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CENTRO UNIVERSITÁRIO FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ


FACULDADE DE FILOSOFIA CIÊNCIAS E LETRAS
COLEGIADO DE GEOGRAFIA

DEISY TORRES RICELLI

O ENSINO DA GEOGRAFIA E A SALA DE AULA

Santo André
2020
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DEISY TORRES RICELLI

O ENSINO DA GEOGRAFIA E A SALA DE AULA

Trabalho de Conclusão de Curso,


apresentado à Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras do Centro
Universitário Fundação Santo André,
como requisito parcial para obtenção
do título de bacharel e licenciatura em
Geografia, sob a orientação da
Professora Me. Carolina Gamba

Santo André
2020
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AGRADECIMENTOS

A TODOS OS PROFESSORES QUE FIZERAM PARTE DO COLEGIADO DE


GEOGRAFIA E CONTRIBUÍRAM NA MINHA FORMAÇÃO PROFISSIONAL E CRESCIMENTO
PESSOAL. EM ESPECIAL AOS PROFESSORES DRA CECÍLIA CARDOSO T. DE ALMEIDA
E DR SANDRO ASSENCIO PELA ORIENTAÇÃO, ESTÍMULO E INDICAÇÕES
BIBLIOGRÁFICAS QUE TORNARAM POSSÍVEL A ELABORAÇÃO DESTE TRABALHO.

A MINHA ORIENTADORA ME. CAROLINA GAMBA, PELOS IMPRESCINDÍVEIS


SUPORTE Е INCENTIVO.

E A TODOS QUE PARTICIPARAM, DIRETA OU INDIRETAMENTE NO


DESENVOLVIMENTO DESTE TRABALHO DE PESQUISA, ENRIQUECENDO O MEU
PROCESSO DE APRENDIZADO.
3

“O que seria o olhar e o fazer sensível?


É preservar a natureza de pensar e
ordenar o mundo a partir da
pluralidade, diversidade e integração
em contraposição a homogeneidade e
a fragmentação.”
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RESUMO

Trata-se de apresentar o Ensino de Geografia diante das circunstâncias


e demandas de um mundo em mudança, que exigem maior preparação para o
acesso em igualdade de condições aos requisitos técnico-científicos da
sociedade. Inicialmente, se recorrem aos momentos históricos do Ensino de
Geografia percorridos, destaca o tratamento tradicional que teve, enfatizando a
necessidade de romper com a forma dominante de ensinar, caracterizada pela
presença de um forte conteúdo teórico-metodológico, memorístico, descritivo,
inventivo, receptivo, repetidor com ênfase na descrição física, com predomínio
de informações gerais sem atender suficientemente ao local. As novas
tendências de um ensino inovador, problemático e inclusivo, onde o centro da
aprendizagem é o indivíduo atuando em um contexto social definido e concreto.
Palavras-chave: Geografia; Escola: Ensino de Geografia.
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ABSTRACT

It is a question of presenting geography teaching in the face of the


circumstances and demands of a changing world, which require greater
preparation for equal access to the technical and scientific requirements of
society. Initially, the historical moments of geography teaching are used,
highlights the traditional treatment it had, emphasizing the need to break with
the dominant way of teaching, characterized by the presence of a strong
content theoretical-methodological, memoristic, descriptive, inventive, receptive,
repeater with emphasis on physical description, with predominance of general
information without sufficiently attending the site. The new trends of innovative,
problematic and inclusive teaching, where the center of learning is the individual
acting in a defined and concrete social context.
Keywords: Geography; School: Geography Teaching.
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO......................................................................................................7
CAPÍTULO I – O QUE É GEOGRAFIA................................................................9
CAPÍTULO II – A GEOGRAFIA, A ESCOLA E O ENSINO...............................14
CONCLUSÃO.....................................................................................................17
REFERÊNCIAS..................................................................................................19
7

INTRODUÇÃO

A Geografia é uma ciência de suma importância, porque possibilita ao


homem entender melhor o planeta em que vive. O ensino da Geografia traz a
obtenção e o aprimoramento de certos conceitos que colaboram de maneira
expressiva para o desenvolvimento do educando não apenas como sujeito no
seu meio ambiente, porém também como cidadão em seu meio social. Esses
conceitos podem ser aplicados na educação básica desde as séries iniciais,
devido que os conteúdos abordados nas aulas de geografia permitem
desenvolver tanto os aspectos sociais quanto os físicos.

