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INTRODUÇÃO

O estudo da Geografia, em todos os níveis escolares, requer uma visão


global das matérias que a ela estão dedicadas, de tal forma que possamos
realizar um estudo a partir do que conhecemos que nos rodeia fisicamente,
para o que não conhecemos ou seja aplicando um princípio geográfico que
expressa o seguinte «Do conhecido ao desconhecido e do mais próximo ao
mais distante». Na disciplina de Geografia na 11ª classe aplica-se a
continuidade de conhecimentos já estudados em anos anteriores.
Na 8ª classe o aluno estuda as características físico-geográficas e
aspectos de desenvolvimento do espaço angolano. Na 9ª classe, fecho do 1º
Ciclo do Ensino Secundário Geral, estuda o continente africano, que inclui
aspectos relacionados com a natureza e a sociedade, numa visão de
desenvolvimento.
Na 11ª classe, continuará com o estudo dos demais continentes onde
poderá aplicar o que terá aprendido nas disciplinas relacionadas com os estudos
da natureza, Ciências Naturais e Geografia relacionada com o seu país natal,
Angola.
O estudo da geografia dos diferentes continentes permitirá que os
estudantes neste ciclo ou 2º ciclo do Ensino Secundário, ampliem os seus
conhecimentos acera da Natureza, assim como as características económicas e
sociais mais importantes de cada um dos continentes, quer dizer, estudarão a
sua situação geográfica, as características das suas costas, como se vê o
relevo, os recursos minerais mais importantes, as condições climáticas, a
hidrografia, a população, a divisão política, as características económico-
geográficas dos países e cidades.
Este material de apoio proporciona-lhe uma compreensão de fenómenos,
tais como, a extensão territorial dos espaços da definição de fronteiras dos
diferentes continentes, os países, as regiões e as localidades mais populosas do
que outras, a compreensão de que existem alguns tipos de faixas geográficas
nuns continentes e noutros não, o reconhecimento das características gerais
dos rios e lagos de cada continente e a sua relação com o relevo e o clima,
interpretando por que razão alguns rios são mais caudalosos do que outros ou
ainda por que existem zonas com muita vegetação. Além disso, poderá
desenvolver o sentido de localização de diferentes dimensões espaciais de cada
continente. Uma outra vertente importante será o de reconhecer aspectos
positivos e negativos da actividade do Homem na gestão e preservação do
ambiente de cada continente, assim como compreender o papel das relações
internacionais na resolução dos 1 problemas do ambiente.
Estas e outras questões são abordadas neste manual, no qual se
prestará muita atenção ao aproveitamento dos recursos naturais e à sua
preservação, uma vez que o meio constitui a base da sustentabilidade da vida
humana.
Neste ciclo, estudará primeiro a Europa e a Ásia, que constituem a
Eurásia e que é a massa continental mais próxima do seu continente (África), e
depois as Terras do Sul, compostas pela Oceânia e Antárctida, e finalmente, as
Américas.

Celestino S. Paulino, Ildefonso C. Catito e Ermindo A. C. Dinis/Puniv – Kapango/2022 Página 1


“O saber não ocupa lugar”, antes de entrarmos no Tema 1: Europa saiba
um pouco mais: (Suplemento)
- A Geografia Física dos Continentes – estuda as características
próprias de cada continente mostrando nele a diversidade da natureza que são:
os limites, a situação geográfica, o relevo, o clima a hidrologia, as zonas
naturais a população, divisão política, etc.; para se compreender assim a
interacção que existe entre o homem e a natureza, segundo o regime em que
vive.
- A Geografia Física dos Continentes tem como objecto de estudo, os
Continentes e Oceanos nos seus aspectos gerais.

Cada Continente constitui uma unidade e, por isso, o seu estudo inclui
um sistema de conceitos gerais que são: situação geografia, limites, dimensões,
configurações, costas, relevo, clima, rios, e lagos, zonas naturais, população,
países e regiões do continente.

Continente – é uma grande extensão de Terra emersa que está


limitada por Oceanos.

Oceano – é uma grande depressão coberta de água. Para que haja


Oceano tem de haver depressão.

Os Continentes e Oceanos. Sua distribuição no Planeta


A Superfície total de todo o planeta é de aproximadamente 510.000.000
km². A maior parte está coberta de oceanos (71%) e a sua superfície terrestre
emersa é de 149.000.000 km², que corresponde á (29%) da superfície total.

Distribuição das Terras e oceanos nos dois hemisférios em %, segundo


diferentes autores:

Hemisfério Norte Hemisfério Sul


Água 40% Água 82%
Terra 60% Terra 18%

DIMENSÕES DOS CONTINENTES E OCEANOS1


Continentes:
Continentes Asiático – 43.608.000 km²
Continente Africano – 30.335.000 km²
Continente da América do Norte – 25.349.000 km²
Continente da América Sul – 17.611.000 km²
Continente Europeu – 10.498.000 km²
Continente Australiano – 7.682.000 km²
Continente da Antárctida – 14.000.000 km²

Oceanos:
Pacifico ------------------ 165.384.000 km²
Atlântico ---------------- 82.217.000 km²
Indico ------------------- 73.481.000 km²

1
Cfr: Angola, Atlas Geográfico, 2012

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Glacial Antárctico ------------------ 14.785.550 km²
Glacial Árctico ------------------ 14.056.000 km²

Tipo de mapas utilizados para o estudo dos continentes:


Mapas gerais mostram o relevo, os rios os lagos, montanhas,
paisagens, etc.
Mapas específicos mostram a divisão política, temperatura, clima etc.

CONCEITOS BÁSICOS
Plataformas – são regiões da crusta terrestre que se distingue por
movimentos oscilatórios relativamente débil. Surgem em regiões pré-câmbricas.
Tem dois pisos um basamento pregado (escudo) e uma cobertura de rochas
(placas).
Ilhas – são pequenas porções de terra emersa rodeadas por águas.
Ínsula – Ilha
Região Insular – conjunto de ilhas
Arquipélago – conjunto de ilhas próximas umas das outras e que
muitas das vezes constituem um único território, uma única nação ou país.
Plataformas continentais – são mares de pouca profundidade
próximo dos continentes. Ex.: Sri Lanka.
Canal – é uma escavação natural ou artificial por onde corre água, ou
via navegável cavada pelo homem ou braço de mar.
Cabo – saliência da costa que penetra francamente no mar.
Fiorde – vale de vertente íngreme, cavado por um glaciar numa região
costeira e que foi parcialmente ocupado pelo mar nos tempos pós glaciários.
Fronteira – limite de separação entre diferentes unidades territoriais.
Em geografia diz respeito ao limite entre os diferentes países.
Golfo – reentrância do mar no continente.
Baia – tem a mesma forma que um golfo, mas o seu tamanho é muito
menor.
Península – é uma porção de Terra cercada de água por todos os lados,
menos por um que o prende ao continente.
Istmo – é uma faixa de Terra que une a península a um continente.
Costa – é a área de contacto entre o mar e a terra; ela pode ser Costa
alta - arriba; Costa baixa – Praia.
Altitude de um lugar – é a distância, em metros, medida na vertical
desde o nível médio das águas do mar até esse lugar.
Altitude Negativa – quando o lugar está situado abaixo do nível das
águas do mar (correspondendo a depressões).
Montanhas – forma de relevo volumosa constituída por várias
elevações com cumes pontiagudos ou arredondados.

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Planaltos – são regiões planas não necessariamente horizontais, que
apresentam uma altitude média superior a 200 m, por vezes cortadas por vales
encaixadas.
Colinas – são geralmente de altitude não superior a 400m, e
distinguem-se pelas suas formas arredondadas e pelos seus declives suaves.
Planícies – são superfícies planas de fraca altitude, inferior a 200m,
com vales largos, pouco profundos.
Relevo – são diferentes formas que a superfície terrestre apresenta
Vales – são espaços entre duas áreas elevadas. As duas vertentes do
vale podem apresentar maior ou menor declive e encontrarem-se mais ou
menos distanciadas.
Hidrologia – ciência que estuda as águas em todas as suas
manifestações, isto tanto as superficiais como as subterrâneas. Pode também
ser definida como seno a ciência que estuda as relações entre a água e
diversos meios, isto é, a atmosfera solo rochas, entre outros.
Hidrografia – é uma parte da geografia física que classifica e estuda as
águas no planeta terra (a sua essência é a sua localização)
Deltas – Formam-se pela deposição de material arrastado pelos rios a
produzir-se uma diminuição brusca da velocidade de fluxo causada pela sua
confluência com o mar.

Estuário – foz de rios em mares abertos, onde as marés e correntes


têm maior amplitude e não permitem a acumulação de sedimentos

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UNIDADE I – EUROPA
EURÁSIA
A Eurásia se identifica por duas partes no mundo: Europa e Ásia, que
desde antiguidade se considerou como dois Continentes, por possuir diferenças
notáveis quanto a população que o habitam, desenvolvimento económico e
social, religioso, etc. Muitos Geógrafos, tratam independentemente, como se
fossem dois continentes. Este conceito não foi fundamentado sobre uma base
Físico-geográfico, se não histórica, pois que, partindo do conceito científico
geográfico, de que um “continente” é uma massa de Terras emergidas,
circundadas por águas oceânicas, parece-nos correcto considerarmos
Europa e Ásia como um só continente que tem o nome de Eurásia.

O continente da eurásia divide-se, sobre o ponto de vista histórico


económico e cultural em: Europa, palavra que provem de asírio ereb, que
significa terra de sol poente, e Ásia, de asírio asu, que significa terra do sol
nascente.

1.1 – LOCALIZAÇÃO E DIMENSÕES


A Europa ocupa a parte mais ocidental da grande massa continental da
Eurásia.
A palavra «Europa» terá sido usada, pela primeira vez, por volta do
século V a.C., pelos gregos para identificar a região que se estende a norte do
Mar Egeu, aparecendo mais tarde representada nos trabalhos de vários sábios
como Eratóstenes, Hecateu, Ptolomeu, entre outros.

No século III, a palavra Europa foi usada para incluir todas as regiões a
norte do mar Mediterrâneo, centro do Mundo conhecido.
No século XVIII, o alemão Karl Ritter definiu pela primeira vez os limites
orientais da Europa que eram constituídos pelos montes Urais.

Como podes observar no mapa, a Europa estende-se do oceano Atlântico


aos montes Urais e tem como limites naturais, o oceano Glacial Árctico, a norte,
os montes Urais, a nordeste e este, o rio Ural e o mar Cáspio, a este e sudeste,
as montanhas do Cáucaso e o mar Negro, a sudeste, o mar Mediterrâneo, a sul,
e o oceano Atlântico, a oeste e noroeste.

Se considerarmos os territórios insulares, o limite norte atinge 80º de


latitude norte, no arquipélago norueguês das Svalbard, o limite sul alcança 35º
de latitude norte, na costa meridional da ilha grega de Creta, e o limite
ocidental chega a 31º de longitude oeste na ilha das Flores, no arquipélago
português dos Açores.

A África, separada da Europa pelo estreito de Gibraltar, dista apenas


14km do continente europeu, na sua zona mais apertada.

Como podes observar no Atlas, verificarás que todo o continente


europeu se encontra no hemisfério Norte aproximadamente entre os paralelos
35º e 75º, de latitude norte.

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Os pontos extremos da Europa na sua parte continental são: a Norte, o
cabo Norte (na Noruega) a 71º de latitude Norte, a Sul, ponta da Tarifa, em
Espanha a 36º de Latitude Norte, a Oeste: o cabo da Roca (em Portugal), a 9º
de Longitude Oeste, e a Este, as vertentes dos montes Urais (na Rússia), a 70º
de Longitude Este.

Como resultado dos seus limites em termos das coordenadas


geográficas, Latitude e Longitude, a Europa encontra-se totalmente localizada
no Hemisfério Norte e, como é atravessada pelo semimeridiano de Greenwich,
estende-se pelos hemisférios ocidental e oriental, sendo neste último onde se
situa a maior parte do seu território.

Apesar de atingir cerca de 4000km entre os extremos norte e sul e quase


6000km entre os extremos este e oeste, a Europa tem apenas uma superfície
de cerca de 10.498.000 km², pois o seu contorno apresenta numerosas
reentrâncias. Em termos comparativos de superfície, a Europa só é maior que a
Oceânia (cerca de 8 milhões de km2) e é bastante menor que a África
(30.335.000 km²), a América do Norte (25.349.000 km², incluindo a
Gronelândia, a América Central e as Caraíbas), a América do Sul (17.611.000
km²) e a Ásia (43.608.000 km²).

Ao contrário da maioria dos continentes, como a África, a América, a


Oceânia e a Antárctida, a Europa não se encontra totalmente separada por
oceanos. De facto, o continente europeu integra-se numa enorme massa
continental constituindo uma grande península, a Eurásia, da qual também faz
parte o continente asiático.

Actualmente, considera-se que fazem parte do continente europeu todos


os territórios desde os montes Urais (ou Urales) até ao oceano Atlântico.

1.2 – OS PAÍSES E PRINCIPAIS CIDADES


O continente europeu está repartido por numerosos países, alguns dos
quais com as fronteiras mais antigas do mundo, estabelecida há vários séculos.

As fronteiras são definidas normalmente como sendo linhas que


determinam onde acaba a soberania de um Estado e começa a de outro. Por
esta razão, as fronteiras além de reconhecidas entre os Estado vizinhos são
também acordadas internacionalmente para evitar disputas.

