poucas áreas de solo fértil. Os fenícios, povo de origem semita, aproveita- como os hebreus e
vam essas áreas para cultivar principalmente cereais, frutas e azeitonas. os árabes.
O comércio fenício
Graças ao comércio, as cidades fenícias prosperaram e enriqueceram.
Veja no mapa a seguir as rotas comerciais percorridas pelos fenícios e as
colônias que eles fundaram.
BRETANHA N
OCEANO
O L
ATLÂNTICO
S
GAULESES
CELTAS
45° N
Mar Negro
IBEROS Córsega Mar
Sagunto Adriático MACEDÔNIA
Sardenha
Gades Nova Cartago
PERSAS
Mar
Tíngis
Egeu
Sicília
Cartago
Mar Mediterrâneo
Salamina FENÍCIA
NÚMIDAS Biblos
Sídon
Tiro Fonte:
Fenícia
HILGEMANN,
Colônias fenícias Werner; KINDER,
Rotas comerciais fenícias LÍBIOS Deserto Hermann. Atlas
0 280 km
EGITO da Arábia Historique. Paris:
Perrin, 1992.
96
Cidades e colônias fenícias
capítulo 6
As principais cidades fenícias eram Biblos, Sídon e Tiro. Havia também
diversas colônias fundadas pelos fenícios, algumas das quais cresceram e
se tornaram cidades importantes, como Cartago, Gades e Sagunto. Essas
Os fenícios
cidades, chamadas de cidades-estado, eram independentes entre si, pois
cada uma possuía seu próprio governo. Contudo, essa falta de unidade po-
lítica entre as cidades fenícias acabou deixando-as vulneráveis aos ataques
de povos estrangeiros.
Observe na linha do tempo o período em que cada cidade fenícia mais
se destacou e, também, os povos que invadiram a Fenícia e dominaram
suas cidades.
2500 a.C. 2000 a.C. 1500 a.C. 1000 a.C. 500 a.C. ano 1
Navio comerciante fenício (detalhe). Escultura em
pedra. Museu do Louvre, Paris. Foto: Giraudon /
The Bridgeman Art Library/Keystone
A sociedade fenícia
Na sociedade fenícia, havia uma
camada dominante, composta por
grandes comerciantes, donos de
estaleiros e negociantes de escravos.
Os pequenos comerciantes compu-
nham uma camada intermediária.
Havia também uma grande quantidade
de pessoas pobres, como os operários
e os marinheiros.
Estaleiro oficina
Relevo que representa uma onde os navios
embarcação comercial fenícia. são construídos
ou consertados.
97
Os grandes comerciantes da Antiguidade
Os fenícios eram conhecidos pelos povos da Antiguidade como grandes
navegantes e excelentes comerciantes.
Um porto comercial
Observe o infográfico, que representa um porto comercial instalado no
mar Mediterrâneo.
Os fenícios comercializavam
mercadorias muito valorizadas
pelos povos antigos, como azeite
de oliva, papiro, joias e tecidos
tingidos de vermelho.
98
capítulo 6
Nos portos mais importantes, os
fenícios construíam faróis, onde
eram acesas grandes fogueiras
para orientar as embarcações
Os fenícios
que navegavam à noite.
O cedro-do-líbano era
uma mercadoria muito
valiosa, pois sua madeira
de alta qualidade podia
ser usada em vários tipos
de construção.
As embarcações comerciais tinham
um casco largo e arredondado, com
maior espaço para o transporte das
mercadorias.
Art Capri
99
A cultura e o legado fenícios
Os fenícios, além de promover o intercâmbio cultural entre os povos antigos,
criaram um alfabeto que é a base de muitos alfabetos modernos.
O intercâmbio cultural
Os fenícios tiveram um papel fundamental no intercâmbio cultural entre
vários povos antigos. Nas relações comerciais, além da troca de mercado-
rias, ocorria também uma troca de conhecimentos.
Por meio desse intercâmbio cultural, os fenícios transmitiram muitos co-
nhecimentos a outros povos. Eles souberam também assimilar e aperfeiçoar
técnicas utilizadas por diferentes povos, como os egípcios, os mesopotâmios
e os gregos. Com os mesopotâmios, por exemplo, aprenderam a tingir te-
cidos; com os egípcios, a fabricar objetos com vidro.
Pingente de colar
fenício feito de vidro.
Utilizando esse método, os fenícios fizeram muitos objetos de vidro e se tor naram conhe-
cidos por toda a região mediterrânea em função da comercia liza ção de seus colares e
pingentes.
100
A religião fenícia
capítulo 6
A religião fenícia era voltada para o culto das forças da natureza
e dos astros, como o Sol e a Lua. Os rituais religiosos dos fenícios
eram feitos ao ar livre e incluíam sacrifícios de animais e de seres
humanos. Eles acreditavam que os sacrifícios ajudavam a acalmar
Os fenícios
The Bridgeman Art Library/Keystone
a ira dos deuses.
101
Explorando o tema
O alfabeto: da Fenícia para o mundo
Para realizar suas atividades comerciais, os fenícios relacionavam-se com diferentes povos
do Mediterrâneo.
Como você estudou neste capítulo, além da troca de mercadorias, as relações comerciais
promoveram um intenso intercâmbio cultural entre os povos antigos.
É nesse contexto que o alfabeto fonético, criado pelos fenícios, difundiu-se no mundo me-
diterrâneo, servindo de base para o alfabeto de vários povos.
Pictogramas e ideogramas
Os primeiros sistemas de escrita eram baseados em sinais pictográficos (imagens gravadas
ou pinturas).
A escrita pictográfica é uma forma de representação simplificada de seres e objetos da
realidade vivida. Por exemplo, quando se desenhava um boi, o objetivo era dizer “boi”.
Com a utilização ao longo dos séculos, os símbolos ficaram mais abstratos e, em vez de
objetos, começaram a representar ideias. Dessa forma, a figura de um boi, por exemplo,
poderia representar também o gado ou a carne. Esses símbolos, chamados ideogramas,
deram origem à escrita ideográfica.
102
capítulo 6
Os fenícios
A influência fenícia nos alfabetos atuais
FENÍCIO GREGO LATINO
O sistema de escrita fenício foi adotado pelos
antigos gregos, que o adaptaram ao seu idioma
e introduziram as vogais.
Logo o alfabeto grego foi incorporado pelos
romanos, que o alteraram e criaram novas letras.
Os romanos criaram, assim, o alfabeto latino.
Na atualidade, os falantes de várias línguas,
como a inglesa, a espanhola e a portuguesa es-
crevem utilizando as letras do alfabeto latino.
Observe na tabela ao lado a comparação entre
as letras dos alfabetos fenício, grego e latino.
O alfabeto hoje
Existem hoje centenas de alfabetos diferentes
no mundo. A maioria, de uma maneira ou de
outra, sofreu influência do alfabeto fenício. Muitos
estudiosos consideram o alfabeto uma das
maiores invenções da humanidade.
Leia o texto a seguir.
[...]
A capacidade de adaptação do alfabeto é um dos
grandes segredos de seu sucesso. As letras podem pular
de um idioma para outro sem a menor cerimônia. Bas-
tam poucas mudanças: algumas letras ganham novos
sons, outras são criadas, outras são dispensadas. [...]
Outro ingrediente do êxito do alfabeto é a facilidade
de memorização. Nós, falantes do português, aprende-
mos só 26 símbolos para sair lendo e escrevendo. Os
russos, 33. Os indianos, 48. Já os chineses têm de apren-
der no mínimo 2 mil ideogramas para se comunicar
num nível básico, de um inventário de 60 mil símbolos.
[...]
Xavier Bartaburu. 4000 anos de A a Z. Os Caminhos da Terra. Fonte: MAN, John. A história do alfabeto. Trad. Edith Zonenschain.
São Paulo: Peixes, ano 12, n. 139, nov. 2003. p. 29. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002.
103
Atividades
Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.
Exercícios de compreensão
1 Quais produtos agrícolas eram cultivados 5 Escreva um pequeno texto explicando o
pelos fenícios? processo de fabricação do vidro fenício.
Passado e presente
10 Leia o texto a seguir.
A paisagem [do Líbano] seria ainda mais bonita se restasse um pouco mais do mítico cedro que se
tornou símbolo do país, a ponto de estampar sua bandeira. O cedro-do-líbano chegou a cobrir o país
inteiro, mas foi sendo lentamente extinto desde a Antiguidade para a construção de navios e templos.
Hoje se resume a uns 300 exemplares abrigados num parque perto de Bcharré [...].
Cristiano Mascaro. Líbano de volta à vida. Os caminhos da Terra. São Paulo: Peixes, ano 12, n. 142, fev. 2004. p. 36.
Expandindo o conteúdo
11 Os fenícios estabeleceram trocas comerciais com vários povos da Antiguidade, entre eles,
os egípcios. No entanto, a relação entre fenícios e egípcios não ficou restrita apenas ao
comércio. Leia o texto.
[...] De fato [as cidades-estado fenícias] e sua riqueza eram tão atraentes que, por volta do sécu-
lo XVI a.C., os egípcios passaram a mantê-las sob controle, não apenas comerciando, mas também
cobrando tributos. A presença egípcia era evidente em Biblos, o mais antigo porto [fenício]. Além
dos tributos, Biblos mandava cargas de cedro e grandes potes de vinho e azeite de oliva, bem como
os [artesãos] habilidosos, que construíam os navios do faraó, e marinheiros, que ajudavam a fazer
as embarcações navegarem. Por sua vez, Biblos tornou-se um centro de distribuição para os produ-
tos egípcios, inclusive o papiro. [...]
Henry Woodhead. (Dir.). Marés bárbaras: 1500-600 a.C. Trad. Pedro Maia Soares. Rio de Janeiro: Abril Livros, 1995. p. 100-1. (História em revista).
104
c ) Que atividades os profissionais de Biblos exerciam no Egito?
capítulo 6
d ) Os comerciantes de Biblos vendiam o papiro egípcio em várias regiões do Mediterrâneo.
Qual era a principal utilidade desse papiro?
12 Leia o texto.
Os fenícios
Os caracteres da escrita
[...]
Não é fantástico poder escrever tudo a partir de [vinte e dois] sinais, fáceis de desenhar? Coisas
sensatas ou bobas, agradáveis ou desagradáveis. Para os egípcios, com seus hieróglifos, a tarefa não era
tão fácil. Para os mesopotâmicos também não, com sua escrita cuneiforme, composta por um número
imenso de sinais, que não correspondiam a letras mas, na maioria das vezes, a sílabas inteiras. Foi uma
inovação incrível imaginar que um sinal poderia ser equivalente a um som (e que uma determinada
letra teria uma determinada pronúncia) e que, a partir de [vinte e dois] sinais, seria possível formar
qualquer palavra.
Diego Lezama Orezzoli/Corbis/Latinstock
Escrita cuneiforme em
plaqueta de barro datada
do século VI a.C.
Os [seres humanos] que descobriram isso tinham necessidade de escrever muito, fossem cartas,
contratos comerciais... De fato, eles eram comerciantes que percorriam o mar para comprar, vender ou
trocar mercadorias ao longo de todo Mediterrâneo. Eles viviam não muito longe dos [hebreus], em ci-
dades muito maiores e mais poderosas do que Jerusalém — as cidades portuárias de Tiro e Sídon —, que
lembravam a Babilônia pela quantidade de habitantes e pela agitação. Aliás, sua língua e sua religião ti-
nham alguns pontos em comum com as [dos povos mesopotâmicos].
Corel Stock Photo
Por outro lado, eles eram menos dados à guerra. Os fenícios, nome desse povo do mar, preferiam
fazer suas conquistas de maneira diferente. Eles atravessavam o mar em seus barcos a vela e aportavam
em terras estrangeiras, onde estabeleciam bancas, casas de comércio. Trocavam com as populações do
105
Philippe Chery - Tito. c. 1810. Coleção particular. Foto: Stapleton Collection/Corbis/Latinstock
lugar peles de animais e pedras preciosas por ferramentas,
utensílios de cozinha e tecidos coloridos. Suas qualidades
como artesãos eram reconhecidas e apreciadas até em
regiões muito distantes. Aliás, tinham sido chamados a par-
ticipar da construção do templo de Salomão, em Jerusalém.
Seus tecidos em cores eram especialmente apreciados,
sobretudo os vermelhos-púrpura, que eles levavam ao outro
extremo [do mar Mediterrâneo].
Discutindo a história
13 Leia o texto a seguir.
Os fenícios eram exímios navegantes e durante séculos dominaram o comércio marítimo no mar
Mediterrâneo. Há vários indícios, no entanto, de que suas embarcações navegaram muito além do
Mediterrâneo.
106
capítulo 6
De acordo com alguns documentos, os fenícios teriam
sido os primeiros a realizar a circum-navegação da África,
por volta do ano 600 a.C. Contratados pelo faraó egípcio
Necao, os fenícios teriam iniciado a viagem pelo mar Ver-
N. Akira
melho e, depois de navegarem durante 3 anos, cruzaram o
Os fenícios
estreito de Gibraltrar e voltaram ao Egito navegando pelo
Mediterrâneo.
Existem, também, indícios de que os navegadores fení-
cios teriam chegado à América cerca de 2000 anos antes de
Cristóvão Colombo. Entre esses indícios estão algumas moe-
das que foram cunhadas pelos fenícios da cidade de Cartago.
O geólogo e numismata Mark McMenamin, depois de ana-
lisar as imagens gravadas nessas moedas, afirmou ter
Detalhe ampliado do suposto mapa-múndi encontrado um antigo mapa-múndi, em que, além da Euro-
que aparece na moeda fenícia.
pa, África e Ásia, aparece o continente americano.
A hipótese da vinda de navegadores fenícios à América é defendida por outros estudiosos. Eles
alegam que alguns povos pré-colombianos, entre eles os incas e os maias, possuem costumes e
construções semelhantes aos de povos como os egípcios e mesopotâmios, por exemplo, a mumi-
ficação dos mortos e a construção de grandes pirâmides. De acordo com esses estudiosos, os
povos americanos podem ter aprendido essas práticas com navegadores provenientes da Fenícia
e de outros lugares do Velho Mundo.
Muitos estudiosos, no entanto, não concordam com essa hipótese. Eles argumentam que os
povos da Antiguidade não dispunham de embarcações nem de técnicas de navegação necessárias
para realizar a travessia do oceano Atlântico.
A discussão, ao que parece, está longe de terminar. De qualquer modo, são necessários estudos
mais aprofundados para que se possa chegar a alguma conclusão sobre esse tema controverso.
Texto dos autores.
a ) Cite alguns fatos apontados por estudiosos em defesa da hipótese de que os fenícios
podem ter chegado à América.
b ) De acordo com o texto, a discussão sobre a possibilidade de os fenícios terem chegado
ao continente americano 2000 anos antes de Cristóvão Colombo está longe de terminar.
Escreva um pequeno texto expondo qual é a sua opinião sobre esse tema controverso.
Depois, apresente-o aos colegas.
Estimule a autonomia na aprendizagem dos alunos solicitando-lhes que realizem a proposta da seção Refletindo sobre
o capítulo. Explique-lhes que, caso não tenham compreendido alguma das afirmações, é importante que o professor
seja informado para que possa retomar o conteúdo correspondente e sanar as deficiências na aprendizagem.
107
7
capítulo
Os hebreus
Veja nas Orientações
Gil Cohen Magen/Reuters/Latinstock
para o professor
alguns comentários e
explicações sobre os
recursos
apresentados no
capítulo.
A Cerimônia religiosa
realizada em uma
sinagoga, na cidade
de Jerusalém, em
Israel, no ano de
2005.
Rafael Sanzio. Museus do Vaticano, Cidade do Vaticano
108
Corel Stock Photo
C Fotografia recente que retrata, em primeiro plano, o Muro das Lamentações, em Jerusalém.
Essa é a única parte que restou do Templo de Salomão.
Aproveite a seção
Conversando sobre o assunto Conversando sobre
o assunto para ativar
Os antigos hebreus desenvolveram uma civilização que muito influenciou o conhecimento
a história do mundo ocidental, principalmente no campo religioso. prévio dos alunos e
estimular seu
Observe as imagens destas páginas e converse com os colegas sobre interesse pelos
as questões a seguir. assuntos que serão
desenvolvidos no
■ ■ A fonte A retrata cerimônia religiosa em uma sinagoga. Você sabe capítulo. Faça a
mediação do diálogo
como são chamados os seguidores dessa religião? entre os alunos de
■ ■ A cena representada na fonte B está relacionada ao episódio bíblico maneira que todos
participem
conhecido como Êxodo. Como os personagens foram representados? expressando suas
■ ■ Foi durante o Êxodo que Moisés teria recebido de Deus os Dez Man- opiniões e
respeitando as dos
damentos. Você conhece algum deles? colegas.
■ ■ Qual é a relação entre a Bíblia e os hebreus?
109
A Terra Prometida
Os antigos hebreus eram monoteístas, e sua história foi marcada
por diversas migrações.
O L
irrigar as plantações.
M S
ES
Mar OP
Mediterrâneo Rio OT
Rio
Eu ÂM
fra IA
Ti g
SÍRIA tes
re
ÍCIA
Mari
FEN
Biblos Damasco
Tiro ACÁDIA Babilônia
INA
SUMÉRIA
EST
Jerusalém
PAL
Ur
Hebron Eridu 30° N
ARÁBIA Golfo
0 140 km
45° L
Pérsico
Migração dos hebreus para a Palestina
Fonte: ROGERSON, John. Bíblia: os caminhos de Deus. Madri: Edições del Prado, 1996. v. 1.
(Grandes Impérios e Civilizações).
A Bíblia
Coleção particular. Foto: Richard
T. Nowitz/Corbis/Latinstock
110
Períodos da história hebraica
capítulo 7
Veja, na linha do tempo, os principais fatos e períodos da história dos
hebreus.
Os hebreus
1800 a.C. a 1250 a.C. 1025 a.C. a 922 a.C. 586 a.C. a 322 a.C.
Período dos Período da Monarquia Exílio e retorno
patriarcas As tribos hebraicas Os hebreus do Reino de
Nesse período, as tribos unem-se sob o governo de Israel são dispersados pelo
hebraicas são governadas um monarca, formando o território mesopotâmico.
pelos patriarcas. Reino de Israel. Durante Os hebreus do Reino de
o reinado de Davi, os Judá são escravizados na
hebreus dominam quase Babilônia, mas se mantêm
toda a Palestina. unidos e retornam à
Palestina depois de cerca
de 50 anos.
1250 a.C.
a 1025 a.C.
Período 922 a.C. 322 a.C. a 135
dos juízes a 586 a.C. Dominações
Sob o comando de Monarquia estrangeiras
líderes denominados dividida Depois de serem
juízes, os hebreus A divisão em dois conquistados pelos
guerreiam contra reinos enfraquece macedônios e pelos
cananeus e filisteus os hebreus e facilita sírios, os hebreus
pelo domínio da sua conquista por são dominados pelo
Palestina. outros povos. Império Romano.
1800 a.C. 1600 a.C. 1400 a.C. 1200 a.C. 1000 a.C. 800 a.C. 600 a.C. 400 a.C. 200 a.C. ano 1 200
111
A migração para o Egito
Depois de se fixar na Palestina, os hebreus ali permaneceram por cerca
de duzentos anos. Por volta de 1600 a.C., no entanto, uma forte seca as-
solou a região, e os hebreus foram obrigados a abandonar a Palestina. Eles
emigraram, então, para o Egito, e se estabeleceram nas proximidades do
delta do rio Nilo. Nessa época, o Egito estava sob o domínio dos hicsos,
povo que, como os hebreus, era de origem semita.
Clive Uptton - Moisés no deserto. Séc. XX. Guache sobre papel. Coleção
particular. Foto: Look and Learn / The Bridgeman Art Library/Keystone
Moisés subiu o monte Sinai e lá recebeu de
Javé os Dez Mandamentos, conjunto de re-
gras que deveriam ser seguidas por todos os
hebreus.
112
A Monarquia e os reis hebreus
capítulo 7
As lutas para dominar a Palestina fizeram com que as tribos hebraicas
gradualmente se unissem e se organizassem politicamente. Por fim, em
cerca de 1025 a.C., os hebreus fundaram o Reino de Israel e escolheram
um rei para governá-los.
Os hebreus
O primeiro rei hebreu, chamado Saul, sofreu várias derrotas militares e
acabou morrendo durante uma batalha. Seu sucessor foi Davi, jovem co-
mandante que já havia vencido diversos combates quando subiu ao trono. Cidade Velha
Durante seu governo, que durou quarenta anos, Davi derrotou os filisteus, de Jerusalém
Bojan Brecelj/Corbis/Latinstock
Salomão. De acordo com a tra-
dição hebraica, Salomão foi um
governante sábio e esclarecido.
Durante seu governo, o Reino de
Israel atravessou um período de
esplendor e prosperidade, pois
ele ampliou os domínios do reino,
estimulou o comércio e realizou
várias obras em Jerusalém.
A mais conhecida dessas
obras foi o Templo de Jerusalém,
também chamado de Templo de
Salomão.
Maquete que
A cultura hebraica representa como
teria sido o Templo
Os diferentes aspectos da cultura hebraica estão intimamente relacionados à sua de Salomão por
religião. Além da crença monoteísta, o direito e a literatura são os principais legados
volta de 520 a.C.
desse povo.
O direito hebraico está praticamente todo fundamentado no Código Deuteronômio.
Para compor esse código, os hebreus basearam-se em antigos códigos de leis mesopo-
tâmicos e cananeus. No entanto, existiam muitas diferenças entre esses códigos,
principalmente no que diz respeito à punição individual: entre os mesopotâmios, por
exemplo, um filho podia ser punido por uma falta de seu pai; já entre os hebreus, a
punição era individual, isto é, cada um pagava pelos seus próprios delitos.
No campo das artes plásticas os hebreus não se destacaram como outros povos da
Antiguidade. As pinturas ou esculturas eram raras: de acordo com a Bíblia, o ser humano
teria sido feito à semelhança de Javé, e, por isso, a religião proibia a produção de imagens
Código Deutero-
representando a divindade ou os seres humanos.
nômio código
A principal forma de expressão artística hebraica deu-se no campo literário. A Bíblia , de leis presente
que está entre os livros mais vendidos no mundo nos dias atuais, foi escrita em grande no quinto livro da
parte pelos antigos hebreus. Torá. Esse código
foi adotado em
N. Akira
113
O cotidiano dos hebreus
Na época do rei Salomão, a maioria dos hebreus trabalhava em atividades
rurais, principalmente na agricultura e na pecuária. Muitos hebreus, no
entanto, viviam e trabalhavam em cidades.
As mulheres se ocupavam em
cuidar da casa, tecer fios de lã
e fazer cestos. As meninas
aprendiam suas tarefas em casa,
sob a supervisão materna.
114
capítulo 7
Os jumentos e os camelos eram os principais meios
de transporte. Os comerciantes formavam caravanas
para levar de um lugar para outro produtos como
trigo, azeite de oliva, vinho, figo, romã e cevada.
Os hebreus
Nos solos pouco férteis,
cultivavam-se oliveiras,
para se obter azeitonas, Os pastores
que eram um de seus costumavam levar
principais alimentos. seus rebanhos de
carneiros e cabritos
para áreas onde Próximo às fontes
houvesse boas de água, os hebreus
pastagens. cultivavam
coletivamente
cereais, videiras e
figueiras.
As crianças buscavam
água e lenha para
cozinhar os alimentos.
Art Capri
de peixes era fundamental
em sua alimentação.
A população se revolta
Os reinos hebraicos
Para construir o Templo de Jerusalém e,
E. Cavalcante
N
também, para manter o luxo na corte, du- O L
FENÍCIOS
rante o governo do rei Salomão, houve um S
Rio Jordão
AMONITAS
da tributação. As tribos que viviam no nor-
Jerusalém
te do reino não se submeteram a Roboão, FILISTEUS
filho e sucessor de Salomão, e fundaram 31° 6’ N
Mar
seu próprio reino, que também se chamava Morto
Reino de Israel, com capital em Samaria.
As tribos do sul, por sua vez, formaram o
Reino de Judá e mantiveram a capital em REINO DE
Jerusalém. JUDÁ
c. 645 a.C. Relevo em pedra. Museu Britânico, Londres. Foto: Werner Forman/TopFoto/Keystone
quistado pelos caldeus, que destruí ram sua
capital e levaram os hebreus como escravos
para suas terras. Esse episódio ficou conhe-
cido como Cativeiro da Babilônia.
Por volta de 539 a.C., quando os persas
dominaram a região mesopotâmica, os he-
breus puderam voltar à Palestina. Mesmo
permanecendo sob dominação persa, os
hebreus reconstruíram seu Estado na região
de Judá. Com o tempo, por causa do nome
dessa região, os hebreus passaram a ser
conhecidos como judeus.
116
As dominações estrangeiras
Hanan Isachar/Corbis/Latinstock
capítulo 7
As dominações estrangeiras sobre a Palestina não
cessaram com os persas: por volta do ano de 332 a.C.,
Alexandre Magno, rei da Macedônia, conquistou toda
a região. Depois da morte de Alexandre, a Palestina
Os hebreus
tornou-se uma província egípcia e, em seguida, foi
dominada pela Síria.
Por volta de 63 a.C., Roma, que estava em plena
expansão, dominou toda a Palestina, impondo pesada
tributação sobre os judeus.
Jesus Cristo
Jesus Cristo (Yeshua, em hebraico) era judeu e viveu durante a dominação romana na
Palestina. Sua pregação, defendendo a igualdade entre as pessoas e o amor ao próxi-
mo, formou a base sobre a qual se constituiu o cristianismo.
A pregação de Jesus, no entanto, representava uma ameaça para os sacerdotes judeus
e, também, para a elite romana, que, na época, governava a Palestina. Como Jesus
defendia a igualdade entre as pessoas, ele desagradava aos sacerdotes judeus. Além
disso, ele demonstrava indignação contra a pesada tributação praticada pelos romanos,
e isso era mal visto pelos membros da elite romana, que temiam que sua pregação
pudesse estimular revoltas populares.
Muitos estudiosos acreditam que os sacerdotes judeus se aliaram à elite romana para
condenar Jesus à morte e, assim, afastar o perigo que ele representava para seus interesses.
A resistência e a dispersão
Sob o domínio dos romanos, os judeus tentaram por duas vezes retomar
o poder sobre seu território. A primeira tentativa foi no ano de 66, em que
eles organizaram uma revolta, que foi duramente reprimida pelos romanos.
Jerusalém foi destruída e o Templo de Salomão foi incendiado.
A segunda revolta aconteceu no ano de 132. Dessa vez os judeus conse-
guiram recuperar o controle de sua região e resistiram a ataques romanos
durante três anos. No ano de 135, no entanto, o imperador romano Adriano
enviou suas melhores tropas para reprimir a revolta e expulsar os judeus da
Palestina. Com isso, os sobreviventes desse ataque iniciaram um processo
de dispersão pelo mundo.
117
Explorando o tema
Os judeus no mundo atual
Apesar da dispersão das comunidades judaicas em várias partes do mundo, e da sua
assimilação genética às populações acolhedoras, os judeus atuais mantiveram os principais
aspectos da religião dos antigos hebreus, embora, muitas vezes, adaptando-os às novas
condições históricas.
O L
S
E. Cavalcante
ESTADOS
UNIDOS
Carlos Carrion/Sygma/Corbis/Latinstock
Phil Schermeister/Corbis/Latinstock
118
capítulo 7
Em 1948, as populações judaicas de todo o mundo comemoraram a criação do Estado de
Israel. Oficialmente um Estado judeu, Israel ocupa parte do território que pertenceu aos an-
Os hebreus
tigos reinos de Judá e Israel.
Conheça algumas comunidades judaicas na atualidade.
Peter Turnley/Corbis/Latinstock
habitaram diversas regiões desse
continente, principalmente a Espanha.
E U R O PA No final do século XV, com o aumento
das perseguições religiosas, grande
parte dos judeus europeus migraram
para outras regiões do mundo.
Fotografia atual de judeus em sinagoga
na Ucrânia, país do Leste europeu.
ISRAEL
119
Atividades
Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.
Exercícios de compreensão
1 Como a Palestina era conhecida entre os 10 Quais foram as consequências da pol ítica
hebreus na Antig uidade? Descreva essa de altos impostos praticada tanto por
região. Salomão quanto por seu filho Roboão?
2 Explique com suas palavras como era a 11 Qual é a principal diferença entre o direito
religião dos hebreus. hebraico e o direito de outros povos an
tigos, como os mesopotâmicos?
3 O que é a Torá?
12 “Os judeus praticamente não desenvolveram
4 “A sociedade hebraica era patriarcal”. Ex- as artes plásticas”. Como você justificaria
plique essa frase. essa afirmação?
5 O que foi o Êxodo? 13 Em poucas palavras, como você poderia
6 Ao voltarem do Egito, quais povos os he- descrever o cotidiano de uma cidade he-
breus encontraram vivendo na Pal estina? braica na época do rei Salomão?
7 Explique com suas palavras o que foi o 14 O que foi o Cativeiro da Babilônia? Por que
período dos juízes. depois desse episódio os hebreus pas
saram a ser conhecidos como judeus?
8 O que era o Templo de Salomão?
15 O que foi a dispersão dos judeus? Qual
9 Escreva um pequeno texto sobre o período é a relação entre Bar-Kokhba e essa dis-
monárquico dos hebreus. persão?
Expandindo o conteúdo
16 Observe a imagem a seguir.
Detalhe do Arco de Tito. Roma, Itália. Foto: Werner Forman/Corbis/Latinstock
120
capítulo 7
17 O mapa a seguir representa as principais migrações dos hebreus na Antiguidade. Observe-o e, em
seguida, descreva no caderno as migrações indicadas no mapa, destacando o percurso, a
épo ca e os motivos de cada uma dessas migrações.
Os hebreus
E. Cavalcante Migrações dos hebreus
Haran N
O L
M
ES
OP S
Ri OT
Rio
oE ÂM
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SÍRIA ate
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re
ÍCIA
Mari
FEN
Damasco
Mar
Mediterrâneo INA ACÁDIA Babilônia
EST
SUMÉRIA
Jerusalém
PAL
PÉRSIA
Ur
30° N
Hebron
CALDEIA Golfo
Mênfis ARÁBIA Pérsico
A
o
Nil
EGITO B
Rio
MONTE
SINAI Mar C 0 160 km
Vermelho 45° L
Fonte: ROGERSON, John. Bíblia: os caminhos de Deus. Madri: Edições del Prado, 1996. v. 1. (Grandes Impérios e Civilizações).
19 A religião dos hebreus era monoteísta e as religiões de povos antigos, como os mesopotâmios
e os egípcios, eram politeístas. Explique as características de cada um desses dois tipos
de religião.
121
20 O texto a seguir apresenta a versão bíblica do Dilúvio e uma versão baseada em descobertas
arqueológicas sobre esse mesmo tema. Leia-o.
21 Imagine que você fosse morador de um povoado hebreu da época do rei Salomão. Depois,
escreva um texto descrevendo como seria o seu dia a dia nesse povoado. Em seu texto,
procure descrever como seria o seu trabalho, sua moradia, sua alimentação, as pessoas
com quem você conviveria... Para enriquecer seu texto, retome assuntos estudados neste
capítulo e, também, o infográfico apresentado nas páginas 114 e 115. Depois de pronto,
troque seu texto com o de um colega, para que vocês possam ler e fazer críticas e comen-
tários sobre os textos.
Passado e presente
22 A cidade de Jerusalém é venerada como um local sagrado por três grandes religiões mono-
teístas: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Porém, essa cidade vem sendo disputa-
da por diversos povos há milênios. Leia o texto.
122
capítulo 7
depois de Meca e Medina; e a Via Dolorosa, onde a fé dos cristãos teria sido
moldada pela morte, sepultamento e ressurreição de Cristo; são alguns de seus
pontos marcantes.
Símbolo da unidade de seu povo e do renascimento da antiga terra natal, é
Os hebreus
para lá que se voltam os judeus ao rezar. O Muro das Lamentações, fronteira
entre o setor judeu e muçulmano, é o único vestígio da muralha [...] que servia
de sustentação para o famoso Templo de Salomão — centro religioso e nacional
do povo de Israel. Há séculos, tornou-se local de peregrinação dos judeus que
vinham lamentar a dispersão de seu povo e chorar sobre as ruínas do templo.
[...] O Muro das Lamentações, ironicamente, é a parte ocidental da edificação
que cerca o Domo da Rocha. O local, sempre sob fortíssimo esquema de segu-
rança, como toda a cidade, é fonte de discórdia entre árabes e judeus.
Para intensificar a disputa entre [árabes e judeus], o Domo da Rocha, primeira
grande obra do mundo islâmico, de 691, abriga uma pedra sagrada para ambos,
localizada exatamente atrás do Muro, na Esplanada das Mesquitas. [...]
Com sua abóbada de ouro, o Domo da Rocha simboliza a ascensão que todo
muçulmano deve fazer em direção a Deus. Os judeus acreditam que sobre aquela
pedra Abraão ofereceu seu filho Isaac em sacrifício. Para os muçulmanos, é o ponto
a partir do qual Maomé ascendeu ao Céu [...].
As construções da Jerusalém cristã emergiram entre os séculos IV e VI. Graças
aos bizantinos, construiu-se ali um centro cristão, com numerosas igrejas. Talvez a
mais importante delas seja a do Santo Sepulcro, também destruído e reconstruído
várias vezes, onde Jesus teria sido sepultado. A Via Dolorosa, circuito do martírio de
Jesus tem 14 estações e atrai fiéis do mundo todo. [...]
A cidade é movida e financiada pela fé. Fé que imprimiu sangue e glória em sua
história. [...]
Ana Claudia Ferrari. Abrigo da história e da fé. Scientific American. São Paulo: Duetto, ano 1, n. 10, jan. 2003. p. 92-3.
123
8
capítulo
Os persas
Veja nas
Paule Seux/Hemis/Corbis/Latinstock
Orientações para
o professor alguns
comentários e
explicações sobre
os recursos
apresentados no
capítulo.
A Detalhe de relevo produzido no século V a.C., no palácio de Persépolis, no atual Irã, representando o
pagamento de tributos dos súditos do império persa.
Séc. XX. Guache sobre papel. Coleção particular. Foto: Look and Learn / The Bridgeman Art Library/Keystone
B Ilustração que representa súditos levando impostos na forma de mercadorias ao imperador persa Dário I.
(Imagem produzida no século XX).
124
Aúra-Masda e Angra Mainyu disputam o mundo. Séc. XIX. Litografia colorida. Biblioteca de Artes Decorativas, Paris. Foto: Archives Charmet/The Bridgeman Art Library/Keystone
C Cópia de um relevo de Persépolis que representa a disputa entre os deuses Ahura Mazda e Ahriman.
(Litografia colorida produzida no século XIX.)
Aproveite a seção
Conversando sobre o assunto Conversando sobre
o assunto para ativar
Neste capítulo, vamos estudar os persas, um povo que construiu um o conhecimento
prévio dos alunos e
dos maiores impérios da Antiguidade. estimular seu
interesse pelos
Observe as imagens apresentadas nestas páginas e converse com os assuntos que serão
colegas sobre as questões a seguir. desenvolvidos no
capítulo. Faça a
■ ■ As fontes A e B representam os súditos do império persa pagando mediação do diálogo
entre os alunos de
tributos. Essas fontes foram produzidas em épocas distintas. Você maneira que todos
consegue identificar semelhanças entre elas? Quais? participem
expressando suas
■ ■ Segundo o zoroastrismo, a religião dos persas, as pessoas podem
opiniões e
decidir livremente entre o caminho do bem ou do mal. A fonte C repre respeitando as dos
colegas.
senta a eterna disputa entre os deuses Ahura Mazda e Ahriman pela
consciência dos homens. Quais elementos indicam essa disputa?
Você conhece outras religiões que tenham princípios semelhantes? Quais?
Reflita sobre essas questões enquanto lê este capítulo.
125
O povo persa
A região de origem da civilização persa corresponde aproximadamente ao atual
Irã, no Oriente Médio.
A Pérsia
Os persas eram um povo nômade que, por volta de 2000 a.C., se fixou
em uma região montanhosa entre o golfo Pérsico e o mar Cáspio. Essa
região ficou conhecida como Pérsia.
Apesar do clima seco da região, os persas aproveitaram as poucas áreas
férteis disponíveis e passaram a praticar a agricultura e o pastoreio. Plan-
tavam principalmente trigo, cevada e hortaliças e criavam animais como
bois, carneiros e cabritos.
E. Cavalcante
Mar
chegaram à região por volta de 2000 a.C. N
Cáspio
Abandonando a vida nômade, eles se fixa- O L
49° L
aos reis medos, os persas tinham de lhes
pagar pesados tributos. Fonte: WOODHEAD, Henry (Dir.). A elevação do espírito: 600-400 a.C.
Rio de Janeiro: Abril Livros, 1995. (História em revista).
Gianni Dagli Orti/Corbis/Latinstock
Medos representados em
relevo do século V a.C.,
localizado nas escadarias
de Tripylon, em
Persépolis, no Irã.
126
Períodos da história persa
capítulo 8
Veja, na linha do tempo, os principais períodos 479 a.C. a 330 a.C.
da história persa. Declínio do Império
Persa
A época áurea do
Os persas
Império Persa também
559 a.C. a 479 a.C. marca o início do seu
Expansão do Império Persa declínio. A enorme
2000 a.C. a 559 a.C. Sob a liderança de Ciro, os persas extensão alcançada
Domínio medo conquistam sua independência e pelo império na época
Os persas são começam suas conquistas territoriais. de Dário I e, também,
dominados pelos A expansão de seus domínios é rápida, a grande diversidade
medos, que ocupavam e em poucos anos os persas constituem de povos conquistados
um território ao norte da um poderoso império. No final do acabam dificultando
Pérsia, e tendo que lhes reinado de Dário I, por volta de 486 a.C., a administração e a
pagar tributos. o Império Persa atinge seu apogeu. cobrança de impostos.
2000 a.C. 1800 a.C. 1600 a.C. 1400 a.C. 1200 a.C. 1000 a.C. 800 a.C. 600 a.C. 400 a.C.
O Irã na atualidade
A região de origem da civilização persa
corresponde, aproximadamente, ao atual Irã.
Esse país possui cerca de 1 650 000 km2 (uma
área um pouco maior que a do estado do
Amazonas). O idioma oficial do Irã é o persa, e a
capital iraniana é a cidade de Teerã.
De acordo com dados de 2009, a população
do Irã é de cerca de 74 milhões de habitantes,
sendo que a maior parte é de etnia persa.
Mais de 95% de sua população segue o
islamismo como religião, herança da dominação
árabe que ocorreu no século VII. Essa forte
presença muçulmana marca também a política e
a sociedade iraniana.
127
O Império Persa
O Império Persa foi um dos maiores da Antiguidade. Seus domínios se estendiam
desde a Índia até o mar Mediterrâneo.
Os povos conquistados
Ciro foi o líder que conseguiu unificar as tribos persas e iniciar um perío-
do de vitórias militares. Em 559 a.C., os persas tornaram-se independentes
dos medos, realizando grandes conquistas territoriais. Na época do gover-
no de Dário I, neto de Ciro, os persas já haviam constituído um poderoso
império, que se estendia do Egito até a Índia.
Para melhorar a cobrança de tributos dos povos conquistados e para
favorecer o desenvolvimento econômico do império, os persas construíram
uma rede de estradas que interligava as diferentes províncias.
Além da construção de estradas, os persas ainda criaram uma moeda
única, o dárico, e padronizaram o sistema de pesos e medidas.
Observe a extensão do Império Persa, e também algumas informações
sobre os tributos que deviam ser pagos por alguns dos povos dominados.
A maior e mais importante das estradas Da Anatólia partiam Os indianos enviavam especiarias,
persas era a Estrada Real, que tinha carregamentos de ouro, pérolas, pedras preciosas e grandes
cerca de 2 500 quilômetros de extensão. prata e cobre. quantidades de ouro em pó.
O Império Persa
N. Akira
Os egípcios pagavam seus tributos Da Arábia era enviada grande Os babilônios enviavam todos os anos
principalmente com linho e papiro. quantidade de incensos. grandes carregamentos de prata.
128
O correio persa
capítulo 8
Para administrar com mais eficiência seu vasto império, os persas criaram
um grande sistema de transmissão de mensagens. Para esse sistema fun-
cionar de modo eficiente, os persas construíram postos ao longo das es-
tradas, onde havia cavalos e cavaleiros alimentados e descansados.
Os persas
Assim, um cavaleiro que portava uma mensagem cavalgava rapidamente
até o próximo posto e transmitia a mensagem para o cavaleiro que ali se
encontrava. Esse cavaleiro partia imediatamente levando a mensagem até
o posto seguinte e, assim, sucessivamente, até a mensagem chegar ao seu
destino. O correio persa era muito rápido, e uma mensagem podia ser le-
vada por centenas de quilômetros em um único dia.
129
A religião persa
Bons pensamentos, boas palavras, boas ações: a essência da religião persa.
A criação do Universo
Um dos mais importantes legados culturais persas foi sua religião, co-
nhecida como zoroastrismo. Baseada em uma crença que se aproximava
do monoteísmo, a religião persa acabou influenciando as três principais
religiões monoteístas da atualidade: judaísmo, cristianismo e islamismo.
O zoroastrismo foi fundado, por volta de 600 a.C., por um homem chama-
do Zaratustra (ou Zoroastro, para os gregos). De acordo com essa religião,
existia um deus supremo, Ahura Mazda, e seu irmão gêmeo e opositor,
Ahriman.
Leia o texto abaixo. Ele é um trecho do mito persa da criação do Universo.
130
Uma mistura de culturas
capítulo 8
Os persas assimilavam a cultura dos povos conquistados,
enriquecendo sua própria cultura.
Os persas
O respeito cultural
Os imperadores persas, geralmente, adotavam uma política de respeito
pela cultura dos povos conquistados. Além de permitir-lhes que mantivessem
seus costumes e sua religião, os persas ainda absorviam parte da cultura
desses povos.
Essa assimilação cultural pode ser percebida,
Kazuyoshi Nomachi/Corbis/Latinstock
por exemplo, na arquitetura persa e em suas
manifestações artísticas: com os babilônios e
os assírios, os persas aprenderam a técnica do
tijolo vidrado; com os egípcios, eles passaram
a utilizar pilares enfeitados com flores de lótus
e palmeiras.
No alto-relevo ao lado, vemos um exemplo
da influência cultural dos povos conquistados
na arte persa: o ser mitológico representado é
típico da cultura mesopotâmica.
Detalhe de um alto-relevo de esfinge esculpido em uma parede
do Palácio Central de Persépolis, no século VI a.C. Fotografia
tirada em 2001.
131
Explorando o tema
O correio
Como vimos neste capítulo, os persas utilizaram um sistema de correio que contribuiu pa-
ra o controle e a administração de seu império. Ao longo da história, outras civilizações tam-
bém utilizaram sistemas semelhantes, como os antigos romanos e chineses.
A necessidade de comunicar-se à distância fez com que governantes organizassem dife-
rentes tipos de “correios”. No mundo Antigo, no entanto, esses serviços geralmente atendiam
apenas aos governantes e às camadas mais ricas da população.
As estradas imperiais
Diferentes impérios utilizaram as redes de estradas como meio de facilitar a comunicação
a distância. Por elas circulavam mensageiros que realizavam a troca de mensagens ou
encomen das de uma região para outra. Além disso, as redes de estradas tinham finalidade
econômica, pois facilitavam a coleta de impostos nas regiões conquistadas do império.
Os mensageiros medievais
Durante a Idade Média, nos reinos europeus havia
mensa geiros oficiais, denominados arautos. Esses men-
sageiros transmitiam mensagens e notícias solenes aos
moradores de todas as regiões do reino.
particular. Foto: Michael Nicholson/
132
capítulo 8
Os primeiros serviços postais
Os persas
Os primeiros sistemas de troca de mensagens pos-
suíam finalidades de caráter econômico ou militar, e
geralmente não atendiam a maior parte da população.
O sistema de correios tal qual conhecemos hoje
começou a se configurar a partir do século XV, quando
começaram a ser organizados serviços de troca de
correspondências e envio de pequenas encomendas.
Em países da Europa, por exemplo, o serviço postal
levou algum tempo até se tornar unificado. Era muito
comum ainda a variação de sistemas de pesos e me-
didas entre as regiões.
O “carteiro” no Brasil
No Brasil, a figura histórica do carteiro tem origem
no século XVII, com a criação do ofício de Correio-Mor.
Por ser um serviço pago, muitas pessoas na época
preferiam utilizar outros tipos de mensageiros para
trocar correspondências, como escravos ou viajantes.