A multiplicidade das pessoas, em pleno século XXI, ainda pensa que


Geografia é sinônimo de mapa. Na veracidade, sua própria designação induz à
definição: consiste na ciência que delineia o planeta Terra. Isso significa muitos
mais do que uma mera descrição da Terra, ou seja, trata de entender (e
explicar) a relação natureza/sociedade sob a ótica da interação com espaço
geográfico.

A organização governamental internacional (OGI) aduz que cada dia que


passa a geografia foca a temática ocupação, inter-relacionando natureza e
seres humanos, sem priorizar as complexidades das relações sociais. Não se
restringe, entretanto, ao campo, estudando de modo inclusivo as cidades, além
de esmiuçar a topografia original e modificada. Tudo isso fundamentado em um
olhar de conjunto, ainda que seja capaz de tecer os mínimos pormenores, além
de estudar profundamente relevos, clima, vegetação, tipos de solo, rios e
oceanos.

O escopo aqui é discorrer a respeito do Ensino de Geografia, ontem e


hoje. Vamos descrever e analisar também de que forma o conhecimento
geográfico se consagrou. O mais relevante dentro da disciplina é perceber as
mudanças a didática ao passar do tempo.

O objetivo principal dessa pesquisa é fazer uma análise do ensino da


Geografia, verificando as mudanças de paradigma.
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A escolha desse tema surgiu a partir da observação no ambiente escolar


entendendo a necessidade da implantação de novos recursos e métodos para
a melhoria do ensino da geografia em sala de aula.

Uma das dificuldades encontradas atualmente pelos professores é o


desinteresse dos educandos pela disciplina. Muitos docentes reclamam que
não conseguem despertar a atenção dos alunos. Hoje, cada vez mais, os
alunos precisam de motivação, tem que sentir prazer em aprender.

Atualmente diversas linguagens estão sendo usadas como ferramentas


de aprendizagem para viabilizar a construção do conhecimento ministrado em
sala de aula. Isto se torna plausível quando o docente organiza sua aula na
procura de uma aprendizagem sobre o dia a dia, trabalhando com temas nos
quais os educandos abarquem não apenas o mundo como também o lugar em
que vivem.
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CAPÍTULO I – O QUE É GEOGRAFIA

O estudo da geografia vem da antiguidade ligada ao pensamento grego


e perpetuada à filosofia, de tal modo ficando até o final do século XVIII.
Segundo com Moreira (2009) foi na Grécia onde as lutas pela democracia mais
receberam profundez e duração entre os povos da antiguidade e por ser o
comércio sua base econômica, que surge a geografia grudada de um lado às
lutas democráticas que se desenvolveram nas cidades gregas e cortam
praticamente toda a sua história e, do outro lado os interesses dos negociantes
que conferem aos gregos uma superioridade naval.

Como se pode observar o pensamento geográfico é inerente ao ser


humano, faz parte de sua supervivência na Terra. Independentemente da
forma de produção o Homem pensa geograficamente, porque “geografia é
conhecimento diluído na filosofia, que é uma reflexão colada à prática da vida
e, por isto, referenciada no conhecimento.” (MOREIRA, 2009, p. 16).

Deste modo embora a geografia ter sido reconhecida como ciência


somente no século XVIII, já permeava às diversas ciências há muitos séculos.
Por meio da filosofia e de observações astronômicas, os filósofos,
matemáticos, entre outros, referiam paisagens, faziam inferências sobre o
formato da Terra e sugeriam definições básicas. Afinal, “[...] a geografia tem
suas raízes na busca e no entendimento da diferenciação de lugares, regiões,
países e continentes, resultante das relações entre os homens e entre estes e
a natureza” (CORRÊA, 1986, p. 8). Mas, ainda conforme Moreira (2009), o
clímax do Império Romano, chefiado por um Estado militarista, debelará o
conhecimento geográfico aos fins expansionistas. A partir daí a geografia
desenvolvida será a que serve ao Estado, idealizada como relatos e mapas, e
desta forma passa para a história como a geografia por meio de seus
historiadores oficiais. A geografia idealizada como práxis democrática e
transformadora ficará dominada pela geografia oficializada.