Nos estados mais antigos, como é o caso de muitos países europeus,


como a França, Espanha e Portugal, as fronteiras correspondem a uma herança
histórica de séculos e foram fruto de guerras, tratados e acordos aproveitando,
com frequência, para a sua demarcação, acidentes naturais como rios e
montanhas.

Os países europeus são bastante numerosos, pelo que o território


europeu está muito dividido. Com excepção da Rússia (4 309 500 Km 2 na parte
europeia), cujo território se estende maioritariamente na Ásia, nenhum país
europeu atinge a superfície de 1 milhão de km2. Entre os mais extensos países
europeus, merecem destaque:

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● Ucrânia (603 700 Km2);
● França (547 026 Km2)
● Espanha (504 782 Km2)
● Suécia (449 960 Km2)
● Alemanha (357 050 Km2)
● Finlândia (337 010 Km2)
● Noruega (324 220 Km2)
● Polónia (312 677 Km2)
● Itália (301 225 Km2)

Além destes dez países que sobressaem pela sua extensão em termos
territoriais, outros países europeus merecem também particular destaque, como
são os casos do Reino Unido, da Holanda, da Suíça, de Portugal, da Bélgica e
da Grécia. A importância económica, o passado histórico e a riqueza cultural
constituem características de muitos destes países, conferindo-lhes em termos
mundiais ou regionais.

As mudanças políticas ocorridas na década de 1990 fizeram aumentar o


número de países na Europa e, como resultado da fragmentação da URSS, da
Checoslováquia e da Jugoslava, surgiram como Estados independentes a
Estónia, a Letónia, a Lituânia, Bielorrússia, a Moldávia e a Ucrânia (ex- URSS), a
República Checa e a Eslováquia (ex-Checoslováquia) e a Eslovénia, a Croácia e
Helsínquia, a Macedónia, a Servia e o Montenegro (ex- Jugoslávia).

Uma curiosidade da divisão política da Europa e a existência de


numerosos micro Estados. Isto é, países de dimensão muito reduzida. Os países
europeus que se incluem nesta categoria são o Luxemburgo (2 586 km 2),
Andorra (458 km2), Malta (316 km2), o Liechtenstein (157km2), São Marino (60
km2), Mónaco (1,9 km2) e a Cidade do Vaticano (0,44 km2).

Quadro n.º 1
País Área (Km2) População (2005) Capital
Albânia 28 748 308700 Tirana
Alemanha 357 050 82 516 000 Berlim
Andorra 468 69 030 Andorra-a-Velha
Áustria 83 850 8 189 000 Viena
Bélgica 30 500 10 482 000 Bruxelas
Bielorrússia 207 600 9 714 000 Minsk
Bósnia e Herzegovina 51 129 4 568 000 Sarajevo
Bulgária 110 912 7 717 000 Sofia
Cidade do Vaticano 0,6 770 Cidade do Vaticano
Croácia 56 538 4 464 000 Zagreb
Dinamarca 43 070 5 425 000 Copenhaga
Eslováquia 49 016 5 379 000 Bratislava
Eslovénia 20 251 1 960 000 Liubliana
Espanha 504 782 44 351 000 Madrid
Estónia 44 100 1 339 000 Tallinn
Finlândia 337 010 5 261 000 Helsínquia

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França 547 026 61 005 000 Paris
Grécia 131 944 11 275 000 Atenas
Holanda 40 844 16 386 000 Amesterdão; Haia
(sede do Governo)
Hungria 93 030 10 061 000 Budapeste
Irlanda 70 280 4 066 000 Dublin
Islândia 103 000 297 000 Reiquejavique
Itália 301 225 59 115 000 Roma
Letónia 64 500 2 293 000 Riga
Liechtenstein 157 35 280 Vaduz
Lituânia 65 200 3 417 000 Vilnius
Luxemburgo 2 586 459 000 Luxemburgo
Macedónia 25 713 2 049 000 Skopje
Malta 316 385 000 Valletta
Moldávia 33 700 3 816 000 Chisinau
Mónaco 2 33 250 Mónaco
Montenegro 13 812 650 000 Podgorica
Noruega 324 220 4 633 000 Oslo
Polónia 312 677 38 116 000 Varsóvia
Portugal 91 906 10 501 000 Lisboa
Reino unido 244 046 60 139 000 Londres
República Checa 78 864 10 212 000 Praga
Roménia 237 500 21 267 000 Bucareste
Rússia (1) 4 309 500 100 000 000 Moscovo
San Marino 60 31 000 San Marino
Servia 88 538 10 180 000 Belgrado
Suécia 449 960 9 077 000 Estocolmo
Suíça 41 288 7 489 000 Berna
Ucrânia 603 700 46 232 000 Kiev

1.3 – OS PRINCIPAIS ACIDENTES COSTEIROS E OS PORTOS


MAIS IMPORTANTES
Ao observarmos o contorno dos vários continentes, facilmente
verificamos que a Europa é a que apresenta maiores irregularidades com
numerosas penínsulas, cabos, mares, baias e golfos. Outro aspecto que marca
o litoral europeu é a presença, tanto a norte como a sul, de numerosas ilhas a
envolver a parte continental.

A norte, encontram-se as penínsulas da Escandinávia e da Jutlândia, que


são banhadas pelo mar Báltico, onde os principais portos são: Gdansk (Polónia),
Riga (Letónia), São Petersburgo (Rússia), Helsínquia (Finlândia) e Estocolmo
(Suécia). A Costa norueguesa é muito recortada devido à existência de muitos
fiordes (antigos vales glaciários invadidos pelo mar no final da última Era
Glaciar), alguns dos quais aproveitados como portos como Oslo e Narvik.

As Ilhas britânicas (Grã-Bretanha, Irlanda e diversos arquipélagos


menores) situam-se frente a fachada do noroeste europeu. Entre os portos
mais importantes, destacam-se Londres, Southampton, Liverpool e Duplin.

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No litoral do mar do Norte e do canal de Mancha, destacam-se os portos
de Hamburgo e Bremen, na Alemanha, Roterdão e Amesterdão, na Holanda,
Antuérpia, na Bélgica, e Le Havre, na França.

No extremo sudoeste da Europa, encontra-se a península ibérica, com


uma costa pouco recortada, sendo os seus principais portos Leixões, Lisboa e
Sines, em Portugal, e Bilbau, Santander, Algeciras, Valência e Barcelona, em
Espanha.
No Sul da Europa há a realçar as penínsulas Itálica e dos Balcãs,
separadas pelo Mar Adriático e numerosas ilhas com destaque para a Sicília
(Itália), a Sardenha (Itália) e a Córsega (França), bem como os arquipélagos da
Baleares (Espanha) e do mar Egeu (Grécia). Além dos portos de Algeciras,
Valência e Barcelona, são também importantes na costa mediterrânea europeia,
os portos de Marselha (França), Génova (Itália) e Pireu (Grécia).

No estreito do Bósforo, que separa a Europa da Ásia e une o Mar Negro


ao mar de Mármara, situa-se o porto de Istambul (Turquia) e, no mar Negro,
destacam-se os portos de Varna (Bulgária), Constância (Roménia) e Odessa
(Ucrânia).
As costas ocidentais da Europa estão banhadas pelo oceano Atlântico
que penetra amplamente entre as grandes irregularidades e formam mares
semicerrados como os da Irlanda do Norte, Báltico e o Mediterrâneo. Estes
mares unem-se entre si com oceano através de estreitos.

Na região nordeste do oceano Atlântico encontra-se a depressão


europeia ocidental com uma profundidade máxima de mais de 6.000 metros.
Um terraço escarpado serve de transição da depressão com a plataforma
continental, que nesta parte do continente é muito ampla onde se encontra as
ilhas Britânicas. A sul destas ilhas, a plataforma estreita-se e as profundidades
oceânicas estão muito próximas das costas.

No mar mediterrâneo, algumas depressões profundas estão separadas


pelas elevações do fundo: penínsulas e ilhas.

Na porção noroeste da eurásia encontra-se a península Escandinávia, a


maior da Europa, ocidente costeiro rodeado pelo mar báltico que tem formado
alguns golfos como os de Bótnia, Finlândia e Riga, onde se entram importantes
portos europeus: Leninegrado, Riga, Klaipeda e Kalininegrade.
As grandes penínsulas do Mediterrâneo dividem-se em mares: Ligúria,
Tirreno, Adriático, Jónico, Egeu. Nestes mares encontram-se numerosas ilhas:
Baleares, Córsega, Sardenha, Sicília, Creta entre outras.

Alguns estreitos comunicam a estes mares com outros mais serrados


como os de Mármara, o mar negro e o de Azov.
A dorsal submarina do Atlântico Norte entre Groenlândia e a costa
sudoeste da Escandinávia, separa o oceano Atlântico do Glacial Árctico. Na
intercessão desta a dorsal com a cadeia central atlântico a sul do círculo polar
árctico, está a ilha da Islândia e a sudeste, as ilhas feroéS hetlano. No oceano
glacial árctico encontramos os mares da Noruega que banham a porção

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noroeste da Escandinávia, Baren, separa o oceano Atlântico do Glacial Árctico.
Na intercessão desta dorsal com a cadeia Central Atlântica a sul do Circulo polar
Árctico está a ilha da Islândia e a sudeste, as ilhas Feroé e Shetlano. No oceano
Glacial Árctico encontramos os mares da Noruega que banham a porção
noroeste da Escandinávia, Barents, a norte das Penínsulas de Kanin e Kola,
separadas pelo mar Branco.
Dentro dos limites da ampla faixa da plataforma continental encontram-
se mares periféricos que banham as costas na ex-URSS: Kara, Laptev, Sibéria
Oriental e Chukotka.
A norte da plataforma continental setentrional encontram-se as ilhas de
Spitsberg, terra de Francisco José e outras.
O oceano Glacial Árctico está separado do Pacifico por uma elevação do
fundo a onde se encontra o estreito de Bering.

As costas do continente Europeu são costas irregulares na parte


ocidental, setentrional e austral em que no seu todo apresentam muitas
saliências e reentrâncias. Como é sabido, a parte oriental do continente
Europeu não se identifica com uma costa, mas sim por fronteiras terrestres.

1.3.1 - Principais Ilhas da Europa


Já se disse que a Europa é o continente, de todos, o mais recortado, que
além de uma infinidade de penínsulas, cabos baías, etc., tem um sem número
de ilhas, de que vamos citar as principais:
Os Arquipélagos de Espitsberg e Francisco Josué, nas regiões árcticas
(80º de Latitude N.); Nova zembla, a N. da Rússia; a Islândia, entre a Noruega
e a América do Norte, Lofóten, na encosta NW, da Noruega; Grã-Bretanha e
Irlanda, as Ilhas Britânicas; Shetland, Feroér, Orcades e Hébridas, a NW da
Escócia; Açores e Madeira, no Atlântico; Baleares, a Este da costa espanhola;
Córsega e Sardenha, a Oeste da Itália; Sicília e Lipárias, ao Sul da Itália; Malta,
ao Sul da Sicília; Jónicas, a Oeste da Grécia; Cícladas e Tasso, no mar Egeu;
Creta, ao Sul da Grécia; e Chipre, ao Sul da Turquia.
Todas as ilhas mediterrânicas, que são de formação relativamente
moderna, têm origem Vulcânica, dados os sismos e vulcões que por ali se
conhecem.
O facto das ilhas do Sul da Europa serem de natureza vulcânica não quer
dizer que algumas do Norte não o sejam também. Por exemplo, a Islândia é de
natureza vulcânica, igualmente, sendo conhecida mesmo por terra de fogo.

1.4–PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA EVOLUÇÃO GEOLÓGICA


DOS CONTINENTES (PRINCIPAIS CONJUNTOS DE RELEVO).
Antes de entrarmos nas características da evolução geológica, há toda
necessidade de conhecermos de que, cientificamente o tempo está dividido de
forma cronológica. Para tal observa atentamente o quadro que a seguir se
coloca, bem como no Atlas, II Volume, página 46 e no Angola Atlas (Atlas
recente), página 7, «Deriva dos continentes» notarás que a Terra há milhões
de anos apresentava um aspecto muito diferente do actual, e em tempos muito

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remotos grande parte da Europa integravam um enorme continente que se
estendia pelo Hemisfério Sul.

Eras Acontecimentos
Pré-Câmbrica(Pc) Surgem as plataformas com rochas mais antigas que
datam3,9 bilhões de anos; unidas a América do Norte e do
Sul, África e Austrália; formando a Pangea na era
Permo/Triássico, e os seres viventes predominantes eram
vermes e medusas. Atlas Vol. II pág. 46.
Paleozóica (Pz) Começa a mover-se as placas formando a Norte a Laurásia
e a Sul a Gondwana. É um período de grandes actividades
vulcânicas. (Jurássico/ Cretácico) 135 milhões de anos.
Mesozóica (Mz) Continuam separando-se as placas e surgem os montes
Alpes, Carpatos e algumas depressões. (Terciário) 65
milhões de anos.
Cenozóico (Cz) Surgem os montes Urais Cáucaso e todos os continentes
tomam a forma actual durante a quarta glaciação.

No lugar que ocupa a actual eurásia existiam, aos finais do Pré-câmbrico,


três grandes plataformas: a Europeia, a Siberiana e a China. Até ao sul do
trópico de Câncer, formada no período anterior, encontrava-se a plataforma de
Gondwna. Entre estas plataformas existiam faixas geo-sinclinais.

