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Flora Fernando

O valor informativo da geografia: capacidades e competências geográficos.

Licenciatura em Ensino de Geografia com Habilitações a Historia

Docente: MSc, Marcelino R. Jose

UNIVERSIDADE PÚNGUÈ

Chimoio, Abril 2023


Índic

e
Capítulo I. Introdução................................................................................................................2

1.0 Contextualização..................................................................................................................2

1.2 Objectivos............................................................................................................................2

1.2.1 Geral..................................................................................................................................2

1.2.2 Específicos........................................................................................................................2

Capítulo II. Revisão literária......................................................................................................3

2.1 O valor informativo da geografia.........................................................................................3

2.2 Competências e capacidades específicas para a geografia...................................................4

2.2.1 Primeira competência: compreender o espaço geográfico a partir das múltiplas


interações entre sociedade e natureza........................................................................................4

2.2.2 Segunda competência: compreender os fenômenos locais, regionais e mundiais


expressos por suas territorialidades, considerando as dimensões de espaço e tempo................5

2.2.3 Terceira competência: operar com os conceitos básicos da geografia para análise e
representação do espaço em suas múltiplas escalas...................................................................6

2.2.4 Quarta competência: articular conceitos geográficos.......................................................6

2.2.5 Quinta competência: domínio de linguagens geográfica..................................................6

2.2.6 Sexta competência: estimular o desenvolvimento do espírito crítico...............................7

III. Conclusão.............................................................................................................................8

IV. Referências bibliográficas....................................................................................................9

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Capítulo I. Introdução

1.0 Contextualização
O presente trabalho ira abordar a cerca do valor informativo da geografia, capacidades e
competências geográficos. Citar que o valor informativo da Geografia realiza o seu papel
social “enquanto conhecimento que ajuda a construir uma compreensão significativa da
realidade, compreensão, por sua vez, necessária para o questionamento e para atuação mais
autônoma nessa realidade” (CAVALCANTI, 2011, p. 195). Mas reconhecemos em muitos
momentos o comprometimento dessas metas devido aos limites dos paradigmas consolidados
ao longo da história da disciplina. Desta forma, buscamos a direção de “novos modelos ou
matrizes de pensamento consideradas fecundas para orientar a Geografia, teórica e
metodologicamente” (p.194).

Portanto, esperamos que a reflexão proposta coopere na direção de uma “geografia das
existências” (SILVA, 2014) que valoriza a autonomia e autoria do pensamento, e a
diversidade de formas de existência pelos sujeitos.

1.2 Objectivos

1.2.1 Geral
 Estudar o valor informativo da Geografia, capacidades e competências geográficos.

1.2.2 Específicos
 Falar o valor informativo da Geografia;
 Mencionar as capacidades e competências geográficos;
 Descrever cada competência e capacidades específicas para a geografia

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Capítulo II. Revisão literária

2.1 O valor informativo da geografia


De acordo com Pinsky e Pinsky (2008), hoje em dia, é preciso que o ensino da Geografia
seja revalorizado e para isso acontecer: os professores dessa disciplina conscientizem-se de
sua responsabilidade social perante os alunos, preocupando-se em ajudá-los a compreender e
– esperamos – a melhorar o mundo em que vivem.

Para isso, é bom não confundir informação com educação. Para informar aí estão, bem à mão,
jornais e revistas, a televisão, o cinema e a internet. Sem dúvida que a informação chega pela
mídia, mas só se transforma em conhecimento quando devidamente organizada. E confundir
informação com conhecimento tem sido um dos grandes problemas de nossa educação...
Exatamente porque a informação chega aos borbotões, por todos os sentidos, é que se torna
mais importante o papel do professor. (p. 22).