Art Capri
A extensão territorial e a falta de estradas também
dificulta vam a comunicação entre as regiões do Brasil. O Correio-Mor era responsável por receber e
É somente a partir do século XIX que os correios pas- distribuir toda a correspondência do reino.
sam a atender a população em geral.
133
Atividades
Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.
Exercícios de compreensão
1 Descreva a região onde os persas se fi-
correio papiro ouro
xaram, por volta de 2000 a.C.
estradas tributos moeda
2 Quais eram as principais atividades eco-
nômicas praticadas pelos persas após 6 Qual é o nome da religião criada pelos per-
sua sedentarização? sas? Descreva as principais ca rac te-
rísticas dessa religião.
3 Como era a relação entre medos e persas.
7 Qual foi a atitude dos im pe radores persas
4 O que os persas fizeram para favorecer o em relação à cultura dos povos por eles
desenvolvimento econômico do im pério? conquistados?
5 Produza um texto sobre o Império Persa 8 Relacione a rede de estradas com a admi-
usando as palavras do quadro a seguir. nistração do Império Persa.
Expandindo o conteúdo
9 Leia o texto.
134
capítulo 8
[da Pérsia], escudos da Ática e espadas do mar Negro, madeira
[...] das florestas da Trácia — todos esses artigos foram ampla-
mente distribuídos.
Os produtos de luxo sempre haviam sido comercializados,
Os persas
mas, com a melhora nos transportes, foi possível negociar mer-
cadorias de uso cotidiano. Grandes quantidades de cereais eram
transportadas por mar. Tecidos baratos, sandálias de couro, fer-
ramentas de ferro e artigos domésticos circulavam por toda
parte. Essa atividade não beneficiava apenas os mais ricos, mas
também os artesãos e os trabalhadores agrícolas. [...]
Todas as transações contribuíam, sob a forma de impostos,
para o aumento do tesouro imperial. [...]
Henry Woodhead (Dir.). A elevação do espírito: 600-400 a.C . Trad. Cláudio Marcondes.
Rio de Janeiro: Abril Livros, 1995. p. 29-31. (História em revista).
b ) Como era chamada a moeda criada por Dário I? Que diferença ela possuía em relação
às moedas que circulavam em outros Estados?
d ) Além de artigos de luxo, que tipo de mercadorias começaram a circular após a melhoria
no setor de transportes? Quem eram os beneficiados?
b ) Segundo o texto, após tornar-se religião oficial do Império Persa, onde mais o zoroastrismo
foi praticado?
c ) Quais foram as religiões mais influenciadas pelo zoroastrismo? Cite exemplos de ele
mentos herdados do zoroastrismo por essas religiões.
135
Discutindo a história
11 Em 2007, a estreia do filme 300 levantou novamente o debate acerca dos limites da “liber-
dade poética” na produção, por exemplo, de livros e filmes sobre temas históricos. Leia o
texto a seguir.
136
capítulo 8
O principal mérito dessa história em quadrinhos de Frank Miller foi popularizar um episódio da
história antiga, despertando o interesse pelo assunto em pessoas que jamais haviam lido qualquer
coisa a respeito da batalha de Termópilas. Após lerem os quadrinhos, muitos leitores passaram a pro-
curar informações sobre o assunto em outras fontes.
Os persas
Túlio Vilela. Extraído do site: <http//educação.uol.com.br>. Acesso em: 1 fev. 2012.
A B
TopFoto/Keystone
Ator brasileiro,
Rodrigo Santoro,
interpretando o
imperador Xerxes no
Xerxes, em filme 300, dirigido
relevo de por Zack Snyder,
Persépolis. lançado em 2007.
a ) Por que o autor do texto afirma que os quadrinhos de Frank Miller estão longe de prima-
rem pela fidelidade histórica?
b ) Compare as imagens A e B, que representam Xerxes. Quais as principais diferenças que
você consegue perceber nessas duas representações?
c ) Quais são as duas principais opiniões acerca dos erros históricos cometidos por
Miller em Os 300 de Esparta ? Você concorda com alguma delas? Qual? Justifique sua
resposta.
d ) O autor conclui o texto afirmando que o mérito da obra de Miller foi ter popularizado um
episódio da história antiga. Você concorda com ele? Por quê?
e ) Procure se lembrar de outras obras artísticas que popularizaram algum acontecimento
histórico e conte aos colegas.
Estimule a autonomia na aprendizagem dos alunos solicitando-lhes que realizem a proposta da seção Refletindo sobre
o capítulo. Explique-lhes que, caso não tenham compreendido alguma das afirmações, é importante que o professor
seja informado para que possa retomar o conteúdo correspondente e sanar as deficiências na aprendizagem.
137
9
capítulo
Os antigos chineses
Museu Qin, Xian, China. Foto: Corel Stock Photo
A Soldados de
terracota, feitos no
século III a.C. Essas
esculturas,
encontradas na
China durante
escavações
arqueológicas, em
1974, foram feitas
por ordem do
imperador Qin
Huang Di, que
unificou o território
chinês em 221 a.C.,
fundando um
poderoso império.
Photodisc/Getty Images
B Fotografia atual da
Muralha da China,
que começou a ser
construída no final
do século III a.C.
138
Museu Britânico, Londres
C Damas da corte
chinesa arrumando
os cabelos e
maquiando-se.
Pintura em seda do
século IV a.C.
ock
bis/Latinst
Liqun/Cor
. Foto: Liu
particular
139
A China antiga
Os antigos chineses formaram uma das maiores civilizações
do continente asiático.
E. Cavalcante
N
MONGÓLIA O L
S
ÁSIA
CENTRAL
Pequim
DESERTO DE
TAKLA MAKAN
el
o COREIA
ar
Am
Mar
o
Ri
Luoyang Amarelo
Changan
Nanjing
Rio Yang-tsé
30° N
C HINA
ÍNDIA
Mar da
China
0 363 km
120° L
Fonte: EDWARDS, Mike. Han. National Geographic. São Paulo: Abril, ano 3, n. 46, fev. 2004.
A China hoje
George Steinmetz/
Corbis/Latinstock
O rio Huang-Ho recebeu esse nome porque o solo da região que ele
atravessa tem uma coloração amarela. Essa terra amarela, chamada
loesse, é muito fértil e, se irrigada, torna-se excelente para o cultivo.
Ao lado, plantação de feijão feita pelos habitantes da região do rio
Amarelo, na China. Fotografia tirada em 2000.
140
Períodos da história da China Antiga
capítulo 9
Observe, na linha do tempo a seguir, os principais períodos da história
da China Antiga.
Os antigos chineses
221 a.C. a 206 a.C. 206 a.C. a 220
Período Qin Período Han
Qin Huang Di se tornou o primeiro Nesse período, o Império Chinês atingiu
imperador chinês, unificando os sua extensão máxima. Na época Han,
reinos beligerantes da China. Foi ele caravanas de mercadores percorriam longos
que ordenou a confecção do exército caminhos em direção ao mar Mediterrâneo,
de terracota, formado por cerca de conhecidos como Rota da Seda. Foi nessa
sete mil guerreiros feitos de barro época que os chineses iniciaram a produção
cozido e colocados no túmulo do de papel, descobriram novas técnicas de
imperador para fazer sua guarda extração do sal marinho, aperfeiçoaram as
pessoal na eternidade. rodas de fiar e inventaram o sismógrafo.
210 a.C.
Morte do imperador
chinês Qin Huang Di.
141
A unificação do território chinês
O território chinês foi unificado no século III a.C. Nesse período, aconteceram
muitas transformações no modo de vida dos antigos chineses.
A destruição de livros
De acordo com relatos da época, o imperador
ordenou a destruição de todos os livros que ques-
tionassem as novas leis propostas por ele. Algumas
obras, no entanto, como os manuais agrícolas e os
livros de medicina, foram poupadas.
A queima dos livros foi representada nessa pintura
em seda do século VII.
Um período de mudanças
Durante o período Qin, foi estabelecido um novo código
Mudanças no dia a dia
de leis que regulamentava a ação de todos os habitantes
As mudanças introdu zidas por Qin
do império. Também foi feita a padronização dos pesos e transformaram o dia a dia dos chineses.
medidas, da escrita e das moedas. O novo sistema de irrigação, por exemplo,
possibilitou o aumento da produção
Além disso, o imperador Qin financiou a construção agrícola; a me lhoria das estradas fa cilitou
de estradas, pontes e canais, intensificando a comu- as trocas comerciais e culturais entre
nicação e o deslocamento das pessoas por todo o ter- regiões distantes; a unificação das
ritório unificado. Por essa razão, as trocas comerciais moedas incentivou a comercia lização de
produtos.
aumentaram bastante durante o período Qin.
Aspectos sociais
A sociedade, na época Qin, era composta principalmente por nobres, por
mercadores e por trabalhadores pobres.
Hemera
142
A construção da Muralha da China
capítulo 9
Por volta de 220 a.C., o imperador Qin ordenou a construção de uma
grandiosa muralha, cujo principal objetivo era defender o território chinês
contra ataques inimigos. Naquela época, a obra chegou a medir cerca de
3 mil quilômetros de extensão. A muralha só foi concluída no século XVI.
Os antigos chineses
Atualmente, sua extensão é de aproximadamente 7 mil quilômetros.
Observe o infográfico.
Art Capri
caso de ataques estrangeiros. As torres também entre 4 e 9 metros e a altura
eram usadas para armazenar alimentos e armas. média é de 7 metros.
Os soldados chineses
usavam um uniforme de
combate composto por
capacete e armadura feita
de malha de ferro. Os
escudos eram feitos com
ferro e bronze. Os
soldados utilizavam
também lanças e espadas.
A principal arma de
guerra, no entanto, era a Os materiais usados na construção
besta, instrumento que variavam de acordo com a região por Essa ilustração é uma
representação artística feita com
disparava flechas com onde passava a muralha: pedra, argila base em estudos históricos.
muita força e precisão. ou madeira podiam ser usados na obra. Baseado em Atlas das Civilizações.
São Paulo: Melhoramentos, 1996.
143
Enquanto isso... na Índia
E. Cavalcante
N
o
Ri
do a leste do rio Ganges.
Ind
o
Ga
ng
Rio
es Pataliputra
Primeiramente, Chandragupta Máuria unificou os
Sanchi
pequenos Estados da região e, em seguida, expulsou Ujjain
os macedônicos que haviam invadido a Índia.
ÍNDIA —
Assim, em 313 a.C., sob a liderança de Chandra- IMPÉRIO
Golfo de
MÁURIA
gupta Máuria, os indianos fundaram seu primeiro Mar da Arábia Bengala
144
capítulo 9
As castas
Essa forma de organização, baseada na linhagem e na condição econômica de cada fa-
mília, dividiu a sociedade em quatro castas principais. Veja.
Os antigos chineses
Sistema de castas da Índia. Aquarela. Coleção particular. Foto: Dorling Kindersley/Getty Images
Vaixás:
comerciantes,
proprietários
de terras.
Sudras: trabalhadores
braçais, que deviam respeito
e submissão aos membros
das castas superiores.
Havia ainda o grupo dos dalits, que não pertencia a nenhuma das outras
castas. Eles eram responsáveis pela realização das tarefas consideradas
indignas e impuras, como a limpeza de latrinas e ruas.
Imagem de Buda
O budismo em um templo
budista da Coreia.
Desde o século VI a.C., a sociedade indiana vivenciava um período de
145
O período Han
Expansão territorial, trocas comerciais com povos estrangeiros e intercâmbio
cultural foram características marcantes do período Han.
A cidade de Changan
Após a morte do imperador Qin, em 210 a.C., os chineses viveram um
período de turbulência, marcado por disputas pelo poder e revoltas popu-
lares. Liu Bang, funcionário imperial de origem cam po nesa, liderou uma
rebelião contra o poder imperial e, em 206 a.C., assumiu o trono chinês.
Este fato marca o início do período Han.
Nos primeiros anos da época Han, Changan era a capital do império e
possuía cerca de 500 mil habitantes. Observe o infográfico.
N. Akira
As casas dos nobres eram O palácio do imperador era a Os mercados eram os lugares
grandes, com pavilhões e pátios construção mais imponente mais movimentados da cidade.
espaçosos. Os móveis eram de da cidade. Seus portões eram Neles eram vendidos os mais
madeira. Possuíam tapetes e vigiados por sentinelas, que diversos produtos, como frutas,
esteiras que cobriam quase todo observavam a entrada e saída ervas medicinais, objetos de
o chão da casa. de pessoas do alto das torres. cerâmica, tecidos, animais etc.
Changan era uma cidade murada. Cada A maioria da população morava em casas Essa ilustração é uma representação artística
um dos quatro lados do muro possuía pequenas. Os móveis eram simples e feitos feita com base em estudos históricos.
Baseado em Lai Po Kan. Os chineses. São
três portões para entrada e saída de de madeira. Mesmo as casas menores Paulo: Melhoramentos, 1991.
pessoas e mercadorias. possuíam um pátio interno.
146
A religiosidade na China Han
capítulo 9
No período Han, três importantes correntes religiosas passaram a fazer
parte do dia a dia da população: o confucionismo, o budismo e o taoísmo.
Os antigos chineses
AA World Travel Library/TopFoto/Keystone
Liu Liqun/Corbis/Latinstock
Os ensinamentos do O budismo, de origem indiana, foi O taoísmo também pregava a
confucionismo enfatizavam o bastante aceito entre os chineses. harmonia entre humanidade e
respeito à família e às tradições Os ensinamentos budistas natureza, porém ensinava técnicas
chinesas. Além disso, as pessoas consideravam a característica de respiração e meditação como
deviam buscar a harmonia com a transitória e sofredora da vida forma de alcançar a paz espiritual.
natureza. O criador do como uma possibilidade de se Lao Tsé, o criador do taoísmo,
confucionismo foi Confúcio, que chegar ao nirvana. Acredita-se viveu no século IV a.C.
viveu por volta do século VI a.C. que Sidarta Gautama, o Buda,
tenha vivido por volta de 500 a.C.
Nirvana estado
de felicidade
Aspectos culturais eterna adquirida
por meio da
Os imperadores do período Han foram muito influenciados pelo confucio- disciplina e da
nismo. meditação.
As propostas dos confucionistas valorizavam a educação para todos e
não apenas para a elite. Por isso, na época Han, os cargos públicos pas-
saram a ser preenchidos por meio de concursos, que avaliavam o conhe-
cimento do candidato, independentemente da posição social que ocupava.
Contudo, as mulheres não podiam participar desses concursos.
As mulheres exerciam outras atividades, como cuidar da produção da
seda e das tarefas da casa. Elas viviam sob autoridade paterna até se ca-
sarem. As mulheres chinesas deviam ser leais, respeitosas e atenciosas,
sempre dispostas a ajudar as pessoas.
147
A Rota da Seda
A Rota da Seda possibilitou, além do comércio, inúmeras trocas culturais.
A abertura da Rota
Os imperadores da dinastia Han, preocupados em assegurar a proteção
das fronteiras chinesas, enviaram embaixadores para reinos distantes, a fim
de trocarem presentes e estabelecerem relações diplomáticas. Ao retorna-
rem, esses embaixadores trouxeram informações sobre dois grandes impé-
rios a oeste, o persa e o romano.
As notícias sobre a riqueza desses impérios estimularam a abertura de
rotas comerciais terrestres. Essas rotas foram ampliadas e chegaram até o
Império Romano, passando, também, pelos territórios da Pérsia, da Meso-
potâmia e da Arábia.
O conjunto dessas rotas ficou conhecido como Rota da Seda, e ocupava
uma área de mais de 8 000 quilômetros. Observe a extensão dessa rota no
mapa abaixo.
A Rota da Seda
E. Cavalcante
EUROPA N
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Constantinopla Mar de o
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Dunhuang Changan 45° L
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ol
fo
Pé
rs
0 590 km Rotas
ic
o
75° N
Fonte: TAO, Wang. Explorando a China. São Paulo: Ática, 1996.
Os mercadores
As caravanas atravessavam a Rota da Seda le-
Abraham Cresques - Detalhe de portulano da Ásia do séc. XIII. 1375.
Manuscrito iluminado em pergaminho. Biblioteca Nacional, Paris.
Foto: White Images/Scala, Florence/Glow Images
148
O intercâmbio cultural
capítulo 9
Além da troca de mercadorias, a Rota da Seda possibilitou o intercâmbio
cultural entre os povos que a utilizavam.
Entre os aspectos que transformaram o modo de vida das populações do
Os antigos chineses
Oriente e do Ocidente, estão a descoberta de novos animais e vegetais.
Outro aspecto importante foi o contato com diferentes estilos artísticos e
modos de vida e a difusão de doutrinas religiosas diversas, como o budis-
mo e o cristianismo.
Junto com as caravanas comerciais, se deslocavam
exércitos, sacerdotes, embaixadores e artistas oriun-
dos das mais diversas regiões. Foi essa diversidade
de pessoas de culturas diferentes que permitiu a troca
de ideias, crenças religiosas, de estilos artísticos e
formas de pensamento.
Chineses e romanos
Enquanto o comércio chinês com povos estrangeiros se expandia através da Rota da
Seda, o Império Romano se apresentava em sua máxima extensão, que ia desde o
território da atual Inglaterra até o golfo Pérsico e o mar Cáspio. Naquela época o
imperador de Roma, além das conquistas territoriais, financiou a construção de cidades,
muralhas, portos e procurou melhorar a administração do império.
Os romanos e chineses antigos sabiam da existência uns dos outros. O contato entre
esses povos, geralmente, era feito de maneira indireta, por meio das trocas comerciais
intermediadas por mercadores de diversas origens. Os tecidos de seda chineses eram
muito apreciados pelos romanos, sendo procurados em todo o império. Como o seu
preço era alto e os detalhes de sua produção eram mantidos em segredo pelos chineses,
muitos políticos romanos se queixavam de que todo o ouro do império estava sendo
trocado por tecidos e sedas.
O L
EUROPA
45° N
ÁSIA
M ar
M ed iterrân eo
Á RICA
ÁF
OCEA NO
0 830 km
Império Romano Í NDICO 90° L
Império Chinês
Fonte: BLACK, Jeremy (Ed.). World History Atlas. Londres: Dorling Kindersley, 2005.
149
Explorando o tema
As invenções dos antigos chineses
Muitas invenções dos antigos chineses são amplamente utilizadas nos
dias de hoje. A difusão desses inventos foi facilitada pela Rota da Seda.
As trocas comerciais contribuíram para que povos de diferentes regiões
conhecessem e adaptassem as invenções chinesas de acordo com sua
própria cultura.
Objetos utilizados em nosso modo de vida atual, como o papel, o guarda-
-sol, o vaso sanitário, o pincel e a pólvora, tiveram origem na China.
Além disso, a carriola, a roldana para mover objetos
de construção, e a bomba d’água, por exemplo, foram
Art Capri
novidades introduzidas no cotidiano dos trabalhadores
chineses cerca de mil anos antes de aparecerem nos
campos europeus.
A bússola, importante instrumento utilizado pelos Ilustração que representa um
navegadores do século XVI, também foi inventada antigo guarda-sol chinês.
pelos chineses.
Papel
Na China, o papel fornece, desde o século II a.C.,
Fotografia de 2001 retratando
um substituto prático em relação aos demais suportes
um chinês realizando impressão
utilizados para a escrita, como o osso, a seda e a em papel utilizando uma técnica
madeira. desenvolvida na China Antiga.
A invenção do papel pelos chineses foi um fator
Zhuang Yingchang/
ChinaFotoPress/Easypix
150
capítulo 9
Bússola
A bússola, um importante instrumento de orientação, muito utilizado nas Grandes Navega-
Os antigos chineses
ções, foi inventada pelos chineses no século IV a.C. Na Europa ela ficou conhecida por volta
do século XIII.
Imagine pessoas a bordo de um navio, em um oceano desconhecido. Como fariam para se
localizar? Utilizando a bússola os navegadores obtinham informações sobre a sua localização, o
que facilitava a sua orientação. Desse modo, a bús-
sola possibilitou a realização de viagens em mar
aberto, pois até então as viagens marítimas se limi-
tavam às proximidades do litoral.
Quando os portugueses aportaram em terras
Pólvora
As primeiras notícias que se tem de um material explosivo referem-se à China do século XI,
quando a pólvora passou a ser utilizada como explosivos e como fogos de artifício. Na Euro-
pa, foi no final da Idade Média que os segredos da fabricação e do uso da pólvora foram
descobertos, anunciando uma transformação nas técnicas militares. Os castelos e as muralhas
passaram a ser facilmente destruídos pelas balas dos canhões.
Cerco em castelo. Séc. XV. Biblioteca Britânica, Londres. Foto: Photo Scala Florence/Heritage Images/Glow Images
Flechas chinesas. Séc. XI. Coleção particular. Foto: The Granger Collection/Other Images
Os chineses
utilizavam a pólvora
para fabricar fogos de
artifício, como os que
estão representados
nessa imagem.
Os europeus começaram
a usar armas de fogo
há mais de 600 anos,
quando elas ainda
eram uma espécie de
pequenos canhões,
como podemos ver na
imagem ao lado,
produzida no século XV.
A pólvora explodia
dentro deles,
projetando balas de
pedra à distância.
151
Atividades
Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.
Exercícios de compreensão
1 Por que o rio Amarelo recebeu esse nome? c ) Quais eram as armas utilizadas pelos
soldados chineses que defendiam o terri
2 Quais eram as principais atividades desen- tório imperial de ataques estrangeiros?
volvidas pelos habitantes das primeiras
aldeias chinesas? d ) Como eram as torres de vigia e para
que serviam?
3 Quais eram as principais dificuldades en-
e ) Quais materiais foram usados na cons
frentadas por esses habitantes e o que
trução da muralha?
eles fizeram para superá-las?
7 Elabore um texto explicando quais eram as
4 Quando e como ocorreu a formação do
principais diferenças entre o budismo e o
Império Chinês?
sistema de castas presente no hinduísmo
5 Quais foram as principais mudanças im tradicional.
plantadas no império durante o período
8 Quem foi Ban Zhao? Em sua opinião, por
Qin? Como essas mudanças transfor
que ela é importante para a história da
maram o dia a dia da populaç ão?
China Antiga?
6 Sobre a Muralha da China, responda.
9 O que foi a Rota da Seda e qual a sua im
a ) Com que finalidade a muralha foi portância para os povos antigos?
const ruída?
10 Cite algumas invenções dos antigos chi
b ) Que pessoas trabalharam em sua cons neses e explique sua utilidade.
t rução?
Expandindo o conteúdo
11 Leia o texto a seguir.
Os soldados de terracota
[O historiador] Siam Quian, [que viveu durante o período Han], não mencionou
[em seus trabalhos] os exércitos de terracota. Ninguém sabia da sua existência até mar-
ço de 1974, quando dois camponeses do povoado de Yangeun, situado nas proximidades,
cavaram um poço no monte Li. Os arqueólogos acudiram imediatamente quando os
primeiros fragmentos foram encontrados e, em seguida, foi confirmada a sensacio-
nal descoberta. Após a euforia dos primeiros momentos, iniciaram-se os trabalhos
de escavação.
Em primeiro lugar, foram desenterradas esculturas de soldados com 1,8 m e, inclu-
sive, com quase 2 m de altura, assim como de cavalos feitos de barro cozido (terracota),
que ainda conservavam restos das suas pinturas originais. Um fato curioso é que ne-
nhum soldado é igual ao outro e, embora as pernas, os dorsos e os braços tenham sido
realizados em série, cada rosto foi elaborado individualmente. Tampouco as partes pro-
duzidas em série, por meio da utilização de moldes, são absolutamente iguais e
surpreendem pela sua riqueza de formas: soldados com ou sem escudo, guerreiros de-
sarmados ou armados em diferentes posições de corpo e braços, assim como cocheiros
e arqueiros. A forma de cobrir a cabeça, em alusão à categoria de cada soldado, é outro
152
capítulo 9
elemento que varia. Assim, alguns possuem apenas um lenço atado ao redor de um
coque enquanto outros apresentam rugas estilizadas, que lhes dão o aspecto de oficiais.
Finalmente, seus penteados e adornos também são distintos.
Jordi Altarriba (Dir.). Enciclopédia do Patrimônio da Humanidade: China, vol. 2, Ásia.
Os antigos chineses
Barcelona: Altaya, 1998. p. 28-30.
Museu Qin, Xian, China. Foto: Corel Stock Photo
Soldados de terracota
desenterrados por meio de
escavações arqueológicas,
em 1974.
12 A fabricação da seda teve início antes do século I a.C. Contudo, foi a partir do período Han,
quando as técnicas de fabricação foram aperfeiçoadas e sua produção aumentou, que
esse produto passou a ser conhecido além dos limites do Império Chinês. As principais
etapas da produção da seda eram desempenhadas pelas mulheres chinesas.
Observe as imagens, que representam etapas da produção da seda.
1 2 3
Museu dos Tecidos, Lion
Agora, em seu caderno, reescreva as seguintes frases associando cada uma delas com a
respectiva etapa da produção da seda.
a ) Os casulos eram despejados em uma bacia com água morna para que os fios amo
lecessem e ficassem prontos para ser enrolados.
153
b ) Os bichos-da-seda eram alimentados com folhas de amoreira até que fizessem seus
casulos.
c ) Os fios eram tingidos e tecidos em um tear.
154
capítulo 9
Discutindo a história
14 Cai Lun, alto funcionário imperial que viveu durante o período Han, ficou conhecido como
inventor do zhi, ou seja, do papel. Entretanto, descobertas arqueológicas recentes indicam
Os antigos chineses
vestígios de um papel ainda mais antigo que aquele produzido por Cai Lun. Leia o texto.
■■ A Muralha da China foi construída para proteger o território contra ataques estrangeiros.
■■ A Rota da Seda possibilitou, além das relações comerciais, trocas culturais entre diversos
povos antigos.
■■ Muitas das invenções chinesas antigas foram fundamentais para o processo de trans-
formação da história. Dentre essas invenções estão: a pólvora, a bússola e o papel.
Após refletir sobre essas afirmações, converse com os colegas e o professor para certifi-
car-se de que todos compreend eram o conteúdo trabalhado neste capítulo.
155
10
capítulo
Os antigos gregos
Veja nas Orientações para o
professor alguns comentários
e explicações sobre os
Museu Britânico, Londres. Foto:
The Bridgeman Art Library/Keystone
recursos apresentados no
capítulo.
B Detalhe de um
vaso grego do
século V a.C. que
representa o
combate entre
dois guerreiros.
156
Estela em mármore. Museu da Antiga Ágora, Atenas.
Foto: John Hios/Akg-Images/Latinstock
157
O território grego
A civilização da Grécia Antiga se desenvolveu na península Balcânica, localizada
no Sul da Europa, às margens do mar Mediterrâneo.
Aspectos geográficos
Yann Arthus-Bertrand/Corbis/Latinstock
A península Balcânica possui um
relevo montanhoso e poucas áreas
de solo fértil. Entre as montanhas,
existem algumas planícies isoladas.
Essa região possui muitas ilhas e
tem um litoral bastante recortado.
158
A chegada de outros povos
capítulo 10
Entre 2000 a.C. e 1200 a.C., a região da Grécia Antiga passou a ser
ocupada por povos indo-europeus. Entre esses povos, encontram-se aqueus
(2000 a.C.), jônios (1700 a.C.), eólios (1700 a.C.) e dórios (1200 a.C.).
Os antigos gregos
Povos que formaram a civilização grega Indo-europeus
povos originários
E. Cavalcante
das regiões
N
O L
S
próximas ao mar
Negro. A língua
Abdera falada por esses
M AC EDÔ N I A Tasos
povos, o indo-
-europeu, é
CALCIDICA 40° N
Imbros chamada por
Lemnos alguns estudiosos
de “língua-mãe”,
Mar Egeu Assos
Córcira Larissa pois deu origem a
Lesbos
TESSÁLIA diferentes idiomas,
ÁSI A entre eles o
Eubeia
Leucas
M E N OR grego, o latim e o
ET ÓL I A Cálcis
Delfos Erétria
Quios germânico.
BEÓCIA
Mégara ÁTICA Éfeso
Mar Atenas Andros
AC A I A Corinto Samos
Jônico
ARCÁDIA Micenas Tenos Icária Mileto
PELOPONESO Halicarnasso
Messena Paros Naxos
Aqueus Esparta
MESSÊNIA LACÔNIA Cnido
Jônios Melos
Rodes
Eólios
Dórios
Mar
Mediterrâneo
CRE TA Cnossos
Fonte: ARRUDA, José Jobson
0 75 km de A. Atlas Histórico Básico.
20° L São Paulo: Ática, 1995.
1200 a.C. a 800 a.C.. 800 a.C. a 500 a.C. 500 a.C. a 338 a.C.
Período Homérico Período Arcaico Período Clássico
As principais informações desse período Em razão do aumento O período Clássico foi marcado
estão nas obras Ilíada e Odisseia, atribuídas populacional, os pelo predomínio de Atenas e
ao poeta Homero. Nesse período, a genos foram divididos Esparta, cidades-estado gregas
sociedade era organizada em genos, entre os descendentes que disputavam entre si o controle
conjunto de grupos familiares governados dos patriarcas, político e militar da região.
por patriarcas. impulsionando a
formação das cidades- 338 a.C. a 145 a.C.
2000 a.C. a 1200 a.C. -estado gregas.
Período Helenístico
Período Pré-homérico Nesse período, a Grécia
Foi no período Pré-homérico que os foi invadida e dominada
primeiros povos indo-europeus se pelos seus vizinhos do
fixaram no território grego. norte: os macedônios.
2000 a.C. 1800 a.C. 1600 a.C. 1400 a.C. 1200 a.C. 1000 a.C. 800 a.C. 600 a.C. 400 a.C. 200 a.C.
159
O governo nas cidades-estado gregas
Na Grécia Antiga, cada cidade-estado tinha sua própria forma de governo.
160
A cidade de Esparta
capítulo 10
Fundada no século IX a.C., a cidade de Esparta ficou conhecida pelo poderio de
seu exército e pela rígida educação dada às crianças espartanas.
Os antigos gregos
Os povos submetidos
Esparta foi fundada pelos dórios, na região da Lacônia,
O militarismo espartano
O militarismo era uma característica marcante de Esparta. Até completar
60 anos, todos os homens espartanos eram considerados guerreiros. Essa
preocupação com a questão militar teve origem, principalmente, nas guer-
ras de conquista.
Durante esses conflitos os homoioi
Andrew Howat - Exército de Esparta (detalhe). Guache sobre papel. Séc. XX.
Coleção particular. Foto: Look and Learn/The Bridgeman Art Library/Keystone
— camada guerreira e privilegiada de
Esparta — dominaram um grupo mais
numeroso (hilotas e periecos), razão
pela qual se sentiam constantemente
ameaçados. Com isso, eles implemen-
t a r a m u m r i g o ro s o s i s t e m a p a r a a
manutenção da ordem nas terras con-
quistadas, pois muitas vezes os hilotas
se revoltavam contra os espartanos.
161
A educação espartana
A partir dos 7 anos, as crianças espartanas passavam por um rigoroso
treinamento físico. Os meninos eram treinados para se tornarem excelentes
guerreiros; as meninas, por sua vez, eram preparadas para serem mães de
filhos fortes e saudáveis.
O treinamento militar dos meninos incluía exercícios físicos, técnicas de
sobrevivência e de combate. Quando jovens, aprendiam a ler e a escrever.
Deveriam respeitar as ordens, falar pouco e objetivamente.
As meninas eram incentivadas a
Guerras Greco-Pérsicas:
162
A cidade de Atenas
capítulo 10
Atenas é conhecida como o “berço da democracia”. Nesse sistema de governo,
todos os cidadãos participavam da vida política. Mas em Atenas, somente uma
pequena parcela da população era considerada cidadã.
Os antigos gregos
Efervescência cultural
Atenas foi fundada na região da Ática no século X a.C. pelos jônios, e
tornou-se um importante centro de comércio marítimo. Por isso, seus ha-
bitantes mantinham um intenso contato comercial com várias cidades gre-
gas e também com diferentes povos, como egípcios, fenícios e babilônios.
Em razão desse dinamismo comercial, Atenas atraía pessoas dos mais
diversos lugares, o que gerava um constante intercâmbio de ideias. Esse
ambiente de efervescência cultural é considerado um dos principais motivos
que favoreceram o desenvolvimento da democracia em Atenas.
163
Outros grupos que não participavam das decisões políticas
Outro grupo social era formado pelos comerciantes e pelos artesãos,
como ceramistas, ferreiros e tecelões. Apesar de sua importância econô-
mica, esse grupo não tinha participação política na sociedade ateniense.
Havia, ainda, uma grande parcela da população formada por escravos. Eles
podiam ser prisioneiros de guerra ou pessoas que não conseguiam saldar
suas dívidas. Muitos escravos trabalhavam no espaço urbano, principal-
mente nos serviços domésticos e nas oficinas. Os que trabalhavam no es
paço rural ocupavam-se, entre outras tarefas, com a agricultura e a mineração.
A revolução hoplítica
Hoplita era o nome do mais importante
Hoplitas
representados em
um vaso de
cerâmica, do
século XI a.C.
Ilustração que
representa uma
Art Capri
falange.
164
A população exige mudanças As reformas de Sólon
capítulo 10
Em 594 a.C., o legislador Sólon realizou
As grandes desigualdades sociais existentes em Ate- importantes reformas, como a abolição
nas fizeram com que, no início do período Clássico, as da escravidão por dívida e a devolução
camadas mais pobres da sociedade se revol tassem, das terras aos devedores. Além disso,
estabeleceu a renda do indivíduo como
exigindo mudanças.
Os antigos gregos
critério de participação nos assuntos
Os tiranos
As reformas de Sólon, no entanto, não foram suficientes para conter a
insatisfação popular. Nesse ambiente de conflitos, ganharam espaço os
tiranos, indivíduos que, contando com o apoio das camadas populares,
assumiam o governo por meio da força. Os principais tiranos atenienses
foram Pisístrato, Hípias e Hiparco.
Pisístrato, que governou Atenas por volta de 530 a.C., realizou importan-
tes reformas sociais. Ele concedeu empréstimos aos pequenos agricultores,
construiu obras públicas, como canais e portos, incentivou o comércio
externo e a construção de navios. Além disso, apoiou as realizações cultu-
rais em Atenas, construindo bibliotecas e incentivando a atuação de artistas,
poetas e sábios.
Seus sucessores, no entanto, não conseguiram manter-se no governo e
os aristocratas novamente assumiram o poder.
Corbis/Latinstock
165
Péricles e a consolidação da democracia
A democracia ateniense passou por diversas reformas até a sua consolidação em
meados do século V a.C., durante o governo de Péricles.
As reformas de Péricles
Com as reformas de Clístenes todos os cidadãos
Temos um regime que nada tem a invejar das leis estrangeiras. Somos, antes,
Retórica arte de
exemplos que imitadores. Nominalmente, como as coisas não dependem de uma falar bem a fim de
minoria, mas, ao contrário, da maioria, o regime se denomina democracia. [...] convencer os
Ouso afirmar que nossa cidade, no seu conjunto, é para a Grécia uma lição viva [...]. ouvintes.
Tucídides. A democracia grega vista por Péricles. In: Jaime Pinsky (Org.). 100 textos de história antiga. 8. ed.
São Paulo: Contexto, 2003. p. 94; 96. (Textos e documentos).
166
A vida nas cidades gregas
capítulo 10
No início do período Clássico, havia cidades espalhadas por todo
o território da Grécia.
Os antigos gregos
O espaço urbano
No território grego havia muitas cidades, como Atenas, Esparta, Micenas, Oleiro pessoa
Delfos e Corinto. Essas cidades, de modo geral, eram movimentadas, com que produz
muitas pessoas circulando pelas ruas, várias oficinas de artesãos que pro- artefatos de
duziam diversas mercadorias, e agitados mercados onde eram comerciali- cerâmica.
zados os mais variados produtos. Diversas atividades desenvolvidas nas
cidades foram retratadas nos vasos gregos.
Museu Ashmolean, Oxford. Foto: The
Discutir assuntos
políticos era comum
no cotidiano dos
homens atenienses,
como podemos
observar nessa
ilustração produzida
no século XX.
167
Explorando o tema
O espaço rural
Apesar de haver um grande número de cidades na Grécia, a maior parte da população vivia
no espaço rural, trabalhando na agricultura e na criação de animais.
Os agricultores gregos tinham várias tarefas para realizar durante o período de um ano. O ano
agrícola tinha início em outubro, quando o clima estava frio. Veja.
Pyanopsión (outubro e novembro) Maimakterión (novembro e dezembro)
Tem início o ano do agricultor, quando começam os Depois de feito o plantio, o agricultor pode usar o tempo
trabalhos de aragem e semeadura da terra. Como no em que espera as plantas brotarem para realizar outras
Hemisfério Norte o inverno começa no mês de dezembro, atividades, como pequenos consertos em sua casa.
em outubro geralmente já está frio na Grécia.
Gamelión (janeiro e fevereiro) Anthestérion (fevereiro e março)
O agricultor corta os galhos secos das árvores para manter o Parte das terras, depois de limpa, permanece em repouso
fogo que aquece sua casa. Nas plantações que já brotaram, até novembro, ou seja, por um período de quase um ano.
é preciso fazer a limpeza, retirando as ervas daninhas. Esse repouso era fundamental para preservar o solo.
O tempo começa a esquentar e os carneiros são Início do trabalho pesado para o agricultor, pois começa a
tosquiados. Além disso, os galhos secos das videiras são primeira colheita de trigo e cevada. Nessa época, o capim é
podados para estimular o crescimento de novos brotos. cortado para fazer o feno que servirá de alimento para o gado.
168
capítulo 10
Thargelión (maio e junho) Skirophorión (junho e julho)
Os antigos gregos
Em alguns campos ainda se colhe trigo e cevada. Terminam as colheitas de cereais e o agricultor
Quando há boas colheitas, os celeiros ficam cheios e começa a peneirar o trigo para separar a palha do
parte dos grãos pode ser levada às cidades para ser grão. As uvas já podem ser colhidas, bem como as
vendida nos mercados. azeitonas.
Produção do
azeite de oliva
169
As instituições da democracia ateniense
No século V a.C., Atenas era uma cidade organizada para atender às exigências
do novo regime político.
Na época de Péricles
A democracia ateniense foi aperfeiçoada na época de Péricles. Durante seu
governo (461-429 a.C.), Atenas se tornou o maior centro irradiador da cultu-
ra grega. Péricles reorganizou o espaço público e ordenou a construção de
grandes edifícios.
Observe o infográfico, que representa a cidade de
Atenas na época de Pé ricles.
170
Photodisc/Getty Images
capítulo 10
Os antigos gregos
Fotografia
atual de
Atenas.
Essa ilustração é uma representação artística feita com base em estudos históricos.
Baseado em C. M. Bowra. Grécia Clássica. Rio de Janeiro: José Olympio, 1983./A
elevação do espírito: 600-400 a.C. Rio de Janeiro: Abril Livros, 1995.
171
A Guerra do Peloponeso
A Guerra do Peloponeso provocou o enfraquecimento das cidades gregas, o que
facilitou o domínio dessa região por grandes impérios.
O conflito
Em 431 a.C., Atenas, junto a cidades
Os efeitos da guerra
Os efeitos da Guerra do Peloponeso foram desastrosos para os gregos.
Muitas pessoas morreram ou foram escravizadas e várias cidades foram
destruídas.
Atenas, uma das mais prejudicadas, teve suas riquezas divididas entre
espartanos e persas. Em Esparta, os conflitos internos acabaram enfraque-
cendo sua organização, possibilitando que ela fosse dominada pela cidade
de Tebas.
172
O Império Macedônico
capítulo 10
O Império Macedônico conquistou diversas cidades-estado gregas e formou um
dos maiores impérios com Alexandre, o Grande.
Os antigos gregos
A ascensão da Macedônia
No século IV a.C., Filipe II, rei da Macedôn ia, tinha planos de expandir
seu território, localizado ao norte da Grécia.
No comando do exército macedônico, ele anexou diversas cidades gregas
enfraquecidas em decorrência da Guerra do Peloponeso. A principal der-
rota grega ocorreu em 338 a.C., na chamada Batalha de Queroneia, que
consolidou o poder macedônico nas principais regiões do mundo helênico.
Em 336 a.C., Filipe II foi assassinado e
E. Cavalcante
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Ma
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Ri
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rV
o
o
Ni
erm
lo
Estados dependentes
o
45° L
Fonte: KINDER, Hermann; HILGEMANN, Werner. The Penguin Atlas of World History. Londres: Penguin Books, 2010.
173
Atividades
Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.
Exercícios de compreensão
1 Quais eram as principais características do 9 Explique o processo de consolidação da
território ocupado pelos antigos gre gos? democracia ateniense. Procure destacar
quem foram os reformadores e a impor-
2 Cite algumas realizações da civilização
tância de cada reforma nas instituições
cretense.
do governo.
3 Quais eram os principais esportes pra-
10 Imagine que você é um agricultor grego na
ticados em Creta? Quais deles são prati-
Antiguidade. Produza um texto sobre
cados na atualidade?
como seriam suas atividades coti dianas,
4 Explique, com suas palavras, quais eram quais seriam suas principais difi cul dades,
as principais formas de governo adotadas quais instrumentos agrícolas você utiliza-
nas cidades-estado da Grécia Antiga. ria no dia a dia e quais ati vi dades você
realizaria nas várias épocas do ano.
5 Sobre a cidade de Esparta, responda às
questões a seguir. 11 Sobre a organização do espaço público em
a ) Quando ocorreu sua fundação? Quem Atenas na época de Péricles, explique.
foram seus fundadores? a ) O que era a Acrópole e quais suas
b ) Explique por que Esparta geralmente é fun ções para a cidade?
associada ao militarismo. b ) Que atividades eram realizadas na
c ) Como os espartanos educavam seus Ágora?
filhos? Meninas e meninos eram edu-
c ) Quais eram os principais edifícios
cados da mesma forma?
pú blicos de Atenas e quais as funções
6 Os atenienses realizavam trocas comerciais de cada um deles?
com diferentes povos. Cite algumas con-
sequências desse dinamismo comercial. 12 Sobre a Guerra do Peloponeso, responda
às questões a seguir.
7 Explique o que foi a revolução hoplítica e
a ) Descreva as principais causas desse
qual sua importância para a criação da
conflito.
democracia em Atenas.
b ) Como a Guerra do Peloponeso enfra-
8 Escreva o que você entendeu sobre a par-
queceu as cidades-estado gregas?
ticipação política em Atenas antes das
reformas do legislador Sólon.
Expandindo o conteúdo
13 Estudos arqueológicos realizados nas últimas décadas demonstram que a região da Grécia
Antiga já era ocupada por grupos humanos há milhares de anos. O texto a seguir trata
desse assunto. Leia-o.
174
capítulo 10
Ao mesmo tempo, algumas formas de vida mais antigas
sobreviviam: nas escavações [...] foram encontrados instrumen-
tos e armas feitos de pedra e osso, além de anzóis e arpões,
mostrando que a caça e a pesca continuavam importantes para a
Os antigos gregos
subsistência.
Desde muito cedo, a ocupação humana foi deixando suas
marcas na paisagem: muitas florestas originais foram devasta-
das para cederem lugar a campos de agricultura e pastos para
rebanhos.
Os objetos de metal começaram a difundir-se lentamente a
partir de 3000 a.C. Os artesãos utilizavam o cobre, a prata, o
chumbo e especialmente o bronze (uma mistura de cobre e es-
tanho). No princípio, eram feitas principalmente armas e peças
decorativas, o que sugere que o uso do metal esteve limitado a
camadas sociais mais ricas. O metal demorou a ser utilizado na
a ) De acordo com o texto, desde 5000 a.C., já havia aldeias na península Balcânica e nas
ilhas gregas. Quais características indicam que essas aldeias já eram tipicamente neo-
líticas?
b ) Quais marcas na paisagem foram sendo deixadas pela ocupação humana?
c ) Que metais eram usados pelos artesãos para fabricar armas e peças decorativas?
d ) Em sua opinião, por que os metais foram usados antes para fabricar armas e peças de-
corativas e só muito tempo depois para fabricar ferramentas e instrumentos agrícolas?
175
a ) Se cada elemento do gráfico apresentado na página anterior representa 5000 pessoas,
quantos habitantes Atenas tinha no ano 500 a.C.?
b ) Naquela época, quantas pessoas participavam das decisões políticas de Atenas?
c ) Nessa mesma época, quantas pessoas não participavam?
d ) O que é possível concluir sobre a participação política da população ateniense?
15 Esparta foi uma cidade-estado grega fundada pelos dórios por volta de 900 a.C., na região
do Peloponeso. Desde sua fundação, essa cidade teve um forte caráter militar. Leia o texto
a seguir sobre a sociedade espartana.
