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ROSANA CLAUDIA RIBEIRO SASAKI

O ENSINO DA GEOGRAFIA NO ESPAÇO DE VIVÊNCIA DO EDUCANDO

LONDRINA
2013
ROSANA CLAUDIA RIBEIRO SASAKI

O ENSINO DA GEOGRAFIA NO ESPAÇO DE VIVÊNCIA DO EDUCANDO

Projeto apresentado ao Departamento de


Geociências, Curso de Geografia da
Universidade Estadual de Londrina, como
atividade do Programa de Desenvolvimento
Educacional (PDE). NRE – Ivaiporã.
Orientadora: Profª Drª Jeani Delgado Paschoal
Moura

LONDRINA
2013
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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ – SEED


SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
COORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDE
PRÉ-PROJETO

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Professor PDE: Rosana Claudia Ribeiro Sasaki

Área PDE: Geografia

Escola de Implementação: Colégio Estadual marechal Floriano Peixoto E.F.M.

Público objeto da intervenção: 7º ano do Ensino Fundamental

TEMA DE ESTUDO DO PROFESSOR PDE

A importância da compreensão do ensino da geografia local no cotidiano da vida


dos educandos.

TÍTULO

O ensino da geografia a partir da realidade do espaço de vivência do educando


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JUSTIFICATIVA DO TEMA DE ESTUDO

O presente Projeto de Intervenção Pedagógica na escola terá como ponto de


partida, o estudo local do município de Grandes Rios, Paraná, e tem entre suas
propostas tornar o ensino de Geografia mais atrativo e dinâmico, baseado na
perspectiva de inserir o educando enquanto agente de transformação do espaço, a partir
da realidade vivenciada por eles.
Considerando que lugar é uma parte do espaço geográfico onde vivemos e
interagimos com uma paisagem, pretende-se a partir deste conceito levar o aluno a
perceber as transformações ocorridas no espaço ao seu redor, por meio de leituras e
observações. Identificando, descrevendo ou comparando os elementos e o arranjo que
a compõem atribuindo significado. O ponto de partida são os espaços familiares do
aluno, de seu local de vivência, e a partir dai estabelecer as relações mais distantes tais
como: a região, o estado, o país e o mundo.
De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Geografia, o
aluno deve compreender que no lugar são observadas as influências, a materialização e
também as resistências ao processo de globalização, lembrando da relevância em não
reduzir o conceito de lugar ao de localização.Segundo as Diretrizes Curriculares da
Educação Básica de Geografia a abordagem dos conteúdos torna-se mais significativa
quando se estabelece relações entre o que é estudado e o que faz do lugar onde o
aluno está inserido. Com a intenção de reconhecer a importância da presença do
patrimônio natural e cultural do município e a necessidade de preservá-los. Segundo
Callai e Zarth (1988, p.11).
Estudar o município é importante e necessário para o aluno, na medida em que
ele esta vivendo. Ali estão o espaço e o tempo delimitados, permitindo que se
faça análise de todos os aspectos da complexidade do lugar. [...] É uma escala
de análise que permite que tenhamos próximos de nós todos aqueles elementos
que expressam as condições sociais, econômicas, políticas do nosso mundo. É
uma totalidade considerada no seu conjunto, de todos os elementos ali
existentes, mas que, como tal, não pode perder de vista a dimensão de outras
escalas de análise.

A partir dessas considerações é que essa pesquisa se estrutura, propondo uma


estratégia de ensino que utilize as metodologias como ferramentas para contribuir na
aprendizagem da dimensão econômica, política, cultural, demográfica e socioambiental
do espaço geográfico do município de Grandes Rios no estado do Paraná.
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PROBLEMATIZAÇÃO

O conceito de lugar é um dos mais ricos do atual período histórico. O lugar é o


espaço onde o particular, o histórico, o cultural e a identidade permanecem presentes.
Segundo Carlos (2007), o lugar é a base da vida e pode ser analisado pela
tríade habitante – identidade – lugar. As relações que os indivíduos mantêm com os
espaços habitados se exprimem todos os dias nos modos de uso, nas condições mais
banais. “[...] É o espaço possível de ser sentido, pensado e apropriado e vivido através
do corpo”. (CARLOS, 2007, p.17).
De acordo com Callai (1988, p.77) o período das séries iniciais, é o de se
construir os conceitos básicos de local, que se tornam básicos para a vida.
Em nossa escola verificamos que os educandos apresentam dificuldades
quanto ao ensino aprendizagem em geografia, quando se trata principalmente da
realidade local, ou seja, seu espaço de vivência, apresentando pouco conhecimento
sobre a geografia do seu município.
Desta forma este projeto nos leva aos seguintes questionamentos:
 Qual a necessidade do educando conhecer seu espaço de vivência?
 Como situar o educando historicamente nas relações políticas,
econômicas, sociais, culturais e socioambientais do local onde vive?
 .Como o ensino de geografia, pode formar cidadãos capazes de realizarem
a interpretação da totalidade mundo e de perceber os caminhos possíveis para
tornar o mundo mais justo e humano?
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OBJETIVOS

