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UNIVERSIDADE DE CABO VERDE

Faculdade de Ciências Sociais, Humanas e Artes


Curso: Relações Internacionais e Diplomacia: 3º Ano
Disciplina: Instituições Políticas Cabo-Verdiana e Africana
Ano Letivo: 2022-2023 - 1º Semestre
Assunto: Trabalho Orientado

Texto/Título/Assunto:

Regimes democráticos

Campus do Palmarejo Grande, 25 de 11/2022

Discente: …Elisangela Denise Costa Teixeira

Docente: ….. Daniel Henrique Costa


Regimes democráticos

A democracia é um fenómeno deveras complexo cuja análise ao longo dos tempos tem
ocupado os filósofos, que propõem modelos ideais de democracia; os historiadores, que
analisam tanto o desenvolvimento como a ascensão e a queda; e os politólogos que
tentam uma explicação empírica das condições em que se afirma, mantem, funciona,
difunde e, eventualmente, desaba. Como é natural, são sempre possíveis sobreposições
analíticas e explicativas entre as diversas disciplinas, como também são sempre
possíveis perspetivas diversas, que podem revelar-se fortes, tal como as construções
utópicas de democracias ideais podem ser sugestivas, servindo para melhorar as
democracias reais. Entre outras coisas, a democracia é a forma política que, ao longo
dos tempos, revelou maior capacidade de adaptado a condições diversas e de
aprendizagem, assim como maiores potencialidades de transformações.
Segundo Giovanni Sartori ter uma definição pratica da democracia, ou seja, que e a
melhor forma de estarmos em um equilibrio instável.
Todavia, com o fim de atingir este equilíbrio instável, precisamos igualmente de
começar por formular uma definição de trabalho, baseada em tudo o que o pensamento
político tem produzido sobre a matéria. Se bem que não seja aceite por todos os
estudiosos suscitando, mesmo ainda hoje, acesos debates. A definição proposta pelo
economista austríaco Joseph Alois Schumpeter reuniu um grande consenso durante os
últimos anos, quer pelo seu carater essencialmente processual, quer porque permite o
desenvolvimento de considerações e teorizações mais apuradas e profundas Ferrera,
(1984; Urbani ,19841). A definição de Schumpeter deve a sua validade ao facto de
permitir identificar com precisão os regimes democráticos e aqueles que não são, mas
também avaliar o aumento ou a redução de democraticidade de um regime. Segundo
Schumpeter, o método democrático consiste no arranjo institucional necessário para
chegar a decisões políticas no qual algumas pessoas alcançam o poder de decidir através
de uma competição destinada a obter o voto popular.
Os críticos da definição de Schumpeter e de a sua conceção da democracia foram tanto míopes e
demasiado precipitados. Dizemos que tiveram vistas curtas porque não conseguiram ver toda
complexidade do processo que leva um certo grupo de pessoas a concorrer as eleições e a
ganhá-la. Foram apressados porque não souberam questionar-se sobre as modalidades de
governo que os vencedores iriam adotar, nem sobre as probabilidades de os cidadãos
influenciarem a governação nos intervalos entre atos eleitorais. Por vezes, os críticos opuseram
a democracia de schumpeter, considerada puramente processual, uma democracia considerada
essencialmente participativa, na qual os cidadãos participam ativa, intensa e continuadamente na
produção das eleições políticas a todos os níveis. Ainda que seja muito difícil avaliar de que
modo a democracia participativa pode ser construída em concreto e posta funcionar na prática,
nenhuma democracia participativa è concebível sem uma base solida de democracia processual
e eleitoral. Para alem de que, como oportunamente observou Sartori, o método de schumpeter se
conjuga com o princípio das reações previstas delineado por outro pensador, não estando,
portanto, totalmente desligado das possibilidades de participação valida dos cidadãos.
As condições políticas
Partindo da definição de Schumpeter, podemos percorrer um longo caminho, para trás ou para
diante - ou melhor, para montante e para jusante - que nos permite determinar com mais
exatidão as características de um regime democrático. A montante situam-se todos os requisitos
que fazem com que as eleições democráticas sejam livres, competitivas e decisivas; a jusante,
encontram-se as consequências de tais eleições sobre o funcionamento das democracias.
Aqui abaixo é apresentado uma tabela onde se explica a formação da democracia, os requisitos
para a sua formação segundo Dahll.

Se o sistema político satisfaz os requisitos estabelecidos por Dahal, e respeita as garantias e os