Talvez você já tenha ouvido falar que o Brasil é uma democracia. Mas sabe o que isso sig-
nifica? O nosso país é uma democracia porque, aqui, considera-se que a opinião dos cidadãos
deve ser a base de tudo. Tanto é que, em nosso país, cabe aos próprios brasileiros escolher
quem deve governá-los — quem será o prefeito, o governador, o presidente da República — e
também quem deve representá-los — os deputados federais e estaduais, os vereadores... E essa
escolha é feita nas urnas!
Há, porém, vários tipos de democracia. O Brasil, por exemplo, é uma democracia
presidencialista. Como vimos, os eleitores, em nosso país, não apenas elegem seus repre-
sentantes, mas, também, o presidente da República, a maior autoridade política da Nação
e quem governa de fato. Em alguns países que são democracias parlamentaristas, porém,
isso não ocorre. Quando acontecem eleições nacionais ali, a população elege apenas seus
176
capítulo 10
representantes — o equivalente aos deputados federais brasileiros —, formando o que cha-
mamos de parlamento. O parlamento, por sua vez, vota para escolher o primeiro-ministro,
a pessoa que irá governar de fato. Em geral, torna-se primeiro-ministro o líder do partido
que conseguiu eleger um maior número de representantes.
Os antigos gregos
Como o presidencialismo, o parlamentarismo é democrático também. Afinal, é apoiado
no voto dos eleitores em partidos e candidatos de sua livre escolha: quem escolheu os repre-
sentantes que estão no parlamento foi o eleitor, não é mesmo? De fato, a maior diferença entre
o parlamentarismo e o presidencialismo é que, no segundo, quem decide quem vai governar
é o eleitor — e não o parlamento. Por isso, teoricamente, em países presidencialistas, como o
Brasil, o eleitor tem mais poder, por votar não apenas em seus representantes, mas, também,
em quem irá governá-lo de fato: o presidente da República.
Renato Lessa. No mundo das eleições. Ciência Hoje das Crianças.
Rio de Janeiro: SBPC, ano 19, n. 173, out. 2006. p. 8-9.
a ) Quais são os dois tipos de democracia apresentados no texto? Qual deles está em vigor
no Brasil?
b ) Quais as principais diferenças entre esses dois tipos de democracia?
c ) Em qual desses dois tipos de democracia o eleitor participa diretamente da escolha dos
governantes? Por quê?
d ) Com um colega, conversem sobre a importância do voto. Depois, elaborem uma redação
com o tema "O poder do voto".
No Brasil
17 Faça uma pesquisa para conhecer melhor como funciona a democracia brasileira. Pesquise
em livros, revistas, jornais e internet, e procure descobrir informações como: quais são os
Três Poderes e as funções de cada um deles; quais são os funcionários públicos que pos-
suem cargos federais, estaduais e municipais e que representam os cidadãos brasileiros;
qual a duração do mandato de cada um desses representantes do povo; quais documentos
garantem os direitos do cidadão etc. Finalize o trabalho elaborando um texto com as prin-
cipais informações que você pesquisou. Se possível, ilustre-o com recortes de jornais ou
revistas, desenhos e gráficos.
Depois de pronto, mostre seu trabalho aos colegas.
Estimule a autonomia na aprendizagem dos alunos solicitando-lhes que realizem a proposta da seção Refletindo sobre
o capítulo. Explique-lhes que, caso não tenham compreendido alguma das afirmações, é importante que o professor
seja informado para que possa retomar o conteúdo correspondente e sanar as deficiências na aprendizagem.
177
11
capítulo
Os antigos romanos
Veja nas Orientações
Werner Forman Archive/Glow Images
para o professor
alguns comentários e
explicações sobre os
recursos
apresentados no
capítulo.
A Fotografia recente
retratando o Arco de Tito,
em Roma, construído em
comemoração à vitória
sobre os judeus que se
revoltaram contra o
domínio romano. Esse
monumento também é
conhecido como Arco do
Triunfo.
Scala, Florence/Glow Images
178
Aração. Mosáico. Séc. III. Museu
Nacional de Antiguidades,
Saint-Germain-en-Laye, França.
Foto: Giraudon/The Bridgeman
Art Library/Keystone
Aproveite a seção
Conversando sobre o assunto Conversando sobre
o assunto para ativar
Os romanos construíram um vasto e poderoso império na Antiguidade. o conhecimento
prévio dos alunos e
Por todo o império foram difundidos elementos da cultura romana, como estimular seu
o latim, o direito e, mais tarde, o cristianismo, para diversas regiões da interesse pelos
assuntos que serão
Europa. desenvolvidos no
capítulo. Faça a
Observe as imagens apresentadas nestas páginas e converse com os mediação do diálogo
colegas sobre as questões a seguir. entre os alunos de
maneira que todos
■ ■ Por que o monumento retratado na fonte A é conhecido como Arco
participem
do Triunfo? Você conhece alguma construção semelhante a essa em expressando suas
opiniões e
outros lugares? Qual? respeitando as dos
■ ■ Como o exército romano foi representado na fonte B? É possível es-
colegas.
179
A origem da civilização romana
A civilização romana se desenvolveu na península Itálica a partir do
século VIII a.C.
E. Cavalcante
N
Rio
Gregos
Por volta do ano 1000 a.C., a penín-
Tib
r
Etruscos
e
Mar
sula Itálica era habitada por vários Italiotas
Ad r iático
Os latinos
A região próxima à foz do rio Tibre 40° N
animais como bois e carneiros. Fonte: BLACK, Jeremy (Ed.). World History Atlas. Londres: Dorling Kindersley, 2005.
180
Períodos da história romana
capítulo 11
Observe na linha do tempo os principais períodos da história de Roma.
Os antigos romanos
República
No período republicano, 235 a 476
os romanos conquistaram Baixo Império
povos vizinhos e Período de crise
expandiram o seu e de declínio do
território. Internamente, 31 a.C. a 235 império, que foram
porém, enfrentaram Alto Império intensificados
800 a.C. a 509 a.C. sérios problemas sociais. Período em que o império principalmente
Monarquia Nessa época, os plebeus atingiu sua máxima pela invasão de
Nesse período, o rei, que conseguiram ampliar sua extensão territorial. Havia povos germânicos
era de origem etrusca, participação política. O estradas que interligavam e por disputas
exercia o controle aumento do poder dos a capital do império às internas pelo
administrativo, judicial, generais, no entanto, deu províncias mais distantes. governo imperial.
militar e religioso. Nessa origem a uma crise política Foi implantada a política Nesse período, o
época, a sociedade era que levou ao fim da do “pão e circo” e as cristianismo foi
dividida basicamente República. Com isso, teve desigualdades sociais difundido em várias
entre patrícios e plebeus. início o período imperial. aumentaram. regiões do império.
800 a.C. 700 a.C. 600 a.C. 500 a.C. 400 a.C. 300 a.C. 200 a.C. 100 a.C. ano 1 100 200 300 400 500
Estátua de bronze de
cerca de 500 a.C.
representando a loba que,
segundo a lenda, teria
amamentado os irmãos
Rômulo e Remo.
181
A Monarquia em Roma
Durante o período inicial de sua história, Roma era dominada pelos etruscos
e tinha como regime político a Monarquia.
A organização política
Por volta do século VIII a.C., os etruscos invadiram a região ocupada
pelos latinos e fundaram a cidade de Roma. Os etruscos unificaram as
aldeias latinas e impuseram um governo monárquico.
Na Monarquia romana, o rei etrusco era o governante supremo, respon-
sável pelo controle administrativo, judicial, militar e religioso. O rei era
eleito pela Assembleia do Povo, que era composta pelas pessoas influen-
tes da sociedade. A Assembleia decidia pela guerra ou pela paz e podia
vetar as propostas do rei.
Havia ainda o Senado, que era composto pelos membros mais influentes da Pintura
sociedade. O Senado analisava as propostas que já haviam sido aprovadas representando um
pela Assembleia e ficava responsável pelo governo na ausência do rei. grupo de patrícios
sendo servido por
seus escravos em
A organização da sociedade um banquete.
No período monárquico, a sociedade romana gra-
Os clientes
Além dos patrícios e dos plebeus, em
Roma havia um grupo social conhecido
como clientes. Geralmente, os clientes
eram escravos libertos ou estrangeiros
imigrados. Eles estavam submetidos aos
seus patronos (patrícios de famílias ricas)
e deviam-lhes obediência em troca de
proteção, dinheiro e outros favores.
182
A República em Roma
capítulo 11
As principais instituições políticas do período republicano eram o Consulado, o
Senado e a Assembleia do Povo.
Os antigos romanos
A queda da Monarquia
A Monarquia vigorou em Roma até cerca de 509 a.C., quando um grupo
de patrícios revoltou-se contra o rei etrusco Tarquínio II. Essa revolta foi mo-
tivada pelas concessões que o rei havia feito aos plebeus, dando-lhes maior
participação nos assuntos de interesse público. Descontentes com essas
concessões, os patrícios expulsaram os etruscos da cidade, derrubaram a
Monarquia e implantaram a República. A palavra República vem da expressão
em latim res publica que significa “coisa pública”, ou seja, que é do povo.
Veja abaixo quais eram as principais instituições no período republicano.
183
As dificuldades da plebe
O expansionismo de Roma durante o período republicano teve profundas
consequências sociais. Muitos plebeus que eram convocados para lutar nas
guerras de conquista não podiam cuidar de suas terras e acabavam se
endividando. Para pagar essas dívidas, eles tinham de entregar suas terras
aos patrícios ou vender a si próprios como escravos.
Assim, houve um grande aumento na concentração de terras nas mãos
dos patrícios, e muitos plebeus migraram para as cidades em busca de
oportunidades de trabalho. Porém, como os romanos continuavam a escra-
vizar os prisioneiros de guerra, ficava muito difícil para um plebeu encontrar
trabalho.
Toda essa situação gerou uma crescente revolta entre os plebeus, que
passaram a reivindicar mudanças e a promover lutas sociais, causando uma
grave crise no governo republicano.
As conquistas da plebe
A primeira conquista importante dos plebeus
184
As tentativas de reforma agrária
capítulo 11
Ao longo do período republicano, os patrícios concentraram cada vez
mais terras em suas mãos. Desse modo, a má distribuição de terras tornou-
-se um grave problema social em Roma.
Os antigos romanos
Entre as tentativas de reduzir as desigualdades, destacam-se as iniciati-
vas de reforma agrária lideradas pelos irmãos Tibério e Caio Graco.
Os irmãos Graco, representantes políticos da plebe, criaram leis que de-
terminavam a repartição das terras públicas em pequenos lotes aos cidadãos
pobres, que passariam a pagar ao Estado uma quantia fixa.
Essas leis, no entanto, desagradaram aos grandes proprietários de terras
e a vários senadores que, para impedir sua aprovação, ordenaram o assas-
sinato de Tibério em 132 a.C. e também de Caio, cerca de dez anos depois.
A crise da República
Depois do fracasso das tentativas de reformas dos irmãos Graco, a
crise política piorou em Roma. Os plebeus lutavam por melhorias nas suas
condições de vida, mas os patrícios defendiam a manutenção de seus pri-
vilégios, agravando o quadro de agitações sociais e de crise nas instituições
políticas.
Nessa época, havia muitos generais que desfrutavam
As reformas de Mário
de grande popularidade, graças às vitórias obtidas nas
guerras de conquista. Alguns desses generais chegaram Mário aboliu a exigência de se possuir
bens para ingressar no exército, e
ao poder, passando a desrespeitar as normas legais e a estabeleceu, como forma de remuneração,
não aceitar as determinações do Senado. a participação dos soldados nos
Entre esses generais estava Mário, que em 107 a.C. foi resultados das pilhagens dos povos
conquistados.
eleito cônsul com o apoio da plebe. Mário reduziu os po-
deres do Senado e realizou reformas no exército que tive- Com essas reformas, a carreira militar
tornou-se uma boa opção profissional,
ram profundas consequências para a República romana.
principalmente para os plebeus. Os
As reformas de Mário agravaram a crise da Repúbli- soldados profissionais tinham maior
ca, pois contribuíram para a formação de exércitos fidelidade ao seu general do que
ao Estado republicano.
particulares e abriram caminho para que generais dita-
dores chegassem ao poder.
No seu curto governo, Júlio César tomou uma série de medidas importantes,
por exemplo: distribuiu lotes de terra para milhares de famílias, liberou os
devedores do pagamento de parte das dívidas, fez melhorias na cidade
de Roma e regulamentou a distribuição gratuita de trigo.
Ao lado, busto de Júlio César em mármore.
185
O Alto Império
A Pax Romana
Quando tornou-se imperador, Otávio Augusto procurou assegurar a he-
gemonia romana nas fronteiras do império. Ele procurou, também, construir
mais estradas e garantir a segurança de quem nelas trafegava, o que esti-
mulou o comércio e aumentou o intercâmbio entre as várias regiões do
império. Além disso, patrocinou artistas e escritores e implantou um amplo
programa de construção de obras públicas, como teatros, templos, banhos
públicos e aquedutos.
Dessa forma, Otávio Augusto deu início a um período de tranquilidade e
prosperidade, que ficou conhecido como Pax Romana (Paz Romana). No
entanto, nunca foi definida a maneira como seriam escolhidos os sucesso- Estátua
res do trono. A falta de regras claras para a sucessão acabou se tornando representando
o imperador
um grande problema, que se prolongou até o fim do período imperial.
Otávio Augusto.
A extensão do império
Por volta do ano 120, o Império Romano abrangia aproximadamente
metade da Europa, o norte da África e parte do Oriente Médio. Observe.
O L
S
Mar
do
HIBÉRNIA Norte Mar
Báltico
BRITÂNIA
OCEANO
ATLÂNTICO
GERMÂNIA
Rio Loire
GÁLIA EUROPA
Rio P
ó DÁCIA
Rio
Dan
úbio
Mar Mar Negro
HISPÂNIA DALMÁCIA
Rio Tejo Adriático 40°
N
Córsega
ITÁLIA TRÁCIA
Sardenha Mar MACEDÔNIA
Tirreno Mar CAPADÓCIA
Mar Mediterrâneo
Mar Egeu
Sicília Jônio
LÍDIA
MAURITÂNIA ACAIA
SÍRIA
Rodes
Chipre
Creta ÁSIA
Mar Mediterrâneo
JUDEIA
wich
ÁFRICA
Green
CINERAICA
no de
Rio N
Meridia
ilo
EGITO
Área ocupada pelo Império Romano 0 355 km
0°
Fonte: BLACK, Jeremy (Ed.). World History Atlas. Londres: Dorling Kindersley, 2005.
186
A cidade de Roma
capítulo 11
No século II, a cidade de Roma tinha aproximadamente um milhão de habitantes
e era o centro de um vasto império.
Os antigos romanos
A metrópole romana
Na época imperial, Roma era uma cidade bastante agitada. Vários edifícios
públicos, como termas, teatros e bibliotecas, eram pontos de encontro
para os habitantes, que podiam contar também com mercados, padarias,
lojas e escolas. Observe a seguir uma maquete que representa a cidade de
Roma durante o Império.
Iltalo Gismondi. Séc. XX. Museu da Civilização Romana, Roma. Foto: Vanni Archive/Corbis/Latinstock
O Fórum era a praça principal, um local aberto onde barbeiros, padeiros,
peixeiros, entre outros, ofereciam seus produtos e serviços em lojas ao
longo da praça.
Marco Cristofori/Corbis/Latinstock
187
Conhecidas também como banhos públicos,
Araldo de Luca/Corbis/Latinstock
as termas eram frequentadas por patrícios e
plebeus. Os frequentadores das termas utili-
zavam esse espaço para descontrair e discutir
assuntos da vida pública em Roma.
As maiores termas possuíam um salão mo-
numental, com banhos quentes, mornos e
frios, salas para massagens, espaços para a
prática de esportes e também bibliotecas.
188
O Baixo Império
capítulo 11
O período conhecido como Baixo Império marcou o declínio
do Império Romano.
Os antigos romanos
A crise do império
Foram vários os motivos que geraram a crise do Império Romano. Co-
nheça os principais deles.
Crise do escravismo: desde a época em que o Império Romano inter-
rompeu sua expansão e deixou de promover guerras de conquistas, por
volta do ano 100, o número de escravos caiu consideravelmente. Como o
escravismo era um dos pilares da riqueza romana, a falta de escravos gerou
uma grave crise econômica.
Ruralização da economia: diante da crise pela qual passava o império,
houve um enfraquecimento de atividades como a produção artesanal e o
comércio. Assim, milhares de trabalhadores ficaram desempregados e
começaram a deixar as cidades para viver sob a proteção de grandes pro-
prietários de terras. Desse modo, a área rural começou a se tornar mais
importante que a área urbana.
Falta de proteção das fronteiras do império: a crise econômica fez com
que o Estado deixasse de arrecadar os impostos necessários para a ma-
nutenção do império. Cada vez mais pressionadas por povos estrangeiros,
principalmente germânicos, as fronteiras do império precisavam ser prote-
gidas pelo exército, mas o Estado estava com dificuldades de pagar o
soldo. Com isso, os governantes romanos precisaram criar novas formas
de proteger as fronteiras do Império, fazendo acordos com os povos inva-
sores já instalados. O Estado doava terras a esses invasores e, em troca, Soldo
eles tinham de evitar que novas invasões ocorressem nas fronteiras. Isso remuneração
paga ao soldado.
permitiu que, aos poucos, o exército romano fosse composto, em grande
parte, por germânicos.
Spectrum Colour Library/Heritage-Images/Glow Images
Durante o Baixo
Império, as muralhas
construídas pelos
romanos para
proteger suas
fronteiras tornaram-
-se insuficientes.
Nessa fotografia,
vemos um trecho da
Muralha de Adriano,
construída por volta
do ano 120, na
cidade de
Northumberland, na
Inglaterra, para tentar
conter o avanço dos
povos germânicos.
189
As tentativas de superação da crise
A partir do século III, a grave crise econômica vivida
190
As invasões germânicas
capítulo 11
No século V, Roma foi conquistada pelos povos germânicos, que eram
chamados de bárbaros pelos romanos, pois não falavam o latim.
Os antigos romanos
As primeiras invasões
Desde o século III, os povos germânicos pressionavam as fronteiras e
ocupavam regiões que faziam parte do Império Romano. As primeiras invasões
Art Capri
germânicas foram desorganizadas e pouco eficazes diante do disciplinado
exército romano. No entanto, a lealdade que cada soldado germânico tinha Ilustração
por sua tribo ou clã fez deles guerreiros ferozes e capazes de desestruturar representando
os imponentes romanos. Veja o mapa abaixo. chefe ostrogodo.
As invasões germânicas
E. Cavalcante
Mar N
do
O L
Norte Mar
Báltico S
ANGLOS
SUEVOS
SAXÕES
OCEANO
LOMBARDOS
ATLÂNTICO FRANCOS
VÂNDALOS
OSTROGODOS
Braga Toulouse
Verona VISIGODOS
Mar Negro
Toledo Mar
Adriático Andrinopla
Roma
Cartagena Constantinopla 40° N
h
enwic
Siracusa
iano d
Cartago
Merid
Fonte: HILGEMANN, Werner; KINDER, Hermann. Atlas Historique. Paris: Perrin, 1992.
Roma é conquistada
Leia o texto abaixo, que trata da queda do Império Romano do Ocidente.
Clã grupo social
composto por
Apesar de representarem apenas 5% da população total do Império Romano,
indivíduos que
em poucos anos os germânicos ocuparam pontos [fundamentais] do império. A são descenden-
cidade de Roma foi conquistada em 476 e o último imperador deposto. Quebra- tes de um mesmo
va-se a unidade política anterior. Surgiram vários reinos germânicos, ponto de ancestral.
partida dos futuros países europeus. Começava a Idade Média.
Hilário Franco Júnior; Ruy de Oliveira Andrade Filho. Atlas: história geral.
São Paulo: Scipione, 1993. p. 16.
191
Explorando o tema
O cotidiano na Roma Antiga
Como vimos neste capítulo, a sociedade romana era dividida basicamente entre patrícios e
plebeus. Refletindo a situação econômica em que viviam, cada grupo possuía moradias, hábitos
e cotidianos diferentes.
As habitações
A moradia dos patrícios era bem diferen-
te da dos plebeus. Os patrícios moravam
em habitações luxuosas e confortáveis
N. Akira
chamadas domus . Eles pagavam artistas
para decorarem os pisos com mosaicos e
também pintarem afrescos nas paredes.
Já os plebeus viviam em locais mais
simples. Geralmente moravam em aparta-
mentos pequenos e com diversas pessoas
vivendo em um mesmo cômodo.
[...] Um bloco de apartamento era tão grande
que parecia uma “ilha” [...] As insulae eram altas
e estreitas. Tinham geralmente cinco andares. Os
construtores, em geral, usavam materiais baratos
e da pior qualidade. As insulae eram tão mal
construídas que as paredes rachavam ou os te-
lhados caíam dentro delas.
Joan Forman. Os romanos. São Paulo: Melhoramentos, 1975. p.17.
192
capítulo 11
Educação das crianças romanas
Os meninos e meninas de Roma entravam na esco-
Os antigos romanos
la por volta dos 7 anos de idade. Nela eles aprendiam
a ler, a escrever e também recebiam noções de cálculo.
Por volta dos 10 anos, as meninas deixavam a es-
cola e passavam a ser educadas unicamente pelas
suas mães. O objetivo era que se tornassem boas
donas de casa e mães.
A partir dos 10 anos, os meninos de famílias influen-
Casal em banquete com escravo, de Herculano. Afresco. c. 50-79 d.C. Museu Arqueológico
Nacional, Nápoles. Foto: The Bridgeman Art Library/Keystone
bem diferente.
As mulheres patrícias casavam-se por volta dos 14 anos
e a maioria dos casamentos eram arranjados pelos
pais. No entanto, elas tinham mais tempo livre para
realizar diversas atividades, como a leitura e o estudo.
Já as mulheres plebeias tinham mais autonomia em
relação ao casamento. Elas podiam casar com quem
quisessem, mas muitas vezes os casamentos entre
os plebeus eram realizados para o casal dividir as
despesas. Além disso, as plebeias tinham mais liber-
dade, pois trabalhavam fora e assim tinham maior
contato com outros ambientes.
Lazer
Crianças brincando. Séc. II a.C. Baixo-relevo.
Foto: DEA/A. Dagli Orti/De Agostini/Getty Images
193
Atividades
Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.
Exercícios de compreensão
1 Qual povo ocupava a região próxima à foz c ) Como foi chamado o primeiro código
do rio Tibre? Quais atividades econômicas de leis escrito de Roma? Por que ele
esse povo praticava? pode ser considerado uma conquista
da plebe?
2 Explique por que alguns estudiosos cha
mam Roma de “filha da Etrúria”. 9 Cite três medidas adotadas durante o go
verno de Júlio César.
3 Quais eram as principais instituições po
líticas da Monarquia em Roma e quais as 10 Quem foi o primeiro imperador romano?
funções de cada uma delas? Quais foram as principais ações de seu
governo?
4 Como era dividida a sociedade no período
monárquico? 11 O que era o Fórum e qual sua importância
para os habitantes de Roma?
5 Quando a República foi implantada em
Roma? Por que isso ocorreu? 12 Explique cada um dos principais motivos
da crise do Império Romano.
6 Explique as funções de cada uma das insti
tuições políticas republicanas abaixo. 13 Quais foram as principais tentativas de
superação da crise do império?
a ) Consulado.
14 Quais foram as medidas adotadas pelo
b ) Senado.
imperador Teodósio?
c ) Assembleia do Povo.
15 Sobre o cotidiano dos antigos romanos,
7 Quais foram as principais consequências responda às questões a seguir.
da política expansionista de Roma no
a ) Descreva as principais características
período republicano?
das moradias dos plebeus.
8 Sobre as conquistas da plebe durante a b ) Cite alguns alimentos consumidos por
República, responda. patrícios e plebeus na Antiguidade.
a ) O que os plebeus conquistaram por c ) Explique as diferenças entre a educação
meio da “greve geral”? de meninos e meninas.
b ) Quando foi criado o cargo de Tribuno da d ) Como era o cotidiano das mulheres
Plebe? O que isso representou para os romanas? Havia diferenças entre mu
plebeus? lheres patrícias e plebeias?
Expandindo o conteúdo
16 O discurso a seguir foi escrito por Tibério Graco. Leia-o.
Os animais da Itália possuem cada um sua toca, seu abrigo, seu refúgio.
No entanto, os homens que combatem e morrem pela Itália estão à mercê
do ar e da luz e nada mais: sem lar, sem casa, erram com suas mulheres e
crianças. [...]
É para o luxo e enriquecimento de outrem que combatem e morrem tais
pretensos senhores do mundo, que não possuem sequer um torrão de terra.
Tibério Graco. Justiça social em Roma. In: Jaime Pinsky (Org.). 100 textos de história antiga. 8. ed.
São Paulo: Contexto, 2003. p. 20. (Textos e documentos).
194
capítulo 11
a ) Quem foi Tibério Graco?
b ) O que ele tentou implantar em Roma?
c ) Ele conseguiu? Por quê?
Os antigos romanos
d ) Escreva no caderno o trecho do discurso que, em sua opinião, trata especificamente da
questão de terras em Roma.
A
Séc. III a.C. Relevo em pedra. Museu Nacional de Abruzzo,
Áquila. Foto: The Bridgeman Art Library/Getty Images
Relevo do
século II a.C.,
em pedra
representando
um ferreiro
trabalhando
em sua oficina.
B
Museu da Civilização Romana, Roma.
Foto: Roger-Viollet/TopFoto/Keystone
Relevo em
pedra
representando
um açougueiro
cortando
carnes.
a ) Faça em seu caderno uma descrição da fonte A. Anote a maior quantidade possível de
informações, por exemplo: qual é o local de trabalho representado; que roupas e que
ferramentas estão sendo utilizadas pelo profissional; qual é o tipo de mercadoria produ
zido neste local de trabalho.
b ) Proceda da mesma maneira com a imagem B.
c ) Depois, responda: essas atividades ainda são comuns na atualidade? Elas são realizadas
da mesma maneira ou mudaram no decorrer do tempo?
195
No Brasil
18 A concentração de terras nas mãos de poucas pessoas provoca graves problemas sociais,
como vimos a respeito da Roma Antiga. Em várias partes do mundo, e em épocas variadas,
esse problema também foi verificado. Uma das maneiras de resolver parte desses problemas,
que também ocorrem no Brasil, é promover a reforma agrária. Leia o texto.
a ) De acordo com os autores do texto, quais são os principais objetivos da reforma agrária?
e ) Você já ouviu falar de algum movimento social que reivindica o acesso à terra? Qual é o
nome desse movimento e quais suas principais ações?
196
capítulo 11
Discutindo a história
19 A queda do Império Romano é tema de debates entre historiadores há pelo menos três sé
culos. Entre as causas da queda, costuma-se citar a grande extensão do império, a crise
Os antigos romanos
interna e as invasões dos povos germânicos. Além dessas causas, alguns historiadores
afirmam que um dos principais motivos da queda do Império Romano foi a “decadência
moral” de seus habitantes. Ultimamente, no entanto, vários estudiosos têm contestado
essa opinião.
Os textos abaixo apresentam pontos de vista divergentes quanto à suposta “decadência mo
ral” dos romanos nos anos finais do império. Leia-os.
A [...] O povo [pedia de maneira] [...] indiscreta e insolentemente, pão, vinho, di-
vertimentos e dinheiro [...]. Nos teatros, principalmente, Roma parecia ostentar
com maior prazer a sua indisciplina moral. [...] No meio de tais divertimentos era
natural que a moral desfalecesse. [...]
O que o povo queria eram as distribuições de dinheiro, festas, prodigalidades, pra-
zer, facilidades em tudo, tanto na política como na administração e na vida privada. [...]
Guglielmo Ferrero. Grande e decadência de Roma. Trad. Francisco Pati.
Porto Alegre: Globo, 1963. p. 123; 125; 136.
B Talvez a ideia mais corrente sobre o Império Romano seja a mais injustificada. Re-
ferimo-nos à noção de decadência moral, associada a exageros na comida e nas
diversões e que teria levado à decadência de Roma. [...]
Ainda mais importante, no entanto, é o fato de que noções como “decadência” são
por demais subjetivas. Teria havido decadência moral? Ou os costumes eram, simples-
mente, diferentes dos nossos? [...]
Pedro Paulo Funari. Roma: vida pública e vida privada. São Paulo: Atual, 2003. p. 6-7.
197
12
capítulo
A cultura clássica
Propaganda da loja de departamentos ‘Le Bon Marche’, A Lebre e a Tartaruga. Início do séc. XX. Litografia coloria. Coleção particular. Foto: Archives Charmet /The Bridgeman Art Library/Keystone
198
C Cena de teatro representada em mosaico romano
Cena de teatro. Séc. I. Mosaico. Napoles, Itália. Foto: Araldo de Luca/Corbis/Latinstock
do século I. Na Antiguidade, o teatro romano foi
bastante influenciado pelos gregos.
Bettmann/Corbis/Latinstock
Gravura representando a deusa romana Justitia, de olhos vendados D
e segurando nas mãos uma balança e uma espada. Na Roma
Antiga, essa deusa personificava a Justiça.
Aproveite a seção
Conversando sobre o assunto Conversando sobre
o assunto para ativar
Você já deve ter ouvido a expressão “isso é um clássico!” para se re- o conhecimento
prévio dos alunos e
ferir a uma obra de arte ou a um livro, por exemplo. O legado cultural dos estimular seu
antigos gregos e romanos compõe o que chamamos de cultura clássica, interesse pelos
assuntos que serão
assunto deste capítulo. desenvolvidos no
Observe as imagens apresentadas nestas páginas e converse com os capítulo. Faça a
mediação do diálogo
colegas sobre as questões a seguir. entre os alunos de
■ ■ A fonte A representa uma cena da fábula A raposa e a lebre , de Eso-
maneira que todos
participem
po. Você conhece essa fábula? Quais são as principais características expressando suas
de uma fábula? Existem fábulas nos dias de hoje? opiniões e
respeitando as dos
■ ■ Agora descreva a escultura retratada na fonte B. Como a deusa gre- colegas.
ga Afrodite foi representada? Você conhece alguma obra semelhante
a esta? Qual?
■ ■ Na fonte C, quais elementos do teatro romano podem ser identifica-
nosso cotidiano?
Pense nessas questões enquanto você lê este capítulo.
199
Cultura clássica: presença em nosso cotidiano
A cultura clássica está presente em nosso cotidiano de várias maneiras, por
exemplo, na literatura, nas artes plásticas, na arquitetura, no teatro e na
filosofia.
Giuliano Gomes/Folhapress
O termo cultura clássica é usado para fazer referên-
cia às expressões artísticas, como a arquitetura, a lite-
ratura e a escultura, desenvolvidas na Grécia entre os
séculos V e IV a.C. Essas expressões artísticas torna-
ram-se modelos, que foram seguidos pelos romanos
que conquistaram a Grécia.
Em razão da grande influência da arte e da literatura
greco-romanas na formação dos países ocidentais, o
termo cultura clássica passou a ser usado para qualifi- A arquitetura do prédio da Universidade
car a herança deixada pelos antigos gregos e romanos. Federal do Paraná, localizado em Curitiba, é
um exemplo da influência da cultura clássica
no Brasil. Fotografia tirada em 2006.
Falando grego
A influência da cultura clássica está presente em
nosso cotidiano, por exemplo, na língua portuguesa. Radicais gregos
Existem muitas palavras de origem grega que nós uti- Observe o quadro abaixo e conheça
alguns radicais gregos presentes na
lizamos no dia a dia. Observe. Língua Portuguesa.
■ ■ teatro ( théatron ): lugar para assistir a espetáculos;
200
A literatura dos antigos gregos
capítulo 12
O sistema de escrita grega era capaz de representar a língua falada com
grande clareza e exatidão. Além disso, em comparação com a escrita de
outros povos antigos, como os egípcios e os mesopotâmios, a escrita grega
era mais fácil de aprender. Essa facilidade de aprendizado permitiu que boa
A cultura clássica
parte da população grega fosse alfabetizada. Em Atenas, no século V a.C.,
por exemplo, muitas pessoas sabiam ler e escrever.
A difusão da escrita entre os gregos propiciou um grande desenvolvimen- Gênero literário
to da literatura. Um dos gêneros literários mais apreciados pelos gregos forma de
era a poesia, que servia para tratar dos mais diversos temas, desde os classificação das
acontecimentos mais importantes até os assuntos do dia a dia. Outro gê- obras literárias de
nero literário era a tragédia, utilizada geralmente para descrever grandes acordo com o
estilo, a estrutura
aventuras e episódios trágicos da vida dos heróis. A comédia, por sua vez,
ou a temática do
servia para satirizar as fraquezas humanas. texto.
Havia também um gênero literário muito popular entre os gregos: a fábula. Satirizar
As fábulas são pequenas histórias que geralmente têm animais entre os ridicularizar.
personagens, e apresentam ensinamentos sobre como agir com inteligência
em diferentes situações cotidianas. Um dos maiores mestres nesse tipo de
literatura foi Esopo, um escravo que viveu na Grécia no século VI a.C.
Leia, a seguir, uma das fábulas de Esopo.
Ilustração que
Paula Diazzi
representa Esopo
conversando com
uma raposa.
A raposa e as uvas
Uma raposa caminhava faminta a procura de algo para comer,
quando encontrou uma parreira carregada com uvas maduras. Famin-
ta, ela tentou apanhar as uvas, porém, os galhos da parreira estavam tão
altos que ela não conseguiu alcançá-las. Irritada, a raposa disse:
— Melhor assim, essas uvas estão verdes!
Moral da história: É fácil desprezar aquilo que não se alcança.
Texto adaptado pelos autores.
N. Akira
201
A mitologia grega
Os antigos gregos acreditavam que deuses e deusas interferiam na vida
das pessoas.
Deuses e deusas
A palavra mitologia (do grego mythos = fábula; logía = estudo) significa o
conjunto de histórias fabulosas que explicam a origem do Universo e do ser
humano por meio da ação de deuses e heróis.
De acordo com a mitologia grega, os deuses
habitavam o monte Olimpo, e frequentemente
interferiam na vida dos seres humanos.
Os deuses gregos eram imortais, no
entanto, assim como os seres huma-
nos, tinham defeitos e qualidades.
Além dos vários deuses, existiam
os heróis (ou semideuses), que
possuíam alguns pod eres dos
deuses, porém eram mortais.
Os Jogos Olímpicos
Na Grécia Antiga, deuses e heróis eram homenageados em um importante evento
celebrado a cada quatro anos: os Jogos Olímpicos, que eram realizados na cidade de
Olímpia. No decorrer do tempo, os jogos adquiriram tanta importância que, no período
em que eram realizados, estabelecia-se uma trégua sagrada, suspendendo os conflitos
militares em toda a Grécia.
Os espectadores vinham das regiões mais remotas da Grécia para
Stadium (corrida). c. 520-500 a.C. Ânfora. Museu Ashmolean,
Oxford. Foto: The Bridgeman Art Library/Keystone
202
O nascimento da filosofia ocidental
capítulo 12
O século VII a.C. marca o nascimento do pensamento filosófico ocidental na Grécia.
Os filósofos gregos
A cultura clássica
“Quem sou?”, “De onde vim?”, “Para onde vou?”... Perguntas como essas
sempre fizeram parte da existência humana. No entanto, no século VII a.C.,
alguns gregos começaram a procurar novas respostas para essas antigas
perguntas.
Esses gregos, conhecidos como filósofos, deixaram de buscar explicações
sobre os mistérios da vida apenas na mitologia e começaram a utilizar a
razão, ou seja, a capacidade intelectual que o seres humanos têm para
explicar e ordenar a realidade de forma coerente.
Leia no texto a seguir as principais diferenças entre mitologia e filosofia.
203
Explorando o tema
Os espetáculos públicos romanos
Os espetáculos públicos eram frequentados pela maior parte dos moradores de Roma,
desde os escravos até os imperadores. O acesso da população a esses espetáculos era fa-
cilitado pelo grande número de feriados: no século III, havia cerca de 200 feriados por ano.
Além disso, havia diversos circos, arenas e teatros para a realização dos espetáculos.
No período imperial, a cidade de Roma tornou-se uma grande metrópole, com cerca de um
milhão de habitantes. Grande parte dessa população, no entanto, não encontrava trabalho e
vivia em condições miseráveis. Foi nessa época que os imperadores adotaram a chamada
política do “pão e circo” ( panis et circenses ).
De acordo com essa política, os imperadores distribuíam pães e cereais para a população
carente, e, também, promoviam grandes espetáculos que eram oferecidos gratuitamente ao
povo romano. Os principais espetáculos públicos eram as encenações de teatro, as lutas na
arena e as corridas de biga.
O teatro
As encenações teatrais, conhecidas como jogos
As corridas de biga
Outro espetáculo público que atraía
[As bigas eram puxadas] por dois ou quatro cavalos, os cocheiros de pé, vestidos com uma túnica sem
mangas muito justa no peito, usando barrete de couro, com as rédeas presas à cinta. O cavalo da esquerda
comanda a parelha, os outros seguem-no. [A biga] era uma simples caixa montada sobre duas rodas, como
outrora os carros de guerra; mas era muito leve e só o peso do homem lhe imprimia alguma estabilidade. [...]
Pierre Grimal. A Civilização Romana. Lisboa: Edições 70, 1988. p. 247. (Lugar da História).
204
capítulo 12
As lutas de arena
Um dos espetáculos públicos que mais chamavam a atenção da população eram as lutas
A cultura clássica
de arena. A principal atração nas arenas era o combate entre gladiadores, que eram geral-
mente escravos treinados especialmente para lutar.
Nas arenas também eram realizadas lutas entre animais selvagens, como elefantes, ursos,
leões, touros, e, ainda, entre gladiadores e animais.
Eduardo Carriça/Photoview
205
Latim: a língua dos romanos
O latim deu origem a vários idiomas, inclusive o português.
As origens
O latim começou a ser falado na região do Lácio, no
Araldo de Luca/Corbis/Latinstock
século VIII a.C. Várias línguas antigas influenciaram na
formação do latim, entre elas o osco, o umbro e o grego.
Com a expansão do Império Romano, o latim foi levado a
diferentes regiões e passou a ser falado por um grande
número de pessoas.
A escrita latina era registrada de diferentes maneiras.
Leia no texto abaixo quais eram algumas delas.
Línguas neolatinas
Latim Português Italiano Espanhol Francês
ovo ovo uovo huevo oeuf
vino vinho vino vino vin
anno ano anno año an
aqua água acqua água eau
porta porta porta puerta porte
bucca boca bocca boca bouche
Fonte: WALTER, Henriette. A aventura das línguas no Ocidente: origem, história e geografia. São Paulo: Mandarim, 1997.
206
A literatura latina
capítulo 12
A literatura latina é o conjunto de textos literários
pro du zidos em latim na Roma Antiga. Estudos de
linguagem indicam que muito do que foi produzido
pelos romanos derivou da literatura grega, como
A cultura clássica
poe mas, peças de teatro e textos filosóficos.
Entre os escritores latinos mais conhecidos estão
Cícero (106-43 a.C.), advogado, político e filósofo,
Virgílio (70-19 a.C.), considerado o maior de todos
os poetas latinos, e Tito Lívio (59 a.C.-17 d.C.), o
principal historiador romano.
A escrita do povo
Durante muito tempo, os estudiosos acreditaram que, para se conhecer
os diferentes aspectos da história de Roma, bastava consultar os registros
escritos deixados pela elite romana. Seguindo esse princípio, consideravam
fontes de informação somente as obras de escritores como Cícero e
Virgílio.
A camada popular do império, dessa forma, acabou sendo considerada
inculta e analfabeta, pois transmitia seus conhecimentos somente por mei os
orais, ou seja, não deixava registros escritos.
No entanto, escavações feitas na cidade de Pompeia, na Itália, no sécu-
lo XVIII, reve laram uma enorme quantidade de inscrições nas paredes da
cidade, feitas por padeiros, agricultores, artesãos, comerciantes e escravos.
Essas inscrições tratavam dos mais diferentes temas, como política, traba-
lho, amor e lutas de gladiadores. Ilustração que
reproduz as
Leia a tradução do diálogo abaixo. Ele foi escrito por dois homens, um inscrições feitas por
tecelão chamado Sucesso e seu rival Severo, que disputavam o amor de Severo e Sucesso
uma mesma mulher. em uma parede de
Pompeia.
Severo: O tecelão Sucesso ama a escrava chamada
Híris, a qual não quer saber dele, mas ele pede que ela N. Akira
207
A arte e a arquitetura em Roma
A arte romana era rica e diversificada, e sua arquitetura era monumental.
Os retratos individuais
A arte romana recebeu grande influência da arte grega. Essa influência
se tornou mais intensa no período republicano, quando, após conquistarem
várias regiões da Grécia, os exércitos romanos voltaram para Roma trazen-
do muitas obras de arte gregas.
Essas obras, como estátuas e relevos, serviam para decorar as mansões
de patrícios e de ricos comerciantes. Como havia grande procura por obras
de arte gregas, os artistas passaram a produzir muitas cópias dessas obras.
Foi somente no final do período republicano que a arte romana adquiriu
suas características próprias. Diferentemente dos gregos, que buscavam
representar a beleza ideal e a harmonia das proporções, os romanos de-
senvolveram uma arte mais realista e mais fiel aos modelos retratados.
Uma das formas de expressão artística em que os romanos mais se des-
tacaram foi o retrato individual. Leia o texto abaixo.
208
A construção de um aqueduto
capítulo 12
Os aquedutos romanos eram grandes construções que conduziam a água
das nascentes dos rios até as cidades, através de tubulações. Os aquedu-
tos podiam ser subterrâneos ou elevados, para manter o fluxo de escoa-
mento da água, e podiam ter dezenas de quilômetros de extensão.
A cultura clássica
A construção de um aqueduto era um processo complexo, que envolvia
a perfuração de túneis e a edificação de grandes conjuntos de arcos para
sustentar a tubulação.
Ainda hoje, existem aquedutos que foram construídos pelos romanos há
cerca de dois mil anos e que ainda estão em funcionamento, o que atesta
a qualidade e a durabilidade dessas construções.
Observe o infográfico a seguir, que representa a construção de um aque-
duto suspenso.
Art Capri
209
O Direito Romano
O Direito é um dos mais importantes legados romanos.
O legado jurídico
Os romanos nos deixaram uma vasta herança cultural,
Christel Gerstenberg/Corbis/Latinstock
artística e linguística. O legado jurídico, representado
pelo Direito Romano, por exemplo, exerceu influência
profunda em muitos países.
O primeiro passo dado por Roma na formulação de leis
escritas que dariam origem ao Direto Romano aconteceu
em 450 a.C., com a criação da Lei das Doze Tábuas, ou
Lex Duodecimum Tabularum . Os princípios legais das
Doze Tábuas, mesmo sofrendo algumas modificações ao
longo do tempo, foram seguidos em quase todo o impé-
rio por cerca de mil anos.
Mesmo com a queda do Império Romano do Ocidente,
muitos princípios da Lei das Doze Tábuas continuaram
vigorando no Império Romano do Oriente. Com a ascen-
são do imperador Justiniano, em 527, esses princípios
foram reinterpretados e compilados.
O imperador Justiniano contratou um grupo de juristas para fazer a
reinterpretação e a compilação das leis romanas, trabalho que demorou cerca
de três anos para ser concluído. Nessa imagem, Justiniano é representado
em um detalhe de mosaico da catedral de São Vital, em Ravena, na Itália.
José Carlos Moreira Alves — Direito Romano. Rio de Janeiro: Forense, 2007
Em nosso país, os princípios do Corpo do Direito Civil ,
também conhecido como Direito Romano, são ensinados
nas faculdades de Direito até os dias de hoje.
Conheça abaixo alguns princípios de Direito Romano
que estão presentes em nossa sociedade.
■■ Cuique suun : princípio básico da justiça, significa que
a cada um pertence aquilo que é seu.
■■ Dura Lex , sed Lex : a lei é dura, mas é a lei.
■■ Nullun crimen , nulla poena sine lege : não há crime
nem pena sem que a lei decida.
210
A cultura helenística
capítulo 12
A cultura helenística é resultado da fusão de várias culturas
A civilização helenística
A cultura clássica
A expressão “cultura helenística” é utilizada para fazer referência às ma-
nifestações culturais originadas da mistura entre a cultura grega e a dos
povos conquistados por Alexandre Magno.
Alexandre formou, em um curto espaço de tempo, um grande império.
Como esse império era vasto e abrangia grande parte de três continentes
(Europa, África, e Ásia), a cultura grega se espalhou por diferentes partes
do mundo e foi assimilada pelas populações locais, dando origem a uma
grande riqueza cultural.
