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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED
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Índice
Introdução.....................................................................................................................1
Objectivos.....................................................................................................................2
Objectivo geral..............................................................................................................2
Objectivos específicos..................................................................................................2
Metodologia..................................................................................................................2
Factores sociais..........................................................................................................11
Factores académicos..................................................................................................12
Conclusão...................................................................................................................14
Referências Bibliográficas..........................................................................................15
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Introdução
A primeira vista pode parecer estranho buscar construir articulações entre três
campos de discussão aparentemente distantes ou pelo menos ainda não pensados
em suas convergências. Mas estranho mesmo é a ausência de debates em torno
dessa articulação que me parece um tanto quanto evidente, pois quando penso o
ensino de Geografia, sobretudo no nível Médio, acredito que estamos diante de um
tempo-espaço escolar privilegiadamente juvenil, portanto, as juventudes, assim
mesmo no plural, poderiam fazer parte das reflexões sobre ensino.
Para construir essa articulação, penso um texto dividido em três partes básicas:
num primeiro momento falo da história da Geografia Cultura, apresentando aquela
tendência, dentre as muitas presentes hoje nesse campo, com a qual tenho mais
dialogo e que me permite situar a proposição de uma Geografia das Juventudes,
num contexto teórico mais amplo. Num segundo momento, apresento uma reflexão
sobre juventudes, seus processos de construção de grupos culturais, de territórios e
suas vivências do espaço urbano.
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Objectivos
Os objectivos indicam o que se pretende alcançar com a realização da pesquisa, os
resultados e a contribuição que poderá proporcionar.
Geral Segundo Gonçalves (2011:12), refere que, ‘’ Expressa de uma forma global,
o propósito ou a finalidade da pesquisa’’. Sendo que para o presente projecto, foi
determinado o seguinte objectivo:
Objectivo geral
Compreender as origens da geografia cultural
Objectivos específicos
Definir a geografia cultural
Explicar o enquadramento da GC no contexto das subdivisõesda Geografia.
Metodologia
A metodologia usada para este projecto foi a consulta e a colecta de dados, leitura
de referências bibliográficas, pois trata-se de uma abordagem cientifica, sendo
assim, constam algumas citacões.
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Evolução histórica da Geografia Cultural no Mundo e em Moçambique
Mas, dada a necessidade de continuar dentro dos objetivos traçados, deixo apenas
uma consideração provocativa de Mikesell (2000), na qual questiona se o que Sauer
fazia e chamava de Geografia Cultural poderia ser assim definido hoje, diante das
novas perspectivas... Isso não significa que esses geógrafos clássicos não tivessem
preocupações e mesmo conceitos próprios de cultura. E essa é uma questão que
quero explorar aqui: o que há de comum entre esses autores em termos do conceito
de cultura, que os fazem mais que pertencer a um mesmo período histórico,
compartilhar o mesmo rótulo de Geografia Cultural Tradicional? Questão perigosa
que pode conduzir aos riscos e às injustiças de uma generalização. Sigo por esse
caminho embasado por outros que já o trilharam, visto que voltar aos clássicos
demandaria toda uma outra pesquisa.
De toda forma, essa visão geral sobre o período auxilia a melhor compreender as
tendências que se apresentam hoje e permite construir um porto seguro como
posição a partir da qual penso ser possível ancorar a aproximação entre Geografia
Cultura e os estudos sobre Juventudes.
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interessa descrever e explicar” (CLAVAL, 1999a, p. 35). A cultura assim entendida
remetia ao conjunto de utensílios, técnicas, hábitos, costumes, padrões de
habitação e produção que permitiriam aos grupos humanos, vistos como
independentes uns dos outros, construírem uma paisagem cultural única (para
Sauer, a construção da paisagem, ao longo do tempo, era o objeto da Geografia;
para La Blache, a paisagem cultural era o critério de delimitação da região).
Nessa concepção, a cultura, como um modo de vida global, não era um conceito
problemático, mas uma totalidade imutável, transmitida como herança irrecusável
para as novas gerações que, pela imitação, construiriam hábitos e por eles
internalizariam os valores do conjunto do corpo social (COSGROVE, 1998). Essa
abordagem é identificada como “visão supraorgânica da cultura”, segundo a qual ela
– a cultura – estaria acima dos homens e mulheres reais e teria leis próprias de
funcionamento. Os indivíduos seriam agentes que cumprem tarefas determinadas
por uma força transcendental. O comportamento concreto seria explicado, então,
pela cultura, que os determina (DUNCAN, 2002).
