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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

EXTENSÃO DE NACALA-PORTO

Anifa Ismail Mitha Kalu

SISTEMAS ELEITORAIS
E PARTIDOS POLITICOS

Nacala-Porto, 2024
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
EXTENSÃO DE NACALA-PORTO

Anifa Ismail Mitha Kalu

SISTEMAS ELEITORAIS
E PARTIDOS POLITICOS

Trabalho de caracter avaliativo, pertencente a Direito


Constitucional, curso de licenciatura em Direito, 2º ano, I semestre,
regime pós-laboral, leccionada pelo Docente: Cadria Abudo.

Nacala-Porto, 2024
Índice
Introdução ......................................................................................................................................................4

Capitulo I: Eleições e Sistemas Eleitorais ......................................................................................................5

1.1 Observação Inicial ........................................................................................................................5

1.2 Sistema eleitoral em sentido amplo e restrito ............................................................................5

1.3 Classificação dos sistemas eleitorais ...........................................................................................6

1.3.1 Princípios de representação: por maioria e representação proporcional ...........................7

Capitulo 2: Sufrágio Universal e Tipos de Sufrágios .....................................................................................7

2.1 Tipos de Sufrágio .................................................................................................................................8

2.2 Sufrágio em Moçambique ....................................................................................................................9

Capitulo 3: Partidos políticos .........................................................................................................................9

3.1 Generalidades .......................................................................................................................................9

3.2 Partidos Políticos e o Pluralismo em Moçambique ............................................................................10

Conclusão .....................................................................................................................................................11

Referencias Bibliográficas ...........................................................................................................................12


Introdução
Neste trabalho, será abordada a temática das eleições e sistemas eleitorais, com foco nos
contextos políticos e sociais de Moçambique. O objetivo geral é analisar os sistemas eleitorais na
estruturação do sistema político moçambicano, considerando os diferentes tipos de sufrágio e
partidos políticos.

Objectivos Específicos

Analisar os sistemas eleitorais em sentido amplo e restrito, destacando suas características e


impactos no processo democrático.

Classificar e comparar os diferentes tipos de sistemas eleitorais, com ênfase nos sistemas de
maioria e de representação proporcional.

Investigar o conceito e a importância do sufrágio universal, bem como os tipos de sufrágios


existentes e sua aplicação em Moçambique.

Metodologia: A pesquisa será conduzida por meio de uma abordagem qualitativa, com revisão
bibliográfica de fontes académicas e documentos oficiais, além de análise de dados estatísticos
relacionados às eleições em Moçambique.

Estrutura do Trabalho: O trabalho está dividido em três capítulos principais. No Capítulo I,


será abordado o tema das Eleições e Sistemas Eleitorais, com enfoque na observação inicial,
sistemas eleitorais em sentido amplo e restrito, classificação dos sistemas eleitorais e suas
implicações para Moçambique. No Capítulo II, será explorado o conceito de Sufrágio Universal e
os Tipos de Sufrágios existentes, com análise das modalidades de participação político-eleitoral,
a importância do sufrágio universal e sua aplicação em Moçambique. Por fim, no Capítulo III,
será discutido o papel dos Partidos Políticos no contexto moçambicano, incluindo suas
generalidades, o pluralismo político em Moçambique, os principais partidos atuantes e sua
influência no sistema político do país.

4
Capitulo I: Eleições e Sistemas Eleitorais
1.1 Observação Inicial

A eleição é “um dispositivo para preencher um cargo ou posto através de


escolhas feitas por um corpo designado de pessoas: o eleitorado” (Heywood 2002, 422).1 “No
fundo, as eleições são o mecanismo através do qual o povo soberano legitima o exercício do
poder legislativo, e directa, ou indirectamente, do poder executivo para um tempo determinado”
(Universidade Católica de Angola, Faculdade de Direito 2002).

Portanto, pode se perceber nestas duas definições que as eleições constituem mecanismos de
delegação do poder, delegação essa, que é o acto pelo qual “uma pessoa dá poder, como se diz, a
outra pessoa, a transferência de poder pela qual um mandante autoriza um mandatário a assinar
em seu lugar, a agir em seu lugar, a falar em seu lugar, pela qual lhe dá uma procuração […]”
(Bourdieu 1987, 185).2

Na concepção de Bourdieu, pode se perceber que o mandatário, o delegado ou o eleito age em


representação do mandante, do delegante ou do eleitor respectivamente, o que significa que na
impossibilidade de todo o povo governar, surge a alternativa de se eleger representantes do povo,
a chamada democracia representativa. Esta, numa concepção marxista serviria apenas para
camuflar a tomada do poder por certas classes sociais, concretamente a classe burguesa, ou seja,
as eleições são o mecanismo através do qual se permite aos oprimidos manter ou alterar os
opressores. É esta última concepção das eleições que mais se adequa para compreender o papel
das eleições em Moçambique.