Leia o texto a seguir, que trata do intercâmbio cultural propiciado pelas
conquistas de Alexandre Magno.
211
Atividades
Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.
Exercícios de compreensão
1 No caderno, forme pelo menos cinco pa 9 Responda às questões a seguir sobre a
lavras utilizando os radicais gregos apre língua latina.
sentados na página 200. a ) Quando e onde o latim começou a ser
Observe um exemplo: falado?
Cronologia: crono (tempo) + logia (estudo) = b ) Quais línguas influenciaram o latim?
estudo do tempo.
c ) Além das obras literárias, escritas em
2 Cite três gêneros literários da Grécia Antiga papiro, quais outras formas de registro
e descreva suas características principais. da escrita latina são conhecidas?
3 Quais são as principais características das d ) Quando o latim se tornou a língua oficial
fábulas? Você conhece alguma outra fá do Império Romano?
bula? Qual? e ) O que são línguas neolatinas? Cite al
gumas delas.
4 Na mitologia grega, quais são as principais
diferenças entre deuses e heróis? 10 O que as inscrições nas paredes de Pompeia
revelaram sobre o cotidiano das pessoas
5 Quais são as principais diferenças entre
que ali viviam?
mito e filosofia?
11 Aponte algumas características da arte
6 Explique as principais ideias dos seguintes
romana.
filósofos gregos.
a ) Tales. c ) Platão. 12 Descreva a construção e o funcionamento
de um aqueduto romano.
b ) Sócrates. d ) Aristóteles.
13 O que é o Corpo do Direito Civil? Cite alguns
7 O que foi a política do pão e circo? de seus princípios presentes em nossa
8 Escreva um pequeno texto destacando as sociedade.
principais características dos espetáculos 14 O que significa a expressão “cultura hele
públicos romanos. nística”?
Expandindo o conteúdo
15 Leia o texto a seguir.
As cores do branco
Estátuas clássicas de deuses gregos e de imperadores romanos são brancas ou cinzentas, e é dessa
forma que sempre estiveram expostas nos principais museus do mundo. Colori-las seria um verdadeiro
sacrilégio e um tremendo mau gosto. Pois é exatamente isso que fez o Museu do Vaticano na exposição
As Cores do Branco, [realizada em 2005]. A ideia dos organizadores do evento é mostrar que a arte antiga
era muito mais alegre e colorida do que imaginamos e acabar com a convicção de que as esculturas gre-
gas e romanas não tinham cor. “Na realidade, o conceito de que as obras eram totalmente brancas chegou
aos dias de hoje por causa da perda de policromia provocada pela ação do sol e da chuva”, diz o organi-
zador da mostra, Paolo Liveriani. [...]
Para chegar às cores utilizadas pelos artistas da Antiguidade, os restauradores do museu usaram téc-
nicas modernas, como raios ultravioletas, que permitem ver traços de cores desaparecidas no mármore.
[...]
212
capítulo 12
A concepção de que a arte clássica era imaculadamente branca, e assim devia permanecer, foi estabe-
lecida pelo alemão Joachin Winckelmann (1717-1768), considerado o fundador da história da arte e um
dos pioneiros da arqueologia. Winckelmann dizia que o branco era cor da beleza ideal e que o uso das
cores na escultura significava a decadência e o desvirtuamento da arte clássica. “Desde o século XIX,
A cultura clássica
estudiosos já sabiam que os gregos e romanos utilizavam cores em suas estátuas, mas até hoje, para o
grande público, o branco está associado ao clássico e ao bom gosto na escultura”, comenta Luciano
Migliaccio, professor de história da arte na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de
São Paulo. Apesar do impacto que as estátuas coloridas causam aos visitantes, dificilmente a exposição
do Museu do Vaticano conseguirá mudar esse conceito.
Ariel Kostman. As cores do branco. Veja. São Paulo: Abril, ano 37, n. 1882, 1 dez. 2004. p. 63.
Passado e presente
16 Até o século IV, os antigos gregos realizavam periodicamente os Festivais Olímpicos, que
eram competições esportivas realizadas na cidade de Olímpia, em honra a Zeus, sua prin
cipal divindade. Nesses jogos eram exaltados os ideais de perfeição entre os gregos, que
envolvia o culto ao corpo e à beleza física e, também, o desenvolvimento das capacidades
intelectuais. A partir de 1896, começaram a ser realizados a cada quatro anos os Jogos
Olímpicos, que, sob o lema “o importante é competir”, procurava estimular as competições
213
esportivas como forma de promover a paz entre os povos. Nesse sentido, a partir de 1960,
começaram a ser realizados também os Jogos Paraolímpicos, reservado aos portadores de
necessidade especiais. Os Jogos Paraolímpicos são importantes como um meio de elevação
da autoestima dos competidores, revelando que as deficiências físicas não são um empecilho
intransponível para uma existência ativa e feliz. Leia o texto a seguir.
Discutindo a história
17 Desde a época da Roma Antiga até os dias de hoje, estudiosos procuram entender o que
levava milhões de romanos a assistir às lutas de gladiadores, mesmo com toda a violência
expressa nesse tipo de espetáculo.
214
capítulo 12
Diferentes hipóteses foram levantadas, entre elas, o fato de que a violência faz parte da natu
reza humana, e que os romanos não teriam sido os únicos a apreciá-la. Outra hipótese é a
de que esse tipo de interesse pela violência é gerado em uma sociedade que já está em
crise, cuja população pouco se interessa por assuntos políticos, encontrando-se alienada,
A cultura clássica
alheia aos problemas da sociedade.
Leia o texto abaixo, que apresenta a opinião de Juvenal, um escritor romano nascido no
século I.
A Os críticos da sociedade romana sabiam que [os espetáculos públicos], junto com a farta
distribuição de comida que os acompanhava, transformavam [os romanos] de [cidadãos en-
gajados] em espectadores embotados. Como escreveu Juvenal: “O público, que antes
[aprovava] comandos, consulados, legiões e tudo o mais, agora não interfere [na vida pública]
e anseia apenas por duas coisas – pão e circo!”
In: Henry Woodhead. (Dir.). Impérios em ascensão. Trad. Pedro Maia Soares.
Rio de Janeiro: Cidade Cultural, 1990. p. 65. (História em revista).
Agora, leia a opinião de Lewis Mumford (1895-1990), um estudioso que acreditava que as razões
que levavam os romanos a assistir aos espetáculos de gladiadores eram as mesmas que
levam as massas atualmente a aceitar que diferentes formas de violência sejam veiculadas
nos meios de comunicação.
B Os habitantes das [cidades] modernas não estão, psicologicamente, por demais remotos de
Roma [...]. Temos nosso próprio equivalente nas doses diárias de [violência] [...]: as reporta-
gens de jornal, as notícias de rádio, os programas de televisão, as novelas, os dramas, tudo isso
dedicado a retratar [...] todas as variedades de violência [...].
Lewis Mumford. A cidade na história: suas origens, transformações e perspectivas. 4. ed.
Trad. Neil R. da Silva. São Paulo: Martins Fontes, 2004. p. 253.
215
Ampliando seus conhecimentos
Veja algumas sugestões de livros, sites e filmes que tratam de
temas relacionados aos assuntos estudados neste volume.
Livros
■■ Tempo e História, de Carmen Teresa Gabriel. São Paulo: Moderna.
(Desafios).
O conceito de tempo histórico é muito importante para a aprendi-
zagem da História. Nesse livro você encontrará instrumentos que
facilitarão a compreensão das características do tempo histórico.
216
■■ Antigas Civilizações, de João Guizzo (Ed.). São Paulo: Ática.
Traça um panorama sobre várias civilizações da Antiguidade. Com
muitos recursos imagéticos e um texto claro e conciso, a obra abor-
da alguns aspectos do cotidiano de antigas civilizações como a
Mesopotâmia, Egito, Babilônia, Grécia e Roma.
217
■■ China Antiga, de Richard Bonson. São Paulo: Cia das Letrinhas.
O livro é sobre a China, uma civilização muito antiga e que possui
uma cultura riquíssima. Ele está dividido em duas partes: uma con-
ta a história do primeiro imperador chinês, que reinou entre 221 a
206 a.C., como em uma história em quadrinhos. A outra parte é
sobre as principais características dessa antiga civilização: cultura,
comércio, invenções e conhecimentos tecnológicos, além de gran-
des construções, como a Muralha da China.
Sites
www.revistadehistoria.com.br.
Acessado em: 27 de fev. de 2012
■■ www.revistadehistoria.com.br – Revista de História da Biblioteca
Nacional.
Esse site se dedica à divulgação de conteúdos de História, sobre-
tudo de história do Brasil. Os artigos publicados são, em sua maio-
ria, estudos de fontes pertencentes à Biblioteca Nacional. Todos
podem contribuir com o site, enviando artigos, textos ou reportagens
que tenham ligação com a história do Brasil e a historiografia.
218
atividade arqueológica junto à comunidade, visando divulgar e com-
partilhar o conhecimento e os procedimentos arqueológicos com
crianças, adultos, professores e outros grupos, como indígenas e
quilombolas.
www.museu.gulbenkian.pt/serv_edu/
navegar_no_antigo_egipto/egipto.html.
Acessado em: 27 de fev. de 2012
■■ www.museu.gulbenkian.pt/serv_edu/navegar_no_antigo_egip-
to/egipto.html - Navegar no Antigo Egito.
Esse site apresenta uma linha do tempo da história egípcia. Além
disso, contém mapas, imagens e textos sobre vários aspectos
da vida no Antigo Egito, por exemplo, o faraó, a religião e o alfa-
beto egípcio.
■■ www.libano.org.br/olibano_historia_fenicios.html –
Embaixada do Líbano no Brasil.
Esse portal foi escrito por libaneses, ou seja, pessoas nascidas no
país que atualmente ocupa a região da antiga Fenícia. Ele apresen-
ta informações que poderão enriquecer seu conhecimento sobre a
Fenícia, como suas características geográficas, econômicas, artís-
ticas e culturais.
http://discoverybrasil.uol.com.br/
china_antiga/index.shtml. Acessado
em: 27 de fev. de 2012
■■ discoverybrasil.uol.com.br/china_antiga/index.shtml –
China Antiga.
Quem foi o primeiro imperador chinês? Quais foram as dinastias
chinesas? Como era a vida e a cultura na China Antiga? Quais eram
as religiões existentes na China Antiga? Muitas coisas foram inven-
tadas lá? Para responder essas e outras perguntas, o site apresen-
ta textos concisos, enriquecidos com muitas imagens.
219
www.grecia.templodeapolo.net.
Acessado em: 27 de fev. de 2012
■■ www.grecia.templodeapolo.net – Templo de Apolo.
Apresenta um panorama sobre diversos povos da Antiguidade, so-
bretudo os que habitaram a Grécia Antiga. Nele, são abordados
temas como agricultura, artes, ciências, educação, militarismo,
política, entre outros. Além disso, o site possui um banco de vídeos
e imagens.
www.romereborn.virginia.edu.
Acessado em: 27 de fev. de 2012
■■ ww.romereborn.virginia.edu – Rome Reborn - Roma Renascida
(site em inglês).
O site Rome Reborn apresenta modelos digitais 3D que ilustram o
desenvolvimento urbano da antiga Roma. Os modelos apresentados
foram produzidos com base em uma série de estudos desenvolvidos
por pesquisadores especializados nesse tema.
www.starnews2001.com.br/historia.
Acessado em: 27 de fev. de 2012
mitológicos de várias culturas.
Filmes
■■ Peixe grande (2003), dirigido por Tim Burton.
Esse filme mostra a história de um personagem chamado Ed Bloom,
que realizou uma grande viagem pelo mundo durante sua juventude.
Filme de Eliane Caffé. Narradores de Javé. 2003. Brasil
Mais velho, Bloom tem como diversão narrar as aventuras que viveu
durante sua viagem. Contudo, ao contar suas histórias ele mescla
ficção e realidade, fascinando a todos que as ouvem.
220
■■ Pirâmides do Egito, segredos revelados (2002), dirigido por
Stuart McDonald.
Nesse documentário, o arqueólogo Zahi Hawass explora junto de
sua equipe a ala sul da Grande Pirâmide de Gizé. Contando com a
ajuda de um robô, os exploradores encontraram um antigo sarcó-
fago, revelando uma múmia milenar.
221
Referências bibliográficas
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XVIII ao Choque das Civilizações do século XXI. Petrópolis (RJ): Vozes, 2000.
Orientações
para o professor
Vivemos atualmente em uma sociedade tecnológica em que as trans-
formações ocorrem com grande rapidez e diariamente somos bombar-
deados por uma enorme quantidade de informações. Nessa sociedade
consumista, em que tudo rapidamente se torna “velho” e “ultrapassado”,
os alunos acabam vivenciando um presente sem historicidade, desco-
nhecendo os vínculos existentes entre o presente e o passado. Esse
desconhecimento histórico torna mais difícil para eles compreenderem
e questionarem a própria realidade em que vivem.
Diante dessa situação, adquire cada vez mais importância o papel
do historiador e do professor de História. A análise das transformações
que ocorrem nas sociedades constitui a essência dos estudos históricos
e, por isso, estudar História torna os alunos mais capazes de processar
o grande volume de informações que recebem e convertê-lo em conhe-
cimento. Dessa forma, eles se tornarão mais críticos e terão melhores
condições de entender as transformações sociais e como elas afetam
nossas vidas.
Para auxiliar o professor nessa tarefa, elaboramos esta coleção. Pro-
curamos fazer uma seleção de conteúdos relevantes, em que são de-
senvolvidos conceitos fundamentais para o estudo de História. Os temas
históricos são abordados em consonância com as pesquisas historio-
gráficas mais recentes e são trabalhados em um texto claro e acessível
aos alunos.
Em todos os volumes da coleção, encontra-se uma grande quanti-
dade de fontes históricas, principalmente imagéticas, que são contex-
tualizadas e, em muitos casos, exploradas por meio de atividades. A
coleção tem uma estrutura regular e está organizada de modo a facili-
tar o trabalho do professor, que pode, exercendo seu papel como
mediador, promover um aprendizado significativo para os alunos e
instrumentalizá-los para que adquiram maior autonomia e para que
possam continuar seu aprendizado ao longo da vida, ajudando a cons-
truir uma sociedade mais justa e democrática.
Os autores.
Sumário
Orientações gerais................................................................................................. 5
A estrutura da obra ................................................................................................................ 5
As seções ............................................................................................................................ 5
Orientações gerais
esta coleção apresenta uma estrutura organizada. Todos os doze capítulos de
cada volume são compostos por duas páginas de abertura e quat ro páginas de
atividades. Os títulos apresentam uma hierarquia clara e o texto didático respei
ta a faixa etária dos alunos. Em todos os volumes, os conteúdos são acompa
nhados de imagens, boxes auxiliares e glossário.
A sequência dos conteúdos está organizada de acordo com critérios cronológi
cos. Além disso, procuramos explorar relações de simultaneidade, integrando,
sempre que possível, os conteúdos de história geral e de história do Brasil e
ress altando as relações entre diferentes processos históricos.
Veja, a seguir, informações mais detalhadas sobre a estrutura dos capítulos.
As seções
Enquanto isso...
■■ Além do texto principal, dos boxes auxiliares e do glossário, em todos os
volumes da coleção o professor encontrará a seção Enquanto isso... O
princip al objetivo dessa seção é proporcionar um espaço para o trabalho
com a sim ultaneidade e com os tempos históricos. Assim, por exemplo,
enquanto o Império Inca estava sendo conquistado pelos espanhóis, no
Brasil os portug ueses iniciavam a colonização das terras indígenas. É muito
5
importante promover a articulação entre os conteúdos que se apresentam
em uma mesma temporalidade, pois, assim, os alunos têm condições de
perceber que a história não acontece de maneira intercalada. Essa seção
pode auxiliar nesse sentido, no entanto, o papel do professor como mediador
entre o livro didático e os alunos é indispensável para promover uma apren
dizagem mais significativa. Cabe ao professor a decisão fundamental sobre
o uso do apoio pedagógico que é o livro didático: construir critérios de se
leção dos tem as dos capítulos de que fará uso, levando-se em conta o
projeto pedagógic o da escola, as condições da turma e a carga hor ária da
grade curricular. Além disso, da maneira como a coleção está estruturada,
o professor tem autonomia pedagógica para decidir sobre quais capítulos
abordar ou deixar de abordar, no todo ou em partes; sobre seguir a ord em
apresentada ou reagrupar os capítulos pelos critérios organizativos que es
colher, e fazer as pontes entre os capítulos dentro destes critérios.
O sujeito na história
■■ A seção também está presente em todos os volumes e seu principal objetivo
é mostrar aos alunos que, além dos agentes coletivos, existem pessoas que
participaram ativamente do processo histórico por meio de suas ações indivi
duais. Provavelmente a maioria das pessoas retratadas em O sujeito na his-
tória é pouco conhecida pelos alunos. O papel do professor é importante
nesse momento, incentivando pesquisa sobre esses sujeitos históricos em
fontes diversas e posteriores debates na classe. A seção pretende reforçar
que a ação de todos os sujeitos históricos, incluindo os próprios alunos, pode
mudar os rumos da história.
História em construção
■■ Seção que pode aparecer em qualquer parte do texto antes das Atividades.
Seu objetivo é mostrar aos alunos que a disciplina de História é um campo
em constante transformação e que as narrativas sobre o passado também
possuem uma história. Nessa seção, apresentamos as discussões mais re
centes no campo da historiografia, além de textos de historiadores, que
abordem problemáticas históricas, conflitos de interpretação e revisões de
temas clássicos da historiografia nacional e internacional.
Explorando o tema
■■ Presente em todos os capítulos, a seção Explorando o tema aparece antes
das Atividades. Esta seção propõe leitura e interpretação de textos citados
de autores diversos, acompanhados de imagens, como fotografias, ilustra
ções, obras de arte e outros recursos iconográficos. Trata-se de uma abor
dagem temática relacionada a algum assunto apresentado no capítulo.
6
Atividades
Orientações gerais
Exercícios de compreensão
■■ Subseção fixa, sempre no início das atividades. O principal objetivo desses
exerc ícios é revisar o conteúdo trabalhado no capítulo. Eles geralmente são
apres entados respeitando a ordem em que aparecem no capítulo, no entanto,
cabe ao professor escolher a melhor ordem para trabalhá-los com os alunos.
Além disso, é fundamental que o professor estimule os alunos a produzir res
postas com suas próprias palavras com base na interpretação dos conteúdos
e não da simples cópia. Embora possam parecer questionamentos simples,
eles contribuem com a formação da competência leitora, visto que os alunos,
para respondê-los de maneira satisfatória, precisam retomar os conteúdos
trabalhad os.
Expandindo o conteúdo
■■ Essa subseção traz questionamentos que complementam e extrapolam os
conteúdos do capítulo. Geralmente são apresentados diferentes gêneros tex
tuais acompanhados de questões de compreensão, interpretação, análise e
levantamento de hipóteses. Os níveis de dificuldade dos questionamentos
aum entam gradativamente: para os estudantes do 6 o ano, há maior ocorrência
de questões de interpretação; já para os estudantes do 9 o ano, maior ocor
rência de questões de levantamento de hipóteses.
Passado e presente
■■ Propicia momentos de ligações temáticas entre os aconteciment os do passa
do e o tempo presente. A realização dessas atividad es estimula, nos alunos,
a percepção das permanências e das transformações no processo histórico.
No Brasil
■■ Com o objetivo principal de relacionar os conteúdos trabalhados com a hist ória
e a realidade brasileiras, essa subseção proporciona aos alunos uma melhor
percepção de que aquilo que aconteceu ou acontece no mundo está direta ou
indiretamente relacionado com o Brasil, e vice-versa.
Trabalho em grupo
■■ Com o objetivo de promover a interação entre os alunos, essa subseção ge
ralmente propõe temas a ser pesquisados em grupo. Cabe ao professor auxi
liar os alunos nas diferentes etapas que compõem um trabalho de pesquisa,
desde a seleção do material de consulta até a elaboração de um texto, indi
vidual ou coletivo, com os resultados da pesquisa. Em muitos casos, com o
intuito de proporcionar momentos de criatividade, a última etapa do trabalho
7
em grupo é a confecção de painel com cartazes e a socialização desses car
tazes entre os alunos. Verificar se os alunos têm uma postura colaborativa ao
trabalhar em equipe é um dos pontos essenciais da avaliação do professor.
Discutindo a história
■■ Aparece geralmente ao final das Atividades. O principal objetiv o dessa sub
seção é apresentar temas polêmicos e geradores de debates. Em muitos
casos, são apresentadas mais de uma opinião acerca de um mesmo tema, de
forma a possibilitar aos alunos uma maior percepção de que a Hist ória não é
feita de verdades absolutas e que um assunto, mesmo que aparentemente já
esteja esgotado, sempre pode ser reinterpretado. Além disso, os alunos são
convidados a expressar suas próprias opiniões.
8
Os conteúdos da coleção
1 Estudar História é... Estudar História é... Estudar História é... Estudar História é...
Capítulo
A Segunda
2 A origem
do ser humano
A formação da
Europa medieval
O Antigo Regime Revolução Industrial
Orientações gerais
e o imperialismo
Capítulo
3 Os povos da
Mesopotâmia
A época medieval
na Europa
O Iluminismo
Os primeiros tempos
da República no Brasil
Capítulo
A Primeira Guerra
4 A África Antiga:
os egípcios
A expansão do Islã A Revolução Americana Mundial e a Revolução
Socialista na Rússia
Capítulo
O mundo
5 A África Antiga:
os cuxitas
A América antes da A Revolução Francesa e
chegada dos europeus o Império Napoleônico
depois da
Primeira Guerra
Mundial
Capítulo
6 Os fenícios
Reinos e impérios
africanos
A Revolução Industrial
O fim da República
Velha e a Era Vargas
Capítulo
7 Os hebreus
A Europa moderna:
o Renascimento
As independências na
América espanhola
A Segunda Guerra
Mundial
Capítulo
8 Os persas
A Europa moderna: as
Grandes Navegações
A independência
do Brasil
O mundo durante a
Guerra Fria
Capítulo
O pós-guerra no Brasil:
10 Os antigos gregos
A colonização na
América espanhola
O apogeu do Império do
Brasil
democracia e
populismo
Capítulo
O fim da Monarquia e a
11 Os antigos romanos
A colonização na
América portuguesa
proclamação da
República
A ditadura militar no
Brasil
Capítulo
A expansão das
12 A cultura clássica fronteiras da Colônia
portuguesa
A África no século XIX
O mundo
contemporâneo
9
10
Mapa de conteúdos e recursos
Principais
Principais temas Procedimentos Atitudes Principais recursos
Conceitos e noções
■■ ■■ ■■ ■■ ■■
Importância da História História Interagir com os colegas e com o professor Respeitar e valorizar as Pintura
■■ ■■ ■■ ■■
Diferentes interpretações Fonte histórica Observar, ler e descrever opiniões dos colegas e do Calendário
Capítulo
■■ ■■ ■■
da História Sujeito histórico Saber utilizar uma linha do tempo professor Fotografia recente
■■ ■■ ■■ ■■ ■■
Fontes históricas Cultura Interpretar fontes escritas e iconográficas Valorizar os idosos como Fotografia antiga
■■ ■■ ■■ ■■
1 Sujeitos históricos Tempo da natureza Exercitar a escrita sujeitos históricos Linha do tempo
■■ ■■ ■■ ■■ ■■
Estudar Tempo Linha do tempo Comparar imagens Valorizar o trabalho do Infográfico
■■ ■■ ■■ ■■
História é... Calendários Sítios arqueológicos Fazer uma linha do tempo da vida historiador e de outros Ilustração
■■ ■■ ■■ ■■
Linhas do tempo Tempo cronológico Reconhecer-se como sujeito histórico profissionais Diferentes gêneros
■■ ■■ ■■ ■■
Profissionais que auxiliam Tempo histórico Trabalhar em equipe Sensibilizar-se com o problema textuais
■■ ■■
nos estudos históricos Ritmos de tempo Entrevistar uma pessoa com mais de 50 anos da escassez de água no sertão
■■ ■■
Pré-história Fazer uma autoavaliação nordestino
■■
Valorizar a cultura indígena e
outras culturas
■■
Agir de maneira colaborativa
com os colegas
■■ ■■ ■■ ■■ ■■
Formação do planeta Terra Nomadismo Interagir com os colegas e com o professor Respeitar e valorizar as Objeto produzido por
■■ ■■ ■■
Evolução dos seres Sedentarismo Observar, ler e descrever opiniões dos colegas e do seres humanos primitivos
Capítulo
■■ ■■ ■■
humanos Evolucionismo Interpretar uma linha do tempo professor Pintura
■■ ■■ ■■ ■■ ■■
Períodos Paleolítico e Criacionismo Analisar mapas Ter uma postura respeitosa com Fotografia recente
■■ ■■ ■■
2 Neolítico Hominização Interpretar fontes escritas e iconográficas relação às diferentes teorias Ilustração
■■ ■■ ■■ ■■
A origem do Povoamento da América Pintura rupestre Exercitar a escrita que explicam a origem do ser Infográfico
■■ ■■
ser humano Comparar imagens humano Linha do tempo
■■ ■■ ■■
Usar a imaginação Reconhecer a importância do Mapa
■■ ■■
Fazer uma autoavaliação trabalho do arqueólogo Pintura rupestre
■■ ■■ ■■
Discutir diferentes teorias Sensibilizar-se com as Reconstituição facial
■■
manifestações artísticas dos Diferentes gêneros
seres humanos primitivos textuais
■■ ■■ ■■ ■■ ■■
Região mesopotâmica Civilização Interagir com os colegas e com o professor Respeitar e valorizar as Objeto produzido por
■■ ■■ ■■
Povos mesopotâmicos Cidade-estado Observar, ler e descrever opiniões dos colegas e do povos antigos
Capítulo
■■ ■■ ■■ ■■
Formação de cidades Patrimônio histórico Interpretar mapas professor Alto-relevo
■■ ■■ ■■ ■■ ■■
Desenvolvimento de Politeísmo Interpretar uma linha do tempo Valorizar diferentes crenças Painel
■■ ■■ ■■
3 civilizações Mito Interpretar fontes escritas e iconográficas religiosas Fotografia recente
■■ ■■ ■■ ■■
Os povos da Sociedade mesopotâmica Exercitar a escrita Reconhecer a importância da Mapa
■■ ■■ ■■
Mesopotâmia Economia na Mesopotâmia Associar texto com imagem preservação dos patrimônios Linha do tempo
■■ ■■ ■■
Práticas religiosas Realizar uma pesquisa históricos Infográfico
■■ ■■ ■■
Mitologia Fazer uma autoavaliação Ilustração
■■ ■■
Código de Hammurabi Código de Hammurabi
■■ ■■
Escrita cuneiforme Diferentes gêneros textuais
■■
Placa de argila
■■ ■■ ■■ ■■ ■■
Formação da civilização Seminomadismo Interagir com os colegas e com o professor Respeitar e valorizar as Escultura
■■ ■■ ■■
egípcia Sedentarismo Observar, ler e descrever opiniões dos colegas e do Fotografia recente
■■ ■■ ■■ ■■
Capítulo
Sociedade egípcia Estado Interpretar uma linha do tempo professor Mapa
■■ ■■ ■■ ■■ ■■
Práticas religiosas Politeísmo Exercitar a escrita Valorizar diferentes crenças Linha do tempo
■■ ■■ ■■ ■■
4 Construção das pirâmides Trabalho Fazer uma autoavaliação religiosas Objeto produzido por povos
■■ ■■ ■■ ■■
Cotidiano às margens do Monoteísmo Interpretar fontes iconográficas Reconhecer a importância do antigos
A África rio Nilo cuidado com peças produzidas ■■
Infográfico
Antiga: os ■■
por povos antigos Ilustração
egípcios ■■
Estatueta
■■
Diferentes gêneros textuais
■■
Relevo
■■
Pintura
■■ ■■ ■■ ■■ ■■
Geografia do continente Civilização Interagir com os colegas e com o professor Respeitar e valorizar as Fotografia recente
■■ ■■ ■■
africano Patriarcalismo Observar, ler e descrever opiniões dos colegas e do Pintura tumular
■■ ■■ ■■ ■■
Capítulo
Organizações políticas e Matriarcalismo Analisar mapas professor Mapa
■■ ■■ ■■ ■■
sociais cuxitas Animismo Interpretar uma linha do tempo Valorizar diferentes crenças Linha do tempo
■■ ■■ ■■ ■■
5 Práticas religiosas Identidade cultural Interpretar fontes escritas e iconográficas religiosas Litografia
■■ ■■ ■■ ■■ ■■
Sociedade cuxita Patrimônio histórico Exercitar a escrita Valorizar as manifestações Baixo-relevo
A África ■■
Construção de pirâmides ■■
Nomadismo ■■
Comparar imagens artísticas dos africanos antigos ■■
Escultura
Antiga: os ■■ ■■ ■■ ■■ ■■
O papel das mulheres nas Seminomadismo Analisar letra de samba-enredo Respeitar os costumes étnicos Estela
cuxitas ■■ ■■ ■■
sociedades africanas Intercâmbio cultural Fazer uma autoavaliação dos povos africanos antigos Estatueta
■■ ■■ ■■
A influência egípcia Respeitar o modo de vida dos Ruínas
■■ ■■
Sociedades matriarcais povos africanos que vivem no Infográfico
■■
atuais deserto Ilustração
■■
Diferentes gêneros
textuais
■■
Objeto produzido por
povos antigos
■■ ■■ ■■ ■■ ■■
Aspectos geográficos da Civilização Interagir com os colegas e com o professor Respeitar e valorizar as Baixo-relevo
■■ ■■ ■■
região da Fenícia antiga Cidade-estado Observar, ler e descrever opiniões dos colegas e do Pedra com inscrições
■■ ■■ ■■
Capítulo
Formação de cidades e Colonização Analisar mapas professor latinas e fenícias
■■ ■■ ■■ ■■
colônias fenícias Animismo Interpretar fontes escritas e iconográficas Valorizar as manifestações Mapa
■■ ■■ ■■ ■■
6 Relações comerciais Sacrifícios rituais Interpretar uma linha do tempo artísticas dos antigos fenícios Fotografia recente
■■ ■■ ■■ ■■
estabelecidas pelos Politeísmo Comparar imagens Respeitar diferentes crenças Linha do tempo
Os fenícios fenícios ■■
Intercâmbio cultural ■■
Exercitar a escrita religiosas ■■
Infográfico
■■ ■■ ■■ ■■
Sociedade fenícia Comparar as letras do alfabeto fenício, grego e Valorizar a contribuição fenícia Objeto produzido por povos
■■
Aspectos culturais fenícios latino para a formação do alfabeto antigos
■■ ■■ ■■
Práticas religiosas Construir o conhecimento coletivamente grego e latino Estatueta
■■ ■■ ■■ ■■
Alfabeto fenício Fazer uma autoavaliação Sensibilizar-se com a Pintura
■■
necessidade de preservação da Plaqueta de barro
■■
vegetação natural do Líbano Ilustração
■■ ■■
Agir de maneira colaborativa Diferentes gêneros textuais
com os colegas
11
Orientações gerais Orientações para o professor
12
Principais
Principais temas Procedimentos Atitudes Principais recursos
Conceitos e noções
■■ ■■ ■■ ■■ ■■
Sociedade hebraica Civilização Interagir com os colegas e com o professor Respeitar e valorizar as Fotografia recente
■■ ■■ ■■ ■■
Região habitada pelos Monoteísmo Observar, ler e descrever opiniões dos colegas e do Pintura
Capítulo
■■ ■■ ■■
antigos hebreus Migração Analisar mapas professor Edifício construído pelos
■■ ■■ ■■ ■■
Aspectos culturais Patriarcalismo Interpretar fontes escritas e iconográficas Valorizar diferentes crenças antigos hebreus
■■ ■■ ■■
hebraicos Escravidão Interpretar uma linha do tempo religiosas Mapa
■■ ■■ ■■ ■■ ■■
Práticas religiosas Monarquia Comparar imagens Valorizar as manifestações Torá
■■ ■■ ■■ ■■
Principais fatos e períodos Código de leis Analisar trecho de texto bíblico escrito em hebraico artísticas dos antigos hebreus Linha do tempo
■■ ■■ ■■ ■■
7 da história dos antigos Estado Relacionar construção arquitetônica com Ter uma postura respeitosa com Maquete
■■ ■■
Os hebreus hebreus Patrimônio histórico acontecimento histórico relação às diferentes teorias Texto bíblico em
■■ ■■ ■■
Organização política dos Êxodo Exercitar a escrita que explicam a história dos hebraico
■■ ■■ ■■
antigos hebreus Dispersão Analisar a Bíblia como fonte de conhecimento hebreus Infográfico
■■ ■■ ■■
Formação dos reinos histórico Reconhecer a importância da Relevo
■■ ■■
hebraicos Comparar versões bíblicas e arqueológicas sobre a preservação dos patrimônios Alto-relevo
■■ ■■
Dominação estrangeira e história dos hebreus históricos Ruína
■■ ■■ ■■
resistência judaica Reconhecer-se como sujeito histórico Reconhecer a importância do Texto bíblico em
■■ ■■
Dispersão judaica Fazer uma autoavaliação trabalho do arqueólogo português
■■ ■■ ■■
Os judeus no mundo atual Respeitar o modo de vida dos Diferentes gêneros
antigos hebreus textuais
■■
Papiro
■■ ■■ ■■ ■■ ■■
Região habitada pelos Civilização Interagir com os colegas e com o professor Respeitar e valorizar as Gravura
■■ ■■ ■■
persas e medos Nomadismo Observar, ler e descrever opiniões dos colegas e do Fotografia recente
Capítulo
■■ ■■ ■■ ■■
Organização militar dos Império Analisar mapas professor Edifício construído pelos
■■ ■■ ■■
medos Tributação Interpretar fontes escritas e iconográficas Valorizar diferentes crenças antigos persas
■■ ■■ ■■ ■■
Desenvolvimento da Patrimônio histórico Interpretar uma linha do tempo religiosas Alto-relevo
■■ ■■ ■■ ■■
civilização persa Zoroastrismo Comparar imagens Respeitar o modo de vida dos Ilustração
■■ ■■ ■■ ■■
Expansão dos persas Intercâmbio cultural Exercitar a escrita antigos persas Mapa
■■ ■■ ■■ ■■ ■■
8 Formação do Império persa Mito de criação Analisar texto da mitologia persa Reconhecer a importância da Linha do tempo
■■ ■■ ■■
Os persas Práticas religiosas Estudar a influência do zoroastrismo sobre outras preservação dos patrimônios Ruína
■■ ■■
Aspectos culturais persas religiões históricos Texto mitológico persa
■■ ■■ ■■ ■■
Produção cinematográfica Perceber “liberdade poética” em produção artística Valorizar as manifestações Diferentes gêneros
atual sobre episódio da que narra episódio da história persa artísticas dos povos antigos textuais
■■ ■■ ■■
história dos persas Construir o conhecimento coletivamente Agir de maneira colaborativa Litogravura
■■ ■■
O correio persa Fazer uma autoavaliação com os colegas
■■
As estradas imperiais
■■ ■■ ■■ ■■ ■■
Formação da civilização Civilização Interagir com os colegas e com o professor Respeitar e valorizar as Fotografia recente
■■ ■■ ■■
chinesa Estado Observar, ler e descrever opiniões dos colegas e do Pintura em seda antiga
Capítulo
■■ ■■ ■■ ■■
Região habitada pelos Censura Analisar mapas professor Esculturas de terracota
■■ ■■ ■■ ■■
antigos chineses Trabalho Interpretar uma linha do tempo Reconhecer a importância da Mapa
■■ ■■ ■■ ■■
Períodos da história dos Aculturação Interpretar fontes escritas e iconográficas preservação dos patrimônios Linha do tempo
■■ ■■ ■■
antigos chineses Confucionismo Comparar imagens históricos Moeda antiga
■■ ■■ ■■ ■■ ■■
Organização política e Budismo Exercitar a escrita Valorizar as manifestações Ilustração
■■ ■■ ■■
social dos antigos chineses Taoísmo Analisar mapas artísticas dos povos antigos Infográfico
■■ ■■ ■■ ■■ ■■
9 Desenvolvimento de Castas Identificar as diferenças sociais e de gêneros na Respeitar diferentes crenças Escultura
Os antigos ■■ ■■
cidades Intercâmbio cultural sociedade chinesa antiga religiosas Bússola antiga
chineses ■■ ■■ ■■
Práticas religiosas Associar texto com imagem Pintura
■■ ■■ ■■
Aspectos culturais dos Fazer uma autoavaliação Diferentes gêneros
antigos chineses textuais
■■ ■■
Relações comerciais Objetos produzidos
estabelecidas pelos antigos pelos antigos chineses
■■
chineses Gravura
■■
A construção da Muralha
da China
■■
A Rota da Seda
■■
O intercâmbio cultural
■■
As invenções dos antigos
chineses
■■ ■■ ■■ ■■ ■■
Aspectos geográficos do Civilização Interagir com os colegas e com o professor Respeitar e valorizar as Vaso grego antigo
■■ ■■ ■■
território ocupado pelos Migração Observar, ler e descrever opiniões dos colegas e do Fotografia recente
Capítulo
■■ ■■ ■■
gregos antigos Retórica Analisar mapas professor Estátua
■■ ■■ ■■ ■■ ■■
Formação da civilização Trabalho Interpretar uma linha do tempo Reconhecer a importância da Ruínas
■■ ■■ ■■
grega Sociedade Comparar imagens preservação dos patrimônios Mapa
■■ ■■ ■■ ■■
Períodos da história da Escravidão Exercitar a escrita históricos Pintura
■■ ■■ ■■ ■■
Grécia Antiga Política Interpretar fontes escritas e iconográficas Valorizar as manifestações Escultura
■■ ■■ ■■ ■■
Desenvolvimento de Cidadania Associar texto com imagem artísticas dos povos antigos Ilustração
■■ ■■ ■■ ■■
10 cidades Democracia Reconhecer-se como sujeito histórico Respeitar diferentes crenças Ostrakon
Os antigos ■■ ■■ ■■ ■■
Cotidiano rural na Grécia Ostracismo Analisar gráfico da participação política em Atenas religiosas Infográfico
gregos ■■ ■■ ■■ ■■
Antiga Cidade-estado Construir o conhecimento coletivamente Agir de maneira colaborativa Gráfico
■■ ■■ ■■ ■■
Organização política e Oratória Realizar uma pesquisa com os colegas Diferentes gêneros
■■ ■■ ■■
militar Intercâmbio cultural Fazer uma autoavaliação Respeitar o modo de vida dos textuais
■■ ■■ ■■
Desenvolvimento da Império gregos antigos Linha do tempo
■■ ■■ ■■
democracia Tirania Valorizar as manifestações Relevo
■■ ■■ ■■
Sociedade grega Monarquia artísticas dos povos antigos Objetos produzidos
■■ ■■ ■■
O Império Macedônico Aristocracia Reconhecer a importância do pelos gregos antigos
■■
Militarismo trabalho do arqueólogo
13
Orientações gerais Orientações para o professor
14
Principais
Principais temas Procedimentos Atitudes Principais recursos
Conceitos e noções
■■ ■■ ■■ ■■ ■■
Formação da civilização Civilização Interagir com os colegas e com o professor Respeitar e valorizar as Maquete
■■ ■■ ■■
romana Monarquia Observar, ler e descrever opiniões dos colegas e do Relevo
Capítulo
■■ ■■ ■■ ■■
Principais períodos da Sociedade Analisar mapas professor Escultura
■■ ■■ ■■ ■■
história de Roma Política Exercitar a escrita Respeitar o modo de vida dos Pintura
■■ ■■ ■■ ■■
Organização política: República Interpretar fontes escritas e iconográficas romanos antigos Afresco
■■ ■■ ■■ ■■
Monarquia, República e Escravidão Interpretar uma linha do tempo Valorizar as manifestações Fotografia recente
■■ ■■ ■■
Império Reforma agrária Associar texto com imagem artísticas dos povos antigos Mapa
■■ ■■ ■■ ■■ ■■
Sociedade romana Império Comparar imagens Reconhecer a importância da Linha do tempo
■■ ■■ ■■ ■■
11 Questão agrária em Roma Infraestrutura Analisar trecho da Constituição brasileira que trata preservação dos patrimônios Ilustração
Os antigos ■■ ■■ ■■
Pax Romana Ruralização da da reforma agrária históricos Mosaico
romanos ■■ ■■ ■■ ■■
Expansão territorial economia Comparar textos historiográficos Sensibilizar-se com a luta pela Ruínas
■■ ■■ ■■ ■■
Cotidiano romano Tetrarquia Fazer uma autoavaliação terra empreendida pelos Diferentes gêneros
■■ ■■
Declínio do Império Intercâmbio cultural plebeus romanos textuais
■■ ■■
Romano Politeísmo Respeitar a organização política
■■ ■■
Práticas religiosas Monoteísmo dos romanos antigos
■■ ■■ ■■
Cristianismo Bárbaros Respeitar diferentes crenças
■■ ■■
Divisão do Império Romano Lenda religiosas
■■ ■■
Invasões germânicas Respeitar o modo de vida dos
povos germânicos
■■
Sensibilizar-se com a luta pela
terra empreendida por muitos
brasileiros
■■ ■■ ■■ ■■ ■■
A influência da cultura Cultura clássica Interagir com os colegas e com o professor Respeitar e valorizar as Capa de livro infantil
■■ ■■
clássica na cultura Difusão cultural Observar, ler e descrever opiniões dos colegas e do antigo
Capítulo
■■ ■■ ■■
ocidental Gêneros literários Interpretar fontes escritas e iconográficas professor Escultura
■■ ■■ ■■ ■■ ■■
Desenvolvimento da Politeísmo Comparar imagens Valorizar a contribuição greco- Mosaico
■■ ■■ ■■
literatura Mitologia Exercitar a escrita romana para a formação da Ilustração
■■ ■■ ■■ ■■
Desenvolvimento da Filosofia Identificar palavras da língua portuguesa que são cultura ocidental Fotografia recente
■■ ■■ ■■
filosofia ocidental Gêneros teatrais formadas por radicais gregos Valorizar diferentes crenças Diferentes gêneros
■■ ■■ ■■
Espetáculos públicos em Trabalho Comparar palavras latinas com neolatinas religiosas textuais
■■ ■■ ■■ ■■
12 Roma Princípios do Direito Analisar inscrição feita em uma parede de Pompeia Reconhecer a importância da Objeto produzido por
A cultura ■■ ■■
Formação da língua latina Romano Associar texto e imagem preservação dos patrimônios povos antigos
clássica ■■ ■■ ■■ ■■
Difusão da escrita Monocronia e Fazer uma autoavaliação históricos Pintura
■■ ■■ ■■
Manifestações artísticas policronia Respeitar e valorizar as Pedra com inscrição
■■
romanas Intercâmbio cultural expressões culturais dos povos latina
■■ ■■ ■■
Construção de aqueduto Cultura helenística antigos Infográfico
■■ ■■ ■■
romano Jogos Olímpicos Reconhecer a importância da Estatueta
■■ ■■ ■■
Desenvolvimento do Direito Línguas neolatinas preservação dos patrimônios Gravura
■■
Romano históricos Capa de livro atual
■■ ■■
Formação da cultura Ter uma postura respeitosa com
helenística relação às pessoas portadoras
■■
Mitologia de necessidades especiais
Orientações didáticas e metodológicas
Orientações gerais
educação na área do ensino de História que buscavam reformular os currículos
e transformar o ensino ministrado nas escolas brasileiras.
De fato, durante o regime militar, houve um esvaziamento nos conteúdos de
História, que foram fundidos aos conteúdos de Geografia, dando origem aos
Estud os Sociais, que privilegiavam uma abordagem expositiva e despolitizada
da realidade, buscando acomodar o aluno ao seu meio social e evitando uma
análise crítica da sociedade. A partir de 1971, com a introdução nos currículos
escolares das disciplinas de Educação Moral e Cívica e Organização Social e
Política Bras ileira, foram privilegiadas abordagens de caráter ufanista. Nesse
contexto, a hist ória era apresentada como uma sucessão de fatos lineares, em
que apenas alguns indivíduos eram destacados como responsáveis pelo desen-
rolar da história. Nessa visão, procurava-se valorizar algumas datas do calen-
dário cívico nacional, que realçavam a importância desses “heróis”, e as pesso-
as “comuns” eram apres entadas como meros espectadores da história.
15
No período de elaboração da nova Constituição brasileira, em defesa de in-
teresses dem ocráticos e ao lado da intensa mobilização dos setores organizados
da população, estavam os profissionais da educação, batalhando por transforma
ções no sistema educacional brasileiro, visando melhorar suas condições de
trabalho e garantir verbas para aprimorar a qualidade do ensino no Brasil.