Objetivo Geral

Possibilitar ao educando, a partir da percepção do espaço de vivência, onde


pode ser o bairro, comunidade ou município compreender o espaço local como
integrante de uma realidade maior (estado, região, país), entendendo a sociedade em
que vive, a sua história e o espaço por ela produzido como resultados da vida dos
homens.

Objetivos Específicos

 Criar situações de aprendizagem para que os educandos se apropriem do conceito


de lugar com dimensão holística, onde possam perceber as transformações e
intervenções dos sujeitos ali inseridos;
 Conhecer e explorar o espaço geográfico à sua volta, aproximando o educando dos
conceitos geográficos, induzindo- o a interagir com o seu espaço de vivência;
 Reconhecer a importância da presença do patrimônio natural e cultural do município
e a necessidade de preservá-lo;
 Compreender o processo de (re)construção/transformação do lugar onde se vive e
sua correlação com outros lugares;
 Adquirir e reelaborar conhecimentos significativos sobre a categoria lugar para que
formem convicções necessárias à sua atuação propositiva na sociedade em que
vivem;
 Estimular o aluno a compreender que o lugar em que se vive foi transformado ao
longo do processo histórico e que, assim, entendem as relações que nele se
processam;
 Conhecer o lugar (município) e sua localização no espaço geográfico;
 Conhecer e compreender a organização do lugar em que vivemos, reconhecendo o
espaço geográfico como resultante das relações dos indivíduos com a natureza;
 Interpretar os espaços através das atividades que serão realizadas (trabalho de
campo, análise e leitura de fotos, mapas mentais entre outros).
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FUNDAMENTAÇÃO

Muda o mundo e, ao mesmo tempo, mudam os lugares. Os eventos operam


essa ligação entre os lugares e uma história em movimento. O lugar, aliás,
define-se como funcionalização do mundo e é por ele (lugar) que o mundo é
percebido empiricamente (SANTOS, 2005, p. 158).

De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Geografia, o


conceito de lugar, desde o início tomado sob perspectivas teóricas e políticas
conservadoras, foi, mas recentemente, ressignificado.
Para o pensamento geográfico da escola francesa de La Blache, a Geografia era
a ciência dos lugares (e não dos homens). Os lugares eram definidos por características
naturais e culturais próprias, cuja organicidade os diferenciava uns dos outros. O
conceito de lugar estava ligado a uma noção de localização absoluta e à individualidade
das parcelas do espaço.
As vertentes humanística e crítica da Geografia ultrapassaram a concepção de
lugar como localização absoluta e, de diferentes modos, trouxeram a discussão dos
aspectos relativo e relacional dos lugares.
Para a Geografia Humanística, o lugar é conceito chave, entendido como o
espaço vivido, dotado de valor pelo sujeito que nele vive. Enquanto o espaço se
caracteriza pelo indiferenciado, abstrato e amplo, o lugar é onde a vida se realiza, é
familiar, carregado de afetividade, o que o torna subjetivo em extensão e conteúdo, bem
como em forma e significado.
Essa conceituação não poderia ser de outra forma, pois algumas características
fundamentais do humanismo foram retomadas por essa vertente do pensamento
geográfico, a saber: a visão antropocêntrica do saber; a posição epistemológica
holística, o homem considerado como produtor de cultura e o método hermenêutico pelo
qual o geógrafo é um observador privilegiado, capaz de interpretar (GOMES, 2005, p.
310-311 apud PARANÁ, 2008).
De fato, apesar das características do humanismo terem perpassado obras de
diversos autores desde a Geografia Clássica, apenas com o humanismo fenomenológico
é que essa linha teórica busca claramente legitimidade. “É somente a partir do início dos
anos setenta, com a publicação sucessiva dos artigos de Relph e de Yi-Fu Tuan, que a
aplicação da fenomenologia à Geografia se manifesta com clareza” (GOMES, 2005, p.
326 apud PARANÁ, 2008).
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A Geografia Humanista fenomenológica acusa a ciência clássica de minimizar a


