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ÍNDICE

Introdução à 10ª Classe................................................................................................................. 2


A GEOGRAFIA COMO SISTEMA DE CIÊNCIAS .................................................. 2
Relação da Geografia Física com Outras Ciências que Estudam o Planeta: ................ 3
ENVOLTURA GEOGRÁFICA ................................................................................... 4
A LITOSFERA ............................................................................................................. 5
TEMA 1 – A TERRA: AMBIENTE GLOBAL ........................ 7
1.1 – ºO UNIVERSO: SUA FORMAÇÃO .................................................................. 7
1.1.2 – Conceito de Universo ................................................................................... 8
1.1.3 – Formação do Universo ................................................................................. 8
1.2 – COMPONENTES (COMPOSIÇÃO) DO UNIVERSO. CARACTERÍSTICAS
PRINCIPAIS ................................................................................................................ 9
1.3 – O SISTEMA SOLAR: SUA FORMAÇÃO ...................................................... 10
1.3.1 – OS PLANETAS DO SISTEMA SOLAR ................................................... 12
1.3.2 – O SISTEMA TERRA-LUA........................................................................ 18
1.3.2.1 – OS ECLIPSES ......................................................................................... 22
1.3.3 – ASTERÓIDES, METEORITOS, E COMETAS ........................................ 23
•ASTERÓIDES ...................................................................................................... 23
1.4 – OS MOVIMENTOS DA SUPERFÍCIE TERRESTRE: A TECTÓNICA DE
PLACAS ..................................................................................................................... 25
TEMA 2 – Representações geográficas .......................... 31
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 31
2.1 – A ORIENTAÇÃO ............................................................................................. 32
FUSOS HORÁRIOS .................................................................................................. 40
FORMAS DE REPRESENTAR A TERRA .............................................................. 45
2.2 – MAPAS GEOGRÁFICOS: SEUS TIPOS ........................................................ 45
2.3 - A LEGENDA E A ESCALA ............................................................................. 48
2.4 - O GLOBO TERRESTRE E O ATLAS GEOGRÁFICO ................................... 53
2.5 – PROJECÇÕES CARTOGRÁFICAS ................................................................ 55
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................. 59

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Introdução à 10ª Classe
A GEOGRAFIA COMO SISTEMA DE CIÊNCIAS
RELAÇÃO DA GEOGRAFIA COM OUTRAS CIÊNCIAS QUE ESTUDAM O
PLANETA
Geografia
Definições
A geografia é definida de várias formas atendendo o ponto de vista de vários
autores:
* É um sistema de ciências naturais e sociais que estuda os complexos naturais e
a produção (definição mais completa por abarcar os dois ramos da geografia, ou seja,
A geografia física é uma ciência natural e a geografia económica é uma ciência
social);
* Ciência de encruzilhada, autónoma, que tem por objecto o espaço terrestre
diferenciado e organizado. A sua função é localizar certos fenómenos, descreve-los
com a ajuda de diversos tipos de documentos, e explica-los em função dessa descrição
prévia (Amaral, 1974)
* Ciência que estuda a distribuição à superfície do globo dos fenómenos físicos,
biológicos e humanos, as causas dessa distribuição e as relações locais desses
fenómenos. Tem um carácter essencialmente científico e filosófico, e também carácter
descritivo e realista. Isto constitui a sua originalidade (Martone, 1954).
A Geografia estuda o conjunto de fenómenos naturais e humanos que constituem
o aspecto da superfície da Terra. Em suma, a Geografia ocupa-se do estudo das
diferentes paisagens da superfície do mundo.
Diagrama que representa os dois campos de estudo da Geografia
GEOGRAFIA

NATUREZA SOCIEDADE

GEOGRAFIA GEOGRAFIA
FÍSICA ECONÓMICA
A geografia divide-se em dois ramos: Geografia Física e Geografia Económica.
A Geografia Física – estuda os complexos naturais através dos seus
componentes principais (rochas, relevo, animais, solo, vegetação, clima, água e o
próprio homem). Cada um desses componentes é estudado quando a sua origem,
características e funções por outras ciências que oferecem conhecimentos a Geografia.
Portanto, é um ramo da Geografia que estuda a forma da superfície da terra
(geomorfologia); os rios, lagos e águas subterrâneas (hidrologia); os mares e oceanos
(oceanografia); os processos e fenómenos atmosféricos (climatologia e meteorologia);
os tipos de solos e respectiva formação (pedologia); e a distribuição das plantas e
animais (biogeografia).

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A Geografia Económica – estuda a distribuição territorial da produção e as
condições do seu desenvolvimento nos distintos países e regiões do mundo. É uma
ciência social que estuda a distribuição dos complexos territoriais de produção.
Existe uma grande relação entre a Geografia Física e a Geografia Económica,
pois a actividade de produção do homem faz-se a partir das matérias que a natureza
oferece, isto e, transformando a natureza em seu próprio benefício. Em suma, a
geografia física é uma ciência natural e a geografia económica é uma ciência social.
Para além da Geografia física e económica existem outros ramos da geografia
Geral que são: Geografia Regional; Humana; dos Transportes; da População; geografia
Rural, Urbana, Geopolítica e Geoestratégia.
Relação da Geografia Física com Outras Ciências que Estudam o Planeta:
Geologia, Ecologia, Pedologia, Meteorologia, Climatologia e Hidrologia.
- Geologia – estuda a crusta terrestre, sua composição e a história da terra.
- Pedologia – estuda os solos.
- Ecologia – estuda as relações dos organismos vivos entre si e o meio ambiente
em que se desenvolvem.
- Climatologia – estuda o comportamento médio das condições da atmosfera,
geralmente por períodos inferiores a 25 anos para se chegar a conclusão sobre os
diversos tipos de clima. De forma resumida, a climatologia estuda os climas.
- Hidrologia – estuda as águas em todas as suas manifestações ( tanto as
superficiais como as subterrâneas).
- Meteorologia – estuda os fenómenos que se produzem na atmosfera.
De salientar que são consideradas como ciências que auxiliam a geografia a
cartografia e a estatística, pois, embora não estudem o planeta, são valiosos pilares da
geografia. Para a geografia física, é através da cartografia que é possível
representarmos em mapas e globos os objectos e fenómenos físico-geográficos.
Quanto a estatística, fornece toda uma informação quantitativa em quadros ou
gráficos, ela torna-se importante pois tais dados ajudam na interpretação geográfico-
física.
Relação da Geografia Económica com Outras Ciências:
Economia Política, História Económica, Cartografia, Estatística, Geografia
Física, Demografia, Etnografia e Planificação.
- Economia Política – estuda as leis de desenvolvimento da produção social.
- História Económica – estuda o desenrolar dos factos económicos ao longo do
tempo.
- Cartografia – reflecte nos mapas a base natural do território as modificações
introduzidas pelo homem.

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- Estatística – estuda os aspectos quantitativos dos elementos relacionados com a
produção e o consumo.
- Geografia Física – estuda os complexos naturais que constituem um dos
principais elementos do complexo territorial de produção.
- Demografia – estuda a estrutura e a dinâmica da população desde o ponto de
vista quantitativo. O seu método principal é a estatística.
- Etnografia – estuda as características dos povos, sua distribuição geográfica,
vida e cultura.
- Planificação – ajuda os organismos no trabalho de elaborar o sistema nacional
da economia.

ENVOLTURA GEOGRÁFICA
Envoltura geográfica – é um sistema material e integral, composto de esferas
inter-relacionadas (litosfera, hidrosfera, atmosfera, pedosfera e biosfera), entre as quais
se leva a cabo um intercâmbio de energia, substâncias e informações, o que condiciona
o estado dinâmico e aberto, alterando constantemente tanto no espaço como no tempo,
o que lhe torna especialmente completa, heterogénea e diferenciada.
Envoltura geográfica é a natureza em todas as suas formas e manifestações. É,
portanto, o espaço da natureza onde o homem desenvolve as suas actividades.
O Meio geográfico é o conjunto de características físicas e humanas que são a
expressão espacial da presença humana no planeta Terra.
O Meio natural é o ambiente criado apenas pelos elementos da natureza.
A Envoltura Geográfica proporciona ao homem:
- Materiais necessários para trabalhar – isto é, a natureza oferece ao homem
madeira, minerais, rochas, solo, plantas, etc., com que ele constrói os objectos ou
outros bens materiais.
- Lugar adequado para desenvolver a produção – ou seja, cada actividade
exerce-se geralmente em lugares com características naturais próprias. Assim, a pesca,
por exemplo não se pode efectuar em sítios onde não exista peixe, a agricultura em
locais onde não exista solo fértil, etc.
- As forças elementares para levar a cabo o processo de produção, o mesmo
dizer que a natureza nos oferece formas simples de produção de energia como a força
do vento, a força da água a correr, etc.
A Envoltura Geográfica é, numa palavra, uma das condições constantes e
necessárias para que o homem ou a sociedade possa produzir.
A actividade produtiva de uma sociedade constitui o elo de ligação entre o meio
geográfico ou a envoltura geográfica em que se insere. Isto constitui a lei geral
constante de relação – causa – efeito.

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Leis da Regularidade da Envoltura Geográfica
1 – Lei da Integridade – quer dizer, mudanças de um componente ao outro. Ex:
água em estado sólido, líquido e gasoso.
2 – Lei do Ritmo – quer dizer, fenómenos que se repetem várias vezes. Ex: a
sucessão dos dias e das noites, mudança das marés, estações do ano, etc.
3 – Lei do processo circulatório – na natureza encontram-se corpos em
constantes movimentações e transformações. Ex: A circulação das correntes oceânicas
e as transformações das substâncias.
4 – Lei da continuidade da evolução – a Terra encontra-se em constante
processo de evolução devido as forças internas e externas. Ex: A transformação das
rochas.
5 – Lei da Zonalidade – a superfície da Terra não recebe a quantidade total de
radiação solar em todas as zonas, o que faz com que não se distribuam os mesmos
climas, vegetação e população. Ex: a vegetação do planalto é diferente a vegetação do
litoral; a radiação dos pólos é diferente das zonas equatoriais.

A LITOSFERA
A crusta terrestre ou litosfera (esfera de rocha) é a camada exterior e sólida do
nosso planeta.
A litosfera apresenta uma superfície irregular e uma espessura variável que em
alguns lugares não tem mais de 8 km e noutros alcança até os 60 km.
Estrutura interna da terra: principais camadas
Muitos fenómenos que ocorrem na crusta terrestre têm a sua origem na
actividade interna do planeta.
A estrutura interna da Terra e constituída por um núcleo interno, rodeado por
três camadas concêntricas; núcleo externo, manto e a crusta.
O núcleo interno é formado por niquel (Ni) e ferro (Fe), razão pela qual se chama
de NIFE.
De todas as capas que rodeiam o núcleo interno a mais importante é a crusta
terrestre, pois nela produz-se a interacção com os restantes componentes da natureza
(atmosfera, águas, animais, e plantas) e é também onde o homem desenvolve as suas
principais actividades.
Crusta terrestre. Sua composição
A crusta terrestre ou litosfera é constituída por rochas. A maioria das rochas são
associações de minerais e estes, por sua vez, de elementos químicos.
Nos minerais predominam os elementos ou substâncias químicas fundamentais: o
oxigénio e o silício. Em menor proporção temos o alumínio, o ferro, o cálcio, o sódio e
o potássio.
Estes elementos integram os minerais mais importantes, que entram na
constituição das rochas e que são: o quartzo, o feldspato, a mica e a calcite.

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Do estudo da litosfera chegou-se à conclusão que esta é formada por duas camadas:
uma superior formada por rochas graníticas e outra inferior constituída por rochas
basálticas.
Este conjunto das duas camadas denomina-se SIAL, pois nele predominam o silício,
cujo símbolo químico e (Si) e o alumínio, que tem como símbolo (Al).
A maior profundidade encontra-se o SIMA. O SIMA é formado principalmente por
silício (Si) e magnésio (Mg) daí o seu nome. O SIMA constitui a camada superior do
manto terrestre.
As rochas que formam o SIAL constituem a litosfera. O SIMA encontra-se logo
abaixo do SIAL.
O que são rochas?
As rochas são associações de diversos minerais, apesar de poderem ser constituídas
por um único mineral. Podem formar-se de diversas maneiras e em diferentes
profundidades. Além disso, sofrem alterações muito lentas que as transformam em
materiais diferentes.
As rochas podem ser distinguidas por duas formas:
a) Pela sua composição mineralógica e química;
b) Pela sua origem.
Tipos de rochas
Tendo em conta as diferentes origens das rochas é possível dividi-las em três
grandes grupos:
- As rochas ígneas, ou magmáticas;
- As rochas sedimentares;
- As rochas metamórficas.
Rochas ígneas ou magmáticas
As rochas do interior da terra encontram-se em estado de fusão, devido as altas
temperaturas que predominam nas profundidades do nosso planeta. Este material em
estado de fusão e por vezes carregado de gases recebe o nome de magma.
Desta forma, as Rochas Ígneas têm a sua origem no arrefecimento do magma
proveniente das profundidades da terra e por isso denomina-se também de Rochas
Magmáticas. Ex: Basalto, Gabro, Granito, Diorito e Andesito.
As Rochas Sedimentares de forma resumida, são as que se formam a partir da
acumulação de sedimentos. Ex: Calcário, Areia, Argila, Sal-Gema.
As Rochas Metamórficas formam-se a partir das rochas magmáticas e
sedimentares ou mesmo de rochas metamórficas, mediante profunda alteração e
transformação das mesmas, ou seja, são aquelas que surgem à partir da transformação
de rochas que já existiam.