Alguns autores conceituam a geografia como o estudo da superfície


terrestre. Conceito, contudo, por demais simples para uma ciência da aptidão
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da geografia. Kant (1724-1804), mesmo não sendo um geógrafo de formação,


somente um filósofo do iluminismo, vai dar um reforço para a afirmação da
geografia (MOREIRA, 2009).

Segundo Kant, o espaço é uma informação a priori da percepção, um


plano de expansão geométrica preexistente a visão humana (MOREIRA, 2009).
Isto é, uma classe do pensamento.

A partir do século XVIII, diversos autores irão se sobressair nos debates


de cunho geográfico. É claro que eram debates específicos, porém que
tratavam de temáticas geográficas. Alexander Von Humboldt é o criador do
princípio da causalidade, que permite identificar a razão para a ocorrência de
um fato geográfico ou fenômeno. Dá caráter científico à geografia. Por
exemplo: sismos, ciclones, erupções vulcânicas etc. que se refere à
necessidade de esclarecer os acontecimentos, aufere modo acadêmico e
escolar a geografia-ecologia, ou seja, a concepção do mundo como a
integração cósmica, que envolve o próprio homem. Dá destaque maior à
natureza e a idealiza como um todo e em movimento.

Ritter é o percursor do método comparativo regional e ganha forma


acadêmica e escolar a geografia-história, isto é, a concepção de mundo como
um antropocentrismo, uma unidade cujo ponto de partida e finalidade é o
homem. Dessa forma, Humbold e Ritter, apesar de pesos diferentes na
natureza e no homem, veem a geografia como a soma das coisas naturais e
humanas, na qual os homens vivem e sobrevivem. Nisso mantem a concepção
secular da geografia (MORAES, 2007).

A obra destes dois autores forma o alicerce da Geografia Tradicional.


Todos os trabalhos futuros vão se remeter às formulações de Humboldt e
Ritter, seja para aceitá-las, ou refutá-las.

No final do século XIX em 1870 com a derrota da França na guerra


Franco-Prussiana contra a Alemanha surge a “escola francesa” afim de servir à
burguesia francesa em seu afã de recuperação de perdas territoriais com a
guerra e sua compensação com maior expansão colonial. É também no Estado
francês que expandirá o ensino da geografia.
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Conceituada pelos meios acadêmicos e pelo Estado, a geografia alemã


será um espelho de geografia para a França, os trabalhos de Frederich Ratzel
geógrafo alemão de maior destaque na época provocarão extensas discussões
nas academias francesas, da crítica de Ratzel sairá o elemento-chave da
geografia da “escola francesa”: a teoria do possibilismo. Seu formulador: Paul
Vidal de La Blache.

La Blache deliberou o objeto da geografia como sendo a relação


homem-meio e apresentou o homem como ser funcional, ou seja, que sofre a
ação do meio, mas que também intervém nele ao seu favor. Na “[...]
perspectiva vidalina, a natureza passou a ser vista como possibilidade para a
ação humana; daí o nome de Possibilismo dado a esta corrente por Lucien
Febvre” (MORAES, 2007, p. 81).

A base positivista aproxima as visões dos dois autores, e, vinculado a


este, a aceitação de uma metodologia de pesquisa proveniente das ciências
naturais. La Blache recomendou a consequente direção para a análise
geográfica: observação de campo, indução a partir da paisagem,
especialização da área enfocada (em seus traços históricos naturais),
comparação das áreas pesquisa e do material.

