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A Geografia Escolar e a Sociedade Brasileira Contemporânea

Lana de Souza Cavalcanti

O presente trabalho é feito na análise do artigo “A Geografia Escolar e a


Sociedade Brasileira Contemporânea”, escrito por Lana de Souza Cavalcanti, sendo
de primordial importância já que A geografia é uma área que estuda o espaço e as
relações entre sociedade e ambiente. Na sociedade brasileira atual, a globalização é
um processo que tem mudado a forma como os fenômenos e fatos espaciais
ocorrem.
Há maior interdependência entre países, comunicação intensa entre pessoas,
empresas e instituições, e adensamento em territórios urbanos globais e
globalizados. Para entender essa realidade, a geografia tem produzido estudos
interdisciplinares que buscam compreender a complexidade desses fenômenos e
fatos.
Na escola, é importante que os professores estejam atualizados sobre esses
estudos para construir um pensamento geográfico atualizado e preparar os alunos
para lidar com a realidade complexa do mundo atual.

O que preocupa o professor de Geografia atualmente? Quais são as


perguntas que ele faz a si mesmo? Quais são os desafios que ele precisa enfrentar?
Essas são algumas das questões que afligem os professores de Geografia em sua
prática educativa.
Os professores de Geografia estão constantemente preocupados em
encontrar maneiras de envolver seus alunos e tornar as aulas mais interessantes.
Eles buscam estratégias e procedimentos que possam garantir disciplina na sala de
aula e autoridade como educadores.
Além disso, os professores de Geografia também se preocupam em
convencer seus alunos da importância da Geografia para suas vidas e para a
sociedade em geral.
Apesar das dificuldades que enfrentam no trabalho, alguns professores optam
por manter os rituais rotineiros da sala de aula, enquanto outros buscam
experimentar novas abordagens e promover a aprendizagem significativa dos
conteúdos que ensinam.
Esses últimos entendem que os desafios que enfrentam são complexos e
requerem conhecimento teórico sólido, além de uma compreensão da realidade e
dos processos da escola.
Em síntese, a análise mais detida das preocupações dos professores de
Geografia permite identificar três questões fundamentais que permeiam sua prática
educativa: o envolvimento dos alunos, a disciplina em sala de aula e a importância
da Geografia para a sociedade.
Por meio disso, a autora ressalta que muitas vezes, os alunos podem
apresentar resistência à aprendizagem por questões emocionais, como baixa
autoestima, ansiedade, medo de fracassar, entre outras. Nesse sentido, cabe ao
professor estar atento a esses aspectos e buscar estratégias pedagógicas que
ajudem a superar essas barreiras.
Além disso, as relações sociais estabelecidas em sala de aula também
podem ter um grande impacto na motivação dos alunos. Um ambiente acolhedor,
com respeito mútuo e cooperação, pode contribuir significativamente para o
engajamento dos alunos nas atividades propostas.
Por outro lado, um clima tenso e de conflito pode gerar desmotivação e até
mesmo comportamentos disruptivos. Dessa forma, é importante que os professores
reconheçam a complexidade do processo de motivação e busquem compreender e
intervir nos diversos fatores que podem influenciá-lo. A mediação didática, nesse
sentido, deve levar em consideração não só os aspectos cognitivos, mas também os
aspectos emocionais e sociais envolvidos na relação entre professores e alunos.
Diante do que se é elucidado, é importante considerar as conexões entre a
espacialidade e a cultura das crianças com o currículo escolar, os conteúdos das
disciplinas e, em particular, os conteúdos da Geografia, bem como com a dinâmica
da sala de aula e de todo o espaço escolar.
Alguns projetos são inovadores porque reconhecem que não é suficiente
manter os alunos dentro dos muros da escola; é necessário que eles possam
vivenciar seu processo de identificação, individual e em grupo, e que esse processo
seja respeitado.
Por meio disso, a autora é bastante concisa no que diz sobre as dificuldades
enfrentadas pela escola pública e seus professores, que muitas vezes são
associados a problemas como a falta de formação, condições precárias de trabalho,
violência e baixos salários.
Apesar das políticas educacionais atuais incentivarem a formação contínua e
valorização dos saberes práticos do professor, eles ainda enfrentam muitas
demandas e exigências, sem que as condições necessárias para as cumprir sejam
dadas.
Gera-se analise das condições atuais que limitam a atuação e formação dos
professores, mas isso não significa que não seja possível resistir e trabalhar em
projetos de formação dos alunos. Quando os professores dão aulas, as escolhas
que eles fazem, como o que falam, como abordam o conteúdo e como utilizam
recursos, têm um impacto direto no aprendizado dos alunos.
Portanto, consciente ou inconscientemente, o trabalho dos professores está
ligado a um projeto de formação, que também está ligado a um projeto maior de
sociedade e humanidade.