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TEMA 1 – A TERRA: AMBIENTE GLOBAL

1.1 – O UNIVERSO: SUA FORMAÇÃO


1.1.1 – O Universo
A palavra universo (Universus, do latim) tem várias concepções. O
termo pode ser designado como a totalidade das coisas. Na linguagem
quotidiana poderíamos dizer “Universo político, universo dos jogos,
universo feminino”… isso são particularidades da palavra. Se quisermos
designar a totalidade de todo o físico real, a definição aplicada terá carácter
cosmológico.
O imenso espaço cósmico tem fascinado a Humanidade ao longo dos
séculos. A interpretação do universo tem variado de acordo com as ideias
dominantes em cada época e com as observações efectuadas.
As primeiras tentativas para explicar a origem e organização do
universo assumiram a forma de histórias e lendas em que deuses e criaturas
míticas eram os responsáveis por todos os fenómenos que, até então, eram
inexplicáveis.
Em termos científicos; foi nas antigas civilizações egípcia e grega
que se iniciou o estudo do Universo.
Nessa altura, pensava-se que a Terra era o centro do universo e que
todos os outros corpos celestes então conhecidos (o sol, a lua, os planetas e
as estrelas) giravam em seu redor. Esta é a º
"teoria geocêntrica" do Universo, que foi defendida pelo astrónomo
Ptolomeu (século II da nossa era) e indiscutivelmente aceite durante
séculos. Este astrónomo imaginou e explicou o comportamento dos «astros
errantes» no firmamento. No sistema ptolomaico, cada planeta move-se
numa pequena orbita circular, com a terra como centro. Para além deste
conjunto planetário, ficavam as estrelas ou astros fixos. Esta interpretação
da organização do universo, embora falsa, era tão engenhosa que os
astrónomos a aceitaram por muitos séculos.
No século XVI esta teoria foi posta em causa por Nicolau
Copérnico (1473-1543), que defendia ser o sol, e não a Terra, o centro do
Universo. Esta teoria, teoria heliocêntrica, encontrou oposição
principalmente por parte da Igreja, pois acreditava-se que a Terra era o
astro mais importante do Universo. Finalmente, em 1609, Johannes
Kepler confirmou as ideias de Copérnico ao enunciar as leis que regem os
movimentos da terra e dos outros planetas em redor do sol.
Actualmente, o Sol é considerado o centro do sistema solar, mas não
o centro do Universo, supondo-se que haja muitos outros «sois», que
possam constituir outros sistemas planetários.

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1.1.2 – Conceito de Universo
A definição de universo para a cosmologia, é um conjunto de
estrelas, planetas, galáxias e outros astros celestes inseridos no sistema
espaço temporal que obedece às leis da física.
O Universo – é o conjunto de todos os corpos celestes ou cósmicos e
do espaço que os rodeia, isto é, do espaço que os separa. É também
chamado de Cosmos.
O universo misterioso apresenta-se como um enorme vazio,
contendo milhões de milhões de galáxias. Esta aparente contradição é
explicada pelo facto de esses milhões de milhões de galáxias serem como
grãos de poeira, de tal modo distantes uns dos outros que são um nada,
comparados com o espaço em que se encontram.

1.1.3 – Formação do Universo


Apesar do esforço que se tem feito para conhecer a origem do
universo, ainda não foi possível encontrar uma explicação definitiva e
plenamente satisfatória.
Existem várias teorias que tentam, por hipótese, dar uma explicação
sobre a origem do Universo. No entanto, a teoria mais aceite na actualidade
é a do Big Bang também chamada de Teoria da Grande Explosão que
provocou a sua expansão, a qual considera que o nosso Universo nascido
há 14 mil milhões de anos, a partir de uma “explosão” cósmica.
O astrónomo norte-americano Edwin Hubble (1889-1953) descobriu
em 1929, que o Universo está em expansão. Esta extraordinária descoberta
é um dos fundamentos da cosmologia dos nossos dias.
Uma vez estabelecida a teoria da expansão do Universo, o astrónomo
belga Georges Lemaltre (1894 – 1966) apresenta a teoria segundo a qual o
Universo nasceu de uma imensa explosão, denominada, em inglês, Big
Bang. De acordo com esta teoria, as galáxias, hoje separadas por grandes
distâncias, teriam estado comprimidas num espaço pequeno, ou seja, numa
acumulação única de matéria, de densidade infinita – o átomo primitivo.
Como o equilíbrio deste átomo não podia ser mantido, ter-se-ia dado
uma explosão gigantesca chamada Big Bang, que se estendeu em todas as
direcções, iniciando assim a expansão do Universo.
A matéria resultante desta explosão distribuiu-se rapidamente pelo
espaço, originando as estrelas, as galáxias e todos os elementos químicos
conhecidos.
Imediatamente a seguir ao Big Bang, o Universo começou a
expandir-se e a arrefecer, tal como ainda hoje acontece.

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Embora a teoria do Big Bang seja aceite pela quase totalidade da
comunidade científica actual, alguns astrofísicos propõem outras teorias
para explicar o fenómeno, como as teorias da Expansão Permanente, do
Universo Pulsante ou Oscilante e do Estado Estacionário.
Teoria da Expansão Permanente
Esta teoria diz que o Universo expandir-se-á para sempre, com as
galáxias a afastarem-se continuamente umas das outras. Observações
astronómicas recentes corroboram esta hipótese.
Teoria do Universo Pulsante ou Oscilante
O universo oscilante (ou oscilatório) é um modelo cosmológico,
inicialmente proposto como hipótese por Richard Tolman, segundo o qual
o universo sofre uma série infinita de oscilações, cada uma delas iniciando-
se com um "Big Bang" e terminando com um "Big Crunch" (grande
colapso). Logo após o Big Bang, o universo se expande por um tempo
antes de que a atracção gravitacional da matéria produza uma aproximação
até chegar a um colapso e sofrer seguidamente um "Big Bounce" (grande
salto).
Teoria do Estado Estacionário
A Teoria do estado estacionário (SS Cosmology, do inglês Steady-
state) ou modelo do estado estacionário foi elaborada em 1948 por Fred
Hoyle, Thomas Gold e Hermann Bondi. É um modelo amplamente
desacreditado em Cosmologia que descreve um universo que se dilata
(expande) e no qual matéria nova se cria nos intervalos crescentes entre as
galáxias, mantendo a densidade de matéria no universo constante e
propiciando permanentemente prótons para as estrelas produzirem seus
processos de fusão, na nucleossíntese. O universo conservaria assim uma
densidade idêntica a todo momento, e duraria eternamente, o que
apresenta-se como uma ideia até filosoficamente "bela", como classificam-
na alguns cosmólogos, físicos e pensadores diversos, mas que mostrou-se
insustentável pelas evidências astronómicas. Posteriormente, foi
reapresentada na forma de outra teorização, chamada de Teoria do
Universo Quase Estacionário, ou "CEQE".

1.2 – COMPONENTES (COMPOSIÇÃO) DO UNIVERSO.


CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS
O universo está organizado ou formado por grupos de galáxias, que
são conjunto de galáxias, que por sua vez estão constituídas por numerosos
corpos cósmicos ou celestes de distintas estruturas e dimensões.
Entre os referidos corpos temos como principais os seguintes: as
Estrelas, os Planetas, os Cometas, as Nebulosas, a matéria inter estrelar e
interplanetária.
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• Estrelas – São astros que possuem luz própria. São também
incandescentes e constituídos por gases com elevadíssimas temperaturas.
As estrelas constituem a categoria mais numerosa dos astros.
• Planetas – São astros que não possuem luz própria, mais reflectem
a luz que recebem do Sol, ou seja, são visíveis por serem iluminados pelo
Sol ao redor do qual eles giram. São chamados astros errantes porque se
deslocam continuamente.
• Cometas – são astros que de tempo em tempo vêm-se cruzando o
céu. São astros de forma estranha, com velocidade superior à dos planetas.
Apresentam três partes que são: cabeleira (a parte mais brilhante), cauda e
núcleo.
• Nebulosas – são astros com aspecto de manchas esbranquiçadas
• Matéria inter estrelar e interplanetária – é a que existe entre as
estrelas e entre os planetas respectivamente. O espaço que fica entre os
corpos cósmico não se encontra vazio, contendo gases, pó meteoritos,
partículas emitidas pelo sol e os raios cósmicos.
Deves saber que:
Astronomia é a ciência que se dedica ao estudo dos astros,
ensinando a determinar a sua posição relativa, a sua configuração e a
verificar as leis do seu movimento. Os cientistas que se dedicam ao estudo
dos astros chamam-se astrónomos.
Cosmografia – é a ciência dos movimentos astronómicos da terra e
do universo.
Astros são, portanto, todos os corpos que existem no espaço e
podem também ser chamados de corpos celestes ou corpos cósmicos.

1.3 – O SISTEMA SOLAR: SUA FORMAÇÃO


O Sistema solar é aquele que se baseia no facto de o Sol ser o
centro, e todos os outros corpos que fazem parte deste mesmo sistema
girarem em sua volta, como se pode observar na figura a baixo.

Representação esquemática do Sistema Solar

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Os corpos cósmicos por causa das forças gravitacionais agrupam-se
em diferentes sistemas; o sistema mais simples è de um planeta com o seu
satélite, como por exemplo o sistema terra lua.
Os sistemas simples são integrados a outros mais complexos. O
sistema terra lua faz parte do sistema solar e este por sua vez constitui parte
da nossa galáxia que se chama via láctea.
Galáxias – são acumulações de corpos cósmicos de ordem superior e
de estrutura mais complexas.
Galáxia pode ser também definida como uma acumulação de astros
que se encontra em forma organizada. A via láctea é exemplo disto.
A nossa galáxia, via láctea, não é a única no mundo, havendo uma
infinidade de galáxias que se observam a partir da terra através de
telescópios e sondas especiais. A mais próxima da nossa é a galáxia
Andromedor.
Ano-luz (al) é a unidade que serve para medir as distâncias
astronómicas, ou seja, é a distância percorrida pela luz durante um ano a
velocidade de 300 000km/s. 1 ano luz equivale a 9 triliões e quinhentos
biliões de quilómetros (1 al = 9 500 000 000 000 km).
COMPONENTES DO SISTEMA SOLAR
O sistema Solar é formado por uma estrela mediana, o Sol, oito
planetas principais, três planetas anões, os satélites (planetas secundários),
numerosos cometas, asteróides (e meteoritos), contando ainda com meio
interplanetário constituído por gases e poeiras interestelares. Os planetas, a
maioria dos satélites e todos os asteróides orbitam em torno do Sol
seguindo órbitas elípticas com sentido anti-horário.

ORIGEM DO SISTEMA SOLAR


Ainda não se sabe, ao certo, como o sistema solar foi formado. Com
o conhecimento de vários outros sistemas planetários em volta de outras
estrelas que desafiam a noção clássica da formação de sistemas planetários,
a formação destes é hoje tema de debate. Para esse efeito tem-se levantado
a hipótese nebular.
A Teoria Nebular é uma teoria sugerida em 1755 pelo filósofo
alemão Immanuel Kant e desenvolvida em 1796 pelo matemático francês
Pierre-Simon Laplace no livro Exposition du Systéme du Monde. Segundo
essa teoria, o Sistema Solar teria se originado há cerca de 4,6 biliões de
anos a partir de uma vasta nuvem de gás e poeira – uma nebulosa.
Esse processo teria evoluído na seguinte sequência:

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a) Contracção da nebulosa graças à existência de uma força de
atracção gravitacional gerada pelo aumento da massa em sua região central.
Esta contracção teria provocado um aumento da velocidade de rotação. O
calor gerado no interior dessa nebulosa é tal, que desencadeia reacções
químicas e físicas que a fazem brilhar;
b) Achatamento até à forma de disco, com uma massa densa e
luminosa de gás em posição central, o proto-sol, correspondente a cerca de
99% da massa da nebulosa;
c) Durante o arrefecimento do disco nebular em torno do proto-sol
houve condensação dos materiais da nébula em grão sólidos. As regiões
situadas na periferia arrefeceriam mais rapidamente que as próximas da
estrela em formação. Uma vez que a cada temperatura corresponde a
condensação de um tipo de material com determinada composição química,
teria ocorrido uma separação mineralógica de acordo com a distância ao
Sol;
d) Em cada uma das zonas do disco assim formadas, a força da
gravidade provocaria a aglutinação de poeiras, que formariam pequenos
corpos chamados planetesimais, com diâmetro de cerca de 100 metros. Os
maiores desses corpos atraíram os menores, verificando-se a colisão e o
aumento progressivo das dimensões dos planetesimais. Todo este processo,
denominado acreção, conduziu à formação de corpos de maiores
dimensões, os protoplanetas e posteriormente, aos planetas

1.3.1 – OS PLANETAS DO SISTEMA SOLAR

O Sistema Solar

Os planetas subdividem-se em principais (aqueles que giram em


torno do sol) e secundários ou satélites (aqueles que giram directamente
em torno do planeta principal e indirectamente em volta do sol).
Classificação dos planetas principais segundo a sua distância ao Sol:
- Planetas interiores: são os que distam do Sol menos do que dista a
Terra (Mercúrio e Vénus).
- Planetas exteriores: são os que distam do Sol mais do que dista a
Terra (Marte, Júpiter, Saturno, Úrano e Neptuno).

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Classificação dos planetas segundo a sua estrutura
1 – Planetas jovianos ou gasosos – têm grande diâmetro, sendo
essencialmente gasosos (hidrogénio e hélio) e com densidade baixa. São os
seguintes: Júpiter, Saturno, Úrano e Neptuno.
2 – Planetas terrestres ou telúricos – são pequenos, de superfície
rochosa e sólida e elevada densidade. São Mercúrio, Vénus, Terra e Marte.
3 – Planetas anões – trata-se de uma nova categoria, inferior a
planeta, criada pela União Astronómica Internacional, em Agosto de 2006.
São corpos como o antigo planeta Plutão (agora 134340), o antigo asteróide
Ceres e Eris (2003 UB313).
4 – Planetas menores «também chamados planetóides», podem ser
de dois tipos: Asteróides e Cometas.

Os Asteróides – Orbitam em volta do Sol e têm dimensões inferiores


1000 kg.
Os Cometas – São corpos celestes que descrevem órbitas elípticas de
grande excentricidade. São compostos por materiais que sublinham nas
imediações do Sol. O núcleo é formado por gelo, compostos orgânicos
(carbono, metano, amónio, e outras moléculas) gases (hidrogénio, oxigénio,
nitrogénio) e poeira.

