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Índice

Introdução..................................................................................................................................4

O Papel da Geografia Escolar....................................................................................................5

O Ensino de Geografia...............................................................................................................6

O papel da pesquisa no ensino de geografia..............................................................................9

Conclusão.................................................................................................................................12

Referencias Bibliograficas.......................................................................................................13
Introdução
A Geografia escolar tem um papel ideológico. Por isso, não cabe a ideia da neutralidade
científica; se, de um lado, essa disciplina contribuiu para reprodução da dominação, por outro
lado, as práticas educativas demonstraram e demonstram lutas concretas dos educadores
dessa área pela melhoria do ensino público. A Geografia é uma ciência que tem por objecto
de estudo o espaço; não o espaço cartesiano, mas o espaço produzido através das relações
entre o homem e o meio, envolvendo aspectos dialécticos e fenomenológicos. Para Vidal de
La Blache Geografia é a Ciência dos Lugares, já Hartshorne diz ser a ciência da diferenciação
de áreas.

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O Papel da Geografia Escolar
Segundo Callai (1986). Afirma que o papel fundamental da Geografia é trabalhar referências,
utilizando-se das informações da própria realidade, considerando o espaço vivenciado e
visível. Este é o momento de concretizar e complexificar a busca da identidade do aluno e a
sua situação no mundo social. É o momento também de desenvolver as bases da linguagem
cartográfica, realizando actividades referentes a percursos, trajectos, incorporando as noções
de escala, legenda e orientação. A pedagogia não é necessariamente um subproduto da
ciência; muitas vezes a resolução de problemas pedagógicos obriga a se enfrentar de outra
maneira os problemas científicos.
A Geografia se faz na prática, não serve para aprender coisas que "devem ser aprendidas".
Curiosamente ocorre um paradoxo: os geógrafos dizem "deve-se fazer isto", como se fossem
eles quem decidissem. Ou seja, algumas vezes eles julgam, talvez inconscientemente, que são
chefes de Estado; imaginam que basta a ciência para compreender os fenómenos e
automaticamente todo mundo vai aplicar as conclusões e todos vão estar de acordo com elas
Essa relação entre a Geografia e a acção é algo secular. E a expressão fundamental dela é o
mapa. Conforme Callai (1986, p.78).

A Geografia conhece um momento de prodigiosa expansão dos conhecimentos. Apesar de


estarem destinados aos países desenvolvidos, chegam até nós algumas contribuições. Mas
élógico que o ensino da geografia não consiste somente na leitura de mapas. Quanto mais
consciência tiverem os cidadãos da Geografia, mais fácil será a existência deformas
autónomas e pessoais de comportamento. E não se quer falar apenas das guerras, que
infelizmente ocorrem.

Segundo Santos (2004). Afirma que hoje em Moçambique existem projectos de melhoria de
bairros e mesmo dos municípios, que se expressam através de mapas, assim como por livros,
os quais devemos saber ler. A população deve tomar contacto e conhecer os projectos de seus
políticos de seus locais de moradia. Pois bem: se quisermos expressar qual é a função da
Geografia, eu a definiria como o "saber pensar o espaço". E saber pensar o espaço, ou ter um
raciocínio geográfico, não é sonhar com as estrelas e sim pensar o espaço com uma visão
política, saber pensar o espaço com vista a nele actuar mais Eficazmente.

O conjunto da Geografia, é um saber voltado para a compreensão do espaço e da organização


do poder. Os métodos da Geografia descritiva falharam ao não explicar o porque, para que e
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como podiam servir. Com uma série de estudos de caso, de simulações de acções, esses
métodos podem ser integrados num outro sentido. O estudo das fronteiras é uma das tarefas
mais importantes do geógrafo, tanto no passado como nos dias actuais. É muito interessante
examinar as fronteiras em termos de intersecção de conjuntos, porque em muitos Estados ela
é exatamente isso. Confirma Santos (2004, p.56).

Em Moçambique, o novo currículo previlegia o estudo do meio local. Porém isso é uma coisa
ao mesmo tempo boa e ruim. É boa porque é evidente que o estudo e a análise da situação
concreta na qual se encontram os alunos e seus pais é algo absolutamente necessário. Deve-se
encontrar uma aplicação útil desse método, levando-os a compreender a realidade local

O Ensino de Geografia
O processo de ensino-aprendizagem na Geografia escolar e suas repercussões na sociedade,
constitui o ponto fulcral nas novas tendências didactico-metodologicas aplicáveis ao ensino
da Geografia. Falar da questão didáctico-pedagógica da Geografia escolar nos remete a uma
reflexão em torno das sérias críticas por qual passa seu ensino, como, aliás, acontece com o
ensino em geral.