Para Muñoz (2003, p. 303) a Geografia tem a função de informar e abrange toda a
informação que existe sobre eventos e processos históricos ocorridos no passado. Além disso,
abarca as técnicas de trabalho e de investigação que permitem operar com essa informação.
Para o autor, a construção das informações podem surgir consoante três níveis:

 No nível básico, os conceitos e conteúdos geográficos são assimilados e/ou


compreendidos nos seus aspetos fundamentais constitutivos e organizativos e são a
base de uma construção significativa das aprendizagens;
 No segundo nível, ocorrem as operações mentais de “compreender para conhecer”
que implicam o domínio e a utilização correta de técnicas de trabalho e de
investigação intelectual que possam operar com a informação assimilada;
 No último nível, a Geografia permite ensinar a pensar e a aprender autonomamente, o
que envolve não só o trabalho mental dos conteúdos geográfico, mas também “el
desarrollo de procesos de pensamiento y de patrones motivacionales através de
programas de aprendizagens”.

A Geografia potencia o desenvolvimento de competências consideradas importantes no


mundo atual que, para Howson (2009), são: “a capacidade de refletir sobre o conhecimento,
analisando a informação e respeitando as evidências, a capacidade de reconhecer e valorizar
argumentos bem fundamentados, o desprezo pela mera polémica e a procura de
contextualização”, procurando compreender a intenção de cada discurso ou ato.

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Proença (1992) salienta que No ensino da Geografia, pelo seu objectivo próprio, lidamos com
situações geográficas e humanas em toda a complexidade, e, como tal, implicando tomadas
de decisão, motivações diversas, diferentes valores, formas de organização económica, social
e política, revoluções… em suma, todo um material específico que, além da descrição,
necessita de explicação, mas que, sobretudo, permite o debate, a troca de opiniões, a reflexão
crítica. (pp. 91-92).

Neste sentido, Noémia Félix (1998) acrescenta que as finalidades do ensino de Geografia de
Portugal são:

 Compreender e explicar o mundo em que vivem através do passado;


 Explicar o presente;
 Manter a memória coletiva, através do conhecimento das origens e fundamentos da
vida coletiva;
 Desenvolver a dimensão temporal do Homem, através dos conceitos de mudança e
permanência;
 Adquirir procedimentos (como tratamento de informação, investigação, etc.),
 Valores (tolerância, solidariedade, etc.) e atitudes;
 Compreender o que se passa a nível internacional;
 Aprender a eliminar estereótipos e pré-juízos;
 Fomentar a abertura a uma História multicultural;
 Desenvolver atitudes positivas de âmbito ambiental.

2.2 Competências e capacidades específicas para a geografia


São seis as competências específicas propostas para o valor informativo de Geografia no
Ensino, dessas, quatro são postas como capacidade; uma, como domínio, e outra, como
estímulo. As competências gerais, mais diversificadas, são postas como articulação,
reconhecimento, análise, observação, verificação, identificação, compreensão e capacidade.

2.2.1 Primeira competência: compreender o espaço geográfico a partir das múltiplas


interações entre sociedade e natureza.
A análise dessa competência sugere, em primeiro lugar, compreender o conceito de espaço
geográfico, como imprescindível, à compreensão da organização sócio espacial das
atividades humanas na natureza e intimamente ligado aos demais conceitos inerentes a
análise geográfica. Em segundo lugar, compreender que a análise das múltiplas interações

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entre sociedade e natureza se torna possível graças à contribuição de outras áreas do
conhecimento, como a Cartografia, que fornece aporte teórico-prático para a orientação,
identificação, localização e delimitação da porção do espaço a ser estudado.

Desse modo, a análise e a compreensão do espaço geográfico e de sua dinâmica como uma
competência a ser proporcionada pelo ensino da Geografia requer leitura crítica das relações
sociais que se desenvolvem nos múltiplos espaços que o compõe. Essa leitura por sua vez
exige o domínio de um conjunto de conhecimentos capaz de operacionalizar as diferentes
variáveis socio ambientais que atuam conjuntamente num mesmo espaço.

Acreditamos que as competências a serem construídas nesse contexto estão mais ligadas à
Cartografia, principalmente pela utilização dos conceitos de localização e de orientação.
Esses conceitos são ao mesmo tempo, identificadores e conectores do espaço. A cartografia,
como definida em 1964, pela Associação Cartográfica Internacional (ACI), é apontada por
Oliveira (1988, p. 13).