direitos dos cidadãos e dos grupos, atinge se a democracia, aquela que diz respeito as
preferências expressas pelos diversos sujeitos políticos. Com o passar do tempo, esta
democracia devera ser completada e enriquecida por manifestações de democracia direta, como
as petições e, especialmente, o referendo. Abre-se aqui a questão da democracia a saída, ou seja,
da medida em que as decisões dos governantes podem ser controladas, em que as suas
responsabilidades podem ser individualizadas, em que as decisões podem ser revistas,
designadamente através do referendo e em que existe uma resposta pontual ou geral as
preferências dos cidadãos
As fases da democracia
Uma vez definido quem quer fazer parte do sistema político, este enfrenta uma primeira fase
que é a dita fase PREPARATORIA de construção de um regime democrático uma luta
prolongada entre as elites, que se conclui sem a vitoria decisiva de um grupo sobre os restantes,
mas com um compromisso. As elites não pretendem aniquilar-se mutuamente, mas aceitam
conviver e competir entre si pela conquista do poder político. Abre- se desta forma a fase de
DECISASAO o compromisso a que se chegou consiste na decisão consciente não só de
reconhecer as diversidades num plano de igualdade mais ainda criar estruturas e procedimentos
que preservem, valorizem e orientem esta diversidade no sentido da concorrência democrática
por meio de aceitação da existência e da legitimidade da oposição. Como é evidente os
compromissos democráticos não poem fim ao conflito político.
Os próprios processos de decisão serão postos em causa dentro de certos limites, já na fase a
que Rustow chama de HABITUATION, na qual o sistema já se acostumou as normas e aos
procedimentos democráticos. Nesta fase é importante que os abreiros dos compromissos
democráticos convençamos políticos profissionais, os ativistas e os cidadãos em geral da
importância e da eficácia dos princípios da conciliação e da acomodação. A democracia cresce
por assim dizer sobre um bom funcionamento destes princípios repetidamente verificado ao
longo dos tempos.
são apontadas no livro as vagas da democratização, segundo Huntington a primeira vaga esta
ligada a um conjunto de condições socioeconómicas: industrialização, urbanização,
aparecimento da burguesia e da classe media, assim corno da classe operária e das suas
organizações, redução gradual das desigualdades económicas. A segunda vaga esta relacionada
com fatores políticos e militares: vitoria dos Aliados na segunda Guerra Mundial e início dos
processos de descolonização. Para a terceira Vaga, Huntington propõe uma explicação muito
mais elaborada e diferenciada, que baseia num fator de ordem geral a que da designação de
aprendizagem.
A seguir, identifica cinco alterações responsáveis pela terceira vaga de transições para a
democracia, que podem verificar-se isoladamente ou em combinação, a saber:
1) A crise de legitimação dos regimes autoritários;
2) Um crescimento económico sem precedentes;
3) O novo papelada Igreja Católica depois do Concilio Vaticano II;
4) o impacto da comunidade europeia sobre os regimes autoritários da Europa do Sul, o papel
das políticas de tutela e promoção dos direitos humanos e a espetacular tentativa de
transformação dos regimes comunistas levada a cabo por Gorbachov;
5) o efeito de contágio (ou "efeito domino) dos processos de democratização
A imagem a seguir resume os dados mais significativos acerca da relação entre o PNR e a
existência de um regime democrático. Efetivamente, estes dados parecem obrigar-nos a aceitar
que aquilo que em princípio vemos como meras correlações constitui, na realidade, relações de
causa e efeito. A este propósito, Huntington não consegue deixar de observar que um cientista
social que, em meados dos anos 70, tivesse querido prever o futuro da democratização faria
sucesso se limitasse a indicar os países situados faixa de transição entre os 1000 e os 3000 USD
O futuro da democracia
os regimes democráticos podem expandir-se ou aprofundar-se. A teoria democrática baseia-se
necessariamente na afirmação da racionalidade dos eleitores e da responsabilidade dos
governantes, ou melhor, na tese de que ambos estão em condições de atingir essas qualidades. A
crítica a democracia tem-se fixado tanto nos comportamentos aparentemente irracionais e na
informação inadequada dos cidadãos como nos comportamentos irresponsáveis e nas tentativas
de manipulação dos governantes. Os primeiros não teriam capacidade nem disponibilidade para
fazer cálculos corretos; os segundos não estariam dispostos a aceitar as suas responsabilidades e
a fornecer aos cidadãos as informações que lhes permitiriam formar opinião e efetuar escolhas
entre as potenciais equipada governativas.
Robbio e Dahl dão a entender que as críticas a democracia e as suas perspetivas futuras
derivam de posições teóricas muito exigentes, alias justas. Todavia, com maior ou menor
consciência, a maior pate das críticas não e dirigida contra os princípios fundamentais dos
regimes democráticos (ou seja, contra o governo do povo e para o povo), mas contra
modalidades concretas de democracia. Bobbio opta por reduzir o alcance das promessas da
democracia, ao passo que Dahl, embora consciente das dificuldades, prefere relançá-las.
Enquanto Bobbio coloca as promessas da democracia no passado, Dahl projeta-as no futuro. O
paradoxo e que, ao passo que muitos autores defendem, de maneira mais ou menos otimista e
complacente, os melhores, mais ou menos critica e insatisfeita, que a democracia venceu, aos
regimes democráticos continuam a deparar-se dificuldades em matéria de legitimidade, de
rendimento, de capacidade de adaptação das instituições as realidades transacionais e
supranacionais. Podem fazê-lo com êxito, que não há de ser separado da insatisfação ocasional
dos cidadãos decorrente das suas elevadas expetativas e de inconvenientes práticos, por 3 razoes
o pluralismo político das democracias permite adquirir mais informações sobre o que os
diversos grupos desejam e preferem; A concorrência permite submeter a escolha periódica do
eleitorado as diversas opções; a possibilidade de alternância impõe aos vencedores a
responsabilidade de por em pratica o programa apresentado aos eleitores, sob pena de uma
futura derrota eleitoral e do consequente regresso a oposição. Ao contrário dos regimes não
democráticos, dos quais estas características estão ausentes por natureza, a vitalidade dos
regimes democráticos reside na sua capacidade continua, constante e consistente de
aprendizagem e de mudança.
Bibliografia
PASQUINO, Gianfranco. (2002), Curso de Ciência Política, Cascais, Principia, Capítulo 10
(“Os Regimes Democráticos”), pp. 315-349.

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