Segundo Resende (1986). Afirma que a Geografia na escola elimina, na sua forma
constitutiva, toda preocupação de explicação. A primeira preocupação é descrever em lugar
de explicar; inventariar em lugar de analisar e de interpretar. Esse escopo, herança do século
XIX, interfere no carácter propedêutico de uma Geografia voltada para a cidadania, pois não
consegue formar e manter conceitos geográficos válidos cientificamente e relevantes
socialmente, existindo um predomínio forte de um ensino alinhado com apenas uma
orientação paradigmática da Geografia e, em muitas situações didácticas verifica-se:
 A negligência em relação ao ensino da Geografia Física em favor de uma
maximização da Geografia Humana;
 A negligência – na verdade, o desaparecimento quase completo de sala de aula e dos
livros didácticos – da Geografia Regional, em termos da caracterização e da descrição
das macro-regiões do mundo;
 Descanso – quando não abandono completo – de práticas cartográficas e, até mesmo,
do uso de Atlas, como também, uma das técnicas de tratamento computacional das

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informações geográficas (geoprocessamento – SIG), existindo, portanto, um atraso
desnecessário.
A propósito, a dimensão social de construção do espaço geográfico, tem uma literatura
bastante difundida no meio científico, não apenas pelos “novos geógrafos”, mas também por
pensadores de outras áreas, contudo a situação de atraso ainda é persistente no quotidiano da
escola.
Dessa forma, o processo didáctico-pedagógico na Geografia escolar, limita-se, meramente, à
utilização de um determinado livro didáctico e este é escolhido pelo possível “conhecimento”
do conjunto de conteúdos nele contido; por que dispõe de caderno do professor e sugestões
de actividades e, ao uso dos programas e provas do vestibular para listar o conteúdo
programático a ser desenvolvido no decorrer do ano lectivo.

É na identificação das lacunas, de ordem didáctico-pedagógica na sala de aula de Geografia,


que poderemos perceber a emergência da mudança do paradigma persistentemente presente
no âmbito escolar. E, ao reflectir sobre essas questões conquistaríamos, gradualmente, a
capacidade de enfrentar a superficialidade mantida, insistentemente, por nossos sistemas
educativos. Tomadas essas questões há, ainda, a necessidade de reflectir sobre o
encaminhamento dado ao ensino da Geografia quanto: a pedagogia, o método, e o conteúdo,
estando concomitantemente intrínseca a avaliação. Para Resende (1986, p.78).

Segundo Morin (2003). Afirma que Educar é preparar na e para a vida. A Geografia vista de
dentro, por quem trabalha com pesquisa e ensino, da educação básica à universidade, pode se
apresentar como uma disciplina extrema e perigosamente ideológica por ela manifestar uma
determinada concepção de homem, de sociedade e de mundo. É mister explicitar, portanto, a
teoria praticada para que se possa buscar a sua compreensão e a sua essência. Se essa
intencionalidade for assumida pelo professor no âmbito escolar poderá constituir-se em
acções concretas para uma prática educativa autêntica, pois é o professor quem vivencía o
dia-a-dia do processo ensino-aprendizagem e é só através da relação desse com os alunos que
se pode construir uma base sólida nesse sentido.

Em geral se expressam na linguagem, no vestuário, na resistência a fazer em sala de aula o


que o professor propõe. Ao contrário de subestimá-la ou desconsiderá-la, cabe a escola
preocupada em educar para a cidadania conseguir transformar esta acção muitas vezes isolada

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dos procedimentos habituais em uma força e acção ampliada para uma forma de resistência
mais politizada.
Esta consciência social representa o primeiro passo para que os estudantes actuem como
cidadãos engajados, dispostos a questionar e confrontar a base estrutural e a natureza da
ordem social. Estas contradições, disfunções e tensões existem na sociedade mais próxima,
na família, na escola, no município e devem ser tratadas, isto é, conhecidas e analisadas para
que o aluno se perceba como um indivíduo que faz parte daqueles grupos e que poderiam ter
voz activa, ser participantes nas decisões. É interessante reconhecer que o estudo da
Geografia deve ser consequente para os alunos, suas experiências concretas deverão ter
interligação e coerência dentro do que é ensinado, pois o vivido pelo aluno é expresso no
espaço quotidiano, e a interligação deste com as demais instâncias é fundamental para a
aprendizagem.