A aprendizagem em Geografia

A discussão, torna-se mais intimista a medida que avalia, se os professores


de Geografia estão enfrentando dificuldades para atrair seus alunos nas aulas, já
que muitos não se interessam pelos assuntos que a disciplina aborda. No entanto, a
Geografia está presente no cotidiano de todos, seja em nível global ou local.
Então, por que os alunos não se interessam pelos conteúdo da disciplina? O
professor deve agir como mediador para despertar o interesse dos alunos na
Geografia, refletindo sobre sua contribuição na vida cotidiana e sua importância na
análise crítica da realidade social e natural. Para isso, o professor deve decidir o que
ensinar e para quem ensinar, levando em consideração a história e a cognição dos
alunos.
Essa decisão pode ser baseada nos conhecimentos geográficos acadêmicos
e escolares, mas deve incluir a participação dos alunos em um diálogo vivo e
verdadeiro. A Didática da Geografia analisa o processo de ensino da disciplina,
considerando os elementos constitutivos, condições de realização, contextos e
sujeitos, limites e demandas.
A Geografia e sua contribuição para compreender a
espacialidade contemporânea
Sua contribuição é produzir conhecimento amplo sobre o ensino e os
fundamentos teóricos e metodológicos da Geografia escolar, subsidiando a atuação
docente consciente e autônoma.
Analisa-se que, atualmente, o mundo está cada vez mais globalizado e
interdependente, o que significa que muitos países participam desse processo, mas
não necessariamente há uma maior justiça social ou aproximação econômica entre
eles.
A globalização trouxe uma maior comunicação entre as pessoas, empresas e
instituições, resultando em estilos de vida padronizados e também em diversidade
cultural. A fim de entender melhor essa complexidade, a ciência geográfica é
importante e se dedica a compreender os fenômenos espaciais. Para isso, a
Geografia no Brasil produz muitos estudos sobre as práticas espaciais, buscando
superar dualidades e entender a realidade como um todo.
No entanto, é preciso questionar se os professores estão acompanhando
essas mudanças na Geografia acadêmica e se essas contribuições estão sendo
incorporadas nos conteúdos e métodos do ensino de Geografia.
Por meio disso, tem-se que O movimento da Geografia crítica surgiu com o
objetivo de denunciar o caráter utilitário e ideológico da ciência geográfica, buscando
compreender o espaço de forma mais histórica e relacionada à sociedade.
Na década de 1980, o movimento focou no ensino de Geografia,
questionando a estrutura dicotômica da disciplina e propondo uma nova estrutura
centrada no espaço e nas contradições sociais.
Na década de 1990, surgiram propostas alternativas para o ensino de
Geografia, reconhecendo que mudanças no cotidiano espacial requerem uma
compreensão do espaço que inclua a subjetividade, o cotidiano, a multiescalaridade,
a comunicação e as diferentes linguagens do mundo atual.
Nesse período, a área de pesquisa em Geografia no ensino ganhou espaço
acadêmico e amplitude temática, propondo abordagens diversas.
Disso, temos que, A importância do lugar como objetivo do ensino de
Geografia na escola básica é amplamente reconhecida em pesquisas e na maioria
dos livros didáticos para o ensino fundamental, como o PNLD de 2010.
No entanto, Callai (2003, 2006) alerta que o lugar não deve ser visto apenas
como uma referência local, mas sim como uma escala de análise essencial para
compreender os fenômenos que ocorrem no mundo, mas que são temporais e
territoriais em um local específico.
Compreender esses fenômenos como conteúdo geográfico significa entender
a realidade do sujeito e permite uma maior identificação dos alunos com os
conteúdos.
Para seguir essa orientação na prática, é necessário que o lugar seja uma
referência constante, levando ao diálogo com os temas e mediando a
problematização necessária para colocar o aluno como sujeito do processo.
Infelizmente, muitas vezes essa referência não é explorada em sua plenitude e é
utilizada apenas como uma estratégia para garantir o interesse e a participação dos
alunos.
Além disso, muitas aulas ainda seguem o estilo tradicional de transmissão
verbal, com a preocupação principal de “passar” o conteúdo que está sistematizado