Características dos planetas principais


Mercúrio
É o planeta do sistema Solar mais próximo do Sol e o Segundo mais
pequeno. No seu máximo brilho, apresenta uma grande luminosidade que
se destaca no céu, e quando se encontra mais próximo da Terra apresenta a
forma de um disco. O seu diâmetro é de cerca de 4980km. O seu volume é
aproximadamente 5% do volume da Terra, a sua massa é cerca 1/18 da
massa do nosso planeta e a sua densidade é de 6,1.
A órbita que descreve em torno do Sol demora cerca de 88 dias e é
muito excêntrica, variando a distância ao Sol entre 46 milhões de
quilómetros, no periélio (ponto mais próximo), e 70 milhões de
quilómetros, no afélio (ponto mais distante), enquanto, em relação a Terra,
as distâncias oscilam entre 82 e 218 milhões de quilómetros.
O período de rotação, durante muito tempo considerado igual ao de
translação, é de cerca de 55 dias. Este planeta apresenta fases semelhantes
às da Lua.
Mercúrio, com intervalos de 3, 7, 10 ou 13 anos, passa em frente do
disco do Sol, acontecendo estes trânsitos 13 vezes por século.

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A atmosfera de Mercúrio, se existir, será muito fina e apenas
constituída por gases pesados.

Vénus
É o segundo planeta mais próximo do Sol e que dista dele cerca de
108 milhões de quilómetros. Possui um diâmetro de 12 196 km e descreve
uma órbita quase circular com a duração de 225 dias. O movimento de
rotação demora 243 dias.
Tal como Mercúrio, também Vénus passa em frente do disco do Sol,
ocorrendo estas passagens 4 vezes em cada 243 anos.
A massa de Vénus é de cerca de 81%, da massa da Terra e a
densidade é de 5,13.
Vénus está rodeado de uma espessa camada de nuvens
esbranquiçadas que impedem a visão da superfície sólida do planeta. As
camadas superiores da atmosfera contêm muito dióxido de carbono e,
através de sondas espaciais, foi detectada a presença de óxido de carbono e
quantidades muito reduzidas de oxigénio livre e de vapor de água.

Terra
A Terra é o terceiro planeta do Sistema solar mais próximo do Sol.
Situa-se a uma distância média de 150 milhões de quilómetros, sendo a
distância mínima (periélio) de 147 milhões de quilómetros, atingida a 3 de
Janeiro, e a distância máxima (afélio) de 152 milhões de quilómetros,
registada a 3 de Julho.
O diâmetro médio é de 12 742 km e a sua densidade é de 5,52.
O movimento de rotação dura 24 horas e faz-se de Oeste para Este
(sentido directo) em torno do eixo da Terra, o qual apresenta uma
inclinação em relação ao plano da órbita da Terra. O movimento de rotação
é responsável pela sucessão dos dias e das noites e pelo movimento
aparente da esfera celeste.
O movimento de translação em volta do Sol dura 365, 1⁄4 dias (365
dias e 6 horas) e descreve uma orbita elíptica de fraca excentricidade. O
movimento de translação é feito à velocidade de 29,766Km/s. Este
movimento, em associação com a inclinação do eixo de rotação, origina as
estações do ano e as variações na intensidade da luz e calor recebidas pelos
diferentes lugares na Terra ao longo do ano.
A atmosfera terrestre tem uma espessura aproximada de 1000 km,
sendo composta, na sua camada inferior (troposfera), por azoto (78%),
oxigénio (21%), vapor de água, dióxido de carbono, gases raros, poeiras,
etc.
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Marte
Marte é o quarto planeta mais próximo do sol, do qual dista, em
média, 227,9 milhões de quilómetros. No periélio, essa distância é de 206,5
milhões de quilómetros e, no afélio, de 249,1 milhões de quilómetros. O
diâmetro de Marte é de 6814km e o seu volume e massa são,
respectivamente, 15,7% e 10,8% do volume e massa da Terra. A densidade
de Marte é de 3,38 e a gravidade, no equador, é de 37% da registada na
Terra.
O movimento de rotação tem a duração de 24h 37´ e é efectuado em
torno de um eixo com uma inclinação de 24º50´ em relação ao plano da
órbita, o que permite a existência de 4 estações do ano, tal como na Terra,
embora quase com o dobro da duração, pois o movimento de translação de
Marte dura 687 dias.
A atmosfera de Marte é menos densa que a terrestre e tem na sua
composição dióxido de carbono (80%), monóxido de carbono e vapor de
água. Na atmosfera de Marte encontram-se nuvens amarelas e azuis,
compostas provavelmente por cristais de gelo.

Júpiter
Júpter é o maior planeta do Sistema Solar e tem uma massa dez
vezes e meia maior do que a do conjunto dos restantes planetas, satélites e
asteróides. É cerca de 1300 vezes maior do que a Terra.
Júpiter possui um pequeno núcleo denso, constituído por gelo e
corpos rochosos, rodeado por uma atmosfera espessa de hidrogénio, hélio,
amoníaco e metano que, sob forte pressão, se encontra no estado metálico
(sólido ou liquido).
Devido à sua enorme massa, possui um corpo gravitacional muito
forte.
A parte maias externa, a única acessível à observação, é agitada por
ventos e turbilhões violentos.
A energia emitida por Júpiter é o dobro da quantidade de energia que
absorve do Sol, o que indica que o planeta tem uma fonte de calor interna.
Júpiter possui um anel de partículas e 17 satélites, dos quais quatro,
denominados satélites galileanos, são particularmente grandes,
comparáveis, em tamanho, a Mercúrio e Vénus.
As fotografias de Júpiter mostram uma grande mancha vermelha, já
conhecida há muito tempo por observação terrestre. As recentes
observações espaciais revelaram a verdadeira natureza dessa mancha: um
gigantesco turbilhão gasoso cuja origem não é ainda bem explicada.

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Saturno
Com uma densidade de 0,7; Saturno é menos denso que água. A sua
atmosfera é análoga à de Júpiter. O seu anel é, na realidade, formado por
centenas de anéis concêntricos, muito finos, constituídos por blocos e grãos
de gelo.
A superfície de muitos dos seus satélites apresenta numerosas
crateras. Apresentam também sinais de vulcanismo, possivelmente
resultantes da fusão do gelo no interior do planeta.

Úrano
O planeta Úrano, com uma massa 18 vezes maiores que a da Terra,
apresenta uma temperatura superficial de -210ºC. A sua baixa densidade
(1,3) indica que deve possuir uma estrutura interna semelhante às de Júpiter
e Saturno. A sua atmosfera apresenta-se muito permeável à radiação solar e
é constituída principalmente por metano, hélio e hidrogénio.

Lua minúscula descoberta em Úrano


A sonda espacial norte-americana Voyager 2 descobriu, em
1986 uma pequena Lua nas proximidades de Úrano, segundo anúncio
da Agencia Espacial Norte-Americana (NASA). A descoberta eleva
para seis o número de satélites naturais detectados em orbita no sétimo
planeta do Sistema Solar.
A pequena lua, com 1,6km de diâmetro, foi descoberta ao
analisar as fotografias tiradas pela câmara de televisão Voyager 2,
disse Mary Beth, porta-voz dos cientistas que trabalham no laboratório
da NASA de Pasadena.
As fotografias que permitiram localizar o novo satélite foram
tiradas quando a sonda espacial se encontrava a mais de 30 milhões de
quilómetros do 3º maior planeta do sistema solar.

Neptuno
O planeta Neptuno tem uma massa 17 vezes maior que a da Terra e
uma densidade idêntica à de Úrano. A sua atmosfera é semelhante à deste
planeta, talvez mais rica em metano, e apresenta uma temperatura de -220
ºC. Possui 8 satélites e, após a reclassificação de Plutão, passou a ser o
planeta mais exterior do sistema solar.
Imagens tiradas pela sonda espacial Voyager 2 mostram que
Neptuno tem uma atmosfera dinâmica em que a velocidade do vento
excede os 1000 quilómetros por hora, fazendo dele um dos lugares mais
ventosos do sistema solar.

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Plutão
Foi até recentemente considerado o planeta mais externo do sistema
solar, sendo o mais pequeno (cerca de 1200km de raio) e o mais
desconhecido.
Em Agosto de 2006, a União Astronómica Internacional, reunida em
Praga, na República Checa, redefiniu o conceito de Planeta e classificou
Plutão, Ceres e Eris como Planetas Anões. Plutão também foi classificado
como o protótipo de uma família de objectos transneptunianos. Depois da
reclassificação, Plutão foi acrescentado à lista dos planetas menores e foi-
lhe atribuído o número 134 340.
Crê-se que a temperatura superficial média seja de cerca de -230ºC e
os dados colhidos por espectografia indicam que a sua superfície deve estar
coberta por metano no estado sólido. Possui três satélites: Caronte, Hidra e
Nix.
Foi o último planeta a ser descoberto. De início, admitiu-se que se
tratava de um cometa, o que descobertas posteriores vieram a desmentir.
A órbita está mais afastada do Sol do que a de qualquer outro e tem
características muito particulares. Demora 247,7 anos a percorrê-la.
Provavelmente marca a fronteira externa do Sistema Solar.

Características sintéticas dos planetas do Sistema Solar


Planetas Distância Período Período Diâmetro Massa Temperatura Principais Número
média ao de de médio em Máx. constituintes de
Sol translação rotação em (km) relação da Satélites
(milhões (dias/anos) à terra Min. (ºC) atmosfera conheci-
de km) (T=1) dos
Mercúrio 57,8 88 dias 55 dias 4980 0,055 430 Praticamente 0
-173 existente
Vénus 108,25 225 dias 243dias 12 196 0,815 425 Dióxido de 0
75 carbono
Terra 149,6 1 ano 1 dia 12 742 1,000 70 Azoto e 1
-50 oxigénio
Marte 227,9 1,9 anos 24h 6´ 6814 0,107 0 Dióxido de 2
-70 carbono
Júpiter 778,3 11,9 anos 10h 139 548 317,893 -130 Hidrogénio e 17
média hélio
Saturno 1427 29,7 anos 10h 5´ 116 900 95,147 -190 Hidrogénio e 22
média hélio
Úrano 2870,3 83,7 anos 10h 7´ 51 000 14,540 -210 Hidrogénio, 15
média hélio e
metano
Neptuno 4496,6 166 anos 15h 8´ 44 730 17,230 -220 Hidrogénio, 8
média hélio e
metano

O Sol contém 99.85% de toda a matéria do Sistema Solar. Os


planetas, que se condensaram a partir do mesmo disco de matéria de onde

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se formou o Sol, contêm apenas 0,135% da massa do sistema solar. Júpiter
contém mais do dobro da matéria de todos os outros planetas juntos. Os
satélites dos planetas, cometas, asteróides, meteoróides e o meio
interplanetário constituem os restantes 0,015%.
A tabela seguinte é uma lista da distribuição de massa no nosso
Sistema Solar.
- Sol: 99,85%
- Planetas: 0,135%
- Cometas: 0,01%
- Satélites: 0,00005%
- Planetas Menores: 0,0000002%
- Meteoróides: 0,0000001%
- Meio Interplanetário: 0,0000001%

1.3.2 – O SISTEMA TERRA-LUA


Até onde se sabe o planeta em que vivemos é o único do nosso
sistema solar em condições de abrigar vida da forma como a conhecemos.
A Terra está à uma distância adequada do Sol, tem uma atmosfera rica em
oxigénio e possui grandes quantidades de água. É o primeiro planeta, a
partir do Sol, que tem um satélite natural, a Lua.
A Terra é o terceiro planeta principal a partir do sol. A existência da
atmosfera e a água no estado líquido entre outras condições possibilitam a
organização da matéria em formas extremamente complexas, favorecendo a
existência dos seres vivos.
Forma da terra
A terra tem a forma de um elipsóide de revolução ou geóide. Através
de algumas expedições científicas confirmou-se que a forma da Terra é
semelhante a de um corpo esférico achatado nos pólos e abaulado no
equador. A esse corpo se conhece com o nome de elipsóide de revolução.
Mediante investigações recentes chegou-se a conclusão de que os
Hemisférios Norte e Sul não são simétricos, o raio polar do Hemisfério
Norte é maior que o raio polar do Hemisfério Sul.

Provas que demonstram a forma verdadeira do nosso planeta


- Viagem de circum-navegação.
- Fotografias tiradas a partir de naves espaciais.
- O nascimento do sol em horas desiguais nos diversos lugares da
terra.
- Os eclipses da lua.

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A Lua é o satélite da Terra e originou-se a partir dos pedaços que
restaram da colisão da Terra com um protoplaneta do tamanho de Marte
nos primórdios do Sistema Solar. Esta teoria explica a grande inclinação
axial do eixo de rotação terrestre. A enorme energia fornecida pelo choque
fundiu completamente a crusta terrestre e apressou grande quantidade de
resíduos incandescentes para o espaço. Com o tempo, formou-se um anel
de rochas em torno do nosso planeta, até que, por acreção, se formou a lua.

A face oculta da Lua – A translação e rotação lunar realizam-se


aproximadamente no mesmo intervalo de tempo. Como consequência deste
facto, a Lua apresenta sempre a mesma parte da superfície voltada para a
Terra.

 As marés - A força de atracção gravitacional lunar, produz nas águas


dos oceanos uma subida (preia-mar) e descida (baixa-mar),
alternadas de nível, perceptível nas orlas costeiras.