O espaço Geográfico hoje é concebido como um conjunto de sistemas de objectos, de


sistemas de acções e de sistemas de informações, ultrapassa a mera visão da materialidade
como teatro de acção, mas é condição para a acção, e é a partir desse entendimento que surge
o homem livre que igualmente se afirmará no grupo. Visto dessa forma, o ensino da
Geografia terá por finalidade formar gente capaz de se situar correctamente no mundo e de
influir para que se aperfeiçoe a sociedade humana como um todo. É inconcebível uma
educação feita mercadoria, porque ela reproduz e amplia as desigualdades, sem extirpar as
mazelas da ignorância. Para Resende (1986, p.88).

É mais do que necessário, que o processo didáctico-pedagógico do ensino da Geografia em


sua quotidianidade, contemple a emergência de uma realidade mais justa, capaz de alfabetizar
o aluno para a leitura que se tem e se pode ter do mundo, bem como ajudá-los para que
possam situar-se e apropriar-se dessa realidade de forma consciente, se conhecendo como
sujeito social, construtor do seu espaço, pois é a partir da apropriação do espaço nas
materializações diversas e de todas as ordens, próximas ou distantes, que os homens poderão
transformá-lo e dispor de uma melhor qualidade de vida, no concernente à cidadania.

A trajectória da Geografia escolar, tem sido permeada por um discurso ideológico que
mascara a importância estratégica dos raciocínios centrados no espaço. Ela tem sido marcada
por um enciclopedismo e por uma enumeração mecânica de factores de ordem natural e
social presentes num dado território. Essa situação é evidenciada ao encontrarmos professores
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que adoptam em suas aulas conteúdos que, quase invariavelmente, são analisados de forma
isolada, seguindo a postura tradicional de alguns livros didácticos, e por isso mesmo adoptam
uma postura estanque do processo educativo, mostrando, assim, ser uma disciplina simplória,
inútil, sem nenhuma aplicação prática fora da sala de aula.

É preciso que juntos, professores e alunos, busquemos construir a cidadania, visto que, a
educação deve ser concebida para atender, ao mesmo tempo, ao interesse social e ao interesse
dos indivíduos. É da combinação desses que emergem os princípios fundamentais a nortear o
exercício da cidadania.

O papel da pesquisa no ensino de geografia


Os novos referenciais de formação desse profissional, particularmente as Diretrizes
Curriculares Nacionais do Ministério da Educação, indicam que um dos problemas a ser
enfrentados nos cursos de licenciatura se refere ao tratamento dispensado à pesquisa. Com
efeito, uma visão excessivamente académica sobre essa actividade tem impedido concebê-la
como dimensão privilegiada da relação entre teoria e prática, sendo, portanto, necessário
redimensionar seu papel na formação de professores. A ideia é ressaltar a importância da
pesquisa na construção de uma atitude quotidiana de compreensão dos processos de
aprendizagem e desenvolvimento dos alunos e de busca de autonomia na interpretação da
realidade. Para Morin (2003, p.90).

Sua relevância nos cursos de formação docente e na prática pedagógica vem sendo associada
à concepção de professores reflexivos e críticos, estabelecendo uma relação intrínseca entre a
prática reflexiva e a prática por ela orientada. Assim, a pesquisa pode ser considerada um
processo aglutinador de reflexão e crítica, uma facilitadora da prática crítico-reflexiva,
embora não seja necessariamente um desdobramento natural de qualquer prática reflexiva.

Apesar da importância dessa questão, persiste ainda a ideia de que o professor da escola
básica não necessita pesquisar. Tal posição tem reforçado uma concepção de professor como
transmissor ou repassados de informação, mero usuário do produto do conhecimento
científico. Se considerarmos a docência como actividade intelectual e prática, revela-se
necessário ao professor ter cada vez maior intimidade com o processo investigativo, uma vez

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que os conteúdos, com os quais ele trabalha, são construções teóricas fundamentadas na
pesquisa científica.
Os novos referenciais oficiais de formação docente, cabe ao professor desenvolver nos alunos
uma atitude investigativa, situação em que a pesquisa venha a constituir, ao mesmo tempo,
instrumento de ensino e conteúdo da aprendizagem. Ocorre que, para o professor poder
cumprir esse objectivo, é imprescindível que ele mesmo tenha aprendido e seja capaz de
dominar a habilidade de produzir pesquisa.