importância da consciência humana para o conhecimento. Por meio do estudo do lugar,
sem ambição de formular leis ou chegar a generalizações, a fenomenologia “dá a
possibilidade de restabelecer o contato entre o mundo e as significações, por possuir a
verdadeira medida da subjetividade; [...] conhecer o mundo é conhecer a si mesmo”
(GOMES, 2005, p. 328). Assim, volta-se, de certa forma, a uma Geografia dos lugares,
sem ambição a priori de análises do espaço geográfico em escalas mais amplas.
A Geografia Crítica, por sua vez, tem outra interpretação do conceito de lugar.
Em suas mais recentes elaborações teóricas, não desprezou a dimensão subjetiva
desse conceito, mas valorizou suas determinações político-econômicas em relação às
demais escalas geográficas. Assim, os lugares podem ser, a um só tempo, espaços do
singular e locais da realização do global, o que possibilita tornarem-se arenas de
combate
Desta perspectiva teórica, a singularidade dos lugares pode ser um atrativo para
investimentos econômicos globais, pode mantê-los como reserva para o futuro, ou
ainda, pode ser motivo de desinteresse que os condene ao abandono.
Quando alvos de forte intervenção econômica externa ou de abandono absoluto,
os lugares podem se tornar espaços de confrontos políticos se houver mobilização social
para isso. Nesse caso, os lugares transformam-se em territórios quando as relações de
poder que se evidenciam em função de conflitos de interesses.
O conceito de lugar foi trabalhado de maneira aligeirada pela Geografia escolar
por muito tempo. No ensino e nos materiais didáticos, esse conceito era tratado de
forma mais efetiva nos programas curriculares dos anos iniciais do ensino fundamental,
em geral atrelado à ideia de espaço vivido e sob o método da observação, descrição e
comparação. Mais recentemente, dada sua importância nas discussões teóricas da
Geografia e para a compreensão do espaço geográfico em tempos de globalização, tal
conceito tem sido abordado em materiais didáticos destinados à educação básica, sob
as perspectivas teórico-metodológicas da dialética e da fenomenologia.
Nestas Diretrizes, adota-se o conceito de lugar, desenvolvido pela vertente
crítica da Geografia, porque por um lado é o espaço onde o particular, o histórico, o
cultural e a identidade permanecem presentes, revelando especificidades, subjetividades
e racionalidades. Por outro lado, é no espaço local que as empresas negociam seus
interesses, definem onde querem se instalar ou de onde vão se retirar, o que afeta a
organização socioespacial do(s) lugar(es) envolvido(s) pela sua presença/ausência.
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Alguns lugares se destacam economicamente por seus (conteúdos) objetos –


equipamentos e conhecimentos – e pelas ações que neles se realizam, como, por
exemplo, os centros financeiros das grandes cidades, as áreas de importante
concentração industrial ou os centros de pesquisa e desenvolvimento científico.
Outros lugares caracterizam-se por suas configurações socioespaciais simples,
pouco atraentes para os interesses econômicos, por se situarem à margem das intensas
relações de produção e exploração. Entretanto, essa diferenciação entre os lugares
como espaços econômicos pode ser transitória, porque a qualquer momento outro lugar
pode oferecer ao capital atrativos maiores quanto a equipamentos, localização, recursos
naturais, humanos, etc.
Nessa relação com o global, então, os eventos locais suscitam a discussão dos
conceitos de lugar, de território, de natureza, de técnica, de política, entre outros, tão
ricos e necessários às análises mais amplas do espaço geográfico. Hoje, os aspectos
particulares dos lugares tornam-se visíveis e singulares pela sua relação dialética com o
global ao qual estão conectados
Essa relação local-global traz, em suas contradições próprias, a possibilidade
tanto de os lugares se tornarem espaços onde se realizam os interesses hegemônicos
quanto de, por meio de uma mobilização social, contraporem-se a esses interesses, o
que fortaleceria a prática da política (relações de poder).
É importante abordar, também, em sala de aula, como as identidades espaciais
são construídas e mantidas nos lugares frente ao processo de globalização. O aluno
deve compreender que no lugar são observadas as influências, a materialização e
também as resistências ao processo de globalização. A abordagem dos conteúdos
específicos torna-se mais significativa quando se estabelece relações entre o que é
estudado e o que faz parte do lugar onde o aluno está inserido. Lembrando-se, ainda, da
relevância em não reduzir o conceito de lugar ao de localização.