La Blache exacerbou o proposito humano da Geografia, unindo todas as


pesquisas geográficas à geografia humana. Contudo, esta foi idealizada como
um estudo da paisagem. A geografia vidalina fala da população, de
agrupamento, e nunca de sociedade; fala de estabelecimentos humanos, não
de relações sociais; fala das técnicas e dos instrumentos de trabalho, mas não
do processo de produção. Finalmente, discute a relação homem-natureza, não
abordando as relações entre os homens.

A outra grande corrente do pensamento geográfico, a Geografia


racionalista, se relaciona aos nomes de A. Hettner e R. Hartshorne. Esta
perspectiva, a terceira grande orientação dentro da Geografia Tradicional,
privilegiou um pouco mais o raciocínio dedutivo, antecipando a renovação
geográfica nos anos sessenta. A Geografia de Ratzel e a de Vidal tiveram sua
raiz filosófica no positivismo de Augusto Comte, a qual foi passada
12

acriticamente para seus seguidores. A geografia de Hettner e Hartshorne


fundamentava-se no neokantismo de Rickert e Windelband.

CAPÍTULO II – A GEOGRAFIA, A ESCOLA E O ENSINO

A Geografia, hoje, na proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais


(1998), tem um tratamento específico como área, uma vez que oferece
instrumentos essenciais para a compreensão e intervenção na realidade
social.

Por meio dela podemos compreender como diferentes sociedades


interagem com a natureza na construção de seu espaço, as singularidades do
lugar em que vivemos, o que o diferencia e o aproxima de outros lugares e,
assim, adquirir uma consciência maior dos vínculos afetivos e de identidade
que estabelecemos com ele. Também podemos conhecer as múltiplas
relações de *um lugar com outros lugares, distantes no tempo e no espaço e
perceber as relações do passado com o presente.

A Geografia, nesta proposta, é vista como uma área de conhecimento


comprometida em tornar o mundo compreensível para os alunos, explicável e
passível de transformações. Neste sentido, assume grande relevância dentro
do contexto dos Parâmetros Curriculares Nacionais, em sua meta de buscar
um ensino para a conquista da cidadania brasileira.

No entanto o ensino das categorias fundamentais do conhecimento


geográfico são, entre outras, espaço, lugar, área, região, território, habitat,
paisagem e população, se consolidou no estudo meramente descritivo das
paisagens naturais e humanizadas, sem estabelecer relações entre elas
(CALLAI, 2001).

Os procedimentos didáticos baseiam-se na memorização e na descrição


das categorias e conceitos que compõem a disciplina. O debate interno em
torno da reformulação do ensino e da reorganização do processo educativo
acadêmico escolar, estimulado pelos meios educacionais só se torna possível
a partir do processo de abertura política no final da década de 1970 e início de
13

1980, propiciando espaços de mudanças significativas no campo das ciências


e, particularmente, no da geografia.

A crise da qual a geografia começa a passar a partir da década de 70 é


mundial é já anunciada por Yves Lacoste em: A Geografia Serve Antes Mais
Nada Para Fazer a Guerra desta forma começa se a questionar a indigência
dos fundamentos (a questão epistemológica), a falência do “projeto unitário” (a
questão da dicotomia homem-meio), a farsa da neutralidade-ingenuidade
científica (a questão ideológica), a fragilidade discursiva (a questão teórico-
metodológica), a propensão ao gueto (a questão do isolamento interdisciplinar),
o envolvimento classista (a questão da “geografia do professor” e da “geografia
dos estados maiores”), o sentido político (a questão militar-militante da práxis),
a inatualidade linguística (a questão da representação cartográfica), etc
(MOREIRA, 2009).

Ou seja, o primeiro momento da renovação foi o da crítica ideológica. É


a fase lacosteana da renovação: denúncia da geografia do professor, o
discurso do saber “neutro, inútil, ingênuo e desinteressado”, discurso que
esconde na “paisagem-espetáculo” a face do seu real comprometimento, e
denúncia da geografia dos estados-maiores, o saber “estratégico” e circunscrito
ao domínio dos que lidam com o espaço. Daí a preocupação com os mapas
como arma de construção de hegemonias de uns poucos sobre os muitos.