A Constituição de 1988, conhecida como Carta Cidadã, de fato garantiu avan
ços democráticos, como o restabelecimento das eleições diretas em todos os
nív eis, a garantia das liberdades civis e o fim da censura.
No campo da educação, a entrada em vigor da nova Lei de Diretrizes e Bases
da Educação (LDB), em 1996, e dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN),
em 1997, foi resultado das lutas e dos debates travados por profissionais de
diversas áreas ligados à educação. A partir de então, novas concepções educacio
nais foram instituídas, como o trabalho com temas transversais e com a interdis
ciplinaridade, e novos objetivos foram estabelecidos para a educação em geral
e para o ensino de História em particular.
A interdisciplinaridade
A interdisciplinaridade se constitui com base na interação entre diferentes
discip linas e áreas do conhecimento, como História, Filosofia, Psicologia, Artes,
Ling uística, Crítica Literária, Economia, Sociologia, Geografia etc. A contribuição
que uma disciplina pode dar à outra amplia consideravelmente o campo de
análise e interpretação dos conteúdos escolares. Por isso, é importante, sempre
que poss ível, que professores de diferentes disciplinas troquem experiências e
busquem fortalecer os laços entre as áreas do saber.
16
Além disso, as novas propostas curriculares estabelecem um objetivo primor
[...] Para a maioria das propostas curriculares, o ensino de História visa con
tribuir para a formação de um “cidadão crítico”, para que o aluno adquira uma
postura crítica em relação à sociedade em que vive. As introduções dos textos
oficiais reiteram, com insistência, que o ensino de História, ao estudar as sociedades
passadas, tem como objetivo básico fazer o aluno compreender o tempo presente
e perceber-se como agente social capaz de transformar a realidade, contribuindo
para a construção de uma sociedade democrática. [...]
Orientações gerais
BITTENCOURT, Circe. Capitalismo e cidadania nas atuais propostas curriculares de História. In: BITTENCOURT, Circe
(Org.). O saber histórico na sala de aula. 6. ed. São Paulo: Contexto, 2002. p. 19. (Repensando o Ensino).
A proposta de ensino
Para atingir esse objetivo, procuramos fazer uma seleção de conteúdos histó
ricos relevantes, compostos de textos acessíveis para os alunos e com a presen
ça de um grande número de fontes históricas, principalmente imagéticas. Para
que esses conteúdos sejam significativos para os alunos, no entanto, é necessá
rio que o professor assuma o papel de mediador. Nesse sentido, consideramos
um importante referencial a proposta sociointeracionista, desenvolvida com
bas e nos estudos do psicólogo russo Lev Vygotsky (1896-1934).
De acordo com essa proposta, o conhecimento é construído socialmente e, por
isso, o desenvolvimento intelectual ocorre na interação do indivíduo com o meio
social. Na condição de sujeito no aprendizado, o indivíduo não tem acesso direto
ao conhecimento, mas sim um acesso mediado, seja explicitamente ou não, pe-
las pessoas com as quais ele convive e pelos sistemas simbólicos de que dispõe,
principalmente a linguagem. Por isso, o desenvolvimento intelectual consiste na
interação do indivíduo com o meio social, mediada por várias relações.
17
O papel de mediador do professor é fundamental para o desenvolvimento
intelectual dos alunos, porém é necessário levar em conta um conceito muito
importante para o sociointeracionismo: a zona de desenvolvimento proximal.
[...] O ensino, para Vygotsky, deve se antecipar ao que o aluno ainda não sabe
nem é capaz de aprender sozinho, porque, na relação entre aprendizado e desen
volvimento, o primeiro vem antes. É a isso que se refere um de seus principais
conceitos, o de zona de desenvolvimento proximal, que seria a distância entre o
desenvolvimento real de uma criança e aquilo que ela tem o potencial de aprender
— potencial que é demonstrado pela capacidade de desenvolver uma competência
com a ajuda de um adulto. Em outras palavras, a zona de desenvolvimento proximal
é o caminho entre o que a criança consegue fazer sozinha e o que ela está perto de
conseguir fazer sozinha. Saber identificar essas duas capacidades e trabalhar o per
curso de cada aluno entre ambas são as duas principais habilidades que um profes
sor precisa ter, segundo Vygotsky. [...]
NOGUEIRA, Nilcéia (Dir.). Nova Escola: Grandes Pensadores. São Paulo: Abril, n. 178, dez. 2004. Edição especial. p. 60.
Concepção de história
Outro aspecto importante a ser discutido é a concepção de história que ser-
viu de referencial para a elaboração desta coleção. Diante dos objetivos a serem
ating idos, consideramos mais apropriados os referenciais teóricos presentes na
corrente historiográfica denominada história nova. Essa corrente originou-se no
final da década de 1920, a partir da chamada Escola dos Annales, fundada
pelos historiadores franceses Lucien Febvre e Marc Bloch. Esse movimento
historiográfic o se desenvolveu como uma crítica à chamada história tradicional,
praticada pelos historiadores metódicos, considerados positivistas.
Febvre e Bloch acreditavam que os campos de análise historiográfica, assim
com o o leque de fontes e sujeitos históricos deveriam ser ampliados. A consti-
tuição de uma “história total”, como defendiam, passava por uma necessária
renovação metodológica, pela ampliação do campo documental e pela aliança
com outras disc iplinas. O resultado dessa renovação seria, nas palavras de
Jacques Le Goff, a instituição de uma “história nova”.
18
Ao longo da segunda metade do século XX, a história nova afirmou-se como
Orientações gerais
-los pertinentes à nossa ideia de conhecimento histórico em permanente cons
trução, aberto à multiplicidade de fontes e análises e favorável ao diálogo inter
disciplinar. As abordagens sugeridas pela história nova são essenciais para a
inc lusão de temas antes pouco valorizados, como a história do cotidiano, das
class es oprimidas e da cultura de um povo. Além disso, abrem espaço para que
se destaquem sujeitos históricos que geralmente estão ausentes no discurso
tradic ional, e também para ressaltar as lutas e contestações à ordem vigente,
movid as tanto por indivíduos quanto por grupos sociais.
Buscando atingir os objetivos estabelecidos pelas novas propostas curricula-
res que norteiam o ensino de História, principalmente os PCN, procuramos fazer
uma seleção de conteúdos e uma abordagem que propiciem que os alunos
identifiquem as suas vivências pessoais com a de outros sujeitos históricos do
pass ado, estimulando não apenas o seu aprendizado, mas também promoven-
do a conscientização e a instrumentalização necessárias para o sentido funda-
mental de sua participação ativa no processo histórico.
As fontes históricas
No século XVIII, estudiosos franceses inseridos na tradição iluminista desenvol
veram um método erudito de crítica das fontes. Esse método consistia na crítica
interna e externa dos documentos, de modo a comprovar, sob rígidos parâme-
tros cientificistas, a sua autenticidade, como a comparação entre os docum entos
por meio de seu estudo filológico. No século XIX, institucionalizada na Alemanha,
a história se tornou uma disciplina acadêmica, e os historiadores recorrer am ao
método erudito dos franceses para o desenvolvimento de sua crítica histórica,
privilegiando os documentos escritos e de cunho oficial, principalmente os
documentos diplomáticos, o que gerou uma produção historiográfica centrad a
na história política. Na passagem do século XIX para o século XX, alguns so
ciólogos já criticavam a pretensa objetividade do método histórico.
No final dos anos 1920, a contestação a essa rigidez documental partiu dos
hist oriadores franceses ligados à Escola dos Annales , responsáveis pela amplia-
ção do campo documental à disposição dos historiadores. A ampliação das
fontes, o desenvolvimento de novos temas e novas abordagens têm, lentamen-
te, chegado às escolas brasileiras.
19
dos das mentalidades e representações estão sendo incorporados; pessoas comuns
já são reconhecidas como sujeitos históricos; o cotidiano está presente nas aulas e
o etnocentrismo vem sendo abandonado em favor de uma visão mais pluralista.
Reflexões sobre a “criação” do fato histórico ensinado nas aulas de História, as
metodologias e as linguagens usadas na divulgação do saber histórico, as aborda
gens, conceituais e práticas, a seleção de conteúdos e a sempre atual questão “para
que serve” têm sido feitas com competência por educadores e historiadores preo
cupados com o ensino-aprendizagem, em obras ao alcance de todos os interessados
em aprimorar seu trabalho com os alunos. [...]
PINSKY, Carla Bassanezi. Introdução. In: PINSKY, Carla Bassanezi (Org.).
Novos temas nas aulas de história. São Paulo: Contexto, 2009. p. 7.
[...] A iconografia é, certamente, uma fonte histórica das mais ricas, que traz
embutidas as escolhas do produtor e todo o contexto no qual foi concebida, idea
lizada, forjada ou inventada. Nesse aspecto, ela é uma fonte como qualquer outra
e, assim como as demais, tem que ser explorada com muito cuidado. Não são raros
os casos em que elas passam a ser tomadas como verdade, porque estariam retra
tando fielmente uma época, um evento, um determinado costume ou uma certa
paisagem. Ora, os historiadores e os professores de História não devem, jamais, se
deixar prender por essas armadilhas metodológicas. [...]
A imagem, bela, simulacro da realidade, não é realidade histórica em si, mas traz
porções dela, traços, aspectos, símbolos, representações, [...] induções, códigos,
cores e formas nelas cultivadas. Cabe a nós decodificar os ícones, torná-los inteli
gíveis o mais que pudermos, identificar seus filtros e, enfim, tomá-los como teste
munhos que subsidiam a nossa versão do passado e do presente, ela também, ple
na de filtros contemporâneos, de vazios e de intencionalidades. Mas a História é
isto! É construção que não cessa, é a perpétua gestação, como já se disse, sempre
ocorrendo do presente para o passado. É o que garante a nossa desconfiança salu
tar em relação ao que se apresenta como definitivo e completo, pois sabemos que
isso não existe na História, posto que inexiste na vida dos homens, que são seus
construtores. [...]
PAIVA, Eduardo França. História & Imagens. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. p. 17-9. (História &... Reflexões).
20
Fontes arqueológicas, audiovisuais e relatos orais são outros tipos de fontes
Orientações gerais
humanidade, até os mais recentes períodos e épocas. Se é verdade, como propõe o
historiador alemão Thomas Welskopp, que a História da sociedade é sempre uma
História das relações sociais, das identidades em confronto, das leituras plurais do
passado, então as fontes arqueológicas têm um papel importante a jogar. No con
texto contemporâneo, em que se valoriza a diversidade cultural como um dos maio
res aspectos da humanidade, do viver em sociedade, as fontes arqueológicas ajudam
o historiador a dar conta de um passado muito mais complexo, contraditório, múl
tiplo e variado do que apenas uma única fonte de informação permitiria supor. [...]
FUNARI, Pedro Paulo. Os historiadores e a cultura material. In: PINSKY, Carla Bessanezi (Org.). Fontes históricas. São
Paulo: Contexto, 2006. p. 104-5.
Política
Política é um termo polissêmico, ou seja, pode ser usado em vários sentidos.
O uso do termo teve origem nas cidades-estado da Grécia Antiga, com a pala-
vra grega politika derivando de polis , como explica o historiador Moses Finley:
21
[...] Não deixa de ser verdadeira [...] a afirmativa de que, efetivamente, os gregos
“inventaram” a política. Na tradição ocidental, a história política sempre se iniciou
com os gregos, o que é simbolizado pela própria palavra “política”, cuja raiz se en
contra na palavra pólis. Além disso, em nenhuma outra sociedade do Oriente Pró
ximo a cultura era tão politizada quanto entre os gregos. [...].
Para que tal sociedade funcionasse e não desmoronasse, era essencial um amplo
consenso, uma noção de comunidade e uma autêntica disposição por parte de seus
membros para viverem conforme certas regras tradicionais, aceitarem as decisões
das autoridades legítimas, só fazerem modificações mediante amplo debate e pos
terior consenso; numa palavra, aceitarem o “poder da lei” tão frequentemente pro
clamado pelos escritores gregos. [...] A isso se chama política. [...]
FINLEY, Moses I. (Org.). O legado da Grécia: uma nova avaliação. Trad. Yvette Vieira Pinto de Almeida. Brasília: Editora da
Universidade de Brasília, 1998. p. 32; 34.
22
líticas podem ter lugar. Essa ampliação dos espaços reivindicativos na sociedade
O trabalho
De modo geral, o trabalho é todo ato de transformação feito pelo ser humano.
O trabalho, ao longo do tempo, adquiriu diversas formas, organizaç ões e valores.
Nas sociedades ditas “tribais”, ou seja, aquelas formadas por caç adores e co-
Orientações gerais
letores, somadas às que praticavam a pecuária e a agricultura prim itivas, o
trabalho não era uma atividade separada de outros afazeres cotidianos. Ao
contrário, nas sociedades “tribais” o trabalho se misturava às esferas religios as,
ritualísticas, míticas, era dividido sexualmente e estava ligado às relações de
parentesco. Nessas sociedades, o trabalho não visava à acumulação de exceden
tes, mas ao suprimento das necessidades da comunidade.
23
trab alho que se conhece na história. O desenvolvimento da maquinofatura, da
fábrica e da grande indústria transformou, cada uma a seu tempo e em intensi-
dades diferentes, as relações medievais de trabalho. A nova classe social em
ascensão, a burg uesia, foi paulatinamente conquistando poder econômico e
político. Muitos artes ãos e camponeses desapropriados, ou expulsos das terras
senhoriais, tiveram de se submeter a um regime de trabalho assalariado, que
lhes retirava a autonomia e o domínio das etapas do processo produtivo, ou
seja, alienava os trabalhadores.
Sociedade
Sociedade é o conjunto de pessoas que convivem em um determinado espa-
ço, que seguem as mesmas regras e que compartilham valores, costumes,
língua etc. Um dos principais elementos comuns a todas as sociedades hierar-
quizadas é a existência de conflitos sociais. Os conflitos sociais expressam as
contradições em nível econômico e político. Eles evidenciam as tensões e dis-
putas, por exemp lo, entre diversos grupos ou classes, ou entre setores da so-
ciedade civil organiz ada contra medidas públicas que os prejudicam.
[...] Quem de nós já não vivenciou, como participante ativo ou como simples
espectador de TV, cenas de manifestações de grupos, ou mesmo de multidões, em
defesa, por exemplo, do ensino público e gratuito ou contra a poluição do meio
ambiente? Quem não leu nos jornais notícias sobre greves de trabalhadores da
indústria da construção civil ou da indústria automobilística, para forçar patrões a
atender a suas reivindicações salariais? E quem já não viu nessas cenas a presença
de policiais golpeando com seus cassetetes braços, pernas e cabeças de manifestan
tes, em nome da ordem pública e da segurança? Com certeza todos já viram, porque
são incontáveis os casos de manifestações e movimentos sociais [...].
[...] O que primeiro nos chama a atenção é o iminente confronto com a polícia
— cena bastante comum em movimentos desse tipo. Mas devemos observar que
nem todo movimento social tem como um dos seus desdobramentos o enfrenta
24
mento com a polícia. Como também não é verdade que todo enfrentamento com
Orientações gerais
Para o professor de História, é importante passar aos alunos a visão de que
toda a hist ória das sociedades ditas “civilizadas” foi e é permeada por conflitos
sociais, que, no entanto, assumiram formas diversas no decorrer do tempo.
Cultura
A cultura é criada e transmitida na interação social, e é apreendida em nossas
relações grupais, em que adquirimos identidades particulares que nos distinguem
de outros grupos e de outras culturas. Por meio da interação, apropriamo-nos
de certas “verdades” socialmente aceitas que se integram ao nosso código
cultural, e esse mesmo processo ocorre no sentido inverso, ao apreendermos
culturalmente o que deve ser negado, odiado ou desprezado. Dito de outra
forma, a cultura sintetiza nossa forma de valoração do mundo, um conjunto de
valores que nos são transmitidos pela família, escola, universidade, círculo de
amizades, trabalho, meios de com unicação etc.
[...] Cultura é uma perspectiva do mundo que as pessoas passam a ter em comum
quando interagem. É aquilo sobre o que as pessoas acabam por concordar, seu
consenso, sua realidade em comum, suas ideias compartilhadas. O Brasil é uma
sociedade cujo povo tem em comum uma cultura. E no Brasil, cada comunidade,
cada organização formal, cada grupo [...] possui sua própria cultura (ou o que al
guns cientistas sociais denominam uma subcultura, pois se trata de uma cultura
dentro de outra cultura). Enquanto a estrutura ressalta as diferenças (as pessoas
relacionam-se entre si em termos de suas posições diferentes), a cultura salienta as
semelhanças (de que modo concordamos).
Fazer parte da “cultura jovem” no Brasil, por exemplo, é ter em comum com
várias pessoas certas ideias sobre verdade, política, autoridade, felicidade, liberdade
e música. Nas ruas, na palavra escrita e falada, nas universidades, em shows e filmes,
desenvolve-se uma perspectiva à medida que as pessoas compartilham experiên
cias e se tornam cada vez mais semelhantes umas às outras, por um lado, enquan
to se diferenciam crescentemente das que se encontram fora de sua interação.
Desenvolve-se uma linguagem comum entre os que compartilham a cultura, con
solidando a solidariedade e excluindo os de fora. [...]
Cultura é o que as pessoas acabam por pensar em comum — suas ideias sobre o
que é verdadeiro, correto e importante. Essas ideias nos guiam, determinam mui
tas de nossas escolhas, têm consequências além de nosso pensamento. Nossa cul
tura, compartilhada na interação, constitui nossa perspectiva consensual sobre o
mundo e dirige nossos atos nesse mundo.
CHARON, Joel M. Sociologia. Trad. Laura Teixeira Motta. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 103-4.
25
A construção da cidadania
26
ria e cultura indígenas nos ensinos fundamental e médio, vemos a expansão dos
Orientações gerais
do negro no Brasil como escravo e mercadoria. A imagem do negro descalço, se
minu e selvagem é mostrada na literatura escrita por brancos. Mas a história do
africano livre, dono de sua própria vida, produtor de sua cultura, à época dos gran
des reinos e impérios da África pré-colonial, é pouco conhecida. Está na hora de
desmontar as inverdades e omissões, para desnaturalizar os preconceitos e cons
truir uma nação multirracial, justa e democrática.
FELIPE, Delton Aparecido; TERUYA, Teresa Kazuko. Ensino de história e cultura afro-brasileira e africana na educação
básica: desafios e possibilidades. Extraído do site: <www.mudi.uem.br/arqmudi/volume_11/suplemento_02/artigos/081.pdf>.
Acesso em: 7 fev. 2012.
27
Um exemplo característico das conquistas femininas desse período foi a libe
ração da venda e divulgação de métodos contraceptivos e, em alguns países,
a descriminalização do aborto, apesar da grande resistência dos países onde a
Igreja Católica ainda detém a influência política. Com essas conquistas, as mu-
lheres adquiriram um domínio inédito sobre seu corpo, puderam escolher o
momento de ter filhos, ou mesmo não tê-los. Nos anos 1980, o movimento das
mulheres inv estiu na luta contra as violências das quais elas eram alvos princi-
pais, exigindo punições rigorosas para crimes como o estupro e a violência
doméstica. Apesar desses avanços, atualmente as mulheres ainda são discrimi-
nadas, principalmente nas relações de trabalho, nas quais costumam receber
salários mais baixos que os dos homens, mesmo exercendo funções idênticas.
Consideramos que o mais importante é a criação de um espaço comum entre
homens e mulheres, em que a diferença de identidades não seja motivo para a
diferença de direitos, e a sala de aula é um local privilegiado para isso.
A inclusão na escola
Os direitos das pessoas portadoras de necessidades especiais (também cha
madas de portadoras de deficiência) foram estabelecidos na Convenção de
Guatemala, de 1998. O documento, promulgado pelo Brasil em 2001, estabe-
lece que as pessoas portadoras de necessidades especiais têm direitos idênti-
cos aos das demais. No caso das crianças em idade escolar, a própria Consti-
tuição da Rep ública proíbe que qualquer unidade escolar as exclua. Assim, é
nec essário que as escolas se adaptem às necessidades desses alunos, cujas
defic iências podem ser físicas, visuais, auditivas ou mentais.
A adaptação passa pela adoção de práticas criativas na sala de aula e mudan
ças no projeto pedagógico, mas existem orientações específicas para casos de
deficiência. As mudanças não são fáceis, e sua eficácia depende de vontade e
empenho por parte dos profissionais envolvidos. Além da necessidade de adap
tação da arquitetura da escola, os professores precisam buscar orientações
esp ecializadas, conversar com os pais dos alunos e, principalmente, dar atenção
especial a esses alunos. Quando os resultados começam a aparecer, não só o
aprendizado dos alunos portadores de necessidades especiais progride, mas
tod a a escola se torna mais cidadã.
28
Comparada), organizado pela OECD (do inglês, Organização para Cooperação
Orientações gerais
Acesso em: 26 jan. 2012.)
29
No Nível Operacional encontram-se as ações coordenadas que pressupõem o
estabelecimento de relações entre os objetos; fazem parte deste nível os esquemas
operatórios que se coordenam em estruturas reversíveis. Estas competências, que,
em geral, atingem o nível da compreensão e a explicação, mais que o saber fazer,
supõem alguma tomada de consciência dos instrumentos e procedimentos utiliza
dos, possibilitando sua aplicação a outros contextos. [...]
No Nível Global encontram-se ações e operações mais complexas, que envolvem a
aplicação de conhecimentos a situações diferentes e a resolução de problemas inéditos. [...]
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Matrizes curriculares de referência para o SAEB. Maria Inês Gomes
de Sá Pestana et al. 2. ed. Brasília: INEP, 1999. p. 9-11.
As especificidades da
leitura na disciplina de História
Atualmente, o fato de um aluno ser considerado alfabetizado, ou seja, capaz
de ler e escrever, não significa que ele possa utilizar esses recursos como uma
man eira de conhecer e de se expressar.
[...] Ser alfabetizado pode significar apenas que estes alunos leem mecanicamente o
que lhes cai pela frente: propagandas, anúncios, placas na rua, trechos do livro didático,
avisos, exercícios passados pelo professor etc. Ou seja, eles são “atingidos” pelas coisas
escritas, mas pouco interagem com elas. De todo modo, a maior parte dos indivíduos
hoje em dia sabe mais do mundo através especialmente da televisão e do rádio, frente
aos quais habituamo-nos a ter uma atitude passiva e receptiva acrítica. [...]
SEFFNER, Fernando. Leitura e escrita na história. In: NEVES, Iara Conceição Bitencourt e outros. Ler e escrever:
compromisso em todas as áreas. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2007. p. 111-2.
30
Orientações para o professor
Símbolos utilizados na coleção
Em muitos textos citados ao longo dos quatro volumes desta coleção, o
leitor pod e se deparar com alguns símbolos, entre eles: c. = cerca de; [...]
= texto suprimido do original; [texto] = texto inserido no original.
Esses símbolos são utilizados para explicitar as intervenções que, por
necessidad e de concisão ou de clareza, foram feitas nos textos de outros
autores citados nesta coleção.
Orientações gerais
Leitura e prática da escrita
Além da leitura, a escrita também deve ser constantemente estimulada. A
prod ução de textos estimula os alunos a pensarem criticamente e a refletirem
sobre aquilo que estão escrevendo.
[...] “Escrever para aprender”, lembra Gisele de Carvalho, que assim recupera
algumas das grandes tarefas do educador: “Se [...] escrever significa registrar os
caminhos da reflexão, parece que nós, professores, independentemente da matéria
que ensinamos, temos uma tarefa em comum [...]: se todos nós, de uma forma ou
de outra, ensinamos a pensar, logo todos nós ensinamos a escrever...”.
Admiramos hoje a desenvoltura com que os jovens manejam seus computadores,
navegam nesses mares antes inimagináveis da Internet, criam seus blogs, repagi
nam-se permanentemente, enviam e recebem mensagens em tempo real (usando
uma língua um tanto estranha, é bem verdade!). Aparentemente nenhum mistério
os detêm, e eles nos dão demonstrações diárias de habilidade, curiosidade, criati
vidade. Nosso desafio, prepará-los nessa era planetária para a grande aventura do
conhecimento e da lucidez, talvez seja mais fácil de superar do que pensamos.
RIBEIRO, Marcus Venicio. Não basta ensinar História: para uma boa formação, os alunos precisam entender bem o que
leem e saber pensar e escrever. Nossa História. São Paulo: Vera Cruz, ano 1, n. 6. abr. 2004. p. 78.
A pesquisa escolar
Procedimentos básicos
O ato de realizar pesquisas é fundamental para a disciplina de História. Nes-
sa coleção, em vários momentos os alunos são convidados a realizar pesquisas,
tanto individuais como em grupos.
Para que a pesquisa escolar obtenha resultados satisfatórios, existem algumas
dicas que o professor pode fornecer aos alunos antes de sua realização. Veja.
■■ Definição do tema: além dos temas sugeridos na coleção, fica a critério do pro
fessor escolher novos temas, de acordo com as especificidades de cada turma.
■■ Após a definição do tema, estabelecer um roteiro para a pesquisa, que inclui:
os objetivos da pesquisa (no caso, pesquisa escolar); definição das fontes
que serão utilizadas (livros, jornais, revistas, internet, dicionários, enciclopé-
dias, fot ografias, documentários, filmes, CD-ROM etc.) e definição dos pra-
zos para a entrega da pesquisa. Para as pesquisas realizadas na internet,
leia para os alunos as seguintes dicas.
31
Na internet, você pode encontrar sites sobre os mais variados assuntos. Pode
achar também ilustrações e mapas. Muitos costumam ter links, que são como as
remissões da enciclopédia. Basta clicar e você já está em outro site. Para usar a in
ternet, você precisa aprender a selecionar as informações, senão acaba perdendo
muito tempo. Uma boa ideia é formar uma agenda dos sites que você mais usa [...],
e ir trocando esses endereços com seus colegas.
Para ter certeza de que os dados e informações que você conseguiu [...] são cor
retos, verifique a origem do site, ou seja, quem escreveu aquela página. Hoje, qual
quer pessoa pode incluir informações na rede. Por isso, prefira os sites de escolas,
empresas, instituições de pesquisa e órgãos oficiais (Ibama, IBGE, Ministérios etc.),
que são mais confiáveis.
JUNQUEIRA, Sonia. Pesquisa escolar: passo a passo. Belo Horizonte: Formato Editorial, 1999. p. 23. (Dicas e informações).
32
A avaliação do ensino-aprendizagem
Orientações gerais
uma aprendizagem homogênea e linear, que não considera as dificuldades e
qualidad es de cada aluno no processo de aprendizagem. Neste sistema, a ava-
liação é uma forma de seleção e exclusão dos alunos, focada na quantidade de
saber acum ulado e nos princípios de eficiência e competitividade, como as
provas de vestibular, por exemplo. Assim, o pedagogo Jansen Felipe da Silva
afirm a que esse modelo “contribui eficientemente para a marginalização socio-
econômica e cultural de grande parcela da população brasileira, principalmente
a pertencente às classes mais carentes”.
Por outro lado, a proposta formativa reguladora de avaliação leva em consi
deração aspectos do cotidiano em sala de aula. A avaliação é tida como um
proc esso contínuo, diário e qualitativo que respeita o ritmo de cada estudante.
Ao contrário do modo tradicional de avaliação, a maneira como o sujeito apren-
de passa a ser mais importante do que aquilo que aprende.
Neste sentido, a prática pedagógica se torna reflexiva e transformadora, uma
vez que exige dos professores uma postura ativa sobre as dificuldades dos alunos.
Sendo a avaliação formativa reguladora constante, é necessário também diver
sificar os instrumentos de avaliação (provas dissertativas, objetivas, trabalhos
em grupo, debates etc.). Esses instrumentos, quando utilizados com coerência,
lev am em consideração não somente as capacidades cognitivas, mas também
as dimensões afetiva, social, cultural de cada aluno, aprofundando as relações
ent re aluno e professor em sala de aula. Na proposta formativa reguladora, es-
ses instrumentos de avaliação são usados para compreender as necessidades
de cad a aluno, a fim de melhorar suas qualidades, diagnosticar e intervir de
maneira pos itiva (e não simplesmente o classificar, selecionar e excluir).
33
A autoavaliação
Em um processo de ensino-aprendizagem mais democrático, a utilização de
ferramentas de autoavaliação possibilita tanto a alunos como a professores
avaliar o desempenho em sala de aula. Assim, alunos e professores podem
contribuir mutuamente para melhorar as estratégias de ensino-aprendizagem e,
também, apontar as dificuldades encontradas no caminho para superá-las.
A autoavaliação se torna uma atitude de reflexão que deve ser contínua.
HOFFMANN, Jussara. Avaliar para promover: as setas do caminho. Porto Alegre: Mediação, 2006. p. 53.
34
Orientações para o professor
■■ O que estou aprendendo?
■■ O que eu aprendi?
■■ Como se aprende/se convive?
■■ De que forma poderia aprender melhor?
■■ Como poderia agir/participar para aprender mais?
■■ Que tarefas e atividades foram realizadas?
■■ O que aprendi com elas? O que mais poderia aprender?
■■ O que eu aprendi com meus colegas e professores a ser e fazer?
Orientações gerais
■■ De que forma contribuí para que todos aprendessem mais?
Anotações
35
Tabela de conversão de séculos
No calendário gregoriano, o nascimento de Jesus Cristo é um marco para a
contagem dos anos. É por esse motivo que existem as siglas a.C. (antes de
Cristo) e d.C. (depois de Cristo). Os anos que antecedem o nascimento de
Cristo são contados em ordem decrescente. Os anos que sucedem o nasc imento
de Cristo são contados em ordem crescente.
Observe.
século XX a.C. (século 20 a.C.): de 2000 a 1901 a.C.
século XIX a.C. (século 19 a.C.): de 1900 a 1801 a.C.
século XVIII a.C. (século 18 a.C.): de 1800 a 1701 a.C.
século XVII a.C. (século 17 a.C.): de 1700 a 1601 a.C.
século XVI a.C. (século 16 a.C.): de 1600 a 1501 a.C.
2o milênio a.C. século XV a.C. (século 15 a.C.): de 1500 a 1401 a.C.
século XIV a.C. (século 14 a.C.): de 1400 a 1301 a.C.
Antes de Cristo
3o milênio d.C. século XXI d.C. (século 21 d.C.): de 2001 a 2100 d.C.
36
Sugestões de leitura
Orientações gerais
CASTRO, Mary Garcia; ABRAMOVAY, Miriam. (Coords.). Drogas nas escolas .
Brasília: UNESCO, 2002.
FONSECA, Selva Guimarães. Didática e prática de ensino de história: Experiên-
cias, reflexões e aprendizados . Campinas: Papirus, 2003. (Magistério: Forma-
ção e Trabalho Pedagógico).
FONSECA, Thais Nívia de Lima e. História & ensino de História . 2. ed. Belo Ho-
rizonte: Autêntica, 2006. (História &... reflexões).
GRINBERG, Keila; LAGÔA, Ana Maria Mascia; GRINBERG, Lúcia. Oficinas de
história: projeto curricular de Ciências Sociais e de História. Belo Horizonte:
Dimensão, 2000.
JARES, Xesús R. Educação para a paz: sua teoria e sua prática. 2. ed. Trad.
Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed, 2002.
KARNAL, Leandro (Org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propos-
tas . São Paulo: Contexto, 2003.
LUCINI, Marizete. Tempo, narrativa e ensino de História. Porto Alegre: Mediação, 1999.
MONTEIRO, Ana Maria F. C.; GASPARELLO, Arlette Medeiros; MAGALHÃES,
Marcelo de Souza (Orgs.). Ensino de História: sujeitos, saberes e práticas . Rio
de Janeiro: Mauad X; FAPERJ, 2007.
MUNANGA, Kabengele (Org.). Superando o racismo na escola . 3. ed. Brasília:
MEC/SEF, 2001.
NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula . São Paulo: Con-
texto, 2003.
PAIVA, Eduardo França. História & imagens . 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica,
2006. (História &... reflexões).
PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). Novos temas nas aulas de História . São Paulo:
Contexto, 2009.
SAMARA, Eni de Mesquita; TUPY, Ismênia Spínola Silveira Truzzi. História & Do-
cumento e metodologia de pesquisa . Belo Horizonte: Autêntica, 2007. (His-
tória &... reflexões).
SCHIMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. Ensinar História . São Paulo:
Scipione, 2004. (Pensamento e ação no magistério).
SILVA, Marcos; FONSECA, Selva Guimarães. Ensinar História no século XXI: Em
busca do tempo entendido . Campinas: Papirus, 2007. (Magistério: Formação
e Trabalho Pedagógico).
TURAZZI, Maria Inez; GABRIEL, Carmen Teresa. Tempo e história . São Paulo:
Moderna, 2000.
37
Objetivos, comentários e
sugestões
1
Capítulo
Objetivos
■■ Compreender os principais conceitos para o estudo da História.
■■ Perceber que existem diferentes interpretações dos fatos históricos.
■■ Perceber que existe uma grande variedade de fontes históricas.
■■ Verificar que todos somos sujeitos da história.
■■ Compreender que o tempo é um elemento essencial para os estudos históricos.
■■ Perceber a importância das linhas do tempo nos estudos históricos.
■■ Verificar quais outras áreas do conhecimento podem auxiliar o historiador em
seu trabalho de pesquisa.
38
ensino. Eleger uma questão, selecionar registros que tratem do assunto, contextuali-
Comentários e sugestões
Página 11
■■ Explore com os alunos as imagens desta página, perguntando-lhes se sabem
o que são os objetos retratados e para que servem. É possível que os alunos
nunca tenham visto, por exemplo, uma ampulheta ou uma fita K7. Caso
você tenha estes ou outros objetos em casa, leve para os alunos manusea-
rem em sala de aula.
■■ Chame a atenção dos alunos para a multiplicidade de interpretações que
uma mesma fonte histórica pode ter. A ampliação do campo documental
39
possibilitou ao historiador a construção de narrativas produzidas com base
em concepções particulares e de assertivas do tempo presente. Desse mo-
do, o historiador poderá apresentar uma perspectiva própria sobre as fontes,
condicionada por seu conhecimento, emoções e experiências. Todos esses
fatores irão influenciar em sua maneira de trabalhar com os objetos e fontes
à sua disposição. Um texto produzido por um historiador baseado em suas
perspectivas é apenas mais uma interpretação diante de tantas outras, con-
testando a premissa de uma verdade absoluta a respeito de uma fonte ou
de que esta fale por si, sem os questionamentos propostos ao documento
pelo historiador.
Páginas 12 e 13
■■ Diferentemente do tempo cronológico, que trabalha com medidas constantes
e proporcionais de tempo, o tempo histórico considera eventos de curta,
média e longa duração, e seus referenciais são as mudanças que ocorrem
na sociedade. As transformações do tempo histórico não são exatas, po-
dendo apresentar rupturas e também permanências. As mudanças no tem-
po histórico não estão isentas do período que lhes antecede.
Página 17
■■ Explique aos alunos que, dependendo das condições do terreno e do tipo
de intervenção humana nele realizado, os estratos de um sítio arqueológico
e sua identificação podem ser bem mais complexos do que os representados
nesta ilustração.
2
Capítulo
Objetivos
■■ Conhecer as etapas de formação do planeta Terra.
■■ Entender que os primeiros hominídeos tiveram origem no continente africano.
■■ Compreender que a evolução biológica do ser humano ocorreu na África. A
partir da África, o ser humano povoou outros continentes.
■■ Conhecer as principais diferenças entre o modo de vida no Paleolítico e no
Neolítico.
■■ Perceber a relação entre o início da agricultura, da pecuária e a sedentarização
e formação das primeiras aldeias.
Berço da humanidade
A mais marcante das singularidades africanas é o fato de seus povos autóctones
terem sido os progenitores de todas as populações humanas do planeta, o que faz
do continente africano o berço único da espécie humana. Os dados científicos que
corroboram tanto as análises do DNA mitocondrial quanto os achados paleoantro-
pológicos apontam constantemente nesse sentido.
40
O continente africano, palco exclusivo dos processos interligados de hominiza-
41
Comentários e sugestões
Páginas 24 e 25
42
■■ Os primeiros seres humanos se alimentavam de raízes, folhas e caça. Eram
Página 30
Entre 35 mil e 10 mil anos atrás, surgiu o Homo sapiens sapiens, o [ser humano]
anatomicamente moderno, que deu origem aos tipos físicos de hoje. Munido de téc-
nicas aprimoradas, trabalhava de maneira inteligente com pedras, ossos e chifres na
confecção de instrumentos de caça que podiam ser facilmente transportados [...].
Ao evoluir física e culturalmente, esse homem moderno organizou-se em socie-
dade, desenvolveu traços religiosos, aperfeiçoou seus dons artísticos e passou a
ocupar quase todo o planeta.
BELLINGHAUSEN, Ingrid Biesemeyer. A evolução da vida na Terra. São Paulo: DCL, 2005. p. 46.
Página 31
■■ Aproveite este momento para valorizar a história da África, de onde descen-
dem os primeiros hominídeos.
■■ A partir das informações do mapa, estimule os alunos a pensar nos motivos
dos deslocamentos dos hominídeos, por exemplo, a procura por alimentos
ou ambientes mais adequados à sobrevivência.
Página 32
■■ Realize com os alunos uma atividade que, de maneira lúdica, pode auxiliar
na compreensão do termo pintura rupestre. A atividade consiste na realiza-
ção, pelos alunos, de pinturas que representem cenas de seu cotidiano. Eles
irão utilizar, para isso, “tintas” naturais.
Sugestão de atividade
Pintando o Cotidiano
Materiais
■■ papel craft ;
43
■■ tintas obtidas a partir de carvão vegetal, tijolo, terra, água, vegetais com cores
fortes, sementes;
■■ galhos secos, palha.
Primeiramente, verifique se os alunos compreendem o significado do termo
pintura rupestre.
Para auxiliar nessa compreensão, solicite-lhes que consultem as informações
apresentadas na página 32. Em seguida, relembre-os de que os temas pintados
pelos seres humanos primitivos nas rochas ou paredes de cavernas estavam,
geralmente, relacionados aos seus costumes cotidianos. Comente também que,
para realizar suas pinturas, os seres humanos primitivos utilizavam “tintas” en-
contradas na natureza, como carvão, barro, sementes, sumo de plantas etc.
Providencie a “superfície” na qual os alunos irão realizar as pinturas. Caso
haja a possibilidade de pintarem sobre uma superfície rochosa ou, então, sobre
uma parede revestida com reboco, conduza-os até o local escolhido. Caso isso
não seja possível, forneça aos alunos, ou peça que tragam de casa, pedaços
de papel craft , cortados em retângulos de 2m x 1m, pelo menos. Quanto maior
o pedaço de papel, mais liberdade os alunos terão para realizar as pinturas. A
atividade pode ser realizada tanto com os papéis fixados em paredes quanto
dispostos no chão. Providencie também as “tintas”: carvão vegetal, pedaços de
tijolos, terra e água (para fazer barro), vegetais com cores fortes, como beter-
raba e espinafre. Verifique a possibilidade de os alunos utilizarem também se-
mentes, como as de urucum, e sumo de plantas diversas. Peça aos alunos que
observem, na página 25, a maneira como a “tinta” está sendo preparada e
utilizada pelos seres humanos primitivos. Caso queira aprofundar a atividade e
realizar a interdisciplinaridade com Ciências, convide um professor dessa disci-
plina para dar sugestões e ensinar aos alunos técnicas de extração de “tinta”
das sementes e plantas.
Para a confecção dos “pincéis”, providencie galhos secos, palha etc. Se
preferirem, os alunos podem usar as próprias mãos para pintar. Essa atividade
pode ser feita individualmente ou em grupos; o importante é que todos partici-
pem expressando suas habilidades artísticas. Depois de realizada a atividade,
exponha as “pinturas rupestres” na sala de aula ou nos corredores da escola
para que todos conheçam o resultado dos trabalhos.
Caso as pinturas tenham sido feitas em superfícies rochosas ou paredes,
convide outras turmas ou os familiares dos alunos para vê-las no local onde
foram produzidas. Se julgar conveniente, peça aos alunos que produzam um
texto, individual ou coletivo, sobre as sensações que tiveram durante a realiza-
ção da atividade.
Páginas 38 e 39
■■ Explore com os alunos os elementos do infográfico apresentado nestas pá-
ginas. Veja algumas dicas a seguir.
Explorando a imagem
Uma aldeia Neolítica
■■ Estimule os alunos a observar:
- -as vestimentas dos homens, mulheres e crianças representadas;
44
- -as habitações, feitas de pedra, madeira, barro e palha, que formavam as
Página 40
■■ Comente com os alunos que os combustíveis fósseis são resultados de milhões
de anos de transformações, gerados pela decomposição da matéria orgânica,
ou seja, das plantas e dos animais. Destas transformações foram gerados o
carvão, o petróleo e o gás natural. E é pela necessidade de um longo período
para ser transformado que os combustíveis fósseis não são renováveis. Se julgar
conveniente, apresente aos alunos o seguinte texto, que aborda este assunto.
[...] Do total consumido no planeta, 40% provém desse combustível fóssil [óleo
de pedra] — seja a gasolina dos automóveis, o querosene que move os aviões ou o
diesel que faz andar não só os ônibus nas cidades, como os tratores e as máquinas
que produzem alimentos no campo e os caminhões que os transportam até os
centros urbanos. Isso sem falar nos outros derivados, que compõem toda a indús-
tria petroquímica: de plásticos e borrachas a tintas, sabão em pó, gás de cozinha e
até medicamentos. Os países mais afetados seriam os do hemisfério norte, onde o
petróleo ainda garante a calefação no inverno. Sem ele, o frio poderia provocar um
grande número de mortes.
Extraído do site: <http://super.abril.com.br/cotidiano/todo-petroleo-planeta-acabasse-ano-vem-441924.shtml>.
Acesso em: 27 jan. 2012.
Página 41
Sugestão de atividade
■■ Discuta com os alunos a relação entre o aquecimento global e o consumo.
Faça um levantamento sobre o que eles consideram “produtos supérfluos” e
o que pensam que se pode fazer para diminuir a emissão de CO 2 na atmos-
fera. Se julgar conveniente, proponha que façam uma pesquisa sobre o au-
mento da temperatura da Terra e a sua relação com o consumo, bem como
apresentem sugestões de fontes de energia alternativas.
45
3
Capítulo
Os povos da Mesopotâmia
Objetivos
■■ Perceber que a Mesopotâmia é uma região onde se desenvolveram algumas
das mais antigas civilizações do mundo.
■■ Compreender o conceito de civilização.
■■ Reconhecer que os mesopotâmios inventaram a escrita cuneiforme, um dos
mais antigos sistemas de escrita.
■■ Compreender que grande parte da Mesopotâmia fica atualmente no Iraque, um
país que, nas últimas décadas, foi devastado por conflitos armados, o que aca-
bou resultando em danos e destruições de importantes patrimônios históricos.
A influência mesopotâmica*
[...] Os habitantes da Mesopotâmia, começando provavelmente em aldeias isoladas,
passaram a construir redes locais de valas de irrigação, canais e locais de moradia junto
de represas, fazendo uso da madeira e do betume do vale superior, ao norte, como abrigo
e proteção contra as águas. Esse domínio da água foi o preço da sobrevivência comunal;
isso porque havia uma natural ameaça de escassez de água, no começo da estação de
crescimento, e a probabilidade de tempestades e enchentes no tempo da colheita. A pro-
dutividade agrícola apoiava-se, ali, na incessante vigilância e no esforço coletivo.
Aceitando esse duro desafio, as aldeias, numa antiga fase, aprenderam as vantagens
da ajuda mútua, do planejamento a longo prazo, da aplicação paciente a uma tarefa
comum, tudo isso repetido estação após estação. A autoridade, sobrevivente por longo
tempo, do Conselho de Anciãos denota uma antiga mobilização comunal da força de
trabalho sob uma liderança competente, embora local. Essa medida de cooperação
comunal pode, por sua vez, ter dado à realeza mesopotâmica justamente aquelas limi-
tações humanas que contrastam com sua correspondente egípcia: todavia, abriram o
caminho de uma autoridade, mais centralizada, que podia dominar uma área maior. [...]
Contudo, na Mesopotâmia, tão logo foi acalmado — e enganado — o Deus da
Tempestade, o excedente potencial de alimento e vitalidade humana foi enorme.
Mesmo a lã dos carneiros daqueles vales era mais grossa e mais útil que o produto
das pastagens mais secas: os tecidos de lã da Babilônia tornaram-se tão célebres
como os algodões do Egito. Os riscos eram grandes e os esforços para superá-los
desoladores; entretanto, as recompensas eram imensas.