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Trata-se de uma incorporação a-crítica de um “determinismo cultural” que teve vida
curta no campo da própria Antropologia. Nesta perspectiva, as áreas culturais
delimitadas e as paisagens culturais descritas pelos geógrafos de Berkeley são
espaços em que há uma homogeneidade interna ao grupo, o que permite falar em
cultura unificada, mesmo na escala do Estado-Nação. As mudanças culturais eram
pouco freqüentes e, quando ocorriam, só poderiam vir de fora, daí a grande
popularidade do fenômeno da difusão como explicação da mudança (DUNCAN,
2002).
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A impressão que se tem é que num novo contexto histórico e acadêmico, a
Geografia Cultural não teria mais espaço. Destituída de objeto de pesquisa e sem
instrumentos para construir novos, ela tenderia a desaparecer. Mas, alguns fatores
externos, assim como apontaram seus limites, também foram importantes para
estimular sua renovação. Estes fatores derivam de mudanças em dois contextos.
Para Hall (1997) cultura hoje se define como um campo de lutas em torno do
significado. A cultura não pode mais ser vista como um conjunto homogêneo de
hábitos, costumes, utensílios e tradições de um povo, transmitida de geração em
geração, como foi, durante muito tempo, pensada no seio da Geografia Cultural
Tradicional”.
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separação base-superestrutura do marxismo ortodoxo). A chamada “virada cultural”
fez emergir “... uma abordagem da análise social contemporânea, que passou a ver
a cultura como uma condição constitutiva da vida social, ao invés de uma variável
dependente, provocando, assim, nos últimos anos, uma mudança de paradigma nas
ciências sociais e nas humanidades...” (HALL, 1997, p. 27).
Não há significados hegemônicos que não possam ser contestados, nesse sentido
que a cultura é um campo de lutas em torno do significado, pois descobriu-se que
eles não são fixos, mas fixados por discursos que se realizam dentro de relações de
poder. Ampliando-se estas idéias para a vida social como um todo, é possível
argumentar que os processos econômicos, políticos e sociais são também práticas
discursivas e culturais, pois dependem de sistemas de significação. Assim, todas as
práticas sociais, na medida em que demandam justificação, que possa lhes atribuir
sentido, têm uma dimensão cultural (HALL, 1997).
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atenção é concentrada na maneira como os símbolos, rituais, comportamento e
práticas sociais do dia-a-dia resultam num compartilhado conjunto ou conjuntos de
significados que em maior ou menor grau são específicos em termos de lugar.
Portanto, temos que uma perspectiva geográfica tornou-se central para o projeto de
estudos culturais de forma mais ampla na conexão entre identidade, significado e
lugar. Para tanto, os/as geógrafos/as estão se voltando para novos métodos, como
as “abordagens qualitativas detalhadas”, os depoimentos orais, capazes de
desvendar os efeitos das tendências globais na “estrutura de sentimento locais” e
nos “múltiplos sentidos de lugar inscrito nos habitantes” (MCDOWELL, 1996).
Nesse contexto, é preciso chamar a atenção para o fato de que esse é um projeto
compartilhado com o campo mais amplo dos Estudos Culturais3 . Este campo, ao
colocar questões espaciais no centro de suas preocupações, tem mostrado uma
abertura ao diálogo com a Geografia que, por sua vez, há mais tempo já é aberta
em direção aos Estudos Culturais (MATTELART, NEVEU, 20014 ).
As motivações que vêm dos Estudos Culturais fazem com que alguns/as
geógrafos/as culturais se voltem para novas teorizações que refletem sobre as
formas de resistência de grupos subordinados; sobre uma “vasta gama de
subculturas populares, interpretando seus significados contemporâneos em termos
dos contextos materiais específicos”. (COSGROVE e JACKSON, 2000, p. 25).
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Kulturlandschaft. As paisagens constituíam o seu exclusivo objecto de estudo,
considerando-as unidades espaciais definidas em termos formais, funcionais e
genéticos.
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De acordo com Sarmento (2012), o estímulo dos fundamentos da geografia cultural
provém das formas como se constroem, contestam e negociam os significados e
interpretações sociais do espaço e como estes são mesclados e deslaçados em
torno das noções de cultura, lugar e paisagem.