Ao sul das três plataformas setentrionais estendia-se a faixageo-sinclinal


alpino - Himalaia (TETHYS), que separava as plataformas setentrionais da de
Gondwna e ocupava a maior parte da Europa, excepto a ex-URSS. As
plataformas setentrionais, por sua vez estavam separadas entre si pelas regiões
geo-sinclinais uralo-Thian-Shan, Mongolo-Okhotsk e as calendonianas.

Até a este encontrava-se outra faixa geo-sinclinal: a do pacífico -


ocidental, que se estendia no sentido meridional e se unia a sudeste com a do
alpino - Himalaia.
Na primeira metade paleozóica é que se reflectiram em forma decisiva na
formação da Eurásia. Houve um considerável aumento de actividade nas faixas
geo-sinclinais. Ao sul da plataforma siberiana originou-se o pregamento
Baikaliano (post-proterozioco). Ao final do silúrico, os processos orogénicos
alcançam grandes dimensões (pregamento caledoniano tardio). O geo-sinclinal
caledoniano converteu-se em terra firme, que uniu a plataforma européia com
a norte americana. Surgem estruturas de enrugamento do geo-sinclinal
Mongolo-Okhotsk e se forma o escudo de ankara que incluía a plataforma
siberiana e as recentes formações montanhosas. As plataformas e as novas
estruturas montanhosas sofreram elevações que foram acompanhadas por uma
intensa actividade efusiva. Nas depressões ao pé das estruturas montanhosas
foram-se depositando grossas capas de sedimentos, onde se formou petróleo,
bauxita, ferro, etc.
Em geral, como consequência do movimento caledoniano, produziu-se
um amplo desenvolvimento das condições continentais e o relevo é
decepcionado bruscamente.

Celestino Paulino, Ildefonso Catito e Ermindo Dinis/Puniv – Kapango-Set.2022/2023 Página 11


Sucedem-se, desde princípio do Triásico, intensos movimentos que
converteram em superfícies montanhosas as regiões geo-sinclinaisUralo-thian-
shan e Mongolo-Okhtsk (excepto a este) e afectaram uma parte considerável
do geo-sinclinal alpino - Himalaia (mediterrâneo). Como consequencial destes
movimentos, todas as estruturas mais antigas resultaram unidas solidamente,
formando-se em enormes continentes, que incluiu a maior parte da Eurásia
contemporânea e da América do Norte. Este continente foi denominado
Laurásia.
O ciclo herciano dividiu-se em várias fases: nas primeiras, formaram-se
as estruturas montanhosas no sul da Europa ocidental (Maciço Central Francês,
os Vosgos, Selva Negra, o Maciço Esquistoso Renano, as montanhas de Harz e
outras) e na Ásia central (os montes Atlai, Kuen-Lun e outros) ao pé das
estruturas montanhosas que se elevam, acumularam-se restos vegetais que
deram começo à formação de jazigos de carvão de pedra. As fases ulteriores
deste processo de formação de montanhas estiveram acompanhadas pela
incorporação de potentes intrusões e elevações.

Nos finais do pérmico, a parte euro-asiática da Laurásia era uma


superfície plana, cujos limites se sucediam à destruição das montanhas já
formadas e se acumulavam sedimentos terrígenos, em condições de um clima
cálido e húmido que evolucionado posteriormente até as condições de secura.

No mesmo período, finais do pérmico começou no Sul a desintegração de


Gondwana, a causa pela qual se iniciou a formação da depressão do Oceano
Índico, que separou a Gondwana em duas partes: Ocidental e Oriental.

Nos começos do período jurássico grande parte de Laurásia foi


submetida a transgressões que se estenderam sobre plataformas europeias e
sobre as regiões Hercinianas da Europa. Neste período, predomina na Laurásia
um clima caloroso e húmido que permitiu o predomínio de uma vegetação
lenhosa de gimnosperma

Nas depressões lacustres, fundamentalmente na parte asiática, teria


lugar a formação de capas carboníferas e, no Oeste da Europa, a formação de
minerais de ferro de sedimentação enquanto isso ocorria na Laurasia, na região
do oceano Índico continuavam e ampliavam-se os descensos.

Nos finais do jurássico e começo do Cretásico iniciou a orogênese alpina,


durante a qual a Eurásia se conforma como um continente independente e
formam-se as condições naturais contemporâneas. Os processos tectónicos
ocorridos durante a era Mesozóica conduziram à formação de terra firme no
geo-sinclinalmongolo-okhotsk. Na faixa do pacífico-ocidental, os movimentos
elevaram a formação da terra firme no nordeste e sudeste da Ásia.

Como consequência desses processos tectónicos Mesozóicos desintegra-


se a antiga plataforma China a qual deu lugar a plataforma Chino-coreiana no
Norte, com tendência a elevação e a plataforma do sul da China que foi coberta
de espessas capas de sedimentos de origem marítima, posteriormente pregadas
na mesma era.

Celestino Paulino, Ildefonso Catito e Ermindo Dinis/Puniv – Kapango-Set.2022/2023 Página 12


No oceano Atlântico, na sua porção setentrional começou a formar-se
uma depressão que separou a Laurásia em duas partes.
Assim, nos meados do mesozóico, a maior parte da Eurásia era um
maciço continental único, de contornos semelhantes aos contemporâneos.

No sul, a desintegração de Gondwana determinou a separação das


plataformas africana-arábica, indostânica e australiana.

Esta separação foi acompanhada de uma intensa actividade vulcânica,


que formou extensos mantos basálticos muito típicos da plataforma indostânica.

No Cretácico, tiveram lugar importantes transformações na composição


do mundo orgânico. Desenvolveram-se plantas angiospermas e aparecem as
primeiras aves e mamíferos, também se desenvolveram os peixes.

A formação definitiva dos contornos do continente e suas condições


físico-geográficas contemporâneas teve lugar durante a Era Cenozóico.
Nos princípios do cenozóico, a região norte da Eurásia era uma terra
única, formada por núcleos plataformicos muito antigos, unidos entre si por
estruturas baikalinas, calendonianas e hercinianas, fortemente modificadas. A
estas estruturas se uniram a Este e Sudeste, as estruturas montanhosas do
Mesozóico; a Sul e a Sudeste, encontrava-se limitada pela faixa geo – sinclinal
mediterrânica alpino-himalia, (Tethys), fortemente reduzida; a Oeste, estava
separada de América do Norte pela depressão em formação do Oceano
Atlântico.
Aos finais de oligoceno começam a desenvolver-se os processos
tectónicos dentro da faixa mediterrânica e Pacifico - Ocidental. Como resultado
da actividade tectónica do período Poleógeno teve lugar um notável aumento
de Terra firme na Eurásia, pelas estruturas montanhosas que elevaram dentro
das faixas geo-sinclinais mediterrâneas e do Pacifico Ocidental, que se
reduziram consideravelmente.
Durante o neógeno, a formação das montanhas nas regiões geo-
sinclinais continuou a desenvolver-se ao que originou a serra de geo-sinclinal
mediterrâneo e a formação definitiva das estruturas montanhosas do
continente.
Na etapa final do desenvolvimento da faixa geo-sinclinal, começaram a
formarem-se intensas depressões intra-montanhosas sobre postas às estruturas
existentes. Os limites destas depressões formaram linhas de fracturas marcadas
por um intenso vulcanismo.
Aos finais de Neógeno e inícios do quaternário, viram-se submetidas a
levantamentos das estruturas montanhosas da faixa alpino-himalia. a
reactivação tectónica originou um levantamento máximo nas regiões interiores
da Ásia: as Cordilheiras dos Himalaias, a meseta ou planalto de Tibesti, as
cordilheiras de Kagamentoherciniano (montes Kuen-Lun, Thian-Shan e outros).

Na Europa elevaram-se os Alpes, os Cárpatos, os Apeninos, as


montanhas de Andaluzia; rejuvenesceram os montes escandinavos e, em
menor grau, as estruturas montanhosas paleozóicas da parte média da Europa
das águas oceânicas durante o degelo.

Celestino Paulino, Ildefonso Catito e Ermindo Dinis/Puniv – Kapango-Set.2022/2023 Página 13


Separaram-se do continente o arquipélago de Spitsberg as ilhas
Britânicas e formou-se o estreito de Gibraltar. Produziram-se importantes
descensos no lugar do mar Egeu.
A superfície que unia a península Balcânica e Ásia Menor sofreu um
fraccionamento; formaram-se os estreitos entre os mares Egeu e Negro e a
depressão do mar de Mármara.
A sudeste do continente formou-se o arquipélago da sonda produto de
um fraccionamento na superfície que unia a Ásia e Austrália. A grande
actividade tectónica, desenvolvida durante o final do Neógeno o Grabben do
Mar Vermelho e, portanto, a separação da Arábia e África. Simultaneamente,
uniram-se ao continente a plataforma Arábica e Índica por relhamento das
depressões mesopotâmicas e Indostânica.
Ao mesmo tempo em que se produziram estes complexos processos
tectónicos iam variando as condições climáticas e a composição do mundo
orgânico. Assim, no cenozóico observam-se diferenças entre as regiões
setentrionais e as meridionais. No Norte, o clima era temperado e húmido com
bosques caducifólicos e muitas espécies existentes na actualidade. No Sul, o
clima era caloroso e relativamente húmido com uma flora onde predominavam
as palmeiras e coníferas. A fauna estava representada por mamíferos.
Aparecem também as verdadeiras aves. Esta flora e fauna evolucionaram
posteriormente com a flora e fauna holarctica contemporânea.
A sul da faixa mediterrânica, o mais característico foi a aparição dos
primeiros primatas e proboscídeos no paleozóico.
As diferenças climáticas entre o norte e o sul acentuaram-se na segunda
metade do paleozóico. No Sul formou-se a flora tropical e subtropical do:
Palmeiras, coníferas, pinhos e outras variedades em correspondência com o
clima cálido e não muito húmido que predomina na actualidade. No Norte
apareceram variedades lenhosas, próprias de um clima temperado
relativamente húmido, tais como: castanheiras, videiras e outras.
O esfriamento paulatino do clima levou à retirada da flora, cujo mesmo
foi ocupado pela flora boreal (coníferas). No extremo nordeste surgiu o centro
de formação da flora árctica.
O aspecto mais significativo deste processo é constituído pela evolução
dos primatas que traz como consequência a aparição dos menos antropóides
cujo desenvolvimento permitiu a aparição dos hominídeos, antepassados do
homem contemporâneo.
O clima sofreu um esfriamento geral. A expansão dos gelos destruiu a
capa vegetal e originou o desaparecimento da fauna, formando-se paisagens
peculiares, misturas de rasgos da tundra e das estepes frias com transição no
Sul a estepe típica. Desenvolveu-se uma fauna composta por algumas espécies
que haviam extinguido, como: o manut e rinoceronte peludo, outras espécies
como: o veado do Norte, a raposa do Norte, o boi, espécies actualmente
existente na tundra, também encontra o cavalo, o bisonte, o veado e outros
animais estepários-florestais.
As regiões do Sul no interior do continente não foram afectadas pelo
gelo, mas sim pelos chamados períodos pluviais durante os quais surgiu uma
densa rede de rios e lagos enriquecendo-se o mundo orgânico.

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O aumento geral do nível do oceano mundial que se originou durante o período
pós-glaciar modificou as dimensões e contornos da Eurásia. Formaram-se os
mares epicontinentais dos oceanos Atlântico e Glacial árctico; modificaram-se
as dimensões e níveis dos mares bálticos e negro.

O câmbio paulatino do clima como consequência do desaparecimento


dos gelos produz a retirada da flora do Norte e a fauna árctica. O interior do
continente em correspondência com as suas áridas começou a ser habitado por
representantes eropiticos do mundo orgânico. Durante o oloceno continuaram
os câmbios nas condições climáticas, ao que de forma mais moderada que nos
períodos anteriores.

Uma pequena parte da Europa (Plataforma Russa e Escudo Báltico) está


constituída por rochas muito antigas, Pré-câmbricas (mais de 1500 milhões de
anos). Estas rochas se estendem desde os montes Urais até a Escandinávia e o
Báltico a norte, e até Ucraniana e mar Negro, a Sul. Durante as orogéneses do
Paleozóico se levantaram até a oeste uma série de estruturas, como os montes
Escandinavos, alturas de Escócia e montanhas da Irlanda; os maciços, que de
forma descontínua vão desde Irlanda até Bohemia (maciço Americano, maciço
central francês, os montes Vosgos, e o maciço Renamo e a meseta Ibérica,
entre outros). Separando estes maciços se estendem depressões e bacias
sedimentárias, como as de Londres, e Paris, que são zonas de intenso
povoamento. As grandes morfo-estruturas tectónicas mais recentes,
correspondem a orogéneses alpina, durante a qual se formaram os sistemas
montanhosos europeus mais elevados, que em geral, se encontram situados no
sector Meridional: as cordilheiras Bálticas (3.478m com o pico mais alto em
Serra Nevada), os Pirenéus (3.404m), os Alpes (4.807m em monte Branco) que
se estendem até aos Cárpatos e Alpes Dináricos.

