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Texto/Título/Assunto:
Regimes democráticos
A democracia é um fenómeno deveras complexo cuja análise ao longo dos tempos tem
ocupado os filósofos, que propõem modelos ideais de democracia; os historiadores, que
analisam tanto o desenvolvimento como a ascensão e a queda; e os politólogos que
tentam uma explicação empírica das condições em que se afirma, mantem, funciona,
difunde e, eventualmente, desaba. Como é natural, são sempre possíveis sobreposições
analíticas e explicativas entre as diversas disciplinas, como também são sempre
possíveis perspetivas diversas, que podem revelar-se fortes, tal como as construções
utópicas de democracias ideais podem ser sugestivas, servindo para melhorar as
democracias reais. Entre outras coisas, a democracia é a forma política que, ao longo
dos tempos, revelou maior capacidade de adaptado a condições diversas e de
aprendizagem, assim como maiores potencialidades de transformações.
Segundo Giovanni Sartori ter uma definição pratica da democracia, ou seja, que e a
melhor forma de estarmos em um equilibrio instável.
Todavia, com o fim de atingir este equilíbrio instável, precisamos igualmente de
começar por formular uma definição de trabalho, baseada em tudo o que o pensamento
político tem produzido sobre a matéria. Se bem que não seja aceite por todos os
estudiosos suscitando, mesmo ainda hoje, acesos debates. A definição proposta pelo
economista austríaco Joseph Alois Schumpeter reuniu um grande consenso durante os
últimos anos, quer pelo seu carater essencialmente processual, quer porque permite o
desenvolvimento de considerações e teorizações mais apuradas e profundas Ferrera,
(1984; Urbani ,19841). A definição de Schumpeter deve a sua validade ao facto de
permitir identificar com precisão os regimes democráticos e aqueles que não são, mas
também avaliar o aumento ou a redução de democraticidade de um regime. Segundo
Schumpeter, o método democrático consiste no arranjo institucional necessário para
chegar a decisões políticas no qual algumas pessoas alcançam o poder de decidir através
de uma competição destinada a obter o voto popular.
Os críticos da definição de Schumpeter e de a sua conceção da democracia foram tanto míopes e
demasiado precipitados. Dizemos que tiveram vistas curtas porque não conseguiram ver toda
complexidade do processo que leva um certo grupo de pessoas a concorrer as eleições e a
ganhá-la. Foram apressados porque não souberam questionar-se sobre as modalidades de
governo que os vencedores iriam adotar, nem sobre as probabilidades de os cidadãos
influenciarem a governação nos intervalos entre atos eleitorais. Por vezes, os críticos opuseram
a democracia de schumpeter, considerada puramente processual, uma democracia considerada
essencialmente participativa, na qual os cidadãos participam ativa, intensa e continuadamente na
produção das eleições políticas a todos os níveis. Ainda que seja muito difícil avaliar de que
modo a democracia participativa pode ser construída em concreto e posta funcionar na prática,
nenhuma democracia participativa è concebível sem uma base solida de democracia processual
e eleitoral. Para alem de que, como oportunamente observou Sartori, o método de schumpeter se
conjuga com o princípio das reações previstas delineado por outro pensador, não estando,
portanto, totalmente desligado das possibilidades de participação valida dos cidadãos.
As condições políticas
Partindo da definição de Schumpeter, podemos percorrer um longo caminho, para trás ou para
diante - ou melhor, para montante e para jusante - que nos permite determinar com mais
exatidão as características de um regime democrático. A montante situam-se todos os requisitos
que fazem com que as eleições democráticas sejam livres, competitivas e decisivas; a jusante,
encontram-se as consequências de tais eleições sobre o funcionamento das democracias.
Aqui abaixo é apresentado uma tabela onde se explica a formação da democracia, os requisitos
para a sua formação segundo Dahll.