Harvey defende que por mais místicas e abstractas que possam ser as
representações da paisagem de determinados lugares, seus significados devem ser
procurados num conjunto de relações sociais que podem ser delineadas.
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grupos humanos, vistos como independentes uns dos outros, construírem uma
paisagem cultural única (para Sauer, a construção da paisagem ao longo do tempo,
era o objecto da Geografia, para LaBlache, a paisagem cultural era o critério de
delimitação da região).
Alguns geógrafos da Escola de Berkeley defendiam uma geografia cultural que não
se ocupasse da dinâmica interna da cultura, mas daquilo que se materializa na
paisagem. Nesse contexto, a cultura seria um conceito operacional e não analítico,
por meio do qual se delimitariam áreas culturais, tendo como critério a paisagem
construída por ela.
Neto (2013) afirma que, a geografia cultural registou um declínio a partir dos anos
de 1960, devido ao progresso técnico e sua difusão que levou a uma
homogeneização dos instrumentos, formas de produção, habitação, cidades, enfim,
uma homogeneização dos aspectos materiais da cultura que, ainda que não seja
total, nem difundida equitativamente por todas as partes do globo, abalou os
fundamentos de uma geografia cultural que buscava distinguir áreas geográficas e
culturas a partir desses elementos.
Factores sociais
Aparecimento de novas formas de afirmação dos grupos submetidos a
processos homogeneizantes;
A experiência urbana que coloca não o fim do cultural, mas sua
transformação;
A cultura de massas ao invés de homogeneizar, produziu uma fragmentação
no social nunca antes vista;
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Novos movimentos sociais vêm a público reivindicando o direito à diferença,
contestando velhos valores culturais, no que se popularizou como política de
identidade.
Factores académicos
Uma nova reflexão epistemológica chamada pósmoderna ou virada cultural,
recolocou a questão cultural no centro das preocupações das ciências sociais e
humanas, ao mesmo tempo que se tornaram mais ténues as fronteiras entre as
ciências, permitindo maior flexibilidade teórica e metodológica.
A virada cultural fez emergir uma abordagem da análise social contemporânea, que
passou a ver a cultura como uma condição constitutiva da vida social. Cultura,
emerge assim como um conceito dinâmico, que procura abarcar a complexidade do
mundo contemporâneo e sua multiplicidade de contactos, conflitos e disputas pela
definição dos sentidos que devem ser atribuídos às coisas.
Esta virada cultural, teve seu início com uma revolução das atitudes em relação á
linguagem, também conhecida por virada linguística. Um dos desafios que unem os
geógrafos culturais contemporâneos é desvendar a relação entre forças globais e
particularidade local, na conexão entre identidade, significado e lugar.
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comunidade popular, envolvendo um complexo imaterial de simbolismo e sentidos
locais comunitários e tradicionais populares.
Para Leal e Leal (2012), o que qualifica o património imaterial não é tando a sua
imaterialidade, por oposição ao que seria o património cultural material, mas sim o
conjunto de propriedades de uma culturalidade e aquilo que dela deriva.
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Conclusão
Diante do exposto, é possível situar a reflexão apresentada na dupla convergência
entre uma revalorização e reconceituação da Cultura nas Ciências Sociais e
Humanas e no amplo campo dos Estudos Culturais, que adentra na Geografia; e
uma revalorização do espaço também nesses campos de estudo, por uma busca de
aproximação com a Geografia Cultural. Dessa convergência, a proposta de
McDowell em encontrar as interconexões entre referências globais e identidade
local se coloca como possibilidade de abertura da Geografia Cultural ao estudo das
juventudes, os atores sociais em que essas conexões são mais explícitas e
difundidas.
A partir de então, entendo que a Geografia tem muito a contribuir com o debate, já
bastante antigo em outras Ciências Sociais, sobre as culturas juvenis, sobretudo
pela consideração das seguintes questões: os conceitos de lugar e território; o jogo
de escalas entre o lugar e o mundo na compreensão da produção localizada de
identidades culturais e significados; e a discussão teórica da relação entre
transformações no espaço urbano e reconstrução de sociabilidades, ou a produção
da multiterritorialidade de que fala Haesbaert (2004).
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Referências Bibliográficas
BERNET, J. T. Ciudades educadores: bases conceptuales. In: ZAINKO, M. A. S. et
al (org.). Cidades educadoras. Curitiba: Ed. da UFPR, 1997. p. 13 – 34.
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