Considero esta a falha mais grave de nosso ensino, desprezar o ser histórico da
Geografia e consequentemente o ser histórico do aluno. Acolhê-los seria, de
certa forma redefinir relação mesmo de ensino-aprendizagem, construir o
caminho do conhecimento e descoberta, a da realidade vivenciada pelo aluno.
(RESENDE, 1989, p.20).

Segundo Rezende (1989), deixamos de valorizar o conhecimento prévio que o


aluno traz de seu espaço geográfico, valorizando primeiro e inserindo o saber
desconhecido, negando o espaço histórico do aluno.
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Na abordagem da geografia, o aluno deve partir primeiro do estudo do seu


ambiente mais próximo: o lugar onde mora, a percepção que se tem desse lugar. Em
virtude dessas considerações, ele aprenderá a localizar e representar o espaço que o
cerca.
De acordo com Callai (2000) na literatura geográfica, o lugar está presente de
diversas formas. Sendo assim, estudá-lo é fundamental, pois ao mesmo tempo que o
mundo é global, percebemos que as coisas da vida e as relações sociais se
concretizam nos lugares específicos. Significa que entender o que acontece no espaço
onde se vive para além das suas condições naturais ou humanas. Muitas vezes as
explicações podem estar fora, sendo necessário buscar motivos tanto internos quantos
externos para se compreender o que acontece em cada lugar, assim conhecer o lugar
em que se vive, permite que o sujeito conheça sua história e que consiga entender as
coisas que ali acontecem. Isto resgata a questão da identidade e a dimensão de
pertencimento. É fundamental, neste processo, que se busque reconhecer os vínculos
afetivos que ligam as pessoas aos lugares, às paisagens e tornam significativo seu
estudo. (CALLAI, 2000).
Ao tratar da produção do conhecimento pelo próprio estudante,no que se refere
à construção de conceitos para a formação de uma linguagem própria da Geografia,
Cavalcanti (1998) discute que:
[...] o ensino [de geografia] visa à aprendizagem ativa dos alunos, atribuindo-se
grande importância a saberes, experiências, significados que os alunos já trazem
para a sala de aula incluindo, obviamente, os conceitos cotidianos [...]. (MOURA;
ALVES apud CAVALCANTI, 1998, p.88)

Nesse sentido, lugar faz referência a uma realidade de escala local ou regional e
pode estar associado a cada indivíduo ou grupo. O lugar pode ser entendido como parte
do espaço efetivamente apropriada para a vida, área onde se desenvolvem as
atividades cotidianas ligadas à sobrevivência e às diversas relações estabelecidas pelos
homens.
Devemos estar preparados para reforçar o entendimento do aluno. Neste
contexto, partindo de uma visão a qual o aluno perceba o espaço a sua volta, já que ele
possui experiências vivenciadas no espaço local, como o escolar ou em sua própria
casa.
Segundo Callai (2005), temos que compreender o lugar em que vivemos e
procurar entender o que ali acontece, pois todos os lugares têm muitas histórias e
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situam-se em um tempo,em um espaço delimitado. O espaço que vivemos é resultado


da história de nossas vidas.
Entender o lugar em que se vive possibilita ao aluno conhecer a sua história e
conseguir entender as coisas que ali acontecem. Santos (2006) destaca que nenhum
lugar é neutro, pelo contrário, é repleto de história e com pessoa historicamente situada
num tempo e num espaço maior, mas por hipótese alguma é isolado, independente.
Para compreensão deste conceito evoca-se a valorização das relações de
afetividade desenvolvidas pelos indivíduos em relação ao seu ambiente. O lugar significa
muito mais do que, simplesmente uma localização geográfica, ele está relacionado aos
diversos tipos de experiências e envolvimento com o mundo. Além disso, o lugar
também associa ao sentimento de pertencer a determinado espaço, de identificação
pessoal com uma dada área. Cada localidade possui características próprias que, em
conjunto, conferem ao lugar uma identidade própria e cada indivíduo que convive com o
lugar, com ele se identifica. Dessa forma, o lugar garante a manutenção interna da
situação de singularidade.