1.4.1- OS PRINCIPAIS CONJUNTOS DE RELEVO, OS CLIMAS E A


HIDROGRAFIA
Antes de entrarmos na especificidade do subtema acima descrito, urge a
necessidade de apresentarmos algumas classificações que servirão para
entende-lo do ponto de vista mais prático:

Classificação hipsométrica do relevo

0 – 200m = Planícies
200 – 400m = Alturas
400 – 1000m = Montanhas baixas
+ 200m = Montanhas 1000 – 2000m = Montanhas médias
+ 2000m = Montanhas Altas

Classificação da temperatura
< 0ºC = Muito fria

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0 – 10ºC = Fria
10 – 20ºC = Fresca
20 – 30ºC = Quente
+30ºC = Muito quente
Classificação das Precipitações
0 – 500mm = Muito seco (deserto)
500 – 1000mm = Seco
1000 – 1500mm = Semi-Húmido
1500 – 2000mm = Húmido
+2000mm = Muito húmido

1.4.1.1 – O RELEVO
Observando o mapa hipsométrico, destacam-se no relevo da Europa dois
conjuntos com características distintas: os maciços antigos e as cadeias
alpinas.
A Europa apresenta uma altitude média de 340 metros, com domínio de
áreas planas na sua parte oriental, sobretudo na imensa planície Russa. As
formas de relevo são o resultado, por um lado, da acção dos agentes erosivos
e, por outro, da natureza e da idade da formação das rochas. É sob este ponto
de vista que podemos individualizar, na Europa, as seguintes unidades:
- A Europa dos maciços antigos – são áreas onde predominam os
planaltos e as montanhas de baixa altitude, de cimos pouco recortados, como
sucede na península da Escandinávia. Trata-se de relevos muito antigos e, por
isso, sujeitos durante muitos anos a um intenso desgaste pelos agentes
erosivos que lhes foram reduzindo a altitude (raramente atinge os 2000
metros).
- A Europa das montanhas recentes inclui áreas localizadas,
sobretudo no sul do continente, onde se encontram cadeias de montanhas
muito altas, com cimos pontiagudos. Estas montanhas separam, por vezes,
pequenas planícies litorais constituídas por matérias transportados pelos rios,
como é o caso do rio Pó. Os Alpes, os Cireneus, e os Apeninos fazem parte da
mesma cadeia montanhosa que atravessa todo o Sul da Europa e se prolonga
para Ásia.
- A Europa das planícies – o continente europeu é relativamente
“baixo” dada a existência de extensas planícies. Estas resultam do desgaste e
da acumulação de materiais (sedimentos) provocados, sobretudo, pelos rios.
- A grande planície europeia – ocupa cerca de metade do continente
europeu. Ela estende-se da França até aos Urais, prolongando-se pela Sibéria.
Os glaciares que cobriam a Europa no período Quaternário deixaram
marcas características neste continente.

Muitas das ilhas da Europa localizam-se perto do continente tendo-se


formado não só ao mesmo tempo como, também, de um modo semelhante
sendo, por isso, constituídas por rochas similares. É o caso, por exemplo, da
Grã-Bretanha, da Irlanda, das ilhas baleares, da ilha da Córsega ou da

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Sardenha. Outras ilhas formaram-se de modo diferente, são ilhas de origem
vulcânica.
No meio do oceano atlântico se encontra uma extensa cadeia
montanhosa. Esta cadeia montanhosa submarina, designada por crista Médio
Oceânica, estende-se, na direcção norte-sul, por mais de 35 000km. Alguns dos
cimos são tão altos que emergem da superfície das águas, constituindo ilhas. É
o caso dos arquipélagos dos Açores, da Madeira, das Canárias ou da Islândia.
As ilhas vulcânicas não se formaram ao mesmo tempo.
Os mapas hipsométricos representam, através de cores diferentes, os
vários escalões de altitude do relevo.
Os maciços antigos, como os montes Escandinavos, o Maciço Central
francês e os Urais, formaram-se por acção de enrugamentos na Era Primária ou
anteriores e passaram a sofrer a acção dos agentes erosivos que arrasam os
relevos, formando Peneplanícies.

Peneplanícies – são formas de relevo ondulantes da acção dos agentes


erosivos sobre maciços montanhosos, ao longo de muitos milhões de anos.

Na Era terciária, os movimentos alpinos actuaram fortemente no Sul e


deram origem a cadeias de montanhas que se estendem dos Pirenéus até aos
Himalaias, com altitudes que ultrapassam os 4000m nos Alpes (4807m, no
Monte Branco) e no Cáucaso (5642m, monte Elbrus, o ponto mais alto da
Europa), os 3000m nos Pirenéus; com altitudes inferiores, também pertencem
ao sistema ao sistema alpino os Apeninos, na Itália, e os Cárpatos, na Roménia.
Quanto as zonas planálticas, merece referência a Meseta Ibérica.

As principais áreas de planície, muitas deles de origem sedimentar,


estendem-se do Norte da França até a Rússia, constituindo a Grande Planície
Europeia; na Europa Central e de Leste, há a realçar as planícies do Danúbio e
da Ucrânia; no Sul, as planícies são mais limitadas em extensão, destacando-se
a bacia do Tejo e do Sado, em Portugal, a de pressão do Guadalquivir e a bacia
do Ebro, em Espanha, a planície do Ródano, na França, e a planície do Pó, na
Itália.
As planícies sedimentares são formas de relevo muito planas e a
baixa altitude que se formaram pela acumulação de materiais transportados
pelos rios.
1.4.2 – OS CLIMAS
Os limites da latitude da Europa determinam a predominância de climas
temperados. A configuração bastante recortada, que permite maior influência
marítima, a acção das correntes marítimas, em particular da deriva do Atlântico
Norte, uma ramificação da corrente quente do golfo, a acção dos ventos do
Oeste, a influência da massa continental da Eurásia, a altitude e disposição do
relevo, são os principais factores que actuam sobre o clima na Europa.

O clima é o conjunto de estados de tempo mais frequentes numa dada


região, na sua sucessão habitual. Para o estudo do clima de uma dada região,
devem considerar-se os diferentes elementos climáticos, que são a

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temperatura, a pressão atmosférica e a humidade, e é necessário conhecer as
suas variações durante 30 anos, pelo menos.

A Europa dada a sua posição geográfica, situada em plena zona


temperada do hemisfério norte, apresenta toda a variedade de climas
temperados. Isto significa que as condições climáticas da Europa reflectem a
transição entre os climas quentes do continente africano e os climas frios das
regiões polares.

Na Europa distinguem-se os seguintes tipos de climas:


Clima subpolar, clima temperado continental, clima temperado
marítimo e o clima temperado mediterrâneo, além do clima de altitude
nos maciços montanhosos mais elevados ou de maior altitude.
● Os climas polares e subpolares abrangem, na Europa, a metade
setentrional da Islândia, o Norte da Escandinávia e da Rússia. A elevada
latitude determina que durante todo o ano seja influenciado por massas de ar
polar. Por este motivo, as temperaturas são baixas durante todo o ano, com
Invernos muito frios e longos e Verões curtos. A precipitação é escassa e ocorre
geralmente no Verão
● O clima temperado continental distribui-se pela maior parte da
Europa Central e da Europa de Leste. O maior afastamento do oceano e a
influência da grande massa continental da eurásia originam grandes amplitudes
térmicas anuais, com Invernos muito frios e Verões quentes. As precipitações
são mais abundantes no verão e, no Inverno, são com frequência sob a forma
de neve.

● O clima temperado marítimo abrange a fachada ocidental da


Europa, desde o Noroeste da Península Ibérica até a costa da Noruega. Dada a
influência oceânica, este clima é caracterizado por apresentar Invernos suaves
e Verões frescos, com a precipitação distribuída ao longo de todo o ano,
embora com máxima no Outono e no Inverno.
● O clima temperado mediterrâneo abrange maior parte da Península
Ibérica e a restante faixa meridional da Europa. Por acção dos centros de alta
pressão subtropicais, o clima apresenta-se muito quente e seco no Verão,
enquanto, no Inverno, a acção das perturbações da frente polar o torna
chuvoso e ameno.
Nas regiões montanhosas mais elevadas, como os Alpes, o Cáucaso e os
Pirenéus, o clima é frio de altitude. As principais características do clima de
altitude são a menor temperatura e a maior precipitação em comparação com
áreas envolventes. Nos pontos mais altos dos Alpes, há glaciares e neves
perpétuas.

1.4.3 – HIDROGRAFIA
A configuração peninsular da Europa contribui para um padrão radial da
sua rede hidrográfica, isto é, a partir dos Alpes alguns dos principais rios
europeus divergem tanto para a vertente atlântica (mar do Norte), como o
Reno, como para a vertente mediterrânea, como o Ródano e o Pó, ou ainda
para o mar Negro, como Danúbio. Outro importante centro de dispersão de

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água na Europa corresponde aos montes Valdai, na Rússia, de onde divergem
os rios Volga, o mais extenso da Europa com 3531 km de comprimento e que
desagua no mar Cáspio, o Don e o Dniepre, que terminam no mar Negro, o
Dvina Setentrional, que corre para o oceano Glacial Árctico, e o Dvina
Ocidental, que tem a sua foz no mar Báltico.

Nas regiões de clima temperado marítimo e de clima continental


moderado, os rios apresentam um caudal mais regular, que permite a sua
navegabilidade, aliada ao facto de atravessarem extensas áreas planas.

Nos rios das regiões com Invernos mais rigorosos, a navegabilidade é


dificultada no Inverno devido ao gelo formado à superfície.

Nos rios do sul, onde predomina o clima temperado mediterrâneo, a


maior irregularidade do caudal, com uma grande diminuição no Verão, torna
mais difícil o seu aproveitamento como vias de comunicação. Além dos rios
Ródano e Pó, já referidos destacam-se ainda alguns rios ibéricos como o Douro,
o Tejo, o Guadiana e o Ebro. Em muitos rios da Europa, sobretudo no Sul,
foram construídas barragens para armazenar água para consumo agrícola,
industrial e doméstico, além da produção hidroeléctrica.

A construção de canais de ligação entre vários rios na Europa tem


contribuído bastante para o desenvolvimento da navegação interior e para um
maior aproveitamento dos rios europeus como vias de comunicação, em
especial para o tráfego de mercadorias. Por exemplo, o rio Volga comunica com
o mar Báltico e o mar Negro através de canais de ligação com outros rios. O
Canal Reno-Meno-Danúbio permite a ligação do mar do Norte com o mar
Negro.
O espaço europeu também pode ser organizado segundo as
características dos caudais dos rios principais ou o destino das águas das
diferentes bacias hidrográficas.

A variação anual da quantidade de água que um rio transporta depende


do clima. Neste campo, podemos distinguir os “rios da vertente Atlântica “, os
“rios da Vertente mediterrânea” e os “ rios continentais” que, em muitos
aspectos, têm características semelhantes aos rios que nascem das montanhas
onde os gelos se acumulam no Inverno.

Os principais rios europeus desaguam no mar Báltico, no mar do Norte,


no oceano Atlântico, no mar Mediterrâneo, no mar Negro ou no mar Cáspio,
isto é, a maior Parte dos rios europeus lança as suas águas em mares fechados
ou quase fechados. Daqui resultam vários problemas:

- Os rios lançam nestes mares toda a poluição que é despejada nas suas
águas ao longo do respectivo percurso;

- A degradação dos mares depende, da utilização das bacias


hidrográficas.

1.5 – OS DIFERENTES ESPAÇOS NO CONTINENTE EUROPEU

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Apesar da sua reduzida dimensão, comparativamente com outros
continentes, a Europa apresenta uma grande diversidade de paisagens, que
reflectem formas de relevo variadas e climas distintos, além da influência
humana traduzida nas diferentes formas de organizar e aproveitar
economicamente o espaço.
A Europa é um continente localizado no hemisfério norte que, apesar das
suas reduzidas dimensões, quando comparado com a Ásia, África ou América,
possui uma certa diversidade em termos físicos, humanos e apresenta também
grande diversidade quando são tidos em consideração aspectos com por
exemplo, os linguísticos, os climáticos, os políticos ou os económicos. Cada um
destes aspectos permite considerar vários conjuntos espaciais que, embora
apresentem no seu interior características comuns, são de dimensão e de forma
muito variadas. Teremos, assim, conjuntos linguísticos, políticos, climáticos e
económicos ou como queiramos, várias “ europas”.

