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PARANÁ
SUGIMURA, F, M; GUIMARÃES, G, B
RESUMO
Reconhecendo as dificuldades de muitos alunos para associarem os conhecimentos
escolares ao seu cotidiano e espaços de vivência e pretendendo que os conteúdos específicos da
Geografia Física não fossem apenas memorizados, metodologias, linguagens tecnológicas e recursos
didáticos foram experimentados em um colégio público estadual em Castro, PR. No material didático
produzido, um caderno ilustrado com oito sequências didáticas, destacou-se a geodiversidade como
uma ferramenta para ensinar de forma interpretativa, interativa e contextualizada temas relativos à
Geologia, Paleontologia, Geomorfologia, meio ambiente, patrimônio geológico e geoconservação. O
caderno pedagógico elaborado subsidiou a implementação do projeto PDE – turma 2014 – em uma
turma do 1º Ano do Ensino Médio, sendo que algumas atividades foram estendidas aos 6º anos,
outras as demais turmas, e também aos professores e funcionários do Colégio Nisgoski. Durante o
período de execução das atividades programadas procurou-se explorar o lado abiótico do planeta
Terra e as relações sociedade-natureza e biodiversidade-geodiversidade, a partir de paisagens e
características geológicas e geomorfológicas peculiares do município de Castro. A ideia de explorar
aspectos locais, que não aparecem nos livros didáticos utilizados, levou em consideração a
necessidade de tornar a aprendizagem mais significativa e ter resultados mais positivos com a prática
docente. Destaca-se ainda, do planejamento à implementação do projeto, a oportunidade de
conhecer novos direcionamentos para as aulas de Geografia, os quais foram compartilhados com os
professores da área que cursaram o GTR e também ficaram encantados com as inúmeras
possibilidades da geodiversidade na educação.
INTRODUÇÃO
Como profissionais da educação gostaríamos de vivenciar situações em que
os alunos participassem efetivamente das aulas e de nossas propostas
pedagógicas, fizessem questionamentos, apresentassem respostas criativas,
demonstrassem a capacidade de atribuir significados aos conhecimentos e de
Fotos 13, 14 e 15: Estalactites, réplicas de animais fossilizados em âmbar e folhelho marinho
com braquiópodes
Saída de Campo para o Parque Estadual do Guartelá, em Tibagi (fotos 16, 17,
18 e 19).
Inicialmente a saída foi planejada para conhecer o Canyon do Rio Iapó nos
limites do município de Castro. Entretanto, por questão financeira, o valor pago por
pessoa para percorrer as trilhas dentro de uma área de Reserva Particular do
Patrimônio Natural (RPPN), mudou-se para uma área de conservação sob tutela do
Estado do Paraná com entrada gratuita.
A mudança de roteiro não prejudicou o alcance dos objetivos pretendidos e foi
aprovada pelos alunos que participaram, como também pela avaliação dos
professores de Geografia que cursaram o GTR.
Esta atividade ocorreu em dois dias, sendo os alunos recebidos por turmas e
acompanhados pelas professoras para uma visita em 45 minutos. No primeiro
momento apresentavam-se os objetivos da mostra e as explicações a partir de todo
o material disponível; no segundo momento havia um tempo livre para ver os
painéis ricamente ilustrados, manusear os objetos das bancadas, fotografar quando
houvesse interesse, fazer um desenho simbolizando pinturas rupestres e participar
de uma dinâmica conduzida por quatro alunos.
As atividades lúdicas chamaram a atenção de todos os públicos, a maioria
dos visitantes demonstrou vontade de manusear as amostras de rochas e minerais
usando as lentes de aumento para observar detalhes (fotos 24 e 25) e de deixar
suas marcas no espaço destinado às pinturas rupestres (fotos 26 e 27).
Fotos 24 e 25: Análise de diferentes amostras de rochas e minerais
Fotos 26 e 27: Símbolos comuns em pinturas rupestres representados pelos alunos e visitantes
Foi uma surpresa agradável acompanhar as turmas dos sextos anos pela
curiosidade, iniciativa para tirar fotos e fazer suas anotações pessoais, bem como
pela qualidade dos relatórios que fizeram como avaliação parcial na disciplina de
Geografia. Os registros demonstram compreensão sobre os temas apresentados,
muitos fizeram pesquisas complementares, ilustraram seus trabalhos e
aproveitaram as aulas da semana para esclarecerem suas dúvidas.
Em outras propostas feitas a estas turmas os resultados também foram muito
positivos e demonstraram que o projeto poderia ser facilmente implementado nas
séries iniciais do Ensino Fundamental 2. Para isso, são necessários ajustes em
algumas unidades do Caderno Pedagógico, com atividades mais lúdicas e
linguagem acessível para a série e faixa etária de maneira a otimizar a
transposição didática.