1.2 Sistema eleitoral em sentido amplo e restrito

Em sentido amplo, o sistema eleitoral diz respeito “conjunto de normas jurídico-positivas e


consuetudinárias que regulam a eleição de representantes do povo” (CNE, 2000). Ou seja, em
sentido amplo, o sistema eleitoral diz respeito a todos os normativos que regulam os processos
eleitorais: a marcação das eleições; o processo de apresentação de candidatos; as regras que
regulam as campanhas eleitorais e a divulgação de sondagens eleitorais durante as mesmas; as
1
HEYWOOD, Andrew. 2002. Politics. 2nded. New York: Palgrave Macmillan. Citado por Julião Calado Notico
Alar: https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/politica/o-papel-das-eleicoes-mocambique.htm
2
BOURDIEU, Pierre. 1987. “La délégation et le fétichisme politique.” In Choses dites, 185–202. Paris: Minuit.
Citado por Idem…
5
normas definem a capacidade eleitoral activa (direito de voto) e passiva (direito de ser eleito); as
leis que definem o caracter obrigatório ou facultativo de voto; todas as normas que regulam a
transformação de votos em mandatos, etc. (Farrell, 1997: 3).

Em sentido restrito, o sistema eleitoral diz respeito ao conjunto de normas que regulam a
transformação de votos em mandatos nos processos de eleição de representantes para cargos
políticos.

Nesta definição mais restrita incluem-se as seguintes questões:3

 Sistemas de representação: por maioria ou proporcional;


 Fórmulas de conversão de votos em mandatos;
 Desenho e dimensão dos círculos eleitorais, bem como as manipulações e distorções
ligadas ao desenho dos círculos (gerrymandering) e a sua correspondência com o número
de eleitores (representação desigual: mallapportionment);
 Existência ou inexistência de cláusulas barreiras legais;
 Tipos de sufrágio;
 Dimensão do órgão a eleger: números representantes;
 Influencia dos sistemas presidenciais no formato e dinâmica partidária ao nível dos órgãos
legislativos;
 Forma de preenchimento (ou não preenchimento) das vagas nos mandatos;
 Analise integrada de todos os elementos dos sistemas eleitorais anteriormente referidos e
da sua influência no formato e dinâmica dos sistemas partidários, bem como no
funcionamento geral do sistema politico.
1.3 Classificação dos sistemas eleitorais

Geralmente, faz-se uma diferenciação entre sistemas de maioria e os de representação


proporcional. Os sistemas constituídos por elementos de ambos os sistemas denominam-se mistos
ou combinados, mas geralmente eles assimilam um dos dois tipos básicos.4

3
LOPES, Fernando Farelo; FREIRE André. Partidos Políticos e Sistemas Eleitorais CELTA EDITORA. 2002.
4
Prof. Dr. Adérito Correia, Sistemas e Processos Eleitorais: Funções, implicações e experiencias, Colectânea de
Textos. Universidade Católica de Angola. Luanda, Novembro de 2001.
6
1.3.1 Princípios de representação: por maioria e representação proporcional

Os sistemas eleitorais dividem-se em dois tipos, de acordo com o princípio de representação, ou


seja, a relação pretendida entre votos e assentos parlamentares. Se o objectivo for o de criar uma
maioria parlamentar para um ou um número limitado de partidos, temos uma representação por
maioria. Neste caso, os resultados eleitorais podem conduzir a uma maior ou menor desproporção
entre votos e assentos parlamentares.

No outro caso, o objectivo será o de reflectir, com a maior fidelidade possível, a relação de forças
sociais e políticas existentes, ou seja, garantir uma relação aproximadamente proporcional entre
votos e assentos. Isto não significa que todos os sistemas de representação proporcional ou de
maioria tenham efeitos teóricos idênticos.

Antes pelo contrário, eles posicionam-se numa escala algures entre um sistema altamente
desproporcional ou de maioria e um sistema proporcional puro. O posicionamento de um dado
sistema nesta escala depende do grau de cumprimento do seu princípio de representação. Alguns
fazem-no melhor que outros. Isto, por sua vez, depende da combinação de elementos técnicos dos
respectivos sistemas eleitorais.