Assim, é natural que, desse primeiro grande excedente, a Suméria, sem nenhuma
dúvida, segundo sustentam firmemente os arqueólogos da Mesopotâmia, em sua
maioria, tenha tomado a dianteira, começando na rede de cidades das tórridas
terras do delta, perto do golfo Pérsico. Essas cidades não somente inspiraram a mais
antiga arquitetura monumental de tijolos do Egito, mas, na astronomia, na escrita,
na organização militar, na construção de canais, na irrigação e, não menos, no
comércio [...], deixaram sua marca nas distantes cidades do vale do Indo.
MUMFORD, Lewis. A cidade na história: suas origens, transformações e perspectivas. 4. ed. Trad. Neil R. da Silva.
São Paulo: Martins Fontes, 1998. p. 70-1.
*Título dado pelos autores
46
Comentários e sugestões
47
■■ Pela fonte C, notam-se algumas atividades que eram feitas no cotidiano des-
sas sociedades, como trabalhos domésticos, realizados pelas mulheres; servas
para também realizarem afazeres domésticos e auxiliarem suas senhoras nas
atividades pessoais; rituais com animais para prever o futuro, indicando que
os mesopotâmios eram supersticiosos.
Página 48
■■ Para auxiliar na compreensão das características do Oriente Médio, apre-
sente aos alunos as informações do texto a seguir.
A expressão Oriente Médio é recente. Antes, usava-se com mais frequência Oriente
Próximo. Sob um ponto de vista mais limitado, o Oriente Médio é uma região da Ásia
formada pelos seguintes países: Irã, Iraque, Arábia Saudita, Turquia, Afeganistão, Iêmen,
Kuwait, Omã, Emirados Árabes Unidos, Barein, Catar, Jordânia, Isarel, Síria e Líbano.
Porém, por apresentarem características semelhantes, outras regiões são incluí-
das quando falamos de Oriente Médio. O norte da África — países como Egito,
Líbia, Tunísia, Argélia e Marrocos — apresenta desertos, fala língua árabe e pratica
a religião muçulmana, características do Oriente Médio.
KARNAL, Leandro. Oriente Médio. São Paulo: Scipione, 1994. p. 10.
Página 49
■■ Explore as noções de tempo histórico analisando a linha do tempo com os
alunos. Faça perguntas como: Qual povo dominou por menos tempo a região
mesopotâmica? Quanto tempo durou o período do domínio babilônico? Os
assírios dominaram a região mesopotâmica antes ou depois dos cassitas? Que
fato marca o fim da dominação caldeia na Mesopotâmia? etc. Relacione, tam-
bém, o período de formação do Primeiro Império Mesopotâmico com a con-
quista da cidade de Ur, representada no infográfico das páginas 50 e 51.
Página 53
■■ A cornalina é um mineral de cor avermelhada e a origem de seu nome é
latina, referindo-se à coloração, que se aproxima com a cor de carne. A
cornalina é uma variedade da calcedônia, e se exposta ao sol por longos
períodos, tem a sua cor acentuada.
■■ Também composto pela calcedônia e por opala, o sílex é uma rocha que
apresenta, geralmente, coloração escura, cinza ou preta. Comente com os
alunos que por ser uma rocha muito dura, foi utilizada pelos primeiros seres
humanos na confecção de seus instrumentos de caça.
■■ Do latim “pedra azul”, o lápis-lazúli é uma rocha de coloração azulada. Foi
muito apreciada por povos antigos como os egípcios e os mesopotâmios.
Entre estes, era utilizada para confeccionar diferentes objetos, como joias,
jogos de tabuleiro e painéis.
Páginas 54 e 55
■■ Comente com os alunos que os mesopotâmios acreditavam que cada cida-
de tinha um deus protetor que ali residia com sua família e servidores, esta-
48
belecendo uma relação de trocas recíprocas com os habitantes do lugar.
Sugestão de atividade
O surgimento do mundo
49
Página 57
■■ Comente que o Código de Hammurabi foi um conjunto de leis que estabe-
leceu critérios de punição de acordo com o crime cometido, por isso o
princípio “olho por olho, dente por dente”. Esse código, atribuído ao sobe-
rano babilônico Hammurabi, foi gravado em uma coluna de pedra em que,
na parte inferior, apareciam as leis, e na superior, um alto-relevo represen-
tando Hammurabi recebendo essas leis do deus Shamash. Essas leis do
Código de Hammurabi, porém, não eram iguais para todas as pessoas, os
escravos recebiam as piores penas.
4
Capítulo
Objetivos
■■ Compreender que os egípcios formaram uma das mais antigas civilizações do
mundo.
■■ Reconhecer a importância do rio Nilo para os egípcios, assim como a importân-
cia da organização coletiva do trabalho.
■■ Reconhecer que os egípcios mantiveram contatos com outros povos da Anti-
guidade.
■■ Conhecer os novos estudos que contestam a teoria de que as pirâmides de
Gizé foram construídas por escravos.
50
UFRJ. O que se descobriu, então, foi que as margens do Nilo haviam sido extrema-
Comentários e sugestões
Páginas 62 e 63
Páginas de abertura do capítulo
■■ Por meio dos elementos da fonte A é possível notar que os antigos egípcios
praticavam a agricultura. Os indivíduos aparecem joeirando, ceifando, colhen-
do o trigo e transportando-o em cestas para armazenamento de cereais auxi-
liados também, pelos animais, que eram corriqueiramente utilizados nessas
atividades. Um dos indivíduos sentados embaixo da árvore toca flauta, o que
indica que essa prática era comum. Próximas a este, duas pessoas disputam
um pedaço de trigo que sobrou da colheita. Para controlar a produção, escri-
bas fazem anotações em seus papiros, enquanto são supervisionados por
Menna em seu abrigo. A pintura foi encontrada na tumba de Menna.
Abrigo para Jarro para Trabalhadores
Menna Menna. carregar água. joeirando o trigo.
Escribas
Trabalhadores
ceifando.
51
Conversando sobre o assunto
■■ As pessoas que aparecem na fonte A são camponeses que trabalhavam como
agricultores na produção do trigo.
■■ Pela fotografia do rio Nilo — fonte C — nota-se que este rio teve grande im-
portância no desenvolvimento da civilização egípcia, pela sua perenidade e
pelas suas margens férteis. Os egípcios formavam uma população essencial-
mente agrícola, dependendo das cheias e vazantes do Nilo, apresentado na
fonte C, que fertilizavam o solo, tornando-o bom para o cultivo de produtos como
o trigo, apresentado na fonte A.
■■ Estudos recentes demonstraram que o trabalho de construção das pirâmides
foi realizado por homens e mulheres que se dividiam nas tarefas para a reali-
zação desta construção. Alguns destes eram trabalhadores fixos, contratados
pelo Estado, enquanto outros, os camponeses, eram contratados para reali-
zarem trabalhos temporários.
Página 65
■■ Explore as noções de duração do tempo histórico analisando a linha do
tempo com os alunos. Faça perguntas como: quanto tempo durou o Antigo
Regime? Quanto tempo durou o Novo Reino? Quanto tempo durou o Médio
Reino? Por que você acha que esse foi o período que durou menos tempo
na história do Antigo Egito?
■■ Entre os produtos oriundos das trocas comerciais que os egípcios faziam,
estava o cedro-do-líbado — espécie Cedrus libani — uma árvore que pode
viver centenas de anos e teve significativa importância para os povos antigos.
Pelos egípcios, era utilizado na construção de embarcações e em alguns ca-
sos, na mumificação dos corpos dos faraós, em razão do perfume de sua
madeira.
Página 69
■■ Para maior aprofundamento do termo monoteísmo, apresenta-se o texto a
seguir. Aproveite o momento para discutir com os alunos a questão da di-
versidade, enaltecendo o respeito às diferenças.
O que é uma religião monoteísta? Essa palavra, de origem grega (mono = um;
teo = deus), é aplicada às religiões que professam a fé num único deus.
O monoteísmo representa um momento fundamental na história das civiliza-
ções. Novos conceitos, novas formações e organizações morais e éticas vieram com
a aceitação de apenas uma verdade, em termos religiosos. [...]
Historicamente, constatamos que a força da fé [...] que se apresenta na condução
dos destinos dos homens, manteve a unidade cultural — ou pelo menos foi um
fator importante de identificação e expansão cultural —, no caso dos cristãos, dos
muçulmanos e dos judeus.
CISALPINO, Murilo. Religiões. São Paulo: Scipione, 2004. p. 47.
52
Páginas 70 e 71
Próximo às obras, eram construídas Para elevar os blocos de pedra, eram construídas Os blocos de
de cobre e
arrastados em
trenós de madeira
até as rampas.
[As pirâmides de Gizé] foram construídas com blocos de calcário e granito cujo
peso variava de menos de uma tonelada até mais de 40 toneladas — todos eles
cortados, transportados e colocados em seu lugar por mãos humanas. Os antigos
egípcios não dispunham de máquinas complexas nem de animais (tampouco ex-
traterrestres!) para facilitar qualquer etapa desse trabalho. Além disso, depois de
terminarem o núcleo de uma pirâmide, eles a revestiam com pedras que se encai-
xavam perfeitamente. Depois, ainda poliam o monumento até que ele brilhasse ao
Sol como uma joia gigantesca.
MORELL, Virginia. Os operários das pirâmides. National Geographic. São Paulo: Abril, ano 2, n. 19, nov. 2001. p. 86.
Páginas 72 e 73
■■ Comente com os alunos que o rio Nilo desemboca em um delta (que está
representado no mapa da página 64). Esse delta possui formato triangular e
é uma região plana que se bifurca em canais, o de Roseta e o de Damieta,
que levam suas águas para o mar Mediterrâneo. Vários países do continen-
te africano, além do Egito, são abastecidos pelas águas do rio Nilo, como
Uganda, Tanzânia, Ruanda, Quênia, República Democrática do Congo, Sudão,
Etiópia e Burundi.
53
■■ Realize com os alunos uma análise da fonte histórica a seguir, O Hino ao
Nilo , sobre a importância do rio Nilo para os egípcios. Esse hino foi escrito
por um egípcio que viveu durante o período do Médio Reino. Após o texto,
apresentamos sugestões de questionamentos.
Sugestão de atividade
O Hino ao Nilo*
Salve, ó Nilo, que sais da terra e vens dar vida ao Egito!... O que dá de beber ao
deserto e ao lugar distante da água...
O que faz a cevada e dá vida ao trigo para que ele possa tornar festivos os tem-
plos. Se ele é preguiçoso, então as narinas se tapam e todos ficam pobres. Se, por
isso, há um corte nas ofertas de alimentos dos deuses, então um milhão de homens
perece entre os mortais e pratica-se a avareza...
Mas as gerações de teus filhos alegram-se por ti e os homens te saúdam como um
rei, de leis estáveis, que chega na época própria e enche o Alto e o Baixo Egito. Sempre
que se bebe água, todos os olhos se voltam para aquele que dá em excesso os seus bens...
Se és muito lento para subir, são poucas as pessoas e suplica-se pela água do ano.
[...]
Quando o Nilo transborda, oferendas são feitas a ti, bois sacrificados a ti, gran-
des oblações são feitas a ti, engordam-se aves para ti, caçam-se leões no deserto
para ti, acende-se fogo para ti. E fazem-se ofertas a todos os outros deuses, como
se fazem ao Nilo, com superior incenso, bois, gado, aves e chamas...
Bem hajas, “Verdejante rio!” Bem hajas, “Verdejante rio!” Bem hajas tu, ó Nilo,
rio verdejante, que dás vida ao homem e ao gado!
In: CASSON, Lionel. O Antigo Egito. Trad. Pinheiro de Lemos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1983. p. 36.
*Título dado pelos autores
54
Capítulo
5
Objetivos
■■ Perceber que na África se desenvolveram importantes civilizações na Antiguidade.
■■ Compreender o significado de patriarcalismo e matriarcalismo.
■■ Verificar que, entre os povos africanos, existiu grande troca de influências cul-
turais.
55
produção de novos saberes pode ser efetivada através da formação, da atualização
e do compromisso dos educadores. Através desses requisitos, torna-se possível,
efetivamente, construir subsídios que resultem na reelaboração de uma história até
então negada e que, no âmbito do Brasil, faz parte de seus referenciais identitários.
MATTOS, Débora Michels. Extraído do site: <http://deboramichelsmatos.blogspot.com>. Acesso em: 3 fev. 2009.
Comentários e sugestões
Páginas 78 e 79
Página 80
■■ Assim como os cuxitas, outros povos formaram grandes e importantes civi-
lizações na África Antiga. Faça a leitura do mapa com os alunos, mostrando-
-lhes alguns desses reinos. Para complementar a análise do mapa, veja as
seguintes informações:
56
Axumitas
Povo Nok
Pode dizer-se que a gente de Nok vestia-se de contas. Veem-se, em algumas
terra cotas, encachos que deviam ser feitos de couro e miçangas. [...] Numerosos
eram os colares a lhes descerem do pescoço, e as argolas e as pulseiras a lhes en-
cherem os braços. [...]
Nas escavações, toparam-se contas de quartzo e estanho em abundância. O
quartzo era trabalhado em forma de cilindros, com a ajuda de sulcos abertos em
pedras muito duras. Cortava-se o cilindro em pequeninos e furavam-se as contas
assim obtidas com um instrumento de ferro.
Pois os homens de Nok conheciam o ferro. Desde a metade do primeiro milênio
antes de Cristo. É o que nos dizem os testes realizados, pelos métodos de radiocar-
bono, com elementos recolhidos de escavações na área coberta pela chamada cul-
tura de Nok, escavações nas quais se encontraram terracotas associadas a utensílios
de ferro, a restos de fornos, a pedaços de tubos pelos quais os foles sopravam o ar
para dentro das fornalhas, e a escória de minério. [...]
Para fundir o ferro, empregavam um pequeno forno de poço raso. Faziam no
chão um buraco arredondado, com pouco mais de meio metro de circunferência e
outro tanto de profundidade. Prolongavam para cima a cavidade com um muro
cilíndrico de barro, em cuja base abriam os orifícios para os tubos dos foles. Com
o ferro obtido, produziam lâminas, pontas para lanças e flechas, argolas para bra-
ços, pulsos e tornozelos.
SILVA, Alberto da Costa e. A enxada e a lança: a África antes dos portugueses. 3. ed. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 2006. p. 172-3.
57
Garamantes
O Norte da África foi habitado por uma diversidade de povos nômades e seden-
tários. Entre os primeiros, estão os berberes, que se deslocavam por regiões mon-
tanhosas e desérticas praticando a agricultura, o pastoreio e a criação de camelos.
Dos berberes descenderam outros povos não nômades, que se diferenciam pelos
seus costumes e modos de vida. Dos berberes que habitavam as regiões montanho-
sas — planícies setentrionais — descenderam os Mauris e os Númidas, que forma-
vam o grupo mais numeroso, e dos berberes que habitavam as regiões desérticas
descenderam os Garamantes.
Os garamantes organizavam-se em torno de uma autoridade política denominada
garama e, entre os séculos V a.C. e V d.C., formaram um importante reino no deserto
do Saara, mantendo o controle sobre as rotas comerciais que ligavam a costa Norte do
continente à região subsaariana e cobrando impostos de comerciantes e caravaneiros.
Uma grande contribuição do povo garamante foi o desenvolvimento de um sis-
tema de irrigação subterrânea denominado foggara. Esse sistema possibilitou as
práticas da agricultura em maior escala e da criação de animais em pleno deserto.
Esse sistema possibilitou ainda a produção e o comércio de produtos naturais como
uvas, figos, cevada e trigo.
Texto dos autores.
Reino de Gana
Para quem assim pensa, logo ali, ao norte do que viria a ser o núcleo do estado
de Gana, ter-se-ia desenvolvido, entre 800 e 300 a.C., um complexo sistema políti-
co — um estado incipiente ou, quando menos, uma poderosa chefia — a aglutinar
numerosas aldeias que acabaram, diante dos ataques dos nômades do deserto, por
se esconder e fortificar nas partes mais inacessíveis das escarpas. Pacificada a re-
gião, os habitantes das escarpas desceram dos esconderijos e estabeleceram aldeias
agrícolas nos oásis e no Sael. Com o desenvolvimento dessas e do comércio que
nelas se fazia, viria a surgir o reino, também soninquê, de Gana [...].
Segundo certas tradições [...] teriam sido cameleiros do deserto os fundadores
da primeira dinastia de Gana, a qual só fora substituída por uma linguagem sonin-
quê na época da hégira, após ter dado 22 reis ao país. [...]
Gana, como estado, possuía um núcleo coeso de poder, mas era, sobretudo, uma
enorme esfera de influência. Nele havia povos que respondiam diretamente ao rei
e outros que, sujeitos a seus sobas tradicionais ou a seus conselhos de anciães, ape-
nas se sabiam ligados ao caia-maga por vínculos espirituais, pelo dever militar e
pelo pagamento de tributos. As mais diversas formas de organização política con-
viviam dentro do reino, cuja frágil estrutura era quiçá permanentemente refeita
pela ação das armas, com cisões e acréscimos de súditos, e mantida pela divisão
dos povos em segmentos de nobres, homens livres, servos e escravos.
SILVA, Alberto da Costa e. A enxada e a lança: a África antes dos portugueses. 3. ed. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 2006. p. 274-7.
Página 83
■■ Explore com os alunos noções de duração do tempo histórico. Faça perguntas
como: Quando os cuxitas se estabeleceram na região da Núbia?; Qual foi o perío-
58
do de maior duração: o de domínio egípcio sobre a Núbia ou o de domínio cuxita
Página 86
■■ Sobre a escrita meroítica, comente que, apesar de em muito se aproximar
dos hieróglifos egípcios, era composta por 23 signos que representavam
consoantes, vogais e grupos silábicos.
■■ Caso julgue conveniente, para complementar o estudo da página, apresen-
te as seguintes informações aos alunos:
Sugestão de atividade
Preparação de prato típico africano
Objetivos
■■ Participar das etapas de preparação de um prato típico africano.
■■ Reconhecer a influência africana na culinária brasileira.
59
Vários pratos consumidos no Brasil têm origem africana. Entre eles, um
dos mais conhecidos é o cuscuz, originário da região do Magreb. Para pre-
parar este prato com os alunos, vocês vão precisar de alguns utensílios e
ingredientes. Veja.
Utensílios
■■ tigela ou outro recipiente ■■ tábua de madeira ■■ pilão
■■ frigideira ■■ faca ■■ assadeira
Ingredientes
■■ trigo para quibe ■■ azeite
■■ legumes variados (pepino, tomate, ■■ limão
pimentão verde, cebola) ■■ hortelã
■■ sal ■■ pinhões cozidos e descascados
Modo de preparo
■■ Em uma tigela, coloque o trigo e cubra com água quente. Deixe em repouso até
que a água seja completamente absorvida. Depois, coloque um pouco de azeite.
■■ Corte os legumes em cubinhos.
■■ Misture então, em uma saladeira, o trigo e os legumes picados.
■■ No pilão, amasse as folhas de hortelã com azeite, fazendo um molho.
■■ Na frigideira, refogue os pinhões já cozidos. Em seguida, junte-os à mistura
de trigo e legumes, acrescentando também um pouco do suco do limão.
■■ Para finalizar, tempere o prato com o molho de azeite e hortelã e um pouco de sal.
Atenção: essa atividade, se não for bem orientada, pode causar acidentes. É
importante que as etapas em que os alimentos precisam ser cortados ou levados ao
fogo sejam acompanhadas de perto.
Caso julgue que a turma não possui maturidade para manipular objetos cortantes ou
utilizar o fogão, realize você mesmo essas etapas.
6
Capítulo
Os fenícios
Objetivos
■■ Perceber que, por meio das relações comerciais, os fenícios tiveram um papel
fundamental no intercâmbio cultural entre vários povos da Antiguidade.
■■ Reconhecer que os fenícios desenvolveram um alfabeto que, por tornar a es-
crita mais simples, foi adaptado por outros povos antigos e serviu de base
para muitos alfabetos modernos, entre eles o da Língua Portuguesa.
■■ Identificar que a civilização fenícia se desenvolveu onde hoje é o Líbano.
O alfabeto fenício*
A invenção do alfabeto foi uma das maiores conquistas [dos seres humanos] em
todos os tempos.
60
O alfabeto que conhecemos hoje e com o qual escrevemos nossa língua teve
Comentários e sugestões
Páginas 94 e 95
61
[...] Barcos mercantes fenícios lançavam-se ao mar, com suas proas em forma de
cabeça de cavalo, enquanto navios de guerra tomavam a dianteira para patrulhar a
rota comercial. Essas [embarcações] de guerra, equipadas com remos para se apro-
ximar de barcos hostis e esporões com ponta de bronze para furar cascos, eram três
vezes mais rápidas, quando movidas à vela, do que os pesados navios mercantes
que protegiam. Em vez de permanecerem como escolta nas proximidades, as em-
barcações percorriam as vias marítimas, intimidando os piratas tentados pelos atra-
entes cargueiros fenícios.
Os fenícios lançavam frotas de navios mercantes, com o casco arredondado, o
que aumentava o espaço para a carga. [...] Para propulsão, os dois tipos de embar-
cação dispunham de um mastro e uma única vela quadrada. Em dias de calmaria
— comuns no verão mediterrâneo —, a tripulação podia baixar a vela, retirar o
mastro e pegar os remos. Originalmente, os remadores ficavam todos no mesmo
nível dentro do barco. Porém, à medida que os navios de guerra aumentaram de
tamanho, adotou-se um novo alinhamento para os remadores, a fim de aumentar
a potência e preservar o espaço. Nesse arranjo, os remadores sentavam-se em dois
níveis diferentes, com assentos alternados. Os navios com essa disposição foram
chamados de birremes. Séculos depois surgiram os trirremes, com três ordens de
remadores.
WOODHEAD, Henry (Dir.). Marés bárbaras: 1500-600 a.C. Trad. Pedro Maia Soares. História em revista. Rio de Janeiro:
Abril Livros, 1995. p. 101-2; 121.
■■ A fonte B é a fotografia de uma pedra com escrita fenícia, criada por volta
do ano 1000 a.C.
■■ A fonte C apresenta imagem de uma pedra com inscrições de letras latinas.
Página 96
■■ O cedro-do-líbano teve importância significativa para a sociedade fenícia.
Muito procurado por outros povos, como os egípcios, era comercializado e
transportado via mar Mediterrâneo. Esse transporte só foi possível por con-
ta da existência das embarcações fenícias, fabricadas também com a ma-
deira do cedro. Desde então, o cedro se tornou símbolo dessa sociedade.
O seu significado se estendeu, e em 1861, quando o Líbano ainda era parte
do império Turco-Otomano, passou a fazer parte da bandeira do Líbano. O
cedro é, pois, parte da identidade do Líbano, assim como o fora para os
62
fenícios. Apresente aos alunos a bandeira do Líbano, em seguida, peça pa-
Sugestão de atividade
O símbolo nacional do Líbano
Objetivos
■■ Ler e interpretar um texto.
■■ Conhecer o principal símbolo nacional do Líbano.
A bandeira do Líbano*
A bandeira atual do Líbano foi adotada em dezembro de 1943, pouco antes de
esse país se tornar independente da França. Sua bandeira foi criada com o intuito
de ser neutra, ou seja, de não se aliar a nenhum grupo religioso libanês.
Oficialmente as faixas horizontais vermelhas (superior e inferior) simbolizam
o sacrifício do povo libanês na luta pela independência. Porém, vermelho também
era a cor dos uniformes usados pela Legião Libanesa durante a Primeira Guerra
Mundial. Já a faixa branca, no centro da bandeira, representa pureza.
A árvore que se encontra no centro do pavilhão é o cedro-do-líbano, sendo ela
um símbolo da região desde a época dos fenícios. O cedro é também o símbolo da
comunidade cristã maronita, no Líbano.
A primeira vez que o cedro-do-líbano apareceu em uma bandeira foi em 1861,
quando o Líbano fazia parte do Império Turco-Otomano. Após a queda desse
império, o Líbano, em 1920, passou a ser um protetorado francês. Nessa época a
sua bandeira se tornou semelhante à da França (listras verticais tricolores de azul,
branco e vermelho), porém com o cedro-do-líbano no centro dela. O cedro sim-
boliza felicidade e prosperidade para o país.
A bandeira atual apresenta tanto o tronco quanto a folhagem na cor verde, há
uma variante em que o tronco é de cor castanha, no entanto, esta versão não é
reconhecida oficialmente.
RYAN, Siobhán (Dir.). Complete flags of the world. 4. ed. Londres: Dorling Kindersley, 2002. p. 176.
(Texto traduzido pelos autores).
*Título dado pelos autores
63
Respostas: a) Na Antiguidade, o cedro-do-líbano era uma mercadoria muito valiosa, pois sua
madeira de alta qualidade podia ser usada em vários tipos de construções. b) Oficialmente as
faixas horizontais vermelhas (superior e inferior) simbolizam o sacrifício do povo libanês na luta
pela independência. Porém, vermelho também era a cor dos uniformes usados pela Legião
Libanesa durante a Primeira Guerra Mundial. Já a faixa branca, no centro da bandeira, repre-
senta pureza. c) Porque essa árvore simboliza felicidade e prosperidade para o país.
Página 97
■■ Comente com os alunos que a forma de organização dos fenícios foi a cida-
de-estado e, portanto, a expressão “Fenícia” se refere ao conjunto destas
cidades-estado.
■■ Explore outros elementos da linha do tempo com os alunos. Faça perguntas
como: Qual foi a época de predomínio da cidade de Biblos?; Em que perío-
do Biblos foi dominada pelos egípcios?; Quantos anos duraram as guerras
entre romanos e cartagineses?
Páginas 98 e 99
Explorando a imagem
■■ Explore com os alunos os elementos apresentados no infográfico, incentivan-
do-os a observar os detalhes e associá-los com os conteúdos apreendidos
sobre a sociedade fenícia. Em seguida, peça que elaborem um texto sobre o
cotidiano estabelecido nos portos do mar Mediterrâneo, sobretudo o comércio
de produtos, as suas embarcações, pessoas que trabalhavam, estabelecimen-
tos instalados, entre outros aspectos.
Página 101
■■ Sobre a religiosidade fenícia, leia o texto a seguir.
[...] Embora o nome dos deuses variasse de cidade para cidade, uma tríade de
divindades prevalecia: um deus principal conhecido como El, Baal ou Melcarte;
uma deusa mãe-terra às vezes chamada de Astarote; e um deus jovem, com fre-
qüência filho de Astarote e geralmente chamado Adone, cuja morte e ressurreição
anual refletia o ciclo anual das estações.
Em todo o Mediterrâneo, os fenícios adoravam essas três divindades, em grandes
templos semelhantes àquele construído para Salomão, e em santuários ao ar livre
mais modestos, frequentemente situados em morros. De acordo com relatos israe-
litas e gregos, era costume em alguns templos que mulheres respeitáveis se prosti-
tuíssem em homenagem à deusa Astarote. E em Cartago, num santuário ao ar livre
chamado tofete ou “lugar do sacrifício”, crianças pequenas eram, às vezes, cremadas
para satisfazer as divindades.
WOODHEAD, Henry (Dir.). Marés bárbaras: 1500-600 a.C. Trad. Pedro Maia Soares. História em revista. Rio de Janeiro:
Abril Livros, 1995. p. 107.
Página 102
■■ Caso julgue conveniente, comente com os alunos que a escrita fenícia sofreu
grande influência da escrita egípcia. A técnica de escrever sinais represen-
64
tando os sons da fala era praticada pelos egípcios antes de os fenícios a
Ana Elisa
Uma das maiores dificuldades da escrita egípcia estava em saber
7
Capítulo
Os hebreus
Objetivos
■■ Perceber que a Bíblia é uma das principais fontes de estudo para a história
dos hebreus.
■■ Verificar que a história do povo hebreu é marcada por várias migrações.
■■ Perceber que a sociedade hebraica era patriarcal.
■■ Conhecer informações sobre o cotidiano em uma cidade hebraica, por volta
do ano 1000 a.C.
O mundo judaico*
Mundo judaico, o que se entende por tal expressão? Ela não tem muito que ver com
geografia. Claro, há um Estado judaico, o Estado de Israel, mas existem judeus em todos
os continentes. E o que todos eles têm em comum? São uma raça, como queriam os
nazistas (uma raça inferior, que tinha de ser exterminada)? Não, os judeus não são um
grupo fisicamente homogêneo, mesmo porque há judeus brancos e judeus negros (os
da Etiópia), não sendo pelas características físicas que sua identidade se afirma.
Mas, então, o judaísmo é uma religião? Sim, existe uma religião judaica, como
existe uma religião cristã e uma religião muçulmana, mas o judaísmo não pode ser
considerado apenas uma fé, pois muitos dos que se dizem judeus não são crentes
e nem seguem os preceitos da Torá e do Talmud.
O judaísmo significa, antes de tudo, a herança de uma longa história. Os ante-
passados dos judeus viveram situações semelhantes, quase sempre ameaçadoras:
foram perseguidos, tiveram de fugir dos locais onde moravam — muitos dos quais
vieram parar no Brasil e em outros países da América. Além desse passado comum,
eles possuem uma cultura singular, que inclui música, dança, poesia, teatro..., e às
vezes um idioma próprio, como é o caso do iídiche ou do ladino. Essas coisas de-
finem o modo de ser dessas pessoas, fazem com que elas se sintam próximas de
quem foi marcado por experiências semelhantes. [...]
SCLIAR, Moacyr. ABC do mundo judaico. São Paulo: Edições SM, 2007.
*Título dado pelos autores
65
Comentários e sugestões
O rei Davi fez de Jerusalém sua capital, e lá seu filho Salomão ergueu o Templo.
Ele foi construído para abrigar a Arca da Aliança, a suprema relíquia nacional e reli-
giosa de Israel, feita na época de Moisés e resgatada dos filisteus por Davi. O Templo
[...] acabou sendo reconhecido como o centro do mundo judaico. Foi destruído pelos
babilônios em 586 a.C., refeito em uma versão menor [por volta do] século V a.C., e
reconstruído em uma escala mais pródiga pelo rei Herodes, o Grande, no século I
a.C. O Templo foi finalmente destruído pelos romanos, em 70. [...]
66
Após a destruição do Templo de Herodes em 70, apenas o Muro Ocidental per-
Página 110
■■ Se julgar conveniente, para complementar o estudo da página, apresente as
seguintes informações sobre a Torá .
[O] Pentateuco é o conjunto de cinco livros que abre o que os cristãos chamam
de Antigo Testamento e que os judeus chamam de Torá, a “Lei” (fazem parte do
Pentateuco: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio). [...]
Apesar das mudanças feitas com o passar do tempo, a essência dessas narrativas
foi preservada. Após a queda dos reinos de Israel e Judá entre os séculos VIII e
VI a.C., quando milhares de judeus partiram para o exílio, surgiram as primeiras
traduções dos textos bíblicos para outras línguas. A partir daí, narrativas como as
do Gênesis escaparam das fronteiras da Palestina para o mundo.
A mais famosa dessas traduções foi feita por volta do século III a.C. para a língua
grega, o idioma mais influente na época. A tradução foi encomendada para a Bi-
blioteca de Alexandria, o mais importante centro cultural do período. [...] Essa
versão ficaria conhecida como Septuaginta, que ainda hoje é a base da Bíblia usada
pela Igreja Ortodoxa Grega. [...]
A primeira tradução [...] continha diferenças, a partir dos próprios nomes dos
livros do Pentateuco. No hebraico, o primeiro se chamava Bereshit (“No princípio”).
67
Na versão em grego foi renomeado de Genesis, que quer dizer “origem”. Shemôt
(“Nomes”, em hebraico), o segundo, virou Exodos, ou “saída”. O terceiro livro, cha-
mado Vaicrá (“Ele chama”) ou Sêfer Torat Cohanim (“Livro dos sacerdotes”), rece-
beu o nome de Levitikon (“Descendentes de Levi”). Bamibdar (“No deserto”), tam-
bém chamado de Humash Hapercudim (“Livro dos censos”), virou Arithmoi em
grego, ou Números em português. Por fim, Dvarim (“Palavras”) ou Misné Torá
(“Segunda Torá”) virou Deuteronomos (deutéros = segundo/nomos = lei).
Além da versão em grego, havia traduções para o aramaico, a língua corrente na
antiga Palestina na época do nascimento de Jesus. [Aliás, após a morte dele], novos
textos iriam ser escritos por seus seguidores. Dali em diante, os textos sagrados de
judeus e cristãos iriam se separar, e a Bíblia ganharia o que seria mais tarde chama-
do de Novo Testamento.
Cavalcante, Rodrigo. A criação da Bíblia. Aventuras na História, São Paulo: Abril, n. 28, dez. 2005. p. 35.
Página 111
■■ Explore a linha do tempo com os alunos. Faça perguntas como: Qual o pe-
ríodo de maior duração da história hebraica?; Em que período ocorreu a
divisão da Monarquia dos hebreus?; Quando teve início o Êxodo?; etc.
Página 112
■■ Para complementar o estudo da página, peça aos alunos que realizem a
atividade sobre os Dez Mandamentos.
Sugestão de atividade
Objetivos
■■ Ler e interpretar uma fonte primária.
■■ Perceber que alguns dos comportamentos condenados pelos Dez Mandamen-
tos são considerados crime no Brasil atualmente.
Leia o texto a seguir e responda às questões.
Os Dez Mandamentos
I ) Eu sou Javé, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da escravidão.
Não terás outros deuses diante de mim.
II ) Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que
há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da
terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, Javé, teu Deus,
sou Deus zeloso, que castigo a iniquidade dos pais nos filhos, até a ter-
ceira e quarta geração daqueles que me odeiam. E faço misericórdia a
milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos.
III ) Não pronunciarás o nome do teu Deus em vão; porque Javé não deixará
impune o que tomar o seu nome em vão.
IV ) Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e
farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado de Javé teu Deus; e
não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha [...].
V ) Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra [...].
68
VI ) Não matarás.
Página 116
■■ Se julgar conveniente, para complementar o estudo da página, explore com
os alunos o episódio do Cativeiro da Babilônia por meio do seguinte texto.
Em dezembro de 598 a.C. Nabucodonosor saiu da Babilônia uma vez mais para
batalhar no Ocidente. Sitiou Jerusalém, que três anos antes se tinha revoltado, e a
16 de março de 597 a.C. a cidade caiu. O rei Joaquim e muitos dos seus súditos
foram deportados para a Babilônia e Sedecias subiu o trono de Judá. Passados al-
guns anos, Sedecias revoltou-se também. Os babilônicos iniciaram um cerco a Je-
rusalém que durou mais de um ano. Finalmente, abriu-se uma brecha nas muralhas
no Verão de 587 a.C. (ou 586 a.C.) e a cidade rendeu-se um mês mais tarde apro-
ximadamente. É possível que grande parte de Jerusalém fosse destruída neste tempo
e muitos judeus deportados. Nabucodonosor nomeou governadores, mas houve
muitas rebeliões, que deram lugar a represálias posteriores por parte dos Babilôni-
cos e em 582 a.C.–581 a.C. este motivou novas deportações. Provavelmente Judá
foi anexado naquele tempo à província de Samaria.
ROAF, Michel. Mesopotâmia – e o Antigo Médio Oriente. Madri: Ediciones del Prado, 1997. p. 198-9.
69
Páginas 118 e 119
■■ O gráfico a seguir apresenta um panorama sobre o número de judeus no
mundo. Apresente-a aos alunos de modo a complementar o estudo das
páginas.
Acervo da editora
Fonte: PALMER, Martin; O’BRIEN, Joanne. O atlas das religiões: o mapeamento completo de todas as
crenças. São Paulo: Publifolha, 2008. p. 30.
8
Capítulo
Os persas
Objetivos
■■ Perceber que o Império Persa foi um dos maiores da Antiguidade.
■■ Verificar que o Império Persa era interligado por uma extensa rede de estradas.
■■ Verificar que os persas cobravam tributos de vários povos, como os egípcios,
indianos e babilônios.
■■ Compreender que o zoroastrismo, religião dos persas, exerceu profunda influ-
ência sobre as grandes religiões monoteístas da atualidade.
70
técnicas de governo, que fossem eficazes em enormes áreas, onde viviam povos
Comentários e sugestões
Os palácios persas em Persépolis [...] fornecem listas dos povos súditos dos reis
persas. Os seus representantes são retratados com as roupas características, trazen-
do as ofertas das respectivas regiões. Diferentes das representações egípcias e assí-
rias, os relevos persas mostram os súditos de pé e com um ar digno, conduzidos
pela mão para entregarem as suas ofertas. Existe aqui, uma concepção nobilística
do império [...]. Outra diferente, preservada por Heródoto, fornece as satrapias
organizadas por Dario e a avaliação do tributo de cada uma. [...]
SISTEGRAF; VIDELEC (Orgs.). Grécia: berço do Ocidente. Madri: Edições del Prado, 1996. p.129.
71
■■ A cópia do relevo — fonte C — representa a disputa entre dois deuses do
Império Persa, Ahura Mazda e Ahriman, respectivamente. Ambos estão po-
sicionados frente a frente, no centro da imagem, o que pode indicar equilíbrio
na disputa entre eles. As suas vestimentas se assemelham, diferenciadas
apenas pela cor, e tanto Ahura Mazda quanto Ahriman possuem barba, co-
roa, portam um cetro em uma das mãos e com a outra seguram um objeto
circular, o qual simboliza esta disputa. Esses deuses eram parte da crença
e da religiosidade dos persas e representavam o bem e o mal.
Página 126
■■ Com mais de mil anos de domínio, os medos contribuíram com seu legado
cultural para a antiga Pérsia. As informações a seguir versam sobre o legado
dos medos. Se julgar conveniente, para complementar o estudo da página,
apresente-as aos alunos.
À Pérsia deram aos medos a sua língua ariana, o seu alfabeto de 36 letras, a
substituição da argila pelo pergaminho, o extenso uso da coluna na arquitetura, o
seu código moral de escrupulosa economia em tempo e paz e ilimitada ostentação
em tempo de guerra, a sua zoroastriana religião dos deuses Ahura-Mazda e Arimã,
a sua família patriarcal e o casamento polígamo [...].
DURANT, Will. História da Civilização. 4. ed. Trad. Gulnara de Morais Lobato. São Paulo: Companhia Editora Nacional,
1957. v. 2. p. 58.
Página 127
■■ Explore a linha do tempo com os alunos. Faça perguntas como: Quanto
tempo durou o domínio medo?; Em quanto tempo o Império Persa expandiu
o seu domínio? etc. Em seguida, comente que a diversidade dos povos
conquistados no império foi fator significativo para seu auge, mas também
foi um dos motivos de sua decadência, pela dificuldade de se administrar e
de cobrar impostos de todos esses povos.
■■ Caso queria aprofundar a discussão sobre o Irã com os alunos, complemen-
te o conteúdo da página com o texto a seguir.
72
na região do Oriente Médio ao sul-oeste da Ásia. Em 1500 a.C., povos indo-arianos
Sugestão de atividade
Análise de Filme
■■ Sobre os confrontos entre persas e gregos, assista, com os alunos, se julgar
conveniente, ao filme 300 .
Objetivo
■■ Perceber que as produções cinematográficas com temas históricos devem ser
analisadas com cuidado.
O filme 300 — inspirado na graphic novel (romance gráfico) Os 300 de Es-
parta , de Frank Miller e Lynn Varley, de 1998 — aborda o episódio da batalha
das Termópilas (480 a.C.), que ocorreu no contexto das Guerras Greco-Pérsicas.
Relatada pelo historiador grego Heródoto, essa batalha deu-se quando o
grande exército persa, liderado pelo imperador Xerxes, combateu no desfiladei-
ro das Termópilas, na Grécia Central, um exército constituído por apenas 300
espartanos, que em razão de sua tenaz resistência, permitiram a reorganização
das forças militares gregas. Dessa maneira, os persas, já enfraquecidos após o
confronto nas Termópilas, foram finalmente derrotados pelos gregos na batalha
de Plateia, em 479 a.C.
73
Apesar de se basear em fontes históricas, o enredo do filme está longe de
abordar os personagens e os fatos de maneira fiel aos relatos de Heródoto.
Nesse sentido, deve ser assistido e analisado de maneira crítica. O filme, mes-
mo assim, pode ser visto como uma obra que desperta o interesse por temas
históricos e motiva os espectadores a buscar saber mais sobre seu conteúdo
em outras fontes.
Página 128
■■ Sobre a Estrada Real, apresente aos alunos as seguintes informações.
Página 130
■■ Leia o texto a seguir, que traz informações sobre o zoroastrismo, religião
persa que, apesar de politeísta, influenciou o judaísmo, cristianismo e isla-
mismo — as três religiões monoteístas da atualidade.
Uma grande parte dos conceitos encontrados tanto no Antigo como no Novo
Testamento origina-se diretamente do Zoroastrismo, embora a religião em si não
seja mencionada na Bíblia. Muitos dos reis da Pérsia mencionados no Antigo Tes-
tamento foram zoroastrianos. Entre estes estão Josias, Ciro, Artaxerxes, Assuero e
Dario. Os magos, homens sábios do Leste que vieram à manjedoura para ver o
recém-nascido Jesus, eram sacerdotes zoroastrianos. Embora muitas religiões an-
tigas tenham exercido influência sobre a religião do Antigo e do Novo Testamento,
o Zoroastrismo é a única que permanece viva [até] hoje.
74
Satã, conforme descrito e aceito na Bíblia, foi introduzido a partir do Zoroastris-
Os antigos chineses
Objetivos
■■ Reconhecer que os chineses desenvolveram uma das civilizações mais antigas
da humanidade.
■■ Identificar que a Muralha da China começou a ser construída na Antiguidade,
com o objetivo de proteger o território chinês contra ataques inimigos. Atual-
mente sua extensão é de aproximadamente sete mil quilômetros.
■■ Compreender que a Rota da Seda possibilitou as relações comerciais e os
intercâmbios culturais entre chineses e diferentes povos da Antiguidade.
■■ Reconhecer que muitas das invenções dos antigos chineses foram de grande
importância para o processo de transformação da História, e que várias delas
ainda são utilizadas em nosso cotidiano.
A China
[A China] tem uma cultura milenar. Seus grandes inventos revolucionaram o
mundo cultural e [industrial]. Basta citar dois exemplos em apoio a essa afirmação:
a tinta e a pólvora.
Segundo [alguns] historiadores, a China é o mais antigo país organizado em
Estado. Embora boa parte do território chinês se tenha desintegrado em diversos
momentos de sua história, como consequência de grandes conflitos, existe uma
continuidade ininterrupta desde o nascimento da civilização chinesa, há cinco mil
anos. Não há dúvidas de que o Estado chinês se consolidou entre 221 e 206 a.C.
Àquela época, o imperador [...] estabeleceu o sistema único de escrita por ideogra-
mas, ainda hoje utilizado, o qual permite que falantes de línguas diferentes leiam
os mesmos textos. Era um sistema muito complicado (e continua sendo), pois exis-
tem dezenas de línguas diferentes no território chinês. As pessoas de lugares afas-
tados não conseguem comunicar-se entre si, dada a grande variedade de dialetos.
Apesar da existência desses dialetos, a comunicação se faz por meio do mandarim
oficial. Em seu afã de consolidar o pensamento chinês, o imperador ordenou tam-
bém a queima de livros e a execução de muitos eruditos. [...]
75
Por volta de 220 a.C., a dinastia empreendeu uma obra monumental: a constru-
ção da Grande Muralha, para proteger-se da invasão dos hunos, obra gigantesca
que, com o trecho encontrado em 1998, atingiu 7 200 quilômetros de extensão. [...]
OTERO, Edgardo. A origem dos nomes dos países. Trad. Luciano Vieira Machado. São Paulo: Panda Books, 2006. p. 212-3.
Comentários e sugestões
76
■■ Pela análise da fonte C, podemos inferir que as mulheres chinesas da corte
Página 140
Página 141
■■ Explore a linha do tempo com os alunos. Faça perguntas como: Quanto
tempo durou o período Qin?; Sob o governo de qual imperador se iniciou a
construção da Muralha da China?; Qual o período de maior duração? etc.
■■ Caso queira complementar o conteúdo da página, comente com os alunos
que durante a Dinastia Shang, os chineses adoravam um deus supremo,
denominado Shang Ti, além de outros que representavam elementos da
natureza, como o Sol, a Lua, o vento, a chuva.