1.5.1 – EUROPA LINGUÍSTICA


Conjuntos Linguísticos – mesmo que em cada um dos países do
mesmo conjunto se falem línguas diferentes, a origem linguística comum
explica as semelhanças entre elas.
Na Europa existem cerca de trinta línguas, consideradas oficialmente
como línguas nacionais, as quais juntam-se em número, quase equivalente, a
outras línguas como o Basco e o Bretão, que não ocupam oficialmente a mesma
posição. A maior parte dessas línguas, encontram-se na região do Cáucaso.
Figuram entre elas, as línguas germânicas (Inglês, Alemão, holandês,
Línguas Escandinavas), línguas românicas ou latinas (Francês, Espanhol,
Português, Italiano e Roménio, línguas Bálticas, Eslavas (russo) e as línguas
finoúgricas.
Línguas internacionais, oficiais e de situação privilegiada faladas na Europa
Línguas Países onde é falada
Inglês Grã-Bretanha, Irlanda, Malta
Francês França, Bélgica, Luxemburgo, Mónaco, Suíça, Andorra
Espanhol Espanha, Andorra
Português Portugal
Alemão Alemanha, Áustria, Liechtenstein, Luxemburgo, Suíça e Bélgica
Holandês Holanda, Bélgica
Italiano Itália, Cidade do Vaticano, San Marino
Maltés Malta
Albanês Albânia
Catalão Andorra
Flamengo Bélgica
Búlgaro Bulgária
Checo República Checa
Eslovaco Eslováquia
Dinamarquês Dinamarca
Finlandês Finlândia
Grego Grécia

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Irlandês Irlanda
Islandês Islândia
Monegasco Mónaco
Norueguês Noruega
Polaco Polónia
Galês Grã-Bretanha
Roménio Roménia
Sueco Suécia
Russo Federação Russa

Esta diferença permite definir no continente europeu as seguintes


regiões:
• A Europa do Norte - formada pelos países localizados na península
da Escandinávia (Noruega, Suécia e Finlândia) e ainda a Dinamarca e a
Islândia, ilha situada no Atlântico Norte. É banhada pelos oceanos Atlântico,
Glacial Árctico e ainda pelo mar, o que faz com que seja a menos povoada do
continente Europeu.
• A Europa Ocidental - é constituída pela Irlanda e Reino Unido
(regiões insulares) e ainda pela França, Bélgica, Holanda e Luxemburgo na
parte mais ocidental desta região, banhada pelo oceano Atlântico e pelo mar do
Norte.
• A Europa Central - de mais difícil individualização, por constituir um
espaço de transição, é formada pela Alemanha, Suíça, Áustria e ainda pela
Hungria e República Checa. Estes dois últimos países, devido a
condicionalismos políticos eram tradicionalmente incluídos na Europa de Leste.
Alguns destes países não possuem contacto com o mar, como são os casos da
Suíça, da Áustria, da Hungria e da República Checa. Esta região constitui o
espaço mais habitado do continente e aquele onde se encontram os países
economicamente mais dinâmicos.

•A Europa Oriental ou de Leste - é uma vasta região que se estende


do mar Báltico ao mar Negro e onde ocorreu nos anos 80 e 90 profundas
alterações políticas que provocaram grandes reflexos ao nível das fronteiras dos
países.
Desta região fazem parte a Polónia, a República da Eslováquia, a
Roménia, a Bulgária e os países emergentes da antiga união soviética, onde se
incluem a Rússia, Ucrânia Bielorrússia, Moldávia e ainda os Estados Bálticos
(Estónia, Letónia e Lituânia) que possuem no entanto, fortes afinidades com os
países nórdicos.
Ainda nesta região inserem-se três outros Países “saídos “ da ex-União
Soviética, situados já nos limites da Europa e, como tal, nem sempre incluídos
neste continente: a Arménia, a Geórgia e o Azerbaijão.

A razão da inclusão destes três países no continente europeu resulta do


facto de terem uma cultura de raiz ocidental, nomeadamente em termos
linguísticos (falam o russo) e religiosos (os Arménios são católicos, os Geórgicas
ortodoxos e apenas os Azeris são muçulmanos).

Celestino Paulino, Ildefonso Catito e Ermindo Dinis/Puniv – Kapango-Set.2022/2023 Página 21


• A Europa do Sul ou Mediterrâneo - é formada pelos países ibéricos-
Portugal e Espanha – e ainda pela Itália, Grécia, Albânia e Turquia, países
banhados pelo mar Mediterrâneo.
Esta região inclui, ainda, os países emergentes da antiga Jugoslávia
(Eslovénia, Croácia, Bósnia – Herzegovina), a actual Jugoslávia (Servia e
Montenegro) e as ilhas de Chipre e Malta.

• Os Micro estados - são pequenos territórios com autonomia política


espalhados por várias regiões da Europa. Incluem-se neste conjunto a Andorra
(situada na fronteira Franco-espanhola, nas montanhas dos Pirenéus), o Monco
(no Sul da França, junto ao Mediterrâneo), Listenstaine, (entre a Suíça e a
Áustria) e ainda San Marino e o Vaticano, dentro das fronteiras italianas.
NOTA: Terminada a parte que espelha detalhadamente o estudo da geografia
física do continente, prosseguiremos com o mesmo falando da geografia económica
que abarca a economia europeia.

1.6 – A EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO EUROPEIA


Tal como todas as outras regiões da Terra, também a Europa conheceu
diferentes etapas na evolução da sua população. Assim, até ao fim do século
XVIII (época da revolução industrial), a população aumentava a um ritmo lento
já que os nascimentos eram muitos, mais os óbitos também ocorriam em
número muito elevado. Este facto anulava praticamente o crescimento da
população.

Com as transformações ao nível da agricultura (mais e melhores


alimentos) e da saúde (inovações na medicina) ocorridas após a revolução
industrial, a mortalidade diminui bastante. Em consequência, assistiu-se a um
crescimento muito significativo da população europeia.

Esta tendência de crescimento manteve-se durante todo o início do


século XX até que, após a segunda Guerra mundial, se verificou mudanças
muito significativas. Assim, devidas as alterações de caracteres sociocultural,
manifestou-se uma nova tendência, que apontou para a redução do número de
nascimentos, facto que contribui para a redução do crescimento da população,
verificando-se mesmo casos de diminuição da população em alguns países. Este
facto conduziu a um processo de envelhecimento da população que é hoje a
principal característica da população europeia e que preocupa os Governantes.

1.6.1 – A DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO EUROPEIA, SUAS


PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS SÓCIO-DEMOGRÁFICAS.
A Europa tem conhecido durante o século XX um declínio nas suas taxas
de natalidade. Tem contribuído para esta situação factores como a diminuição
progressiva da sua componente real e a generalização do modo de vida urbano.

Outro factor muito importante é a alteração da posição ocupada pela


mulher na sociedade europeia, nomeadamente a de deixarem de ser
exclusivamente donas de casa e mães para também passarem a exercer uma
actividade académica e profissional.

Celestino Paulino, Ildefonso Catito e Ermindo Dinis/Puniv – Kapango-Set.2022/2023 Página 22


Acrescem, ainda, aspectos como o facto de se instituir à escolaridade
obrigatória e a proibição do trabalho infantil e a evolução e aceitação dos
métodos contraceptivos.

Segundo os dados publicados pelo Fundo das Nações Unidas para a


população, no seu relatório Anual Situação da população Mundial 2004, a
população da Europa era, em 2004 de 725.600.000 de habitantes.

Estima-se que em 2050 diminua para 631.900.000 habitantes.


A federação Russa (Rugia), embora tenha parte do seu território no continente
asiático, é o mais populoso do continente. Tinha, em 2004, 142.400.000,
seguindo-se-lhe a Alemanha, com 85.500.000 de habitantes, o Reino Unido
com, 59.400.000 e a França, com 60.400.000.

No continente europeu existe grande equilíbrio na distribuição da


população. Assim a população absoluta vária muito de um país para outro,
existindo caso de pequenos estados com bastante população e o inverso, ou
seja, países grandes com poucos habitantes. Compreende-se por isso que para
se poder proceder a uma comparação da ocupação humana dos países com
diferentes dimensões se utilize, não a sua população absoluta, mas sim a
densidade populacional, também, por vezes, designada por população
relativa.
As densidades populacionais apresentam-se mais elevadas na região
Ocidental e Central da Europa (superiores a 90 hab/km2), atingindo os
valores mais elevados na Holanda e Bélgica (368 e 327hab/km 2,
respectivamente). Esta importante concentração humana é consequência de
factores físicos favoráveis (clima ameno, relevo pouco acidentado e bons solos)
e humanos (forte industrialização, economias prósperas, recursos do subsolo,
entre outros).

A Europa do Sul apresenta valores inferiores de densidade


populacional, variando entre os 107 de Portugal e 78 da Espanha. Esta
diminuição deve-se ao facto das condições ambientais serem menos favoráveis
(clima menos adequado à agricultura, relevo montanhoso e solos pobres) a que
se associam factores humanos como, por exemplo, a industrialização tardia. Em
Portugal, as densidades mais elevadas registam-se na faixa litoral que se
estende de Braga a Setúbal, com máximos nas áreas metropolitanas do Porto e
Lisboa. No interior do País ocorre uma desertificação humana.

Na região Leste da Europa, as densidades são relativamente baixas,


embora superiores às da região nórdica, oscilando muito os valores da
densidade populacional dos países.

A Europa do Norte é a região onde se verificam os valores mais baixos


(não ultrapassam os 20hab/km2) devido ao clima frio e ao relevo bastante
acidentado.
Quando pretendemos comparar a população de diferentes países
estabelecemos uma relação entre a população e a área desse País, ou seja,
calculamos a população relativa ou densidade populacional.

Celestino Paulino, Ildefonso Catito e Ermindo Dinis/Puniv – Kapango-Set.2022/2023 Página 23


Em cada país a distribuição da população não é uniforme. Existem
regiões com baixas densidades populacionais e outras onde a população se
concentra e das quais as cidades são exemplo. As maiores densidades da
população estão sempre ligadas a áreas com melhores condições de vida
avaliadas em termos económico.

Na Europa, em 2003 viviam nas cidades 73% da população do


continente. Significa dizer que cerca de 8 em 10 habitantes vivem nas cidades
e, por isso, dizemos que a taxa de urbanização é muito elevada.

A taxa de população urbana é o número, em percentagem, de pessoas que


vivem em cidades ou o número de pessoas que, em cada 100, vivem em
cidades. A taxa de população urbana calcula-se do modo seguinte:
Pop. Urb
Tx. pop. Urb = × 100 = ⋯ %
Pop. Total

A taxa de urbanização varia de País para País e está relacionada não só


com questões de natureza física (relevo, clima, solo), como também de
natureza económica e social (indústrias, serviços, saúde, etc.).

No conjunto das cidades europeias destacam-se, pela sua dimensão,


duas grandes aglomerações: Paris e Londres. Podem ainda encontrar-se
cidades que se desenvolvem lado a lado, constituindo rosários contínuos, a que
se dá o nome de conurbações.

A mais famosa conurbação europeia é, sem dúvida, a que se


desenvolveu na região do Reno-Ruhr. Ela engloba várias cidades ditas de
tamanho médio (mais de 500.000 habitantes) como Colónia, Dusseldórfia,
Dortmund, Duisburg.

Êxodo rural
A grande quantidade de pessoas que vivem nas cidades é, na sua
maioria, originária de áreas rurais. As cidades são locais que, tradicionalmente,
atraem as populações, devido ao elevado número de empregos que oferecem.

Ao movimento da população do campo em direcção às cidades dá-se o


nome de êxodo rural.

O êxodo rural não se deu ao mesmo em todos os países da Europa.

No reino unido, a população urbana era de 34% em 1800, de 80 % em


1914, de 91 % em 1985 e de 89% em 1992.

As populações que abandonam os campos dirigiam-se para as cidades


com maior número de indústria. Nalguns casos, era a capital que atraia mais
gente, razão pela qual algumas delas absorviam grande parte da população do
país.

Actualmente, devido, em parte, á falta de habitação e á procura de uma


vida mais calma, verifica-se o retorno ao campo. Pequenas povoações
desenvolvem-se em torno das grandes cidades, fenómeno chamado de

Celestino Paulino, Ildefonso Catito e Ermindo Dinis/Puniv – Kapango-Set.2022/2023 Página 24


periurbanização. Este fenómeno e já bem evidente em certas áreas de
alguns países, como é ocaso da Alemanha.

1.6.2 – CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO EUROPEIA


A população de um determinado espaço (continente, país, região, etc.)
varia ao longo do tempo. O crescimento efectivo de uma determinada
população depende da natalidade, da mortalidade e da migração (variáveis
demográficas). Depende assim do saldo natural (nascimentos óbitos) e do saldo
migratório (imigrantes – emigrantes).

A população da Europa tem vindo a crescer muito lentamente,


apresentando, mesmo, tendência para diminuir. Contudo, dentro do espaço
europeu há situações muito diversas.

Natalidade
As taxas de natalidade são muito baixas na Europa. São mesmo as mais
baixas do Mundo, o que está relacionado com a maior facilidade das mulheres
no acesso ao planeamento familiar e ainda com o facto de elas trabalharem,
um
cada vez mais, fora de casa. Leis como a proibição do trabalho infantil e a da
escolaridade obrigatória têm, também reflexos sobre o número de filhos por
mulher (1,1 filho por mulher no período 2000-2005).

A taxa de natalidade é o número de nascimento em cada 1000 habitantes


num determinado intervalo de tempo. A taxa de natalidade calcula-se:
Número de nados − vivos
𝑇𝑁 = x 1000 = ⋯ ‰
População Total

Actualmente, são os países da Europa do Sul que registam os valores das


taxas de natalidade mais baixo do continente enquanto a Albânia, os países
Nórdicos e alguns países da Europa Central têm valores mais altos.

Mortalidade
As taxas de mortalidade são baixas na Europa, mas não são, contudo, as
mais baixas do Mundo.
A taxa de mortalidade é o número de óbitos (mortes) em cada 1000
habitantes num determinado intervalo de tempo. Calcula-se:
Número de Mortes
𝑇𝑀 = x 1000 = ⋯ ‰
População Total

A descida das taxas de natalidade tem consequências diversas:


 A população “perde” jovens e” ganha” velhos, ou seja, envelhece;
 O crescimento natural da maioria dos Países é muito baixo e, em
alguns casos, é mesmo negativo. Como o saldo migratório não
compensa o saldo natural, a população diminui;
 A renovação das gerações é lenta ou deixa mesmo de se efectuar.

1.6.3 – As Migrações

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As pessoas deslocam-se de uns países para outros com a intenção de
residir durante períodos mais ou menos longos. A razão da emigração, ou seja,
da saída do País onde se nasce é, na maioria dos casos, a procura de emprego,
de melhores salários e condições de vida.
Em suma a deslocação das pessoas quer de residência quer em termos
de trabalho, ou em ambas as situações, corresponde ao que se designa por
migrações.