e disponível nos currículos e nos livros didáticos. A aprendizagem é buscada pela
repetição do conteúdo nas atividades em classe ou em casa, sem a devida
articulação entre os saberes sobre os lugares em que se vive e os princípios teóricos
e o instrumental conceitual para pensar esses lugares.
Portanto, é importante lembrar que a orientação de tomar o lugar do aluno
como referência não deve ser apenas uma estratégia de mobilização para iniciar os
estudos, mas sim uma constante na busca de sentido dos conteúdos escolares.
É necessário explorar plenamente o potencial do lugar como uma escala de
análise para compreender os fenômenos geográficos e garantir que os alunos se
identifiquem com os conteúdos estudados.
Com a abordagem multiescalar, busca-se superar a dicotomia e exclusão na
análise de fenômenos em escalas local ou global, como se uma dimensão não
estivesse conectada com a outra.
Além disso, pretende-se ultrapassar a abordagem tradicional dos círculos
concêntricos, que parte do mais próximo do aluno até o mais distante, praticada nos
anos iniciais do ensino fundamental. Desde o final do século XX, vem sendo
questionada essa abordagem, mas ainda não se pode afirmar que tenha sido
completamente superada.
A superação implica abordar o lugar imediato de vivência das crianças (casa,
bairro, escola e elementos afetivos, subjetivos, empíricos) e, ao mesmo tempo,
trabalhar com elas desde o primeiro ano, a ideia de que a configuração desses
espaços está relacionada à produção de espaços maiores.
Dessa forma, é importante evidenciar o lugar não apenas como localização e
experiência cotidiana, familiar e identitária, mas também como uma instância que
permite perceber diferenciações, fazer comparações e compreender processos que
evidenciam as relações entre o local e o global, respeitando o nível de abstração e
cognição das crianças e jovens, sem dar definições formais de lugar ou global.
O desenvolvimento do pensamento conceitual, que permite uma mudança na
relação do sujeito com o mundo, generalizando suas experiências, é papel da escola
e das aulas de Geografia. Tal entendimento levou a que referências curriculares
nacionais, como os PCNs (1998), diretrizes curriculares estaduais e municipais e
livros didáticos (PNLD, 2010), estruturassem seus conteúdos geográficos com base
em conceitos elementares, como paisagem, lugar, território, região e natureza.
No entanto, não se indica que esses conceitos sejam transmitidos e
reproduzidos pelos alunos. Eles devem ser construídos, elaborados, reelaborados,
ampliados, ao longo dos anos de ensino fundamental.
Tais conceitos expressam experiências vividas por todas as pessoas no
cotidiano, no desenvolvimento de espacialidades, e assim eles devem ser
considerados, desde os primeiros anos. Lança-se mão dos conceitos em formação,
dos conceitos cotidianos, ou noções, ou pseudoconceitos (na visão vigotskiana) para
problematizar, para estabelecer contradições e assim ampliar a compreensão do
mundo.
Por exemplo: a paisagem é um conceito que remete à experiência diária de
crianças de 6 anos, que estão no primeiro ano do Ensino Fundamental, pois elas
têm contato com espaços por meio do sensorial; os diversos sentidos as levam a
perceber a paisagem de seu entorno, ou mesmo de espacialidades experimentadas
pelos meios de comunicação.
Essa percepção pode ser estimulada ao se orientar descrições de lugares
vividos, mesmo antes da aquisição da habilidade de leitura e escrita; as descrições
estimuladas se associam à habilidade de observação e juntas dão base para, com a
mediação pedagógica, se fazerem pequenas reflexões e questionamentos sobre o
que se observa/descreve.
Assim, desencadeia-se uma capacidade de ver o mundo pela paisagem, o
que propicia, ao longo da formação, um modo de buscar desvendar processos que
explicam a paisagem vista, vivida, sentida....
Os resultados das investigações apontam que os professores não têm
pautado o ensino de Geografia pelo objetivo de formar conceitos geográficos.
Quando o livro didático traz esses conceitos, alguns professores consideram essa
abordagem muito teórica e dizem que é “conteúdo pesado”; eles os veem como
definições a serem “passadas” aos alunos e não como conceitos a serem
construídos

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