■■ Durante o período Qin, ocorreram mudanças na organização militar. O exér-
cito se profissionalizou, e os soldados passaram a receber treinamento e
pagamento pela prestação de serviços. Os guerreiros mais valentes, mesmo
aqueles de origem camponesa, começaram a receber lotes de terra como
prêmio pela sua atuação nos combates. Este fato representou uma grande
mudança em relação à propriedade da terra. Antes, a terra era de posse
exclusiva do Estado e, por isso, não podia ser comprada nem vendida. Ape-
nas os membros da nobreza, por sua posição social e econômica, recebiam,
por concessão do Estado, lotes de terra que deveriam ser cuidados e culti-
vados. A nova medida causou uma alteração na sociedade: possibilitou que
guerreiros de origem camponesa também fossem contemplados com lotes
de terra. A nova lei criou um grande descontentamento entre os membros
77
da nobreza, porque perderam o direito hereditário exclusivo sobre a posse
da terra.
■■ Indique aos alunos que há diversas grafias para as palavras de origem chi-
nesa. Isso ocorre porque a escrita chinesa é ideogramática e não alfabética,
como a escrita da Língua Portuguesa. Assim, uma mesma palavra chinesa
pode ser escrita, na forma latina, de várias maneiras. Por exemplo, a palavra
Chiá pode ser grafada também como Xiá , ou Hsia . Chin Huang Di pode ser
Ch’in Che Huang Ti ou Qin Shi Huangdi .
Página 142
■■ Entre 481 e 221 a.C., sete Estados rivais disputaram o domínio da China.
Para iniciar o estudo da página, apresentam-se as seguintes informações.
Página 143
■■ A Muralha da China é conjunto de diversas muralhas, construídas pelos chi-
neses ao longo dos séculos, utilizando as diferentes técnicas e matérias-
-primas disponíveis. A principal finalidade desse conjunto de muralhas era
defender o território chinês contra investidas de povos antigos do Norte da
Ásia, como os xiongnu e, séculos depois, os mongóis. Para tanto, foram
construídas muralhas onde os mantimentos ficavam armazenados e os mi-
litares ficavam abrigados. As passarelas elevadas permitiam o deslocamen-
to das tropas, interligando as torres. A Muralha da China perdeu sua função
militar de defesa no século XVII, quando o território chinês foi expandido mais
para o Norte. Atualmente, ela é um dos principais pontos turísticos da China.
Página 144
■■ Caso queira aprofundar o estudo sobre o hinduísmo, apresentado na página,
leia as informações do texto a seguir.
78
O hinduísmo destaca-se pela sua multiplicidade de formas e por ser extrema-
Página 147
■■ Sobre Confúcio, comente com os alunos que ele foi um importante pensador
do século VI a.C., e seus ensinamentos deram origem a uma escola filosó-
fica denominada Confucionismo. Se julgar conveniente, acrescente ao co-
mentário, as seguintes informações:
Confúcio não era deificado. Nenhum chinês lhe dirigia orações ou pedidos. Sua
passagem pela vida era, contudo, honrada pelos cidadãos, reverenciada por suas
contribuições à civilização chinesa.
O mestre pensador, que viveu cerca de 500 anos antes de Cristo, deixou como
legado uma sólida armadura moral à sociedade e um sistema de meritocracia efi-
caz, baseado em exames abertos a todos, que aconteciam exatamente nos espaços
a ele dedicados, os wen miao. Também valorizou o respeito aos genitores (chamado
de piedade filial) e o sentido profundo da educação, do altruísmo e da cortesia.
Todos se submetiam a esses ensinamentos, até o imperador, como sugere seu
título oficial de Filho do Céu. Mesmo reivindicando para si uma condição algo
divina, na verdade, a liturgia imperial não era uma religião nem estava ligada a
nenhuma em especial. [...]
JAVARY, Cyrille J-D. Um país, muitos credos. História Viva. São Paulo:
Duetto, n. 34, s/d. Edição Especial China. p. 19.
■■ Comente que a obra de Ban Zhao é muito importante não apenas pelo seu
conteúdo, mas também pelo fato de a escritora ser do sexo feminino. Na
79
China Antiga, a condição feminina não se assemelhava à masculina. À gran-
de maioria das mulheres não era permitido dedicar-se às atividades intelec-
tuais, ou seja, elas não tinham acesso à educação e, por isso, não sabiam
ler nem escrever. Além do manual de comportamento para as mulheres
chinesas, Ban Zhao escreveu poesias, tratados sobre a história da China,
matemática, astrologia etc. A partir de 106, foi conselheira da imperatriz
Deng, substituta do marido, o imperador He, que governou a China até 121.
Sugestão de atividade
Análise de Filme
■■ Sobre a vida de Sidarta Gautama, assista com os alunos, se julgar convenien-
te, ao filme O pequeno Buda .
Objetivo
■■ Promover o respeito pela diversidade religiosa.
O filme O pequeno Buda, do diretor italiano Bernardo Bertolucci, narra a his-
tória de um casal de Seattle, nos Estados Unidos, que recebe a visita de dois
monges budistas, vindos do Butão. Eles acreditam que o filho do casal é a reen-
carnação de Lama Dorje, mestre budista recentemente falecido. Após ser con-
vencido, o pai vai para o Butão com os monges e seu filho, a fim de descobrir se
o menino realmente é a reencarnação de Lama. Em paralelo à narrativa principal,
que se passa na década de 1990, o filme traz outra narrativa, que conta a histó-
ria do príncipe Sidarta Gautama, o Buda, que viveu na Índia no século VI a.C. O
pequeno Buda também traça um paralelo entre dois modos de vida muito distin-
tos, o ocidental e o oriental, focando o estranhamento do homem norte-america-
no com relação aos costumes do Butão, país milenar com forte tradição budista.
Filme de Bernardo Bertolucci. O pequeno Buda. 1993. EUA e Butão
Ficha Técnica
Título — O pequeno Buda
Diretor — Bernardo Bertolucci
Atores Principais — Keanu
Reeves, Ruocheng Ying, Chris
Isaak, Bridget Fonda, Alex
Wiesendanger
Ano — 1993
Duração — 140 minutos
Origem — EUA e Butão
80
Se julgar conveniente, comente isso com os alunos e apresente o texto a seguir.
10 Os antigos gregos
Capítulo
Objetivos
■■ Compreender o processo que levou à criação da democracia em Atenas.
■■ Conhecer as principais formas de governo nas cidades-estado gregas.
■■ Conhecer as principais atividades rurais realizadas na Grécia Antiga.
■■ Verificar a organização do espaço urbano de Atenas e conhecer as principais
instituições da democracia ateniense.
81
A invenção da cidade e do cidadão
É absolutamente impossível considerar de modo uniforme a vida do cidadão
grego como se poderia pensar em fazê-lo com o cidadão de qualquer país contem-
porâneo. De fato, na Antiguidade clássica, a Grécia não existia como entidade po-
lítica. Há uma comunidade grega de língua e de civilização, mas o território que
geograficamente corresponde àquilo que se nomeia Grécia é dividido em um gran-
de número de cidades, de porte e importância variáveis, completamente indepen-
dentes umas das outras e muito frequentemente rivais, a ponto de se afrontarem
em acirradas guerras. A cidade-estado (a pólis, em grego) é um verdadeiro peque-
no Estado independente, do qual um país moderno como Luxemburgo poderia
talvez fornecer uma ideia aproximativa. Assim, cada cidade-estado possui um re-
gime político próprio e instituições que variam consideravelmente de uma cidade
a outra, mesmo se em princípio não havia mais monarquia ou tirania na Grécia da
época clássica. Cada um desses Estados possui cidadãos, mas seus direitos e deve-
res não são forçosamente os mesmos conforme se está em Esparta, em Argos, em
Corinto ou em Atenas, para citar apenas alguns exemplos. [...]
As informações que possuímos sobre as cidades-estado estão longe de serem unâni-
mes. Quer se trate de fontes literárias ou arqueológicas, a documentação de que dispo-
mos é sensivelmente mais importante, embora ainda assim muito incompleta, para
Atenas, a mais prestigiosa, sobretudo na época clássica, das cidades-estado gregas — e
também a mais falante, graças aos muitos autores cujas obras chegaram até nós: histo-
riadores, oradores, dramaturgos, filósofos. Essas informações podem ser completadas
com dados arqueológicos, notadamente as inscrições descobertas no setor do centro
político, comercial e religioso da cidade, na Ágora e em seu entorno. [...]
MAFFE, Jean-Jacques. Trad. Ana Montoia. História Viva: grandes temas. São Paulo: Duetto, n. 3, s/d. Edição Especial. p. 17.
Comentários e sugestões
82
Comente com os alunos que tanto esta representação quanto a anterior foram
Página 159
■■ Explore a linha do tempo com os alunos. Faça perguntas como: Qual perío-
do da história da Grécia Antiga teve maior duração? Quando as moedas
passaram a ser usadas na Grécia? Em qual período a democracia foi implan-
tada em Atenas?
Página 160
■■ Caso queira aprofundar o estudo sobre o processo de formação das cidades-
-estado na Grécia, leia as informações.
83
gem grega, propícia à fragmentação, foi equivocada. Sugeriram-se fatores religiosos
(agrupamentos em torno de santuários ou túmulos monumentais), culturais e eco-
nômicos (passagem de uma economia baseada no cultivo de cereais, oliveiras e
vinhedos). Na verdade, todos esses fatores podem ter ao mesmo tempo influencia-
do o estabelecimento dessa nova forma de organização política, que não tardaria a
desenvolver-se em proveito do que se conhece como colonização grega. Pois o
movimento de expansão dos gregos no perímetro mediterrâneo, determinado ini-
cialmente pela necessidade de novas terras e pelo desejo de buscar metais e outras
matérias-primas de que a Grécia não dispunha, levou à criação, em menos de du-
zentos anos, de centenas de novas cidades-estado. Foi frequentemente a exploração
arqueológica de algumas delas (como Mégara Hiblaia, na Sicília, ou Metaponte, no
sul da Itália) que permitiu isolar as características próprias da cidade-estado, co-
munidade de “iguais” que dividiam a área urbana e seu território, preservando no
cerne daquela o espaço livre da ágora, lugar onde os cidadãos se reuniam para to-
mar em comum as decisões da cidade [...].
MOSSÉ, Claude. Dicionário da civilização grega. Trad. Carlos Ramalhete. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004. p. 60-1.
Sugestão de atividade
A educação espartana
Quando uma criança nascia, o pai não tinha direito de criá-la: devia levá-la
a um lugar chamado lesche. Lá assentavam-se os Anciãos [...]. Eles examina-
vam o bebê. Se o achavam bem encorpado e robusto, eles o deixavam.
Se era malnascido e defeituoso, jogavam-no no que se chama os Apotetos,
um abismo ao pé do [monte] Taigeto. Julgavam que era melhor, para ele mes-
mo e para a cidade, não deixar viver um ente que, desde o nascimento, não
estava destinado a ser forte e saudável...
Os filhos dos espartanos não [eram] domésticos, escravos ou assalariados.
Licurgo proibira-o. Ninguém tinha permissão para criar e educar o filho a seu
gosto. Quando os meninos completavam sete anos, ele próprio os tomava sob
sua direção, arregimentava-os [...] a um regulamento e a um regime comuni-
tário para acostumá-los a brincar e trabalhar juntos. Na chefia, a tropa punha
aquele cuja inteligência sobressaía e que se batia com mais arrojo. Este era
seguido com os olhos, suas ordens eram ouvidas e punia sem contestação.
Assim sendo, a educação era um aprendizado de obediência. Os Anciãos vi-
giavam os jogos das crianças. Não perdiam uma ocasião para suscitar entre
84
eles brigas e rivalidades. Tinham assim meios de escutar, em cada um, as dispo-
Página 162
■■ As Guerras Greco-Pérsicas, também chamadas de Guerras Médicas, foram
uma série de conflitos no século V a.C., envolvendo várias cidades gregas,
principalmente Atenas e Esparta, contra o Império Persa. Leia a seguir o
texto sobre algumas das consequências das Guerras Greco-Pérsicas, como
o fortalecimento da democracia em Atenas.
85
vitória dos hoplitas atenienses, [a batalha de] Salamina [em 480 a.C.] fora proeza
da frota construída por Temístocles e dos marinheiros, recrutados entre os cida-
dãos mais pobres, aqueles que não tinham recursos próprios para adquirir a panó-
plia [armadura] hoplítica. Como deveriam mais tarde lembrar o panfletário dito
Velho Oligarca e Aristóteles, essa vitória, fruto do empenho dos elementos mais
pobres do demos, daria a estes um peso cada vez maior na vida da cidade-estado e
contribuiria para o triunfo da democracia. As consequências, evidentemente, não
se fizeram manifestar logo. No entanto, menos de vinte anos após Salamina, as
reformas de Efialtes, retirando do velho conselho aristocrático do Areópago suas
prerrogativas e atribuindo-lhes à Boulé dos Quinhentos e à Helieia, sancionariam
o papel cada vez maior do demos na condução dos negócios da cidade, fundando
definitivamente a democracia ateniense.
MOSSÉ, Claude. Dicionário da civilização grega. Trad. Carlos Ramalhete. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004. p. 198.
Página 165
■■ Sobre a lei do ostracismo comente que essa medida não tinha caráter pu-
nitivo, e sim preventivo, pois os condenados ao ostracismo, após cumprirem
o período de exílio, podiam voltar e reaver seus bens e direitos políticos.
■■ Sobre as mudanças promovidas por Clístenes, comente, também, que ele
eliminou a divisão censitária entre os cidadãos, permitindo a todos a parti-
cipação nas magistraturas, no conselho do Bouleuterion e nos tribunais de
Helieia.
Página 166
■■ Sobre Aspásia de Mileto, leia o texto a seguir.
86
■■ Após a leitura do texto, comente com os alunos sobre a importância do
Página 167
■■ Sobre os vasos na Grécia Antiga, leia as informações a seguir.
Entre os vasos gregos, há um grupo de recipientes com uma forma muito carac-
terística e que foram utilizados em toda a Grécia ao longo dos tempos. A maior
Explorando a imagem
■■ Explore os elementos da imagem da página 167 com os alunos. Diga-lhes que
apesar de representar uma cena da Grécia Antiga, foi produzida no século XX
e, portanto, simula como seria parte do cotidiano dos atenienses. Chame a
atenção para a indumentária dos indivíduos, com trajes tipicamente gregos,
feitos de tecidos que lhes transpassavam o corpo. Alguns deles foram ador-
nados com tiaras no cabelo. A arquitetura do plano de fundo compõe o cenário
de Atenas. Neste espaço os homens, em primeiro plano, discutem assuntos
políticos. Comente com os alunos sobre quem participava destas discussões.
Como na imagem, apenas homens versavam sobre assuntos referentes à
democracia em Atenas e somente tinham participação aqueles que eram con-
siderados cidadãos. Para corroborar a análise da imagem, apresente aos
alunos as informações do texto a seguir.
87
11 Os antigos romanos
Capítulo
Objetivos
■■ Conhecer o processo que levou ao desenvolvimento da República romana.
■■ Identificar as principais formas de governo em Roma.
■■ Compreender o conceito de reforma agrária, tanto em Roma quanto na atualidade.
■■ Conhecer os motivos que levaram à crise do Império Romano.
O sóbrio romano
A carreira de Roma durou um milênio; naquela época, reunira ela o maior im-
pério jamais visto pelo mundo. Mas a extensão e a estabilidade do império não são
as únicas razões que levaram Roma a proclamar a sua grandeza. Há uma razão mais
permanente, que consiste no dom genial com que Roma soube sustentar e embe-
lezar as realizações intelectuais e culturais do mundo grego por ela conquistado,
espalhando-se por toda a Europa. A arquitetura, a arte, a literatura e a religião ro-
manas — tudo isso revelando a influência da Grécia — trazem a inconfundível
marca do poder e da segurança dos romanos. [...]
Uma palpável herança de Roma sobrevive nos restos de nobres estruturas constru-
ídas através dos séculos: o Panteon e o Coliseu, na própria [cidade de] Roma; os
imensos aquedutos espalhados por três continentes; as estradas que uniram todo o
império. Legado intangível e mais importante é o fato de que, transformando um
mundo fragmentado numa comunidade única, Roma estabeleceu padrões para ins-
tituições públicas, para a liberdade individual e um respeito à lei que ainda perdura.
O Império Romano foi construído pelas armas e pela diplomacia. [...] Roma
exigia tributo do império, mas dava muito em troca: a obediência à lei dentro dos
limites do império, [...] pronto intercâmbio de gêneros e de produtos, tolerância de
diferenças culturais inevitáveis dentro de um domínio tão vasto. Acima de tudo,
Roma incutia em todos os romanos, das províncias ou metropolitanos, uma cren-
ça positiva no destino da própria Roma. Essa crença, firmemente estabelecida nu-
ma época em que os deuses pagãos dominavam, sobreviveu à queda do poderoso
Júpiter e sustentou a Roma cristã. [...]
HADAS, Moses. Roma Imperial. Trad. Gulnara L. de Moraes Pereira; Iolanda Steidel de Toledo. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1983. p. 11. (Biblioteca de História Universal Life).
Comentários e sugestões
88
Vespasiani F(ílio) Avgvsto , que significa: “Do Senado e do povo romano para
Página 180
■■ Se julgar conveniente e queira complementar o estudo da página, comente
com os alunos que, para alguns estudiosos, a fundação de Roma se deve
aos etruscos. Sobre estas informações, leia o trecho a seguir.
[...] Não se conhecem os detalhes da fundação histórica de Roma, mas uma das
hipóteses é que Roma teria sido fundada [...] por chefes etruscos que teriam unido
numa única comunidade diferentes povoados de sabinos e latinos. Entre 753 a.C.
e 509 a.C., Roma cresceu, deixou de ser uma pequena povoação e transformou-se
numa cidade dotada de calçadas, fortificações e sistema de esgoto, tendo o latim
se consolidado como língua corrente. [...]
FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2007. p. 82. (Repensando a História).
89
Página 181
■■ Sobre os principais períodos destacados na linha do tempo, faça perguntas
aos alunos como: Qual período da história romana teve a duração mais lon-
ga?; Em qual período o Império Romano atingiu sua extensão territorial
máxima?; A invasão do império pelos povos germânicos ocorreu em qual
período? etc.
Página 182
■■ Comente com os alunos sobre alguns aspectos da mobilidade social na
Roma monárquica. Apesar de não pertencerem ao grupo dos patrícios, os
plebeus poderiam enriquecer com seu próprio trabalho, sobretudo graças a
atividades comerciais. A sua ascensão econômica, no entanto, não signifi-
cava a possibilidade de ampliar sua participação em assuntos públicos. Além
disso, havia os plebeus pobres que moravam em grande número em lugares
pequenos, sem acesso nem mesmo a banheiros.
Página 183
■■ Caso queira aprofundar o estudo sobre a escravidão em Roma, apresente
aos alunos as informações a seguir.
Nos campos ou nas cidades, o trabalho era realizado tanto por homens livres
como por escravos. Sem dúvida, a escravidão existia já no começo da República,
mas naquela ocasião o trabalho livre era predominante. Aceita-se [...] que com as
guerras de conquista empreendidas por Roma, a escravidão tenha aumentado con-
sideravelmente. Até o final da era romana a principal fonte de obtenção de escravos
foi sempre a guerra. Desde fins do século III a.C., a escravidão é atestada maciça-
mente na península Itálica e, no século I a.C., pode-se dizer que ela é generalizada.
Ainda assim, a mão de obra livre continuou existindo em Roma.
A condição de escravo variou muito de acordo com a época, em função de sua
origem, seu dono, sua atividade e, finalmente, segundo o meio em que vivia, rural
ou urbano. Tal como na Grécia, o escravo estava submetido à autoridade de seu
senhor, e sua condição obedecia mais ao direito privado do que ao direito público.
Como na Grécia, não existiu em Roma uma atividade que fosse especificamente
escrava. Isto quer dizer que o escravo não se definia pelo tipo de atividade que
realizava, mas sim como um indivíduo privado de liberdade.
O trabalho nas minas, reservado principalmente à mão de obra escrava por ser
mais penoso e difícil, é um fato recorrente em todos os lugares onde existiu a es-
cravidão na Antiguidade. [...]
Os escravos rurais, se comparados aos urbanos, tinham uma vida mais sofrida e
curta. A maior parte da massa dos trabalhadores não especializados que realizavam
as tarefas agrícolas nas médias e grandes propriedades vivia, sem dúvida, em con-
dições sub-humanas. [...] Por outro lado, existiam entre os próprios escravos rurais
alguns que gozavam de certos “privilégios” em relação aos demais. Tal era o caso
dos escravos especializados em alguma tarefa específica [...].
Nas cidades os escravos ou se ocupavam dos serviços domésticos ou da manu-
fatura e comércio. Quando o tráfico de escravos chegou ao auge no século I a.C.,
90
os cidadãos romanos possuíam muitos deles para serviços pessoais. Eram escravos
Página 185
■■ Sobre a reforma agrária em Roma, apresente aos alunos as seguintes infor-
mações.
91
Uma multidão de senadores [da oposição temendo as ações de Tibério Graco]
[...] invadiu o local dos comícios no Capitólio. [...] Foi um massacre, no qual Tibé-
rio e inúmeros partidários foram mortos. [...]
[Mesmo assim], a comissão agrária [...] prosseguiu com suas atividades, [agora
lideradas pelo irmão de Tibério: Caio]. [...]
[Como] tribuno da plebe, [em 123 a.C.], Caio fez votar uma lei em virtude da qual
o Estado distribuía mensalmente trigo a preço fixo e mais baixo que o de mercado
para os cidadãos romanos. [...] [Assim], Caio aliviava a miséria da plebe urbana.
[...] [O Senado mais uma vez contrário à reforma reagiu de forma agressiva,
perseguindo Caio e seus partidários]. Tentando a fuga, e em vias de cair nas mãos
de seus inimigos, Caio fez-se matar por um seu escravo. [...] Seguiu-se, [então],
uma violenta repressão, numa onda de prisões, processos e exílios.
CORASSIN, Maria Luiza. A Reforma Agrária na Roma Antiga. São Paulo: Brasiliense, 1988, p. 8-9; 46; 49; 54-55; 58; 72.
(Tudo é história).
Sugestão de atividade
Tempo de plantar, tempo de colher
O Brasil é um país de população predominantemente urbana. De acordo com
o Censo 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a grande
maioria da população brasileira, cerca de 81,2%, vive em áreas urbanas, restando
18,8% nas áreas rurais. Ainda assim, um dos principais problemas que enfrenta-
mos é a questão agrária, o que fica evidente pela frequência com que a mídia
noticia ocupações de fazendas, espaços públicos, estradas ou agências governa-
mentais por trabalhadores rurais sem terra, que reclamam a agilidade na imple-
mentação de uma reforma agrária. [...]
Ao mesmo tempo que a questão agrária ganhou evidência, tornou-se comum
atribuí-la a um padrão concentrador do acesso à terra que, deitando raízes no
nosso passado, deu origem ao chamado latifúndio – mais do que uma extensão de
terra, um sistema de dominação que estava na base do poder dos proprietários,
como um mecanismo de controle social, principalmente sobre aqueles que se en-
contravam no interior dos grandes domínios e de muitos que, mesmo estando
fora, com estes se relacionavam.
[...] A questão agrária tinha em sua base [nas décadas de 1940 a 1960] o arca-
ísmo do mundo rural, hoje ela é resultante dos próprios processos de moderniza-
ção da agricultura, e da sociedade brasileira de maneira mais ampla. A agricultu-
ra brasileira, ainda que não na sua totalidade, é vista nos dias atuais como um
setor dinâmico, altamente produtivo, internacionalmente competitivo, apontan-
do-se ao chamado agribusiness, o agronegócio, como um dos motores fundamen-
tais de nossa economia. A afirmação desse quadro, porém, não se deu sem uma
contrapartida social significativa.
GRYNSZPAN, Mario. Tempo de plantar, tempo de colher. Nossa História. São Paulo: Vera Cruz, ano 1, n. 9, jul. 2004. p. 28; 31.
92
Orientações para o professor
A distribuição de terras no Brasil
20%
(4 500 000
pequenas
propriedades)
45%
(45 000
latifúndios)
Acervo da editora
Minifúndios (propriedades com menos de 100 hectares)
Fonte: IBGE. Censo agropecuário, 2006.
Propriedades médias (entre 100 e 1 000 hectares)
Latifúndios (propriedades com mais de 1 000 hectares)
Página 186
■■ Sobre a Pax Romana, comente com os alunos que ela se caracterizou pelo de-
senvolvimento político, econômico e social do Império Romano e pela ausência
de grandes guerras, que eram muito frequentes no período republicano. No
entanto, não significou o fim dos conflitos armados. Guerras “menores” foram
travadas durante esse período em quase todas as regiões do império, principal-
mente para sufocar revoltas internas e impedir ataques estrangeiros. A Pax
Romana durou quase dois séculos, até a morte do imperador Marco Auréilo, em 180.
Página 187
Explorando a imagem
■■ A maquete da cidade de Roma apresentada na página 187 foi elaborada
pelo arquiteto italiano Ítalo Gismondi (1887-1974). Com dezessete metros
de diâmetro e representando edifícios em uma escala 1:250, esta obra foi
realizada entre os anos de 1933 e 1937. A maquete está exposta no Museu
da Civilização Romana, em Roma. Explore esta fonte com os alunos, apre-
sentando-lhes algumas informações.
93
Modelo de Roma no tempo de Constantino. Museu da Civilização Romana,
8
2 1
9
3
1. Fórum Romano: era a praça central, um local aberto onde barbeiros, pa-
deiros, peixeiros, entre outros, ofereciam seus produtos e serviços em
lojas ao longo da praça. No fórum também havia espaço para templos.
Ao seu redor ficavam escolas onde as crianças pequenas aprendiam a ler
e a escrever em latim e grego, além de cálculos e aritmética. Muitas crian-
ças pobres, entretanto, não tinham acesso à escola, aprendendo com
seus pais apenas o necessário para ajudar no sustento da família.
2. Moradias urbanas: as moradias refletiam as desigualdades nas condições
de vida de seus habitantes. Os mais ricos habitavam os domus, grandes
residências compostas por vários aposentos, pátios e canteiros com flores
e arbustos. A maioria da população pobre, por outro lado, morava nas
insulae, do latim, ilhas, que eram grandes blocos residenciais que tinham
até seis andares. Seus moradores viviam muitas vezes em condições pre-
cárias, em pequenos apartamentos, pouco arejados, sem banheiro ou co-
zinha. Por isso, muitos eram obrigados a usar fogareiros portáteis para
cozinhar e aquecer-se, vivendo o perigo permanente de incêndios, pois vários
andares, principalmente os superiores, eram construídos com madeira.
3. Circo Máximo: local onde ocorriam vários espetáculos, entre eles as cor-
ridas de biga.
4. Coliseu: anfiteatro onde aconteciam as lutas de gladiadores. Muitos desses
eventos eram promovidos por pessoas da sociedade, mas a maioria deles
era promovida pelo próprio governo imperial.
5. Termas de Trajano: nessas termas, além de banhos públicos, havia salas
de ginástica e salões, onde eram promovidos jogos e recitais de música,
que podiam ser frequentados, mediante pagamento. No entanto, havia as
termas em que tantos as pessoas ricas quanto as pobres, podiam tomar
banho nas banheiras coletivas de água fria ( frigidarium ), morna ( tepidarium )
ou quente ( calidarium ).
6. Aqueduto de Nero: uma das construções responsáveis pelo sistema de
abastecimento de água. Porém, somente os mais ricos tinham acesso à
água encanada em suas casas. A maioria da população era obrigada a
recorrer às diversas fontes distribuídas pela cidade.
7. Templo de Cláudio: local dedicado ao culto imperial.
8. Teatro de Marcelo: local onde eram realizadas as apresentações teatrais
como as tragédias e as comédias.
9. Templo de Vênus e Roma: local reservado à adoração dos deuses.
94
Páginas 189 e 190
Página 191
■■ Comente com os alunos que, apesar de chamados de “bárbaros” pelos romanos,
optou-se pelo uso do termo “povos germânicos”, uma vez que o primeiro tem
uma conotação negativa. Bárbaro, para os romanos, eram aqueles que não
falavam o latim, eram “incultos e não civilizados”. Chame a atenção dos alunos
para o fato de que foram justamente esses povos “bárbaros” que tiveram a
habilidade de se integrar, lentamente, aos costumes do Império Romano. Co-
mente também que, durante muitos anos, esses povos conviveram pacifica-
mente com os romanos, estabelecendo diversas alianças familiares e culturais.
12 A cultura clássica
Capítulo
Objetivos
■■ Compreender o que significa a expressão cultura clássica.
■■ Identificar os elementos da cultura clássica que ainda estão presentes em
nosso cotidiano.
■■ Compreender as diferenças entre mito e filosofia.
■■ Conhecer alguns princípios do Direito Romano.
95
A presença no Ocidente
[...] Os conceitos com que os gregos percebiam o mundo atingiram outros povos,
e a razão é clara: os gregos foram os que mais influíram sobre os romanos, que por
sua vez foram aqueles que diretamente mais influenciaram o Ocidente. Não se
trata de lembrar quão intensamente o Ocidente é latinizado, mas de ressaltar, nes-
se modo indireto, quão profundamente Roma foi helenizada.
A helenização de Roma é o primeiro e o maior capítulo da história do legado
grego em terras do poente, e foi tão profunda, que constitui, ela mesma, um capí-
tulo especial desse fenômeno histórico e historiográfico da aculturação, da delibe-
rada opção de um “país”, em dado momento, acolher a cultura de outro, [...] os
romanos, vencedores, acolheram a cultura dos gregos vencidos. A consciência que
eles mesmos tinham do fenômeno verifica-se pelo notório verso de Horácio
(65-8 a.C.), [...] “A Grécia conquistada conquistou o feroz vencedor, e as artes in-
troduziu no Lácio rústico”. [...]
Percebe-se assim que a influência grega em Roma e no Ocidente não se mate-
rializou apenas num ou noutro hábito, numa ou noutra prática [...], mas nas con-
cepções mesmas com que os objetos do mundo são percebidos. [...]
[...] Poesia, [...] história, geografia, filosofia, retórica, sofística, filologia, gramática, [...]
todas essas matérias, genericamente falando, ou todas essas palavras são gregas, como são
astronomia, física, mecânica, química, matemática, arquitetura, aritmética e outras.
A bem dizer, a concepção segundo a qual nada há no Universo que não valha a
pena ser estudado, e que por isso vem repartido, por assim dizer, em disciplinas,
que incluem as letras, deve-se à filosofia de Aristóteles. Ao lado da poesia e de al-
gumas outras matérias, a filosofia, e nela principalmente Platão [...] e Aristóteles,
será um dos objetos mais importantes da influência grega em Roma e no Ocidente.
OLIVA NETO, João Angelo. A presença no Ocidente. Biblioteca EntreLivros. São Paulo:
Duetto, n. 1, s/d. Edição especial. p. 92-4.
Comentários e sugestões
Certa vez a tartaruga desafiou a lebre para uma corrida. As outras tartarugas
riram da cara da pobrezinha:
— Você está maluca? Apostar corrida com o bicho mais veloz da mata? Você vai
perder, e feio!
Mas a tartaruga não se deixou abater:
— Deixe estar, deixe estar.
No dia marcado, a lebre e a tartaruga se aqueceram e o macaco deu o tiro de
largada. Sob aplausos das torcidas, começou a corrida do século. Em menos de um
minuto, a lebre já estava tão longe que resolveu tirar uma soneca.
96
— A tartaruga vai demorar uma vida para chegar aqui. Só que aí aconteceu o
■■ A fonte B apresenta escultura de Afrodite, deusa grega do amor. Ela foi repre-
sentada seminua, em posição frontal, com o rosto levemente inclinado para o
lado. As vestes que lhe cobrem apenas a parte de baixo do corpo compõem
o sentido de beleza e sensualidade. Comente com os alunos que, segundo a
Página 202
■■ Comente com os alunos que o monte Olimpo está localizado na Grécia e é
o ponto mais alto do país, com aproximadamente 2917 metros. Na mitologia
grega, o monte Olimpo era considerado a morada dos deuses, onde eles se
reuniam para festejar ou para decidir sobre o destino da humanidade.
97
Sugestão de atividade
■■ Auxilie os alunos a identificar os deuses da mitologia grega. O afresco
Olimpus , do artista italiano Luigi Sabatelli, foi pintado entre os anos de 1819
e 1825. Nessa pintura estão representados cerca de vinte deuses do Olim-
po . O afresco está localizado na abóbada da Sala da Ilíada, no Palácio
Pitti, que fica na cidade de Florença, na Itália. Para explorar essa fonte com
os alunos, apresente a eles as informações a seguir.
■■ Ainda sobre esse assunto, comente com os alunos que os romanos foram
muito influenciados pela mitologia grega. Leia o texto.
Foram [...] os etruscos que facultaram a Roma o seu primeiro contato impor-
tante com os deuses e deusas gregos, muitos dos quais, com o tempo, foram
virtualmente adotados pelos romanos sem modificação alguma. Júpiter passou
a ser sinônimo de Zeus, o deus-pai dos gregos. Afrodite [deusa do amor] tornou-
-se sem esforço a radiante e formosa Vênus. Do mesmo modo, Juno passou a ter
os atributos de Hera, a deusa grega das mulheres e do casamento; Marte, os de
Ares, deus da guerra; Mercúrio, os de Hermes, mensageiro de deus; Diana, os
de Ártemis, deusa da caça; Minerva, os de Atena, deusa da sabedoria. Alguns
dos deuses gregos, especialmente Apolo, entraram no panteão de Roma sem ao
menos trocar de nome.
HADAS, Moses. Roma Imperial. Trad. Gulnara L. de Moraes Pereira; Iolanda Steidel de Toledo. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1983. p. 124. (Biblioteca de História Universal Life).
98
Na [Grécia Antiga], o espírito de competição e o ideal esportivo adquiriram uma
Página 203
■■ Sobre os períodos da filosofia grega, veja as seguintes informações.
Pode-se perceber que os dois primeiros períodos da filosofia grega têm como
referência o filósofo Sócrates de Atenas, donde a divisão em filosofia pré-socrática
e socrática. [...]
Os quatro grandes períodos da filosofia grega, nos quais seu conteúdo muda e
se enriquece, são:
1. Período pré-socrático ou cosmológico, do final do século VII ao final do
século V a.C., quando a filosofia se ocupa fundamentalmente com a origem
do mundo e as causas das transformações na natureza.
2. Período socrático ou antropológico, do final do século V e todo o século
IV a.C., quando a filosofia investiga as questões humanas, isto é, a ética e a
política e as técnicas (em grego ântropos quer dizer homem; por isso o perí-
odo recebeu o nome de antropológico).
3. Período sistemático, do final do século IV ao final do século III a.C., quan-
do a filosofia busca reunir e sistematizar tudo quanto foi pensado sobre a
cosmologia e a antropologia, interessando-se sobretudo em mostrar que tudo
pode ser objeto de conhecimento filosófico, desde que as leis do pensamen-
to e de suas demonstrações estejam firmemente estabelecidas para oferecer
os critérios da verdade e da ciência.
4. Período helenístico ou greco-romano, do final do século III a.C. até o sécu-
lo VI depois de Cristo. Nesse longo período, que já alcança Roma e o pensa-
mento dos primeiros padres da Igreja, a filosofia se ocupa sobretudo com as
questões da ética, do conhecimento humano e das relações entre o homem e
a natureza e de ambos com Deus.
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 12. ed. São Paulo: Ática, 2002. p. 34-35.
Página 204
■■ Comente com os alunos que a política do pão e circo era uma forma de o
governante promover sua própria imagem e tentar manter a população sob
99
controle, evitando reivindicações e revoltas. Aproveite o momento para des-
pertar o senso crítico dos alunos. Indague-os sobre o que pensam a respei-
to de uma medida como esta, levando-os a refletir sobre possíveis soluções
para sanar o problema da miserabilidade em que se encontrava grande
parte da população de Roma.
Página 205
Sugestão de atividade
Análise de Filme
■■ Sobre o modo de vida dos gladiadores, assista com os alunos, se julgar con-
veniente, ao filme Gladiador .
Objetivo
■■ Perceber que as produções cinematográficas com temas históricos devem ser
analisadas com cuidado.
A história deste filme se passa no Império Romano, no ano 180, o último do
governo do imperador Marco Aurélio, e tem como principal cenário o Coliseu.
Os personagens do filme, em sua maioria, realmente existiram e tiveram impor-
tante participação nesse período da história romana.
O diretor Ridley Scott, no entanto, tomou a liberdade de alterar vários fatos e
mudou o destino de alguns personagens. Nas primeiras cenas desse épico, po-
demos observar uma batalha de tropas romanas contra os “bárbaros” na Germâ-
nia. Vemos também o personagem de Marco Aurélio demonstrando seu desejo,
antes de morrer, de restabelecer a República e de restituir o poder dos senadores.
Além disso, vários elementos do cotidiano da vida de um gladiador são apre-
sentados no filme, como o treinamento, a alimentação, as relações entre senhor
e escravo, as armas e as técnicas de luta.
Filme de Ridley Scott. Gladiador. 2000. EUA
Ficha Técnica
Título — Gladiador
Diretor — Ridley Scott
Atores Principais —
Russell Crowe, Joaquin
Phoenix, Richard Harris
Ano — 2000
Duração — 154 minutos
Origem — EUA
Página 207
■■ Caso queira complementar o estudo da página sobre a literatura latina, leia
para os alunos as seguintes informações.
Virgílio foi o grande poeta épico latino, tendo composto, na época do imperador
Augusto (século I a.C.) a Eneida, um poema que contava as origens heróicas do
povo romano, descendente dos troianos. Na mesma época, Tito Lívio escrevia uma
100
monumental História de Roma, desde a fundação até Augusto. Em ambos os casos,
Página 209
■■ O texto a seguir traz informações sobre Sextus Julius Frontinus, que admi-
nistrava os aquedutos que abasteciam Roma, no século I. Se julgar interes-
sante, apresente essas informações aos alunos.
Ser administrador geral do departamento de águas talvez não fosse o cargo mais
charmoso da hierarquia romana, mas como curator aquarum do final do século I,
Sextus Julius Frontinus reconheceu que seu trabalho era importante “não só para
o conforto, mas também para a saúde e até a segurança da cidade”. Além dos escri-
bas e assessores técnicos, ele liderava uma equipe de 700 pedreiros, encanadores e
outros operários. Os vazamentos nos nove aquedutos que traziam a Roma a água
fresca das montanhas mantinham seus homens sempre ocupados, assim como o
101
combate às tentativas ilegais de canalizar água diretamente dos suprimentos públi-
cos. “O suprimento público fica paralisado”, queixava-se Frontinus, “por causa dos
cidadãos particulares que querem regar seus jardins”. Os canais revestidos de ci-
mento que traziam água para Roma percorriam a maior parte de sua rota sob a
terra: dos 435 quilômetros de aquedutos que Frontinus administrava, apenas cerca
de 65 corriam na superfície. Dentro da cidade, os aquedutos iam dar em tanques,
de onde a água era distribuída através de uma miríade de canos de chumbo, para
as fontes, os banhos públicos e as casas dos ricos. Por um sistema complexo de si-
fões, a água chegava até os edifícios no monte Capitolino e outras colinas. O con-
trole rigoroso de Frontinus permitiu-lhe quase dobrar o suprimento público, e ele
se vangloriava de que “nem mesmo a água servida é perdida”: aproveitava-a para
limpar os esgotos e as latrinas públicas, antes de despejá-la no rio Tibre.
FLEMING, Fergus. A evolução das cidades. Trad. Isa Mara Lando. Rio de Janeiro: Abril Coleções, 1996. p. 50.
(História em revista).
Página 210
■■ Comente com os alunos que a Lei das Doze Tábuas representou o registro
de uma tradição de leis que até meados do século V a.C. eram orais. Por
serem muito interpretativas, geralmente favoreciam a elite. A criação da Lei
das Doze Tábuas significou, portanto, uma conquista da plebe e o primeiro
passo no desenvolvimento do direito romano.
102
Orientações para o professor
Respostas das atividades
1
bido, por exemplo, pelo envelhecimento das
Capítulo
3 Exemplos de fontes históricas são: jornais, livros, 8 Os alunos devem observar, no infográfico que se
cartas, diários, letras de música, histórias em encontra na página 15, as seguintes informações
quadrinhos, pinturas, fotografias, filmes, mapas, referentes aos elementos que compõem uma
moedas, vasos, joias, esculturas, relatos orais linha do tempo: descrição dos períodos: breves
(como as histórias contadas por nossos avós) etc. textos que descrevem as principais caracterís-
ticas dos períodos representados; barras de
4 Porque os historiadores, quando estudam deter- periodização: são utilizadas para indicar a du-
minada sociedade, podem interpretá-la de dife- ração de cada um dos períodos representados
rentes maneiras. Dependendo de sua concep- na linha do tempo; eixo cronológico: indica o
ção, métodos e das fontes de que dispõe, o sentido linear da passagem do tempo, é indica-
historiador pode dar ênfase, por exemplo, a do por uma linha com uma seta; acontecimen-
aspectos políticos, econômicos ou culturais. tos de curta duração: são indicados por pontos
A ênfase em um ou mais desses aspectos possi- na linha do tempo. Esses fatos, muitas vezes,
bilita ao historiador construir sua própria inter- representam momentos de ruptura.
pretação histórica a partir do enfoque escolhido
9 Não. Porque ela adota uma periodização que
por ele e da documentação analisada.
valoriza os acontecimentos do mundo ocidental,
5 São considerados sujeitos da história todas as mais especificamente da Europa. Essa linha do
pessoas que, individualmente ou em grupo, tempo não serve, por exemplo, para periodizar
participam do processo histórico. a história dos países orientais como o Japão, a
China e a Índia.
6 Existem diferentes maneiras de se compreender
o tempo. Uma dessas formas é o chamado 10 Os arqueólogos são profissionais responsáveis
tempo da natureza, que é o tempo que não pela escavação, catalogação, pesquisa e inter-
depende da vontade humana e pode ser perce- pretação dos vestígios arqueológicos. Esse
103
trabalho colabora para a construção do conhe- Epigrafia (interpretação das inscrições), da
cimento histórico, pois aumenta as informações Numismática (estudo das moedas) e da Pa-
que os historiadores possuem sobre as socie- pirologia (estudo dos papiros egípcios e
dades que viveram no passado. greco-romanos).
11 Sítio arqueológico é o local onde são feitas es- 15 a ) Essa fonte histórica é uma pintura. Se julgar
cavações por arqueólogos. necessário, comente com os alunos que a
pintura é uma fonte imagética ou iconográfica.
12 a ) O antropólogo estuda o ser humano em seus
aspectos físicos e culturais, desde a sua b ) O nome dessa obra é Água (conforme consta
evolução biológica até sua formação cultural. no crédito da imagem, na lateral dela).
b ) O filósofo estuda as impressões dos seres c ) Essa obra foi produzida por João José Rescala.
humanos sobre o mundo, ajudando na com- d ) Essa imagem foi produzida por volta de 1943.
preensão das ideias e dos anseios das pes- e ) Analisando essa fonte, é possível descobrir
soas de determinadas épocas. que tipo de roupa eles usavam (roupas sim-
c ) O sociólogo estuda as sociedades humanas ples, sem sapatos, de chapéu ou lenço na
e as relações que se estabelecem entre os cabeça), a sua fisionomia (de tez morena,
indivíduos e os diversos grupos sociais. olhar compenetrado), a forma como conse-
d ) O geógrafo estuda as transformações que guiam água (indo até um poço), a forma
ocorrem no espaço terrestre, tanto aquelas como trabalhavam (ao lavar roupas e trans-
causadas por fenômenos naturais quanto as portar água), o formato da casa e do abrigo
que são realizadas pelos seres humanos. que eles utilizavam (ao fundo da imagem), a
paisagem em que habitavam (de chão seco,
13 Resposta pessoal. Estimule os alunos a refletir com ausência de vegetação) etc.
sobre os assuntos tratados nesse capítulo para
f ) Resposta pessoal. Se possível, promova entre
imaginar o que eles esperam aprender nas aulas
os alunos um momento para compartilharem
de História durante o ano letivo.
suas experiências.