Características gerais da Lua


A Lua é um satélite que tem ¼ do diâmetro da Terra, e está apenas a
380 mil km de distância da Terra. A superfície da Lua é rica em alumínio e
titânio e seu interior é rochoso. Há possibilidades de existir na Lua (em
pequena quantidade), mas não há atmosfera. A falta de água líquida e de
atmosfera que forme ventos, impede qualquer erosão, por isso a Lua tem
grande quantidade de crateras visíveis. Qualquer buraco formado na Lua
não desmancha pois não há erosão. A quantidade de meteoritos que caem
na Terra é muito maior do que a quantidade que cai na Lua, só que na Terra
a erosão causada pela chuva e vento desmancha as crateras produzida por
eles.
Ela é um dos maiores satélites relativo ao seu planeta, com uma
relação 1/81 da massa terrestre. Por isso o sistema Terra-Lua pode ser
considerado um sistema planetário duplo. Por ser o objecto celeste mais
próximo da Terra, foi possível, através de missões tripuladas, trazer para a
Terra amostras de sua superfície. Da análise dessas amostras, verificou-se
que sua composição é muito semelhante à da Terra, contendo praticamente
os mesmos minerais. Porém não foi encontrado nenhum traço de água nem
erosão atmosférica, apesar das amostras trazidas serem mais antigas que as
terrestres.
Quanto ao seu surgimento, concluiu-se que a Lua, no início de sua
formação era recoberta por uma espessa camada de lava fundida, que se
resfriou gradualmente formando a crosta uniforme e de rochas claras.
Essa crosta recém-formada foi submetida a um intenso bombardeio
de meteoritos que deu origem às crateras conhecidas. O choque de
meteoritos com dimensões quilométricas provocou as grandes depressões.
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A energia gerada e a contracção provocada pelos impactos, fizeram com
que o interior lunar ainda quente voltasse a se aquecer e fundir o magma.
Esse magma fundido (de origem basáltica) aflorou à superfície nos locais
enfraquecidos pelo impacto. O magma espalhou e formou as regiões
baixas, vista da Terra como manchas escuras, os mares lunares. Isso
aconteceu até cerca de dois biliões de anos depois de sua formação. Desta
época até agora, a Lua tem estado praticamente inactiva, ocorrendo poucos
impactos de grande porte que terminaram por fragmentar as rochas
superficiais, fazendo com que toda a superfície ficasse recoberta por
minúsculos grãos de poeira.
Devido a baixa gravidade lunar, (que permite maior espalhamento
das partículas) os últimos impactos de grande porte fizeram com que toda
essa poeira se misturasse tornando possível se colher num único local,
amostras de diversas regiões da Lua. Como aconteceu com todos os
planetas terrestres em sua formação, quando ainda estavam na fase líquida,
os materiais mais densos vão para o centro e os menos densos ficam na
crosta. Isso aconteceu na Lua também, porém foi modificado
posteriormente pelo bombardeio de meteoros. As análises feitas revelam
que os continentes (regiões claras) são formados por um tipo de rocha a
base de óxido de cálcio, alumínio e silício. Já os mares (regiões escuras)
apresentam grande quantidade de ferro e titânio, que se afloraram das
regiões bem escuras mais profundas.
De forma resumida as características gerais da Lua são:
- Não tem atmosfera nem água, por isso a sua superfície não se
deteriora com o tempo.
- A sua superfície está exposta aos rigores do vento solar, de raios
cósmicos e meteoritos.
- A sua órbita é quase circular e o plano da órbita está inclinado 5°
em relação ao plano de órbita da Terra.

Exploração da Lua
A antiga URSS enviou pela primeira vez uma nave automática que
passou na superfície da Lua no ano de 1959. A 20 de Julho de 1969, N.
Armstrong e E. Aldrin foram os primeiros a caminhar sobre a superfície.
Os movimentos lunares
1 - Translação: movimento em torno da Terra.
2 - Rotação: movimento sobre o seu eixo.
3 -Movimento em torno do Sol acompanhando a translação da Terra.

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Desta forma, assume diferentes posições em relação a Terra e ao Sol.
Isso faz com que sua parte iluminada seja vista de diferentes formas ao
longo de um ciclo lunar.
Fases da Lua
As fases da Lua representam os diferentes aspectos que vemos o
satélite natural da Terra ao longo de um ciclo. Isso acontece em virtude da
variação da sua posição em relação ao nosso planeta e ao Sol.
Não sendo uma estrela, a Lua não emite luz própria. Entretanto, a
vemos iluminada pois ela reflecte a luz proveniente do Sol.
A Lua apresenta quatro fases: Lua Nova, Quarto Crescente, Lua
Cheia e Quarto minguante. Cada uma delas dura cerca de 7 a 8 dias.

Lua Nova
Nesta fase, não conseguimos observar a Lua pois ela está
posicionada entre o Sol e a Terra e, por isso, não a vemos neste momento.
Nesta fase, a Lua está no céu durante o dia, nascendo por volta das 6 horas
e se pondo por volta das 18 horas.
Quarto Crescente
A Lua crescente ou quarto crescente recebe esta denominação pois
neste momento só conseguimos observar ¼ de sua totalidade. Seu formato
é de um semicírculo e nesta fase a Lua nasce aproximadamente ao meio-dia
e se põe aproximadamente à meia-noite
Lua Cheia
Na fase da Lua cheia, a Terra está entre o Sol e a Lua e, portanto,
conseguimos observar a totalidade do satélite iluminado integralmente pelo
Sol. Nesta fase, a Lua nasce aproximadamente às 18 horas e se põe
aproximadamente às 6 horas do dia seguinte.
Quarto Minguante
A Lua minguante ou quarto minguante é o último estágio das fases
da Lua. Neste período, ela encontra-se no formato de um semicírculo e
assim, novamente conseguimos observar ¼ de sua totalidade no sentido

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oposto da fase crescente. Nesta fase, a Lua nasce aproximadamente à meia-
noite e se põe aproximadamente ao meio-dia.

1.3.2.1 – OS ECLIPSES
Por eclipse podemos definir como sendo um fenómeno em que um
astro deixa dedeser visível, total ou parcialmente (eclipse total e eclipse
parcial respectivamente), seja pela interposição de um outro astro entre ele
e o observador, seja porque, não tendo luz própria deixa de ser iluminado
ao colocar-se no cone da sombra de outro astro.
Estes podem ser:
O Eclipse do Sol verifica-se quando o Sol, a Lua e a Terra (por esta
ordem) se encontram situados numa mesma linha do espaço. Acontece
quando a lua coloca-se entre o sol e a terra tapando total ou parcialmente a
visibilidade entre ambos (eclipse total e eclipse parcial). Nestas condições,
a sombra da Lua projectar-se-á sobre uma região limitada da superfície
terrestre.

Eclipse solar anular (anelar)


Neste tipo de eclipse o Sol é visto como um anel de luz
brilhando em torno do disco lunar. Sendo o diâmetro aparente da Lua
menor que o do Sol (cerca de ½ grau), ela não encobre totalmente o disco
solar.
Eclipse da Lua verifica-se quando o Sol, a Terra e a Lua (por esta
ordem) se situam sobre uma mesma linha do espaço, a sombra da Terra
cobre a superfície da Lua, que encontra necessariamente na sua fase de Lua
Cheia. Acontece quando a Terra coloca-se entre o sol e a Lua tapando total
ou parcialmente a visibilidade entre ambas.

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1.3.3 – ASTERÓIDES, METEORITOS E COMETAS
•ASTERÓIDES
Os asteróides são objectos rochosos e metálicos que orbitam o Sol,
situados entre Marte e Júpiter, constituindo a cintura de asteróides, de
tamanho inferior a um planeta.
Da fragmentação de asteróides ou de cometas formam-se blocos de
tamanho variável, designados meteoróides. Quando estes atravessam a
atmosfera terrestre, o atrito faz com que aqueçam e se tornem
incandescentes (emitem luz) e passam a denominar-se meteoros ou estrelas
candentes. Caso atinjam a superfície terrestre são chamados meteoritos.
Os asteróides são objectos rochosos e metálicos que orbitam o Sol
mas são pequenos demais para serem considerados planetas. São
conhecidos por planetas menores. A dimensão dos asteróides varia desde
ceres, que têm um diâmetro de cerca de 1000 km, até à dimensão de
pequenas pedras. Dezasseis asteróides têm um diâmetro de 240 km ou
mais. Foram descobertos desde o interior da órbita da Terra até para lá da
órbita de Saturno. Muitos, porém, estão dentro de uma cintura que existe
entre as órbitas de Marte e de Júpiter. Alguns têm órbitas que atravessam a
órbita da Terra e alguns atingiram até a Terra em tempos passados. Um dos
exemplos mais bem conservados é a Cratera de Meteoro Barringer perto
de Winslow, Arizona, EUA.

•METEORITOS
Meteoritos são pedaços de matéria sólida vinda do espaço exterior,
que atravessam a atmosfera sem se fundir completamente e colidem com a
superfície terrestre, abrindo grandes crateras.

O meteorito "Willamette", o maior já encontrado nos Estados Unidos da


América, no estado do Oregon. É o sexto maior encontrado no mundo inteiro.

Um meteorito é a denominação dada quando um meteoróide,


formado por fragmentos de asteróides ou cometas ou ainda restos de
planetas desintegrados, que podem variar de tamanho desde simples poeira
a corpos celestes com quilómetros de diâmetro, alcançam a superfície da
Terra. Pode ser um aerólito (rochoso), siderito (metálico) ou sidrólico
(metálico-rochoso).
Tais eventos acontecem aproximadamente 150 vezes por ano sobre
toda a superfície terrestre.
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Composição dos meteoritos
Ao contrário dos meteoros (popularmente chamados de estrelas
candentes), os meteoritos que atingem a superfície da Terra não são
consumidos completamente pelo fogo decorrente do atrito da atmosfera. Os
mais comuns não contêm misturas de elementos, sendo compostos por
condritos, podendo também conter partículas de ferro.
Os condritos carbonosos podem conter moléculas complexas de
hidrocarbonetos. Os meteoróides são corpos no espaço que ainda não
atingiram a atmosfera terrestre.
Os meteoritos metálicos são constituídos por ferro
(aproximadamente 85%) e níquel (aproximadamente 14%), podendo conter
outros elementos em menor proporção. São também designados de
sideritos.
O maior meteorito conhecido é o Hoba West, foi encontrado
próximo de Grootfontein, Namíbia tem 2,7m de comprimento por 2,4 de
largura e peso estimado de 59 toneladas.
O maior em exibição em um museu é o Cabo York que pesa
aproximadamente 30 toneladas, foi encontrado perto de Cabo York,
Gronelândia em 1897 pela expedição do Comte. Robert Pearye está no
Museu Americano de História Natural, Nova Iorque, Estados Unidos.
•COMETAS
Um cometa é o corpo menor do sistema solar, semelhante a um
asteróide, mas composto principalmente por gelo. No nosso sistema solar,
as órbitas dos cometas estendem-se para lá da órbita de Plutão. Entre os
primitivos e silvícolas inspiravam superstições e temores, associados à
anjos, demónios ou entidades espirituais providas de poder sobre os povos.
Dos cometas que entram no sistema solar interior, a maioria possui
órbitas altamente elípticas. Basicamente, existe uma classificação quanto à
periodicidade dos cometas, ou seja, cometas com aparições de menos de
200 anos são classificados de período curto, acima disto são classificados
de período longo, ou ciclo superior a duzentos anos. Estes são por isso
chamados vagabundos do espaço.
Composição
Descritos com frequência como "bolas de neve suja", os cometas são
compostos em grande medida por gelos de dióxido de carbono (CO2),
metano (CH4), amónia (NH3) e água (H2O), misturados com poeira e vários
agregados minerais. Pensa-se que os cometas são detritos remanescentes da
condensação da nébula solar.

Teoria da origem dos cometas

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A teoria vigente diz que as regiões exteriores de tais nébulas são
suficientemente frias para permitir a existência de água no estado sólido
(em vez de gasoso). É errado descrever os cometas como asteróides
rodeados de gelo. O limite exterior do disco de acreção de uma nébula é
suficientemente frio para que os corpos em formação não passem pela
diferenciação experimentada por objectos no interior das órbitas
planetárias.
Constituição
A constituição básica de um cometa aparentemente é um núcleo de
dimensões relativamente pequenas que em princípio mostra estar envolto
por uma névoa brilhante e uma coma, ou cabeleira, cuja forma é
aparentemente esférica. À medida que se aproxima do Sol, seu brilho
aumenta em proporção directa, normalmente começa aparecer uma cauda
que pode chegar a alcançar até centenas de milhares de quilómetros de
extensão.
Observação
Ao longo do ano sempre existem cometas para serem observados. No
entanto muitos deles possuem brilho fraco que só podem ser detectados
através de instrumentos com objectiva superior a 20cm. Quando um cometa
atinge magnitude 10, ele já pode ser visível através de instrumentos com
abertura de 15cm. Cometas com magnitude visual entre 5 e 9 são
observados por meio de binóculos. Já os cometas mais brilhantes com
magnitude 5, podem ser vistos a olho nu, mas deve-se ter o cuidado de
escolher locais longe da poluição luminosa das grandes cidades para poder
detectar o cometa. Em séculos passados os cometas eram muito bem
observados pelo fato de não haver poluição luminosa. Era possível observar
cometas a olho nu no centro de Paris, por exemplo, onde há o Observatório
nesta cidade. Actualmente mesmo os cometas mais brilhantes têm seu
brilho ofuscado pelas luzes das cidades.