2.2.2 Segunda competência: compreender os fenômenos locais, regionais e mundiais


expressos por suas territorialidades, considerando as dimensões de espaço e tempo.
A questão inicial que embasa a proposição desta competência como capacidade de
compreensão de fenômenos geográficos, envolve as definições de fenômenos geográficos,
escalas geográficas e territorialidades. O que se espera dessa competência é que a partir desse
domínio conceitual seja possibilitada sua utilização no campo teórico-prático, isto é, que seja
capaz de fornecer condições para uma leitura consciente dos acontecimentos que ocorrem no
espaço geográfico.

De acordo com Haesbaert (2012, p. 102), “falar em escalas espaços-temporais implica


reconhecer a análise conjunta e indissociável entre as dimensões espacial geográfica e
temporal/histórica da realidade”. Esse autor chama atenção para a necessidade de diferenciar
o conceito de escala cartográfica do conceito de escala geográfica.

A formação dessa capacidade, além dos conhecimentos fornecidos por outras áreas do
conhecimento que integram direta ou indiretamente o campo de estudo da geografia requer
conhecimentos relacionados à pesquisa científica.

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2.2.3 Terceira competência: operar com os conceitos básicos da geografia para análise e
representação do espaço em suas múltiplas escalas
Essa competência implica a formação de habilidades específicas para a elaboração de
conhecimentos que permitam realizar uma leitura do espaço geográfico a partir das relações
sociais que nele ocorrem. Entendemos que essa leitura requer a compreensão das relações
sociais originadas pelo processo de produção de subsistência e de produção de mercadorias. É
a partir desses processos que se torna possível compreender as relações sociais e de trabalho
como derivadas da historicidade criadora e transformadora do espaço geográfico.

Nessa perspectiva o estudo do lugar pode fornecer leituras diversas. Contudo, compreender a
diversidade do lugar, detentora de características e de possibilidades de estudo deve ser o
ponto de partida para a formação dessa competência. Isso implica certo domínio do campo
teórico-metodológico e de suas diferentes abordagens geográficas, o que deve possibilitar a
operacionalização de diferentes variáveis conceituais necessárias para a produção do
conhecimento. Outra possibilidade de análise do espaço geográfico está associada à
capacidade de estudar e apreender a paisagem em suas formas e perspectivas (1968 apud
Guerra; Marçal, 2006, p. 97).

2.2.4 Quarta competência: articular conceitos geográficos


Esta competência se propõe à formação da capacidade de articular os conceitos básicos da
Geografia tendo em vista as manifestações dos fenômenos naturais e humanos e de sua
abrangência no contexto em que acontecem no espaço geográfico.

Silva (2004) faz importantes considerações a respeito do espaço-tempo como categorias que,
simultaneamente agem sobre o mesmo espaço produzindo formas e relações humanas e,
sociais, e ao mesmo tempo, aprisionado marcas (momentos históricos) que, funcionam como
caracterização de uma época. Desse modo, conclui-se que a capacidade de articulação dos
conceitos geográficos como competência a ser construída pela geografia requer o domínio
conceitual dos elementos estruturadores da ciência geográfica.

2.2.5 Quinta competência: domínio de linguagens geográfica


É sabido que o sistema de comunicação utiliza-se de um conjunto de linguagens classificadas
como linguagem escrita, verbal e, não-verbal. A Geografia também se utiliza desse mesmo
conjunto de linguagens nas suas comunicações.

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O mapa de acordo com Almeida; Passini (2006, p. 15), “é uma representação codificada de
um determinado espaço real. A informação é transmitida por meio de uma linguagem
cartográfica que se utiliza de três elementos básicos: sistema de signos, redução e projeção.

Conclui-se que o domínio das linguagens próprias à análise geográfica como competência
dar-se-á pela aquisição das diferentes formas de leitura e representação dos fenômenos
físicos, sociais e humanos inscritos nesse universo e representados sob a tipologia dos mapas,
com seus ícones representativos, como as legendas e as convenções cartográficas; as
pirâmides, os quadros, as tabelas e os gráficos que possibilitam leitura geral ou específica em
cada situação.