Assim, além de dominar conteúdos, é importante que o professor desenvolva a capacidade de


utilizá-los como instrumentos para desvendar e compreender a realidade do mundo, dando
sentido e significado à aprendizagem. À medida que os conteúdos deixam de ser fins em si
mesmos e passam a ser meios para a interacção com a realidade, fornecem ao aluno os
instrumentos para que possa construir uma visão articulada, organizada e crítica do mundo.
É comum ouvir que amiúde os alunos chegam ao ensino superior apresentando um nível
baixo de conhecimento e com inúmeras dificuldades.

A falta de domínio de conceitos básicos por parte dos alunos, sobretudo em Geografia,
envolvendo conhecimentos tanto da natureza quanto da sociedade, levam os professores,
muitas vezes com certo desespero, a tentar abarcar uma gama enorme de conteúdos na
tentativa de suprir essa deficiência. Tal prática com frequência se revela frustrante justamente
porque não só é impossível dar conta de todo o conteúdo, mas, em muitos casos, ele é
abordado de forma desligada da realida.
O conhecimento científico pode significar, para os alunos, uma experiência inédita, dado que
muitos chegam ao ensino superior sem nunca terem frequentado uma biblioteca ou
laboratório. Consultar banco de dados, teses, dissertações e monografias é de fundamental
importância para terem acesso ao conhecimento produzido pela investigação académica,
apropriarem-se dele e desenvolverem a capacidade de analisá-lo criticamente. Além disso, é
essenciais os alunos defrontarem-se com as diferentes abordagens da produção científica,
reconhecendo que a ciência se realiza por diferentes caminhos do ponto de vista histórico,
epistemológico e Metodológico. Para Resende (1986, p.98).

Nas últimas décadas (do século XX), têm crescido substancialmente as pesquisas
relacionadas ao ensino e a aprendizagem da Geografia com diferentes objectos de estudo.
Está claro que os estudos no âmbito dessa ciência se filiam a diferentes correntes filosóficas e
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teórico-metodológicas, expressando uma diversidade de concepções sobre a própria
Geografia e sobre seu ensino. Nesse sentido, é valioso ter acesso ao conhecimento gerado
pela investigação académica e à produção oficial de propostas curriculares e parâmetros
curriculares nacionais, que conferem diferentes tratamentos à disciplina e a seu ensino.

Segundo Callai (1986). Destaca a pesquisa sobre o ensino de Geografia permite ao aluno o
acesso a várias metodologias de ensino e aprendizagem, exercita sua capacidade de fazer
opções relativas aos conteúdos e suas didácticas e promove sua capacidade de elaboração
própria de novos tratamentos e metodologias no âmbito do ensino da disciplina. Um dos
grandes desafios dos cursos de formação de professores de Geografia diz respeito à
necessidade prática de articulação dos conteúdos desse componente curricular com os
conteúdos pedagógicos e educacionais, ou seja, aos mecanismos de transposição didáctica,
que envolvem metodologias do ensinar a ensinar.

O trabalho do professor na escola envolve actividades que vão desde a preparação de um


programa de curso e o planejamento de aulas até a participação na produção e na execução de
projecto pedagógico institucional, além de projectos didático-pedagógicos que impliquem
uma actividade investigativa. Esta, via de regra, envolve a elaboração de diagnósticos,
caracterização de situação problema, levantamento bibliográfico

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Conclusão
A Educação é um direito básico e um instrumento fundamental para o desenvolvimento do
capital humano, condição necessária para a redução da pobreza em Moçambique. É um
processo dinâmico, através do qual a sociedade prepara as novas gerações para dar
continuidade ao processo de desenvolvimento. Neste sentido, o currículo traduz as aspirações
da sociedade moçambicana no sentido de formar cidadãos responsáveis, activos,
participativos e empreendedores. Com efeito, a preparação do jovem passa pelo
desenvolvimento de competências orientadas para a sua realização pessoal, para sua
integração bem sucedida numa sociedade em mudanças rápidas e para as novas dinâmicas do
sector laboral.

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Referencias Bibliográficas
Callai, H. C. (1986). Espaço de Poder ou o Poder do Espaço, Contexto e Educação, V.3.
Santos, M. (2004). Por uma outra globalização, 11. ed. Rio de Janeiro, Record.

Resende, M. S (1986). A Geografia do Aluno Trabalhador. Caminhos para uma Prática de

Ensino, São Paulo, Loyola.

Morin, E (2003). A necessidade de um pensamento complexo.

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