1.4 – OS MOVIMENTOS DA SUPERFÍCIE TERRESTRE: A


TECTÓNICA DE PLACAS
A terra é um planeta em permanente transformação, pois nele
ocorrem diversos e frequentes fenómenos, quer internos quer externos.
Durante milhares de anos, o ser humano foi um simples espectador desses
fenómenos, pois não os compreendia nem conhecia as suas causas. Só no
século XX foi possível realizar investigações que permitiram compreender
o dinamismo do nosso planeta.
A teoria da Deriva dos continentes, formulada por Wegener,
procura explicar dados da Cartografia, geologia e paleontologia, admitindo
que houve fragmentação de um grande continente, a Pangea, em unidades

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menores. Essas unidades (blocos) sofreram afastamentos, originando os
continentes actuais.
Inicialmente, esta teoria não foi aceite por não ser possível explicar a
causa da deslocação dos continentes. No entanto, o interesse pela teoria da
deriva dos continentes renasceu quando se obtiveram resultados da
investigação do fundo oceânico, iniciada a pois a Segunda Guerra Mundial.
Os estudos oceanográficos permitiram efectuar a cartografia do
fundo oceânico, detectando-se diferentes zonas:
Dorsal oceânica – extensa cadeia de montanhas, que se prolonga
para os diversos oceanos. No centro da Dorsal oceânica há um vale
profundo, rifte, cortado por numerosas falhas perpendiculares – falhas
transformantes. No rifte, ocorre subida de magmas, que originam novo
fundo oceânico;
Planície abissal – vasta área aplanada, com uma profundidade média
de 4500 a 5000m, que, por vezes, apresenta alguns relevos vulcânicos;
Fossa abissal – depressão profunda, paralela ao bordo continental,
que pode atingir a profundidade de 11000m;
Talude continental – região de declive acentuado que atinge a
profundidade de 4000m e se encontra entre a planície abissal e a plataforma
continental;
Plataforma continental – zona de declive pouco acentuado, com
profundidade até 200m e que corresponde a parte submersa dos
continentes.
A análise de materiais do fundo oceânico permitiu determinar a sua
constituição e idade. Verificou-se que estão constituídos por rochas
basálticas, tanto mais recentes quanto mais próximas do rifte. Os
sedimentos, depositados no fundo oceânico, são, também, mais recentes e
menos abundantes quanto mais próximos do rifte.
Estes dados permitiram concluir que o fundo oceânico se expande,
formando-se continuamente nas zonas de rifte.
Para explicar os diversos dados obtidos, foi proposta uma teoria
designada tectónica de placas. Segundo esta, a litosfera, camada mais
rígida que inclui a crusta terrestre é a parte superior do manto, é constituída
por blocos, as placas litosféricas, que se deslocam umas em relação as
outras. A litosfera assenta sobre uma camada menos rígida do manto, a
astenosfera, que apresenta uma pequena percentagem de materiais em
fusão. A plasticidade desta camada, associada às diferenças de temperatura,

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faz com que se criem movimentos contínuos designados correntes de
convecção.
Tectónica de placas (do grego τεκτονικός relativo à construção) é
uma teoria das geociências desenvolvida para explicar o fenómeno da
deriva continental, sendo a teoria actualmente com maior aceitação entre os
cientistas. Na teoria da tectónica de placas terrestres a parte mais exterior
da Terra está composta de duas camadas: a litosfera, que inclui a crosta e a
zona solidificada na parte mais externa do manto, e a astenosfera, que
inclui a parte mais interior e viscosa do manto. Numa escala temporal de
milhões de anos, o manto parece comportar-se como um líquido super-
aquecido e extremamente viscoso, mas em resposta a forças repentinas,
como os terramotos, comporta-se como um sólido rígido.
A teoria da tectónica de placas surgiu a partir da observação de dois
fenómenos geológicos distintos: a deriva continental, identificada no início
do século XX, e a expansão dos fundos oceânicos, detectada pela primeira
vez na década de 1960. A teoria propriamente dita foi desenvolvida no final
dos anos 60 e desde então tem sido universalmente aceite pelos cientistas
da área de Ciências da Terra.
A divisão do interior da Terra em litosfera e astenosfera baseia-se
nas suas diferenças mecânicas. A litosfera é mais fria e rígida, enquanto
que a astenosfera é mais quente e mecanicamente mais fraca. Esta divisão
não deve ser confundida com a subdivisão química da Terra, do interior
para a superfície, em: núcleo, manto e crosta, como pode observar na
seguinte figura:

Placas tectónicas

O princípio chave da tectónica de placas é a existência de uma


litosfera constituída por placas tectónicas separadas e distintas, que flutuam
sobre a astenósfera. A relativa fluidez da astenosfera permite que as placas
tectónicas se movimentem em diferentes direcções.
As placas contactam umas com as outras ao longo dos limites de
placa, estando estes comummente associados a eventos geológicos como

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terramotos e a criação de elementos topográficos como cadeias
montanhosas, vulcões e fossas oceânicas. A maioria dos vulcões activos do
mundo situa-se ao longo dos limites de placas, sendo a zona do Círculo de
Fogo do Pacífico a mais conhecida e activa. Estes limites são apresentados
em detalhe mais adiante.
As placas tectónicas podem incluir crosta continental ou crosta
oceânica, sendo que, tipicamente, uma placa contém os dois tipos. Por
exemplo, a placa Africana inclui o continente africano e parte dos fundos
marinhos do Oceano Atlântico e do Oceano Índico. A parte das placas
tectónicas que é comum a todas elas, é a camada sólida superior do manto
que se situa sob as crostas continental e oceânica, constituindo
conjuntamente com a crosta a litosfera.
A distinção entre crosta continental e crosta oceânica baseia-se na
diferença de densidades dos materiais que constituem cada uma delas; a
crosta oceânica é mais densa devido às diferentes proporções dos
elementos constituintes, em particular do silício. A crosta oceânica é mais
pobre em sílica e mais rica em minerais máficos (geralmente mais densos),
enquanto que a crosta continental apresenta maior percentagem de minerais
félsicos (em geral menos densos).
Como consequência, a crosta oceânica está geralmente abaixo do
nível do mar (como, por exemplo, a maior parte da placa do Pacífico),
enquanto que a crosta continental se situa acima daquele nível

Tipos de limites de placas ou Placas litosféricas em movimento


São três os tipos de limites de placas, caracterizados pelo modo como
as placas se deslocam umas relativamente às outras, às quais estão
associados diferentes tipos de fenómenos de superfície, ou seja, como é
sabido, as placas encontram-se em movimento e esse movimento de umas
placas em relação às outras pode ser de três tipos:
I – Limites transformantes ou conservativos (Placas em margens
de falhas transformantes) – ocorrem quando as placas deslizam ou mais
precisamente roçam uma na outra, ao longo de falhas transformantes. O
movimento relativo das duas placas pode ser direito ou esquerdo,
consoante se efectue para a direita ou para a esquerda do observador
colocado num dos lados da falha. Não há aqui uma criação nem destruição
de litosfera, as placas apenas deslizam uma pela outra e o atrito deste
movimento pode originar graves sismos (Ex: A Falha de Santo André, na
Califórnia, onde as placas norte-americana e do pacífico se encontram).

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II – Limites divergentes ou construtivos (Placas em margens
divergentes) – ocorrem quando duas placas se afastam uma da outra
devido à acessão de magma no Rift que as separa, há criação de litosfera e,
consequentemente uma expansão das placas (por exemplo a expansão das
placas norte-americana, euro-asiática, africana e sul-americana, a partir do
Rift do Atlântico).

III – Limites convergentes ou destrutivos (Placas em margens


convergentes e também designados por margens activas) – ocorrem
quando duas placas se movem uma em direcção à outra, formando uma
zona de subducção (se uma das placas mergulha sob a outra) ou uma cadeia
montanhosa (se as placas simplesmente colidem e se comprimem uma
contra a outra, como por exemplo dos Andes).

Há limites de placas cuja situação é mais complexa, nos casos em


que três ou mais placas se encontram, ocorrendo então uma mistura dos três
tipos de limites anteriores.
Principais placas tectónicas:
 A Placa do Pacífico, a maior de todas, e sobre a qual está a maior
parte do oceano pacífico;
 A Placa Norte-Americana, que se estende da costa do pacífico da
América do Norte até ao meio do Oceano Atlântico, onde encontra
as placas Euro-Asiática e Africana;
 A Placa Euro-Asiática que abrange a parte oriental do Atlântico
Norte, a Europa e grande parte da Ásia com excepção do
subcontinente indiano e da área correspondente a placa arábica;
 A Placa Africana, que inclui o Continente africano e extensões
consideráveis do Oceano Atlântico e Índico;
 A Placa Indo-Australiana, que abrange a Austrália, a Nova Guine,
a maior parte do Oceano Índico e o subcontinente indiano;
 A Placa Sul-Americana, que inclui a América do Sul a parte
ocidental do Atlântico Central e Sul;

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 A Placa Antárctica, que corresponde à Antárctida e as áreas
oceânicas envolventes;
 A Placa de Nazca, que abrange parte do oceano pacífico a oeste da
América do Sul;
 A Placa de Cocos, que se situa a oeste da América Central;
 A Placa das Caraíbas, que se encontra entre as placas Norte-
Americana e Sul-Americana;
 A Placa das Filipinas, que abrange parte do oceano pacífico entre o
Arquipélago do Japão e a Nova Guine.
As características das diferentes placas permitem agrupá-las em dois
grandes conjuntos: as placas continentais e as placas oceânicas.
As placas continentais são mais leves e frágeis do que as placas
oceânicas, dadas as diferenças na composição da Litosfera continental e da
litosfera oceânica. Estas diferenças são muito importantes para explicar os
fenómenos que ocorrem nas margens ou bordos das placas.

Em resumo, podemos afirmar que a teoria da Tectónica das Placas


constitui uma importante etapa na explicação de muitos dos fenómenos
geológicos da Terra e resolveu algumas questões que tinham sido
levantadas há algumas décadas sobre as teorias da deriva dos continentes e
da expansão dos fundos marinhos.

Nota: Nos locais onde uma placa colide com outra formam-se as
cordilheiras como a dos Himalaias e dos Andes

O deslocamento das placas tectónicas provoca também os


terramotos, fenómenos que ocorrem principalmente nas regiões limítrofes
entre diferentes placas. É, por exemplo, o caso da costa Oeste dos Estados
Unidos, situada no limite entre a Placa do Pacífico e a placa Norte-
Americana.
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TEMA 2 – Representações
geográficas
INTRODUÇÃO
Os seres humanos preocuparam-se muito cedo em fixar os limites
do seu horizonte espacial e em demarcar os seus itinerários terrestres,
fluviais e marítimos.
Com as faculdades que possui, o ser humano esforçou-se por
representar o seu ambiente de forma duradoura nas paredes das grutas,
utilizando bastões rudimentares ou figuras simbólicas, com a finalidade
de transmitir, de geração em geração, o segredo das rotas de caça e das
fontes de água, das áreas de segurança e das zonas de perigo.
O desenvolvimento dos meios de produção e dos instrumentos de
medida, os novos conhecimentos e, sobretudo, o aumento de
possibilidades do ser humano se movimentar, determinaram que a
necessidade de representar os espaços conhecidos e de projectá-los por
escrito, segundo regras cada vês mais complexas, se estendesse a
continente inteiros, e, logo, à totalidade da Terra.
Os mapas sempre existiram ou, pelo menos, o desejo de balizar o
espaço esteve sempre presente na mente humana.
O desenvolvimento da cartografia moderna ocorreu no século
XVIII, quando as expedições à Lapónia e a Peru possibilitaram
finalmente a representação exacta da Terra – uma esfera achatada nos
pólos e abaulada no equador.

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2.1 – A ORIENTAÇÃO
O termo orientação deriva da palavra “Oriente”. Durante a época
dos descobrimentos foi este o rumo desejado pelos portugueses que
procuravam chegar a Índia. Por esta razão procuravam orientar-se, ou
seja, buscar o Oriente.
Actualmente entende-se por orientação aos processos que nos
ajudam a encontrar os pontos cardiais, colaterais ou intermédios no
horizonte.
Horizonte visível
O horizonte visível é a porção da superfície da Terra que a nossa
vista alcança em todas as direcções, a partir do lugar em que nos
encontramos.
Talvez já tenha notado que, quando nos encontramos num lugar
elevado, o nosso horizonte é muito mais extenso do que quando o nosso
posto de observação corresponde a um sítio baixo. Na realidade, o
horizonte de um observador é tanto mais vasto quanto mais elevado for o
seu lugar de observação.
Na orientação no espaço ou orientação de um mapa, a utilização
de termos de lateralidade, como «direita» e «esquerda», de posição,
como «em cima» e «em baixo», pode dar lugar a erros. Por isso, recorre-
se aos pontos cardeais, colaterais e intermédios que nos permitem
orientar um espaço, qualquer que seja a sua dimensão.
Pontos cardeais
Os pontos cardeais são referências que nos permitem localizar e
orientar os elementos da paisagem. Podem também ser definidos como
os pontos que imaginamos marcados no horizonte para nos podermos
orientar.
Os quatro pontos cardeais são:
O Norte (N) – “Setentrião ou Boreal”;
O Sul (S) – “Meridião (ou meio-dia)1ou austral”;
O Este (E) – “Leste, nascente, levante ou Oriente”;
O Oeste (O ou W) – “Ocidente, poente ou ocaso”.
Pontos colaterais
Para além dos quatro pontos cardeais, podemos ainda considerar
a existência de quatro rumos de direcção intermédia entre os pontos
cardeais, a que chamamos pontos colaterais:
NE – Nordeste
NO ou NW – Noroeste
SE – Sudeste
SO ou SW – Sudoeste
1
Emprega-se o termo meio-dia porque na zona temperada do norte o Sol ao meio dia indica a direcção
sul.

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Pontos intermédios ou sub-colaterais
São aqueles que se situam entre os pontos cardiais e colaterais.
Temo-los da seguinte forma:
Nor-nordeste (NNE), entre o norte e o nordeste
És-nordeste (ENE), entre o este e o nordeste
Nor-noroeste (NNO), entre o norte e o noroeste
És-sudeste (ESE), entre o este e o sudeste
Su-sudeste (SSE), entre o sul e o sudeste
Su-sudoeste (SSO), entre o sul e o sudoeste
Oés-sudoeste (OSO), entre o oeste e o sudoeste
Oés-noroeste (ONO), entre o oeste e o noroeste
Ao conjunto formado pelas direcções tomadas pelos pontos
cardeais, colaterais e intermédios ou subcolaterais dá-se o nome de
rosa-dos-ventos.

Fig. 1 Rosa-dos-ventos

A partir da rosa-dos-ventos, é possível saber:


- A nossa posição relativamente a outros lugares;
- A posição de outros lugares relativamente à nossa posição.

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OS TIPOS DE ORIENTAÇÃO
Para além da rosa-dos-ventos, existem ainda outros tipos de
orientação que são:
- Orientação pelo Sol;
- Orientação pela estrela polar;
- Orientação pelo Cruzeiro do Sul;
- Orientação pelo relógio;
- Orientação pela sombra de uma vara;
- Orientação pela Bússola;
- O GPS.

Orientação pelo sol


O Sol, no seu movimento diurno aparente, descreve uma
trajectória: quando nos voltamos para ele, na altura do seu nascimento,
temos à frente o ponto cardial este, a retaguarda (atrás) o oeste, à
esquerda o norte e à direita o sul. Se nos virarmos para o ocaso
(poente), temos à frente o oeste, à retaguarda (atrás) o este, à esquerda
o sul e à direita o norte. Ao meio-dia, à nossa frente fica o ponto cardeal
sul, atrás, fica o ponto cardeal norte, à direita, o ponto cardeal oeste e, à
esquerda, o ponto cardeal este.