1.6.3.1 – Causas das Migrações


1. Causas económicas – O desemprego, a escassez de recursos para
a população existente, os baixos salários, a falta de mão-de-obra numa área
acessível e com salários atractivos, todas estas razões contribuem para a saída
da população das áreas mais pobres para aquelas que podem oferecer
melhores condições. O êxodo rural – saída da população das áreas rurais para
as cidades – e a migração dos países mais pobres para os países ricos têm sua
origem, sobre tudo por razões económicas.
2. Informação e acessibilidade – A existência de canais de comunicação
que informe sobre as condições nas áreas de destino é, igualmente, um factor
importante para as migrações. Os contactos com familiares e amigos noutras
regiões ou países com melhores condições podem também contribuir para a
decisão de migrar, a que se pode juntar a informação obtida através da
televisão, rádio, jornais, etc., o nível de desenvolvimento dos transportes
dentro do mesmo país e com o estrangeiro é, igualmente, importante, pois, nas
regiões e países mais isolados, as possibilidades de saída da população são
mais reduzidas.
3. Causas naturais – A ocorrência de catástrofes naturais que destruam
os meios de subsistência da população contribui para que uma parte da
população procure áreas mais seguras e com melhores condições de vida. Os
sismos, os vulcões, as inundações e as secas são alguns exemplos dessas
catástrofes.
4. Causas políticas e religiosas – A falta de tolerância e de espírito
democrático pode reflectir-se na perseguição ou limitação de direitos em
relação as minorias. As populações minoritárias (em termos políticos, étnicos ou
religiosos) de um país ou região podem ver-se ameaçadas e procuram outras
áreas no mesmo país ou em países estrangeiros. Em situações de guerra, estas
causas tendem a ser agravadas e, por vezes, as deslocações das pessoas são
feitas em massa, com grande número de refugiados e deslocados como por
exemplo durante a guerra na ex-Jugoslávia, no início da década de 1990 ou dos
conflitos na Tchetchénia entre 1994 e 2003.
As causas acima podem aglutinar-se em dois tipos: Forçadas e
voluntárias.

1.6.3.2 – Destino
Se a deslocação efectuada pela população que migra ocorrer no mesmo
país, a migração é classificada como interna. O êxodo rural e os movimentos
pendulares (movimentos diários casa-trabalho-casa) estão nesta categoria.

Celestino Paulino, Ildefonso Catito e Ermindo Dinis/Puniv – Kapango-Set.2022/2023 Página 26


Quando a deslocação é feita para outro país, classifica-se por
internacional e recebe o nome de emigração, isto é, saída da população. Para
o país de acolhimento, a população que chega corresponde à imigração, isto
é, entrada de população. As migrações internacionais podem ainda subdividir-
se em intracontinentais, quando são feitas no mesmo continente, e
Intercontinentais quando implicam uma mudança de continente.
As deslocações da população por motivo de férias ou lazer correspondem
ao turismo e podem também ser internas ou internacionais.

Nas áreas de partida


Desvantagens
- Diminuição da taxa de natalidade e subida da taxa de mortalidade
como resultado do aumento da proporção de idoso;
- Diminuição da população activa, pois os imigrantes estão geralmente,
na idade activa, com consequente perda de dinamismo económico nos vários
sectores;
- Diminuição da população absoluta, se o crescimento natural
(Natalidade – Mortalidade) não contrabalançar com o saldo migratório
(Imigração – Emigração).

As migrações não só têm desvantagem para as áreas de partida, mas


apresentam também algumas vantagens:

Vantagens
- Diminuição da pressão demográfica e do desemprego nas áreas com
escassez de recursos;

- Melhoramento do nível de vida das famílias dos emigrantes com o


envio de dinheiro pelos emigrantes;

- Contributo para o equilíbrio das economias dos países com a entrada


de divisas

Nas áreas de chegada


Desvantagens
- Dificuldades de integração da população imigrante.

Vantagens
- Aumento da população activa e maior competitividade em termos
salariais (geralmente, os imigrantes ganham salários inferiores aos dos
nacionais dos países receptores);
- Aumento da natalidade e rejuvenescimento da população porque
muitos imigrantes são provenientes de regiões onde tradicionalmente as
famílias são numerosas.
Os Países europeus que, tradicionalmente, atraem maior número de
imigrantes são a Alemanha, França, o Reino Unido, a Holanda e a Bélgica. Na
cidade de Luxemburgo, uma em duas pessoas é estrangeira e, provavelmente,
um em cada três desses estrangeiros é português. Um terço dos franceses tem,
pelo menos um familiar próximo de outra nacionalidade.

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A livre circulação de pessoas dentro da União Europeia e a emigração
clandestina ou seja a emigração não autorizada ou ilegal tornam, por vezes,
difícil a contabilização dos emigrantes.

Os imigrantes europeus são originários de Países de “ dentro” e de “


fora” da Europa. Os países da Europa do Sul foram, tradicionalmente, os
fornecedores de mão-de-obra da Europa do Norte. Os países europeus são,
também, o destino preferido dos emigrantes das ex-colónias. O facto não é de
estranhar, pois a compreensão das línguas facilita os contactos, assim como
antigos conhecimentos. Portugal e França ilustram bem este fenómeno. Através
de Portugal entram na Europa imigrantes das ex-colónias e ainda do Brasil.

A saída e a entrada de imigrantes pode ter consequências muito


diversas, tanto nos países de origem como nos países de destino. Nos países
emissores “ a perda de adultos-jovens pode provocar quebra da natalidade e
não recuperação, por parte do país, do investimento feito em instrução e
formação profissional.

1.7 – POBREZA E DESEMPREGO NA EUROPA


1.7.1 – Pobreza
A pobreza, de um modo geral, é associada a falta de recursos
monetários, contudo, este problema de todas as sociedades tem inúmeras
facetas.
Pobreza é também, não ter acesso à educação, a habitação condigna, à
saúde, não saber ler nem escrever, desconhecer o que se passa no mundo à
sua volta, isto é, não ter acesso à comunicação. Pobreza é, ainda não ter
direitos políticos ou sociais, dignidade, respeito próprio e dos outros.
As pessoas pobres, na Europa, vivem sobretudo nas cidades. Para definir
não só a dimensão como a profundidade deste problema social, procurou-se
estabelecer uma “ medida” comparável. Essa medida é um dólar.
Compara-se, assim a quantidade de população que, em cada país, está
nessa situação.
Se a pobreza for medida relativamente aos ordenados médios europeu,
então a situação é muito pior. Seria, também, interessante conhecer melhor
quem são os pobres destes países que, simultaneamente, são dos países de
acolhimento de imigrantes e com grupos numerosos de imigrantes de
determinados territórios.

1.7.1.1 – Desemprego
Ser desempregado significa não ter um emprego remunerado ou uma
actividade independente (sem patrão).
Significa também estar disponível para trabalhar e ter procurado
emprego ou pretender exercer uma actividade “livre” (sem patrão) sem,
contudo, o ter conseguido.
A seguir se apresentam mapas que representam a distribuição da
população europeia bem como os Países com mais população desempregada,
(1994).

Celestino Paulino, Ildefonso Catito e Ermindo Dinis/Puniv – Kapango-Set.2022/2023 Página 28


Taxas de desemprego (%) no período 1991 – 1993 em vários países da
Europa, em grupos específicos da população
País Total% Jovens (15-24 anos)
Homens Mulheres Homens Mulheres
França 10,0 13,7 22 28
Noruega 6.6 5,2 13 10
Espanha 9,9 23,8 40 47
Reino Unido 12,4 7,5 21 13
Portugal 4,6 6, 5 10 15
Polónia 15,0 17,9 25 32
Europa Ocidental e do Sul 8,6 12,9 20 24
Fonte: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento1991

O Desemprego apresenta, ainda aspectos diferentes não só entre países


como entre grupos específicos da população, como é o caso das mulheres ou
dos jovens, que a tabela anterior monstra.
O desemprego é gerador de muitos outros problemas sociais, como
marginalidade, a instabilidade social e a própria pobreza.

1.7.2 – POPULAÇÃO ACTIVA E SECTORES DE ACTIVIDADE


Uma das formas de apreciar o dinamismo socioeconómico de um
continente, país ou região consiste na análise da distribuição da população
activa sectores de actividades.
A população activa ou força de trabalho de um país corresponde ao
total de indivíduos que exercem uma profissão remunerada e inclui também os
desempregados. Para permitir a comparação entre diferentes unidades
geográficas, utiliza-se o conceito de taxa de actividade, o qual indica a
percentagem da população activa em relação a população total.

As diferentes actividades económicas agrupam-se em três sectores:


Sector primário – agricultura, pecuária, exploração florestal, pesca e
extracção mineira.
Sector secundário – indústria e construção Civil.
Sector terciário – comércio e serviços.

A distribuição da população activa pelos três sectores de assiduidade


mostra a fase de desenvolvimento económico em que o país se encontra.
Na Europa, a maioria dos países apresenta um nítido predomínio do
sector terciário, seguindo-se-lhe o sector secundário e, em último lugar,
encontra-se sector primário.

O sector primário na Europa apesar de empregar uma reduzida parcela


da população activa, encontra-se bastante desenvolvido, graças ao
desenvolvimento tecnológico, a qualificação dos agricultores, aos apoios para a
sua modernização e a uma crescente interacção com os espaços urbanos,
nacionais e estrangeiros. Essas transformações têm também passado por uma
alteração da dimensão das propriedades agrícolas, com o progressivo
desaparecimento dos minifúndios – parcelas agrícolas muito pequenas e o

Celestino Paulino, Ildefonso Catito e Ermindo Dinis/Puniv – Kapango-Set.2022/2023 Página 29


aumento da dimensão média das explorações agrícolas – conjunto de uma ou
mais parcelas de terreno cujo objectivo é a produção agro-pecuária.

A elevada produtividade do sector tem permitido transformar a Europa,


em especial os países da União Europeia, num exportador de produtos agro-
pecuários, como cereais, milho, lacticínios e carne.
O contributo da pesca e do sector mineiro são mais modestos, tanto no
emprego como na produção.
No caso da pesca, a produção está cada vez mais dependente das
capturas efectuadas nas águas de outros continentes, pois os mares europeus
estão bastantes delapidados em recursos piscícolas.
O sector mineiro tem vindo a perder importância em termos de emprego
pela reduzida importância à escala mundial dos recursos minerais e energéticos
europeus (com excepção da Rússia e do mar do Norte).

O sector secundário tem vindo a perder importância em termos de


emprego como consequência de dois efeitos combinados: a deslocalização de
indústrias para países em desenvolvimento com mão-de-obra mais barata e
modernização tecnológica, com a introdução de processos cada vez mais
automatizados. No sector industrial europeu, destacam-se os ramos
alimentares, farmacêuticos, de telecomunicações, automóvel, aeronáuticos e de
construções mecânicas.

O sector terciário constitui, neste momento e para a maioria dos países


europeus, o principal empregador e o sector que mais contribui para a
formação do produto Interno Bruto (valor total dos bens e serviços
produzidos por empresas nacionais e estrangeiras num determinado país). O
seu grande desenvolvimento reside no grande crescimento dos subsectores da
banca, seguros, turismo, serviços de saúde e educação, transportes, além do
constante incremento da actividade comercial.
Com uma estrutura da população activa largamente denominada pelo
sector terciário, considera-se que muitos países europeus atingiram uma fase
de pós-industrialização, com uma economia diversificada e aberta ao comércio
mundial.

1.8 – AS DIFERENÇAS NA SAÚDE NA EUROPA


A saúde é outro aspecto revelador de diferenças na qualidade de vida
das pessoas.
Os indicadores que podemos utilizar podem ser os relativos á própria
vida das pessoas, como seja a esperança ou expectativa de vida á nascença, a
mortalidade infantil, as causas da morte, em geral, e das crianças, em
particular. Outros indicadores podem ser relativos ao acesso a determinados
serviços ou ao equipamento da saúde.
Na Europa existem grandes contrastes entre os diferentes países. É por
isso que é necessário recorrer a outros indicadores mais específicos e analisar
as pequenas diferenças.

1.8.1 – A esperança ou expectativa de vida à nascença

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Um importante indicador do estado de saúde dos habitantes de um país
é a esperança ou expectativa de vida à nascença, ou seja, o número de anos
que viverá uma pessoa desde o seu nascimento se mantivessem os padrões de
saúde existentes no momento do nascimento. Este indicador revela não só a
situação da saúde mas, ainda, indirectamente a situação alimentar da
população ou as condições de habitação.