No entanto o ensino da geografia em sala de aula ainda é tradicional em


particular no Brasil por dois motivos principais: a formação dos professores e
as práticas pedagógicas adotadas.

A crítica teórica, pôs fora a forma (pensamento) de entendermos a


geografia da realidade. (ALMEIDA; MARTINS; SILVA p.6) E isso atingiu o
ensino de geografia. Como afirma:

Aquilo que era inconsistente na formação do geógrafo ganhou traços


de esquizofrenia, numa miríade de fragmentos temáticos, sem
conexão entre si, que formam os cursos de geografia. E, é essa a
formação que tem o futuro professor. O que se produziu perde a
geografia da realidade, descaracteriza epistemologicamente a
disciplina e, por fim, desampara o ensino de geografia na definição
dos conteúdos e no propósito de se ensinar geografia. (ALMEIDA;
MARTINS; SILVA 2020)
14

A atividade pedagógica do ensino de geografia ainda retrata a


fragmentação N-H-E (geografia física, humana e econômica N-H-E).
Um breve levantamento nos materiais didáticos, proposições curriculares
municipais e outras formas de divulgação desse saber, nos permite constatar
que há tentativas de articulação dos conteúdos da Geografia. Isso, comparada
a uma tradição, é um ganho. Entretanto, não houve uma compreensão de base
que identifique o fundamento geográfico da realidade, que por sua vez, dê
suporte as respectivas questões teórico-metodológicas e que, com isso,
balizem o ensino deste conteúdo. Esta compreensão de base diz respeito ao
que é geografia. Ou seja, toda realidade se caracteriza por uma geografia
determinada e é essa que deve ser ensinada. (ALMEIDA; MARTINS; SILVA p.
7).
Entre outros aspectos, porque a "explosão do conhecimento" e as
formas renovadas de ensino e aprendizagem estão mais preocupadas com a
abordagem dos cenários cotidianos, trabalho em grupo, desenvolvimento do
conhecimento e desenvolvimento do pensamento crítico e criativo. Em
contradição, o conteúdo programático petrificado, as estratégias com foco na
reprodução de conteúdo e na permanência de conteúdo programático derivado
da divisão pretérita da geografia física e da geografia humana.
Consequentemente, torna-se inevitável o repensar de um “outro método,
que, a partir dos mesmos elementos, os recompõem em um discurso
pedagógico lucido, que não faça mais do “saber-pensar o espaço”, meio
essencial de poder, o privilégio das minorias dirigentes”. (FOUCHER,2007
p.14). com o objetivo de proporcionar uma resposta coerente e relevante ao
crescente problema social e às condições atuais do contexto histórico do
mundo contemporâneo.
O ensino da geografia, diante dessa situação, exige abertura que
considera reflexão como atividade permanente e constante na prática escolar,
de forma a dar explicações fundamentadas à realidade concreta disseminada
na mídia e vivida pelo professor e seus alunos. A ideia é incentivar o
pensamento crítico e criativo de que desliza a educação da memorização e
repetição de noções e para promover a decifração de situações cotidianas a
partir de questões que desencadeiam ações didáticas para transformar as
ideias, os alunos geralmente interpretam sua realidade (MELO, 2007).
15

O objetivo é incentivar os processos cognitivos dos alunos e sua aplicação em


relacionar as categorias geográficas. Ou como nos indicou Jan Broek:
‘Onde’, como ponto de referência, é fundamental ao pensamento
geográfico. As expressões ‘localização’, ‘posição’, ‘situação’, ‘local’,
’distribuição’ e ’disposição’ são as mais frequentes na literatura
geográfica(...)Para sabermos onde está alguma coisa, é necessário
definir sua relação espacial com pontos conhecidos. (Broek, p.
45.1976)