Fig. 2 – Esquema da orientação pelo Sol

Orientação pela estrela polar


A estrela polar é uma estrela que se encontra no prolongamento do
eixo da Terra, sobre o pólo norte. Por esta razão, indica o ponto cardeal
norte, a partir do qual é possível encontrar os restantes pontos cardeais,
o que possibilita uma orientação nocturna a todos os habitantes do
hemisfério norte. Esta estrela faz parte de uma constelação2 designada
Ursa menor.

2
Constelação é um aglomerado de estrelas delimitadas e que se parecem com figuras de animais ou
objectos, cujas designações se relacionam com crenças da antiguidade.

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Fig. 3 – Estrela polar

Orientação pela constelação Cruzeiro do Sul


O cruzeiro do Sul, visualizado pelos habitantes do hemisfério sul,
pode ser a constelação mais pequena do céu, mas é muito rica em
objectos interessantes e muito fáceis de localizar. As suas quatro
estrelas brilhantes formam uma cruz e evidenciam-se no caminho da
láctea.
Das quatro estrelas visíveis a olho nu que se definem a forma de
cruz, três são brancas e uma vermelho – alaranjado. A sua estrela mais
brilhante é visível a óleo nu.
O cruzeiro do Sul assinala aproximadamente o ponto cardeal sul.
Esta constelação está a baixa, junto ao horizonte sul, no início das noites
de Outubro e Novembro. Quando caem as noites de Maio e Junho,
atinge a posição mais alta.

Fig. 4 – Esquema da orientação pelo Cruzeiro do Sul

Orientação pelo relógio


Neste tipo de orientação, coloca-se o relógio em posição horizontal
e com o ponteiro da hora voltado para o Sol.
A recta que passa pelo centro do ângulo formado entre o ponteiro
das horas e o número 12 indica a direcção da linha N-S. A linha que
divide este ângulo em duas partes iguais indica o ponto cardeal Sul. Por
outras palavras, identificando a meia distância entre o ponteiro das horas
e as 12 horas do relógio, podemos desenhar uma linha que aponta para
o Sul.

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Fig. 5 – Esquema da orientação pelo relógio

Orientação pela sombra de uma vara


Tendo como referência o Sol, é possível determinar os pontos
cardiais usando uma vara. Assim traçamos uma circunferência no chão e
colocamos uma vara na posição vertical, no centro dessa circunferência.
Observando a sombra projectada pela estaca a diferentes horas do
dia, podemos verificar que é ao meio-dia que a sombra é mais curta.
Sabendo que o Sol nasce a este e põe-se a oeste, é fácil orientarmo-nos
pela sombra que a vara projecta de manhã cedo, isto porque esta
sombra indica a direcção Oeste. Logo, em sentido oposto, temos o Este,
à nossa direita o Norte e a esquerda, o Sul. Ao pôr-do-sol acontece o
contrário: a sombra projectada indica o Este, na direcção contrária
teremos o Oeste, à esquerda o Norte e à direita o Sul.

Fig. 6 – Esquema da orientação pela sombra de uma vara

Orientação pela bússola


A bússola é um instrumento dotado de uma agulha magnética que
aponta sempre o ponto cardeal norte. Por esta razão, pode ser utilizada
em todas as situações.
A bússola constitui um dos processos de orientação mais rigoroso,
se for utilizada correctamente. Para isso, a bússola deve ser colocada
sobre um local horizontal, afastando todos os objectos metálicos que
possam atrair a agulha indevidamente. De seguida faz-se rodar a caixa
da bússola de modo a que a ponta magnética da agulha coincida com a
letra N (Norte) cerca de 5ºC 23’. O N indica-nos então o Norte
geográfico (o que se quer determinar), enquanto a agulha nos aponta o
Norte magnético. A este ângulo dá-se o nome de declinação
magnética.
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Fig. 7 – Bússola. Fig. 8 – Declinação magnética em Luanda

O GPS
O GPS (Global Positioning System), é um processo de orientação
que consiste num sistema de posicionamento global que recorre a uma
rede de satélites artificiais.
Este sistema permite localizar com exactidão qualquer lugar no
mundo, de uma forma constante, independentemente das condições
meteorológicas.

Fig. 9 – GPS

COORDENADAS GEOGRÁFICAS
Para determinar a posição de um lugar é necessário conhecer as
coordenadas geográficas ou terrestres que são: Latitude e Longitude.
Coordenadas geográficas são o conjunto de linhas imaginárias
(meridianos e paralelos) que permitem determinar a posição de qualquer
ponto sobre a superfície terrestre.
Para este fim precisamos saber que paralelo (latitude) e que meridiano
(longitude) se cortam no lugar que nos interessa localizar. Esta rede de
linhas dá-nos uma informação muito útil para orientação no espaço
geográfico.
Através das coordenadas geográficas pode-se determinar facilmente a
posição exacta de qualquer ponto da superfície terrestre.

Latitude
A latitude é a medida da distância em graus de um ponto qualquer da
superfície terrestre ao equador.

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O Equador é uma linha circular, chamada círculo máximo e divide a
superfície terrestre nos hemisférios setentrional ou norte e meridional sul.
Como o equador divide a Terra em dois hemisférios, norte e sul, a
latitude será norte ou sul segundo a posição do lugar em relação ao
equador.
- Todos os pontos situados no equador têm latitude 0º ou nula;
- Todos os pontos situados nos pólos correspondem a 90º de latitude;
- Todos os pontos situados no hemisfério Norte têm latitude Norte;
- Todos os pontos situados no hemisfério sul têm latitude Sul;
- Todos os pontos situados no mesmo paralelo têm a mesma latitude.
Paralelos são outros círculos que se encontram a Norte e a Sul do
equador e paralelamente a esta e que se tornam menores a medida que se
afastam do equador e se aproximam dos pólos. Eles variam 0º, que é o
equador até 90º em cada pólo.
Além do equador são ainda importantes os paralelos que do 23º27´ a
Norte e Sul, e que tomam o nome respectivamente de Trópico de Câncer e
Trópico de Capricórnio e os círculos polares. Os círculos polares são: círculo
polar Árctico a 66º33´ a norte e círculo polar Antárctico ao Sul do equador
respectivamente.
Os círculos polares correspondem aos lugares situados mais a norte
ou mais a sul do equador que assinalam o limite que alcançam os raios
oblíquos e tangentes Sul em relação aos pólos nos solstícios.

Fig. 10 – Latitude
Longitude
A longitude é a medida da distância em graus desde o meridiano de
Greenwich até ao meridiano que corta um determinado ponto ou lugar.
Existe um meridiano de referência, meridiano principal ou meridiano
0º. Este mesmo meridiano chama se também meridiano de Greenwich
porque passa pelo observatório de Greenwich, na Inglaterra.

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Os meridianos são circunferências que vão de um pólo ao outro pólo
e atravessam perpendicularmente o equador e têm igual perímetro.
O meridiano 0º divide a esfera terrestre em dois hemisférios:
Hemisfério Este ou Oriental e Hemisfério Oeste ou Ocidental.
Em cada hemisfério os graus dos meridianos variam de 0º a 180º.

- Todos os pontos situados no meridiano de Greenwich têm longitude


0º ou nula;
- Todos os pontos situados no hemisfério oriental têm longitude Este
ou oriental;
- Todos os pontos situados no hemisfério ocidental têm longitude oeste
ou ocidental;
- Todos os pontos situados no mesmo meridiano têm a mesma
longitude.

Fig. 11 – Longitude

A intercepção dos meridianos e dos paralelos forma, pois uma rede


quadriculada que nos permite, através dessas linhas imaginarias, localizar
qualquer ponto a superfície da terra. Esta rede tem o nome de sistema de
coordenadas geográficas.

Fig. 12 – Sistema de Coordenadas Geográficas

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FUSOS HORÁRIOS
Fuso horário pode ser definido como sendo cada uma das 24 partes
da esfera terrestre compreendida entre dois meridianos distantes 15º de
longitude um do outro, no interior da qual a hora é, por convenção a mesma.

MAPA DE FUSOS HORÁRIOS


165º 150º 135º 120º 105º 90º 75º 60º 45º 30º 15º 0º 15º 30º 45º 60º 75º 90º 105º 120º 135º 150º 165º 180º

13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 0/24 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

É sabido que num dia solar existem 24 horas. Este facto permite aos
astrónomos e geógrafos determinarem rapidamente as longitudes dos
lugares do mundo. Mas surgiu a dificuldade da vida quotidiana porque ao
mesmo tempo existem horas diferentes entre regiões ou países ou mesmo
num só país de grande extensão. Assim surgiu a convenção dos fusos
horários, realizada em 1884 num Congresso Internacional realizado em
Washington, Estados Unidos de América, que é uma convenção
internacional surgida para facilitar saber a qualquer momento a hora em
qualquer país do mundo, e de onde se deliberou o seguinte:
- Considerou-se a terra dividida em 24 partes distanciadas por
semimeridianos de 15 graus;
- Cada 15º corresponde a um fuso e por sinal um fuso corresponde a
uma hora;
- Em todos os lugares compreendidos no mesmo fuso horário é a
mesma hora que corresponde a hora do meridiano central do fuso. Esta é a
hora legal.

Deste modo em cada fuso horário, todos os pontos situados a 7º e 30´


a este 7º e 30´ do meridiano central tem a mesma hora que corresponde a
hora solar deste meridiano central.
O meridiano 0º serviu como origem para estabelecimentos dos fusos
horários e das horas legais. Assim o meridiano 0º corresponde ao meridiano
central do fuso 0º e é a partir da sua hora que se contam as horas dos outros
meridianos.
A partir da hora do fuso 0º é possível, contando a diferença de fusos e,
portanto, a diferença de horas, saber a hora de qualquer outro fuso horário.

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É claro que se tem sempre que saber se o fuso de que se pretende
achar a hora, ou seja, se está para Este ou para Oeste daquele cuja hora se
sabe. Se o primeiro estiver para Este soma-se a hora dada mas as horas
correspondentes a diferença de fusos; Se estiver para Oeste diminui-se.
Depois de estabelecido o sistema de fusos horários foi necessário
determinar a partir de que meridiano começaria o novo dia do calendário.
A linha onde começa o novo dia do calendário chama-se linha
internacional de mudança de data, que corresponde ao anti-meridiano
180º.
Um viajante que da volta ao mundo movendo-se sempre para este, ou
seja, na mesma direcção em que roda a terra, deve adiantar o seu relógio de
uma hora em cada 15º de longitudes. Se se dirigir para Oeste deve atrasar o
relógio.
Quando estiver a atravessar a linha internacional de mudança de
datas vindo da América em direcção a Ásia (Oeste a Este) deve adiantar um
dia, se ao contrário se dirigir de Este para Oeste deve atrasar um dia.
Assim podemos dizer que enquanto por exemplo a Este da linha
internacional de mudança de data é 2ª feira, a Oeste é Domingo.
No cálculo para diferença de horas e simultaneamente da longitude é
preciso ter-se sempre em conta:
1 – Que o Sol se desloca no seu movimento diurno aparente de Leste
para Oeste e percorre em cada hora um arco de 15º, visto gastar 24 horas a
descrever os 360º;
2 – Que é sempre mais tarde para oriente e mais cedo para o
Ocidente;
3 – Que a diferença de tempo entre dois lugares depende da diferença
entre as respectivas longitudes;
4 – Que 15º corresponde a uma hora;
5 – Que 1º corresponde a 60 minutos;
6 – Que todos os países compreendidos dentro do mesmo fuso têm a
mesma hora;
7 – Que países de grande extensão em longitude como os E.U.A.,
Canadá e Rússia são cortados por vários fusos e por isso tiveram de adoptar
horas diferentes nos territórios abrangidos pelos respectivos fusos;
8 – Que se subtrai da maior a menor longitude quando são do mesmo
nome;
9 – Que se somam as longitudes quando são de nomes diferentes;
10 – Que se quisermos determinar a hora de um determinado lugar
situado a Oriente de outro cuja hora se conheça, temos de adicionar a esta

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hora a diferença de horas entre os dois lugares. No caso contrário
subtraímos;
11 – Se dois lugares distam um do outro por exemplo 60º em
longitude, a diferença de tempo entre eles é de 4 horas, sendo mais tarde no
lugar que fica a Oriente.
Conversão de um grau em fuso
1 – Se a longitude é Oriental (Este), subtraem-se 7º30´ ao valor da
longitude dada e divide-se a diferença por 15º. Se o quociente for exacto é o
número do fuso que se pretende. Se houver resto, acrescenta-se ao mesmo
uma unidade, cujo resultado há-de equivaler ao fuso pretendido.
2 – Se a longitude for ocidental, procede-se da mesma forma e de 24
subtrai-se o resultado obtido, cujo resto será o fuso pretendido.

Exercícios de fusos
1 – Quando são 10 horas no lugar do fuso 6, que horas são, ao mesmo
tempo, no lugar do fuso 11?
Dados
F6 10h F11 – F6 = 5f
F11 ? 5f = 5h
10h + 5h= 15h

Verificação
F 6 7 8 9 10 11
H 10 11 12 13 14 15

R: No lugar do fuso 11, são, ao mesmo tempo, 15 horas do mesmo


dia.

2 – No lugar do fuso 4 são 7 horas. Que horas são ao mesmo tempo


no lugar do fuso 2?
Dados F4 – F2 = 2f
F4 7h 2f = 2h
F2 ? 7h − 2h= 5h
Verificação
F 2 3 4
H 5 6 7
R: No lugar do fuso 2, são, ao mesmo tempo, 5 horas do mesmo dia.

3 – Quando são 12 horas no lugar do fuso 22, que horas são, ao


mesmo tempo, no lugar do fuso 17?

Compilado/Celestino Paulino & Ildefonso Catito/10ª Classe/Liceu Kapango-Huambo-2023/2024 Página 42


Dados F22 – F17 = 5f
F22 12h 5f = 5h
F17 ? 12h – 5h = 7h
Verificação
F 17 18 19 20 21 22
H 7 8 9 10 11 12
R: No lugar do fuso 17, são, ao mesmo tempo, 7 horas do mesmo
dia.