Esperança de vida a nascença em vários países europeus em 2004


Países Esperança de vida em 2004
Homens Mulheres
Suécia 77,6 82,6
Noruega 76,o 81,9
Suíça 75,9 82,3
Espanha 75,9 82,8
Bélgica 75,7 81,9
Grécia 75,7 80,9
Reino Unido 75,7 80,7
Holanda 75,6 81,0
Itália 75,5 81,9
Áustria 75,4 81,5
França 75,2 82,8
Alemanha 75,2 81,2
Finlândia 74,4 81,5
Irlanda 74,4 79,6
Dinamarca 74,2 79,8
Eslovénia 72,6 79,8
Portugal 72,6 79,6
República Checa 72.1 78,7
Macedónia 71,4 75,87
Sérvia e Montenegro 70,9 75,6
Albânia 70,9 76,7
Fonte: estado de la población mundial 2004. FNUAP

1.8.2 – O envelhecimento da população


“A capacidade de reprodução do velho continente está em perigo.
Assiste-se a um envelhecimento acentuado da população.”
Em1992 registaram-se 1,8 milhões de casamentos, o que representa
pouco mais de metade dos celebrados na década de 60 (2,3milhões). Já nem
sequer em Portugal, Espanha e Grécia abundam as “falias numerosas “e a “
reserva familiar” da União Europeia restringe-se à Irlanda, onde 505 dos lares
são constituídos por famílias com cinco e mais pessoas.”
A estrutura mais comum nos países da Europa é a envelhecida, embora
se notem algumas diferenças regionais entre países do Norte e do Sul da
Europa, com os últimos a apresentarem um envelhecimento recente da sua
população e os primeiros a manifestarem algum rejuvenescimento.

Esta estrutura caracteriza-se por registar um elevado número de idoso e


uma quebra significativa nas classes mais jovens da população. Os mais velhos

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representam cerca de 15% da população, valor superior ao que se verifica em
países menos desenvolvidos, fora da Europa, onde não ultrapassam os 5% do
total da mesma. Este processo de envelhecimento é consequência de uma
grande quebra de taxas de natalidade, bem como do aumento da esperança de
vida resultado da melhoria da alimentação e das condições de saúde e de
assistência aos idosos.

A pirâmide de idades deste tipo de população (pirâmide decrescente)


apresenta uma forma onde se destaca a diminuição das classes inferiores da
mesma e um alargamento do sector central, que se estende progressivamente
para o topo. Este tipo de estrutura demográfica levanta alguns problemas a
estes países, normalmente ao nível da segurança social, porque o número de
reformados aumenta e os activos diminuem. Também ao nível das forças
armadas o recrutamento de soldados se torna difícil, levando alguns governos a
alargar este às mulheres.
Registam-se ainda países como a Albânia ou a Turquia que, devido à sua
elevada natalidade, apresentam uma estrutura etária completamente distinta
dos restantes países europeus – população jovem.

1.9 – DIFERENÇAS NO BEM-ESTAR E NA QUALIDADE DE VIDA


DOS EUROPEUS
1.9.1 – A educação e a formação dos cidadãos: uma condição
essencial para a qualidade de vida.
Não existem sociedades plenamente desenvolvidas e que garantam um
elevado nível de bem-estar e qualidade de vida às suas populações, se
descurarem o seu investimento no sector da educação. Justifica-se, por isso,
que este se assuma como uma das principais apostas dos países europeus,
que, por isso, registam elevados valores de alfabetização, bem como um
número muito elevado de alunos universitários, entre outros indicadores de
educação.
Em paralelo com este sector, também ao nível da investigação científica
os contrastes são bem marcantes e contribuem para as diferenças de
desenvolvimento entre as diferentes regiões da Europa.

1.9.2 – Crescimento Económico e Desenvolvimento


Em qualquer região da Terra, os países apresentam níveis de riqueza
bem diferenciados. Na Europa esta situação também se verifica. A definição de
nível de crescimento económico e de nível de desenvolvimento é algo complexa
pelo que é fundamental esclarecer estes dois conceitos:
Crescimento económico – Aumento dos níveis de produção e
acumulação de riqueza, avaliados através do rendimento per-cápita e de outros
indicadores exclusivamente económicos, nada tendo a ver a vertente social.

Desenvolvimento – Estado evoluído de uma determinada sociedade e


economia que tem várias vertentes: crescimento económico, bem-estar,
alterações culturais e modernização tecnológica.

Já que estamos neste capítulo, como se diz “o saber não ocupa lugar”
vamos colocar também algumas definições:

Celestino Paulino, Ildefonso Catito e Ermindo Dinis/Puniv – Kapango-Set.2022/2023 Página 32


Bem-estar – Situação que reflecte a diferença entre as nossas
necessidades e o que conseguimos concretizar.

Qualidade de vida – É a maior ou menor autoridade para adquirir bens


e serviços que são indispensáveis ao homem, tais como: educação, cultura e
lazer.
Nível de vida – Conjunto de factores (consumo, por exemplo) que,
devidamente assegurados, garantem o bem-estar.

- Aspectos do crescimento económico e desenvolvimento.


O crescimento económico e desenvolvimento são conceitos diferentes,
embora com algumas semelhanças.
O crescimento económico não é um fim em si mesmo, mas um meio
para criar melhores condições de vida. Por exemplo, um país, quando investe
na localização de indústrias ou melhoria do comércio e serviços, deve ter como
objectivo não só o crescimento da sua economia, mas também a
disponibilização de empregos cujos salários sejam compatíveis com o nível de
vida da população, para que esta suporte as diversas necessidades, o que nem
sempre acontece.
▪ O crescimento económico é, portanto, o estádio em que o aumento
da riqueza de um país não se reflecte na melhoria do nível de vida das
populações, nomeadamente nos padrões de consumo, educação, saúde,
habitação e lazer.
É, por isso, necessário que a economia de um país tenha como
objectivos os aspectos qualitativos (objectivos socioculturais) e não apenas
os quantitativos, como por exemplo, aumentar as exportações.

▪ O desenvolvimento, por outro lado, deve estar sempre associada ao


bem-estar, qualidade de vida e nível de vida das populações. Contudo,
não pode haver desenvolvimento se não houver crescimento económico. Por
exemplo, um país cuja economia se baseie fundamentalmente na actividade
agrícola dificilmente atingira um crescimento económico que lhe permita
investir fortemente nos aspectos sociais como a educação, habitação, saúde
e cultura, pois o fraco poder de compra da população não lhe permite ter
acesso a equipamentos que lhe proporcionem um nível de vida razoável.

Por outro lado, uma economia que evolua no sentido de assegurar uma
alimentação equilibrada por via de uma agricultura desenvolvida, que
proporcione empregos e oferta de bens de consumo, através das suas
indústrias e de uma rede de serviços e comércio diversificados, poderá
contribuir para elevar o nível de vida da sua população.

Logo, um elevado nível de vida traduz-se no aumento do poder de


compra e num melhor acesso aos equipamentos sociais, conduzindo assim a
uma melhor qualidade de vida e bem-estar social.

Podemos concluir por fim que o bem-estar, a qualidade de vida e o


nível de vida dependem do grau de desenvolvimento de um país e
variam no espaço, pois os países ou regiões não apresentam o mesmo grau de

Celestino Paulino, Ildefonso Catito e Ermindo Dinis/Puniv – Kapango-Set.2022/2023 Página 33


desenvolvimento no tempo, uma vez que as sociedades têm tendência para
alterar as suas condições socioeconómicas ao longo da história.

9.3 – AS DIMENSÕES DA QUALIDADE DE VIDA


A questão ambiental: uma nova dimensão da qualidade de vida
A problemática das questões ambientais constitui uma dimensão
essencial na qualidade de vida dos cidadãos. Entende-se nesses locais que
qualquer sociedade não pode considerar totalmente desenvolvida, se não levar
em conta a vertente ambiental.
A existência de áreas protegidas, parques e reservas naturais são
algumas das medidas tomadas pelos governos destes países, tendo em vista a
preservação e conservação da natureza, bem como a penalização daqueles que
não respeitam tais medidas, através da aplicação de legislação protectora do
meio ambiente.

O estudo do bem-estar e qualidade de vida


Existem indicadores que nos ajudam a compreender os diferentes níveis
de desenvolvimento de uma região ou país. Contudo, não basta ter uma grande
informação, pois esta de nada serve se não soubermos como analisar a mesma.
São diferentes os tipos de indicadores que nos possibilitam analisar os
graus de desenvolvimento das regiões ou países em termos comparativos.
De entre os indicadores de desenvolvimento podem destacar-se alguns:
os de rendimento, emprego, habitação, saúde, educação, participação social,
ambiente e lazer.
Os indicadores que mais se utilizam na análise do rendimento são os que
avaliam o rendimento familiar e o PNB per capita. No caso do emprego
utiliza-se, entre outros a estrutura da população activa, a repartição do PNB por
sectores de actividade, o trabalho infantil ou taxa de desemprego.

A análise destes indicadores é muito importante, pois permite-nos


verificar, no caso dos primeiros, os rendimentos médios das populações bem
como o seu nível de vida. No caso dos outros indicadores, a sua importância
reside nas características das actividades, nomeadamente no maior peso do
emprego no sector primário, revelador de um menor desenvolvimento por falta
de alternativas de emprego. O trabalho infantil, embora não exista apenas nos
países menos desenvolvidos, assume nestes uma dimensão não comparável,
por afectar um grande número de crianças.

Os indicadores de carácter social referem-se à:


▪ Educação (taxa de analfabetismo, taxa de escolaridade, número de
alunos nos diversos ciclos de ensino, número de estudantes universitários,
entre outros).
▪ Saúde (taxa de natalidade infantil, número de habitantes por médico,
número de habitantes por cada hospital).

▪ Habitação (número de pessoas por habitação, taxa de habitações


servidas por água canalizada).

Celestino Paulino, Ildefonso Catito e Ermindo Dinis/Puniv – Kapango-Set.2022/2023 Página 34


Todos estes indicadores permitem-nos estabelecer o nível de cobertura
em termos de serviços sociais como a educação, saúde, taxa de habitação ou a
segurança social, sendo claro que, embora esses índices se encontrem quase
totalmente assegurados na Europa, ainda subsistem alguns contrastes
regionais.
Outros indicadores que não devem deixar de ser levados em conta no
desenvolvimento de um país, e, por conseguinte na qualidade de vida das
populações, são os que têm a ver com:
• O consumo – número de telefones, número de aparelhos de televisão
ou número de veículos automóveis por 1000 habitantes.
• A cultura – número de jornais vendidos, número de bibliotecas ou
número de livros editados.
• O lazer – número de população que goza férias.
Todos eles são muito importantes na generalidade dos países europeus,
onde assumem um carácter quase banal, embora sejam quase inexistentes nos
países não industrializados de outros continentes.

Também as questões relacionadas com o ambiente, a segurança e a


participação social e política assumem papel central no desenvolvimento
das sociedades mais industrializadas, pelo que a análise de indicadores de
carácter ambiental e de segurança dos cidadãos são hoje determinantes
quando se avalia a qualidade de vida destas populações, que vivem nos países
mais desenvolvidos.

1.10 – O IMPACTO AMBIENTAL NA ACTIVIDADE HUMANA


O ar, um recurso em perigo.
Os problemas da poluição atmosférica constituem uma das maiores
preocupações das sociedades industriais devido às consequências que
provocam. Problemas como chuvas ácidas, o aumento de efeito de estufa e o
“smog” são consequência de um conjunto de fenómenos relacionados com a
contaminação do ar.

O processo de contaminação do ar está na origem do aquecimento


global do planeta que, a agravar-se, poderá provocar a fusão dos gelos das
calotes polares e, consequentemente, a subida dos oceanos com a eventual
submersão de regiões litorais.

Esta problemática constitui, assim, uma preocupação para a comunidade


internacional, que tenta implementar políticas de diminuição da emissão de
dióxido de carbono e de utilização de energias alternativas e tecnologias não-
poluentes.
O problema dos resíduos é, sem dúvida um dos mais preocupantes nas
sociedades mais urbanizadas e industrializas, uma vez que é nestas que se
regista uma maior produção de lixos domésticos e industriais.

No continente europeu, as grandes cidades debatem-se com grandes


problemas relativamente à recolha, transporte e depósito de milhares de
toneladas de lixos diariamente.

Celestino Paulino, Ildefonso Catito e Ermindo Dinis/Puniv – Kapango-Set.2022/2023 Página 35


Os oceanos têm sido um recurso natural pouco protegido pelo homem e
sujeito a profundas agressões em consequência de ter sido usado durante
muitos anos como uma espécie “ lixeira” onde se deitava tudo por se acreditar
na sua ilimitada capacidade depuradora.

Assim, além de funcionar como receptor de esgotos das regiões litorais e


dos poluentes transportados pelos rios, o mar funcionava como cofre “ dos
detritos nucleares” e de muitos “ resíduos tóxicos”.
1.10.2 – A utilização dos recursos
Os recursos naturais da Europa: sua utilização
A excessiva utilização dos recursos naturais da Europa, por parte do
Homem, em consequência do modelo de desenvolvimento industrial, está na
base do seu esgotamento e destruição.

Os recursos onde a intervenção do homem tem sido mais destruidora


são os recursos florestais e os minerais, pelo seu interesse económico, e ainda
o ar, o solo e os recursos hídricos (rios, lagos e mares). As florestas são
destruídas para a obtenção de madeira e como consequência da expansão
urbana e da necessidade de construção de infra-estruturas. Já o caso do
esgotamento dos solos ou da poluição dos recursos hídricos se deve,
sobretudo, às tecnologias utilizadas pela agricultura e pela indústria.

No que se refere aos recursos minerais, estes são também explorados


até ao limite, provocando enormes crateras cuja recuperação é quase
impossível, assim como a poluição dos recursos de água, provocada pela
utilização de compostos químicos no processo de tratamento do minério.