No lugar - um cotidiano compartido entre as mais diversas pessoas, firmas e


instituições -cooperação e conflito são a base da vida em comum. Porque cada
qual exerce uma ação própria, a vida social se individualiza; e porque a
contiguidade é criadora de comunhão, a política se territorializa, com o confronto
entre organização e espontaneidade. O lugar é o quadro de uma referência
pragmática ao mundo,do qual lhe vêm solicitações e ordens precisas de ações
condicionadas, mas é também o teatro insubstituível das paixões humanas,
responsáveis, através da ação comunicativa, pelas mais diversas manifestações
espontaneidade e da criatividade. ( SANTOS,2006,p.218 )

Além disso, é importante que reconheçam que essas condições não dizem
respeito particularmente a vida deles e de seus familiares, mas à de um grupo mais
amplo de pessoas que tiveram de se adaptar às transformações ocorridas no lugar.
É importante que os alunos percebam que as suas condições de moradias,
estudo, lazer, saúde refletem o processo de ocupação e organização do espaço em que
vivem, de acordo com as relações sociais que ai se desenvolveram.
De acordo com Carlos (1996), o lugar não deve ser concebido como autônomo,
mas como parte integrante de uma totalidade espacial, consubstanciada na divisão
espacial do trabalho. Na era das redes, os avanços nos meios de transporte e
comunicação estão cada vez mais velozes e procuram encurtar a distância entre os
espaços e o tempo.
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O lugar contém sempre o global, sendo específico e mundial, ao mesmo tempo


em que se articula a uma rede de lugares. O lugar pode se apoiar numa rede de difusão
– de fluxos de informação, bens e serviços -, processo que tem como pano de fundo a
mundialização da sociedade, da economia, da cultura e do espaço, que se constitui cada
vez mais num espaço mundial articulado e conectado, o que implica um novo olhar
sobre o local (CARLOS, 1996).
O estudo do município permite que o aluno que constante a organização do
espaço, que possa perceber nele a influência e/ou interferência dos vários
segmentos da sociedade, dos interesses políticos e econômicos ali existentes e
também de decisões externas ao município, confrontando-se inclusive com
interesses locais e da população que ali vive. (CALLAI, 1988, p.81).

De acordo com Callai, a Geografia pode contribuir para que a população


conheça o ambiente em que vive e as relações estabelecidas no espaço, relações estas
que podem ser sociais, econômicas, culturais, de poder, entre outros como salienta
CARLOS (1996, p.21/22):
O lugar só pode ser compreendido em suas referencias, que não são especificas
de uma função ou de uma forma, mas de um conjunto de sentidos e usos.
Assim, o lugar permite pensar o viver, o habitar, o trabalho, o lazer enquanto
situações vividas, revelando, no nível do cotidiano, os conflitos que ocorrem ou
ocorreram no mundo.

Cavalcanti (1998) ao trabalhar com o cotidiano e o conhecimento geográfico, diz


que: “Ao manipular as coisas do cotidiano, os indivíduos vão construindo uma geografia
e um conhecimento geográfico” .Nessa linha de análise a mesma autora diz mais:

A consciência dessa geografia produzida, individual e genericamente, provoca


alterações na prática social cotidiana. O distanciamento das ações cotidianas
[…] para refletir sobre as coisas manipuladas cotidianamente, é uma pratica
necessária quando se quer elevar as ações ao nível do humano genérico,
quando se quer dar um sentido social a essas ações. (CAVALCANTI, 1998, p.
123).

É preciso, portanto, descobrir formas capazes de articular a formação do sujeito


com a construção de sua identidade, reconhecendo seu pertencimento e realizando um
trabalho cognitivo capaz de situá-lo no contexto de uma produção intelectual realizada
pela humanidade.
Segundo Santos (1994), a concepção de lugar está intimamente relacionada à
própria definição de espaço:

Tudo que existe num lugar está em relação com os outros elementos desse
lugar. O que define o lugar é exatamente uma teia de objetos e ações com causa
e efeito,que forma um contexto e atinge todas as variáveis já existentes, internas;
e as novas, que se vão internalizar (SANTOS, 1994, p. 97).
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As parcelas do espaço geográfico com a qual cada indivíduo se relaciona e


interage compõe o seu lugar. Cada pessoa terá um lugar diferente da outra, na medida
em que ambas possuem vidas e cotidiano diferentes. O lugar possui também íntima
relação com os aspectos culturais que marcam que marcam cada sociedade. O lugar, no
sentido de referência, localização e orientação espacial, transita entre o local, o regional
e o mundial. Nele se reconhecem identidades, pertencimento, culturas, singularidades
dos povos e civilizações, características físicas, bem como as formas como essas
condições são enfrentadas, transformadas ou determinantes de certo modo de vida nos
diferentes lugares do planeta.