4 – Em Nova York que fica no fuso 19 são 16 horas. Que horas são,
ao mesmo tempo em Pequim, que fica no fuso 7?
Dados D. F. I. W.
F19 16h F24 – F19 = 5f
F7 ?
D. F. I. E.
F7 – F0 = 7f
T. F. I.
7f+5f =12f
12f = 12h
16h+12h = 28h
28h – 24h = 4h
Verificação
F 19 20 21 22 23 0/24 1 2 3 4 5 6 7
H 16 17 18 19 20 21 22 23 0 1 2 3 4
R: Em Pequim são, ao mesmo tempo 4 horas do dia seguinte.

5 – Imaginemos que se disputa um desafio de futebol entre as


selecções nacionais de Angola e Cuba, em Angola, na cidade do Huambo
(F1), as 5 horas do dia 1 de Janeiro de 2017. A que horas, o cubano poderia
ouvir o relato em havana (F19)?
Dados D. F. I. E.
F1 5h F1 – F0 = 1f
F19 ?
D. F. I. W.
F24 – F19 = 5f
T. F. I.
5f+1f = 6f
6f = 6h
6h – 5h = 1h
24h – 1h = 23h

Compilado/Celestino S. Paulino & Ildefonso C. Catito/10ª Classe/Liceu Kapango-Huambo/2022 Página 43


Verificação
F 19 20 21 22 23 0/24 1
H 23 0 1 2 3 4 5
R: O cubano poderia ouvir o relato em havana as 23 horas do dia
anterior, ou seja, as 23 horas do dia 31 de Dezembro de 2016.

6 – No lugar A, cuja longitude é de 40º W são 17 horas verdadeiras.


Que horas são em B, cuja longitude é de 35º E?
Dados
A = Longitude 40ºW 17h 40º+35º = 75º
B = Longitude 35ºE ?
15º 1h
75º 𝑥
75º x 1h
𝑥=
15º

75h
𝑥=
15º
𝑥 = 5h
17h+5h = 22h

R: Em B são, ao mesmo tempo, 22horas do mesmo dia.

7 – O lugar A encontra-se a 60º de longitude E e são 5 horas. Que


horas são ao mesmo tempo em B que fica na longitude 105º E?

Dados 105º −60º = 45º


A = Longitude 60ºE 5h
B = Longitude 105ºE ? 15º 1h
45º 𝑥
45º x 1h
𝑥=
15º

45h
𝑥=
15º
𝑥 = 3h
5h+3h = 8h
R: Em B são, ao mesmo tempo, 8 horas do mesmo dia

Compilado/Celestino S. Paulino & Ildefonso C. Catito/10ª Classe/Liceu Kapango-Huambo/2022 Página 44


FORMAS DE REPRESENTAR A TERRA
O nosso planeta tem a forma aproximada de uma esfera
ligeiramente achatada nos pólos, achatamento este provocado pela força
centrífuga derivada do seu movimento de rotação.
Assim sendo, é natural que o único processo de representar com
relativa exactidão e, portanto, sem deformações sensíveis, seja a do
globo.
Podemos, portanto, representar a totalidade da Terra empregando
o globo terrestre.
Para representar a Terra também são usados mapas. Há mapas
feitos de diversos materiais, mas todos eles têm em comum o facto de
representarem, de uma forma plana, a Terra ou parte dela.
O globo e o mapa são imprescindíveis para o estudo da Geografia.

2.2 – MAPAS GEOGRÁFICOS: SEUS TIPOS


Os povos primitivos, nas suas actividades de caça ou em
actividades guerreiras, movimentavam-se constantemente de um lugar
para outro. Como resultado das experiencias adquiridas nas suas
movimentações, começaram a identificar direcções e distâncias,
transmitindo uns aos outros conhecimentos do terreno. Quando
necessário, desenhavam de forma rudimentar, sobre a Terra, os
elementos mais significativos dos seus itinerários. Foi assim que
surgiram os mapas primitivos.
O mapa pode definir-se como a representação gráfica plana de
toda ou parte da superfície da Terra.

Fig. 13 – Mapa-mundo

Embora a Terra seja redonda, os mapas apresentam a


particularidade de a representar de uma forma plana. Trata-se de
representações gráficas, porque os vários aspectos da superfície da
Terra são representados através de símbolos, cores ou convenções.

Compilado/Celestino S. Paulino & Ildefonso C. Catito/10ª Classe/Liceu Kapango-Huambo/2022 Página 45


Num mapa podemos representar todo o planeta ou apenas uma
parte dele. Na impossibilidade de representar todos os pormenores
existentes a superfície da terra, pode representar apenas alguns
aspectos de cada vez, podendo obter-se, assim, vários tipos de mapas.

Tipos de mapas
No que se refere ao conteúdo, existe uma grande diversidade de
mapas. Entre os diferentes tipos de mapas mais conhecidos, quanto ao
seu conteúdo apontaremos os seguintes:
Mapas físicos – representam os aspectos naturais da superfície
da Terra da forma mais exacta possível. Por exemplo: o relevo, a
hidrografia (rios, lagos), a vegetação, pântanos etc., de uma determinada
região ou do mundo. Há também mapas físicos que apresentam apenas
a distribuição de certos elementos geográficos, como, por exemplo, os
mapas isotérmicos, de isóbaras, da vegetação etc.
Mapas políticos – representam as nações, fronteiras, cidades,
limites da divisão administrativa, etc. Muitas vezes, num mesmo mapa,
sobretudo nos mapas murais utilizados no ensino, podem encontrar-se
elementos dos mapas físicos e dos mapas económicos ou políticos
sobrepostos.
Mapas económicos – assinalam, com a ajuda de símbolos, a
localização da produção material, como, por exemplo, os centros de
produção industrial, as áreas de exploração mineira, as áreas de cultivo
agrícola e outros dados de interesse económico.
Para além destes três tipos principais de mapas, devemos ainda
mencionar os mapas topográficos – por topografia entende-se a
descrição exacta e minuciosa de um lugar. Um mapa topográfico é
aquele que representa uma pequena proporção de terreno tal como ela
é, incluindo todos os objectos fixos existentes nesta superfície. Assim,
um mapa topográfico representa não só as formas de relevo, os cursos
de água mas também os caminhos, as povoações, as principais formas
de vegetação, etc.
Assim, em Angola existem mapas topográficos nas 1/25 000, 1/50
000, 1/250 000, e o organismo responsável pela elaboração destes
mapas é o Instituto Geográfico e Cadastral de Angola.
Mapas hipsométricos – servem para representar o relevo através
de cores. Para cada classe de valores de altitude atribui-se uma cor, que
deve ser tanto mais escura e quanto maior for a altitude. Assim, basta-
nos um simples olhar para detectar as áreas de maior e menor altitude.
Mapas temáticos - representam um único tema, entre os vários
passíveis, numa determinada área. Por exemplo: recursos minerais,
vegetação, climas, distribuição da população, concentrações industriais,
etc.
Compilado/Celestino S. Paulino & Ildefonso C. Catito/10ª Classe/Liceu Kapango-Huambo/2022 Página 46
Mapa-mundo - é um mapa que representa toda a superfície da
Terra, com separação de dois hemisférios distintos representados por
círculos.
Mapa mural – também conhecido por mapa de parede, é
geralmente de grande formato, sendo, no entanto, aquele que representa
os aspectos físicos geográficos, num muro ou numa parede.
Planisfério é um mapa que representa toda a superfície da terra
sem separação dos hemisférios.

Fig. 14 – Planisfério
Importância dos mapas
Os mapas desempenham uma função importante em múltiplas
actividades do homem moderno, já que possibilitam a localização exacta
dos diferentes lugares do globo e facilitam a análise da informação.
Os mapas podem proporcionar uma grande variedade de
informações e o seu uso e compreensões são fáceis. Por este motivo,
têm-se convertido em instrumentos de trabalho para um grande número
de profissionais: geógrafos, geólogos, engenheiros, planificadores,
agrónomos e muitos outros, que os utilizam constantemente nas suas
actividades. Também são muito úteis aos turistas porque os ajudam a
conhecer as rotas de estradas e vias-férreas, a localizar cidades,
monumentos históricos, áreas de lazer, etc.

Quanto as suas vantagens e desvantagens, podemos


resumidamente evocar:

Vantagens do mapa
- Permite a visão dos dois hemisférios ao mesmo tempo;
- Apresenta muita informação partindo dos mais simples
pormenores;
- É fácil de transportar e utilizar;
- Apresenta um baixo custo.

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Desvantagens do mapa
- Não oferece uma representação mais exacta da Terra;
- Reproduz com deformações a forma dos continentes e dos
oceanos;
- A proporção real dos continentes e dos oceanos não está bem
representada;
- As distâncias entre os diferentes pontos e equivalências das áreas
aparecem reproduzidas com deformações.

2.3 - A LEGENDA E A ESCALA


Em qualquer mapa, a área nele representada está reduzida um certo
número de vezes, havendo, por isso, uma relação entre as distâncias
medidas nos mapas e as distâncias que lhe correspondem no terreno.
Todos os mapas devem possuir quatro elementos fundamentais: o
título, a legenda, a escala e a orientação. Sem eles, a leitura do mapa
pode tornar-se difícil. Ou mesmo impossível.
O que indica o titulo e para que serve?
O título indica-nos o tema representado no mapa. Os títulos dos
mapas devem conter sempre a resposta a três questões fundamentais:
O quê? (O que representa o mapa);
Onde? (A região representada no mapa);
Quando? (A data do tema representado no mapa).

A LEGENDA
O mapa não é uma reprodução exacta da Terra, mas sim uma
representação. O cartógrafo, ao preparar o mapa, selecciona os objectos
que devem ser representados de acordo com a finalidade do mapa.
Esses objectos são representados mediante a legenda. Essa
legenda constitui a linguagem visual dos mapas.
Há mapas que representam o relevo de uma região, outros mostram
a distribuição da vegetação, dos climas ou da população. Há mapas ainda
que representam as inter-relações entre os elementos do complexo
geográfico de uma região.
Quando o número de fenómenos que se pretende representar num
mapa é muito grande, a sua leitura torna-se difícil devido à grande
quantidade de símbolos que nele devem aparecer.
Entre os mapas mais difíceis de interpretar, figuram os mapas de
estradas, que têm sido muito divulgados.
De entre as representações mais usadas nos mapas, podemos
destacar as que se apresentam a seguir.

Compilado/Celestino S. Paulino & Ildefonso C. Catito/10ª Classe/Liceu Kapango-Huambo/2022 Página 48


Assim, observe um mapa hipsométrico e verá que a sua legenda
inclui aquilo que podemos designar por escala cromática (cromático
refere-se as cores).
Na escala cromática, cada cor (ou tonalidade) representa um
intervalo de altitude ou de profundidades.
Assim, qualquer mapa hipsométrico de uma região apresenta
diversas cores (ou tonalidades) para as profundidades submarinas.
Geralmente, as altitudes positivas são representadas por cores que
vão desde o verde (que geralmente vai dos 0 aos 200 m acima do nível
médio das águas do mar) até a castanho-escuro, que representa as
maiores altitudes. As altitudes negativas estão, normalmente,
representadas a vermelho ou a verde-escuro. O relevo submarino é
representado por cores que vão desde o branco (para a plataforma
continental) até ao azul-escuro.
A legenda é constituída por um conjunto de símbolos, cores ou
convenções com os respectivos significados. A legenda tem por objectivo
ensinar-nos a ler o mapa. Portanto, a legenda é o local, no mapa, onde
encontramos o significado dos símbolos convencionais.

A ESCALA
A escala é a relação entre uma determinada distância no mapa e a
correspondente distância na realidade.
A escala representa, assim, o número de vezes em que foram
reduzidas as distâncias reais para as poder representar no papel ou no
mapa.
Representa-se da seguinte forma:
Medida da distância no mapa
Escala =
Medida da distância real

Considera-se o mapa como uma imagem reduzida da área que


representa e, por isso, todas as medidas aparecem reduzidas na mesma
proporção.
No caso de um mapa apresentar uma redução de 500 000 vezes,
cada centímetro que aparece no mapa deve corresponder, na realidade, a
cinco (5) quilómetros.
A expressão numérica da relação entre as dimensões lineares do
mapa e as mesmas dimensões na realidade constitui a escala do mapa.
Há dois tipos básicos de escala - escalas numéricas e escalas gráficas.
Escalas numéricas
A escala numérica é representada sob forma de fracção.

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O numerador é sempre igual a 1 e representa a distância medida no
mapa (ou em qualquer outra representação), enquanto o denominador
traduz a distância real do mapa.
A escala numérica pode representar-se de três maneiras diferentes:
1
ou 1/500 000 ou 1:500 000(Todas elas se lêem “um para quinhentos mil”)
500 000

Nas fracções, o numerador representa sempre a unidade e o


denominador a redução a que ficaram sujeitas as distâncias reais, ao
serem representadas no mapa. Assim, na escala 1/500 000, 1 cm
representa a distância no mapa, ao passo que 500 000 cm representa a
distância real. Isto significa que a 1 cm no mapa correspondem 500 000
cm na realidade.
Quanto maior for o denominador menor será a escala do mapa.
Escala Gráfica
A escala gráfica é representada mediante um segmento de recta,
normalmente subdividido em secções e ao longo do qual são registadas
as distâncias reais correspondentes às dimensões do segmento.
Exemplo de escala gráfica:
0 5 10 15 20 25 km

1cm

Ao medir a distância entre dois pontos no mapa facilmente se


determina a distância que lhe corresponde: basta que, para isso, se
procure o respectivo valor na escala gráfica.
A definição de escala pode traduzir-se pela seguinte fórmula
matemática muito simples:
𝐝 𝐷𝑀
𝑬= ou E =
𝐷𝑅
𝐃

Onde
E = Escala;
d (DM) = Distância gráfica (distância medida no mapa ou desenho);
D (DR) = Distância Real.