2.2.6 Sexta competência: estimular o desenvolvimento do espírito crítico


Inicialmente é pertinente ingadar: como as condições para a formação do pensamento crítico
do aluno são possibilitadas, pela escola e pelo professor?

Para a formação do espírito crítico, reflexivo, indagativo, a priori é preciso vencer, o que
Bachelard (1996) chama de “obstaculos epistemológicos.” O primeiro obstáculo apontado
pelo autor é a opinião. Segundo ele, “não se pode basear nada na opinião: antes de tudo, é
preciso destruí-la” (p. 18). Aponta, também, o conhecimento geral como outro obstáculo ao
conhecimento científico.

Essa perspectiva se apresenta de muita importância para pensar a estimulação do educando


para a formação do espírito crítico. Não se pode negar que o cotidiano se apresenta povoado
de informações, que na maioria das vezes, pela rapidez com que são veiculadas, pouco ou
nada contribuem para o exercício da criticidade.

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III. Conclusão

Chegado ao fim do presente trabalho conclui-se que o valor informativo da Geografia realiza
o seu papel social “enquanto conhecimento que ajuda a construir uma compreensão
significativa da realidade, compreensão, por sua vez, necessária para o questionamento e para
atuação mais autônoma nessa realidade. Análise do conjunto de capacidades e competências
a serem desenvolvidas no âmbito do valor informativo da geografia, não demonstrou de
forma clara, relação com a preparação para o trabalho. Essa análise permite entender a
necessidade de repensar nas capacidades e competências geográficas na educação básica,
sobretudo, no ensino e aprendizagem, que além de suas características que podem incorporar
as fragilidades do ensino fundamental. Na perspectiva da informação de competências e
capacidades básicas para o trabalho, sugere-se envidar esforços para eliminar as
características generalizantes com as quais o ensino da geografia.

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IV. Referências bibliográficas

1. CAVALVANTI, Lana de Souza. A Geografia escolar e a cidade: ensaios sobre o


ensino de geografia para a vida urbana cotidiana. Campinas: Papirus, 2008
2. Geografia, Ensino & Pesquisa, Vol. 21 (2017), n.3, p. 75-86 ISSN: 2236-4994 DOI:
10.5902/2236499424948
3. Representações sociais, for- mação de professores e alunos: pesquisa, conceitos,
interpretações. In: ALMEIDA SILVA, Adnilson; NASCIMENTO SILVA, Maria das
Graças Nascimento Silva; SILVA, Ricar- do Gilson da Costa. (Orgs.). Colonização,
Território e Meio Ambiente em Rondônia: Reflexões geográficas. Curitiba: SK
Editora; Porto Velho.
4. BOTELHO, José Maria Leite. Geografia, formação de competências e habilidades
para o trabalho: um estudo a partir da LDB e de outros documentos oficiais para o
ensino médio. (Doutorado em Educação). Assunção, Paraguai, 2015. 184f.
5. PERRENOUD, Philippe. Construir as competências desde a escola. Trad. Bruno
Charles Magne. Porto Alegre: Artmed, 1999.
6. ROCHA, Yuri Tavares. Teoria Geográfica da paisagem na análise de fragmentos de
paisagens urbanas de Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Revista Formação, n.15
volume 1 – p.19-35
7. ZABALA, Antoni; ARNAU, Laia. Como aprender e ensinar competências. Trad.
Carlos Henrique Lucas Lima. Porto Ale- gre: Artmed, 2010.
8. Bravo, M. (2010). Do pré-escolar ao 1.º Ciclo do ensino básico: Construindo práticas
de articulação curricular. Dissertação de Mestrado em Estudos da Criança. Minho:
Universidade do Minho.
9. Antunes, M. C. P. (2001). Teoria e prática pedagógica: rutura e ensaios de
recontextualização da educação à luz do projecto rortyano da cultura poetizada.
Lisboa: Instituto Piaget.

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