Através do entendimento desse conteúdo geográfico do cotidiano poderemos,


talvez, contribuir para o necessário entendimento (e, talvez, teorização) dessa
relação entre espaço e movimento sociais,enxergando na materialidade, esse
componente imprescindível do espaço geográfico, que é, ao mesmo tempo, uma
condição para a ação; uma estrutura de controle, um limite à ação; um convite à
ação. Nada fazemos hoje que não seja a partir dos objetos que nos cercam.
(SANTOS,1996,p.257)

A educação escolar tem como meta principal fazer com que o aluno supere o
senso comum, desenvolvendo a consciência crítica, provocando alterações de
concepções e atitudes permitindo a interpretação de mundo e das relações sociais no
contexto no qual está inserido.
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ESTRATÉGIAS DE AÇÃO

A implementação deste projeto ocorrerá no Colégio Estadual Marechal Floriano


Peixoto, distrito de Ribeirão Bonito, no município de Grandes Rios, com os alunos do 7º
ano do Ensino Fundamental no primeiro semestre do ano letivo de 2014.
Com a intenção de propiciar situações em que os alunos se apropriem do
conceito de lugar por meio de uma metodologia que possibilite analisar a área em
estudo.
1) Diagnóstico entre os alunos dos conhecimentos adquiridos a respeito do tema
proposto;
2) Aplicar o conceito de lugar para estimular seu aprendizado;
3) Apresentar e discutir com os alunos o projeto a ser realizado, de tal forma que
contribua na construção do conhecimento, com atividades desenvolvidas que
apresenta características diferenciadas a ser explorada;
4) Elaboração de aula de campo como recurso metodológico, pois fornece um
grande potencial para a aprendizagem, e trata da prática, do real, da experiência.
5) Confecções de mapas mentais onde irão retratar desde o deslocamento de seu
espaço de vivência (casa até o colégio);
6) Análise e leitura de fotografia antigas e recentes do local a ser estudado;
7) Localização geográfica do município;
8) Apresentação de relatório e painéis das atividades desenvolvidas durante a
aplicação do projeto.
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CRONOGRAMA
Tabela I
Atividades Ano 2013
Mês
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Intenção de Pesquisa x
Encontros de Orientação x x x x x x x x x x x
Revisão Bibliográfica x x x x x x x x x x
Elab. Projeto de Pesquisa x x x x x
Prod. Did. Pedagógica x x x x x x

Tabela II
Atividades Ano 2014
Mês
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Impl. do Proj. na Escola x x x x x
Encontros de Orientação x x x x x x x x x x x
Elab. Relatório Pesquisa x x x x x x
Elab. do Artigo Final x x x x
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REFERÊNCIAS:

PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná. Disciplina


Geografia, Secretaria de Estado da Educação, Curitiba, 2008.

CALLAI,H.C,;Zart.P.A. O estudo do município e o ensino de histórias e geografia,


Ijui: Livraria Unijui Editora,1988.

CALLAI, Helena Copetti. Estudar o lugar para compreender o mundo. In:


CASTROGIOVANNI, Antônio Carlos (org.). Ensino de Geografia: Práticas e
Textualizações no Cotidiano. Porto Alegre/RS: Ed. Mediação, 2000, p.83-134.

CALLAI, Helena C. O estudo do município ou a Geografia nas séries iniciais. In:


CASTROGIOVANI, Antonio C (org.). Geografia em sala de aula: práticas e
reflexões. 4ed. Porto Alegre: UFRGS/AGB-Seção Porto Alegre, 2003.

CALLAI, Helena Copetti. Aprendendo ler o mundo: a Geografia nos anos iniciais do
ensino fundamental. Cad. Cedes, Campinas, vol. 25, n. 66, p. 227-247, maio/ago. 2005.
Disponível em http://www.cedes.unicamp.br visitado em 02/06/2013.

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CASTROGIOVANI, Antonio C (org.). Helena Copetti Callai, Neiva Otero Schaffer, Nestor
André Kaercher Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. 4ed. Porto Alegre:
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CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, Escola e Construção de Conhecimentos.


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______. Metamorfoses do espaço habitado. 3 ed. São Paulo: Hucitec, 1994.

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______.Técnica, Espaço, Tempo: Globalização„ e meio Técnico-científico


Informacional. São Paulo: Hucitec, 1994.

RESENDE, Márcia Spyer. A Geografia do aluno trabalhador: caminho para um a


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