Desta forma nos remete a entender como condicionantes que emergem


da organização social e da natureza, participam desta definição. Clima e solo
por exemplo, são adequados para o desenvolvimento de uma determinada
atividade produtiva em função dos propósitos que norteiam a relação entre
sociedade e natureza.
O objetivo será produzir mudanças experienciais e alternativas que
requerem permanentemente iniciativas diferentes e/ou alternativas. Neste caso,
dificuldades em ensinar desta forma aparecem deste a própria organização da
instituição escolar com seus horários e locais fracionados, com seus meios
limitados, com as obrigações administrativas que recaem sobre os docentes,
os tesoureiros ou alunos até a atual defasagem da situação da educação no
Brasil.
Em algumas universidades a formação de professores ainda é baseada
na fragmentação e isso acaba prejudicando seu desempenho em sala de aula.
Sobre isso afirma ALMEIDA; MARTINS; SILVA
Numa formação fragmentada, descaracterizada epistemologicamente
em termos geográficos, o futuro professor se orienta num vazio de
referências de fundamento, abrindo a possibilidade para propostas,
que não fazem sentido algum em termos de ensino de geografia. Ou
seja, ensinar geografia não é apresentar aos alunos qual a diferença
entre paisagem e espaço, ou qualquer outra categoria do pensamento
geográfico. Isso é da alçada do geógrafo e, claro, da formação do
professor. Outras improcedências foram verificadas, como ensinar
história do pensamento geográfico, ou categorias que tem lugar no
discurso do geógrafo e não na formação do aluno, tais como meio
técnico-científico informacional. Não se está formando geógrafos na
escola, estamos formando indivíduos para o seu pleno
desenvolvimento na vida. (ALMEIDA; MARTINS; SILVA.2020).

Como uma explicação crítica dos eventos do mundo contemporâneo é


necessário entender a relação homem-meio como uma relação de trabalho
dentro da lógica capitalista.
16

Assim, o contraste entre os eventos do mundo contemporâneo, a


proliferação de informações e formas de ensino e aprendizagem se concentrou
na proeminência dos professores e dos alunos, imersos em processos
pedagógicos que facilitam a elaboração do conhecimento com a situação que
atualmente ocorre nas salas de aula onde a prática escolar se apega aos
processos de ensino, a partir do ditado e da aula explicativa, e a aprendizagem
limita-se a promover a memorização de dados isolados (ALMEIDA, 2019).
É inegável que, a geografia teve notáveis progressos e que, nas suas
aulas, alguns colegas conseguiram transformar o ensino, apesar das
dificuldades materiais e conceituais. A crise da geografia provocou evoluções
positivas. (LACOSTE, 2007, P. 41). Ainda segundo Lacoste: “a geografia está
sendo liquidada no ensino secundário quando, longe de ser moribunda, ela
começa a ser objeto de discussões e de polêmicas”
De fato, “fazer da geografia o instrumento de uma análise não-
mistificadora do mundo. É sobre isso, parece-nos, que precisamos começar a
trabalhar.” (FOUCHER, 2007 p. 13).
O ensino da geografia para superar o envelhecimento e a rotina escolar
petrificada, altamente contraditória às demandas e expectativas da sociedade
em relação a uma ação pedagógica que integra dialeticamente a sala de aula
com o cotidiano dos alunos e professores. Busca tornar a sala de aula escolar
um espaço de discussão teórico-prática que une o ensino com a realidade.
17

CONCLUSÃO

Como mencionado no início deste trabalho, a intenção mostrar as


mudanças ocorridas no Ensino de Geografia para os novos tempos; ênfase
particular é dada em contraste com a forma tradicional de ensino desta
disciplina em oposição a outra forma de acessar processos pedagógicos em
sala de aula de forma inovadora onde uma classe prevalece, cujo principal ator
é o aluno sobre o com base no desenvolvimento de uma série de estratégias
que rompem com a classe memorística, enciclopédica e estática a que somos
submetidos pelo currículo dominante da escola.

O trabalho sintetiza informações produzidas por diferentes autores sobre


o tema e revela o processo pedagógico histórico pelo qual o Ensino de
Geografia tem percorrido, em especial a experiência acumulada na prática
docente e na interação com professores. O objeto reside em redescobrir os
diferentes fatos que geram esse problema e as diferentes opções que são
geradas para superá-los.