Expandindo o conteúdo 16 a ) Os alunos devem atentar para aspectos que
14 a ) De acordo com o texto, fazem parte da cultu- diferenciam uma época da outra, como o
ra da humanidade os seguintes temas histó- estilo dos penteados, das roupas e dos aces-
ricos: o desenvolvimento das sociedades, a sórios e a tecnologia, além das diferenças
transmissão do conhecimento e da cultura, a entre as máquinas fotográficas de cada fonte.
construção e sucessão das civilizações e os b ) Entre 1873 e 2004 a máquina fotográfica re-
acontecimentos anteriores aos fatos atuais. duziu bastante de tamanho, e a imagem
b ) A origem do termo historía é grega, e seu passou a ser gravada digitalmente, não mais
significado é “conhecimento por meio da de modo analógico.
indagação ou investigação”. c ) A segunda frase. Explique aos alunos que a
c ) Antigamente, ensinava-se História do Brasil segunda frase denota a permanência do
sem conexão com a História mundial. Hoje, hábito de tirar fotos, mas uma grande trans-
as duas são ensinadas simultaneamente. formação em diversos aspectos das câmaras
d ) Fonte histórica é tudo o que permite recons- fotográficas.
tituir os acontecimentos e as formas de vida
do passado. No Brasil
e ) Alguns exemplos de fontes materiais: monu- 17 a ) No mês de janeiro, os povos do Xingu colhem
mentos, vestígios arqueológicos, documen- milho.
tos etc. Alguns exemplos de fontes imateriais: b ) No mês de abril, os povos do Xingu realizam
tradições, costumes, lendas e mitos. pescaria.
f ) Para os estudos de História Antiga, podem c ) Estimule os alunos a relacionar as atividades
contribuir as ciências da Arqueologia, da dos indígenas com o tempo da natureza;
104
associando, por exemplo, a época boa para E com seus professores? E com seus colegas?”;
Capítulo
atividades colocar no calendário, pode-se
utilizar as sugestões que estão no livro do
A origem do ser humano
aluno. Uma outra sugestão seria citar os
Exercícios de compreensão
meses em que ocorrem festividades de que
eles gostem, como o Natal e a Páscoa, além 1 Resposta pessoal. Oriente os alunos a apresen-
105
6 O domínio do fogo permitiu que nossos ancestrais Neolítico. A família representa a ligação perma-
cozinhassem os alimentos, se mantivessem nente entre os pais e seus filhos, envolvendo
aquecidos em regiões frias e se defendessem proteção, divisão do trabalho, a aquisição e
contra o ataque de predadores. transmissão de propriedades, e a conservação
de crenças e costumes transmitidos às novas
7 No período Paleolítico, os alimentos eram obtidos
gerações.
por meio da caça, da pesca e da coleta de frutos,
folhas e raízes. Havia uma divisão sexual do tra- A religião é a expressão da crença em uma força
balho: as mulheres coletavam frutos, folhas e raí- superior, manifestada por meio de cerimônias
zes e cuidavam das crianças, enquanto os homens em que os participantes cumpriam sacrifícios e
eram encarregados da caça e da procura de rituais para manter a ocorrência de alguns fenô-
animais mortos para a alimentação do grupo. menos naturais como as chuvas. O Estado foi
criado com a função de organizar a sociedade
8 Resposta pessoal. Espera-se que os alunos res- em um determinado território, instituindo um
saltem as teorias defendidas por alguns estu- governo próprio que regulasse atividades impor-
diosos, os quais acreditam que havia uma certa tantes, como a agricultura e a guerra.
especialização do trabalho já no período Paleo-
14 Resposta pessoal. Oriente os alunos a analisar o
lítico. Essa hipótese é reforçada graças a gran-
de variedade de instrumentos e objetos encon- infográfico das páginas 38 e 39, antes de iniciar
trados em sítios arqueológicos desse período. a elaboração do texto.
Entre esses instrumentos estão anzóis, arpões
e agulhas. Expandindo o conteúdo
A arte é um outro exemplo dessa especialização, 15 a ) Segundo a teoria evolucionista, existem ligei-
pois as pinturas encontradas no interior de ca- ras diferenças em peso, altura, cor e outras
vernas são tão aprimoradas que só poderiam características entre os membros da prole.
ter sido produzidas por artistas especializados. Surgem, assim, novas variações a cada ge-
ração.
9 Um exemplo de crença paleolítica são as cerimô-
b ) Seleção natural é um dos tópicos da teoria
nias fúnebres. Quando morria uma pessoa, havia
evolucionista, que afirma que certas carac-
um ritual em que os outros membros do grupo
terísticas de acomodação ou adaptação de
preparavam uma cova enfeitada com flores e
um ser vivo no meio ambiente podem aumen-
enterravam cuidadosamente o morto, junto com
tar sua probabilidade de viver e de se repro-
seus objetos pessoais mais importantes.
duzir, não correndo o risco de sua espécie
10 Os alunos devem apresentar no fichamento as desaparecer.
informações presentes no mapa Hipóteses de c ) As características vantajosas são preservadas
povoamento da América , que se encontra na por meio da hereditariedade, ou seja, da
página 34. transmissão das características vantajosas
para os descendentes.
11 Niéde Guidon defende a hipótese de que vários
grupos humanos chegaram à América em dife- d ) O principal fator para o surgimento e desapare-
rentes épocas, percorrendo diversos caminhos, cimento de espécies é a adaptação às trans-
e que os primeiros grupos humanos aqui che- formações que ocorrem no meio ambiente.
garam há pelo menos 50 mil anos. 16 a ) A pintura A representa uma atividade paleolí-
12 A sedentarização foi o processo em que os seres tica, que é a caça.
humanos passaram a se fixar em um determina- b ) A pintura B representa uma atividade neolítica,
do lugar, praticando a agricultura e a criação de que é o pastoreio de animais.
animais, formando as primeiras aldeias e aban-
17 a ) A pergunta permite vários exemplos, dois
donando a vida nômade que levavam até então.
deles são: lhama e peru, de origem america-
13 A família, a religião e o Estado são três instituições na; galinha e camelo bactriano, de origem
que começaram a ser desenvolvidas no período asiática.
106
b ) Oriente os alunos a criarem, no caderno, uma Esses grupos humanos foram os primeiros a utili-
3
Capítulo
107
A maior parte da sociedade era formada por tra- 10 A técnica cuneiforme de escrita consistia em
balhadores livres, como camponeses, soldados gravar sinais em plaquetas úmidas de barro com
e artesãos. Esses viviam em condições de po- um instrumento de bambu. Após serem grava-
breza e tinham que pagar impostos ao governo. das, as plaquetas eram expostas ao Sol para
Além disso, havia os escravos, geralmente pri- secar e, depois, colocadas em um forno para ser
sioneiros de guerra ou pessoas que não conse- cozidas e ganhar resistência.
guiram pagar suas dívidas, perdendo assim sua
11 A escrita era importante para os mesopotâmios
liberdade.
porque facilitava o controle da produção e do
6 No campo, os principais trabalhos realizados estoque de alimentos, dos rebanhos e de pro-
eram os cultivos de trigo e de cevada, além do dutos têxteis e, também, possibilitava o registro
cultivo do gergelim, do qual se extraía um óleo da contabilidade dos templos e dos palácios
utilizado na alimentação e na iluminação. reais. Além disso, a escrita permitia o registro
Também era praticada a atividade pecuária, como de textos religiosos, literários e jurídicos.
a criação de porcos, carneiros e cabritos para 12 O Código de Hammurabi foi organizado entre
a produção de carne, lã, leite e seus derivados. 1792 e 1750 a.C., durante o governo de Ham-
Havia também a criação de animais para puxar murabi, rei da Babilônia. Era composto de 282
o arado e para o transporte, como bois, cavalos artigos que tratavam de temas variados. O có-
e camelos. Nas cidades, os principais trabalhos digo era baseado em um antigo princípio meso-
eram aqueles realizados por profissionais como potâmico, o princípio de Talião (“Olho por olho,
comerciantes, artesãos, barbeiros, escultores e dente por dente”). De acordo com esse princípio,
carpinteiros, que trabalhavam, normalmente, em o responsável por um crime deveria receber um
sua própria residência. castigo semelhante ao crime que cometeu.
7 Os mercadores viajavam para a Ásia Menor, o
Egito, a Arábia e a Pérsia. Compravam madeira, Expandindo o conteúdo
pedras preciosas e metais. Vendiam armas e 13 a ) O rei na Mesopotâmia possuía a função de
joias, além de tecidos e cevada. exercer um comando mais forte sobre a po-
pulação quando necessário, por exemplo,
8 Os alunos devem perceber que os povos meso-
durante as guerras. Ele era uma espécie de
potâmios acreditavam em vários deuses, entre
representante da comunidade, acumulando
eles Anu (deus-pai), Shamash (deus-sol), Sin
também funções sacerdotais.
(deus da Lua), Inanna (deusa do amor e da
guerra), Enki (deus das águas doces), Enlil (deus b ) Por volta de 2600 a.C., a construção do pa-
dos ventos). lácio passou a representar o poder real. Os
pesquisadores descobriram essa mudança
Para eles, os deuses e as deusas eram responsáveis
por meio do estudo de escavações arqueo-
por tudo o que acontecia no mundo, além de
lógicas, pois constataram o surgimento nas
cuidarem das pessoas, das vilas e das cidades.
cidades de uma segunda grande estrutura
Os mesopotâmios deveriam manter os deuses
arquitetônica, que seria a morada do rei e o
felizes, para não serem punidos com fomes,
novo centro do poder.
doenças e derrotas em batalha. Para isso, tinham
que realizar rituais, como o sacrifício de animais. 14 a ) Os mesopotâmios acreditavam que a Terra
Havia também sacerdotes e sacerdotisas espe- tinha o formato de um disco rígido. Já o céu,
ciais que lavavam, vestiam e embelezavam as para eles, era uma espécie de bolha oca que
imagens dos deuses todos os dias. todos os dias girava por cima da Terra.
9 Os zigurates eram construções importantes para b ) Para os mesopotâmios, os astros eram seres
os mesopotâmios porque era onde se realizavam poderosos e a posição deles no céu tinha um
as práticas religiosas. No alto dos zigurates, fi- significado para o destino dos homens. As-
cavam localizados os templos, onde aconteciam sim, acreditavam que era possível prever o
cultos que consistiam em orações, sacrifícios futuro pelo estudo da posição dos astros
de animais e oferendas aos deuses. celestes.
108
15 A: rei recebendo os seus súditos; B: músico to- Se necessário, auxilie os alunos na coleta e
109
4 Entre as funções de um funcionário do Estado no 9 a ) Em escavações recentes feitas nos arredores
Egito Antigo estavam: a aplicação das leis, a das pirâmides, foi descoberto um cemitério,
fiscalização das atividades econômicas e o con- e o estudo dos ossos encontrados nos tú-
trole sobre a construção de obras hidráulicas. mulos indica que os trabalhadores, além de
receberem uma boa alimentação, contavam
5 A sociedade egípcia era dividida em camadas
com cuidados médicos. Com base nessas
sociais. O faraó e sua família viviam em grandio-
descobertas arqueológicas, o egiptólogo Zahi
sos palácios e tinham uma vida confortável e
Hawass afirma que escravos não receberiam
luxuosa. Abaixo deles, estava a camada social
esse tipo de tratamento. Ele acredita que
que incluía os sacerdotes, os nobres, os chefes
participaram nas obras cerca de 20 a 30 mil
militares e os funcionários do Estado. Essas
egípcios. Alguns deles eram trabalhadores
pessoas também tinham muitos privilégios na
fixos contratados pelo Estado, enquanto
sociedade.
outros eram camponeses contratados tem-
Mas a maior parte da população egípcia era pobre porariamente.
e parte do que ganhavam tinha que ser paga em
b ) Para realizar essas obras gigantescas, os
impostos ao governo. Essa camada social era
trabalhadores das pirâmides eram motivados
formada por artesãos, camponeses e escravos,
pelo orgulho de servir ao faraó e de construir
que em sua maioria eram prisioneiros de guerra.
sua morada eterna. Além disso, os egípcios
6 As paredes das casas geralmente eram feitas não estavam somente construindo o túmulo
com uma mistura de barro e palha. Depois de do faraó, estavam construindo sua própria
prontas, eram pintadas com cal. Normalmente, identidade, baseada em uma forte religiosi-
as casas tinham poucos móveis. Os mais usados dade e na crença na vida após a morte.
eram bancos, mesas pequenas e caixas para
10 Às margens do rio Nilo, diversas atividades eram
guardar objetos.
desenvolvidas. Havia pequenos mercados onde
Os membros da família costumavam dormir em eram comercializados diferentes produtos, mui-
esteiras e, às vezes, havia uma cama para o tos deles trazidos de lugares distantes. O papi-
casal. A cozinha, geralmente, tinha um telhado ro era uma planta encontrada às margens do rio
leve, feito de galhos e de palha, para fazer som- e que era muito usada para fazer cordas, san-
bra e permitir a saída da fumaça. O almofariz dálias, redes, pequenas embarcações e, tam-
(pilão) ficava encaixado no chão da cozinha, e bém, para elaborar um tipo de folha que se
era usado para moer cereais. Havia uma des- usava para escrever.
pensa na casa, para armazenar os alimentos.
Nas proximidades do rio Nilo, os egípcios cultiva-
As bebidas e os cereais eram guardados em
vam cereais, como o trigo e a cevada, que eram
vasos cerâmicos.
a base de sua alimentação.
7 A religião dos antigos egípcios era politeísta, ou
seja, baseava-se na crença em vários deuses. Expandindo o conteúdo
Para os egípcios, os deuses eram seres pode- 11 a ) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos
rosos que controlavam o dia e a noite, a chuva percebam que o autor desse relato se apre-
e a seca, a vida e a morte. Os egípcios imagi- senta como alguém que exerce a profissão
navam que essas divindades sentiam vontades de escriba. No trecho: “Farei com que goste
semelhantes às dos seres humanos e, por isso, de escrever mais do que de sua própria mãe”,
faziam-lhes oferendas de comidas e bebidas. é possível perceber a enorme importância
Entre os deuses mais cultuados, estavam Hórus que o autor atribui à escrita. Por isso, esse
(deus do céu), Ísis (deusa da fertilidade) e Osíris autor deve ser um escriba.
(deus dos mortos).
b ) Os escribas eram profissionais que sabiam ler,
8 Os egípcios mumificavam os corpos das pesso- escrever e fazer cálculos. Como funcionários
as mortas por acreditarem que quando uma do Estado, podiam auxiliar o faraó na fisca-
pessoa morria, sua alma deixava o corpo, mas lização das plantações e na cobrança de
depois retornava. tributos.
110
12 a ) Alguns dos povos que tiveram contato com c ) Resposta pessoal. Estimule os alunos a refle-
Capítulo
desconhecidas dos egípcios. A África Antiga: os cuxitas
c ) Eles criavam os mesmos animais (carneiros, bois,
Exercícios de compreensão
cabritos); forjavam metais similares (sobretudo
bronze, até que a tecnologia do ferro foi desen- 1 As sociedades matriarcais são aquelas em que
volvida); e cultivavam vegetais semelhantes (o as principais autoridades são mulheres. As so-
ciedades patriarcais são aquelas em que as
111
velavam informações sobre a pessoa, como a c ) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos
que grupo ela pertencia, a sua posição social, percebam que esse preconceito está presen-
uma característica pessoal ou uma determinada te em setores diferenciados da sociedade,
fase da vida da pessoa. Além disso, eram asso- como consequência de uma ideia que foi
ciadas à beleza. defendida por muito tempo.
5 Os garamantes eram um povo que descendia dos d ) Resposta pessoal. Estimule os alunos a per-
nômades habitantes do deserto e que formou um ceberem situações presentes em nosso co-
importante reino no deserto do Saara, entre os tidiano, como a diferença de remuneração
séculos V a.C. e V d.C. Os garamantes consegui- entre brancos e afrodescendentes, a desi-
ram praticar atividades agrícolas e pecuárias em gualdade social, dentre outros.
pleno deserto, graças a um desenvolvido sistema
e ) Resposta pessoal. Incentive os alunos a per-
de irrigação subterrânea chamado foggara.
ceberem a importância de tal discussão para
6 Segundo esse historiador, o papel da mulher era uma possível solução desse problema que
o de condutora em determinadas sociedades. sentimos até hoje.
Em países como o Egito e Angola, elas tinham
o poder de decisão, e ainda têm em algumas Passado e Presente
comunidades africanas. Em Angola, nas comu-
9 a ) Atualmente, a maioria dos berberes prefere
nidades bakongo, ovimbundo e kwanhamas , as
decisões do rei tinham de ter o consentimento ser chamada de amazigh , ou pessoa livre,
da esposa. Ainda segundo esse historiador, os mas o termo berbere prevalece fora da região.
jovens estudantes devem pesquisar os aspectos b ) Segundo o texto, os berberes vivem atualmen-
tradicionais africanos, de modo a entender o te concentrados no Marrocos e na Argélia.
valor da mulher na sociedade. c ) No século VII, os berberes foram conquistados
pelos árabes, de quem herdaram a cultura,
No Brasil
a religião e, em certa medida, a língua.
7 a ) As candaces foram mulheres que, no século
d ) Atualmente, um grupo de berberes urbanos
II a.C., assumiram o poder político na socie-
lidera um movimento para recuperar sua
dade cuxita. As candaces, também chama-
identidade cultural. Eles lutam pelo reconhe-
das de rainhas-mães, deram início a um
cimento da sua cultura, por meio de protes-
sistema matriarcal de poder.
tos, jornais clandestinos, ensino do alfabeto
b ) Resposta pessoal. Destaque aos alunos que
berbere, conversas sobre revolução por re-
no trecho inicial do samba-enredo, foi ressal-
conhecimento cultural, preservação e promo-
tada a ancestralidade com os povos africa-
ção do idioma berbere.
nos. Comente que, nesse caso, a homena-
gem às candaces foi uma maneira de valori- e ) O Manifesto Berbere foi assinado em março de
zar a influência da cultura africana no Brasil, 2000. O Manifesto Berbere descreve a humi-
além de destacar a importância do papel da lhação e alienação que muitos berberes sen-
mulher na sociedade. tem como membros de uma minoria oprimida,
reivindicando o desenvolvimento das áreas
Discutindo a história rurais berberes, há muito tempo negligencia-
8 a ) O autor do texto A defende a visão de que a das, a subvenção governamental para insti-
África não é uma parte histórica do mundo. tuições culturais berberes e a revisão dos livros
Justifica-se dizendo que tal continente não escolares para que reflitam o papel desempe-
tem progressos a mostrar, nem movimentos nhado por eles na história marroquina.
históricos próprios.
f ) Os berberes que habitam as montanhas so-
b ) O racismo e o preconceito seriam heranças brevivem como agricultores, e dão continui-
das teorias pseudocientíficas que exerceram dade a sua cultura, que existe há pelo menos
influência máxima no início do século XX.
cinco mil anos.
112
6
adoravam várias divindades, que estavam liga-
Capítulo
113
d ) O papiro era utilizado principalmente para fazer sendo construídas conforme os estudos
registros escritos. Comente com os alunos históricos avançam. Por isso, é comum en-
que, como naquela época não havia papel, o contrar versões diferentes sobre um mesmo
papiro, ao lado do pergaminho, era um dos acontecimento histórico. Se julgar necessá-
mais importantes suportes da escrita. rio, comente também que existem hipóteses
que apontam para a possibilidade de outros
Expandindo o conteúdo povos navegadores, além dos fenícios, terem
12 a ) O autor chamou os fenícios de “povo do mar” chegado na América antes de Colombo, co-
porque eles percorriam todo o mar Mediter- mo os vikings . Promova entre os alunos o
râneo para comprar, vender ou trocar merca- respeito às diferentes opiniões que possam
dorias. Os fenícios faziam as suas conquistas surgir durante a realização dessa atividade.
atravessando o mar em seus barcos a vela e
7
aportando em terras estrangeiras, onde es-
Capítulo
tabeleciam casas de comércio. Os hebreus
b ) Os fenícios que moravam em cidades distan-
tes não se sentiam isolados porque podiam Exercícios de compreensão
enviar cartas a seus parentes e amigos que 1 A Palestina era conhecida como “Terra de Canaã”.
tinham ficado em sua terra. Era uma estreita faixa de terra localizada entre
o mar Mediterrâneo e o deserto da Síria. As
Discutindo a história principais áreas férteis da região ficavam locali-
13 a ) Entre os fatos que alguns estudiosos apontam zadas nas proximidades do rio Jordão.
em defesa da hipótese de que os fenícios 2 A religião dos hebreus era monoteísta, isto é,
podem ter chegado à América, estão algumas acreditavam em um único deus, que eles cha-
moedas que foram cunhadas pelos fenícios mavam de Javé. Segundo a crença, havia uma
da cidade de Cartago. Um numismata (estu- aliança entre os hebreus e Javé. Se eles fossem
dioso de moedas), depois de analisar as obedientes, Javé os protegeria e daria a eles a
imagens gravadas nessas moedas, afirma ter Terra de Canaã (Palestina).
encontrado um antigo mapa-múndi, em que,
além da Europa, África e Ásia, aparece o 3 A Torá é um conjunto de cinco livros que também
continente americano. Ainda em defesa des- fazem parte do Antigo Testamento da Bíblia .
sa hipótese, estudiosos citam o fato de que Nela estão registradas as crenças e muitas his-
alguns povos pré-colombianos, entre eles os tórias do povo hebreu. Os livros são: Gênesis,
Incas e os Maias, possuem costumes e cons- Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.
truções semelhantes aos de povos como os 4 A sociedade hebraica era patriarcal porque es-
egípcios e mesopotâmios, como por exem- tava organizada em comunidades chamadas de
plo, a mumificação dos mortos e a constru- tribos, sendo que cada uma delas era governa-
ção de grandes pirâmides. De acordo com da por um patriarca, que geralmente era um
esses estudiosos, os povos americanos po- homem idoso e muito respeitado pela comuni-
dem ter aprendido essas práticas com nave- dade. Essa forma de organização social é co-
gadores provenientes da Fenícia e de outros nhecida como patriarcado.
lugares do Velho Mundo.
5 O Êxodo foi a fuga dos hebreus do Egito e sua
b ) Resposta pessoal. Comente com os alunos
volta para a Palestina, o que ocorreu por volta
que o navegador Cristóvão Colombo travou
de 1300 a.C. Essa fuga foi liderada por Moisés,
contato com habitantes do continente ame-
e segundo relatos bíblicos eles demoraram 40
ricano em 1492, dando início às relações
anos em sua viagem de volta para a Terra Pro-
entre os povos europeus e americanos. Res-
metida (Palestina).
salte aos alunos que, nos estudos de Histó-
ria, não existem “verdades prontas” ou “ab- 6 Ao retornarem do Egito, os hebreus encontraram
solutas”, mas sim, verdades parciais que vão os cananeus e os filisteus vivendo na Palestina.
114
7 Durante o período em que os hebreus iniciaram 14 O Cativeiro da Babilônia é o nome dado ao perí-
115
18 a ) O trecho B pode ser comprovado cientificamen- famoso Templo de Salomão. Há séculos,
te. Ele relata a escravização dos hebreus no tornou-se local de peregrinação dos judeus
Egito, o que é possível de ser comprovado por que vinham lamentar a dispersão de seu
meio de estudos arqueológicos e históricos. povo e chorar sobre as ruínas do templo.
b ) O trecho A não pode ser comprovado cienti- b ) Para os muçulmanos, a cidade de Jerusalém é
ficamente, porque esse trecho está associa- importante porque é lá que fica o Domo da
do a uma crença do povo hebreu e não a um Rocha, santuário mais importante para eles,
fato concreto. depois de Meca e Medina. O Domo da Rocha
é a primeira grande obra do mundo islâmico,
19 As religiões monoteístas, como a dos hebreus,
de 691, e abriga uma pedra sagrada tanto
eram caracterizadas pela crença em um único
para os muçulmanos (que creem que seu pro-
deus. As religiões de outros povos antigos, co-
feta Maomé ascendeu ao Céu nessa pedra)
mo a dos mesopotâmios e dos egípcios, eram
quanto para os judeus (que creem que sobre
politeístas, ou seja, eram caracterizadas pela
essa pedra Abraão ofereceu seu filho Isaac em
crença em vários deuses.
sacrifício). Com sua abóbada de ouro, o Domo
20 a ) A versão bíblica para o Dilúvio universal narra da Rocha simboliza a ascensão que todo mu-
a história de um grande dilúvio que destruiu çulmano deve fazer em direção a Deus.
a Terra. Noé e sua família, avisados por Deus, c ) Os cristãos consideram Jerusalém importante
construíram uma arca para salvar um casal porque é a cidade onde fica a chamada Via
de cada espécie animal da Terra. Dolorosa, circuito do martírio de Cristo, onde
b ) De acordo com estudos arqueológicos, o dilú- a fé dos cristãos teria sido moldada pela
vio citado na Bíblia se refere a uma enchente morte, sepultamento e ressurreição de Cris-
catastrófica, ocorrida por volta de 5600 a.C. to. Graças aos bizantinos, construiu-se ali um
O nível do mar Mediterrâneo subiu e irrompeu centro cristão, com numerosas igrejas. Talvez
pelo estreito de Bósforo, inundando a planície a mais importante seja a do Santo Sepulcro,
onde hoje está localizado o mar Negro. que já foi destruída e reconstruída várias
c ) O seguinte trecho trata da influência cultural vezes e é considerada o local onde Jesus
de um texto sumério sobre os hebreus: “So- teria sido sepultado.
breviventes dessa catástrofe migraram para
a Mesopotâmia. Assim teria surgido a histó-
8
Capítulo
116
4 Para favorecer o desenvolvimento econômico do Expandindo o conteúdo
117
9
Miller não primam pela fidelidade histórica
Capítulo
porque Miller comete erros sobre datas, fatos Os antigos chineses
e circunstâncias históricas. Por exemplo, a
caracterização do personagem do imperador Exercícios de compreensão
Xerxes, que Miller retratou cheio de piercings 1 O rio Amarelo recebeu esse nome porque o solo
pelo corpo, é um visual que lembra muito mais da região que ele atravessa tem uma coloração
o de uma “tribo urbana” dos dias de hoje do amarela.
que o de um imperador da Pérsia Antiga.
2 Os habitantes das primeiras aldeias chinesas se
b ) Na imagem A, Xerxes foi representado vestindo
estabeleceram principalmente às margens do
uma túnica, com um tipo de chapéu na cabeça,
rio Amarelo, por volta de 3000 a.C. Eles planta-
usando uma barba comprida e cabelos enca-
vam painço (milho-miúdo), hortaliças, frutas e
racolados quase na altura dos ombros.
nozes; criavam porcos, bois e cabritos; e pro-
Já na imagem B, sua representação é a de um duziam objetos de cerâmica, que eram utilizados
homem careca e sem barba, coberto por no dia a dia e em cerimônias religiosas e festas.
vários adornos pelo corpo (em vez de uma
3 As principais dificuldades dos habitantes das
túnica), apresentando também adornos na
primeiras aldeias chinesas adivinham de varia-
cabeça e piercings no rosto.
ções climáticas, que provocavam períodos de
c ) Uma das opiniões é de que os erros devem ser
seca e de cheia, causando a destruição de casas
entendidos como “licença poética” (liberdades
e plantações. Por essa razão, os chineses de-
tomadas pelo autor para tornar a narrativa
senvolveram técnicas de controle das águas do
mais interessante). A outra opinião é de que rio, construindo reservatórios para armazenar a
os erros apresentados são grosseiros demais água, na época de cheia, e utilizá-la para a irri-
para serem tomados por licença poética. gação dos campos, no período de seca.
Promova entre os alunos o respeito às dife-
4 Por volta de 221 a.C., a região onde se formaria a
rentes opiniões que possam surgir durante a
China era composta por Estados independentes
realização dessa atividade.
e rivais, que combatiam entre si pelo controle do
d ) Resposta pessoal. Comente com os alunos
território. Nessa época, o governante do Estado
sobre a importância de se estudar a batalha de de Chin venceu os conflitos entre os Estados,
Termópilas, pois nela os espartanos impediram, unificou-os e se proclamou imperador da China.
por alguns dias, o avanço do exército persa
para o interior da península Balcânica (onde 5 Durante o período Qin, algumas mudanças foram
atualmente se localiza a Grécia), acabando por implantadas na China: foi estabelecido um novo
enfraquecê-lo. Essa ação facilitou a derrota do código de leis que regulamentava a ação de
exército persa. A desvantagem numérica de todos os habitantes do império; foi feita a pa-
espartanos em relação aos persas demonstra dronização dos pesos e medidas, da escrita e
a importância de se conhecer o terreno e de das moedas; financiou-se a construção de es-
se possuir melhores técnicas de combate, o tradas, pontes e canais, intensificando a comu-
que, nesse caso, beneficiou os espartanos. nicação e o deslocamento das pessoas por
Promova entre os alunos o respeito às diferen- todo o território unificado. Essas mudanças
tes opiniões que possam surgir durante a rea- transformaram o cotidiano dos chineses: o novo
lização dessa atividade. sistema de irrigação possibilitou o aumento da
produção agrícola; a melhoria das estradas fa-
e ) Resposta pessoal. Se achar necessário, co-
cilitou as trocas comerciais e culturais entre
mente com os alunos sobre outras obras
regiões distantes; a unificação das moedas in-
artísticas, como filmes, livros, pinturas, HQs,
centivou a comercialização de produtos.
que popularizaram algum episódio histórico,
reforçando a ideia de que muitas das obras 6 a ) A Muralha da China foi construída para defen-
artísticas populares atendem mais às neces- der o território chinês contra ataques inimigos.
sidades de entretenimento do que a do es- b ) Soldados, camponeses e escravos trabalha-
tudo da História. ram na construção da Muralha da China.
118
c ) Os soldados chineses se protegiam com ca- b ) Além dos soldados, cavalos foram modelados
119
e ) A Rota da Seda teve um profundo efeito na 3 Os principais esportes praticados em Creta eram:
história, pois comunicou diversos povos que, o salto acrobático, o pugilismo, a luta de arena
anteriormente, não se conheciam. Os chineses, e o salto sobre o touro. Ainda são praticados,
por exemplo, ignoravam a existência dos eu- na atualidade, o salto acrobático (ginástica ar-
ropeus e vice-versa. O legado mais duradouro tística) e o pugilismo (boxe).
que a Rota da Seda deixou para os nossos dias
4 As principais formas de governo adotadas nas
é constituído pelos conhecimentos referentes
cidades-estado da Grécia Antiga foram a Mo-
a diferentes terras e povos, suas culturas e
narquia, a Aristocracia, a Tirania e a Democracia.
crenças, que foram sendo transmitidas às po-
Na Monarquia, o rei era o responsável pelo
pulações que travavam contato com os mer-
controle militar, religioso e judiciário. Ele podia
cadores que percorriam seus caminhos.
governar sozinho ou auxiliado por um conselho
de nobres. Na Aristocracia, os aristocratas,
Discutindo a história
grandes proprietários de terra, tomaram o poder
14 a ) A descoberta arqueológica apresentada no do monarca e passaram a governar. Nessa for-
texto é um pedaço de papel que poderia ser ma de governo, o poder ficava restrito a algumas
o mais antigo da história. O artefato data do famílias poderosas. A Tirania era o governo de
século I a.C., o que enfraquece a versão até um só homem, que assumia o poder por meio
então aceita para explicar a origem do papel, da força, geralmente apoiado pela população.
segundo a qual ele teria sido inventado so- Na Democracia, os cidadãos participavam das
mente no século II. decisões por meio das assembleias de cidadãos.
b ) Antes do papel, o Ocidente usava outros su- No entanto, não tinham participação política as
portes para a escrita, principalmente o perga- mulheres, as crianças, os estrangeiros e os es-
minho, muito mais caro e difícil de produzir. cravos.
Havia também o papiro egípcio, muito difícil
5 a ) Esparta foi fundada no século IX a.C. pelos
de se obter na Europa. A chegada da invenção
dórios, na região da Lacônia.
chinesa diminuiu os custos dos livros.
b ) Porque o militarismo era uma característica
c ) Resposta pessoal. Comente com os alunos
marcante de Esparta. Um exemplo disso é
sobre a importância do papel, por exemplo,
que até completar 60 anos, todos os homens
no material escolar: cadernos, livros didáticos,
eram considerados guerreiros.
papéis utilizados em atividades de Arte, como
o papel crepom, o sulfite, o papel cartão etc. c ) A partir dos 7 anos as crianças espartanas
passavam por um rigoroso treinamento físico.
A educação de meninos e meninas era dife-
10
Capítulo
120
igualdade entre eles. Esse sentimento contribuiu 12 a ) Atenas, líder da Confederação de Delos, era
121
adornos para ostentar sua autoridade do que quem decide quem vai governar é o eleitor,
para fabricar ferramentas que facilitassem o não o Parlamento.
trabalho de seus empregados. d ) Resposta pessoal. Se possível, combine com
14 a ) No ano 500 a.C., Atenas tinha aproximada- os alunos um momento para as duplas apre-
mente 130000 habitantes. sentarem as principais ideias de sua redação.
122
criava e aplicava leis, cobrava impostos e julga- fez melhorias na cidade de Roma e regulamen-
6 a ) O Consulado era composto por dois cônsules, 11 O Fórum era um grande recinto aberto onde se
que tinham como função comandar o exér- localizavam os mercados, os templos, os tribu-
cito em tempo de guerra, representar a cida- nais de justiça e a prefeitura. Ele era importante
de em cerimônias religiosas e julgar crimes. para a vida social, pois era onde as pessoas se
b ) Entre as funções do Senado republicano, encontravam para tratar de assuntos da cidade.
destacam-se: a organização dos cultos pú- 12 Dentre os motivos que geraram a crise do Impé-
blicos, o controle das finanças e a adminis- rio Romano, os principais foram: a crise do es-
tração das províncias conquistadas por Ro- cravismo, a ruralização da economia e a falta de
ma. proteção das fronteiras do império. A crise do
c ) As funções principais da Assembleia do Povo escravismo está relacionada ao fato de que, por
eram eleger os cônsules e promulgar leis. volta do ano 100, o número de escravos caiu
consideravelmente devido à interrupção das
7 Devido à política expansionista do período repu-
guerras de conquistas. A ruralização da econo-
blicano, os romanos conquistaram toda a pe-
mia ocorreu por causa do enfraquecimento de
nínsula Itálica, o que levou a um aumento do
atividades como a produção artesanal e o co-
número de escravos, de maioria estrangeira.
mércio. Dessa maneira, milhares de trabalhado-
8 a ) Depois de uma espécie de “greve geral”, os res ficaram desempregados, deixando as cida-
plebeus conquistaram maior participação des para viver sob o mando de grandes proprie-
política, além da abolição das dívidas altas e tários de terra. A falta de proteção das fronteiras
a libertação dos escravos por dívidas. do Império ocorreu devido à falta de dinheiro do
b ) O cargo de Tribuno da Plebe foi criado por Estado para manter um exército nessas regiões.
volta de 495 a.C., possibilitando aos plebeus Assim, os governantes romanos fizeram um
vetar as decisões dos patrícios. Com isso, acordo com os germânicos, no qual o Estado
várias leis foram criadas, como a que permi- doava terras a eles e, em troca, eles tinham de
tia casamentos entre patrícios e plebeus. evitar que novas invasões ocorressem nas fron-
c ) O primeiro código de leis escrito de Roma foi teiras. Isso fez com que, aos poucos, o exército
a Lei das Doze Tábuas. Ele pode ser consi- romano fosse composto, em grande parte, por
derado como uma conquista da plebe por- estrangeiros.
que, antes desse código, os patrícios muda- 13 Para tentar superar a crise política do Império
vam as leis de acordo com seus interesses. Romano no século III, o imperador Diocleciano
9 Durante seu governo, Júlio César distribuiu lotes instituiu a Tetrarquia, forma de governo em que
de terra para milhares de famílias, liberou os quatro imperadores dividiriam a responsabilida-
devedores do pagamento de parte das dívidas, de de governar o império. Outra tentativa foi a
123
de amenizar a crise econômica criando a Lei do Expandindo o conteúdo
Máximo, que fixava o valor máximo das merca-
16 a ) Tibério Graco foi um Tribuno da Plebe.
dorias. Suas reformas, no entanto, foram insu-
ficientes para superar a crise. Já o imperador b ) Tibério Graco tentou implantar a reforma agrária
Constantino desfez a Tetrarquia e reunificou o em Roma, baseada em leis que determinavam
poder do império em suas mãos. Percebendo a repartição das terras públicas em pequenos
que a parte ocidental do império encontrava-se lotes aos cidadãos pobres, que passariam a
em plena decadência, transferiu a capital para pagar ao Estado uma quantia fixa.
a cidade de Bizâncio, na parte oriental do impé- c ) Tibério Graco não conseguiu implantar as leis da
rio. Essa cidade, posteriormente, passou a se reforma agrária, porque elas desagradaram os
chamar Constantinopla. grandes proprietários de terra e vários senado-
14 O imperador Teodósio tornou o cristianismo a res que, para impedir sua aprovação, ordenaram
religião oficial do império, em 391 e, em 395, o assassinato de Tibério, em 132 a.C.
dividiu o império em duas partes: o Império d ) Resposta pessoal. Uma das respostas possí-
Romano do Ocidente e o Império Romano do veis: “É para o luxo e enriquecimento de
Oriente. outrem que combatem e morrem tais preten-
15 a ) Os plebeus viviam em locais simples. Geral-
sos senhores do mundo, que não possuem
mente moravam em apartamentos pequenos sequer um torrão de terra”.
e com diversas pessoas vivendo em um 17 a ) Ao descrever a imagem A, os alunos devem
mesmo cômodo. atentar para as seguintes características: a
b ) Alguns alimentos consumidos eram: pão, imagem representa um ferreiro que está tra-
verduras, azeitonas, legumes e vinho, que era balhando em uma oficina; ele parece estar
misturado com água. A carne era cara e ge- usando uma espécie de avental, em túnica;
ralmente as pessoas mais ricas eram aquelas as ferramentas que ele está utilizando são:
que mais a consumiam. um martelo e uma pinça para segurar o ob-
c ) Os meninos e meninas de Roma entravam na jeto que está produzindo; estão representa-
escola por volta dos 7 anos de idade. Por das, também, as mercadorias produzidas
volta dos 10 anos, as meninas deixavam a nesse local: instrumentos e objetos de metal,
escola e passavam a ser educadas unica- como martelos, pontas de lança, fechaduras,
mente pelas suas mães. O objetivo era que pinças, entre outros.
se tornassem boas donas de casa e mães. b ) Ao descrever a imagem B, os alunos devem
Os meninos de famílias influentes, por sua atentar para as seguintes características: a
vez, a partir dos 10 anos, iam para a escola imagem representa um açougueiro trabalhan-
secundária, onde aprendiam literatura, histó- do; ele está usando uma túnica; há também
ria e o idioma grego. Também eram prepara- uma mulher no local; ele está usando como
dos para a vida militar. instrumento de trabalho uma faca; nesse
d ) O cotidiano de mulheres patrícias e plebeias local estão penduradas carnes de animais
era bem diferente. As mulheres patrícias para fins comerciais e de consumo.
casavam-se por volta dos 14 anos, sendo c ) A atividade de açougueiro ainda é bastante
que a maioria dos casamentos eram arranja- comum, enquanto que a atividade de ferreiro
dos pelos pais. Elas tinham mais tempo livre parece ter diminuído consideravelmente nos
para realizar diversas atividades, como a últimos tempos. Hoje, os açougueiros utilizam
leitura e o estudo. máquinas de corte e de moer, além de esto-
As mulheres plebeias, por sua vez, tinham carem a carne em frigoríficos para que não
mais autonomia em relação ao casamento, estrague. No entanto, ainda utilizam a faca
tinham mais liberdade, pois trabalhavam fora para realizar tarefas mais simples. Já o tra-
e assim tinham maior contato com outros balho artesanal do ferreiro acredita-se que
ambientes. pouco tenha mudado com relação às técni-
124
cas e ferramentas utilizadas. Entretanto, nos b ) O historiador que escreveu o texto B defende
Capítulo
A cultura clássica
125
5 O mito narra sobre um passado distante e fabu- corridas de biga, veículo puxado por dois ou
loso; a filosofia, ao contrário, se preocupa em quatro cavalos (quadriga), conduzido por um
explicar o passado, o presente e o futuro, tal cocheiro de pé. As corridas de biga eram reali-
como são. O mito narra a origem do mundo por zadas nos circos, nome dado a grandes cons-
meio das rivalidades ou alianças entre deuses; truções destinadas a realização desse tipo de
enquanto a filosofia, ao contrário, explica a ori- competição.
gem do mundo por meio de elementos e causas
9 a ) O latim começou a ser falado no século VIII
naturais. O mito não se preocupa com contra-
a.C., na região do Lácio.
dições, com o fabuloso e o incompreensível; a
filosofia, ao contrário, exige que a explicação b ) Várias línguas antigas influenciaram na formação
seja coerente, lógica e racional. do latim, entre elas o osco, o umbro e o grego.
c ) Além das obras literárias, outras formas conhe-
6 a ) Tales acreditava que os fenômenos naturais
cidas de registro da língua latina são: as ins-
deveriam ser explicados com base na própria
crições em edifícios públicos, que informavam
natureza, sem recorrer aos mitos e deuses.
quem tinha sido o construtor, quem financiara
b ) Sócrates preocupava-se com questões rela- o prédio e outros dados; as inscrições em
tivas aos seres humanos, como honra e vasos de cerâmica, com o nome do fabrican-
moral, ou seja, valores éticos. De acordo com te ou da olaria e a qualidade do produto; as
suas ideias, uma pessoa inteligente é aquela inscrições em moedas; e também as inscri-
que admite que nada sabe.
ções nas paredes, feitas com estilete.
c ) Platão acreditava que o mundo visível era
d ) O latim se tornou a língua oficial do Império
apenas uma cópia da verdadeira realidade.
Romano por volta do século II.
A verdadeira realidade encontrava-se no
e ) Devido à diversidade de culturas que havia no
mundo das ideias, sendo que a maior delas
Império Romano, a língua latina se fundiu com
era a ideia do Bem.
outras línguas e deu origem ao que chamamos
d ) Aristóteles defendia que as teorias deviam ser
de línguas neolatinas. Algumas delas são: o
elaboradas a partir de fatos que pudessem
português, o italiano, o espanhol e o francês.
ser demonstrados. Seu sistema filosófico
estava baseado na observação dos fenôme- 10 As inscrições nas paredes de Pompeia revelaram
nos naturais e no pensamento lógico. que grupos populares, como padeiros, agricul-
tores, artesãos, comerciantes e escravos, es-
7 De acordo com a política do pão e circo, os im-
creviam mensagens que tratavam dos mais di-
peradores distribuíam pães e cereais para a
ferentes temas, como política, trabalho, amor e
população mais carente e, também, promoviam
lutas de gladiadores.
grandes espetáculos que eram oferecidos gra-
tuitamente ao povo romano. 11 A arte romana foi bastante influenciada pela arte
grega. Essa influência se tornou mais intensa
8 Resposta pessoal. Os alunos podem ressaltar
após os romanos conquistarem regiões da Gré-
que a maior parte dos moradores de Roma fre-
cia. Com isso, os exércitos romanos voltaram
quentava os espetáculos públicos, que ocorriam
para Roma trazendo muitos objetos de arte
em circos, arenas e teatros. Eram encenados
gregas. Somente no final do período republica-
espetáculos teatrais de diversos tipos, como as
no a arte romana adquiriu suas características
comédias, os dramas e as tragédias, mas os
próprias.
mais populares eram a mímica e a pantomima.
Um dos espetáculos que mais atraía a atenção Ao contrário dos gregos, que buscavam represen-
da população eram as lutas de arena, em que tar a beleza ideal e a harmonia das proporções,
ocorria o combate entre gladiadores, geralmen- os romanos desenvolveram uma arte mais rea-
te escravos treinados para lutar. Nas arenas lista e fiel aos modelos retratados.
também eram realizadas lutas entre animais Um dos destaques da expressão artística romana
selvagens e, ainda, entre gladiadores e animais. é o retrato individual, cuja principal característi-
Outro espetáculo de grande público eram as ca é um extremo realismo, com particular realce
126
para os aspectos pouco atraentes do sujeito a beleza e a originalidade das obras de arte
127
do escritor Juvenal (século I), os romanos culo. Infelizmente, a violência é um dos pro-
pararam de interferir na vida pública e pas- blemas presentes em nossa sociedade, mas
saram a ansiar somente pelos espetáculos. ela não deve ser encarada como mais uma
b ) Resposta pessoal. Comente com os alunos atração espetacular da TV, e sim como algo
sobre o grande destaque dado à violência extremamente danoso ao convívio em socie-
nos meios de comunicação da atualidade, dade e às práticas de cidadania.
como em programas de TV, telejornais, jor- Oriente os alunos que uma forma de se de-
nais impressos, revistas etc.; e que a violên- fender dos excessos cometidos por um pro-
cia é veiculada de maneira sensacionalista, grama de TV é desenvolver a consciência
de forma que, muitas vezes, ganha mais vi- crítica e de cidadania para saber o que se
sibilidade do que outros tipos de notícias, o deve assistir ou não. Promova entre os alunos
que a transforma em um verdadeiro espetá- o respeito às diferentes opiniões que possam
surgir durante a realização dessa atividade.
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