Utilidade da escala
Os mapas permitem-nos não só localizar os vários elementos na
paisagem como também calcular as distâncias entre eles. Dessa forma,
com a ajuda da escala, podemos determinar:
- A distancia entre dois lugares, sabendo a distância a que estão
representados no mapa (cálculo de distância reais);

Compilado/Celestino S. Paulino & Ildefonso C. Catito/10ª Classe/Liceu Kapango-Huambo/2022 Página 50


- A distancia no mapa, sabendo a respectiva distancia real (cálculo
da distância no mapa);
A partir da definição de escala e da fórmula matemática que traduz,
torna-se muito fácil resolver três tipos de problemas, correspondente as
questões que a seguir se colocam:
- Cálculo das distancias reais, conhecidas as distâncias no mapa
ou desenhos e a escala a utilizar;
- Calculo das distâncias no mapa ou desenho, conhecidas as
distâncias reais e a escala a utilizar;
- Determinação da escala, conhecida a distância no mapa ou
desenho e a distância real correspondente.

RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS SIMPLES DE ESCALAS


Exemplo do 1º tipo
Num mapa com a primeira escala de 1/600 000, dois lugares distam
um do outro 30 cm. Calcula a distância real entre estes dois lugares.
Dados Fórmula
d
E = 1: 600 000 𝐸=
D
d = 30cm
D=?
Tendo em conta os dados e a fórmula matemática que traduz a definição de
escala, teremos:

Substituição e Resolução
1 30cm
=
600 000 𝐷
30cm x 600 000
D= =18 000 000 cm
1

D =180 km.

R: A distância real é de 180 km.

Exemplo do 2º tipo
Uma ponte com 3,2 km de comprimento está representado num
mapa com a escala de 1:10 000. Calcula o comprimento desta ponte no
referido mapa.
Dados
E =1:10 000
D = 3,2km = 320 000cm
d=?

Compilado/Celestino S. Paulino & Ildefonso C. Catito/10ª Classe/Liceu Kapango-Huambo/2022 Página 51


Resolução
1 d
=
10 000 320 000

1 x 320 000 cm
d= = 32cm
10 000

R: A ponte terá, no mapa, um comprimento (d) de 32cm.

Exemplo do 3º tipo
Ao observar um mapa verificou-se que a escala estava ilegível. No
entanto, sabe-se que a distância real entre dois pontos nele assinalados
é de 15km e que, nesse mapa os referidos pontos distam um do outro 60
cm.
Dados
E =?
d =60 cm
D=15 km =1500 000 cm

Resolução
Como o numerador é uma unidade, basta calcular o valor do denominador
que designaremos por x. Assim:
1 60 cm
=
𝑋 1500 000
1 x 1500 000 cm
X= = 25 000
60 𝑐𝑚

E = 1: 25 000

R: A escala do mapa corresponde a 1: 25 000.

Analisemos agora as seguintes escalas:


A = 1: 100 000 B = 1:50 000 C = 200 000

Qual delas será maior?


Ora, sabe-se que de duas ou mais fracções com o mesmo
numerador, será de maior valor a que tiver menor denominador. Por
conseguinte, das três escalas indicadas, B é a maior e C a menor. Ou
seja:
1:50 000>1:100 000 >1:200 000

Compilado/Celestino S. Paulino & Ildefonso C. Catito/10ª Classe/Liceu Kapango-Huambo/2022 Página 52


2.4 - O GLOBO TERRESTRE E O ATLAS GEOGRÁFICO
O globo terrestre
O globo terrestre é a representação total da Terra de forma esférica.
Tendo em conta as suas características, constituem um meio
cartográfico de muita importância na aprendizagem geográfica.
Neles, as superfícies emersas (continentes e ilhas) não aparecem
desfiguradas, as distâncias entre os objectos representados são fixos e a
escala é constante em todas as direcções, o que permite uma formação
correcta no que se refere as representações espaciais (espaço).
Atendendo aos conteúdos que apresentam, os globos podem ser
físicos, políticos e económicos.
Vantagens do globo terrestre
- Oferece uma representação mais aproximada da Terra
comparativamente aos mapas porque representa em ponto pequeno a Terra;
- A proporção real dos continentes e dos oceanos está bem
representada;
- Nota-se bem a configuração dos continentes e dos oceanos;
- As distâncias entre os diversos pontos da superfície terrestre não
ficam muito alteradas;
- Nele está representado o eixo imaginário da Terra.
- A escala é constante em todas as direcções.

Desvantagens do globo terrestre


- O globo terrestre não permite a visão dos dois hemisférios ao mesmo
tempo;
- O globo terrestre contem sempre pouca informação geográfica,
mesmo que o seu tamanho seja grande. Por exemplo: seria muito difícil
representar Angola num globo onde o nosso país representasse dimensões
que permitissem analisar com algum pormenor a distribuição da nossa
população ou das nossas principais produções agrícolas. Este globo teria de
ser tão grande que quase não caberia na porta de acesso à sala de aulas;
- Nem sempre e fácil de transportar e de utilizar;
- O globo terrestre tem um custo elevado.

Ninguém pode visualizar adequadamente o mundo sem estudar


cuidadosamente o globo terrestre.

Compilado/Celestino S. Paulino & Ildefonso C. Catito/10ª Classe/Liceu Kapango-Huambo/2022 Página 53


Fig. 15 – Globo terrestre

O Atlas geográficos
Os atlas geográficos são livros que disponibilizam um conjunto de
mapas com o formato e apresentação normalizados. Entre os diversos
tipos de atlas geográficos consideram-se, por exemplo os mundiais ou
universais, os nacionais, os regionais e os locais, ou ainda os escolares.
No atlas geográfico aparecem diversos mapas temáticos
elaborados em diferentes escalas. Geralmente, a escala dos mapas no
atlas é constante.
Os atlas geográficos são muito úteis porque:
- Constituem suportes de referência para localização dos objectos
geográficos neles representados;
- São uma espécie de “dicionários geográficos” já que contem um
índice de nomes geográficos;
- São instrumentos de coordenação, pois a respectiva leitura
permite veicular conhecimentos que de outra forma poderiam ficar sem
conexão;
Permitem comparar mapas com diferentes tipos de informação
(clima, vegetação, população, etc), descobrindo as relações entre eles.
Uma das partes mais importantes dum atlas é o seu Índice, pois
nele estão indicados todos os nomes dos locais geográficos
mencionados nos mapas. Nesse índice, poderemos encontrar a página
do mapa onde aparece o local que desejamos bem como as suas
coordenadas de localização (letras e números) para que possamos
localizar com mais facilidades no mapa respectivo.
Muitos atlas contêm, além dos mapas, informação estatística e
outros dados importantes.

Compilado/Celestino S. Paulino & Ildefonso C. Catito/10ª Classe/Liceu Kapango-Huambo/2022 Página 54


2.5 – PROJECÇÕES CARTOGRÁFICAS
Projecções cartográficas são os métodos empregues para
reproduzir, com uma aproximação aceitável, a superfície esférica da
Terra num plano.
Se os meridianos e os paralelos estiverem traçados
adequadamente numa folha de papel, pode desenhar-se o contorno dum
continente ou duma ilha com facilidade, mediante o conhecimento das
latitudes e longitudes de vários pontos da costa.
Assim, o primeiro passo para a construção do mapa é a projecção,
a mais correcta possível, dos paralelos e dos meridianos da esfera
terrestre para a folha de papel.
Esta projecção da rede de coordenadas geográficas, cuja forma
real é esférica, para a superfície plana é bastante complexa dado que a
representação da Terra ou de parte dela deve ser feita com a máxima
exactidão.
A forma esférica do nosso planeta leva a que seja difícil a sua
projecção numa superfície plana, porque a esfera é um corpo geométrico
não planificável, uma vez que, ao ser estendida num plano, as suas
partes não se ajustam umas às outras. Por este motivo, é impossível
obter uma projecção.
Embora não seja possível representar a superfície esférica da terra
de forma plana sem que apareça deformada, este problema tem sido
parcialmente resolvido, já que os cartógrafos idealizaram diferentes tipos
de projecções que reduzem essas deformações, segundo a extensão da
região cartografada.
A cartografia é a ciência encarregada do traçado dos mapas. O
seu objectivo é reunir e analisar dados acerca das medições que se
efectuam nas diferentes regiões da terra e representa-las numa escala
reduzida, de modo que todos os elementos e detalhes sejam claramente
visíveis. Estes trabalhos realizam-se em gabinetes ou laboratórios, mas
devem ser apoiados pelos levantamentos que se efectuam no terreno,
sem os quais não seria possível realizar uma boa representação
geográfica.
Uma projecção consiste, em projectar, com precisão, uma rede
ordenada de paralelos e meridianos, isto é, a projecção da rede de
coordenadas geográficas da esfera terrestre num plano, sobre a qual se
inscrevem, posteriormente, as particularidades do terreno obtidas nos
levantamentos topográficos.
Levantamentos topográficos – conjunto de operações no terreno
e no gabinete, que tem como objectivo determinar a posição, as formas e
as dimensões dos elementos do terreno num determinado momento,
posteriormente impresso num plano (Afonso).
Compilado/Celestino S. Paulino & Ildefonso C. Catito/10ª Classe/Liceu Kapango-Huambo/2022 Página 55
Entretanto Levantamento é o trabalho em que se efectuam
medições para determinar as posições relativas de pontos de superfície
terrestre, com a finalidade de preparar uma carta topográfica
Existem levantamentos topográficos planos e levantamentos
geodésicos, os primeiros consideram a Terra como um plano, e nos
segundos considera-se a verdadeira forma da Terra.

PRINCIPAIS TIPOS DE PROJECÇÕES


Existem vários tipos de projecções numa superfície plana.
A escolha dum ou doutro tipo de projecção deve ter em conta a
finalidade do mapa.
Existem mais de 200 sistemas de projecção. No entanto, os mais
usados correspondem a três categorias:
Projecção cilíndrica;
Projecção cónica;
Projecção zenital ou polar (Azimutal).
Cada uma destas projecções apresenta vantagens e
inconvenientes. Nenhuma projecção é perfeita e é preciso escolher entre
o que se quer conservar exacto e o que se pode aceitar com
deformações. Esta escolha é de ordem prática e depende da utilização
que se pretende fazer do mapa.
Para ter uma ideia de como é possível obter cada uma destas
projecções, imagine as seguintes experiências:
Tendo uma esfera vazia, sobre cuja superfície foram desenhados
os paralelos e meridianos, põe-se uma luz no interior da esfera e coloca-
se uma folha de papel dentro dessa mesma esfera;
Verá, então, projectarem-se no papel os meridianos e os paralelos.
Da maneira como se coloca a folha de papel dependerá a disposição dos
paralelos e meridianos projectados;
Se o papel for colocado de maneira a formar um cilindro, terá uma
projecção cilíndrica;
Se o papel formar um cone, terá uma projecção cónica;
Se a superfície do globo for projectada numa folha de papel a partir
de um centro de perspectiva, teremos uma projecção azimutal, sendo a
projecção polar um tipo de projecção azimutal.
Para além destes tipos de projecções, existem outros de maior ou
menor complexidade.
Veremos agora as principais características de cada um dos
tipos de projecções enunciados.

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Projecções cilíndricas

Fig. 16

Nas projecções cilíndricas, uma das mais utilizadas é a de


Mercator (nome que se deve a Gerhard Mercator, um cartógrafo
flamengo). É a mais célebre e foi publicada em 1569 e ainda hoje é muito
utilizada.
Neste tipo de projecção, a superfície esférica da Terra é projectada
num cilindro.
As projecções cilíndricas são as que projectam a rede de
coordenadas geográficas da esfera num cilindro que a envolve. Ao
estender-se o cilindro, irá obter-se num mapa de forma rectangular, no
qual os paralelos e os meridianos se cortam perpendicularmente; na
medida em que os meridianos são rectos e equidistantes, os paralelos
apresentam uma separação variável. Estas projecções são úteis para
representar as zonas das latitudes baixas e utilizam-se em mapas para
indicar a direcção das correntes oceânicas, dos ventos, das isotérmicas,
das isóbaras, etc.
Projecção cónica

Fig. 15

Este sistema de protecção foi introduzido por J.H.: Lambert em


1772.
As Projecções cónicas são as projecções que representam a
rede das coordenadas geográficas da esfera terrestre, num cone
tangente a um paralelo.
Nas projecções cónicas, os paralelos são arcos de círculos
concêntricos, cujo centro comum corresponde ao pólo Norte ou ao pólo
Sul. Os meridianos são linhas rectas que convergem num ponto comum
situado no pólo Norte ou no pólo Sul.

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Estas projecções servem sobretudo para a representação de
zonas que se estendem em longitude e também daquelas que se
encontram a latitudes médias, como as regiões temperadas.
Nestas projecções, as deformações são pequenas, próximo do
paralelo que passa pela zona de contacto da esfera com o cone, mas
aumentam à medida que nos afastamos desta área.

zenital (Azimutal) ou polar

Fig. 16

A projecção zenital ou polar é aquela em que a rede de paralelos


e meridianos se projectam sobre um plano secante ou tangente a esfera
terrestre. Estas projecções caracterizam-se, em geral pelo facto de que
toda a recta traçada desde o ponto central do mapa, até qualquer outro
ponto segue a direcção de um círculo máximo. Esta direcção ou azimute
tem recebido o nome de azimutal.
Observa-se que quando se representa um hemisfério ou a
totalidade do planeta, a projecção dá lugar a um mapa circular. Todos os
círculos máximos que passam pelo ponto central transformam-se em
linhas rectas sobre o mapa.
Nesta projecção, a superfície da Terra é projectada sobre um dos
pólos. A deformação é máxima nas regiões do equador.

As projecções cilíndricas, cónicas e azimutais também, recebem o


nome de projecções verdadeiras ou puras, porque resultam de projectar
geometricamente a rede de coordenadas geográficas da esfera terrestre
sobre um corpo cilíndrico ou cónico, ou sobre uma superfície plana.
Estes três tipos de projecção não são os únicos sistemas de
projecção, pois existem outros que respondem melhor a determinadas
finalidades. Estes recebem o nome de projecções modificadas e
projecções convencionais.

Compilado/Celestino S. Paulino & Ildefonso C. Catito/10ª Classe/Liceu Kapango-Huambo/2022 Página 58


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Site
www.google.com.br

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