Os recursos energéticos
Os recursos energéticos são fundamentais para a vida do homem,
nomeadamente para a actividade industrial.
Estes recursos energéticos ou fontes de energia podem ser classificados
de não-renováveis, quando existem na Natureza em quantidades limitadas,
ou de renováveis, se não se esgotam.
• Não renováveis – São exemplos deste tipo de energia o petróleo, o
carvão, o gás natural e as substâncias radioactivas como o urânio.
O petróleo é actualmente, a fonte de energia mais utilizada,
constituindo a base da actual sociedade industrial, quer na produção de energia
eléctrica, combustíveis para transportes e maquinas indústrias, quer como
matéria-prima para um conjunto diversificado de produtos como plástico e os
cosméticos.
O petróleo substituiu o carvão, que foi, como sabes, a energia utilizada
durante a Revolução Industrial e que é, ainda hoje, um recurso energético
muito importante para a redução de energia eléctrica e do aço.

Estas duas fontes de energia são, em conjunto com o gás natural, as


principais fontes de energia doméstica e industrial, sendo no entanto,
causadoras de graves problemas ambientais, em consequências da sua queima
e exploração.

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A energia nuclear depois de um período inicial de euforia, devido ao
seu potencial energético e baixo custo, tem sido abandonada em consequência
dos problemas relacionados com resíduos, agravados com o acidente nuclear
ocorrido em Chernobyl, na Ucrânia, em Abril de 1986.

• Renováveis – O Sol, o vento, o mar (marés e ondas) e os rios


possuem um potencial energético inesgotável, ainda pouco explorado. Entre
estas fontes de energia, a hidroeléctrica (energia produzida a partir da força
da águas dos rios) é a mais utilizada, mercê das suas enormes potencialidades
e do seu carácter não-poluente.

Nos anos 70 desenvolveram-se estas opções energéticas chamadas


energias alternativas ou não poluentes resultantes do aproveitamento da
energia do Sol (solar), do calor da Terra (geocêntrica), das marés (maremotriz)
e da força do Vento (eólica).

Apesar das enormes potencialidades, os custos de instalação e


manutenção têm provocado dificuldades no uso destas energias, embora se
perspective que o futuro conheça um grande desenvolvimento.

Recursos minerais e energéticos


Os recursos naturais são fontes de riqueza que o homem aproveita para
as suas necessidades. Os aproveitamentos desses recursos dependem de
factores variados, tais como: a localização, a utilidade, a quantidade e a
qualidade. Se o homem até hoje explorou desenfreadamente muitos recursos
existentes na Terra, coloca-se agora perante vários problemas que deve
solucionar como a poluição e a procura de recursos alternativos.

– Os recursos minerais.
Um minério é uma rocha da qual se podem extrair vários metais ou
materiais. Normalmente, estas rochas acumulam mais densamente em
determinados locais, constituindo depósitos. A totalidade dos depósitos minerais
existentes na terra constitui as reservas mundiais de minerais.

– A questão nuclear
Um dos debates mais actuais relativo às centrais nucleares é social e
político e não apenas o energético ecológico e científico. Como cada vez mais
se assiste à “privatização” da energia nuclear, a preocupação dos Estados
acresce. Assim, são cada vez mais numerosas as empresas que vêem ser-lhes
confiada a realização dos programas nucleares. Ora, muito justamente, os anti-
nucleares receiam que essas empresas ponham a rentabilidade financeira à
frente da segurança ou das considerações ecológicas.

De um modo geral, é o tipo de sociedade que a energia nuclear promove


que está no centro da polemiza. Os defensores da opção nuclear argumentam
que o que provocou piores consequências foi o impacto social do
desenvolvimento do caminho-de-ferro ou ainda que a opção nuclear não
conduz necessariamente a um estado policial como receiam os seus
adversários.

Celestino Paulino, Ildefonso Catito e Ermindo Dinis/Puniv – Kapango-Set.2022/2023 Página 37


Na verdade, os perigos que representam as instalações nucleares
levariam, provavelmente, a um enorme desenvolvimento das forças policiais,
que teriam, além disso, de controlar o transporte das matérias radioactivas, os
depósitos de resíduos, etc.

– O uso do plástico
A substituição dos metais pelo plástico faz com que se diminuam as
reservas mundiais do petróleo.
O plástico tem sido uma das alternativas a muitos materiais de utilização
na indústria e no uso doméstico. No entanto, para além de diminuir as reservas
petrolíferas, também cria graves problemas ambientais, já que é um material
não biodegradável.

– O petróleo, um recurso não-renovável


O petróleo é uma mistura natural líquida de hidrocarbonetos que surge
nas fissuras de rochas porosas a grande profundidade. Foi na Europa, mais
propriamente na Alemanha, em 1857, que se realizam as primeiras perfurações
com o objectivo de extrair Petróleo. Dois anos mais tarde, nos Estados Unidos,
começou a exploração comercial deste recurso, que marcou intensamente o
nosso século. Tal como o carvão, o petróleo e o gás natural são recursos não
renováveis. As situações em que se encontram o petróleo e o gás natural são
muito limitadas, já que são substâncias que só se podem formar em condições
muito especiais. Como são substâncias fluidas, podem “escapar-se” para a
superfície terrestre e perderem-se, a menos que fiquem retidas em estruturas
geológicas especificas, nomeadamente em anticlinais com camadas de rochas
impermeáveis sobrepostas a camadas rochosas porosas.

– Uma exploração desenfreada dos recursos


Um dos problemas mais graves que actualmente a humanidade enfrenta
não é tanto a obtenção de recursos fundamentais, mas sim o conseguir uma
distribuição mais justa entre os consumidores.
Isto não significa que a produção de recursos fundamentais seja fácil de
alcançar. Pelo contrário, para a obtenção de recursos suficientes para as
necessidades da humanidade, a exploração desenfreada de grandes
quantidades de recursos e a utilização de novas tecnologias provoca
desequilíbrios no ambiente que criam problemas graves, praticamente em todo
o planeta.

– Reciclagem dos produtos


A necessidade de reciclar, bem como a da longevidade dos produtos,
levanta alguns problemas de cariz social. Por um lado, os industriais entendem
este facto como mau para os negócios, por outro, os sindicatos entendem esta
situação pode levar à diminuição do emprego devido ao encerramento de
algumas fábricas.
A reciclagem dos produtos elaborados na indústria pode oferecer
perspectivas interessantes. Ao contrário das fontes energéticas que não são
renováveis, os produtos minerais não desaparecem.
É possível reciclar cerca de 855 dos metais, para além de que só a
simples recuperação já nos possibilita dispor de 20 a 45 por cento daquilo que

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consumimos. Este facto justifica que, em épocas de menor produção, o
comércio de ferro velho seja muito florescente.
A reciclagem dos produtos coloca, no entanto, alguns problemas tais
como:
- Os produtos a reciclar encontram-se mais dispersos, implicando efeitos
negativos na recuperação.
- Os metais encontram-se presentes em quantidades tão pequenas que o
esforço de recuperação não é rentável.
Actividades
1. Quais os perigos mais preocupantes que derivam da energia nuclear?
2. Qual o principal problema ambiental dos produtos em plástico?
3. Aponta as principais vantagens e desvantagens da utilização do
petróleo como fonte energética.
4. Refere as consequências da exploração desenfreada de recursos.
5. Em que consiste a reciclagem de produtos?

– A poluição do ar, do mar, das águas interiores e do solo.


O ar em perigo.
O ar que respiramos é um dos elementos básicos para a nossa
sobrevivência. Quando a atmosfera se encontra poluída, além de provocar mal-
estar e doenças nas vias respiratórias, também provoca modificações
irreversíveis no clima.

A poluição atmosférica é um problema de promoções mundiais,


embora com maior incidência nas regiões mais urbanizadas e industrializadas.
São os fumos das fábricas, os gases libertados pelos escapes dos
automóveis e a libertação de vapores pelos aviões que constituem os
elementos mais poluidores da atmosfera.

Poluição atmosférica – é a alteração de forma directa ou indirecta das


propriedades físicas, térmicas e biológicas, do ar.

Os problemas da atmosfera.
A contaminação da atmosfera pelos produtos poluentes está na base de
um conjunto de problemas muito graves para a vida do planeta. Eles são:
• As chuvas ácidas, que são precipitações resultantes da combinação
do dióxido de enxofre com vapor de água, formando um ácido muito
corrosivo. Estas chuvas ocorrem, sobretudo nos países industrializados, em
consequência da queima do petróleo e do carvão nas indústrias e centrais
térmicas. A acção dos ventos implica o transporte das chuvas para regiões
vizinhas para onde estes sopram, não se limitando assim, aos países poluidores.

As consequências das chuvas ácidas reflectem-se não só na destruição


das florestas mas também ao nível dos recursos hídricos, que assinalam graves
impactos devido ao envenenamento dos aquíferos. A acção sobre os solos
também é importante, provocando este tipo de chuvas um agravamento da
erosão.

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Chuva ácida – precipitação resultante da dissolução de componentes
químicos como o dióxido de enxofre e monóxido de carbono existentes na
atmosfera devido à poluição.

• O aumento do efeito de estufa deve-se ao aumento de um conjunto


de componentes do ar como o dióxido de carbono, as poeiras, os fumos, entre
outros. Estes, sobretudo o dióxido de carbono resultante da queima de
combustíveis como o carvão e o petróleo, passam a existir em grandes
quantidades na atmosfera, interferindo ao nível do equilíbrio térmico do planeta
garantido pelo chamado efeito estufa. Este equilíbrio deve-se à transformação
da radiação solar em irradiação terrestre que é fornecida à atmosfera de forma
a compensar a perda de calor à noite, permitindo, assim, a vida na Terra.
O aumento de gases como o dióxido de carbono introduz variações neste
equilíbrio, já que deixa passar maior quantidade de energia solar para a Terra e
retém grande parte da irradiação terrestre, entretanto emitida, funcionando
como uma barreira que concentra o calor.
Este processo está na base do aquecimento global do planeta, que, a
manter-se, provocará a fusão dos gelos das regiões polares e a subida dos
oceanos com a submersão de regiões litorais, constituindo por isso uma
preocupação para a comunidade internacional e obrigando a estabelecer a
diminuição das emissões de dióxido de carbono e a utilização de energias
alternativas e tecnologias não-poluentes.

Efeito de estufa - designação comum para o aquecimento produzido


na superfície da Terra, através da retenção do calor. O seu aumento deve-se à
poluição atmosférica.
• A destruição da camada do ozono, pelo cloro existente nos CFC
(clorofluorcarbonetos), provoca variações de temperaturas com consequências
imprevisíveis ao nível do clima e poderá inviabilizar a vida na Terra, que não
suportaria o excesso deste tipo de radiação.

Os cientistas têm registado com alguma preocupação o agravamento do


problema, nomeadamente com o aumento do “buraco” na camada de ozono,
na região da Antárctida.

Ozono – camada da estratosfera que contém oxigénio em que cada


molécula contém três átomos em vez de dois. Esta camada absorve parte dos
raios ultravioletas, permitindo a vida na Terra.

A Poluição das águas


A poluição do mar
A poluição do mar é um dos maiores problemas ecológicos do nosso
tempo. Apesar da enorme superfície que representa o mar, o homem já o
poluiu em escalas alarmantes, pondo em risco a sua própria sobrevivência,
pois o mar é um recurso vital para a vida humana.

– O petróleo poluidor
O grande movimento de tráfego oceânico mundial de petroleiros
aumenta o risco da poluição do mar, por dois tipos de razões:

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• O petróleo derramado, no alto mar ou junto à costa, espalha-se sobre
vastas extensões marinhas em camadas muito delgadas, impedindo os
microrganismos do plâncton de absorverem o gás carbónico da atmosfera e
de operarem a sua transformação em oxigeno.

• As descargas de petróleo e resíduos petrolíferos e as lavagens


dos tanques dos grandes petroleiros, feitas à margem das leis internacionais,
poluem extensas áreas marinhas. Do mesmo modo, as deficiências em
equipamentos sofisticados de limpeza de desperdícios, em portos marítimos de
descarga de petróleo, contribuem para o aumento da poluição marinha.

Estas acções estão na base da formação das chamadas marés negras,


que têm sido notícia pelas implicações ambientais que provocam.

O mar do Norte e o mar Báltico apresentam elevados índices de


poluição em consequências do tráfego marítimo e das actividades em seu
redor. O mar Mediterrâneo apresenta teores ainda mais altos de
contaminação, o que leva os cientistas a considerá-lo como um mar que está a
morrer.

– A água doce em perigo.


Actualmente, as populações das sociedades altamente industrializadas,
como a europeia, consomem excessivas quantidades de água. Além deste
problema coloca-se um outro que é o da qualidade.

Para as águas continentais, são lançadas enormes quantidades de


dejectos orgânicos, que, com alguma facilidade se decompõem, e de
detritos, resistentes à decomposição, tais como detergentes e
hidrocarbonetos, fazendo com que a qualidade da água doce seja cada vez
menor. A indústria, o crescimento urbano e agricultura contribuem em muito
para este processo, que só pode ser atenuado com outra atitude relativamente
ao consumo da água e tratamento dos esgotos.

A poluição da água não conhece fronteira.


- Cerca de 80% dos rios e lagos europeus são partilhados por diferentes
países. Tal como o curso dos rios, também a poluição que se desloca neles não
conhece fronteiras. Os principais tipos de poluição das águas doces são:
▪ A poluição química, produzida por resíduos industriais, águas
domésticas e águas que se escoam para o subsolo arrastando pesticidas.

▪ A poluição biológica, também produzida por águas residuais


urbanas.
▪ A poluição física, inclui a poluição térmica, deriva das centrais
térmicas e nucleares.

▪ A poluição radioactiva das centrais nucleares.

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