Estratégias inovadoras para o ensino ativo de geografia possibilitam nos


separar da tradicional aula de sala de aula até agora. Sua implementação não
pode ser rígida, mas adequada às realidades locais e circunstâncias
pedagógicas. Sua aplicabilidade está relacionada ao domínio teórico-
metodológico da Geografia, particularmente no que diz respeito a um ensino
global e inclusivo de estratégias inovadoras, cujo objetivo é tornar uma classe
mais participativo, dinâmico; onde é estimulado o sentimento de afeto pela
escola, pela comunidade e pelo lugar onde o aluno vive. O objetivo é
desenvolver uma atitude crítica e comprometida onde prevalecem valores
pessoais de respeito, convivência e solidariedade. Trata-se de estimular o
comportamento coletivo a lidar com problemas sociais baseados em
estratégias que possibilitem a criação de maior importância pedagógica e social
(ALMEIDA, 1991).

Ensinar geografia é um compromisso social, para que os alunos


caracterizem melhor a realidade e, portanto, se tornem mais conscientes do
18

espaço em que vivem. Para o pleno ensino de geografia é preciso desenvolver


práticas pedagógicas que permita diferenciá-la da forma tradicional, esse
compromisso é praticado por ser consistente na luta social no cotidiano.

Ignorar o caráter ideológico e político do conhecimento parece-nos não


só uma atitude ingênua, mas comprometida com a alienação social. Os
professores precisam perceber que seu papel no processo de democratização
de nossa sociedade consiste em, principalmente, desenvolver uma prática
pedagógica não alienante, mas conscientizadora. O ensino da geografia serve
para isso. (ALMEIDA,1991)

Para concluir, gostaria de transcrever para reflexão dos leitores o


seguinte comentário de Milton Santos:

A educação não tem como objeto real armar o cidadão para uma
guerra, a da competição com os demais. Sua finalidade, cada vez
menos buscada e menos atingida, é a de formar gente capaz de se
situar corretamente no mundo e de influir para que se aperfeiçoe a
sociedade humana como um todo. A educação feita mercadoria
reproduz e amplia as desigualdades, sem extirpar as mazelas da
ignorância. Educação apenas para a produção setorial, educação
apenas profissional, educação apenas consumista, cria, afinal, gente
deseducada para a vida.” (SANTOS, 1998, 126).

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Cecilia Cardoso T. de; MARTINS Elvio Rodrigues; SILVA, Jorge


Luiz Barcellos da. A necessidade de saber o que é geografia para ensinar
geografia (primeira parte). XIII ENAMPEGE _ A Geografia Brasileira na
Ciência-Mundo: produção, circulação e apropriação do conhecimento.  02 e 06
de setembro de 2019.

ALMEIDA, Rosângela Doin de. A propósito da questão teórico-metodológica


sobre o Ensino de Geografia. Revista Terra Livre, n. 8, 1991.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares


Nacionais: História, Geografia. Brasília: MEC/SEF, 1998.

CALLAI, Helena Copetti. A geografia e a escola: muda a geografia? muda o


ensino? 2001. Disponível em:
<http://agb.org.br/publicacoes/index.php/terralivre/article/viewFile/353/335>
Acesso em: 05 fev. 2020
19

MELO, Fabiano Antônio de. Aulas tediosas, alunos alienados. In: PASSINI,
Elza Yasuko. Prática de Ensino de Geografia e Estágio Supervisionado.
São Paulo: Contexto, 2007, p. 94-100.

MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia: pequena história crítica. São


Paulo: Annablume, 2007.
MOREIRA, Ruy. O que é Geografia? 2 ed. São Paulo: Brasiliense, 2009.
SOUSA, Reinaldo; SILVA, Fernando Antonio da. (Re)Pensando a Geografia:
História, Objeto, Método e Práxis. Editora: Eduneal, 2015.

FOUCHER, Michel. Lecionar a Geografia, apesar de tudo ed. 10. São Paulo:
Papirus, 2007.
LACOSTE, Yves. Liquidar a Geografia...liquidar a ideia nacional? Ed.10.
São Paulo: Papirus,2007.

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