Capitulo 2: Sufrágio Universal e Tipos de Sufrágios


"O sufrágio universal é a extensão plena dos direitos políticos a todos os cidadãos adultos de um
país, sem qualquer forma de restrição por factores como renda, escolaridade, género ou etnia.
Abrange o direito de escolher os representantes e de candidatar-se a cargos electivos. A
instituição do sufrágio universal significa que, em determinado país, não haverá requisitos
económicos, intelectuais, profissionais, sexistas ou étnicos para o exercício do direito ao voto."5

"A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) enfatiza que o sufrágio universal é um
direito humano básico. A ampliação da cidadania política é um vector de aperfeiçoamento das
democracias, crucial para que os Estados modernos equalizem os conflitos que se desenvolvem
no bojo do interesse público e aprimorem as políticas públicas e os serviços públicos que
oferecem à sociedade."

5
Cfr. REZENDE, Milka de Oliveira. "Sufrágio universal"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/sufragio-universal.htm. Acesso em 26 de março de 2024.
7
2.1 Tipos de Sufrágio
Os tipos de sufrágio podem ser categorizados de acordo com a modalidade da participação
político-eleitoral (directa ou indirecta) e com a amplitude do direito à participação política, que
pode ser conferido a todos ou pode ser limitado por requisitos e restrições, tais como etnia,
escolaridade, renda.6

Sufrágio directo: o sistema de votação é individual, cada eleitor escolhe os seus representantes e
todos os votos têm igual valor. Esse é o sistema de votação vigente em Moçambique.

Sufrágio indirecto: o sistema de votação é colegiado, cada colégio eleitoral escolhe os


representantes.

Sufrágio racial ou aristocrático: restrição dos direitos políticos por motivação étnica. O critério
de limitação está ancorado na origem da pessoa bem como em características biológicas. Alguns
autores incluem nessa categoria a proibição do voto feminino.

Sufrágio capacitário: restrição dos direitos políticos por motivação intelectual, determinada
conforme o grau de instrução. Em Moçambique os analfabetos podem votar.

Sufrágio censitário ou pecuniário: restrição dos direitos políticos por motivação económica,
vinculada ao pagamento de impostos e/ou à posse de terras.

O sufrágio feminino, isto é, o direito das mulheres ao voto e a concorrer a cargos eletivos, foi
conquistado a duras penas. O movimento sufragista, conhecido também como a primeira onda do
feminismo, surgiu na Inglaterra, no século XIX, e alcançou o mundo no século XX, modificando
o processo eleitoral e a paisagem política de muitos países. As mulheres começaram a reivindicar
o direito ao voto porque o fato de não terem direitos políticos impedia que elas conquistassem
direitos jurídicos e sociais. Elas não tinham direito ao divórcio, a ter propriedades em seu nome, à
educação formal.

6
Cfr. REZENDE, Milka de Oliveira. "Sufrágio universal"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/sufragio-universal.htm. Acesso em 26 de março de 2024.
8
2.2 Sufrágio em Moçambique
Em Moçambique as primeiras eleições multipartidárias ocorreram no período pós-colonial, em
1994, as eleições aconteciam no âmbito presidencial (art. 118 da CRM de 1990), parlamentar
(art.134 da CRM 1990) e a nível dos municípios.7

O sufrágio Universal esta previsto nos artigos 73 e 135 da Constituição de 2018 no seu número 1:
“O sufrágio Universal, directo, igual, secreto, pessoal e periódico constitui a regra geral de
designação do Presidente da Republica, dos deputados da Assembleia da Republica, dos
membros das assembleias províncias, dos governadores de Província, das assembleias distritais,
dos administradores do distrito, dos membros das assembleias autárquicas e dos presidentes dos
conselhos autárquicos ”8. "O voto é obrigatório para maiores de 18 anos".