4. ÚLTIMAS CONSIDERAÇÕES: AVALIANDO O PROJETO PDE
IMPLEMENTADO
A geodiversidade foi interpretada como uma ferramenta para trabalhar a
diversidade abiótica de Castro, de municípios vizinhos, como de outros estados do
Brasil e de outros países, e mostrou-se eficaz para desenvolver um estudo original,
com resultados práticos no que se refere a encaminhamentos didático-
metodológicos capazes de despertar o interesse dos alunos e a efetiva
aprendizagem de conteúdos curriculares da disciplina de Geografia.
Quando em andamento, o projeto foi apresentado em dois eventos de
pesquisa, a XXI Semana de Geografia da Universidade Estadual de Ponta Grossa e
o IX Simpósio Sul-Brasileiro de Geologia, em Florianópolis (SC), por Machinski e
Guimarães, respectivamente, com intenção de compartilhar a experiência de que
geodiversidade pode colaborar para novas abordagens geográficas na Educação
Básica.
Muitos podem ser os trabalhos aplicados em escolas públicas estaduais,
tendo em vista a economia mineira e a variedade de paisagens, feições geológicas,
rochas, minerais, fósseis, solos e áreas de conservação do Paraná. Assim, sugere-
se que a geodiversidade seja incluída no documento elaborado pela Coordenação
do PDE e pelos Departamentos e Coordenações da SEED, uma vez que não
aparece no detalhamento da linha de estudo “Possibilidades de encaminhamentos
didáticos e metodológicos das temáticas da diversidade na disciplina de Geografia”.
A partir do projeto implementado, acredita-se que incluí-la como uma questão
norteadora para os professores que se identificarem com a temática pode trazer
muitos benefícios didáticos e metodológicos para o ensino-aprendizagem
preocupado em problematizar a realidade e contextualizar os conteúdos.
A implementação demonstrou a importância da atualização profissional junto
a uma instituição de ensino e pesquisa para conhecer novas formas interpretativas
para o espaço geográfico, o qual é preciso conhecer para melhor interagir, utilizar e
conservar. Dessa forma, o Programa de Desenvolvimento Educacional é uma
oportunidade para os professores do Paraná colaborarem efetivamente para a
concretização das políticas públicas voltadas para a qualidade do ensino.
Fazendo uma avaliação da etapa de implementação pedagógica, o tempo foi
o principal obstáculo, pois com duas aulas semanais precisou-se cumprir com o
cronograma do projeto e dar conta do programa curricular de cada bimestre. Em
virtude de mais de 90% dos alunos se disponibilizarem a participar dos encontros no
período vespertino e da data de encerramento da implementação ter sido estendida
pela SEED, a produtividade não foi prejudicada e não foi necessário excluir
atividades ou realizá-las às pressas, apenas para cumprir com o cronograma.
A não realização de uma atividade programada – a saída de campo para a
Caverna Olhos D' Água – deveu-se às condições climáticas desfavoráveis (chuvas
prolongadas) e o cuidado com a segurança dos alunos dentro da trilha subterrânea
nestas circunstâncias. A prática agendada para o primeiro sábado do mês de
novembro seria acompanhada por geógrafos do Grupo Universitário de Pesquisas
Espeleológicas (GUPE) e estavam inscritos alunos dos 1º e 2º anos do Ensino
Médio Integrado, alguns professores de diferentes áreas e três visitantes que
conheceram o projeto e gostariam de colaborar com conhecimentos aprendidos
quando policiais da Força Verde do Paraná.
Finalizando a avaliação do trabalho realizado, os valores pedagógico e
didático da geodiversidade ficaram evidenciados pela receptividade do projeto pela
maioria dos alunos. Houve interesse em realizar as atividades propostas, em levar
material para as aulas, mostrar fotos de locais do município visitados, em
compartilhar dúvidas e curiosidades sobre temas da Geografia que fazem parte de
suas vidas e não são somente um conteúdo para ser memorizado.
REFERÊNCIAS
CARNEIRO, Celso Dal Ré; TOLEDO, Maria Cristina Motta de; ALMEIDA, Fernando Flávio
Marques de. Dez motivos para a inclusão de temas de geologia na Educação Básica.
Revista Brasileira de Geociências, 34(4), dez. 2004, p. 553-560.
SARACENI, Vinícius; FURLAN, Sueli Angelo. Atlas Ambiental: Castro, Paraná, Brasil. São
Paulo: Geodinâmica, 2011.
TOMITA, Luzia Mitiko Saito. Ensino de Geografia: aprendizagem significativa por meio de
mapas conceituais. 2009. Tese de Doutorado em Geografia Física, USP.