Capitulo 3: Partidos políticos

3.1 Generalidades
O partido político é instituto recente no Direito Constitucional, e fenómeno que só ultimamente
tem solicitado a atenção dos constitucionalistas, como tema especial e relevante.
Definindo-o, a doutrina já aplainou as divergências iniciais na sua caracterização, e podemos
dizer, com Friedrich , que um partido político é um grupo de seres humanos que tem uma
organização estável com o objectivo de conseguir ou manter para seus líderes o controle de um
governo e com o objectivo ulterior de dar aos membros do partido, por intermédio de tal controle,
benefícios e vantagens ideais e materiais.9

Cabe dizer que os sistemas políticos podem ser de três tipos10:

– Os sistemas unipartidários: são aqueles em que somente um partido compõe o cenário político
da nação;

– Bipartidários: onde somente dois partidos políticos disputam o poder;


7
Cfr. Constituição da Republica, 1990.
8
Constituição da Republica de Moçambique, 2018.
9
Friedrich, Carl J. — Teoria y Realiãad de la Organización Constitucional Democrática, F .C .E ., México, 1946,
pg. 297. Citado por DE LIMA VIERA. Aberto, Partido políticos e sistemas eleitorais.
10
Equipe editorial de Conceito.de. (6 de Julho de 2016). Atualizado em 12 de Abril de 2021. Sistema eleitoral - O
que é, conceito e definição. Conceito.de. https://conceito.de/sistema-eleitoral
9
– E, por fim, os pluripartidários: esses são aqueles em que vários partidos políticos entram na
disputa pelo poder.

Nos países onde figura o regime político democrático, os partidos são um dos elementos
essenciais que compõem o sistema eleitoral.

Os partidos políticos são partes da sociedade, sendo cada um deles um grupo organizado,
composto por pessoas que defendem um mesmo ideal. Um partido é formado de forma legal e
disputa o controle do governo de uma determinada nação através do processo eleitoral (do voto).

Em Moçambique, o sistema eleitoral funciona através do voto que é directo e secreto, tal como
define a Constituição. No país, usa-se o sistema eleitoral de representação proporcional (nº 2 da
CRM 2018) para eleger presidente, deputados, etc.

3.2 Partidos Políticos e o Pluralismo em Moçambique


Em Moçambique figura o regime político democrático, os partidos são um dos elementos
essenciais que compõem o sistema eleitoral. Tem seu papel na ordem moçambicana, portanto
deve obedecer os pressupostos previstos nos artigos 74 e 75 da CRM 2018.
O sistema político moçambicano caracteriza-se pelo multipartidarismo ou pluripartidários, vários
partidos entraram na disputa na disputa de poder, designadamente os principais partidos são os
seguintes:
 FRELIMO (Frente da Libertação de Moçambique), verifica-se que o mesmo partido que
governou o país no período pós-independência é o mesmo que governa desde a introdução
do multipartidarismo.
 RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana), é o segundo maior partido político de
Moçambique. O seu líder histórico foi Afonso Dhlakama.
 MDM ( Movimento Democrático de Moçambique), é um partido político de
Moçambique, criado a partir de uma dissidência da Resistência Nacional Moçambicana
(RENAMO). Entre outros.

10
Conclusão
Em suma, este trabalho oferece uma visão abrangente e aprofundada sobre o funcionamento do
sistema político moçambicano, ressaltando a importância das eleições, do sufrágio universal e
dos partidos políticos para a construção de uma sociedade democrática, inclusiva e participativa.
Para o futuro, é fundamental continuar promovendo a transparência, a accountability e a
participação cívica, visando garantir a consolidação e o aperfeiçoamento do sistema democrático
em Moçambique.

11
Referencias Bibliográficas
Sites e Revistas:
Equipe editorial de Conceito.de. (6 de Julho de 2016). Atualizado em 12 de Abril de
2021. Sistema eleitoral - O que é, conceito e definição. Conceito.de. https://conceito.de/sistema-
eleitoral
HEYWOOD, Andrew. 2002. Politics. 2nded. New York: Palgrave Macmillan. Citado por Julião
Calado Notico Alar: https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/politica/o-papel-das-eleicoes-
mocambique.htm
Julião Calado Notico Alar: https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/politica/o-papel-das-
eleicoes-mocambique.htm
LOPES, Fernando Farelo; FREIRE André. Partidos Políticos e Sistemas Eleitorais CELTA
EDITORA. 2002.
Prof. Dr. Adérito Correia, Sistemas e Processos Eleitorais: Funções, implicações e experiencias,
Colectânea de Textos. Universidade Católica de Angola. Luanda, Novembro de 2001.
REZENDE, Milka de Oliveira. "Sufrágio universal"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/sufragio-universal.htm. Acesso em 26 de março de
2024.

Legislações
Constituição da Republica de Moçambique 2018
Constituição da Republica de Moçambique 1990-2004

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